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FUNDAMENTOS DE FÍSICA

AULA 4

Prof. Thiago Gomes da Silva


CONVERSA INICIAL

Ondas são uma das bases da Física. O estudo da mecânica ondulatória


remonta aos princípios clássicos, passando pelo movimento de um oscilador
harmônico, indo até a característica de onda e partícula da luz e chegando ao
nível elementar por meio da Teoria de cordas. Devido a essa grande importância,
na aula de hoje será expandida essa e serão apresentados os conceitos
fundamentais das ondas, tanto na acústica quanto na óptica.

TEMA 1 – MOVIMENTOS PERIÓDICOS

Sabe quando você observa uma onda do mar quebrando na praia? E


outra, e outra e outra, assim sucessivamente? Essa quebra corresponde a um
evento que se repete ao longo do tempo, com certa periodicidade. A formação
de ondas no oceano também é um caso de movimento periódico. Quando você
liga uma máquina, mesmo não sendo visível, ela gera uma vibração que pode
ser sentida pelo tato. Em física, os movimentos periódicos são muito importantes.
Imagine que os átomos estão vibrando em torno da sua posição de equilíbrio em
um determinado material. Isso corresponde a um movimento periódico clássico.
Órbitas periódicas são eventos determinísticos, ao passo que órbitas com
amortecimentos podem ter efeitos caóticos. Parte da mecânica quântica é
baseada nas teorias ondulatórias. Assim, o entendimento dos movimentos
periódicos é deveras importante em física.
Matematicamente uma função periódica é qualquer função que, após um
período de tempo P, torna-se a própria função, ou seja,
𝐹𝐹(𝑥𝑥 + 𝑃𝑃) = 𝐹𝐹(𝑥𝑥)
Um exemplo simples dessa aplicação corresponde a funções senoidais.
A função seno, por exemplo, após o período de 𝑃𝑃 = 2𝜋𝜋, o que equivale a um
período completo, retorna para o valor inicial:
𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝜃𝜃 + 2𝜋𝜋) = 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝜃𝜃)
com 𝜃𝜃 em radianos. A Figura 1 a seguir relaciona outros tipos de curvas que
também corresponderiam a funções matemáticas periódicas.

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Figura 1 – Exemplos de gráficos de movimentos periódicos

Créditos: Kwitka/Shutterstock.

Outros exemplos de movimentos periódicos macroscópicos comuns de


fácil identificação são os movimentos de um pêndulo, o ritmo cardíaco, os efeitos
dos pistões de automóveis, a translação e rotação da Terra, o metrônomo e
movimentos circulares em geral. No caso microscópico, existem as vibrações
atômicas, os movimentos Brownianos e os elétrons nos átomos.

TEMA 2 – ONDAS

De forma geral, ondas se comportam como uma perturbação em um meio.


Ou seja, devido a uma força externa aplicada, a resposta desse meio é uma
forma ondulatória que se propaga e se dispersa ao longo do tempo. Essa ideia
é interessante até conhecermos as ondas eletromagnéticas, as quais não
precisariam necessariamente de um meio para se propagar. Ao todo, existem
ondas mecânicas, eletromagnéticas e ondas de choque. No caso das ondas
mecânicas, elas podem ser associadas a ondas longitudinais e transversais.
Ondas eletromagnéticas são transversais. Já ondas de choque possuem
uma abordagem diferente, pois também transferem massa, diferente dos outros
dois tipos de onda citados. Ondas mecânicas transversais são as vibrações em

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uma corda, por exemplo. Ondas mecânicas longitudinais são associadas ao
transporte de som, ao passo que ondas eletromagnéticas referem-se à luz.
Assim, é simples ver a importância de se conhecerem os conceitos associados
a ondas.
Os exemplos mais simples de ondas referem-se a ondas planas. A
descrição da amplitude ‘A’ de uma onda mecânica está relacionada à energia
mecânica dessa onda. Assim, é muito importante conhecer os gráficos
relacionados com a amplitude da onda em relação à posição x ou o tempo t. Uma
onda plana senoidal possui as seguintes características:

𝐴𝐴(𝜃𝜃) = 𝐴𝐴𝑚𝑚á𝑥𝑥 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝜃𝜃 + 𝜙𝜙)

Com 𝐴𝐴(𝜃𝜃) é a amplitude em função do ângulo θ, 𝐴𝐴𝑚𝑚á𝑥𝑥 a amplitude máxima


alcançada pela onda, 𝜃𝜃 o deslocamento angular e 𝜙𝜙 o ângulo inicial de
deslocamento (constante).
No caso de uma onda se deslocando no tempo, o ângulo de fase consiste
no equivalente a um movimento circular uniforme. O ângulo 𝜃𝜃 = 𝜔𝜔𝜔𝜔 corresponde
ao deslocamento angular, em que 𝜔𝜔 é a velocidade angular e t o tempo. Assim,
ondas se deslocando ao longo do tempo possuem amplitude igual a

𝐴𝐴(𝑡𝑡) = 𝐴𝐴𝑚𝑚á𝑥𝑥 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝜔𝜔𝜔𝜔 + 𝜙𝜙)

A fase 𝜙𝜙 continua sendo um ângulo inicial de ajuste. Essa forma genérica


de onda se aplica a diversos sistemas físicos, entre eles os movimentos
harmônicos simples MHS.
Exemplos de movimentos harmônicos simples MHS são o pêndulo
simples para baixos ângulos, o pêndulo físico, sistemas subamortecidos
possuem uma parte harmônica também. A Figura 2 apresenta um formato de
onda senoidal. O ponto de máximo valor da amplitude que a onda pode alcançar
é chamado crista da onda, ao passo que o menor ponto corresponde a um vale.

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Figura 2 – Esquema da amplitude de uma onda senoidal e suas definições

Créditos: Kicky_princess/Shutterstock.

Além da crista e vale da onda, na Figura 2 também são identificados


alguns outros parâmetros fundamentais das ondas: sua amplitude A e seu
comprimento de onda 𝜆𝜆. O período “T”, apesar de não mostrado na Figura 2,
também é um fator essencial para a caracterização de uma onda. O período
corresponde ao tempo necessário mínimo para que a onda retorne à sua
amplitude original. O comprimento de onda 𝜆𝜆 corresponde ao deslocamento que
essa onda percorre durante um período. Assim, a velocidade da onda pode ser
dada por

𝜆𝜆
𝑣𝑣 =
𝑇𝑇

Define-se a frequência da onda 𝑓𝑓 como o inverso do período.

1
𝑇𝑇 =
𝑓𝑓

A unidade de frequência no sistema internacional é o Hertz (Hz), o qual


corresponde a uma unidade de 1/segundo. A velocidade de propagação de uma
onda é então dada pela equação

𝑣𝑣 = 𝜆𝜆𝜆𝜆

A frequência de oscilação é uma característica da fonte de emissão da


onda.

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2𝜋𝜋
A velocidade angular associada a uma onda é dada por 𝜔𝜔 = 𝑇𝑇
= 2𝜋𝜋𝜋𝜋

Exercício: dada uma onda, com frequência de 15 hz, iniciando seu


movimento em 𝜙𝜙 = 0º e com amplitude máxima Amáx de 5 cm, obtenha a
expressão matemática para a amplitude em função do tempo para essa onda e
𝜋𝜋 𝜋𝜋
apresente a sua amplitude para os tempos de t = 0s, 𝑡𝑡 = 4 ; 𝑡𝑡 = 2 ; 𝑡𝑡 = π; 𝑡𝑡 = 2π;

TEMA 3 – FENÔMENOS ONDULATÓRIOS

O que caracteriza uma onda? Quais são os principais fenômenos


associados às ondas? Essas são perguntas que serão abordadas neste tema.
As ondas podem se propagar de um meio para outro por refração. Podem
também passar por pequenas aberturas, por exemplo, uma fenda aberta. Sofrem
difração e interferência entre picos e vales quando essas ondas interagem entre
si. Podem refletir e ser absorvidas. Dependendo da onda, pode ser polarizada
em uma direção, caso muito importante das ondas de radiação eletromagnética.

3.1 Interferência e difração

Uma das propriedades mais peculiares das ondas consiste na


interferência possível entre elas. A Figura 3 a seguir mostra a interferência
gerada entre duas ondas. Aqui pode-se pensar que se trata de duas ondas
geradas na superfície da água, mas essa ideia é também correta para ondas de
som e mecânicas.

Figura 3 – Esquema da interferência entre ondas

Créditos: Sybille Yates/Shutterstock.

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Nota-se da figura que existem pontos entre as ondas que não possuem
mais o formato circular da onda. Nesses pontos, as duas ondas interagiram
criando pontos de interferência construtivas (quando a crista de duas ondas se
superpõe ou dois vales das ondas se superpõem) e a criação de pontos de
interferência destrutivas (quando um vale e uma crista de onda se superpõem).
Assim, gera-se o que é conhecido como interferência entre ondas.
Já a difração consiste na propriedade de uma onda de contornar
obstáculos. A Figura 4 corresponde ao caso de uma frente de ondas planas
passando por uma pequena abertura e dispersando-se até chegar a um
anteparo. Nota-se sobre o anteparo a formação de regiões claras e escuras. Mas
por que isso ocorre? De acordo com o princípio de Huygens, em cada instante
de tempo, um ponto de uma frente de onda se torna um emissor de ondas
secundárias. Dessa forma, a partir de determinado tempo, os vales de uma onda
começam a interagir com as cristas de ondas secundárias provenientes de outra
frente de onda, gerando um sinal de interferência de ondas, mesmo elas saindo
da mesma fonte inicial (que corresponde à abertura da fenda). Assim, sobre o
anteparo colocado a uma determinada distância da fenda, as regiões claras
correspondem a lugares onde as ondas tiveram uma interferência construtiva,
ao passo que nas regiões escuras esta foi uma interferência destrutiva. Nas
regiões acinzentadas, houve uma interferência parcialmente construtiva. O
gráfico lateral na figura indica a intensidade dos máximos de interferência dessa
frente de onda difratada em função da posição central, em que se observa a
formação de um máximo central na mesma linha da abertura da fenda. A
amplitude para os máximos diminui a partir do máximo central, sendo simétrico
com relação a ele. A região de mínima amplitude no gráfico corresponde aos
mínimos ou interferências destrutivas. Nesse caso, sobre o anteparo obteve-se
a interferência entre um vale e uma crista de ondas secundárias.

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Figura 4 – Difração de ondas sobre uma fenda única e intensidade do sinal
gerado sobre um anteparo

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

A Figura 5 apresenta os dois fenômenos juntos. Nota-se que, no caso de


haver duas fendas, as ondas se sobrepõem gerando máximos e mínimos de
maneira simétrica. Nesse caso de uma dupla fenda, a interferência é proveniente
da distância entre as duas fontes.

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Figura 5 – Difração e interferência de fenda dupla sobre um anteparo. Nota-se
no anteparo a presença de máximos e mínimos

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

3.2 Reflexão e refração

A reflexão de uma onda consiste na interação dessa onda com um


obstáculo, fazendo com que a sua direção de propagação se altere. Essa
reflexão acontece no mesmo meio material em que a onda incidente está se
propagando, o que faz com que exista uma simetria entre a onda incidente e a
onda refletida.
A refração consiste na mudança da direção da onda que passa de um
meio para o outro devido a mudanças nas velocidades de propagação em cada
meio. De um meio para outro, a velocidade das ondas pode ser diferente. Para
compensar isso, as ondas fazem uma mudança na sua direção quando passam
de um meio para o outro.
Um exemplo desses dois fenômenos é apresentado na Figura 6, que faz
referência a uma onda eletromagnética incidindo sobre um prisma. Na superfície
de interação do prisma, parte da luz é refletida. Se passarmos uma linha reta
perpendicular à superfície do prisma, é possível ver que os ângulos de incidência
e de reflexão são iguais. Parte da luz é atravessada pelo prisma. Como
internamente ao prisma a luz possui uma velocidade diferente, ocorre o
fenômeno de interferência. Mais uma vez, traçando uma linha normal ao plano
que incidiu a luz, nota-se que o ângulo de incidência não é igual ao ângulo alterno
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interno gerado no interior do prisma. Assim, devido à diferença de caminho, o
ângulo de refração na interface dependerá da lei de Snell. Assim que a luz passa
de dentro do prisma para a parte externa, novamente voltando ao primeiro meio,
ela dispersa e como a luz branca corresponde a uma soma de cores diferentes,
estas cores dispersam de maneira diferente, fazendo com que seja observada a
formação das cores do arco-íris.

Figura 6 – Exemplo de reflexão de uma onda eletromagnética (luz) e refração


desta onda sobre um prisma

Créditos: AlexLMX/Shutterstock.

3.3 Ressonadores

Quando ocorre uma interferência em uma cavidade, existe a formação de


máximos e mínimos consecutivos no interior desta cavidade, provenientes da
interação entre duas ondas, uma incidente e outra refletida. Um exemplo disso
corresponde à Figura 7, na qual em um tubo aberto nas duas extremidades é
gerada uma onda estacionária.

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Figura 7 – Exemplo de um tubo sonoro aberto, apresentando uma ressonância
de cavidade

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

3.4 Polarização

Na polarização as ondas transversais, ou seja, as que se propagam em


uma direção perpendicular à sua amplitude, podem ser filtradas em uma única
direção. As ondas luminosas são exemplos de ondas que podem ser
polarizadas. A Figura 8 mostra um feixe de luz com amplitudes de ondas se
propagando em uma direção, porém com as amplitudes delas fazendo um
ângulo de 90º entre si. Após esta luz passar por um filtro polarizador, uma dessas
componentes é filtrada, e a luz que sai desse meio tem amplitude dada sempre
na mesma direção. A direção de propagação continua a mesma.

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Figura 8 – Polarização de uma onda luminosa

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

TEMA 4 – ACÚSTICA

O som é um aliado do ser humano e esse mecanismo de comunicação


tornou possível a formação de comunidades, o desenvolvimento das nossas
capacidades de pensamento e raciocínio e nos alerta para perigos. Neste tema
será apresentada a temática do som. A velocidade do som em diversos meios é
a mesma? Quais são os fatores importantes que qualificam um som? Como é
gerado o som? Onde é detectado o som no ouvido humano? Por que os
instrumentos musicais geram som? Tubos sonoros, abertos e fechados, existe
diferença? O que faz o chamado efeito doppler? A resposta a essas perguntas
é dada a seguir.

4.1 O som

O som é uma onda longitudinal que necessita de um meio material para


se propagar. Assim, o som não se propaga no vácuo. Ele é gerado por variações
de pressão em meios elásticos geradas por uma fonte sonora. No ar, o som
possui uma velocidade de propagação da ordem de 340 m/s e vale a relação
entre velocidade e comprimento de onda. A frequência é característica da fonte

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de emissão sonora. Assim, torna-se simples identificar o comprimento de onda
do som se propagando.

𝑣𝑣 = 𝜆𝜆𝜆𝜆

Na fala, o som é produzido inicialmente pela passagem do ar dos pulmões


pelas cordas vocais, as quais vibram em uma frequência sonora. A língua e a
boca atuam como uma caixa ressonante para moldar o som que será propagado
pelo ar.
O ouvido humano (Figura 9) pode ser separado em três partes: o ouvido
externo, o ouvido médio e o ouvido interno. No ouvido externo, existe a orelha e
a entrada do canal auricular. No ouvido médio, estão presentes o tímpano, o
martelo, a bigorna e o estribo. No ouvido interno, está presente a cóclea. O
tímpano corresponde a uma membrana orgânica e autorregenerativa que tem
como função vibrar de acordo com as frequências sonoras provenientes de uma
fonte de som. O estribo, martelo e bigorna são três ossos que estão acoplados
ao tímpano e têm por função amplificar o sinal sonoro para o interior da cóclea.
A cóclea corresponde a uma estrutura diferenciada em forma de caracol que tem
por finalidades filtrar as ondas sonoras e também possui uma função de auxiliar
o equilíbrio. Em regiões específicas da cóclea são diferenciadas as várias
frequências audíveis para o ser humano. A cóclea decodifica as informações
sonoras e as envia para o cérebro. O ser humano consegue diferenciar sons da
escala de 20 até 20.000 Hz. Mas isso depende da idade do indivíduo e também
varia de pessoa para pessoa.
Exercício: um esquema do ouvido humano é apresentado na Figura 9.
Pesquise e identifique as partes do ouvido e suas funções para a produção do
som.

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Figura 9 – O interior do ouvido humano

Créditos: - Medical Art Inc/Shutterstock.

4.2 Qualidades do som

Em acústica, os aspectos sonoros mais importantes são listados abaixo:


• Altura = Corresponde a capacidade de diferenciar sons graves de sons
agudos.
o Graves = Menor frequência
o Agudo = Maior frequência
• Intensidade = Capacidade de diferenciar sons fracos de sons fortes
o Escala de intensidade sonora de Bel
• Timbre = Diferenciar sons de mesma altura e intensidade emitidos por
fontes diferentes.

4.3 Propriedades das ondas sonoras

As ondas sonoras possuem propriedades comuns a ondas de maneira


geral, entre elas reflexão, refração, difração e interferência. Além desses, as
ondas sonoras apresentam também aspectos de reverberação e eco.
Uma pessoa é capaz de distinguir um som de outro em um intervalo de
tempo de 0,1 segundos. Como a onda sonora no ar possui velocidade de
aproximadamente 340 m/s, a distância mínima que o som deve propagar para
que seja possível diferenciar o som é de
340 ∙ 0,1 = 34 𝑚𝑚.
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Considerando que 34m corresponderiam à distância de ida e volta de um
som refletido em um meio, assim um eco é possível de ser escutado por um
indivíduo distante 34/2 = 17m de um meio refletor de ondas sonoras.
No caso da reverberação, uma região de eco é realizada por uma onda
sonora que se propaga e reflete nas paredes de um determinado lugar, de
maneira a ser escutada até que o som se dissipe totalmente.

4.4 Ondas em cordas

No caso de cordas vibrantes, a velocidade de propagação de uma onda


depende da tensão mecânica gerada na corda e da sua densidade. A equação
que descreve essa relação é dada por
𝑇𝑇
𝑣𝑣 2 =
𝜇𝜇
com T sendo aqui a tração na corda e 𝜇𝜇 a densidade linear (em kg/m) da corda
usada.
Dessa equação, nota-se que quanto mais tensa é a corda, maior será a
velocidade de propagação da perturbação e quanto maior a densidade linear
dela, menor será a sua velocidade de propagação.
A Figura 10 relaciona a formação de harmônicos na corda. Por se tratar
de um sistema engastado nas duas extremidades, a condição de contorno para
a produção de um harmônico consiste que nos extremos exista um nó, ou seja,
uma região de mínima amplitude.
A relação entre o comprimento da corda esticada e o comprimento de
onda gerada na corda está relacionada à formação dos nós na onda estacionária
e segue a relação
2𝐿𝐿
𝜆𝜆𝑛𝑛 =
𝑛𝑛
O valor “n” corresponde ao harmônico gerado e vai de 1,2,3... O n=1
corresponde ao som fundamental e os n’s posteriores correspondem aos
harmônicos desta onda estacionária. Note da figura que o primeiro comprimento
de onda corresponde a n=1 e é 𝜆𝜆1 = 2𝐿𝐿, com L sendo o comprimento total da
corda.
E a relação da frequência e o comprimento total da corda são dados por
𝑣𝑣
𝑓𝑓𝑛𝑛 = 𝑛𝑛
2𝐿𝐿

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sendo que para n= 1 tem-se a frequência fundamental e as outras frequências
para n=2,3... são os harmônicos dessa frequência.
Note que as frequências de n=2 para cima podem ser obtidas com base
na fundamental por fazer

Figura 10 – Produção de harmônicos em uma corda engastada nas duas


extremidades, para os primeiros 10 harmônicos possíveis

𝑓𝑓𝑛𝑛 = 𝑛𝑛𝑓𝑓1

Créditos: Fouad A. Saad/ Shutterstock.

4.5 Tubos sonoros

Uma figura mostrando a geração de uma onda estacionária em um tubo


aberto e um fechado é ilustrada na Figura 11. No caso do tubo aberto, a condição
de contorno é que nas extremidades abertas seja gerado um ventre (posição de
máximo), ao passo que no tubo fechado a condição de contorno implica gerar
um nó na extremidade fechada.

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Figura 11: Exemplo da formação de uma onda estacionária em um tubo sonoro
aberto (esquerda) e um tubo fechado em uma extremidade (direita).

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

Assim, a determinação das frequências e harmônicos em um tubo sonoro


aberto é dada por

𝑣𝑣
𝑓𝑓𝑛𝑛 = 𝑛𝑛
2𝐿𝐿

igual à de uma corda vibrando.


No caso de tubos sonoros com uma extremidade fechada, a expressão
que indica a formação de uma frequência natural e seus harmônicos é dada por

𝑣𝑣
𝑓𝑓(2𝑛𝑛−1) = (2𝑛𝑛 − 1)
4𝐿𝐿

ou seja, somente os modos 2n-1 são possíveis e fazem referência apenas aos
modos de cavidade impares.

4.6 Efeito Doppler

Quando uma fonte sonora se aproxima ou se afasta de um receptor de


ondas ou um indivíduo, o som aparenta estar mais agudo que realmente ele é e
quando ele se afasta, este som parece estar mais grave. Isso acontece porque
a frequência de propagação do som somada com a velocidade da fonte sonora
ou do observador interfere entre si, realizando o conhecido efeito Doppler. A
Figura 12 apresenta uma situação em que uma ambulância (fonte sonora) está
se afastando de um observador à esquerda e se aproximando de um observador
à direita. Como o som se propaga por ondas de pressão no meio, o observador
vai sentir uma concentração dessas ondas mais próximas a ele dando a noção
que a frequência da onda torna-se maior do que realmente ela é, ao passo que
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a pessoa mais afastada está na situação que essas ondas captadas pelo ouvido
estão cada vez em frequências menores. A relação entre essa frequência
aparente 𝑓𝑓′ com a frequência real da fonte sonora 𝑓𝑓 é
𝑣𝑣 ± 𝑣𝑣𝑜𝑜
𝑓𝑓 ′ = 𝑓𝑓
𝑣𝑣 ± 𝑣𝑣𝐹𝐹
com v = velocidade do som no meio, 𝑣𝑣𝑜𝑜 é a velocidade aparente do observador
e 𝑣𝑣𝐹𝐹 a velocidade da fonte.
Ou seja, para um observador estático, 𝑣𝑣𝑜𝑜 = 0 e velocidade da fonte 𝑣𝑣𝐹𝐹 >
0 na direção do observador, tem-se que a frequência que será sentida por ele
será maior do que a frequência f real. Assim, para a fonte se aproximando do
observador, deve-se usar o sinal negativo da equação para e 𝑣𝑣𝐹𝐹 . No caso em
que o observador está se aproximando da fonte com velocidade 𝑣𝑣𝑜𝑜 , e a fonte
possuindo velocidade 𝑣𝑣𝐹𝐹 em direção ao observador, usa-se o sinal +𝑣𝑣𝑜𝑜 e -𝑣𝑣𝐹𝐹 na
equação da frequência aparente.

Figura 12 – Efeito Doppler

Créditos: Vecton/Shutterstock.

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TEMA 5 – ÓPTICA

A óptica se divide em óptica geométrica e óptica ondulatória. A


abrangência da óptica está no fato de que estamos mergulhados em aparelhos
que usam princípios de óptica para funcionar, como lentes de contato, telas de
aparelhos de televisão, espelhos planos, côncavos e convexos. Nesse caso, a
óptica geométrica não se importa tanto com a natureza da luz, mas sim com sua
propagação linear. A óptica ondulatória já está interessada na natureza
ondulatória da luz e em como usar os fenômenos ondulatórios da luz para
aplicação em sistemas de gravação de CDs, por exemplo, e também a
polarização da luz de telas LCD, absorção seletiva de cores em materiais,
refração na passagem entre dois meios distintos.

5.1 Óptica geométrica

Na óptica geométrica, os princípios fundamentais correspondem à


propagação retilínea da luz, da independência dos raios de luz e da
reversibilidade da luz. Assim como o nome já diz, no princípio da propagação
retilínea da luz não existe o interesse da natureza ondulatória dela, mas sim dos
aspectos geométricos presentes. A independência dos raios de luz indica que
raios de luz que são gerados por fontes diferentes não interagem entre si, e a
reversibilidade da luz mostra que o caminho de ida e volta que a luz faz é sempre
o mesmo.

5.2 Formação da imagem no espelho plano

Um espelho plano comercial corresponde a um vidro revestido em uma


das faces por uma fina camada de prata, porém outros materiais podem servir
de espelho, desde que possuam superfície com a mínima rugosidade possível e
alta refletividade na região da luz visível. Ele reflete praticamente toda a luz que
incide sobre sua face de forma especular. Uma superfície difusa faria com que a
luz refletisse para diferentes regiões, não se tornando um bom espelho.
No caso de formação da imagem em um espelho plano, como ilustra a
Figura 13. Aimagem sempre se formará “atrás” do espelho, conhecida como
imagem virtual, de mesmo tamanho do que o objeto que está sendo observado
e simetricamente disposto com relação à posição do espelho.

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Figura 13 – Imagem formada em um espelho plano

Créditos: Golden Sikorka/Shutterstock.

5.3 Espelhos esféricos

O espelho esférico é uma calota esférica na qual uma das superfícies é


refletora. Eles se dividem em côncavo e convexo. No caso do espelho côncavo,
a superfície refletora é interna ao espelho, ao passo que no espelho convexo a
superfície refletora é a externa da calota. A formação da imagem se dá de forma
diferente de acordo com a posição do objeto com relação ao espelho. O centro
de curvatura do espelho “C” corresponde à posição central da superfície esférica
à qual a calota pertence, ou seja, a posição do centro da esfera à qual o espelho
pertenceria. O vértice do espelho refere-se ao ponto central da calota esférica.
O eixo principal do espelho corresponde à linha reta que passa pelo centro de
curvatura e o vértice do espelho e o foco “F” do espelho corresponde à metade
da distância entre o centro óptico e o vértice. A distância do objeto até o espelho
é chamado “P”, e a posição da imagem com relação ao espelho é chamada P’.
O aumento linear da imagem consiste na razão geométrica entre a imagem e o
objeto –(i/o). Também relacionáveis à distância entre p’/p.

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Os princípios de propagação retilínea da luz indicam que os raios que
saem paralelos do objeto passam pelo foco, ao passo que os raios que saem
inclinados do objeto passam pelo centro óptico. Os raios que passam pelo vértice
do espelho são simétricos com relação a esse ponto de vértice.

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5.4 Espelho convexo

Uma representação esquemática da formação da imagem em um espelho


convexo é dada na Figura 14.
Da figura, o objeto corresponde a flecha sólida do lado esquerdo, ao passo
que a flecha do lado direito pontilhada corresponde à imagem formada. O ponto
preto à direita corresponde ao foco do espelho plano, o qual corresponde à
metade da distância entre o vértice, apresentado como a posição em que o
espelho convexo corta a reta horizontal, e o centro óptico, não apresentado na
imagem, referente ao centro de curvatura do espelho ou o equivalente ao raio do
espelho.

Figura 14 – Formação da Imagem em um espelho convexo

Créditos: Milan B./Shutterstock.

No caso da imagem formada no espelho convexo, a imagem será sempre


virtual (formada dentro do espelho), direita e menor que o objeto. A imagem é

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formada pelos prolongamentos dos raios de luz que incidem no espelho. Este
tipo de espelho é interessante para uso em lugares onde é necessário ter uma
boa abrangência da imagem nas redondezas. Por isso é usado em ônibus e
estacionamentos.

5.5 Espelhos côncavos

No caso dos espelhos côncavos, a imagem pode ser formada tanto de


forma virtual quanto na forma de uma imagem projetada. Um exemplo
interessante de imagem projetada consiste na imagem formada no centro de
uma colher vista da parte côncava. Parece que a imagem se forma na frente do
espelho.
A Figura 15 ilustra os quatro casos possíveis de imagens usadas em
espelhos côncavos. Novamente o objeto é a flecha sólida, ao passo que a
imagem formada é dada pela flecha pontilhada. O ponto focal corresponde ao
ponto preto na imagem. No caso do espelho côncavo, o ponto focal está do lado
esquerdo do espelho. Nota-se que para objetos entre o foco e o vértice do
espelho, tem-se a formação de uma imagem atrás do espelho, virtual, maior que
o objeto e direita. No caso de o objeto estar a uma distância maior do que a
distância focal do espelho, a imagem será real, invertida e maior que o objeto.
No caso de imagens geradas por objetos mais distantes do que o centro óptico,
a imagem será real, invertida e menor que o objeto:

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Figura 15 – Formação da imagem em um espelho côncavo

Créditos: Milan B/Shutterstock.

Tanto para uma análise de espelho côncavo quanto convexo vale a


equação entre a distância focal F e a posição do objeto p e da imagem p’ com
relação ao vértice do espelho:

1 1 1
= +
𝐹𝐹 𝑝𝑝 𝑝𝑝′

5.6 Lentes delgadas

Assim como ocorrem os efeitos relativos à formação da imagem em


espelhos esféricos, os princípios de refração da luz podem ser utilizados para a
geração de imagens em lentes. As lentes delgadas são aquelas ondas em que
não há importância sobre as características da luz no seu interior, mas sim, na
propagação da luz após a interação com essas lentes.
As lentes delgadas convergentes são utilizadas para muitas aplicações e
a formação da imagem nelas é apresentado na Figura 16.

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Figura 16 – Formação da Imagem em uma lente convergente

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

No caso de imagens geradas para o objeto posicionado em distâncias


maiores que duas vezes a distância focal da lente (dada aqui como 2F’), a
imagem será real (projetável), invertida e menor que o objeto. Exatamente no
centro óptico (2F’), a imagem será invertida e do mesmo tamanho do que o
objeto. No caso do objeto estar entre o centro óptico (2F’) e o foco (F’), a imagem
será real, invertida e maior que o objeto. No caso do objeto posicionado
exatamente na distância focal da lente, a imagem não se formará nunca, gerando
uma imagem imprópria. Para um objeto na posição entre o foco F’ e o vértice da
lente, a imagem será virtual, direita e maior que o objeto. Caso o objeto seja uma
imagem projetada, uma segunda imagem formada pode ser obtida virtualmente
direita e menor do que o objeto.
A relação de foco no caso da lente é dependente do meio no qual o objeto
está imerso. Como o foco é gerado devido à convergência dos raios na lente
convergente, se a lente estiver imersa em água, o foco mudará, pois a velocidade
da luz na água é diferente do que no ar, e o fenômeno de refração vai desviar
diferentemente a luz. No caso do espelho, o ponto focal será sempre o mesmo,
independente do meio no qual ele estiver imerso.

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5.7 Óptica ondulatória

A óptica ondulatória está fundamentada na propagação dos campos


elétrico e magnético da luz, conforme mostra a Figura 17: esses campos são
perpendiculares entre si e perpendiculares à direção de propagação da onda.
Eles são simétricos entre si.
Figura 17 – Onda eletromagnética

Créditos: Shutterstock/Fouad A. Saad.

Trocar a legenda da figura para: Campo elétrico, Campo magnético e


Onda eletromagnética.
Com base nos conceitos ondulatórios da luz, foram possíveis inúmeras
aplicações de ondas luminosas nas mais diversas áreas do conhecimento.
Associando a uma determinada frequência uma cor característica, foi possível
compreender e elaborar o espectro eletromagnético.
A Figura 18 demonstra o espectro eletromagnético e todos os possíveis
tipos de ondas que podem ser geradas, baseando-se nas frequências das ondas.
Toda radiação eletromagnética se propaga no vácuo na velocidade c = 2,98 108
m/s.
A relação entre a frequência e o comprimento de onda da radiação é dada
por

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𝑐𝑐 = 𝜆𝜆𝜆𝜆

As propriedades ondulatórias da luz saem das equações de Maxwell do


eletromagnetismo e com base nelas é possível determinar a Lei de Snell e
também relacionar as propriedades ópticas do meio com as propriedades
elétricas dele.

Figura 18 – Espectro eletromagnético

Créditos: Fouad A. Saad/Shutterstock.

5.8 O olho humano

O olho humano consiste em uma lente convergente delgada na qual a


imagem é focalizada no fundo da retina. Quando a curvatura do olho é alterada,
a imagem deixa de ser focalizada na retina e surgem os problemas de visão,
como a miopia e a hipermetropia, por exemplo. A responsabilidade por
observarmos a luminosidade de um ambiente é devida a células modificadas da
região do interior do olho conhecidos como bastonetes. Essas células
modificadas fazem com que saibamos que está claro ou escuro. No caso da
distinção entre as cores, são usadas células modificadas da retina chamadas
cones.

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FINALIZANDO

Vimos nesta aula os princípios fundamentais envolvendo a ondulatória e


suas notáveis aplicações em física. Com base nesta aula é possível
compreender a necessidade de um estudo bastante minucioso para o
entendimento completo desta disciplina, pois é um dos pilares principais da
Física.

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REFERÊNCIAS

BONJORNO, J. R.; et al. Física: história e cotidiano: ensino médio. 2. ed. São
Paulo: FTD, 2005. Volume único.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 4. ed. Rio


de Janeiro: LTC, 1996. v. 1 a 4.

LUZ, A. M. R. da; ÁLVARES, B. A.; GUIMARÃES, C. C. Física: contexto e


aplicações – Ensino médio. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2017. v. 1 a 4.

TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC,


1995. v. 1 a 4.

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