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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

JÉSSICA MARASCHIN
JÚLIA SALDANHA

PERFIL DOS PACIENTES COM SINDROME DE DOWN ATENDIDOS NA FACULDADE


DE ODONTOLOGIA DA UFRGS

Porto Alegre
2020
JÉSSICA MARASCHIN
JÚLIA SALDANHA

PERFIL DOS PACIENTES COM SINDROME DE DOWN ATENDIDOS NA FACULDADE


DE ODONTOLOGIA DA UFRGS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Graduação em Odontologia da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, como requisito parcial para obtenção do título de
Cirurgiã-Dentista.

Orientadora: Profa. Dra. Márcia Cançado Figueiredo

Porto Alegre
2020
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos a Deus pelo dom a nós concedido, por permitir que nossas mãos
sejam capazes de construir sorrisos.

Obrigada aos nossos pais que nos deram a oportunidade de estudar e ir mais além.

Agradecemos as nossas famílias pela compreensão e apoio que nos deram durante nossa jornada
acadêmica.

Obrigada aos amigos companheiros que nos incentivaram e acreditaram em nós.

Obrigada a ATO 2020-1 pela companhia nessa caminhada e por compartilhar conosco desse
momento.

Agradecemos a nossa orientadora Márcia Cançado Figueiredo pelos ensinamentos, colaboração e


incentivo.

Obrigada à Amizade que não só nos permitiu construir um belo trabalho, como também nos uniu
para nos fazer mais fortes.

E por fim, obrigada aos nossos pacientes, mais que especiais, por despertar em nós nosso lado
mais humano.
Aos pacientes especiais fruto deste trabalho.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos pacientes com Síndrome de Down
(SD) atendidos na Disciplina de Atendimento Odontológico do Paciente com Necessidades
Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Método: A partir dos prontuários odontológicos dos pacientes atendidos em nível ambulatorial
entre os anos de 2001 e 2019 foram obtidas informações em relação a idade do paciente no
primeiro atendimento, sexo, forma de acesso, condição sistêmica do SD, medicamento de uso
contínuo utilizado e tratamento recebido em sua última visita a clínica. Como resultado verificou-
se que a SD representou 9% dos pacientes sendo a prevalência do sexo masculino (61%) e a
mediana de idade de 24 anos. A respeito das condições associadas a SD 2,8% apresentaram
autismo e 15,9% apresentaram doenças crônicas, sendo cardiopatia e hipotireoidismo como as
mais prevalentes. Com relação ao uso de medicamentos de forma contínua, 21,4% faziam uso de
medicação sendo os mais frequentes: antiepilépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes,
antitireoidianos. A relevância deste trabalho se faz em vista da extrema importância de conhecer
a fundo a condição dos pacientes com Síndrome de Down, pois somente desta forma poderá ser
oferecido um tratamento adequado, devolvendo e desenvolvendo a saúde e qualidade de vida dos
mesmos.

Palavras chaves: Síndrome de Down, Pessoas com Deficiência, Assistência Odontológica


ABSTRACT

Key words: Down Syndrome, Disabled Persons, Dental Care


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

FO-UFRGS Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul


PNE Paciente com Necessidades Especiais
(PNEs)
TCLE Termo de consentimento Livre e Esclarecido
SD
PEC
RNI
CIF
UNESP
RN
RJ
TEA
SP
APAE

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 09
2 ARTIGO CIENTÍFICO............................................................................................ 12
3 CONCLUSÃO............................................................................................................ 28
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 29
ANEXO - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP....................................... 34

Cada uma em uma folha

SUMARIO
INTRODUÇÃO

Pacientes com Necessidades Especiais (PNEs) por conceito são indivíduos que necessitam de
uma atenção especial, tendo etiologia biológica, física, mental, social e/ou comportamental.
Este conceito abrange desde uma pessoa que necessita cuidados especiais temporários até
uma pessoa com uma doença sistêmica como a síndrome de Down, que requer cuidados
especiais para a vida inteira.
A síndrome de Down foi reconhecida por John Langdon Down como a condição genética
que designa uma das causas mais frequentes de deficiência mental. Esta síndrome é
caracterizada pela trissomia da banda cromossômica 21q22, ou seja, um cromossomo a mais e
sua manifestação fenotípica é característica, tendo também como consequências o retardo
mental e, em torno de 40% dos sindrômicos a cardiopatia congênita. (MOREIRA L.M.A et al,
2000).
Por ser uma doença sistêmica com agravos maiores na saúde em geral, as consultas
odontológicas são deixadas para segundo plano ou somente quando há alguma manifestação
bucal evidente.
Algumas anomalias gênicas presentes nos indivíduos com síndrome de Down levam a
alterações patológicas e a uma maior predisposição ao desenvolvimento de algumas doenças
bucais, como as doenças periodontais.
O conhecimento dos desfechos desta síndrome na cavidade bucal e sistêmica se faz
fundamental para um atendimento amplo, seguro e humanizado, abrangendo diagnóstico,
prevenção, tratamento e promoção de saúde. É de suma importância o profissional ter
conhecimento da farmacologia administrada, pois muitos medicamentos utilizados pelos
sindrômicos podem acarretar disfunções orais e influenciar no tratamento odontológico.
Diante do acima exposto o referido estudo irá apontar as principais enfermidades sistêmicas e
administrações farmacológicas dos pacientes portadores da Síndrome de Down atendidos no
centro de Especialidade Odontológica da Faculdade de Odontologia da UFRGS.
ARTIGO CIENTÍFICO

PERFIL DOS PACIENTES COM SINDROME DE DOWN ATENDIDOS NA FACULDADE


DE ODONTOLOGIA DA UFRGS

Márcia Cançado Figueiredo


Jéssica Maraschin
Júlia Saldanha

RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos pacientes com Síndrome de Down (SD)
atendidos na Disciplina de Atendimento Odontológico do Paciente com Necessidades Especiais
(PNE) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Metodologia: A partir dos prontuários odontológicos dos pacientes atendidos em nível
ambulatorial entre os anos de 2001 e 2019 foram obtidas informações em relação a idade do
paciente no primeiro atendimento, sexo, forma de acesso, condição sistêmica do paciente com
SD, medicamento de uso contínuo utilizado e, tratamento recebido em sua última visita a clínica.
Como resultado verificou-se que a SD representou 9% dos PNEs atendidos na disciplina, sendo
61% do sexo masculino com uma mediana de idade de 24 anos (pacientes sem doença crônica) e,
de 13, 5 anos (pacientes com doença crônica), advindos de Porto Alegre. 5% destes pacientes
apresentavam condições sistêmicas associadas e, 16% doenças crônicas. 21,4% faziam uso de
medicação sendo os mais frequentes: antiepilépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes,
antitireoidianos. O tratamento mais realizado na última visita clínica destes pacientes foi a
cirurgia (30,4%) para os pacientes com doenças crônica e, a prevenção (31,0%) para aqueles sem
doença crônica. Conclusão: Destaca-se assim, a importância do cirurgião-dentista estar atendo às
condições sistêmicas e às associadas, as quais estão ligadas também ao uso de medicamentos e,
ter o conhecimento farmacológico, para saber manejar os pacientes com SD em clinica, tendo
em vista, que há probabilidade de manifestações bucais e sistêmicas com o uso destes
medicamentos, além de suas reações adversas.

Palavras chaves: Síndrome de Down, Pessoas com Deficiência, Assistência Odontológica


INTRODUÇÃO

Pacientes com Necessidades Especiais (PNEs) por conceito, de acordo com o Ministério
da Saúde (2018) são indivíduos que necessitam de uma atenção especial de ordem intelectual,
física, sensorial, emocional, de crescimento ou médica que o impeça de ser submetido a um
atendimento odontológico de manejo padrão. Este conceito abrange desde uma pessoa que
necessita cuidados especiais temporários até uma pessoa com uma síndrome permanente, como é
caso da pessoa com a Síndrome de Down (SD), que requer cuidados especiais para a vida inteira.
Segundo o Ministério da Saúde (2013), nas diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de
Down, a SD é um modo de estar no mundo que demonstra a diversidade humana.

A SD foi descrita pelo pediatra inglês, John Langdon Down, 1866, como a causa genética
mais frequente de retardo mental. Esta síndrome é caracterizada pela trissomia da banda
cromossômica 21 (Figura1), ou seja, um cromossomo a mais e, sua manifestação fenotípica é
característica, tendo como consequências o retardo mental e, em torno de 40% dos sindrômicos a
cardiopatia congênita (MOREIRA et al, 2000).
Esta alteração cromossômica pode acontecer de três formas: em 96% por uma não
disjunção cromossômica total, ou seja, todas as células têm um cromossomo 21. Em 4%, os
portadores não têm todas as células com um cromossomo a mais, sendo denominados como casos
“mosaicos” ou apresentam a síndrome por translocação genética, caso em que parte do
cromossomo 21 ou todo ele, se encontra ligado com outro cromossomo, geralmente o
cromossomo 14 (BISSOTO, 2005).
Figura 1- Cariótipo de uma criança com SD (47 + 21)

Segundo Cavalcante et al, (2009), a SD é uma das cromossomopatias mais frequentes,


ocorrendo em 1:600 a 1:800 nascidos vivos. Sabe-se que um dos fatores predisponentes é a idade
materna, por exemplo, uma mulher de 40 anos tem chances de 1:100 nascidos vivos. Acredita-se
que a explicação mais provável para o efeito da idade materna na maior predisposição a gerar um
filho com SD é o envelhecimento do gameta feminino, pois a gametogênese fica estacionada por
muitos anos, no fim da prófase I. O aumento dos números de casos de sindrômicos em mães
jovens, vem sendo ponto importante para aprofundar a investigação de outros fatores que possam
explicar o fenômeno, por exemplo, fatores ambientais e nutricionais durante a gestação (CDC,
2015).
A SD na divisão cromossômica resulta numa série de peculiaridades físicas, como: prega
epicantal, formato oblíquo da fenda palpebral, mãos grossas e curtas, displasia da falange média
do quinto dedo, prega única palmar transversal, cabeça e porção occipital do crânio achatados,
baixa estatura, anormalidades no pavilhão auricular, hipotonia muscular, hiperflexibilidade
articular, displasia da pelve, dentes pequenos, língua protusa e palato elevado (SANDIN et al,
2014).
Dentre as manifestações sistêmicas mais frequentes estão: cardiopatia congênita (40% a
50%), audição diminuída (70% a 80%), sistema imunológico debilitado, anomalias
gastrintestinais, leucemia, hipotireoidismo, obesidade, alteração respiratória, alteração na
coordenação motora, deteriorações cognitivas e demência precoce associada ao mal de Alzheimer
(CARVALHO, 2010; BISSOTO, 2005 e PROVEZANO,2012). As crianças com SD apresentam
aquisição incompleta e tardia de funções motoras, linguísticas, cognitivas e adaptativas, em
comparação com crianças em desenvolvimento da mesma idade mental. Deste modo, no âmbito
da capacidade para realizar movimento, elas apresentam limitações para a realização de inúmeras
tarefas motoras. (GIMENEZ, 2007). 
Com relação ao cérebro de uma criança com esta síndrome, este se desenvolve
diferentemente de um cérebro normal e, atinge uma forma que é reduzida em tamanho e alterada
em forma (STAGNI et al, 2015). Como o diagnóstico pré-natal de doenças genéticas cresceu
rapidamente devido á interação estreita do uso da ultrassonografia e dos métodos laboratoriais
básicos da genética (JUNIOR, 2002). Deste modo, a falta de visualização do osso nasal na 12ª
semana de gestação ou um espessamento da pele na nuca de fetos (rastreamento biofísico de
transluscência nucal), associada ou não a alterações da relação entre diâmetro biparietal e
tamanho do fêmur a partir da 15ª semana constitui associação sugestiva de que o feto pode ser
possuidor da SD (BENACERRAF et al.,1985 e DONNENFELD; MENUTTI,1988).
Já em relação as manifestações bucais, as pessoas com a SD podem apresentar diversas
manifestações, como: maxila atrésica, palato estreito, alto e ogival devido a uma nasofaringe
estreita, bem como tonsilas e adenoide hipertrofiada (SILVA et al., 2001), língua fissurada,
hipotônica, agenesias dentárias, retardo de erupções, alterações de estruturas dentárias e doença
periodontal, além de candidíase e respiração bucal (SILVA, DESSEN, 2002; CAVALCANTE et
al, 2009; CARVALHO, 2010). Fissuras labiais podem ser presentes como também queilite
angular devido à dificuldade de selamento labial. Das anormalidades dentárias estão as mais
frequentes: oligodontia, microdontia, que são uma das alterações mais prevalentes observadas e a
hipodontia nas duas dentições, fusão e taurodontia. As anomalias dentárias de desenvolvimento
coronárias e radiculares também são comuns (SILVA et al., 2001).

Como as pessoas com esta síndrome possuem dificuldade para a realização da higiene
bucal, por apresentam deficiência motora, neurológica e hipotonia muscular, ocorre um maior
acúmulo de biofilme bacteriano, aumentando assim a suscetibilidade do desenvolvimento da
doença periodontal (VIEIRA, 2009). Vale aqui salientar, que deste modo, vários periodonto
patógenos colonizam muito precocemente na cavidade bucal das pessoas com a SD e, segundo
Bosma e Van (1986), a prevalência da doença periodontal em adolescentes com a SD é de 30% a
40%, sendo que quando chegam próximos aos 30 anos ela é de 100%.
Para Cavalhero, et al (2010) e Cavalcante, et al (2009) somente uma higienização bucal
deficitária, dos indivíduos com SD não é capaz de explicar a severa destruição periodontal desses
indivíduos, uma vez que, o desenvolvimento e a evolução da periodontite são dependentes
também da resposta imunológica do hospedeiro (VIEIRA, et al 2010; CAVALCANTE, et al 2009
e BOSMA; VAN, 1986). A redução numérica dos linfócitos T maduros e os defeitos funcionais de
quimiotaxia e fagocitose celular dos neutrófilos e monócitos, constituem as alterações mais
comumente observadas na resposta imunológica destas pessoas, o que os torna altamente
suscetíveis ao desenvolvimento da doença periodontal. (BAGIC, et al,2003; VIEIRA, et al 2010 e
CAVALCANTE, et al 2009). A higiene bucal é um dos cuidados de menor prioridade dos
responsáveis perante os demais problemas sistêmicos das pessoas com SD, mas muitas vezes,
pode-se evitar um problema dentário se o paciente receber cuidados preventivos antes da
instalação ou agravamento. Deste modo, profissional deve estar ciente sobre a importância de
informar o cuidador sobre os fatores de riscos de doenças e/ou acometimentos ao paciente.
(Oliveira et al, 2008).
Por outro lado, Silva et al (2002), relataram que os pacientes com SD apresentam um
fluxo salivar 50% mais baixo do que os pacientes não sindrômicos e, um pH salivar, níveis de
sódio, cálcio e bicarbonato mais altos. A partir disso, a capacidade tampão torna-se mais elevada,
diminuindo a incidência de cárie nas pessoas com SD. Siqueira (2005), reafirmaram que a
capacidade tampão é mais eficiente na saliva de indivíduos com SD. Já Schutz et al (2013),
concluíram terem os indivíduos sindrômicos alterações quantitativas e não qualitativas de seu
fluxo salivar.
Schwertner, et al (2016) afirmaram que apesar da composição salivar ser semelhante nos
indivíduos com SD, eles possuem um biofilme dentário com maior potencial cariogênico do que
indivíduos sem a SD (menos fosfato e mais PEC). Isto, mesmo eles apresentando maiores
concentrações de IgA, comparados a indivíduos sem a SD, fato este, que não se reflete em sua
experiência de cárie.
Deste modo, no estudo realizado por Castilho e Marta (2010), para verificar a
prevalência e a incidência de cárie dentária de indivíduos com SD com idades de 1 a 48 anos e,
concluíram que eles apresentavam baixos índices de cárie e pequena incidência de novas lesões.
Corroborando com estes autores, outros chegaram a mesma conclusão, justificando essa baixa
prevalência de carie dentária se dá em detrimento da composição salivar, do retardo do processo
de irrupção dentária (BROWN et al,1961; COHEN et al, 1970; MORAES et al.; 2002;
MOREIRA et al, 2010) e, da mudança da morfológica oclusal dos dentes devido ao bruxismo
(McMILLAN, et al, 1961; MUSTACCHI et al, 1990).
Por outro lado, os indivíduos com SD apresentam um potencial maior para o
desenvolvimento da candidíase tipo pseudomembranosa se comparados com os não sindrômicos.
As leveduras do gênero cândida estão presentes na microbiota natural do ser humano desde o
momento do nascimento, vivendo em equilíbrio com o hospedeiro. A ruptura deste equilíbrio,
ocorrerá por alterações físicas, químicas, iatrogênicas e mecânicas que se processam na cavidade
bucal (VIEIRA et al., 2005 e ANTONACCIO,2009). Smith, Rooney e Nunn (2010) acrescentam
que, além disto, o comportamento da pessoa com SD muitas vezes imprevisível, involuntário e, a
sua alimentação pastosa e/ou cariogênica e o uso de medicamentos, fazem com que elas sejam
consideradas de risco para as patologias bucais.
Quanto as maloclusões, estas estão muito presentes nas pessoas com SD e segundo
Santangelo, et al. (2008) as principais maloclusões observadas estão a mordida aberta anterior e
mordida cruzada posterior, sendo elas isoladas ou associadas. Estes relatam também, que a
mordida aberta anterior se deve á uma pseudomacroglossia e ao desequilíbrio que acontece pela
hipotonia muscular na força dos músculos do lábio, bochecha e língua. Carvalho et al. (2010)
complementaram que a abertura bucal leva o paciente o SD a condição de ser um respirador
bucal. Inclusive, a halitose é outra característica ligada não só a uma má higiene bucal, mas
também, a presença da língua fissurada, respiração bucal, problemas gengivais e, a deficiência
motora e, que interferiria na inclusão social dos indivíduos com SD (HENNEQUIN M. et al.,
2000).
Devido ao desenvolvimento de doenças crônicas sistêmicas associadas, como: cardiopatia
congênita, hipotonia muscular, disfunções tireoidianas, baixa imunidade e retardo mental, as
pessoas com SD fazem uso contínuo de medicamentos (BLAS, 2017; NOGUTI, el at., 2010).
Segundo Falção et al. (2019), dentre as medicações por elas utilizadas, estão os anticoagulantes
(aspirina) para tratamento de doenças cardíacas, antiepiléticos, antidepressivos, antioxidantes,
anti-hipertensivos. Corroborando com estes resultados, Costa et al. (2006) estudaram sobre a
atenção farmacêutica dos pacientes especiais e, 40% dos pacientes com SD utilizavam
antipsicóticos; 20% antidepressivos; 20% antiepiléticos e 20% anticonvulsivantes. Para
Wannmacher e Ferreira (2007), é preciso que o cirurgião-dentista esteja atento há eventuais
interações medicamentosas e os efeitos colaterais desses medicamentos utilizados pelos
pacientes.
As enfermidades cardíacas podem comprometer a vida da pessoa com SD, sendo de 30%
a 35% a causa da mortalidade nos primeiros dois anos de vida, pois ocorre entorno de 50% nos
neonatos, sendo as mais comuns: defeito completo do canal atrioventricular, defeito do septo
ventricular e tetralogia de Fallot, que são condições clínicas predisponentes para a endocardite
bacteriana (NOGUTI et al. 2010). Segundo Hiro (2006), o uso da profilaxia antibiótica torna-se
importante nos tratamentos odontológicos para a prevenção da bacteremia transitória em
pacientes susceptíveis. Para Andrade, et al (2014), alguns cuidados são necessários no pré
operatório, no trans operatório e pós operatório odontológico de alguns pacientes cardiopatas que
fazem uso de anticoagulantes orais, ou seja quando a RNI for menor que 3,5 não é necessário
alterar ou suspender o uso do anticoagulante, quando for superior ou igual a 3,5 para
procedimentos cirúrgicos mais complexos é imprescindível a troca de informações com o médico
do paciente, para avaliar risco/benefício da alteração da terapia anticoagulante.
Como relatado anteriormente, o desenvolvimento neuronal está afetado na pessoa com
SD, sendo necessário portanto, a utilização de antipsicóticos, estabilizadores de humor,
antimaníacos, como o lítio, carbamazepina e antidepressivos tricíclicos. Loureiro, et al. (2004)
relataram que um dos efeitos bucais adversos do uso de antipsicóticos seriam as erupções
liquenóides, bem como, segundo Le Rolland, (2018), a xerostomia e hiposalivação.
Com relação aos anticonvulsivantes e antiepiléticos, que também são utilizados pelas
pessoas com SD, como, a fenitoína, carbamazepina e o ácido valpróico, estas podem trazer com o
seu uso terapêutico, a leucopenia e trombocitopenia induzida, como também a hiperplasia
gengival, causada pela fenitoína, (LITTLE et al. 2008). Para Guimarães (2007) estes
medicamentos inibem o influxo de cálcio através das membranas plasmáticas e, acredita-se que
por alterar o nível intracelular de cálcio, elas diminuem a atividade da colagenase, resultando em
excesso de síntese de colágeno e proliferação fibroblástica no interior da gengiva.
A diabetes melittus (tipo 1 ou 2) é uma condição sistêmica que se encontra em
alguns pacientes sindrômicos e, segundo Campos, et al. (2009), algumas atenções especificas são
necessárias durante o seu atendimento odontológico e, no caso de pacientes descompensados é
indicado a profilaxia antibiótica para evitar bacteremia transitória, pois há uma maior
vulnerabilidade de infecções e resposta inflamatória acentuada. Entretanto, 30% das pessoas com
esta síndrome apresenta hipotireoidismo (MESQUITA, 2014) com manifestações bucais, como,
aumento do tamanho da língua, atraso na erupção dentária e edema gengival (LITTLE, et al,
2008). Salientaram ainda Oliveira, Prado, Fernandes e Mendes (2015), que as injúrias dentárias
em pacientes com necessidades especiais podem acontecer em decorrência das suas condições
físicas e mentais que promovem uma diminuição dos reflexos de defesa.
Levando em consideração que no Brasil não há um número exato para a quantidade de
pessoas que têm SD, apenas projeções, o estudo de Brandão et al (2009), sobre a prevalência da
população com SD no Brasil, levantou dados, de acordo com a OMS de que esta seria entre 1% e
2% da população brasileira considerando o número de 190.732.694 habitantes (censo IBGE
2010), a população com SD seria de 1.900.000 e 3.800.000 indivíduos. Figueiredo, Leonardi e
Ecke, (2016), realizaram um estudo retrospectivo na Disciplina de Atendimento Odontológico do
Paciente com Necessidades Especiais da Faculdade de Odontologia da UFRGS avaliando os
prontuários de 1455 pacientes e encontraram, que em relação a deficiência, 9,1% eram pacientes
com a SD. Domingues et al (2015) em um estudo observacional do tipo transversal, coletaram
informações em 232 prontuários odontológicos da faculdade de Araraquara – UNESP, da
disciplina de odontologia para pacientes com necessidades especiais, observou-se que entre as
anomalias congênitas a SD foi a mais prevalente (9,9%). Faulks, et al. (2013) em outro estudo,
utilizaram a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para
descrever 218 pacientes menores de 16 anos de idade, encaminhados para cuidados especiais e/ou
serviços odontológicos pediátricos, sendo estes recrutados, 37,6% França, 25,7% Suécia, 11,5%
Irlanda e 25,3% Argentina. O diagnóstico mais comum foram anormalidades cromossômicas
(31,2%), das quais 22,0% foram causadas pela Síndrome de Down.
Silva, et al. (2002), afirmaram que os pacientes com SD ainda recebem um atendimento
bastante limitado, ou seja, pela falta de profissionais capacitados e com conhecimento para tal,
por preconceito ou receio de tratá-los. Neste sentido, os cursos de odontologia vêm incluindo em
suas grades curriculares a disciplina de atendimentos aos pacientes especiais, com objetivo de
preparar esses futuros profissionais, embasá-los cientificamente, para que possam oferecer um
tratamento odontológico mais humanizado, incentivando uma relação interpessoal entre
profissional, paciente e responsáveis/cuidadores.
Finalizando, a palavra inclusão tem como significado possibilitar à pessoa com
deficiência iguais possibilidades de cuidados no tratamento convencional e no diferenciado, nos
quais pessoas com e sem deficiência possam conviver e serem tratadas; os profissionais devem
aprender a lidar com as diversidades e diferenças. (AGUIAR, 2002). A abordagem de uma criança
com necessidades especiais deve ser baseada na avaliação do efeito psicossocial da doença e na
importância das técnicas para se criar o vínculo entre profissionais-pais-crianças, antes da
instituição efetiva do tratamento (CORRÊA et al. 2002). É fundamental que profissionais voltem
a sua atenção para a compreensão da dinâmica de funcionamento de famílias de crianças com
Síndrome Down, uma vez que a família constitui o primeiro agente de socialização da criança e é
a mediadora das relações desta com seus diversos ambientes. Portanto, conhecer como se
processam as interações entre a criança com Síndrome Down e seus genitores e irmãos possibilita
compreender as relações futuras desta criança com seus companheiros, bem como a sua inserção
nos diversos contextos socioculturais (SILVA et al. 2002).
Diante disto, referido estudo propôs avaliar o perfil dos pacientes diagnosticados com
Síndrome de Down atendidos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul no período de 2001 ao ano de 2019 e correlacionar as enfermidades relacionadas
com a Síndrome de Down e suas medicações e ao que pode interferir no tratamento odontológico.

METODOLOGIA

O estudo foi pautado na pesquisa descritiva do tipo documental, quantitativa e transversal,


utilizando um banco de dados de 1.620 prontuários da Disciplina de Atendimento Odontológico
ao Paciente com Necessidades Especiais (ODO01015) da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no período 03 de agosto de 2019 a 30 março de
2020.

A coleta de dados foi realizada por dois examinadores devidamente treinados. Os


seguintes dados foram avaliados: a idade do paciente no primeiro atendimento, sexo, forma de
acesso, condição sistêmica do paciente, medicamento de uso contínuo utilizado, e último
tratamento recebido em sua visita a clínica da disciplina de atendimento odontológico ao paciente
com necessidades especiais.
Os dados foram digitados no programa Excel e posteriormente exportados para o
programa SPSS v. 20.0 para análise estatística. Foram descritas as variáveis categóricas por
frequências e percentuais. A simetria das variáveis quantitativas foi verificada pelo teste de
Kolmogorov Smirnov. As variáveis quantitativas foram descritas pela mediana e o intervalo
interquartil. Foram associadas as variáveis categóricas pelo teste de Qui-quadrado ou teste Exato
de Fisher. O teste binomial foi utilizado para testar se uma variável binária tinha a mesma
frequência de apresentação das suas categorias. As variáveis quantitativas foram comparadas
pelo teste de Mann-Whitney. Foi considerado um nível de significância de 5%.
O projeto de pesquisa foi apresentado para apreciação do Comitê de ética da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e de Pesquisa da Faculdade de Odontologia da mesma
Universidade sob o número CEP UFRGS 1.499.611. De acordo com a Resolução 196/96 IX. 2 os
dados serão guardados durante cinco anos e após serão destruídos.

RESULTADOS

Os prontuários de 1620 pacientes foram avaliados. Total de pacientes com necessidades


especiais (PNE) atendidos na Disciplina de Atendimento Odontológico do Paciente com
Necessidades Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) no período de 2001 a 2019 foi de 1620, sendo que, 145 (9%) dos pacientes
apresentaram a cromossomopatia da Síndrome de Down (SD).

Com relação a idade numérica quantitativa dos pacientes com SD, a mediana de idade foi
de 24 anos (intervalo interquartil de 16 anos a 35 anos). Quanto ao sexo, 56 pertencentes ao sexo
feminino (38,6%) e 89 ao sexo masculino (61,4%).

Quanto à cidade de origem do encaminhamento 56% (n=81) foram encaminhados da


própria capital Porto Alegre/RS, 44% % (n=64) do interior do estado do Rio Grande do Sul.
No que diz respeito as condições associadas, 2,8% (n=4) apresentam a condição de
Autismo em conjunto com a Síndrome de Down, 1,4% (n=2) apresentam a Síndrome de West
com a SD e 0,7% (n=1) a condição de Fenilcetonúria.
Com relação as condição sistêmica dos pacientes 10,3% (n=15) cardiopatia, 4,1% (n=6)
hipotireoidismo, 1,4% (n=2) diabetes, 0,7% (n =1) hipertensão, 0,7% (n=1) epilepsia, 0,7%
(n=1) leucemia, 0,7% (n=1) asma, 0,7% (n=1) anemia, 0,7% (n=1) bronquite.
Ao todo, 15,9% (n=23) dos pacientes com Síndrome de Down apresentaram doenças
crônicas, sendo que, 11,7% (n=17) apresentaram apenas uma doença crônica e 4,1% (n=6)
apresentaram duas condições crônicas. Comparando os sexos, 17,9% (n=10) mulheres tiveram
doenças crônicas e 14,6% (n=13) dos homens apresentaram doenças crônicas.
A mediana de idade dos pacientes com Síndrome de Down que apresentaram doenças
crônicas foi de 13,5 (intervalo interquartil de 10 a 25 anos). A mediana de idade dos pacientes que
não apresentaram doenças crônicas foi de 24 (intervalo interquartil de 19 a 35 anos), havendo
uma diferença estatisticamente significante (p= 0,004).

Figura 1 – Mediana de idade dos pacientes com Síndrome de Down que apresentaram e
não apresentaram doenças crônicas.
Dos 145 pacientes 69% (n=100) dos pacientes não faziam o uso de medicação, 21,4%
(n=31) faziam e 9,7% (n=14) faziam o uso de duas ou mais medicações. Ainda em relação ao uso
de medicações, 26,8% (n=15) eram do sexo feminino e utilizavam medicação e, 33,7% (n=30) do
sexo masculino (p=0,488). Entretanto, correlacionando com a idade, a mediana foi de 22 anos
para os pacientes que faziam o uso de medicação (intervalo interquartil de 11 a 35 anos), e para
os pacientes que não faziam o uso foi de 24 anos (intervalo interquartil de 19 a 33 anos),
(p=0,137).
Quanto ao tipo de medicamentos que os pacientes com SD faziam uso contínuo ou
frequente, foram: antiepilépticos 14,4% (n=21), antipsicóticos 13,1% (n=19), anticonvulsivantes
11,7% (n=17), anti-hipertensivos 0,7% (n=1), antidepressivos 2,8% (n=2), hipoglicemiantes 1,4
% (n=2) e antitireoidianos, 11% (n=16). Os procedimentos odontológicos que foram realizados
nos pacientes com SD, no último dia de sua visita á clínica de pacientes com necessidades
especiais foram: prevenção 28,3% (n=41), cirurgia 19,3% (n=28), dentística restauradora
14,5% (n=21), periodontia 11,7% (n=17), ortodontia 2,8% (n=4) e endodontia com 0,7% (n=1).

Fazendo a correlação dos pacientes com síndrome de Down que possuíam doenças
crônicas 15,9% (n=23) e não possuíam doenças crônicas 84,1% (n=122) com os procedimentos
odontológicos que receberam em seu último atendimento clinico na disciplina de atendimento
odontológico do paciente com necessidades especiais da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no período de 2001 a 2019 e,
encontraram: 13% (n=3) Prevenção para pacientes com doenças crônicas e 31% (n=38) sem
doenças crônicas (p= 0,130); cirurgia com 30,4% (n=7) para pacientes com doenças crônicas e
17,2% (21) sem doenças crônicas (p= 0,155), dentística com 13% (n=3) para pacientes com
doenças crônicas e 14,8% (n=18) sem doenças crônicas (p= 0,999), periodontia com 8,7% (n=2)
para pacientes com doenças crônicas e 12,3% (n=15) sem doenças crônicas (p=0,999).

DISCUSSÃO

De acordo com Figueiredo, Leonardi e Ecke (2016), pacientes com a Síndrome de Down


requerem cuidados médicos e odontológicos direcionados especificamente à sua condição, assim
sendo os profissionais da área da saúde devem estar preparados para oferecer um tratamento
adequado e de qualidade. Dessa forma, ficou bem claro a importância de se conhecer o perfil dos
pacientes especiais que irão receber o cuidado odontológico. 
Os dados encontrados na literatura com relação ao perfil de pacientes com Síndrome de
Down em locais que atendiam pacientes com necessidades especiais demonstraram um
percentual muito semelhante ao encontrado neste estudo. Figueiredo, Bertoli e Ferronato em
2009, avaliando 584 prontuários encontraram 8,7% de pacientes com SD na mesma população
estudada nesta pesquisa. Domingues et al, (2015) na cidade de Araranguá-SC encontraram 9,9%
de 282 prontuários. Na cidade de Natal - RN, 11,3% de 186 prontuários (VERRÍSIMO,
AZEVEDO, RÊGO, 2013) e 7,5% de 388 prontuários na cidade de Rio de Janeiro-RJ (PINTO et
al, 2018). 
Prosseguindo, a comparação da mediana de idade entre os pacientes sindrômicos que
apresentaram as doenças crônicas (13,5 anos) e que não apresentaram (24 anos), inferiu-se que
este resultado pode estar relacionado ao fato que uma das características da Síndrome de Down é
apresentar condições patológicas associadas ainda muito cedo em questão de idade, algumas
sendo reguláveis com medicamentos conforme a idade avança, outras tendo cura e algumas
letais. 
Já com relação ao sexo, no presente estudo foi encontrado aproximadamente 60 % de
pacientes com SD do sexo masculino e quase 40% do sexo feminino, achados estes, que
corroboraram com os encontrados no estudo de Pinto et al em 2018, que avaliaram 388
prontuários sendo que, 57% corresponderam ao sexo masculino e 43% ao sexo feminino.
Também, o estudo de Verissimo, et al. (2013), que analisaram 186 prontuários, 55,9% dos
pacientes corresponderam ao sexo masculino e 44,1% ao feminino. Filho et al. (2003)
verificaram a predominância da Síndrome de Down no sexo masculino em 60% dos recém-
nascidos.
Por outro lado, a associação entre a Síndrome de Down e outras condições associadas se
torna complexa, sendo o Transtorno do Espectro Autista (TEA) uma das mais importante das
associações segundo dados do Centro de Especialidade Odontológica da Faculdade de
Odontologia da UFRGS em 2018x, cerca de 3% dos pacientes, que coincidiu com os
encontrados no presente estudo, mas com a mesma população trabalhada neste estudo. Em
contrapartida outros trabalhos encontraram um percentual de associação do TEA com a SD mais
elevada, ou seja, variando entre 18 a 39 % (AGRIPINO-RAMOS; SALOMÃO, 2014). O
importante é salientar que quando o TEA está presente, este influenciará nas estratégias de
intervenção odontológica que serão adotadas pelo cirurgião dentista e determinará o tipo de
informação que serão transmitidas aos pais do paciente com SD.
Diante de suas características físicas, os pacientes com SD podem apresentar algumas
doenças crônicas, como foi observado neste estudo em torno de 20% dos casos, e destes,
encontrou-se uma maior prevalência da cardiopatia congênita em aproximadamente 10%.
Comparando com a realidade populacional das pessoas com SD, estes resultados foram abaixo da
média normal que seria em torno de 50%. (NOGUTI et al. 2010). Na mesma linha seguiram-se
com as doenças autoimunes, como o hipotireoidismo associado a Síndrome de Down. Nisihara et
al. (2006) realizaram exames sorológicos de 72 pacientes com Síndrome de Down e 42,9%
apresentaram hipotireoidismo, entretanto, no presente estudo, menos de 5% dos pacientes com
SD apresentaram tal doença tireoidiana. Estes resultados de frequência baixa nesta amostra
sugeriram que foi analisado em uma população de pacientes com características peculiares, que
provavelmente, não seja representativa da população de Síndrome de Down como um todo.
Devido a toda a complexidade sistêmica presente em grande parte das pessoas com SD,
fazem com que elas utilizem medicações de uso contínuo. Deste modo, aproximadamente 20%
dos pacientes com SD neste trabalho, utilizavam uma medicação e quase 10% utilizavam dois ou
mais medicamentos, dentre eles os anti-hipertensivos, anticonvulsivantes e antiepiléticos. Em
contrapartida, um estudo de Rochetto et al. (2014), sobre o perfil dos pacientes com Síndrome de
Down na APAE da cidade de Mogi Guaçu-SP, observou que dos 38 pacientes matriculados, 73%
faziam uso de medicação contínua sendo o antitireoidianos o mais utilizado. É importante
salientar que paciente que fazem uso de medicamentos de uso contínuos, podem ocorrer possíveis
interações medicamentosas, efeitos bucais e sistêmicos destas medicações, dos quais podem ser
hiposalivação, xerostomia, hiperplasia gengival, além de cuidados especiais com pacientes que
fazem uso de anticoagulantes orais.
Continuando o acima descrito, os medicamentos, em conjunto com a má higiene bucal, e
fatores de baixa imunidade e dificuldades de motricidade, podem alterar a composição e o pH
salivar, tendo então relação com a doença periodontal, que podem acarretar na necessidade de um
tratamento periodontal, como verificado em 12% na consulta final dos pacientes deste estudo, ou
evoluir para  a extração do dente encontrado em quase 20% dos pacientes deste estudo. O
percentual de restaurações realizadas foi de 15%, inferior ao encontrado no estudo de Figueiredo
et al (2009) com a mesma amostra populacional deste estudo, onde o percentual de 22%.
Importante salientar que não há evidências científicas que suportem a hipótese de que
indivíduos com SD tenham menor experiência de cárie, conforme também revelou a revisão
sistemática com 226 estudos sobre a carie dentaria em indivíduos com a Síndrome de Down
(MOREIRA et al, 2016). Porém, tendo em vista o acima descrito, pode-se perceber que o trabalho
do profissional dentista com o paciente com SD está na promoção de saúde, pois sabemos que a
doença carie e doença periodontal tem grande relações com o biofilme, uma vez que, Schwertner
et al. (2016) observou no estudo sobre a composição bioquímica da saliva e do biofilme dental de
crianças com Síndrome Down, em uma amostra de 144 pacientes (sendo 61 com a SD e 83 não
sindrômicos), que a concentração de flúor, cálcio e fosforo não diferiu entre os dois grupos,
porém o biofilme dental apresentou níveis de polissacarídeo extracelular mais elevados para
crianças com Síndrome de Down, sugerindo um biofilme mais cariogênico.

Por fim, sugere-se que mais estudos com número amostral maior devem ser desenvolvidos, para
que se obtenha frequências mais acuradas e seja possível comparar os dados deste referido
trabalho, com a população em geral.

CONCLUSÕES
Diante dos resultados, pode-se concluir que o perfil dos pacientes com Síndrome de
Down da Faculdade de Odontologia da UFRGS no período de 2001 a 2019 foi:
 Em sua maioria do sexo masculino com uma mediana de idade de 24 anos (pacientes sem
doença crônica) e, 13, 5 anos (pacientes com doença crônica), advindos de Porto Alegre,
quase 70% não faziam uso de medicamentos, sendo que 5% destes pacientes
apresentavam condições sistêmicas associadas e, 16% doenças crônicas. Porém, estes
dados, nestes aspectos, não foram condizentes com a realidade populacional, sendo
necessário realizar um estudo com maior número amostral;
 O tratamento mais realizado na última visita clínica destes pacientes foi a cirurgia
(30,4%) para os pacientes com doenças crônica e, a prevenção (31,0%) para aqueles sem
doença crônica;
 Destaca-se deste modo a importância do cirurgião-dentista estar atendo às condições
sistêmicas e às associadas, as quais estão ligadas também ao uso de medicamentos e, ter o
conhecimento farmacológico, para saber manejar os pacientes com Síndrome de Down
em clinica, tendo em vista, que há probabilidade de manifestações bucais e sistêmicas
com o uso destes medicamentos, além de suas reações adversas.

ABSTRACT
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CONCLUSÃO

O perfil dos pacientes com Síndrome de Down analisado na faculdade de odontologia da


UFRGS revela que a maioria era do sexo masculino, advindos de Porto Alegre e quase 70% não
faziam uso de medicamentos. Porém, os dados encontrados nesta pesquisa, em alguns aspectos,
não foram condizentes com a realidade da população, sendo necessário realizar um estudo com
maior número de amostra.
Sendo assim, destaca-se a importância do cirurgião-dentista estar atendo às condições
sistêmicas e às associadas, as quais estão ligadas também ao uso de medicamentos controlados.
Portanto, o conhecimento farmacológico e sobre manejo se fazem relevantes no atendimento de
pacientes com necessidades especiais, tendo em vista que há probabilidade de manifestações
bucais com o uso de certos medicamentos, além de reações adversas.
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ANEXO - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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