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FACULDADE DE ODONTOLOGIA
JÉSSICA MARASCHIN
JÚLIA SALDANHA
Porto Alegre
2020
JÉSSICA MARASCHIN
JÚLIA SALDANHA
Porto Alegre
2020
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecemos a Deus pelo dom a nós concedido, por permitir que nossas mãos
sejam capazes de construir sorrisos.
Obrigada aos nossos pais que nos deram a oportunidade de estudar e ir mais além.
Agradecemos as nossas famílias pela compreensão e apoio que nos deram durante nossa jornada
acadêmica.
Obrigada a ATO 2020-1 pela companhia nessa caminhada e por compartilhar conosco desse
momento.
Obrigada à Amizade que não só nos permitiu construir um belo trabalho, como também nos uniu
para nos fazer mais fortes.
E por fim, obrigada aos nossos pacientes, mais que especiais, por despertar em nós nosso lado
mais humano.
Aos pacientes especiais fruto deste trabalho.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos pacientes com Síndrome de Down
(SD) atendidos na Disciplina de Atendimento Odontológico do Paciente com Necessidades
Especiais da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Método: A partir dos prontuários odontológicos dos pacientes atendidos em nível ambulatorial
entre os anos de 2001 e 2019 foram obtidas informações em relação a idade do paciente no
primeiro atendimento, sexo, forma de acesso, condição sistêmica do SD, medicamento de uso
contínuo utilizado e tratamento recebido em sua última visita a clínica. Como resultado verificou-
se que a SD representou 9% dos pacientes sendo a prevalência do sexo masculino (61%) e a
mediana de idade de 24 anos. A respeito das condições associadas a SD 2,8% apresentaram
autismo e 15,9% apresentaram doenças crônicas, sendo cardiopatia e hipotireoidismo como as
mais prevalentes. Com relação ao uso de medicamentos de forma contínua, 21,4% faziam uso de
medicação sendo os mais frequentes: antiepilépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes,
antitireoidianos. A relevância deste trabalho se faz em vista da extrema importância de conhecer
a fundo a condição dos pacientes com Síndrome de Down, pois somente desta forma poderá ser
oferecido um tratamento adequado, devolvendo e desenvolvendo a saúde e qualidade de vida dos
mesmos.
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 09
2 ARTIGO CIENTÍFICO............................................................................................ 12
3 CONCLUSÃO............................................................................................................ 28
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 29
ANEXO - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP....................................... 34
SUMARIO
INTRODUÇÃO
Pacientes com Necessidades Especiais (PNEs) por conceito são indivíduos que necessitam de
uma atenção especial, tendo etiologia biológica, física, mental, social e/ou comportamental.
Este conceito abrange desde uma pessoa que necessita cuidados especiais temporários até
uma pessoa com uma doença sistêmica como a síndrome de Down, que requer cuidados
especiais para a vida inteira.
A síndrome de Down foi reconhecida por John Langdon Down como a condição genética
que designa uma das causas mais frequentes de deficiência mental. Esta síndrome é
caracterizada pela trissomia da banda cromossômica 21q22, ou seja, um cromossomo a mais e
sua manifestação fenotípica é característica, tendo também como consequências o retardo
mental e, em torno de 40% dos sindrômicos a cardiopatia congênita. (MOREIRA L.M.A et al,
2000).
Por ser uma doença sistêmica com agravos maiores na saúde em geral, as consultas
odontológicas são deixadas para segundo plano ou somente quando há alguma manifestação
bucal evidente.
Algumas anomalias gênicas presentes nos indivíduos com síndrome de Down levam a
alterações patológicas e a uma maior predisposição ao desenvolvimento de algumas doenças
bucais, como as doenças periodontais.
O conhecimento dos desfechos desta síndrome na cavidade bucal e sistêmica se faz
fundamental para um atendimento amplo, seguro e humanizado, abrangendo diagnóstico,
prevenção, tratamento e promoção de saúde. É de suma importância o profissional ter
conhecimento da farmacologia administrada, pois muitos medicamentos utilizados pelos
sindrômicos podem acarretar disfunções orais e influenciar no tratamento odontológico.
Diante do acima exposto o referido estudo irá apontar as principais enfermidades sistêmicas e
administrações farmacológicas dos pacientes portadores da Síndrome de Down atendidos no
centro de Especialidade Odontológica da Faculdade de Odontologia da UFRGS.
ARTIGO CIENTÍFICO
RESUMO
Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil dos pacientes com Síndrome de Down (SD)
atendidos na Disciplina de Atendimento Odontológico do Paciente com Necessidades Especiais
(PNE) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Metodologia: A partir dos prontuários odontológicos dos pacientes atendidos em nível
ambulatorial entre os anos de 2001 e 2019 foram obtidas informações em relação a idade do
paciente no primeiro atendimento, sexo, forma de acesso, condição sistêmica do paciente com
SD, medicamento de uso contínuo utilizado e, tratamento recebido em sua última visita a clínica.
Como resultado verificou-se que a SD representou 9% dos PNEs atendidos na disciplina, sendo
61% do sexo masculino com uma mediana de idade de 24 anos (pacientes sem doença crônica) e,
de 13, 5 anos (pacientes com doença crônica), advindos de Porto Alegre. 5% destes pacientes
apresentavam condições sistêmicas associadas e, 16% doenças crônicas. 21,4% faziam uso de
medicação sendo os mais frequentes: antiepilépticos, antipsicóticos, anticonvulsivantes,
antitireoidianos. O tratamento mais realizado na última visita clínica destes pacientes foi a
cirurgia (30,4%) para os pacientes com doenças crônica e, a prevenção (31,0%) para aqueles sem
doença crônica. Conclusão: Destaca-se assim, a importância do cirurgião-dentista estar atendo às
condições sistêmicas e às associadas, as quais estão ligadas também ao uso de medicamentos e,
ter o conhecimento farmacológico, para saber manejar os pacientes com SD em clinica, tendo
em vista, que há probabilidade de manifestações bucais e sistêmicas com o uso destes
medicamentos, além de suas reações adversas.
Pacientes com Necessidades Especiais (PNEs) por conceito, de acordo com o Ministério
da Saúde (2018) são indivíduos que necessitam de uma atenção especial de ordem intelectual,
física, sensorial, emocional, de crescimento ou médica que o impeça de ser submetido a um
atendimento odontológico de manejo padrão. Este conceito abrange desde uma pessoa que
necessita cuidados especiais temporários até uma pessoa com uma síndrome permanente, como é
caso da pessoa com a Síndrome de Down (SD), que requer cuidados especiais para a vida inteira.
Segundo o Ministério da Saúde (2013), nas diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de
Down, a SD é um modo de estar no mundo que demonstra a diversidade humana.
A SD foi descrita pelo pediatra inglês, John Langdon Down, 1866, como a causa genética
mais frequente de retardo mental. Esta síndrome é caracterizada pela trissomia da banda
cromossômica 21 (Figura1), ou seja, um cromossomo a mais e, sua manifestação fenotípica é
característica, tendo como consequências o retardo mental e, em torno de 40% dos sindrômicos a
cardiopatia congênita (MOREIRA et al, 2000).
Esta alteração cromossômica pode acontecer de três formas: em 96% por uma não
disjunção cromossômica total, ou seja, todas as células têm um cromossomo 21. Em 4%, os
portadores não têm todas as células com um cromossomo a mais, sendo denominados como casos
“mosaicos” ou apresentam a síndrome por translocação genética, caso em que parte do
cromossomo 21 ou todo ele, se encontra ligado com outro cromossomo, geralmente o
cromossomo 14 (BISSOTO, 2005).
Figura 1- Cariótipo de uma criança com SD (47 + 21)
Como as pessoas com esta síndrome possuem dificuldade para a realização da higiene
bucal, por apresentam deficiência motora, neurológica e hipotonia muscular, ocorre um maior
acúmulo de biofilme bacteriano, aumentando assim a suscetibilidade do desenvolvimento da
doença periodontal (VIEIRA, 2009). Vale aqui salientar, que deste modo, vários periodonto
patógenos colonizam muito precocemente na cavidade bucal das pessoas com a SD e, segundo
Bosma e Van (1986), a prevalência da doença periodontal em adolescentes com a SD é de 30% a
40%, sendo que quando chegam próximos aos 30 anos ela é de 100%.
Para Cavalhero, et al (2010) e Cavalcante, et al (2009) somente uma higienização bucal
deficitária, dos indivíduos com SD não é capaz de explicar a severa destruição periodontal desses
indivíduos, uma vez que, o desenvolvimento e a evolução da periodontite são dependentes
também da resposta imunológica do hospedeiro (VIEIRA, et al 2010; CAVALCANTE, et al 2009
e BOSMA; VAN, 1986). A redução numérica dos linfócitos T maduros e os defeitos funcionais de
quimiotaxia e fagocitose celular dos neutrófilos e monócitos, constituem as alterações mais
comumente observadas na resposta imunológica destas pessoas, o que os torna altamente
suscetíveis ao desenvolvimento da doença periodontal. (BAGIC, et al,2003; VIEIRA, et al 2010 e
CAVALCANTE, et al 2009). A higiene bucal é um dos cuidados de menor prioridade dos
responsáveis perante os demais problemas sistêmicos das pessoas com SD, mas muitas vezes,
pode-se evitar um problema dentário se o paciente receber cuidados preventivos antes da
instalação ou agravamento. Deste modo, profissional deve estar ciente sobre a importância de
informar o cuidador sobre os fatores de riscos de doenças e/ou acometimentos ao paciente.
(Oliveira et al, 2008).
Por outro lado, Silva et al (2002), relataram que os pacientes com SD apresentam um
fluxo salivar 50% mais baixo do que os pacientes não sindrômicos e, um pH salivar, níveis de
sódio, cálcio e bicarbonato mais altos. A partir disso, a capacidade tampão torna-se mais elevada,
diminuindo a incidência de cárie nas pessoas com SD. Siqueira (2005), reafirmaram que a
capacidade tampão é mais eficiente na saliva de indivíduos com SD. Já Schutz et al (2013),
concluíram terem os indivíduos sindrômicos alterações quantitativas e não qualitativas de seu
fluxo salivar.
Schwertner, et al (2016) afirmaram que apesar da composição salivar ser semelhante nos
indivíduos com SD, eles possuem um biofilme dentário com maior potencial cariogênico do que
indivíduos sem a SD (menos fosfato e mais PEC). Isto, mesmo eles apresentando maiores
concentrações de IgA, comparados a indivíduos sem a SD, fato este, que não se reflete em sua
experiência de cárie.
Deste modo, no estudo realizado por Castilho e Marta (2010), para verificar a
prevalência e a incidência de cárie dentária de indivíduos com SD com idades de 1 a 48 anos e,
concluíram que eles apresentavam baixos índices de cárie e pequena incidência de novas lesões.
Corroborando com estes autores, outros chegaram a mesma conclusão, justificando essa baixa
prevalência de carie dentária se dá em detrimento da composição salivar, do retardo do processo
de irrupção dentária (BROWN et al,1961; COHEN et al, 1970; MORAES et al.; 2002;
MOREIRA et al, 2010) e, da mudança da morfológica oclusal dos dentes devido ao bruxismo
(McMILLAN, et al, 1961; MUSTACCHI et al, 1990).
Por outro lado, os indivíduos com SD apresentam um potencial maior para o
desenvolvimento da candidíase tipo pseudomembranosa se comparados com os não sindrômicos.
As leveduras do gênero cândida estão presentes na microbiota natural do ser humano desde o
momento do nascimento, vivendo em equilíbrio com o hospedeiro. A ruptura deste equilíbrio,
ocorrerá por alterações físicas, químicas, iatrogênicas e mecânicas que se processam na cavidade
bucal (VIEIRA et al., 2005 e ANTONACCIO,2009). Smith, Rooney e Nunn (2010) acrescentam
que, além disto, o comportamento da pessoa com SD muitas vezes imprevisível, involuntário e, a
sua alimentação pastosa e/ou cariogênica e o uso de medicamentos, fazem com que elas sejam
consideradas de risco para as patologias bucais.
Quanto as maloclusões, estas estão muito presentes nas pessoas com SD e segundo
Santangelo, et al. (2008) as principais maloclusões observadas estão a mordida aberta anterior e
mordida cruzada posterior, sendo elas isoladas ou associadas. Estes relatam também, que a
mordida aberta anterior se deve á uma pseudomacroglossia e ao desequilíbrio que acontece pela
hipotonia muscular na força dos músculos do lábio, bochecha e língua. Carvalho et al. (2010)
complementaram que a abertura bucal leva o paciente o SD a condição de ser um respirador
bucal. Inclusive, a halitose é outra característica ligada não só a uma má higiene bucal, mas
também, a presença da língua fissurada, respiração bucal, problemas gengivais e, a deficiência
motora e, que interferiria na inclusão social dos indivíduos com SD (HENNEQUIN M. et al.,
2000).
Devido ao desenvolvimento de doenças crônicas sistêmicas associadas, como: cardiopatia
congênita, hipotonia muscular, disfunções tireoidianas, baixa imunidade e retardo mental, as
pessoas com SD fazem uso contínuo de medicamentos (BLAS, 2017; NOGUTI, el at., 2010).
Segundo Falção et al. (2019), dentre as medicações por elas utilizadas, estão os anticoagulantes
(aspirina) para tratamento de doenças cardíacas, antiepiléticos, antidepressivos, antioxidantes,
anti-hipertensivos. Corroborando com estes resultados, Costa et al. (2006) estudaram sobre a
atenção farmacêutica dos pacientes especiais e, 40% dos pacientes com SD utilizavam
antipsicóticos; 20% antidepressivos; 20% antiepiléticos e 20% anticonvulsivantes. Para
Wannmacher e Ferreira (2007), é preciso que o cirurgião-dentista esteja atento há eventuais
interações medicamentosas e os efeitos colaterais desses medicamentos utilizados pelos
pacientes.
As enfermidades cardíacas podem comprometer a vida da pessoa com SD, sendo de 30%
a 35% a causa da mortalidade nos primeiros dois anos de vida, pois ocorre entorno de 50% nos
neonatos, sendo as mais comuns: defeito completo do canal atrioventricular, defeito do septo
ventricular e tetralogia de Fallot, que são condições clínicas predisponentes para a endocardite
bacteriana (NOGUTI et al. 2010). Segundo Hiro (2006), o uso da profilaxia antibiótica torna-se
importante nos tratamentos odontológicos para a prevenção da bacteremia transitória em
pacientes susceptíveis. Para Andrade, et al (2014), alguns cuidados são necessários no pré
operatório, no trans operatório e pós operatório odontológico de alguns pacientes cardiopatas que
fazem uso de anticoagulantes orais, ou seja quando a RNI for menor que 3,5 não é necessário
alterar ou suspender o uso do anticoagulante, quando for superior ou igual a 3,5 para
procedimentos cirúrgicos mais complexos é imprescindível a troca de informações com o médico
do paciente, para avaliar risco/benefício da alteração da terapia anticoagulante.
Como relatado anteriormente, o desenvolvimento neuronal está afetado na pessoa com
SD, sendo necessário portanto, a utilização de antipsicóticos, estabilizadores de humor,
antimaníacos, como o lítio, carbamazepina e antidepressivos tricíclicos. Loureiro, et al. (2004)
relataram que um dos efeitos bucais adversos do uso de antipsicóticos seriam as erupções
liquenóides, bem como, segundo Le Rolland, (2018), a xerostomia e hiposalivação.
Com relação aos anticonvulsivantes e antiepiléticos, que também são utilizados pelas
pessoas com SD, como, a fenitoína, carbamazepina e o ácido valpróico, estas podem trazer com o
seu uso terapêutico, a leucopenia e trombocitopenia induzida, como também a hiperplasia
gengival, causada pela fenitoína, (LITTLE et al. 2008). Para Guimarães (2007) estes
medicamentos inibem o influxo de cálcio através das membranas plasmáticas e, acredita-se que
por alterar o nível intracelular de cálcio, elas diminuem a atividade da colagenase, resultando em
excesso de síntese de colágeno e proliferação fibroblástica no interior da gengiva.
A diabetes melittus (tipo 1 ou 2) é uma condição sistêmica que se encontra em
alguns pacientes sindrômicos e, segundo Campos, et al. (2009), algumas atenções especificas são
necessárias durante o seu atendimento odontológico e, no caso de pacientes descompensados é
indicado a profilaxia antibiótica para evitar bacteremia transitória, pois há uma maior
vulnerabilidade de infecções e resposta inflamatória acentuada. Entretanto, 30% das pessoas com
esta síndrome apresenta hipotireoidismo (MESQUITA, 2014) com manifestações bucais, como,
aumento do tamanho da língua, atraso na erupção dentária e edema gengival (LITTLE, et al,
2008). Salientaram ainda Oliveira, Prado, Fernandes e Mendes (2015), que as injúrias dentárias
em pacientes com necessidades especiais podem acontecer em decorrência das suas condições
físicas e mentais que promovem uma diminuição dos reflexos de defesa.
Levando em consideração que no Brasil não há um número exato para a quantidade de
pessoas que têm SD, apenas projeções, o estudo de Brandão et al (2009), sobre a prevalência da
população com SD no Brasil, levantou dados, de acordo com a OMS de que esta seria entre 1% e
2% da população brasileira considerando o número de 190.732.694 habitantes (censo IBGE
2010), a população com SD seria de 1.900.000 e 3.800.000 indivíduos. Figueiredo, Leonardi e
Ecke, (2016), realizaram um estudo retrospectivo na Disciplina de Atendimento Odontológico do
Paciente com Necessidades Especiais da Faculdade de Odontologia da UFRGS avaliando os
prontuários de 1455 pacientes e encontraram, que em relação a deficiência, 9,1% eram pacientes
com a SD. Domingues et al (2015) em um estudo observacional do tipo transversal, coletaram
informações em 232 prontuários odontológicos da faculdade de Araraquara – UNESP, da
disciplina de odontologia para pacientes com necessidades especiais, observou-se que entre as
anomalias congênitas a SD foi a mais prevalente (9,9%). Faulks, et al. (2013) em outro estudo,
utilizaram a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) para
descrever 218 pacientes menores de 16 anos de idade, encaminhados para cuidados especiais e/ou
serviços odontológicos pediátricos, sendo estes recrutados, 37,6% França, 25,7% Suécia, 11,5%
Irlanda e 25,3% Argentina. O diagnóstico mais comum foram anormalidades cromossômicas
(31,2%), das quais 22,0% foram causadas pela Síndrome de Down.
Silva, et al. (2002), afirmaram que os pacientes com SD ainda recebem um atendimento
bastante limitado, ou seja, pela falta de profissionais capacitados e com conhecimento para tal,
por preconceito ou receio de tratá-los. Neste sentido, os cursos de odontologia vêm incluindo em
suas grades curriculares a disciplina de atendimentos aos pacientes especiais, com objetivo de
preparar esses futuros profissionais, embasá-los cientificamente, para que possam oferecer um
tratamento odontológico mais humanizado, incentivando uma relação interpessoal entre
profissional, paciente e responsáveis/cuidadores.
Finalizando, a palavra inclusão tem como significado possibilitar à pessoa com
deficiência iguais possibilidades de cuidados no tratamento convencional e no diferenciado, nos
quais pessoas com e sem deficiência possam conviver e serem tratadas; os profissionais devem
aprender a lidar com as diversidades e diferenças. (AGUIAR, 2002). A abordagem de uma criança
com necessidades especiais deve ser baseada na avaliação do efeito psicossocial da doença e na
importância das técnicas para se criar o vínculo entre profissionais-pais-crianças, antes da
instituição efetiva do tratamento (CORRÊA et al. 2002). É fundamental que profissionais voltem
a sua atenção para a compreensão da dinâmica de funcionamento de famílias de crianças com
Síndrome Down, uma vez que a família constitui o primeiro agente de socialização da criança e é
a mediadora das relações desta com seus diversos ambientes. Portanto, conhecer como se
processam as interações entre a criança com Síndrome Down e seus genitores e irmãos possibilita
compreender as relações futuras desta criança com seus companheiros, bem como a sua inserção
nos diversos contextos socioculturais (SILVA et al. 2002).
Diante disto, referido estudo propôs avaliar o perfil dos pacientes diagnosticados com
Síndrome de Down atendidos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul no período de 2001 ao ano de 2019 e correlacionar as enfermidades relacionadas
com a Síndrome de Down e suas medicações e ao que pode interferir no tratamento odontológico.
METODOLOGIA
RESULTADOS
Com relação a idade numérica quantitativa dos pacientes com SD, a mediana de idade foi
de 24 anos (intervalo interquartil de 16 anos a 35 anos). Quanto ao sexo, 56 pertencentes ao sexo
feminino (38,6%) e 89 ao sexo masculino (61,4%).
Figura 1 – Mediana de idade dos pacientes com Síndrome de Down que apresentaram e
não apresentaram doenças crônicas.
Dos 145 pacientes 69% (n=100) dos pacientes não faziam o uso de medicação, 21,4%
(n=31) faziam e 9,7% (n=14) faziam o uso de duas ou mais medicações. Ainda em relação ao uso
de medicações, 26,8% (n=15) eram do sexo feminino e utilizavam medicação e, 33,7% (n=30) do
sexo masculino (p=0,488). Entretanto, correlacionando com a idade, a mediana foi de 22 anos
para os pacientes que faziam o uso de medicação (intervalo interquartil de 11 a 35 anos), e para
os pacientes que não faziam o uso foi de 24 anos (intervalo interquartil de 19 a 33 anos),
(p=0,137).
Quanto ao tipo de medicamentos que os pacientes com SD faziam uso contínuo ou
frequente, foram: antiepilépticos 14,4% (n=21), antipsicóticos 13,1% (n=19), anticonvulsivantes
11,7% (n=17), anti-hipertensivos 0,7% (n=1), antidepressivos 2,8% (n=2), hipoglicemiantes 1,4
% (n=2) e antitireoidianos, 11% (n=16). Os procedimentos odontológicos que foram realizados
nos pacientes com SD, no último dia de sua visita á clínica de pacientes com necessidades
especiais foram: prevenção 28,3% (n=41), cirurgia 19,3% (n=28), dentística restauradora
14,5% (n=21), periodontia 11,7% (n=17), ortodontia 2,8% (n=4) e endodontia com 0,7% (n=1).
Fazendo a correlação dos pacientes com síndrome de Down que possuíam doenças
crônicas 15,9% (n=23) e não possuíam doenças crônicas 84,1% (n=122) com os procedimentos
odontológicos que receberam em seu último atendimento clinico na disciplina de atendimento
odontológico do paciente com necessidades especiais da Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no período de 2001 a 2019 e,
encontraram: 13% (n=3) Prevenção para pacientes com doenças crônicas e 31% (n=38) sem
doenças crônicas (p= 0,130); cirurgia com 30,4% (n=7) para pacientes com doenças crônicas e
17,2% (21) sem doenças crônicas (p= 0,155), dentística com 13% (n=3) para pacientes com
doenças crônicas e 14,8% (n=18) sem doenças crônicas (p= 0,999), periodontia com 8,7% (n=2)
para pacientes com doenças crônicas e 12,3% (n=15) sem doenças crônicas (p=0,999).
DISCUSSÃO
Por fim, sugere-se que mais estudos com número amostral maior devem ser desenvolvidos, para
que se obtenha frequências mais acuradas e seja possível comparar os dados deste referido
trabalho, com a população em geral.
CONCLUSÕES
Diante dos resultados, pode-se concluir que o perfil dos pacientes com Síndrome de
Down da Faculdade de Odontologia da UFRGS no período de 2001 a 2019 foi:
Em sua maioria do sexo masculino com uma mediana de idade de 24 anos (pacientes sem
doença crônica) e, 13, 5 anos (pacientes com doença crônica), advindos de Porto Alegre,
quase 70% não faziam uso de medicamentos, sendo que 5% destes pacientes
apresentavam condições sistêmicas associadas e, 16% doenças crônicas. Porém, estes
dados, nestes aspectos, não foram condizentes com a realidade populacional, sendo
necessário realizar um estudo com maior número amostral;
O tratamento mais realizado na última visita clínica destes pacientes foi a cirurgia
(30,4%) para os pacientes com doenças crônica e, a prevenção (31,0%) para aqueles sem
doença crônica;
Destaca-se deste modo a importância do cirurgião-dentista estar atendo às condições
sistêmicas e às associadas, as quais estão ligadas também ao uso de medicamentos e, ter o
conhecimento farmacológico, para saber manejar os pacientes com Síndrome de Down
em clinica, tendo em vista, que há probabilidade de manifestações bucais e sistêmicas
com o uso destes medicamentos, além de suas reações adversas.
ABSTRACT
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