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Índice

01. Introdução.............................................................................................3

02. Fisiologia do ciclo menstrual, fases e impactos


metabólicos..........................................................................................5
03. Fases do ciclo menstrual.............................................................6
04. Impactos metabólicos...................................................................7
05. Como amenizar a tpm com estratégias
nutricionais...........................................................................................8
06. O organismo no período pré-menopausa e pós
menopausa.........................................................................................10
07. Impacto do uso de contraceptivos orais no
metabolismo......................................................................................13
08. Fertilidade feminina e
nutrição..................................................................................................15
09. Suplementos complementares a nutrição para
fertilidade feminina.......................................................................17
10. Síndrome do ovário policístico e nutrição.....................19

11. Síndrome do intestino irritável e saúde da


mulher.....................................................................................................21
12. Inflexibilidade metabólica e síndrome do ovário
policístico.............................................................................................23
13. Inflexibilidade metabólica e síndrome do ovário
policístico.............................................................................................25
14. Baixa disponibilidade de energia e tríade da mulher
atleta.......................................................................................................27
Introdução
A Mulher é um ser diferenciado e comparada ao homem sua
natureza fisiológica demostrar inúmeras peculiaridades,
contemplando desde seus hormônios, características físicas, fases
de reprodução, gestação, menopausa entre outros.

Ao nascer, os ovários femininos contêm por volta de 4 milhões de


oócitos (células sexuais produzidas nos ovários) produzidos durante
o desenvolvimento fetal e que permanecerão estagnados depois
do nascimento. E será somente na fase da puberdade que eles irão
retomar o seu desenvolvimento, através da estimulação de um
hormônio chamado folículo estimulante (FSH). Porém, a
concentração deste hormônio antes da puberdade é muito baixa,
impedindo a ocorrência desse processo.

Existem diversos fenômenos físicos que ocorrem no corpo


feminino, e um bastante significativo se trata do processo pelo qual
a natureza transforma as formas específicas desse sexo,
principalmente na fase da puberdade. Na mulher as estruturas vão
se tornando mais salientes e os genitais vão adquirindo maior
importância corporal e a menarca (primeira menstruação) é
considerada como um complemento desse processo esplêndido,
estando associada com a fertilidade. Nesse contexto, o fluxo
menstrual é considerado como um excelente marcador para a
saúde feminina.

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As necessidades nutricionais da mulher também são
significativamente diferentes durante todas as fases da vida, visto
que, muitos nutrientes precisam ser ingeridos em maior
quantidade. Outra peculiaridade do sexo feminino se refere a sua
taxa metabólica basal (gasto de energia em repouso), que é menor
comparado ao gasto do sexo masculino, seguido também de maior
acúmulo de gordura corporal e diferença dos níveis de hormônios
sexuais, sendo eles considerados os principais responsáveis pelas
diferenças existentes entre homens e mulheres. Nesse contexto,
enquanto o predomínio de hormônio sexual nos homens é a
testosterona, nas mulheres são estrogênio e progesterona.

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Fisiologia do ciclo menstrual,
fases e impactos metabólicos
O ciclo menstrual é um marco na vida das mulheres e representa
uma passagem da infância para a fase reprodutiva, ocorrendo
geralmente na puberdade por volta dos 13 anos de idade. Após a
primeira menstruação a mulher inicia o seu período reprodutivo
que só se encerra na menopausa, sendo determinado pela
ineficiência dos ovários.

Para que a menstruação ocorra é necessário que o


desenvolvimento e a liberação dos oócitos aconteça, e isso se deve
ao funcionamento e equilíbrio hormonal produzido pelos ovários e
pelas glândulas do cérebro, chamadas de hipotálamo e hipófise ou
pituitária. Nesse processo, a hipófise começará a sintetizar alguns
hormônios que irão agir sobre os ovários, iniciando várias alterações
que se repetem ciclicamente.

Os principais hormônios envolvidos no ciclo menstrual são:

1. Hormônio folículo-estimulante (FSH): A glândula adeno-hipófise


produz e libera o FSH e sua principal função é iniciar o
amadurecimento dos ovócitos no ovário;
2. Hormônio luteinizante (LH): É liberado e produzido pela
glândula adeno-hipófise, estimula o amadurecimento do oócito
e a sua liberação para o útero;
3. Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH): é produzido pelo
hipotálamo e atua no controle da liberação dos hormônios FSH
e LH.

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Fases do ciclo menstrual

O ciclo menstrual da mulher é divido em 3 partes, sendo a primeira


a fase folicular onde ocorre a prioridade dos hormônios estrogênios
principalmente do estradiol, a segunda fase do ciclo é a de
ovulação propriamente dita e a terceira e última é a chamada fase
lútea na qual a progesterona inibe os efeitos do hormônio estradiol.
E todas juntas se concentram em recrutar, promover o crescimento
e o amadurecimento dos oócitos para fertilização.

O primeiro dia de sangramento é considerado o início do ciclo


menstrual, momento marcado pelo aumento da libertação de FSH
pela hipófise. O FSH atua sobre alguns folículos para que comecem
a se desenvolver e o crescimento deles sob ação do FSH é
caracterizado pelo aumento do oócito e pela proliferação das
células foliculares, constituindo a cavidade folicular. Essa fase tem
duração média de 14 dias. Pouco antes da ovulação um único
folículo chamado folículo dominante alcança seu maior grau de
desenvolvimento e estimula simultaneamente a secreção do
hormônio estrogênio. Isso acontece cerca de 32 horas antes da
ovulação, e o estrogênio produzido atingirá seu pico, promovendo
estimulo para a produção do hormônio LH pela hipófise,
desencadeando a ovulação daquele oócito maduro. Após a
ovulação o folículo se transformará em corpo lúteo, iniciando neste
momento a liberação do hormônio progesterona, que atuará no
endométrio favorecendo a implantação do ovócito. Porém, se o
ovócito não for fertilizado por um espermatozoide dentro de 72
horas após sua liberação do folículo, no final do processo do corpo
lúteo ocorrerá a menstruação, reiniciando novamente todo o ciclo
menstrual. Além disso, vale ressaltar que enquanto o hormônio
estrogênio se encontra elevado ele inibi a secreção de FSH e LH.

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Impactos metabólicos
Dentre as 3 fases do ciclo menstrual, a fase folicular e a fase lútea
são as que mais apresentam alterações metabólicas nas mulheres,
como por exemplo: a retenção de líquidos, aumento de ingestão
energética, elevação de peso, alterações no metabolismo de
vitamina D, perfil lipídico, magnésio, ferro e cálcio. Além de
hipersensibilidade emocional, dores generalizadas e possíveis
mudanças de comportamento alimentar, que podem desencadear
maior ingestão energética e o desenvolvimento de compulsões
alimentares.

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Como amenizar a tpm com
estratégias nutricionais
A síndrome pré-menstrual (SPM) ou também conhecida como
tensão pré-menstrual (TPM) é um distúrbio muito comum que
afeta muitas mulheres. Grande parte delas passa por alguma
dessas alterações durante o ciclo menstrual, mas somente quando
estas mudanças se tornam muito desconfortáveis, de forma que
atinja o seu estilo de vida, pode se dizer que elas possuem TPM. A
fase em que a TPM é mais presente é durante a fase lútea do ciclo
menstrual.

A TPM pode promover nas mulheres diversas reações e dentre as


mais comuns estão: constipação e ou diarreia, cólicas, alterações no
humor (irritabilidade, choro, depressão, hipersensibilidade
emocional), retenção de líquidos, fadiga, insônia, suor nas
extremidades, desmaio, dor de cabeça, tontura, mudanças no
apetite e no comportamento alimentar, dificuldade de
concentração, dor no período de ovulação e acne.

Diversos fatores dietéticos podem contribuir para o


desenvolvimento ou severidade dos sintomas da TPM, sendo assim
é recomendável reduzir a ingestão de cafeína, álcool, açúcar, sal,
carne vermelha e outros alimentos muito gordurosos. Mas vale
ressaltar que uma dieta com mais carboidratos complexos, pobre
em açúcar e gordura durante a fase pré-menstrual pode melhorar
os sintomas da depressão provocada pela TPM e aumentar a
tranquilidade, provavelmente devido ao aumento dos níveis do
neurotransmissor serotonina. Ainda, é aconselhável aumentar a
ingestão de líquidos.

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Sintomas da deficiência de magnésio atinge frequentemente as
mulheres com TPM, provocando espasmos musculares, mudanças
de apetite e personalidade, náuseas e apatia. O estresse diário pode
promove a excreção de magnésio e quando em deficiência
também reduz os níveis de dopamina no cérebro, podendo levar ao
agravamento dos sintomas da TPM, logo, a atenção para ingestão
de alimentos fonte de magnésio se faz importante.

As fibras alimentares ajudam a remover o excesso de estrogênio


sanguíneo e pode aliviar alguns sintomas da TPM, pois quando o
estrogênio se encontra em elevada concentração, ele pode
contribuir de forma significativa para os sintomas da TPM.

Outra condição que pode ocorrer nessa fase é o aumento da


sensibilidade visceral, ou seja, pode ter mais desconforto intestinal,
mais cólica, isso porque a alteração hormonal vai deixar mais
sensível a dor, mulheres que tem síndrome do intestino irritável
pode piorar os sintomas na fase pré-menstrual.

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O organismo no período pré-
menopausa e pós menopausa
estratégias nutricionais para cada fase

A pré-menopausa é caracterizada pelo intervalo que transcende o


período de reprodução para o período não reprodutivo, iniciando
em torno de 10 meses antes da fase da menopausa propriamente
estabelecida em mulheres com idade por volta de 45 anos. A pré-
menopausa acontece por conta da redução principalmente da
progesterona, além de uma menor resposta dos folículos a esses
hormônios. Com isso, promovendo inúmeras alterações corporais e
desencadeando vários sintomas semelhantes aos da menopausa,
ainda com ciclos menstruais que se alteram em curtos e longos.

Em relação a alimentação na fase da pré-menopausa, é


recomendável a inclusão de sementes de linhaça, maior ingestão
de cálcio, elevar o consumo de água, reduzir o consumo de
açucares, alimentos muito gordurosos, bebidas ricas em cafeína,
fermentadas e alcoólicas. Todas essas orientações seguidas em
conjunto são de suma importância para evitar os sintomas
provocados por essa fase.

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A Pós-menopausa ocorre no período entre a última menstruação
até ao final da vida, tendo seu início por volta de 52 anos de idade.
Nessa fase os ovários se tornam inativos e ocorre pouca ou
nenhuma liberação do hormônio estrogênio, coincidindo com a
diminuição da absorção de cálcio pelo intestino, por conta da
baixa produção de calcitonina (hormônio que inibe a
desmineralização óssea). Com isso, podendo desencadear os
sintomas provocados pela menopausa, devido a interrupção
definitiva do ciclo menstrual e distúrbios como a osteoporose.
Ainda, esse período pode promover alterações emocionais,
físicas e hormonais capazes de modificar a temperatura corporal,
apetite e humor.

No entanto, algumas mulheres podem entrar nesse período


antes da idade prevista, resultando em risco elevado para os
distúrbios provocados pela redução dos hormônios estrogênicos,
e nessas situações, se faz necessária a reposição hormonal de
forma terapêutica. Mas vale ressaltar que esses sintomas podem
ser prevenidos através de uma alimentação adequada associada
com a pratica de atividade física.

Dentre as estratégias nutricionais para evitar os prejuízos


provocados pelo período de pós menopausa estão: redução da
ingestão de gorduras e bebidas ricas em cafeína e maior ingestão
de alimentos fonte de cálcio.

Além disso, a utilização de terapias baseadas em plantas, com


fitoterápicos foram associadas a redução e menor frequência dos
sintomas da menopausa nas mulheres, através por exemplo da
suplementação de fitoestrogênio, intervenções nutricionais com
alimentos fonte de fitoestrogênio, dietas plant based e
suplementos de isoflavonas, resultando na melhora de sintomas
como: calor excessivo, secura vaginal, entre outros.

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Alguns fitoterápicos podem ajudar nos sintomas da menopausa
como por exemplo a salvia officinalis, folha da amora podendo
fazer um chá dessas plantas e vitex agnus castus, angelica
sinensis utilizados como extrato seco vão ajudar no estímulo
hormonal, o vitex por exemplo ajuda nos níveis de progesterona.

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Impacto do uso de
contraceptivos orais no
metabolismo
Os contraceptivos orais são comumente utilizados sem prescrição
médica para evitar uma possível gravidez indesejada, devido
principalmente ao seu baixo custo e fácil aquisição, sendo o meio
contraceptivo mais utilizado pelas mulheres brasileiras.

As pílulas de anticoncepcionais possuem em sua composição


hormônios estrogênicos e progesterona geralmente de forma
combinada, sendo chamados de anticoncepcional hormonal
combinado oral (AHCO) e atuam evitando que o processo de
ovulação aconteça, logo, não sendo possível a fecundação do óvulo
para o desenvolvimento embrionário. No entanto, esse uso sem
uma recomendação necessária pode acarretar diversos prejuízos e
efeitos colaterais ao metabolismo das mulheres.

Dentre as inúmeras alterações metabólicas que podem ser


ocasionadas através do uso de contraceptivos orais, é possível
incluir as doenças cardiovasculares, acne, redução de libido,
alterações de humor e tromboembolismo venoso. Ainda, a
composição corporal pode ser modificada devido ao aumento de
peso corporal e as alterações provocadas sobre as vias metabólicas
de lipídeos e proteínas.

Em relação a via de produção de proteínas, esta tem sua atividade


reduzida por conta de uma inibição na síntese de hormônios
androgênicos. Por outro lado, no que diz respeito aos lipídeos,
ocorre maior produção de LDL-colesterol, resultando na elevação
do colesterol total e possíveis distúrbios cardiovasculares.

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Estudos apontam que mulheres adeptas de contraceptivos orais
também demonstram níveis mais elevados de PCR-us (proteína C
reativa) em comparação com aquelas que não fazem uso. Essa
proteína se encontra aumentada especialmente em situações
metabólicas de processo inflamatório ou infeccioso. Além disso,
também podem ocorrer alterações relacionadas a hemostasia
(fluidez sanguínea), insulina, zinco e pressão arterial.

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Fertilidade feminina e nutrição

Quando o assunto é fertilidade, o estilo de vida e o estado


nutricional dos homens e mulheres se tornam pontos cruciais para
que o processo de reprodução ocorra de forma adequada.

A somatória de hábitos de vida não saudáveis como por exemplo o


tabagismo, consumo elevado de álcool, sedentarismo e a ingestão
alimentar inadequada, podem desencadear sérios prejuízos para a
fertilidade de ambos os sexos. Ainda, de acordo com estudos
científicos as mulheres com índice de massa corporal (IMC) menor
do que 17kg/m2 ou maior que 25kg/m2 também demonstram
maiores taxas de infertilidade. Visto que, o controle do peso
corporal é capaz de promover melhoras na ovulação elevando as
chances de fertilização.

Como uma forma de auxílio para facilitar o processo de fertilização,


é recomendável que exista uma adequação da ingestão calórica
total, estando de acordo com as necessidades nutricionais da
mulher. Pois uma dieta desbalanceada e pobre em nutrientes e
antioxidantes já se mostra fortemente significativa para os
resultados negativos da fertilidade.

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Inúmeros estudos apontam que a dieta mediterrânea é uma forte
aliada nos processos de fertilização, além de ser também
recomendada para promoção da saúde da população em geral.
Indivíduos adeptos da dieta mediterrânea demonstram baixa
ocorrência de síndrome metabólica, alterações de pressão arterial,
dislipidemias e diabetes.

Além disso, esse padrão alimentar aumenta a oferta de nutrientes


importantes para o sistema reprodutor, em especial as vitaminas
do complexo B e os antioxidantes. Mas também possui riqueza em
alimentos naturais, azeite de oliva extra virgem, produtos lácteos,
ovos, peixes e pouca quantidade de carne vermelha.

No entanto, é importante ressaltar que o sucesso do processo de


fertilidade depende muito dos dois indivíduos envolvidos, logo,
todas as orientações e condutas devem ser aplicadas para ambos.

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Suplementos complementares a
nutrição para fertilidade
feminina
A alimentação adequada junto à ingestão de vitaminas e minerais
em quantidades ideias são fundamentais para a vida de qualquer
pessoa, e se tornam ainda mais importantes quando o assunto é
fertilidade. No entanto, algumas mulheres necessitam do auxílio
dos suplementos complementares para elevar as chances de
fecundação.

A Coenzima Q10 tem se mostrado uma suplementação significativa


para quem deseja engravidar, devido ao seu potencial de ação em
praticamente todas as células humanas e essa substância, atua
promovendo melhora da capacidade da célula em produzir energia
(ATP). Os óvulos das mulheres mais velhas ou com dificuldade de
fecundação, demonstram menor funcionalidade e baixa produção
de energia, ou seja, a utilização de coenzima Q10 se faz vantajosa
podendo promover melhora na síntese energética do óvulo, maior
funcionalidade e maturação ovariana. Ainda, estudos apontam que
essa substância também é eficaz para prevenção de pré-eclâmpsia.

As vitaminas são micronutrientes que podem ser encontrados


facilmente na forma de suplementação e cada uma delas
desempenha papel fundamental para fertilidade feminina e
masculina. Nesse contexto, as vitaminas do complexo B tem se
mostrado grandes aliadas para esse processo. Como exemplo, a
vitamina B6 promove atuação na regulação do hormônio
progesterona e a B9 ou também conhecida como ácido fólico
melhora o aspecto dos óvulos.

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Outra suplementação bastante comentada em relação a fertilidade,
é a de vitamina D (25-OH vitamina D) pois ela influencia os epitélios
vaginais, células que compõe o útero (endometriais), glândulas
pituitárias e os ovários. Além disso, níveis baixos de vitamina D
estão relacionados a maior chance de infertilidade e não ovulação
crônica em mulheres.

Além disso, diversos outros nutrientes e complementos como: ferro,


zinco, selênio, vitaminas B12, A, C e E, potássio, ômega 3 e licopeno
demostram inúmeros efeitos positivos para melhorar a fertilidade
elevando a chance de fecundação.

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Síndrome do ovário policístico
e nutrição
A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma doença endócrina
que promove a anovulação crônica e o hiperandrogenismo
(aumento dos andrógenos no sangue) resultando em uma não
ovulação e dificuldade para engravidar. Uma das suas principais
características está na irregularidade do ciclo menstrual, além de
provocar alopecia (perda de cabelos e pelos), acne, seborreia e
hirsutismo (aumento de pelos).

A SOP também está bastante associada com alterações de


disfunção metabólica, glicemia elevada, doenças cardiovasculares,
alterações lipídicas, obesidade, hipertensão arterial e maior risco
para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2.

Para o tratamento da SOP é fundamental a participação do


nutricionista, visto que a alimentação auxilia na regulação e
minimização dos efeitos deletérios provocados por essa síndrome.
Pois de acordo com estudos científicos a dieta composta por
ingestão frequente de alimentos ricos em gorduras e pouco
consumo de fibras, demostrou ser um fator essencial para elevar as
chances da doença ou piorar a sua regulação em quem já possui.

Já é sabido que a glicemia elevada juntamente a alterações de


sensibilidade a insulina são fatores cruciais para as pioras do quadro
de SOP. Desse modo, uma alimentação que favoreça a redução da
glicemia se faz muito relevante, contendo principalmente
alimentos vegetais como folhas e verduras, alimentos integrais e
baixo consumo de carboidratos simples e açúcares.

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Em mulheres com SOP os marcadores inflamatórios também se
encontram frequentemente elevados, desta forma, o consumo de
alimentos contendo gorduras insaturadas pode ser benéfico para a
melhora da inflamação provocada no organismo. Dentre os
alimentos que podem ser consumos, estão incluídos as sementes
oleaginosas e o azeite extra virgem. Ainda, a ingestão de alimentos
antioxidantes pode ser significativa para reduzir os danos causados
pelo processo inflamatório.

Dentre outros aspectos nutricionais que podem beneficiar a


regulação da SOP, é possível incluir o fracionamento da dieta em
cerca de 5 a 6 refeições por dia e a suplementação dos nutrientes
zinco, cromo, vitamina E, magnésio e ômega 3 pensando em
melhoria da sensibilidade a insulina. Mas vale ressaltar, que a
suplementação deve ser indicada por nutricionista e somente se for
necessário.

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Síndrome do intestino irritável
e saúde da mulher
A síndrome do intestino irritável (SII) se trata de um transtorno do
tratogastrointestinal, que possui como uma de suas principais
características o desconforto ou a dor abdominal recorrente. No
entanto, também pode promover sintomas de distensão
abdominal, constipação, gases, diarreia, náuseas e vômitos.

Essa síndrome atinge cerca de 15% da população mundial, porém, o


público mais cometido por ela são as mulheres. Além disso, ela
pode ser classificada como um distúrbio funcional, visto que,
dificulta a realização das atividades fisiológicas normais do
organismo como por exemplo o peristaltismo intestinal
(movimento do intestino) e também atividades comuns do dia a
dia como a pratica de atividade física.

Ainda não existe uma única causa específica para o surgimento da


síndrome do intestino irritável em mulheres, pois essa síndrome se
desenvolve a partir de vários estímulos diferentes de pessoa para
pessoa. Dos quais é possível citar, o consumo de refeições
hipercalóricas e hiperlipídicas, a ingestão de laticínios, café, feijão,
chocolate e alguns tipos de vegetais e frutas, comer de forma
rápida, hipersensibilidade visceral e microbiota intestinal alterada.

Além disso, os fatores emocionais como por exemplo a ansiedade,


estresse e o medo também vem sendo significativos para ocasionar
os sintomas da SII, e isso se deve a forte relação que existe entre o
eixo intestino-cérebro.

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Nesse contexto, as alterações de humor ocasionadas nas mulheres
durante o período de TPM (tensão pré-mestrual) são consideradas
como um forte gatilho para o aumento da intensidade dos
sintomas de SII. E as mudanças nos níveis hormonais nessa fase,
também alteram de forma significativa a função intestinal normal e
pode gerar uma hipersensibilidade.

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Inflexibilidade metabólica e
síndrome do ovário policístico
A síndrome do ovário policístico (SOP) que é considerada um
distúrbio endócrino em mulheres que estão em idade reprodutiva,
possui forte associação com alterações de resistência à insulina e
hiperinsulinemia, sendo estas muito prejudiciais para o
metabolismo das mulheres, levando-as ao desenvolvimento de
distúrbios metabólicos e disfunção reprodutiva.

Dentre os principais prejuízos que são acarretados no organismo


devido as alterações de sensibilidade á insulina, é possível citar a
inflexibilidade metabólica, que está baseada na incapacidade do
metabolismo em realizar a alteração do tipo de substrato utilizado,
frente a um estímulo fisiológico. Como por exemplo, tornar o
organismo incapaz ou pouco responsivo para alterar da utilização
de ácidos graxos para produção de energia em momentos que o
indivíduo se encontra em jejum, para a utilização de glicose quando
se faz presente a ação da insulina.

Estudos apontam que o estado de inflexibilidade metabólica que


acontece em mulheres com SOP, é muito semelhante ás mulheres
que possuem diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Além disso, as
mulheres com essa alteração demonstraram conter maior
quantidade de gordura visceral e hiperandrogenemia (elevada
quantiadade de andrógenos).

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Outro ponto importante a ser considerado na inflexibilidade
metabólica, está relacionado ao acúmulo de lipídeos que ocorre em
alguns locais do corpo como por exemplo em músculos, fígado,
coração e vasos sanguíneos, visto que, a troca de substratos não
está ocorrendo como deveria, podendo promover possíveis
doenças cardiovasculares e hepáticas.

Ainda, de acordo com a literatura mulheres com SOP,


inflexibilidade metabólica e estado nutricional de obesidade,
possuem maior taxa de oxidação de gordura em períodos de jejum
e menor oxidação quando alimentadas, favorecendo ainda mais o
aumento da adiposidade corporal e a piora do estado de obesidade.
Devido a isso, o controle do peso se torna um ponto importante
para melhorar o quadro de SOP.

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Microbiota e síndrome do
ovário policístico
A síndrome do ovário policístico envolve diversas modificações
hormonais e metabólicas no corpo das mulheres, mas além disso
ela também é capaz de desencadear alterações na microbiota
intestinal feminina, resultando em prejuízos nas funções fisiológicas
do metabolismo da glicose e promoção da inflamação sistêmica.

Nesse contexto, a disbiose intestinal é caracterizada como um


desequilíbrio que ocorre entre a relação de bactérias ditas como
“boas” e “ruins” da microbiota intestinal, e a SOP está fortemente
atrelada com o aumento da quantidade de bactérias maléficas e
menor riqueza de diversidade bacteriana, sendo este um fator
importante para ser considerado em uma microbiota saudável.

O hábito alimentar quando repleto de alimentos industrializados e


ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras e sódio, com pouca
quantidade de fibras, vitaminas e minerais associados com a falta
de atividade física, são fatores suficientes para promover uma
disbiose intestinal. Ainda, vale ressaltar que a elevada quantidade
de açúcares e gorduras da dieta servem como alimento para as
bactérias patogênicas residentes na microbiota intestinal,
favorecendo ainda mais o quadro de disbiose na SOP.

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Devido a isso, a permeabilidade intestinal será aumentada
beneficiando a ação de bactérias gram-negativas, que
desencadearão um estado de resistência à insulina por atuação do
sistema imunológico. Com isso, esse aumento da insulina na
circulação sanguínea irá estimular a síntese de hormônios
androgênicos, levando as mulheres a hiperandrogenemia que é
uma das caracteristicas de quem possui SOP.

De acordo com evidências científicas, a mudança do estilo de vida e


uma alimentação adequada são excelentes para evitar o
desenvolvimento da SOP e amenizar seus sintomas em quem já
possui.

Além disso, a ingestão de probióticos tem sido muito positiva para


o combate a disbiose intestinal e melhoria da SOP. Os Lactobacilos
por exemplo, desempenham muitas funções benéficas para a
microbiota intestinal e também podem atenuar a inflamação
provocada pelas bactérias gram-negativas, auxiliar na manutenção
da sensibilidade à insulina e promover proteção para a barreira
epitelial do intestino. Com isso, é possível compreender que a
mudança de hábitos alimentares pode contribuir de forma
significativa para redução dos sintomas de SOP.

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Baixa disponibilidade de
energia e tríade da mulher
atleta
Ao montar um plano alimentar para mulheres atletas ou
praticantes de atividade física, o primeiro ponto a ser considerado é
a necessidade energética delas, visto que, este é um ponto de
extrema importância para o desempenho esportivo. Com isso, o
aporte calórico deve suprir as demandas do exercício físico não
somente para melhorar as adaptações ao treinamento, mas para
evitar ou prevenir algumas doenças e possíveis lesões que podem
ocorrer.

A avaliação da disponibilidade de energia (DE) em atletas mulheres,


tem ganhado maior importância nos últimos anos devido ao
surgimento da tríade da mulher atleta (TMA). Essa tríade se refere a
deficiência energética, que pode desencadear sintomas de
amenorreia (ausência de menstruação) e distúrbios no
metabolismo ósseo das mulheres, além de alterações
cardiovasculares, imunológicas, gastrointestinais, endócrinas,
dificuldade de recuperação muscular e maior chance de lesões.

As alterações relacionadas a baixa DE afetam a vida das atletas de


forma ampla, resultando até mesmo em problemas psicológicos e
alimentares, como por exemplo insegurança social, começo de
depressão, dificuldade no controle do estresse e transtornos
alimentares. Além disso, a pressão provocada por resultados e as
exigências sobre o estado físico também são fortes gatilhos para
desencadear esses distúrbios alimentares.

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De acordo com evidências científicas, se o atleta ficar cinco dias em
baixa DE já é possível que ocorram modificações negativas na
mineralização óssea. Em mulheres especialmente, essa redução
está muito associada com a deficiência de estrogênio provocada
pela amenorreia.

Ainda, o estado de baixa DE desencadeia mecanismos de


compensação que promovem alterações hormonais dos hormônios
luteinizante (LH), triiodotironina (T3), leptina, grelina e testosterona.
Para mais, os efeitos maléficos para a saúde em decorrência da
baixa disponibilidade energética, podem se estender também para
atletas recreacionais ou desportistas, visto que, possuem menor
acompanhamento nutricional e físico quando comparados aos
atletas de elite.

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Referências
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