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FRÖEHLICH PE ET AL.

Artigo de Revisão

TALIDOMID
ALIDOMIDAA – NOV AS PERSPECTIV
NOVAS AS PARA UTILIZAÇÃO COMO
PERSPECTIVAS
ANTIINFLAMATÓRIO, IMUNOSSUPRESSOR E ANTIANGIOGÊNICO
ANTIINFLAMATÓRIO
L ARISSA DE GODOY B ORGES; PEDRO EDUARDO FRÖEHLICH*
Trabalho realizado na Faculdade de Farmacia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS

RESUMO – Esta revisão tem como objetivo apresentar os novos trabalho também mostra que apesar dos benefícios, a
usos da talidomida. O interesse por este fármaco é devido às talidomida exige um controle muito rigoroso no que diz respeito
suas propriedades antiinflamatórias, immunossupressoras, an- à sua utilização e sua dispensação, devido às suas propriedades
tiangiogênicas e até mesmo antivirais. Embora o seu mecanismo teratogênicas. Contudo, a talidomida constitui-se numa impor-
de ação seja desconhecido, resultados demonstram com sucesso tante alternativa farmacêutica, sendo que o seu verdadeiro
o emprego deste fármaco no eritema nodoso leproso, mieloma potencial ainda está sendo investigado.
múltiplo, doença enxerto-versus-hospedeiro e também como
inibidor do vírus HIV e tratamento dos sintomas da Aids. O UNITERMOS: Talidomida. Eritema nodoso leproso. Mieloma múltiplo.

INTRODUÇÃO Assim, após três anos de comercialização e tratamento de pacientes com Aids. Estu-
após intensa pressão da imprensa, a talidomida dos mostram o benefício da talidomida no
A talidomida foi sintetizada primeira-
foi retirada do mercado, em 1961, deixando tratamento da úlcera aftosa 10, caquexia 11 e
mente como sedativo, em 1953, e causou
para trás o trágico saldo de 8.000 crianças com no tratamento do sarcoma de Kaposi 12,56 ,
um dos mais dramáticos episódios da his-
malformação congênita em 46 países, inclusive todos associados à Aids. Estudos também
tória da medicina. Foi excepcionalmente
no Brasil. Nos Estados Unidos o medicamento demonstram a capacidade da talidomida
efetiva, entre outras condições, no trata-
nunca foi liberado, pois o FDA achou que em inibir a replicação do in vitro 13 .
mento de enjôos matinais provocados pela
deveria aprofundar a experimentação devido a A talidomida também tem despertado in-
gravidez 1. Em 1960, foi sugerido que a
ocorrências de neurite periférica e alterações teresse por suas propriedades antiangio-
talidomida estava associada com neu-
tireoidianas3. gênicas. Relatos incluem o seu uso, com suces-
ropatias e, mais tarde, em ser a responsá-
Dessa maneira, a catástrofe da talido- so, em pacientes com câncer de próstata56,57 e,
vel por causar malformações em crianças
mida foi um enorme alerta para todos os além disso, é considerada por muitos pesqui-
recém-nascidas 2.
governos. A partir de então, os países con- sadores como o fármaco com maior atividade
O desastre da talidomida teve início quan-
cluíram que os medicamentos deveriam ser antimieloma dos últimos 30 anos14.
do a empresa alemã Grünenthal lançou no
adequadamente estudados antes de serem O uso da talidomida também tem se
mercado este novo sonífero, comercializado
introduzidos no mercado 3. destacado em várias condições derma-
com o nome de Contergan3.
Hoje, quase 40 anos depois, a talidomida tológicas58 e por este motivo é o fármaco de
No entanto, em 1958, esta empresa come-
ressurge como um fármaco com boa ativida- escolha para o tratamento do eritema
çou a receber notificações de neuropatia perifé-
de imunomoduladora e antiinflamatória, com nodoso leproso (ENL), uma séria condição
rica, traduzida por intensas cãibras, fraqueza
potencial para o tratamento de uma varieda- inflamatória em pacientes com Hanseníase.
muscular e perda de coordenação motora
de de condições, incluindo Aids, algumas O FDA aprova a sua venda para o ENL e ao
pelas pessoas que a tinham utilizado. Interes-
neoplasias2 e como imunossupressora no tra- mesmo tempo impõe restrições para a sua
sante notar que à época, na Alemanha, não foi
tamento de pacientes submetidos a trans- distribuição. Devido ao seu conhecido po-
claramente percebida a correlação entre o seu
plante renal e de medula. Sua eficácia clínica tencial em causar malformações em crian-
uso e o surgimento de focomelia nos filhos de
na doença crônica enxerto-versus-hospedei- ças, seu uso tem um controle muito rigoro-
mulheres que a tinham usado na gravidez3.
ro também foi estudada2,53. Há relatos tam- so nos Estados Unidos 15.
bém de seu uso, com algum sucesso, no O objetivo desta revisão de literatura é
tratamento da artrite reumatóide5,,6, tuber- obter informações sobre o ressurgimento
*Correspondência: culose crônica7, doença de Behcet 8,54 e doen- da talidomida, seus efeitos terapêuticos
Fac. de Farmácia – UFRGS
Av. Ipiranga, 2752/703 – 90 610-000
ça de Crohn9, 55. em uma variedade de condições e os cui-
Porto Alegre – RS – Fone/Fax: (51) 3316 5313 Muito do recente interesse no uso clí- dados que hoje estão sendo tomados para
E-mail: pedroef@farmacia.ufrgs.br nico da talidomida provém de seu uso no a sua utilização.

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NOVOS USOS DA TALIDOMIDA

Além de causar a focomelia, outras sérias


Figura 1 – Estrutura química da talidomida malformações ou mesmo a morte fetal, outras
reações adversas, incluindo sonolência, neu-
ropatia periférica, hipotensão ortostática e
O neutropenia são conseqüências associadas ao
seu uso24.
A influência da talidomida na
N O manifestação do eritema nodoso
N leproso (ENL)
O H A aprovação da talidomida com indicação
O para o ENL foi recomendada por uma divisão
Ftalimida Glutarimida do FDA em setembro de 199724. Tudo come-
çou quando, em 1963, Sheskin25 utilizou-a
como sedativo em pacientes com ENL e para
a sua surpresa os sinais clínicos e os sintomas
do ENL haviam sido atenuados após 48h do
Propriedades físico-químicas / O exato mecanismo de ação da uso da talidomida. Após esta descoberta, foi
Mecanismo de ação talidomida ainda não é conhecido, mas as confirmado que a talidomida havia sido efetiva
A talidomida (N-alfa-ftalimido-glutari- hipóteses incluem uma diminuição dos níveis no tratamento de pacientes com ENL nos
mida) (Fig. 1) é um derivado sintético do do fator de necrose tumoral (TNF), a inibição Estados Unidos, no U.S. Public Health Service
ácido glutâmico 2. A metodologia sintética da interleucina 12 e produção e co- (USPHS) Hospital, em Carville, Louisiana. O
empregada na sua obtenção explorou, estimulação de linfócitos CD818. Segundo estudo foi feito com 102 pacientes e cerca de
numa primeira etapa, a condensação do Eriksson et al.16, não há diferenças significati- 70% a 80% destes pacientes responderam ao
ácido glutâmico com o anidrido ftálico, se- vas entre os isômeros isolados e a mistura tratamento com a talidomida, obtendo uma
guida da etapa chave da estratégia sintética, racêmica em suprimir o TNF alfa. melhora nas lesões da pele24.
que consistiu na condensação do intermedi- Relatos sugerem também que a talidomida A hanseníase ou lepra é uma infecção,
ário ftalimídico com amônia em temperatu- tem um papel na regulação dos linfócitos auxi- causada pelo Mycobacterium leprae, que aco-
ra elevada 59. De acordo com Eriksson et liares (Th2). Esta aumentaria a produção de mete predominantemente a pele e os nervos
al. 16, o átomo de carbono 3' na estrutura da Th2, das citocinas IL4 e IL5 e inibiria a produ- periféricos e está dividida em três tipos:
glutarimida é assimétrico e, por isso, pode ção dos linfócitos inflamatórios (Th1) e da tuberculóide, intermediária (boderline) e
existir nas formas opticamente ativas D(+) citocina IFN gama em células periféricas de lepromatosa26. Num dos extremos está a
ou L(-). A mistura racêmica é a forma co- sangue, estimuladas por antígenos e mitó- tuberculóide, que é encontrada em pacientes
mercialmente utilizada e pode haver dife- genos2. O mecanismo de ação da talidomida no com um grande número de células imunes
rença na terapêutica ou nos efeitos adversos mieloma também não é conhecido. Estudos de mediadoras contra o bacilo, onde este é
entre as formas D(+) e L(-). Do ponto de laboratório, feitos com córnea de coelhos, raramente encontrado nas lesões. No outro
vista prático, tentar separar os vários efeitos mostram que a talidomida tem propriedades extremo está a lepromatosa, que tem um
farmacológicos da talidomida usando um antiangiogênicas, provavelmente por bloquear baixo número de células imunes mediadoras
enantiômero puro torna-se sem sentido, a ação de potentes fatores angiogênicos como contra o bacilo e este cresce profundamente
pois as formas (+) e (-), quando administra- o fator de crescimento fibroblástico (bFGF) e o na pele e nos nervos periféricos27. A forma
das separadamente, sofrem rápida inter- fator de crescimento endotelial vascular intermediária apresenta características co-
conversão in vivo e in vitro. A velocidade da (VEFG)20. De acordo com Rowland et al.21, a muns as outras duas26.
interconversão entre as duas formas é de determinação de seu mecanismo de ação in De acordo com Sanchez et al.27, a doença
0,12 e 0,17 h -1 para os enantiômeros S e R, vitro é complicada, devido a sua baixa solubili- também é caracterizada por dois estados
respectivamente. Assim, cerca de 8h após a dade e alta velocidade de hidrólise em sol- reacionais: reação reversa e eritema nodoso
aplicação do enantiômero puro, as duas for- ventes aquosos. Para alcançar concentrações leproso (ENL). A reação do tipo II ou eritema
mas estão presentes no sangue em concen- in vivo com sucesso é necessário dissolver o nodoso leproso ocorre em pacientes lepro-
trações similares 17. fármaco em um solvente orgânico, como o matosos multibacilares e inclui também a for-
Sofre rápida degradação em pH fisiológico dimetil sulfóxido (DMSO). ma intermediária28. Clinicamente, o ENL é
e em soluções alcalinas18. Métodos alternati- De acordo com Shannon et al.22 e Haslet caracterizado pelo aparecimento de nódulos
vos para a sua análise descrevem o uso da et al.23, a talidomida tem uma baixa absorção dérmicos ou subcutâneos eritematosos, quen-
acidificação das amostras de soro que serão após a administração oral. O tempo de meia- tes, móveis, por vezes dolorosos. Ocorrem
utilizadas para estabilizar a talidomida durante vida é em torno de 6h e é degradada por lesões eritematosas com formações de vesí-
o processo de estocagem19. hidrólise enzimática. culas, bolhas, evoluindo muitas vezes para ul-

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cerações. Manifestações sistêmicas como fe- De acordo com White36, o mieloma múl- para o tratamento de pacientes com MM
bre, adenomegalia, perda de peso, artralgia, tiplo é uma proliferação maligna descontrolada recidivo. Munshi et al.40 sugerem que a tali-
mialgia, dor e sensibilidade dos nervos podem de plasmócitos. Caracteriza-se pela presença, domida possa ser mais efetiva combinada com
ocorrer29. no soro, de uma imunoglobulina monoclonal, quimioterapia. Entretanto, devido à toxici-
Diversos estudos já demonstraram níveis anemia e lesões osteolíticas. Esta proteína dade, Rajkumar et al.20 não recomendam o uso
elevados de TNF alfa e IL1, principalmente o também é chamada de paraproteína, proteína da talidomida combinada com dexametasona
TNF alfa, no curso da hanseníase30, 31, 32,60. De M (fator) ou proteína do mieloma. De todos os ou outro agente quimioterápico, exceto em
acordo com Sarno et al.31, o nível de TNF alfa pacientes com mieloma, cerca de 50% apre- algum ensaio clínico.
é elevado no soro de pacientes com ENL. O sentam a paraproteína IgG e 25% a IgA37.
Atividade anti-HIV da talidomida e
TNF alfa, assim como a IL1, são citocinas Estudos sobre o uso da talidomida em
seus efeitos nos sintomas da Aids
inflamatórias com ação sinérgica sobre o pacientes com MM recidivo e avançado mos-
endotélio capilar, levando a um aumento na tram que pacientes tratados inicialmente com O ciclo da replicação do vírus da
permeabilidade durante a reação inflamatória doses de 200 mg/d de talidomida, até um imunodeficiência humana (HIV), agente cau-
in vivo e ensaios in vitro. A talidomida é o máximo 800 mg/d, de acordo com a tolerância sador da Aids, oferece muitos alvos tera-
fármaco de escolha com efeito terapêutico de cada paciente e o decorrer do tratamento, pêuticos. De acordo com as diferentes fases
excelente nas reações tipo II, porém com apresentam um declínio nos níveis da parapro- do ciclo, muitas estratégias são usadas para
indicação limitada em mulheres em idade fértil teína, evidenciando assim uma resposta descobrir novos agentes quimioterápicos
devido à elevada teratogenicidade29. Reduz a dos pacientes ao tratamento38,39,20. Segundo contra a Aids41. É provável que a talidomida
produção de TNF alfa30 através do bloqueio do Kneller et al.39, o tratamento foi bem tolerado. possa exercer uma atividade anti-HIV através
RNA mensageiro que comanda a produção Alguns pacientes, devido aos efeitos adversos, da interferência na produção do fator de
desta citocina, o que poderia explicar o seu tiveram que reduzir a dose, mas mesmo assim necrose tumoral 5. O TNF alfa induz direta-
efeito no ENL33. a resposta ao tratamento foi mantida. mente a expressão do HIV da célula infectada
O efeito da talidomida em reduzir os níveis De acordo com Rajkumar et al.20, os efei- pela estimulação do fator nuclear kappa-B,
séricos de TNF alfa ocasiona a melhora das tos adversos incluem a constipação, sedação que é um fator celular de transcrição essenci-
manifestações locais e sistêmicas do ENL, ini- excessiva, fadiga e erupção cutânea. A ocor- al para a expressão do HIV42.
bindo a migração de células inflamatórias em rência de hipotireoidismo também se faz mui- Estudos feitos por Makonkawkeyoon et
direção às lesões28. to freqüente em pacientes com MM tratados al.13 sugerem que o efeito estimulatório do
com talidomida62. A neuropatia periférica TNF alfa na replicação do VIH1 é bloqueado in
A talidomida no tratamento do vitro pela talidomida em linhagem de células
pode ocorrer com um tratamento de seis
mieloma múltiplo recidivo U1 e em células mononucleares de sangue
meses ou mais, caracterizando-se por intensas
Atualmente, a terapia disponível para o dores nas pernas e nos pés, redução dos refle- periférico de pacientes com infecção avançada
tratamento do mieloma múltiplo (MM) pode xos e ocorrência de cãibras58. de HIV e Aids. Em estudos in vivo, Klausner
ocasionar uma temporária regressão da doen- Um caso ilustrativo, num estudo feito por et al.7 observaram que a talidomida inibe a
ça, mas o que se tem observado é que esta tem Rajkumar et al.20, inclui uma mulher de 69 produção de TNF alfa, mas resultados contra-
tido um curso fatal34. De acordo com Barlogie anos, submetida a um regime de quimioterapia ditórios foram encontrados por Jacobson et
et al.35 e Grosbois et al.61, poucos fármacos têm e radioterapia, aplicada ao MM. Ela estava num al.43 em estudos em que os níveis de TNF alfa
se mostrado eficazes para o tratamento do MM. estágio avançado da doença, apresentando não foram afetados ou mesmo aumentaram
Esteróides e agentes alquilantes, principal- sangramento nas gengivas e equimose extensi- após o uso da talidomida. Baseado nestes re-
mente o melfalano e a ciclofosfamida, parecem va. A concentração de hemoglobina era de 9,9 sultados, torna-se necessário a realização de
ter um efeito anticancerígeno significativo. g/dl e a contagem dos seus leucócitos era de estudos mais aprofundados sobre o fármaco,
A talidomida parece ser o primeiro fár- 14,8x109/ l. Ela apresentava trombocitopenia sendo que o seu verdadeiro potencial ainda
maco a demonstrar uma importante atividade com contagem de 3x109/ l. Um exame da sua está sendo investigado44.
clínica no MM recidivo nos últimos 20 anos e, medula revelou que mais de 90% estava en- Segundo Moreira et al.33, estruturas análo-
por isso, pode ser considerada como um tra- volvida por mieloma e o nível da proteína M no gas à talidomida têm demonstrado uma ativi-
tamento alternativo para os pacientes tratados soro era de 66g/l (IgAk). Após dois meses de dade antiviral maior que esta, quando utilizada
com terapia convencional ou àqueles submeti- tratamento com talidomida, observou-se uma sozinha. Recentemente, a atividade anti-HIV
dos a transplantes20. O benefício da talidomida significativa melhora dos sintomas e dos resul- da ftalimida, molécula presente na talidomida,
para pacientes com MM pode ser devido à sua tados dos testes de laboratório. A concentra- foi confirmada13. Estudos realizados por Der-
habilidade em inibir o crescimento de novos ção de sua hemoglobina aumentou para 12,2 poorten et al.41 demonstram que derivados de
vasos sanguíneos (angiogênese), fenômeno g/dl, a contagem dos linfócitos foi de 3,6x109/ N-1-fenilftalimida, N-adamantilbenzamida e
observado em muitos tumores. O crescimen- l. O nível da proteína M no soro diminuiu para N-1-adamantilftalimida apresentam atividade
to destes novos vasos sanguíneos aumenta o menos de 10 g/l. antiviral.
suprimento de sangue para o tumor, alimen- Baseado nestas evidências, a talidomida O papel da talidomida no tratamento
tando assim as suas células15. pode ser considerada como uma alternativa de muitas patologias associadas ao HIV

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NOVOS USOS DA TALIDOMIDA

Tabela 1 – Combinação de baixas doses de ciclosporina (CsA) e talidomida (Tal) para te após transplante de medula, ocorrendo
avaliar o desenvolvimento da doença crônica do enxerto-versus-hospedeiro. em aproximadamente 40% dos pacientes
que sobrevivem por 100 dias após o trans-
Fármaco (mg/Kg) Animais avaliados Animais com a doença do plante 47 . Dentre as manifestações clínicas
enxerto vs hospedeiro mais comuns pós-transplante, estão a diar-
CsA 2.5 8 8 réia, doenças na pele, disfunção hepática e
mucosites orais 53 . Ensaios clínicos com
CsA 5 8 8
diferentes terapias para a doença mostram que
CsA 10 12 10 muitos pacientes respondem com sucesso ao
CsA 15 12 0 tratamento, entretanto muitos deles não
Tal 1 8 8 conseguem resultados satisfatórios48.
A associação com baixas doses de
Tal 2.5 8 8
ciclosporina demonstrou prevenir a rejeição
Tal 5 8 8 aguda em transplante alogênico cardíaco em
Tal 10 8 8 ratos49 e de acordo com Vogelsang et al.46 esta
Tal 25 8 8 combinação é usada na profilaxia da doença do
Tal 50 12 0 enxerto-versus-hospedeiro, sugerindo uma
possível ação sinérgica entre estes dois
CsA 2.5 + Tal 1 12 6 fármacos.
CsA 2.5 + Tal 5 12 3 Estudos feitos por Vogelsang et al.46
CsA 2.5 + Tal 10 13 1 mostram que doses de 50 mg/kg de
CsA 5 + Tal 1 10 3 talidomida ou 15 mg/kg de ciclosporina pre-
vinem com sucesso a doença do enxerto-
CsA 5 + Tal 2.5 14 2
versus-hospedeiro em modelo animal. Bai-
CsA 5 + Tal 5 19 1 xas doses de cada um dos compostos foram
ineficientes na prevenção da doença. A com-
Fonte: Vogelsang et al.; 198846.
binação das doses da talidomida e de
ciclosporina encontram-se na Tabela 1.
Em um estudo realizado por Huy-
parece ser bastante promissor. A caquexia Num estudo conduzido pelo Aids Clinical
Pham et al. 50 observou-se interessantes
é uma destas patologias. É caracterizada Trials Group em New York, Estados Uni-
propriedades imunossupressoras de um
pela perda progressiva de peso e da mus- dos, 55% (16/29) dos pacientes tratados
derivado da talidomida, a N-hidroxitali-
culatura, acompanhada de distúrbios me- com doses de 200 mg/d de talidomida
tabólicos como anorexia ou diarréia. Con- domida. O estudo mostra que a N-
apresentaram a cicatrização completa de
sidera-se a caquexia como o passo final na hidroxitalidomida apresenta potencial si-
úlceras aftosas orais, quando comparadas
progressão da doença, levando à morte. A milar e em muitos casos melhor que o da
com um grupo placebo (7%, 2/28) 43 .
talidomida parece melhorar significativa- No entanto, segundo Ravot et al.44, embo- talidomida, enquanto que a combinação de
mente o quadro da caquexia. Induz o ra haja indicações dos efeitos benéficos da cada um destes compostos com a ciclos-
ganho de massa corporal e reverte os sin- talidomida em condições associadas ao HIV, porina A, em baixas concentrações, levam
tomas da mesma. O TNF alfa é conside- sugere-se um cuidado e um controle no uso a um aumento da atividade e podem dimi-
rado um fator relevante em causar a deste fármaco. nuir a toxicidade de ambos.
caquexia 11 e segundo Ravot et al. 44 , o gan- O mecanismo sinérgico entre a talidomida
ho de peso está associado com a diminui- Atividade imunossupressora e a ciclosporina A não é conhecido. Estudos
ção da produção de TNF alfa em pacientes da talidomida envolvem análise funcional e fenotípica de
tratados com talidomida. O uso da talidomida no tratamento de uma linfócitos de animais que receberam ciclos-
Segundo Alexander e Wilcox 45, efeitos variedade de doenças imunes tem sido alvo de porina, talidomida e a combinação destes dois
positivos da talidomida também foram muito estudo pelos pesquisadores25. Mais re- fármacos para tentar determinar o mecanismo
descritos no tratamento de ulcerações centemente, o benefício da talidomida como sinérgico nos níveis celulares48.
aftosas orais, esofagianas e genitais asso- agente imunossupressor tem sido descrito em De acordo com Vogelsang et al.46, a
ciadas à Aids. A causa das ulcerações modelo animal , na doença do enxerto-versus- talidomida é bem tolerada e sua adição com a
aftosas não é clara, mas presume-se que hospedeiro, após transplante de medula46 e ciclosporina A melhora a velocidade de res-
seja devido a fatores imunológicos, os transplante renal9. posta à doença do enxerto-versus-hospedeiro
quais podem ser revertidos pelas proprie- A doença crônica do enxerto-versus- e esta pode inclusive ser reversível com a
dades imunomoduladoras da talidomida. hospedeiro é a complicação mais freqüen- utilização desta terapia.

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Considerações finais mento, bem como deverá ser preenchido However, thalidomide has become a very
Tendo sido introduzida no mercado e assinado um Termo de Responsabilidade important alternative, with new applications
ainda na década de 50, a talidomida teve pelo médico que a prescreveu. Pesquisas being studied.[Rev Assoc Med Bras 2003;
seu uso redirecionado após problemas ou ensaios clínicos com a talidomida de- 49(1): 96-102]
graves associados ao seu uso. Inicialmente vem se adequar à legislação vigente no
lançada como uma alternativa para enjôos País, particularmente a Resolução 196/96 KEYWORDS: Thalidomide. Erythema nodosum
da gravidez, ela passou a ser uma boa do Conselho Nacional de Saúde e serem leprosum. Multiple myeloma.
alternativa em uma grande variedade de autorizadas pela CONEP 52.
doenças, como o eritema nodoso leproso Atualmente, há um interesse no desen- REFERÊNCIAS
e o mieloma múltiplo, entre outros. Desde volvimento de novos compostos baseados 1. Dally A. Thalidomide: was the tragedy
então tem sido usada efetivamente no tra- na estrutura da talidomida, visando o apri- preventable? Lancet 1998; 351:1197-9.
2. Marriot JB, Muller G, Dalgleish AG.
tamento de uma variedade de condições moramento de suas propriedades farma- Thalidomide as an emerging immuno-
autoimunes ou inflamatórias 22 . cocinéticas e a redução de seus efeitos therapeutic agent. Immunol Today 1999;
Em 1998, o FDA aprovou, nos Estados teratogênicos 59 . Um grande número de 20:538-40.
Unidos, o uso da talidomida, mas sob um análogos têm sido sintetizados pela 3. Oliveira GG. A indústria farmacêutica e o
controle internacional de medicamentos.
rígido controle 2. A Celgene, em coopera- corporação Celgene, companhia farma- Brasília: Editora Gráfica do Senado; 1998.
ção com o FDA e com outros órgãos go- cêutica com visão na descoberta, desen- 4. Vogelsang GB, Farmer ER, Hess AD,
vernamentais, como a Associação de Víti- volvimento e comercialização de novas Altamonte V, Beschorner WE, Jabs DA, et al.
mas da Talidomida do Canadá, iniciou um moléculas para câncer e doenças imunoló- Thalidomide for the treatment of chronic graft-
versus-host-disease. N Engl J Med 1992;
programa chamado STEPS (System for gicas. Todos estes compostos são devida- 326:1055-8.
Thalidomide Education and Prescribing mente avalidos em estudos e ensaios clíni- 5. Schuler U, Ehninger G. Thalidomide: rationale
Safety) com o objetivo de dispensar a cos de laboratório 51 . for renewed use in immunological disorders.
talidomida de uma forma segura. O pro- Hoje existe muito para se descobrir Drug Saf 1995; 12:364-9.
6. Ehninger G, Eger K, Stuhler A, Schuler U. Bone
grama STEPS inclui material educativo sobre o mecanismo de ação da talidomida Marrow Transplant 1993; 12:s26-s28.
para médicos, farmacêuticos e nenhum e de que forma este fármaco age no siste- 7. Klausner JD, Makonkawkeyoon, Akarasewi P,
paciente poderá receber o fármaco, a ma imune de humanos. Apesar de suas Nakata, K, Kasinrerk W, Corral L, et al. The
menos que esteja participando do progra- terríveis consequências devido ao uso in- effect of thalidomide on the pathogenesis of
human immunodeficiency virus type 1 and
ma. Para os pacientes, o programa inclui correto, o benefício da talidomida não Micobacterium tuberculosis infection. J Acquir
teste de gravidez e métodos contracep- pode ser ignorado e a sua utilização, por Immun Defic Syndr Hum Retrovirol 1996;
tivos para as mulheres, documento infor- isso, deve ser monitorada com muito cui- 11:247-57.
mando o consentimento dos pacientes e dado. Para o futuro, fica a esperança de 8. Hamuryudan V, Mat C, Saip S, Özyazgan Y,
Siva A, Yurdakul S, et al. Thalidomide in the
um registro confidencial dirigido por grupo que pela estrutura da talidomida possa ser treatment of the mucocutaneous lesions of the
de estudo epidemiológico. Os médicos possível desenvolver fármacos mais segu- Behçet syndrome. Ann Intern Med 1998;
devem estar registrados e agir de acordo ros e mais efetivos para o tratamento de 128:443-50.
com o STEPS. Farmacêuticos também de- várias doenças humanas 2. 9. Wettstein AR, Meagher AP. Thalidomide in
Crohn’s disease. Lancet 1997; 350:1445-6.
vem estar registrados e não devem aceitar 10. Youle M, Clarbour J, Farthing C, Connoly M,
prescrições de médicos que não estejam SUMMARY Hawkins D, Gazzard B. Treatment of resistant
no programa 51. THALIDOMIDE – N EW PERSPECTIVES FOR
apthous ulceration with thalidomide in patients
positive for HIV antibody. Br Med J 1989;
No Brasil, a talidomida só poderá ser ITS USE AS ANTIINFLAMMATORY , IMMUNOS - 298:432.
indicada e utilizada no âmbito dos seguintes SUPRESSIVE AND ANTIANGIOGENIC DRUG 11. Reyes-Terán G, Sierra-Madero JG, DelCerro
programas oficiais: The new uses of thalidomide are VM. Effects of thalidomide on HIV-associated
wasting syndrome: a randomized, double-
a) Hanseníase (reação hansênica tipo Eritema reviewed. It has recently been used as blind, placebo-controlled clinical trial. AIDS
Nodoso ou Tipo ll); antinflammatory, immunosuppressive, an- 1996; 10:1501-7.
b) DST/Aids (úlceras aftóides idiopáticas nos tiangiogenic, and antiviral agent. Although 12. Fife, K., Howard MR, Gracie F, Phillips RH,
Bower M. Activity of thalidomide in AIDS-
pacientes portadores de HIV/Aids); its mechanism of action is not yet un-
related Kaposi’s sarcoma and correlation
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