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Entrevista a Richard TARNAS
Entrevista a Richard TARNAS
Entrevista a Richard TARNAS

26/03/2009by masterartigosNo Comment


Victor M. Amela entrevista Richard Tarnas em 26 de
março de 2009

(Cedido por Silvia Ceres do site www.gente-de-


astrologia.com.ar)
Richard Tarnas autor de Cosmo e Psique

A tradução do livro “Cosmo e Psique” produziu uma


série de comentários nos periódicos espanhóis.
Decidimos divulgar algumas repercussões que o texto
teve na imprensa espanhola por considerá-lo
extremamente importante para o meio astrológico.

Agradecemos ao colega Gabriel Gutiérrez, pela gentileza


de nos fazer chegar este material.
Tudo respira em uníssono

Desde a publicação, em 1991, do livro “A Paixão da


Mente Ocidental (publicado no Brasil pela Bertrand),
Richard Tarnas é lido e discutido no círculo anglo-saxão.
A editora espanhola Atalanta , publicou Cosmos e
Psique, extenso livro que documenta a cartesiana cisão
do cosmos, utilizada para isolar a Astrologia. Mas nos
dias de hoje alguns voltam a intuir que não há uma
psique dentro e um cosmos fora, há uma dinâmica
integrada que a Astrologia pode traçar em seus mapas.

“Para mim, por hora, basta-me ver a astrologia como


prova da fértil imaginação de nossa psique, insaciável
leitora do cosmos…”

“Mas também é certo que nossa imaginação é a eclosão


do muito imaginativo do cosmos..”.

Depois de amanhã faço 58 anos. Nasci em Genebra e


vivo na Califórnia. Sou doutor em Filosofia e Psicologia
por Harvard. Sou casado e tenho dois filhos, de 33 e 20
anos. Sou progressista liberal.
Tenho um sentido profundo do divino, que descubro
desdobrando-se na psique, no cosmos”.

Os astros Influem em minha vida?

Você e eles estão conectados.

E determinam o que faço?

Não é isso. Verá: que horas são?

Doze e meia…

E como soube disto?

Olhando aquele relógio.

E os ponteiros daquele relógio causam as doze e meia?

Não
Pois assim acontece com os astros: não causam nada, os
ponteiros de relógio nos quais podemos ler as horas são
os arquétipos do cosmos.

Mas uma coisa é o cosmos, e outra, eu.

Ah, aqui você expressa a paixão da mente ocidental que


quis despender-se do cosmos até sentir-se autônoma e
considerar o cosmos como um mecanismo externo e
inanimado. Algo que é absolutamente irreal!

Por que?

Porque somos cosmos em forma humana! Nós somos o


modo através do qual o cosmos se faz consciente de si
mesmo. Eu gosto de como o formulou o filósofo Plotino
(III d.C.):

“Tudo respira em uníssono”.

Mas Saturno é uma pedra bruta inanimada, enquanto


que eu sou minha psique.
O que você chama “minha psique” não é mais do que a
respiração do cosmos. Cosmos e psique são duas
formulações de uma mesma e única realidade. E as
conjunções dos astros viabilizam a dinâmica cósmica,
quer dizer, a dinâmica arquetípica da psique. Isto é o
que estuda a astrologia arquetípica.

Ela é muito diferente de outras astrologias?

Seu enfoque esta de acordo com os atuais enfoques da


psicologia transpessoal, da física quântica, da teoria do
caos e dos fractales, a ecologia e Gaia, a filosofia
holística…

Há lugar para a liberdade pessoal?

É precisamente a visão participativa do homem no


cosmos: cada um de nós é o cosmos atuando. Há uma
dinâmica cósmica, uma melodia que cada um interpreta
com um estilo. Veja o Hitler e o Chaplin.

O que acontece com Hitler e Chaplin?

Nasceram quase ao mesmo tempo e compartilharam


aspectos de suas cartas natais, mas podemos ver como
foram tão distintas as maneiras como os
desenvolveram!

Em que eles se pareciam?

Ambos tinham dificuldades com a autoridade,


tendências tirânicas, potenciais para as artes, atração
por jovens emocionalmente imaturos, e grande
capacidade de comunicação.

Fale-me de uma dinâmica cósmica: como funciona, com


que mecânica?

É um mistério! A ciência não alcança isto.

Para que serve a astrologia arquetípica?

Para intuir a dinâmica profunda das coisas, como o bom


surfista intui a dinâmica das ondas: compreender o
passado e o presente ajuda a surfar melhor na onda do
futuro.

Desde quando há astrólogos?


Sempre, são observações antiqüíssimas. Antes de ser
açoitado por sustentar que a Terra orbitava ao redor do
Sol, Galileu tinha sido açoitado por ser astrólogo!

Eu não sabia disso…

À Igreja se assustou com as precisas predições de


Galileu: onde ficava a vontade divina se tudo estava nos
astros?

Houve outras mentes eminentes interessadas na


astrologia?

Platão, Aristóteles, Dante, Goethe, Yeats, Jung, Kepler.!


A curiosidade de Newton pela astrologia o conduziu à
matemática. Nos momentos mais criativos do Ocidente
a astrologia sempre aflora.

Como você chegou à astrologia?

Durante umas indagações psicológicas junto com o


Stanislav Grof nos assombrou a constatação de como
cartas astrais indicavam episódios de transformação
psíquica. Então decidi estudá-la, sem considerar o
incômodo que isto causa, como fizeram os que
vituperaram contra Copérnico…

Que evidências o fascinaram mais?

Tantas… Impressiona-me a correlação entre as


configurações planetárias e a era axial.

O que é a era axial?

Os séculos VI e V a.C. são assim denominados em função


da formidável eclosão vivida pela humanidade: Sócrates,
Buda, Confúcio, Pitágoras, Lao Tse, Zoroastro, jainismo,
os profetas hebreus… Não há um período histórico igual!

E o que nos dizem os astros a respeito daquilo?

Urano, Netuno e Plutão estavam alinhados de modo


quase perfeito. Observei que os alinhamentos entre dois
destes três planetas correspondem sempre a revoluções
de consciência. Os três de uma vez…

E como andam agora estes planetas?


Plutão e Urano se alinham, o que assinala inovações
criativas e culturais.

Possivelmente como esta que postula você?

As mudanças de paradigma não são de um dia para


outro, vão impregnando as consciências… Copérnico
fazia esta mesma reflexão a respeito de seu
revolucionário giro.

O ano de 2012 será apocalíptico, dizem…

Pode acontecer algo que venha colorir o processo de


transformações no qual já nos encontramos, como antes
escolhermos o ano de 1789 para simbolizar aquele
extenso processo revolucionário.

Que devo esperar dos horóscopos da imprensa?

Só entretenimento. Eles focalizam o Sol no momento do


nascimento: isto equivale a querer abranger o estado
integral de nosso organismo observando apenas o
coração.
Tem sentido dizer: “Sou Libra”?

É como se você dissesse “sou jornalista”: isto não


expressa à complexidade da sua pessoa.

Somos leitores do cosmos: a astrologia é uma leitura, e


ler é criar. Sim?

Ficou bonito, mas não entenda o cosmos como uma


projeção mental: o desenvolvimento da consciência é o
desenvolvimento do processo de auto-revelação do
cosmos.

VANGUARDA, 19 de fevereiro de 2008.

O filósofo Richard TARNAS

“Há uma íntima conexão entre as coisas dos homens e


os planetas”

“A física quântica mostrou que o edifício da razão tinha


gretas”
Os planetas estavam alinhados da mesma maneira no
dia em que Jimi Hendrix arrasou ante as multidões com
sua forma heterodoxa de tocar o violão e o dia em que
Viena se rendeu aos pés de Beethoven pela
profundidade de seus concertos de piano. Explica-o
Richard Tarnas, professor de filosofia e psicologia na
Califórnia, formado em Harvard e doutorado pelo
Instituto Saybrook. Certamente, um tipo pouco habitual
no mundo acadêmico.

Em “Cosmos e Psique” o que Tarnas defende é que tudo


está relacionado e que há uma íntima conexão entre o
microscópico e o macroscópico, entre as coisas das
criaturas humanas e a marcha dos planetas, e insiste em
assinalar a extrema complexidade do mundo e a
pluralidade das perspectivas através das quais pode ser
analisado. O livro acaba de sair pela Atalanta (em
espanhol), editorial Jacobo Siruela que o pôs em marcha
deixando para trás o selo que leva seu nome. Como já
fez antes, Jacobo está aberto ao desafio de propostas
pouco convencionais nas quais a razão faz conexão com
outros saberes.

Tarnas considera que nos tempos atuais reina uma


profunda insatisfação e os homens não encontram uma
maneira coerente para explicar as grandes questões.
“O reinado da razão foi avassalador, e foram tantos os
lucros tecnológicos que propiciou que parecia que se
impunha um progresso irreversível”, explica.

“Logo vieram os excessos e hoje parece claro que isto foi


muito longe. Aí estão as crises ecológicas e a ameaça
cada vez mais real de que a Terra tem os dias contados”.

Nos anos setenta, na Califórnia: a contracultura


questionou os valores sagrados e os jovens se abriram a
novas experiências.

Tarnas viveu aqueles dias e confessa que só pôde


embarcar neste projeto por ensinar em uma área na
qual existem menos prejuízos acadêmicos.

“A própria filosofia, a literatura e a física quântica já


revelaram que o edifício da razão tinha fendas. Depois
de Freud, Jung descobriu a riqueza dos arquétipos para
explicar alguns conflitos psicológicos. Aí havia um
caminho a percorrer”. E nesse caminho ele descobriu a
astrologia.

“O primeiro surpreso fui eu”, diz, “quando comecei a


comprovar que existiam muitos paralelismos entre as
cartas natais das grandes figuras e que havia também
uma relação entre a posição dos planetas e o momento
no qual, por exemplo, Galileu, Darwin e Einstein
realizaram seus descobrimentos mais revolucionários”.

Em “Cosmos e Psique”, Tarnas propõe um percurso


atípico pela história, pelas obras dos grandes
professores, pelas crises e as guerras e pelos momentos
de esplendor. A chave mestra que o guia é a astrologia e
constata que “há uma íntima conexão entre as coisas
dos homens e os planetas”. Não fala nunca de uma
relação causal, não pretende estabelecer que um mundo
determina o que acontece no outro. “Só proponho uma
maneira distinta de ver as coisas que nos permita nos
reconciliar com a natureza”.

O PAÍS, 19 de março de 2008

E se o cosmos, tivesse sentido? E se a idéia de que a


existência humana transcorre sobre um fundo cósmico
frio e inerte fosse uma miragem moderna? E se o
universo impessoal de Kafka e Beckett, Dawkins e
Dennet fossem uma projeção do século XX?

Perguntas como estas aguçaram a imaginação e a


investigação do Richard Tarnas dos anos setenta, e após
trinta anos de trabalho deram como fruto Cosmos e
Psique, um audaz e detalhado ensaio no qual convivem
psicologia, astronomia e história cultural.

Norte-americano nascido em Genebra (1950), Richard


Tarnas estudou em Harvard, trabalhou durante anos no
Esalen (Pico californiano do crescimento pessoal) e
fundou em São Francisco um popular programa
universitário sobre Filosofia, Cosmologia e Consciência.
Em 1991 deu-se a conhecer com uma excelente historia
do pensamento ocidental, “A Epopéia do Pensamento
Ocidental” (publicado pela Bertrand Brasil), notável
porque integra em um mesmo relato os diferentes
sulcos da cultura (filosofia e literatura, religião, arte e
ciência) e porque consegue converter vinte e cinco
séculos de aventura intelectual não em mera soma de
acontecimentos desconexos, mas em uma trama
orgânica e fascinante, e com o devido rigor para que
sirva perfeitamente como livro de texto e de consulta.

Este livro (que será também publicado pela Atalanta da


Espanha), entretanto, era apenas o prelúdio da
verdadeira investigação que Tarnas desenvolvia.

“Ter múltiplas facetas a nível pessoal e profissional é


parte da vida pós-moderna”, respondeu Mill Valley, nos
subúrbios de São Francisco, quando lhe perguntei por
esse trabalho como incógnito.
“Cosmos e Psique” começa com uma lúcida análise da
cultura contemporânea e, em especial, do profundo
sentido de alienação que afeta o eu moderno, isolado
em um universo sem sentido e sentindo-se separado do
resto da natureza e do cosmos. “Nossas aspirações mais
profundas estão em contradição com o cosmos que nos
mostrou a mente moderna; nossa cosmologia contradiz
a nossa psicologia e nossa literatura.”

Segundo Tarnas, a falta de sentido da visão


contemporânea do mundo “criou um vazio no qual o
mercado, o consumo e a hiperatividade colonizam e
empobrecem a imaginação humana”.

Esta primeira parte de “Cosmos e Psique” vale por si só,


como uma pequena jóia da filosofia da cultura. A partir
de sua própria fascinação pela história e pelo cosmos
(sempre há sentido, como Kant, verdadeiro assombro
ante “a beleza do céu estrelado”), Tarnas começou a
comparar possíveis ressonâncias entre o microcosmo
humano e o universo, em uma espécie de
astropsicologia que, longe de ser ingênua e pré-
moderna, integra intuições chave da psicologia, da
ciência e da filosofia contemporâneas.
O grosso de “Cosmos e Psique” traça inúmeros
percursos pela história cultural da Europa e América do
Norte, com uma ênfase especial na história da ciência
(de Copérnico e Galileu a Planck e Einstein), a filosofia
(de Descartes e Rousseau a Schopenhauer e Nietzsche) e
a literatura (de Shakespeare e Blake a Melville e
Salinger).

Tarnas detecta épocas e momentos com um Zeitgeist


semelhante (assim a Revolução Francesa e os anos
sessenta do século XX), analisa-os à luz da psicologia
arquetípica de James Hillman e (aqui está a surpresa)
argumenta como determinados tipos de clima cultural,
psicológico e político (segundo dados históricos que
ninguém questiona) tendem a manifestar-se em sintonia
com determinadas configurações astronômicas (segundo
dados da Nasa).

Apesar de Tarnas nunca mencionar os signos do zodíaco,


seu trabalho vai de encontro com a tradição astrológica
em dimensão intelectualmente sofisticada e
culturalmente pós-moderna. Não se sabe como as
decisões chave de numerosos personagens públicos (e
de algumas das melhores agencias literárias) apóiam-se
em dita prática inominável, por mais que seja
incompatível com a visão moderna do mundo e
freqüentemente ganhou impulso em sua imagem de
ingenuidade e falta de rigor, como assinala o próprio
Tarnas, que longe de qualquer posição determinista
defende um cosmos aberto, criativo e participativo. “O
modo pelo qual cada geração enfrenta uma
determinada provocação cultural ou sócio-política
transforma o modo como as energias arquetípicas
semelhantes se apresentarão à geração seguinte.”

Algo há em “Cosmos e Psique” da meticulosidade


erudita e das conclusões inauditas dos melhores ensaios
de Borges (com sua corrente de datas, citações e dados
que parecem tirados da Biblioteca de Babel). Para
surpresa do próprio Tarnas seu livro já está sendo usado
como livro de referência nas universidades norte-
americanas.

Talvez as profundezas da Psique e as profundezas do


cosmos estejam menos distantes do que pensamos.

A epopéia do pensamento ocidental/ Cosmos e Psique

Richard Tarnas
Tradução de Marco Aurelio Galmarini
Atalanta. Girona, 2008.
Por Isidoro Calha
“Magnífico, sensacional, iluminador, revelador,
necessário”. “Me encantou, me prendeu, me
surpreendeu, me ensinou”. Estas são expressões de
leitores do livro “A Epopéia do Pensamento Ocidental”,
de Richard Tarnas, na internet. E é assim: um livro
brilhante, sábio, perspicaz, fácil e cuja leitura conquista,
de uma prosa tão clara como seu esplendor literário. Em
1991 quando saiu nos Estados Unidos, vendeu mais de
200.000 exemplares e já é texto base em quase uma
centena de universidades americanas e européias. É
preciso agradecer pelo fato da Atalanta tê-lo editado em
castelhano, por fim, bem como a segunda obra, a capital
de Tarnas, culminação desta, fruto de trinta anos de
trabalho, “Cosmos e Psique”, de 2006. Tarnas terá que
ser introduzido, junto com o Sloterdijk, no contexto
crítico da discussão cultural e universitária espanhola.
(Inclusive, como ponto de iniciação para feitos
surpreendentes que demandam uma explicação maior
que a cientista-racional, já contada em dúzia, por Patrick
Harpur).

O futuro possivelmente está neles. Tarnas e Sloterdijk,


pelo menos, são dois acadêmicos de máximo relevo, que
não podem ser suspeitos de veleidades místicas por
ninguém. A introdução editorial dos três em nosso
idioma é devida ao editor Jacobo Siruela, com seu
trabalho calado e delicioso, e com sua sensibilidade
cultural avançada.
Em 600 páginas, “A Epopéia do Pensamento Ocidental’
percorre toda a história do pensamento do Ocidente,
dos gregos aos dias atuais. Mostrando como a evolução
da mentalidade ocidental sempre foi impelida por um
impulso heróico, sua paixão, para forjar uma identidade
humana racional e autônoma, separando-a de sua
unidade primitiva com a natureza. Mas nem os gregos o
entenderam assim, nem as novas correntes pós-
modernas o entendem assim. O logo, a razão, era
antigamente a fonte transcendente de todos os
arquétipos (essências primitivas, fossem formas
matemática, opostos cósmicos, idéias, deidades
imortais, archai sacralizados, personificações míticas),
em função dos quais, como expressão ordenada deles, a
cosmovisão grega interpretava o cosmos. Esse logo
universal operava simultaneamente no seio da mente
humana e do mundo natural. Não havia dualismos de
mente e mundo, interior e exterior, tudo pertencia a
uma mesma razão Arquetípica do universo, que se
refletia na mente humana, infundindo a capacidade para
reconhecer a ordem cósmica.

Dizendo de outro modo: a natureza penetrava em tudo


e a mente humana não era outra coisa senão uma
expressão do ser essencial da natureza. (Isso sim é uma
globalização de verdade).
A mente ocidental brigou durante séculos, com paixão, e
por isso acreditava nas luzes, sua independência, forjou
o eu autônomo individual, a posição epistemológica
cartesiana – kantiana, que foi o paradigma dominante
do pensamento moderno. Mas agora volta a reunir-se
com o fundamento de seu ser, diz Tarnas, apelando para
uma perspectiva epistemológica mais refinada: os
princípios subjetivos que determinam nosso
conhecimento do mundo não pertencem ao sujeito
humano isolado, são na realidade a expressão do ser no
próprio mundo. A realidade não é nem fenomênica nem
objetiva, nem interior nem exterior, é o próprio ser do
pensar humano. O a priori é nossa integração ao
cosmos. Quase ao mesmo tempo em que a Ilustração
chegava a seu clímax filosófico com Kant, começava a
surgir uma perspectiva epistemológica completamente
distinta, perceptível primeiro em Goethe com seu
estudo das formas naturais, desenvolvida em novas
direções pelo Schiller, Schelling, Coleridge e Hegel, e
exposta sistematicamente no século passado por Rudolf
Steiner, diz Tarnas. À psicologia profunda de Freud e
Jung tocou, por fim, o destino e o encargo de mediar o
acesso da mente moderna às forças e realidades
arquetípicas, dissolvendo, com isso, a cosmovisão
dualista e voltando a conectar o eu com o mundo.

Platão, que foi o teórico e defensor mais eminente


daquela “peculiaridade assombrosa” com a qual o
mundo grego interpretou o cosmos mediante intuições
arquetípicas, recomendou o estudo dos astros como
particularmente importante para a aquisição da
sabedoria neste sentido. Isso exerceu uma influência
decisiva na evolução da cosmovisão ocidental e
possivelmente foi o fator mais importante, tanto pelo
dinamismo como pela continuidade que deu a este
esforço para compreender o cosmos físico. O “mistério
dos planetas”, como o chamava Platão, a larga e árdua
luta por desvelá-lo culminaria dois mil anos depois com
as obras de Copérnico e Kepler e com a revolução
científica que eles iniciaram.

Nesse mistério e nessa luta se inclui Tarnas com seu


segundo livro, “Cosmos e Psique”, sua ópera magna, de
qualidades semelhantes à primeira, que aborda a crise
do eu e a cosmovisão moderna, e quer introduzir um
corpus de evidências, um método de investigação e uma
perspectiva cosmológica emergente que poderia ajudar
a abordar a crise de hoje. Não é necessária uma visão
profética para saber que estamos em um desses
estranhos momentos da história, como o final da
Antigüidade Clássica ou o começo da Idade Moderna,
que através de grande tensão e luta iluminaram uma
transformação verdadeiramente fundamental dos
supostos princípios subjacentes (arquétipos) da visão do
mundo. Contamos com recursos sem precedentes para
abordar criativamente nossos problemas, diz Tarnas
muito bem, mas é como se nos fosse negado o grande
enigma do momento atual, entretanto, embora haja um
contexto de alcance maior ou mais profundo para fazê-
lo, é como se alguma força invisível nos negasse a
capacidade e a decisão para fazê-lo.

Nos momentos mais criativos do Ocidente sempre aflora


a astrologia: Platão, Aristóteles, Dante, Goethe, Yeats,
Jung. Kepler! Ao próprio Newton ela conduziu à
matemática. Ao Tarnas impressiona, sobre tudo, a
correlação entre configurações planetárias e a era axial,
como ele chama os séculos VI e V antes de Cristo, pela
formidável eclosão que viveu a humanidade: Sócrates,
Buda, Confucio, Pitágoras, Laot Tse, Zoroastro, jainismo
índio, profetas hebreus. Na ocasião Urano, Netuno e
Plutão estavam alinhados de modo quase perfeito. Os
alinhamentos entre dois destes três planetas
correspondem sempre as revoluções de consciência. Os
três de uma vez… Agora se alinham Plutão e Urano.

Os astros não causam nada, são como ponteiros de um


relógio no qual podemos ler as horas arquetípicas do
cosmos. As cartas natais indicam episódios de
transformação psíquica. Não há uma psique dentro e um
cosmos fora, a não ser uma dinâmica integrada, para a
qual a astrologia pode traçar cartas. Cosmos e psique
são duas formulações de uma mesma e única realidade.
(“Tudo respira em uníssono”, disse Plotino). Há uma
dinâmica cósmica, uma melodia que cada eu reproduz
com seu estilo. Como funciona essa dinâmica, é um
mistério, até agora a ciência mais canônica não a
alcança. Por isso o empenho de Tarnas. Como as
conjunções dos astros dão visibilidade à dinâmica
cósmica, ou a dinâmica arquetípica da psique, é o que
estuda sua “astrologia arquetípica”, que concorda com
os enfoques atuais da psicologia transpessoal, com a
física quântica, a teoria do caos e dos fractales, a
ecologia e a teoria da Gaia, a filosofia holística, todos os
esforços, para encontrar uma teoria do campo unificado.
A astrologia arquetípica serve para intuir o movimento
profundo das coisas, como o bom surfista intui o das
ondas, ajuda a surfar melhor na onda do futuro. Uma
imagem chave a do surfe, também sloterdijkiana,
possivelmente e a de uma nova mudança de paradigma.
E, se, de verdade, o for?

Babelia. O PAÍS, 09 de agosto de 2008

branco

Rio de Janeiro, 26 de março de 2009

É proibida a reprodução total ou parcial deste texto.


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CÉU DO MÊS
Julho 2020
01 – Saturno em Capricórnio

05 – Lua Cheia – Eclipse Penumbral da Lua 01:46h –


13°38’ Capricórnio/Câncer

08 – Mercúrio quadratura Marte 06°06’ Câncer/Áries


12 – Mercúrio direto 05°29’ Câncer

12 – Sol trígono Netuno 20°51’ Câncer/Peixes

12 – Lua no apogeu (maior distância da Terra)

12 – Quarto Minguante 20:30h – 21°03’ Áries/Câncer

14 – Sol oposição Júpiter 22°20’ Câncer/Capricórnio

15 – Sol oposição Plutão 23°44’ Câncer/Capricórnio

20 – Lua Nova 14:34h – 28°27’ Câncer

20 – Sol oposição Saturno 28°38’ Câncer/Capricórnio

22 – Sol em Leão

22 – Mercúrio em máxima elongação 20° Oeste

25 – Lua no perigeu (menor distância da Terra)


27 – Quarto Crescente 09:34h – 04°56’ Escorpião/Leão

27 – 2º sextil Júpiter/Netuno 20°39’ Capricórnio/Peixes

27 – Vênus quadratura Netuno 20°39’ Gêmeos/Peixes

27 – Mercúrio quadratura Marte 16°20’ Câncer/Áries

30 – Mercúrio oposição Júpiter 20°18’


Câncer/Capricórnio

30 – Mercúrio trígono Netuno 20°35’ Câncer/Peixes

EVENTOS
FOTOS
Com Vânia CarvalhoCom Regina Fernandes

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