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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

“Conjunto de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a atuação e a conduta
da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações internacionais intergovernamentais e
também pelos indivíduos), visando alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança
e a estabilidade das relações internacionais” (MAZZUOLI)

OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

 Relacionamento entre sujeitos da sociedade internacional;


 Delimitação das competências de cada Estado soberano;
 Limitação do uso da força pelos sujeitos internacionais;
 Proteção de interesses universais (como os direitos humanos e o meio ambiente);
 Instituição de mecanismos de apuração de responsabilidade internacional.

FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Motivos pelos quais as normas internacionais são vinculantes e obrigatórias:

1. DOUTRINA VOLUNTÁRIA: os Estados e organizações internacionais devem observar as normas internacionais


quando expressarem livremente sua concordância em fazê-lo. Autolimitação da vontade: consentimento das
Nações: delegação do direito interno.

“Ato voluntário do Estado – Livre concordância da Nação”

Prof: A partir do momento que o Estado se submete a essas normas internacionais, elas são obrigatórias e
vinculantes. Essa doutrina diz que os Estados e organizações internacionais devem observar essas normas
internacionais a partir do momento que por livre e espontânea vontade concordarem em fazer.

2. DOUTRINA OBJETIVISTA: a obrigatoriedade das normas do DIP advém de princípios e regras superiores
inerentes à convivência internacional, que prevalecem em relação ao ordenamento jurídico interno ou à
própria vontade estatal. Jusnaturalismo: Teorias Sociológicas do Direito: Direitos Fundamentais dos Estados.

Prof: existem normas superiores ao Estado/Nação que nós devemos observar independentemente de nós
aderirmos ou não com determinados tratados.

3. PACTA SUNT SERVANDA: Ao conjugar os elementos das teorias clássicas (voluntarismo e objetivismo), expõe
que os Estados celebrariam os tratados a depender de sua vontade, mas uma vez criada a norma internacional
por meio do consentimento, os atores internacionais teriam a obrigação de obedecê-la de boa- fé.

Prof: Essa teoria faz uma conjunção das duas doutrinas anteriores.

 RELACIONAMENTO ENTRE O DIP E O DIREITO INTERNO

Eficácia e aplicabilidade do Direito Internacional na ordem interna:

DUALISMO: o DIP e o direito interno de cada Estado são dois sistemas totalmente distintos e independentes entre si,
cujas normas jamais entrarão em conflito, pois os sistemas não se relacionam e não se interpenetram. Teoria da
incorporação – para que uma norma internacional seja vigente e eficaz na ordem interna, seria necessária alguma
forma de incorporação desta no ordenamento jurídico interno.

Prof: Essa primeira teoria vai dizer que o DIP e o direito interno de cada Estado são sistemas totalmente distintos e
independentes entre si. Esses sistemas a princípio não se cruzam. Para que o DIP venha a conviver com o direito
interno eu preciso incorporar essa norma internacional.
a) DUALISMO RADICAL: Para a incorporação de uma norma internacional ao direito interno, seria necessária a
edição de uma lei nacional/específica.

b) DUALISMO MODERADO: Para incorporação de uma norma internacional ao direito interno, adotam-se
procedimentos específicos distintos do processo legislativo comum. Prof: Não é preciso a edição de lei
especifica. O BRASIL ADOTA O DUALISMO MODERADO

MONISMO: o DIP e o Direito Interno são dois ramos dentro de um só sistema jurídico, de forma que o Direito
Internacional se aplica diretamente na ordem jurídica dos Estados.

a) MONISMO NACIONALISTA: defende a primazia do Direito nacional sobre preceitos do Direito Internacional.
Soberania Estatal absoluta.

Prof: Se as normas convivem entre si, qual prevalece quando as normas forem contraditórias? O direito
interno prevalece sobre as normas de direito internacional.

b) MONISMO INTERNACIONALISTA: sustenta que o Direito Internacional representa uma ordem hierárquica
superior. Trata-se da corrente amplamente majoritária na doutrina e jurisprudência internacionais.
Art. 27. Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados: Uma parte não pode invocar as disposições de seus
direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado.

Prof: O direito internacional prevalece sobre o direito interno. NO ÂMBITO INTERNACIONAL A CORRENTE
QUE PREVALECE É ESSA.

c) MONISMO INTERNACIONALISTA DIALÓGICO: Trata-se de uma corrente conciliatória, especialmente


pertinente para os casos que envolvem supostas violações de direitos humanos. Assim, no conflito entre
normas devem ser prestigiadas a adoção daquela que ofereça maior grau de proteção à pessoa humana e aos
direitos humanos.

Prof: corrente conciliatória, alguns temas específicos é necessário dialogar, então diante da norma
internacional e do direito interno iremos adotar o que for mais benéfico. Por exemplo: direitos humanos

 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

*Art.38. Estatuto da Corte Internacional de justiça:*


1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas,
aplicará:
a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas
pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das
diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes
com isto concordarem.

OBS: NÃO HÁ HIERARQUIA ENTRE AS FONTES PREVISTAS NO ART.38 DO ECIJ.

Prof: No direito internacional não há hierarquia entre as fontes. Ex: o tratado não está acima dos costumes, vai
depender do litigio.

 CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES

A) DE ACORDO COM A PREVISÃO ESTATUTÁRIA


FONTES ESTATUTÁRIAS: são aquelas previstas no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça.

Principal: Determinam diretamente qual norma será aplicada no caso concreto (tratados internacionais, costume
internacional e princípios de direito internacional); Prof: devem ser aplicadas ao caso concreto, é objeto da demanda

Auxiliar: são meios auxiliares para a determinação das regras de direito aplicáveis aos casos concretos (decisão judicial,
doutrina e equidade). Prof: Meios auxiliares para solução de um caso concreto

FONTES EXTRAESTATUTÁRIAS: não estão previstas no Estatuto. São elas: atos unilaterais dos Estados e das
organizações internacionais; normas jus cogens; casos de soft law).

B) DE ACORDO COM A VONTADE DAS PARTES

FONTES CONVENCIONAIS: Prof: aquelas que estão previstas em uma convenção internacional, as partes concordam
em ali estabelecer.

FONTES NÃO CONVENCIONAIS: Prof: fontes que não estão previstas na convenção internacional, mas podem ser
aplicadas aos caso concreto.

 TRATADOS INTERNACIONAIS

Art.2.1, a, Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados:

“Tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional,
quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação
específica;

 COSTUME INTERNACIONAL

A doutrina clássica afirma que tratado e costume possuem o mesmo valor sem que um tenha primazia sobre o outro,
por isso, um pode derrogar ou modificar o outro.

Dois elementos para configuração do costume:

Elemento objetivo: prática internacional, reiterada e geral;

Elemento subjetivo: aceitação da prática, como se obrigatória fosse.

TEORIA DO OBJETOR PERSISTENTE

Ação por meio do qual um Estado procura afastar sobre ele a exigibilidade de uma norma jurídica internacional
costumeira, demonstrando uma objeção em relação à norma costumeira.

A objeção deve ser: tempestiva, persistente, consistente...

Prof: Se um determinado país tem uma conduta de rechaçar uma conduta costumeira de forma veemente, reiterada,
o pais está recusando aquela prática, vamos ter uma teoria do objetor persistente, é uma forma que o Estado Nação
tem de não estar vinculado a uma determinada prática, costume internacional. Que forma é essa? O país inadmite o
costume de forma reiterada, se recusa a aplicar o costume.

 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO

Preposições dotadas de maior flexibilidade semântica, com o objetivo de conferir completude ao sistema normativo
internacional, permitindo ao juiz um maior campo de atuação.

Exemplo: pacta sunt servanda; autodeterminação dos povos; igualdade soberana entre as nações; solução pacífica
das controvérsias, etc.

 JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL

Trata-se de fonte auxiliar do DIP;


Embora do ECIJ afirme que tais decisões só serão obrigatórias para as partes litigantes e a respeito do caso em questão,
é inegável que o pronunciamento das Cortes Internacionais colaboram com o desenvolvimento do DIP.

Prof: Não é fonte principal, é auxiliar.

 DOUTRINA

Fonte auxiliar do DIP

Prof: Doutrina do direito internacional

 EQUIDADE

Fonte auxiliar do DIP

A equidade somente poderá ser utilizada quando houver concordância das partes envolvidas.

 ATOS UNILATERAIS DO ESTADO

São manifestações autônomas e inequívocas de uma vontade formulada publicamente por um ou vários Estados,
endereçadas a um ou vários Estados da sociedade internacional em geral ou de uma Organização Internacional, com
a intenção de criar obrigações jurídicas no plano internacional.

Ex: Denúncia; reconhecimento de outros Estados; renúncia; promessa.

Prof: A denúncia é o ato pelo qual o Estado pertencente a um tratado internacional quer se retirar.

 ATOS E DECISÕES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Resultado das atividades desempenhadas por tais sujeitos de Direito Internacional Público, materializando-se em atos
que podem gerar efeitos jurídicos para o organismo que praticou e para outros sujeitos de Direito Internacional.

Ex: resoluções da Assembleia-Geral da ONU, decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Prof: As organizações fazem manifestações de diversas formas

 OBRIGAÇÕES ERGA OMNES

São aquelas a todos impostas, independentemente de aceitação e, por consequência, sem que seja possível objetá-
las.

 CASOS DE SOFT LAW

Retratam hipóteses de declarações, diretrizes ou ajustes internacionais não formalmente vinculadas aos Estados.

Prof: Hipóteses de declarações, ajustes que não vinculam os Estados. Obrigações firmadas entre dois Estados, não
vamos entrar em guerra comercial, por exemplo.

 NORMAS DE JUS COGENS

São normas que contém valores considerados essenciais para a comunidade nacional como um todo, e que, por isso,
possuem superioridade normativa no choque com outras normas. Sobrepõem, inclusive, à vontade dos Estados e
não podem ser derrogadas por tratados ou costumes internacionais.

Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados: Art. 53. É nulo um tratado que, no momento de sua
conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente
Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida
e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

Ex: proibição do uso ilegítimo da força, autodeterminação dos povos, normas cogentes de direitos humanos.
 PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

 SOBERANIA NACIONAL

Prof: A soberania nacional em sua ótica externa, a soberania dos Estados em relação a outros Estados-Nação, a outros
Estados que estão convivendo nessa sociedade internacional. O Estado é soberano para tomar suas decisões, lembra
que uma das correntes para fundamentar porque que obedecemos as regras internacionais, a corrente voluntarista,
que diz que obedecemos por livre e espontânea vontade, porque somos soberanos, se não quisermos nos submeter
as normas internacionais, nós não estaremos vinculados, somos soberanos na tomada de decisões.

 NÃO INTERVENÇÃO

Prof: Durante a formação histórica das nações tínhamos metrópoles que estavam colonizando países... A ideia da
não intervenção ela justamente tem os olhos voltados para nós garantirmos a soberania de uma Nação.

 IGUALDADE JURÍDICA ENTRE OS ESTADOS

Prof: Aqui estamos falando de uma igualdade jurídica formal, formalmente todos os estados devem ser tratados
como iguais, a gente não vai ter desequilíbrio em uma relação entre dois ou mais estados. Sempre que uma corte
internacional for julgar alguma lide entre dois Estados ele vai ter que partir dessa premissa, igualdade juridica entre
os Estados, eu não vou pender para um lado de acordo com a representatividade econômica e política que esse
Estado-Nação tenha dentro da sociedade internacional.

 AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS

Prof: O povo brasileiro são autodetermináveis, eles irão decidir por si próprios os caminhos que irão seguir dentro da
sociedade internacional. A autodeterminação dos povos temos que enxergar também em seu aspecto político,
econômico e em seu aspecto cultural.

 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

Prof: Temos cooperação internacional tanto do âmbito do processo civil quanto no âmbito do processo penal. Por
exemplo: sequestro de crianças, tráfico de drogas, mas não somente na seara do direito penal, na civil também.

 SOLUÇÃO PACÍFICA DAS CONTROVÉRSIAS INTERNACIONAIS

Prof: Esse é um dos princípios mais primitivos do direito internacional. As controvérsias não são necessariamente
conflitos bélicos. Ex: guerra da lagosta, década de 60 – França X Brasil

 PROIBIÇÃO DA AMEAÇA OU DO USO DA FORÇA

Prof: Existe no direito internacional como uma regra máxima essa proibição do uso da força, mas existem as
exceções quando é possível utilizar a força, como, por exemplo, em legitima defesa, repelir uma invasão estrangeira
com o uso da força. Mas a regra é que não se utilize o uso da força e ameaça.

 ESGOTAMENTO DOS RECURSOS INTERNOS ANTES DO RECURSO A TRIBUNAIS INTERNACIONAIS

Prof: Necessidade de exaurimento da via interna, no caso do direito internacional é o esgotamento do recurso
interno antes dos recursos a tribunais internacionais.

 PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Prof: Se houver um conflito relacionado a direitos humanos, aplicamos a norma mais benéfica.

CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS

Artigo 2. A Organização e seus Membros, para a realização dos propósitos mencionados no Artigo 1, agirão de
acordo com os seguintes Princípios:

1. A Organização é baseada no princípio da igualdade de todos os seus Membros.


2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para todos em geral os direitos e vantagens resultantes de sua
qualidade de Membros, deverão cumprir de boa-fé as obrigações por eles assumidas de acordo com a presente
Carta.

3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não
sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.

4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a
integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os
Propósitos das Nações Unidas.

5. Todos os Membros darão às Nações toda assistência em qualquer ação a que elas recorrerem de acordo com a
presente Carta e se absterão de dar auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Unidas agirem de modo preventivo
ou coercitivo.

6. A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam de acordo com esses
Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais.

7. Nenhum dispositivo da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervirem em assuntos que dependam
essencialmente da jurisdição de qualquer Estado ou obrigará os Membros a submeterem tais assuntos a uma
solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas
constantes do Capitulo VII.

Livros: Paulo Henrique Gonçalves Cortela – internacional e Flavia piovezan – direitos humanos

 SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Entes ou entidades cujas condutas estão diretamente previstas pelo Direito Internacional e que tem a possibilidade
de atuar, direta ou indiretamente, perante a sociedade internacional.

São sujeitos do Direito Internacional Público:

1. Estados;

2. Organizações Internacionais;

3. Blocos Regionais;

4. Santa Sé;

5. Insurgentes e Beligerantes;

6. Empresas Transnacionais;

7. Indivíduos.

Personalidade Jurídica Internacional

Prof: Personalidade jurídica internacional significa aptidão para ter direitos e obrigações na ordem internacional.

Prof: A personalidade jurídica internacional em relação aos Estados ela é intrínseca, o Estado a partir do momento que
se constitui como tal, intrinsecamente ele já tem personalidade jurídica internacional. Enquanto que quando se trata
de Organizações Internacionais, temos que ter essa personalidade jurídica internacional explicitamente reconhecida
em seu tratado constitutivo.

 ESTADOS

Possuem personalidade jurídica primária (ou originária);

Elementos constitutivos: povo (elemento humano); território (elemento material) e governo (elemento político);
finalidade (bem comum); Prof: O Estado para ser reconhecido como tal, tem que ter pelos menos esses 3 elementos.
DIREITOS DOS ESTADOS DEVERES DOS ESTADOS

- Direito de existência, defesa e conservação; - Dever de respeitar os outros Estados;

- Direito à autodeterminação; - Dever de não intervenção;

- Direito à igualdade; - Dever de solução pacifica das controvérsias;

- Direito à auto-organização e à administração; - Dever de cooperação internacional.

- Direito de liberdade e soberania em assuntos


internos;

- Direito de não sofrer intervenção externa em


assuntos internos (soberania).

Prof: A natureza jurídica do Estado/Nação é pessoa jurídica de direito internacional.

IMUNIDADE DOS ESTADOS

IMUNIDADE À JURISDIÇÃO

O Estado soberano não poderá, contra a sua vontade, ter seus atos submetidos ao Poder Judiciário de outro Estado
estrangeiro (par in parem non habet judicium/imperium).

Prof: Essa imunidade a jurisdição não é absoluta, para identificarmos se é ou não absoluta, teremos que diferenciar
os atos do Estado.

Contudo, passou a prevalecer o entendimento de que a imunidade absoluta dependeria do tipo de ato praticado pelo
Estado:

a) Ato de império (jure imperium) – aqueles em que o Estado pratica no exercício de suas prerrogativas
soberanas e nos quais continua a gozar da imunidade de jurisdição;

Prof: Quando se trata de atos de império, aí teremos a imunidade de jurisdição garantida, ou seja, atos de império não
são passiveis a submissão, ao controle judicial de outro Estado.

b) Atos de gestão (jure gestionis) – aqueles em que o ente estatal é virtualmente equiparado a um particular
e nos quais não há imunidade de jurisdição;

Prof: No ato de gestão teremos uma imunidade relativa

Prof: Ato de império, por exemplo, decisão do pais em extraditar ou expulsar um estrangeiro. Ato de gestão, por
exemplo, atos relacionados a direito do trabalho, OIT.

IMUNIDADE À EXECUÇÃO

Consiste na prerrogativa dos Estados que veda a tomada de medidas executórias previstas nas normas de determinado
país contra Estados estrangeiros (princípio da inviolabilidade dos bens das missões diplomáticas e consulares).

- A imunidade de execução detém caráter absoluto, pois os bens dos Estados estrangeiros seriam insuscetíveis de
qualquer forma de constrição, salvo no caso de renúncia expressa.

- Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1961) e sobre as Relações Consulares (1963).

 2. ORGANIZAÇOES INTERNACIONAIS

Prof: São sujeitos de direito internacional também.


Entidades criadas por meio de tratados internacionais, compostas por Estados soberanos, dotadas de um aparelho
institucional permanente e de personalidade jurídica própria, com objetivo de tratar de interesses comuns por meio
de cooperação de seus membros;

Possuem personalidade jurídica internacional, sendo assegurado o direito de convenção, por meio do qual podem
celebrar tratados e praticar todos os atos necessários ao cumprimento de seus fins, bem como imunidade de
jurisdição;

Prof: A s organizações internacionais também são dotadas de imunidade de jurisdição.

Características: interestatais; instituídas por um tratado internacional; tem capacidade civil e personalidade jurídica
própria; possuem órgãos próprios, de caráter permanente; Prof: interestatais = vários Estados soberanos
IMUNIDADE DOS ESTADOS IMUNIDADES DAS ORGANIZAÇOES INTERNACIONAIS

- Fundamento no princípio da igualdade; - Fundamento em documento escrito (tratado


internacional)
- Natureza relativa (não abarca atos de gestão)
- Natureza absoluta.

Prof: A imunidade dos Estados se fundamenta no princípio da igualdade, ela não precisa está prevista em lugar
nenhum, não precisa estar positivada. Enquanto que a imunidade das organizações internacionais tem que estar
prevista no Tratado Internacional. A imunidade dos Estados tem natureza relativa, enquanto as organizações terão
imunidade natureza absoluta, porém uma organização internacional por livre e espontânea vontade se quiser abrir
mão da imunidade pode.

 BELIGERANTES, INSURGENTES E MOVIMENTOS DE LIBERTAÇAO NACIONAL

BELIGERANTES – grupos armados que tem como finalidade a modificação da ordem política em vigor e tem como
importante característica o controle de uma parte do território. Ex.: Estado Islâmico

- Dois efeitos jurídicos do reconhecimento de um grupo como beligerantes: i) incidência das normas do direito
internacional humanitário; ii) isenção ou liberação do Estado pelos atos praticados pelos beligerantes;

INSURGENTES – diferem dos beligerantes por não terem controle do território e possuírem uma localização mais
específica (como uma guarnição militar);

Prof: Tanto beligerantes como insurgentes são grupos armados que tem como finalidade a modificação de um status
quo, da ordem política em vigor. São grupos armados com o objetivo de contestar o status quo, porém a diferença
entre os dois se dá no grau da extensão.

Os grupos beligerantes tem como característica essencial o controle territorial, não necessariamente o
controle de todo território, mas controle de parte do território. Ex: Estado Islâmico. Porque é importante
reconhecer esses grupos como sujeito independente? Primeiro a incidência de normas de direito internacional
humanitário, e segundo a partir do momento que se reconhece o grupo como sujeito de direito internacional,
vamos distinguir os atos desse grupo dos atos do País em que ele está.

Os grupos insurgentes são um degrau para se tornar beligerante. Os insurgentes não possuem controle de
território.

MOVIMENTOS DE LIBERTAÇAO NACIONAL – grupos armados que lutam contra potencias colonizadoras, ocupação
estrangeira e regimes racistas. Ex: Organização para Libertação Nacional da Palestina;

Prof: Não é toda doutrina que trata de movimentos de libertação nacional como sujeitos de direito internacional.
Também são grupos armados que lutam contra potencias colonizadoras, ocupação estrangeira, regimes racistas, uma
causa nobre por trás, por exemplo, movimentos contra o apartheid.
Paulo Henrique Gonçalves Cortela - Livro

 SANTA SÉ

Prof: A Santa Sé não é considerada Estado e ela também não pode ser enquadrada como organização internacional,
ela é um sujeito de direito internacional sui generis, que representa a expressão jurídica internacional da Igreja
Católica. A personalidade jurídica da Santa Sé é uma espécie de microestado, mas não um microestado propriamente
dito.

Órgão de cúpula da Igreja Católica Apostólica Romana;

Espécie de microestado;

Personalidade jurídica reconhecida pelo Direito Internacional.

 INDIVÍDUOS E EMPRESAS TRANSNACIONAIS

Não são reconhecidos pela doutrina tradicional como sujeitos de Direito Internacional.

Prof: De uns tempos para cá começou-se a atribuir a esses indivíduos personalidade jurídica de direito internacional,
mas hoje isso ainda está em construção.

 TRATADOS INTERNACIONAIS

CONCEITO

Convenção de Viena/1969/Artigo 2: a) “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados
e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos,
qualquer que seja sua denominação específica;

Prof: A Convenção de Viena fala de acordo entre Estados, mas a doutrina, como já estudamos, amplia o rol de sujeitos
internacionais.

 ELEMENTOS

a) Voluntariedade – resulta do acordo de vontades de dois ou mais sujeitos de Direito Internacional; (Prof: uma
vez que demanda uma adesão voluntária do Estado aderir ou não aquele tratado).
b) Formalidade – acordo formal, reduzido por escrito e com contornos bem definidos; (Prof: o tratado tem que
ser firmado por instrumento escrito).
c) Regulamentação pelo Direito Internacional Público – implica a observância dos procedimentos e práticas
estabelecidas pela comunidade internacional; (Prof: Não há que se falar em tratado internacional onde irá
aplicar tão somente o direito de determinado país).
d) Efeitos jurídicos – como a obrigatoriedade de cumprimento (pacta sunt servanda). (Prof: tem efeitos jurídicos,
e um dos efeitos mais clássicos é o pacta sunt servanda).

Prof: A CF/88 trata do Tratado Internacional em diversos momentos. E a CF/88 traz uma espécie especifica de Tratado
Internacional, que passou a ser previsto no ordenamento brasileiro a partir da emenda 45 de 2004, que é a emenda
da reforma do judiciário.

Tratados Internacionais de direitos humanos (requisito material) que forem aprovados obedecendo o mesmo
procedimento da emenda constitucional (requisito formal) serão equivalentes as emendas constitucionais. A partir da
leitura da CF temos dois tipos de tratados: o tratado internacional que se equivale a um lei ordinária federal e o tratado
internacional que se equivale a emenda constitucional, porém vamos ter uma terceira modalidade, quando um tratado
de direitos humanos não for aprovado pelo procedimento especifico da emenda, esse tratado terá natureza juridica
de supralegalidade, não podemos tratar esse tratado como comum, porque é de direitos humanos, mas não podemos
tratar como emenda a CF, porque não foi aprovado como tal. Está abaixo da CF, mas está acima das lei ordinárias,
acima da lei mas abaixo da CF.

1. Tratado internacional comum equipara-se a lei ordinária federal


2. Tratado internacional de direitos humanos aprovado nos moldes da emenda a CF.
3. Tratado internacional de direitos humanos que não é aprovado como a emenda, mas vai ser um tratado
supralegal.

Sumula vinculante n° 25 – STF

Esse caráter supralegal do tratado devidamente ratificado e internalizado na ordem jurídica brasileira — porém não submetido ao
processo legislativo estipulado pelo art. 5º, § 3º, da CF/1988 — foi reafirmado pela edição da Súmula Vinculante 25, segundo a qual
“é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”. Tal verbete sumular consolidou o
entendimento deste Tribunal de que o art. 7º, item 7, da CADH teria ingressado no sistema jurídico nacional com status supralegal,
inferior à CF/1988, mas superior à legislação interna, a qual não mais produziria qualquer efeito naquilo que conflitasse com a sua
disposição de vedar a prisão civil do depositário infiel. Tratados e convenções internacionais com conteúdo de direitos humanos, uma
vez ratificados e internalizados, ao mesmo passo em que criam diretamente direitos para os indivíduos, operam a supressão de
efeitos de outros atos estatais infraconstitucionais que se contrapõem à sua plena efetivação.

 CLASSIFICAÇAO DOS TRATADOS

a) Quanto ao número de partes – bilaterais; multilaterais; (Prof: Bilateral quando tem dois sujeitos celebrando e
multilateral tem que ter no mínimo três)
b) Quanto ao procedimento – celebrados de forma solene; celebrados de forma simplificada; (Prof: Solene = exige
a participação do poder legislativo, e simplificado = não exige a aprovação do poder legislativo)
c) Quanto à natureza das normas – tratados-contrato; tratados-lei; (Prof: no tratado-contrato há direitos e
obrigações para ambas as partes, esse contrato é sinalagmático. Por outro lado, o tratado-lei criam normas gerais
de direito internacional público objetivamente válidas, sem previsão de contraprestação especifica por parte dos
Estados).
d) Quanto à execução no tempo – estáticos; dinâmicos; (Prof: estáticos são aqueles cuja execução é imediata, os
efeitos irão se esgotar instantaneamente. Já o dinâmico sua execução será diferida no tempo, se prolonga no
tempo).
e) Quanto à possibilidade de adesão – abertos; fechados. (Prof: fechado não admitem nova adesão de terceiros
posteriormente, enquanto o aberto está aberto a novas adesões).

 CONDIÇOES DE VALIDADE

a) CAPACIDADE DE SER PARTE – pessoas com personalidade jurídica de Direito Internacional: Estados; organizações
internacionais; Santa Sé; beligerantes e insurgentes. Alguns países admitem possibilidade de os Estados-membros
celebrarem tratados. No Brasil, não se admite tal possibilidade;

Prof: O sujeito deve ter personalidade jurídica internacional, aptidão para celebrar tratados. No Brasil a UNIÃO pode
ser pessoa juridica de direito internacional e também pode ser pessoa jurídica de direito interno. É possível Estados,
Munícipios e DF celebrar tratados internacionais? NÃO, porque são pessoas jurídicas de direito interno, no nosso
ordenamento não se admite a celebração de tratados pelos entes federativos que não a UNIÃO. Os Estados,
Municípios e DF podem celebrar contratos internacionais, contrato comercial, por exemplo, uma aquisição de uma
vacina.

b) HABILITAÇÃO DOS AGENTES – treaty making power.

Art. 7º. Plenos Poderes.

1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou
para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se: a) apresentar plenos poderes apropriados;
ou b) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar
essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes.

2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados


representantes do seu Estado: a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores,
para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado; b) os Chefes de missão diplomática, para a
adoção do texto de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados; c) os
representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização internacional ou um de seus
órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferencia, organização ou órgão.

OBS: O agente que vai representar o Estado na celebração do tratado deve ter uma carta de plenos poderes (é o
PLENIPOTENCIÁRIO).

Prof: Todo tratado internacional para ser incorporado no direito interno é necessário determinado decreto.

c) OBJETO LÍCITO E POSSÍVEL – O conteúdo do tratado não pode contrariar o jus cogens, sob pena de nulidade.

Art. 53. Tratado em conflito com uma norma imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens). É nulo um
tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para
os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida
pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e
que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

d) CONSENTIMENTO REGULAR – consentimento livre e isento de vícios (vide arts. 48 a 52 da Convenção – casos de
Erro, Dolo, Corrupção de Representante, Coação de Representante e Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego
de Força).

A QUESTÃO DA RATIFICAÇÃO IMPERFEITA

RATIFICAÇAO IMPERFEITA – É o consentimento dado pelo Estado com violação a uma norma interna de competência.
(Prof: existem situações em que o Estado vai consentir com a celebração de determinado tratado, mas ele está
celebrando o tratado violando uma norma interna de competência para celebrar o tratado. Em regra essa ratificação
imperfeita não tem o condão de fazer com que o Estado não precise cumprir determinado tratado, mas há exceções:

A ratificação imperfeita desobriga o Estado de cumprir o Tratado se presentes dois requisitos:

1) Violação manifesta;

2) Violação que diga respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental.

Art. 46. Disposições do Direito Interno sobre Competência para Concluir Tratados

1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação
de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse
manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental.

2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de
conformidade com a prática normal e de boa fé.

 PROCESSO DE ELABORAÇAO DOS TRATADOS

São 5 fases:

1ª. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES – atos de negociação; aprovação; e autenticação;

2ª. ASSINATURA – manifestação provisória de consentimento e confere os seguintes efeitos jurídicos: impossibilidade
de alteração unilateral do texto e a vedação de prática de atos que frustrem o tratado;

3ª. RATIFICAÇÃO – ato pelo qual a pessoa internacional manifesta seu consentimento definitivo. Ato do Poder
Executivo, discricionário, expresso e irretratável; (Uma vez que houve a ratificação de um tratado, o sujeito não pode
voltar atrás).
4ª. VIGÊNCIA INTERNACIONAL – pode ocorrer imediatamente após a ratificação (vigência contemporânea) ou após
uma vacatio legis (vigência diferida).

Aplicação provisória de tratados – Art. 25 – A República Federativa do Brasil apresentou uma reserva ao artigo.

Prof: Esse artigo diz que o tratado ou parte do tratado aplica-se provisoriamente enquanto não entra em vigor,
possibilidade de aplicação do tratado mesmo sem entrar em vigor. O Brasil quando incorporou a Convenção de Viena
fez uma reserva expressa a esse artigo 25, sendo assim esse artigo não se aplica ao Brasil.

5ª. REGISTRO E PUBLICIDADE – fase de encerramento do processo de elaboração dos tratados.

Art. 102, Carta das Nações Unidas.

1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquer Membro das Nações Unidas depois da
entrada em vigor da presente Carta, deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e publicados
pelo Secretariado.

2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não tenha sido registrado de
conformidade com as disposições do parágrafo 1 deste Artigo poderá invocar tal tratado ou acordo perante
qualquer órgão das Nações Unidas.

Assim, a ONU possui um sistema de registro de tratados (há vários sistemas de registro de tratados como, por exemplo,
o da OEA). Se o tratado não estiver registrado na Secretaria-Geral da ONU, não poderá ser invocado perante tal
organização internacional.

 TRATADOS NO DIREITO BRASILEIRO

Como se dá o processo de incorporação de um tratado internacional no direito interno?

DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS

Art. 21. Compete à União:

I – manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional.

FASES DO PROCESSO DE INCORPORAÇAO DOS TRATADOS AO DIREITO INTERNO

Prof: Para o tratado internacional ter vigência no âmbito interno, ser aplicado pelo direito brasileiro, é necessário o
cumprimento de 5 fases:

1ª. Exposição de motivos – após a assinatura, o ministro das Relações Exteriores encaminha uma exposição de motivos
ao Presidente da República; Prof: Após a assinatura do tratado o Ministro das Relações Exteriores encaminha uma
exposição de motivos ao Presidente, essa exposição de motivos é basicamente o porquê é importante esse tratado
internacional ser incorporado no direito interno. Como o Presidente assinou o Tratado, essa exposições de motivos
não é para convencê-lo, mas sim convencer o Congresso Nacional, mostrar ao Congresso Nacional a importância da
incorporação do Tratado.
2ª. Mensagem – O Presidente da República recebe a Exposição de Motivos e encaminha mensagem ao Congresso
Nacional;

3ª. Decreto Legislativo – inicia-se o processo de votação do tratado no Congresso Nacional (primeiro, Câmara dos
Deputados; após, Senado Federal). O quórum, em regra, é simples. Aprovado o tratado, edita-se um Decreto
Legislativo; Prof: Chegou no Congresso a mensagem com a exposição de motivos, o que o Congresso vai fazer? Vai
iniciar o processo de votação deste Tratado Internacional. Caso seja aprovado o Tratado o Congresso vai editar um
decreto legislativo. OBS: se for tratado internacional de direitos humanos pode ter a exigência de aprovação de 3/5
do Congresso para que ele seja incorporado como emenda.

4ª. Ratificação – Após, pode haver a ratificação pelo Presidente da República; Prof: Após todo esse processo, uma vez
aprovado mediante decreto legislativo, teremos a ratificação do Tratado pelo Presidente da República. Essa ratificação
é ato discricionário do Presidente, de soberania, ele pode ratificar ou não, e não cabe veto do Congresso após a
ratificação.

5ª. Decreto de Execução – Ao fim, o Presidente da República expede um Decreto de Execução.

Prof: Uma vez elaborado o Tratado Internacional ele automaticamente deve ser observado no Brasil? Não, porque
precisamos incorporar esse Tratado no Direito Interno através de um procedimento composto também por essas 5
etapas.

HIERARQUIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS NO BRASIL

a) TRATADOS COMUNS – hierarquia legal (lei ordinária).


b) TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS – hierarquia supralegal. Contudo, se aprovados nos moldes do
procedimento estabelecido no art. 5º, §3º da CF/88, equivalem às Emendas Constitucionais.
c) TRATADOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO – Para o STJ, tem hierarquia supralegal. O tema está sendo discutido no
STF (RE 460.320, Rel. Min. Gilmar Mendes), com voto favorável pela hierarquia supralegal (acompanhar
conclusão da votação).

Art. 98, CTN. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e
serão observados pela que lhes sobrevenha.

Prof: Em regra, os tratados comuns terão a mesma hierarquia de uma lei. Porém no artigo 98 diz que um tratado de
direito tributário irá revogar ou modificar legislação interna, isso quer dizer que o tratado de direito tributário é uma
norma supralegal? Isso chegou ao STJ e o STJ disse que sim, que os tratados de direito tributário tem hierarquia
supralegal. Já o STF ainda está discutindo essa questão, e o relator Gilmar Mendes concorda com o STJ. Teremos que
aguardar a conclusão desse processo para saber.

 ADESÃO AO TRATADO

Ato pelo qual uma pessoa internacional que não participou da elaboração de um tratado ingressa nele. Possível apenas
para tratados multilaterais abertos.

Prof: é possível que um sujeito de direito internacional não tenha participado do processo de elaboração do
tratado internacional e posteriormente ele queira ingressar. Mas lembrando que existe os tratados internacionais
abertos e os tratados fechados, só é possível adesão em tratados abertos multilaterais.

 RESERVAS

Prof: Reserva é quando o Estado/Nação vai ingressar no tratado, mas vai se reservar a não cumprir determinadas
cláusulas.

Ato pelo qual a pessoa internacional exclui ou altera o sentido de determinadas cláusulas convencionais. Há duas
espécies de reservas:
a) EXCLUSIVAS – são aquelas em que a parte afirma que não quer se submeter à determinada cláusula;

b) INTERPRETATIVAS – são aquelas em que a parte afirma que só admite a cláusula se for a ela atribuído
determinado sentido.

TRATADOS QUE NÃO ADMITEM RESERVA

a) Quando o próprio tratado veda qualquer reserva;

b) Quando o tratado admite apenas determinadas reservas;

c) Reservas incompatíveis com o objeto e a finalidade do tratado;

d) Tratados bilaterais. Prof: se é um tratado de duas partes e uma das partes se reserva a não cumprir, aquela
regra deixa de existir, porque ela não vai ser válida só para um.

 EMENDAS

Prof: A emenda é justamente o instrumento, a forma pelo qual as pessoas internacionais irão modificar o texto de um
tratado. É possível o tratado internacional ter emenda? SIM

Meios pelos quais as pessoas internacionais modificam o texto de um tratado.

A Convenção de Viena sobre Direito do Tratados adotou o sistema do duplo regime jurídico.

Prof: Todo estado que possa ser parte em um tratado, poderá igualmente ser parte do tratado emendado, o acordo
de emenda não vincula os Estados que já são partes no tratado e que não se tornaram partes no acordo de emenda.
Temos a possibilidade de um Estado que estava integrando o tratado internacional não aceitar aquela emenda, nesse
caso vamos ter dois textos vigorando, o tratado internacional originário e o tratado internacional emendado. O estados
que não concordarem com a emenda irão cumprir o tratado internacional originário e os estados que concordaram
com emenda irão cumprir o tratado internacional emendado, por isso vamos dizer que é um sistema do duplo regime
jurídico, vai haver a manutenção dos dois tratados. Se todos concordarem com a emenda o tratado originário deixa
de existir.

Art. 40. Emenda de Tratados Multilaterais

1. A não ser que o tratado disponha diversamente, a emenda de tratados multilaterais reger-se-á pelos parágrafos
seguintes.

2. Qualquer proposta para emendar um tratado multilateral entre todas as partes deverá ser notificada a todos
os Estados contratantes, cada um dos quais terá o direito de participar:

a) na decisão quanto à ação a ser tomada sobre essa proposta;

b) na negociação e conclusão de qualquer acordo para a emenda do tratado.

3. Todo Estado que possa ser parte no tratado poderá igualmente ser parte no tratado emendado.

4. O acordo de emenda não vincula os Estados que já são partes no tratado e que não se tornaram partes no
acordo de emenda (...);

5. Qualquer Estado que se torne parte no tratado após a entrada em vigor do acordo de emenda será
considerado, a menos que manifesta intenção diferente:

a) parte do tratado emendado;


b) Parte do tratado não emendado em relação às partes no tratado não vinculadas pelo acordo de emenda.

 EFEITOS DOS TRATADOS

Os tratados produzem, em regra, efeitos em relação aos pactuantes.

Art. 34. Regra Geral com Relação a Terceiros Estados

Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento.

É possível que os tratados produzam efeitos em relação a terceiros nos seguintes casos:

a) Tratados que regulam situações jurídicas objetivas - exemplo: tratado que fixa limites territoriais;

b) Tratado anterior que vincula uma das partes – exemplo: “cláusula da nação mais favorecida”;

c) Previsão de deveres (art. 35 da Convenção) e previsão de direitos (art. 36 da Convenção).

Artigo 35. Tratados que Criam Obrigações para Terceiros Estados Uma obrigação nasce para um terceiro
Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por
meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa obrigação.

Artigo 36. Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados

1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem
a intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a um terceiro Estado, quer a um grupo de
Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o terceiro Estado nisso consentir. Presume-se o seu
consentimento até indicação em contrário, a menos que o tratado disponha diversamente.

2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o exercício desse direito,
as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com o tratado.

 DURAÇAO DOS TRATADOS

a) Tratados de vigência estática – produzem os seus efeitos instantaneamente, embora tais efeitos continuem se
perpetuando durante o tempo. Ex: tratados que fixam limites territoriais;

b) Tratados de vigência dinâmica – produzem obrigações no decurso do tempo, uma vez que há obrigações a serem
cumpridas. Podem ser: por prazo indeterminado; ou por prazo determinado.

 INTERPRETAÇAO DOS TRATADOS

Os tratados internacionais devem ser interpretados de boa-fé, observando-se o sentido comum de seus termos, o seu
contexto e atentando para a sua finalidade.

ARTS. 31 E 32, DA CONVENÇAO DE VIENA SOBRE DIREITO DOS TRATADOS

- Regra geral de interpretação


- Meios suplementares de interpretação

 SUSPENSAO E EXTINÇAO DOS TRATADOS

SUSPENSAO

Prof: O tratado fica suspenso, ele não está extinto, continua existindo, mas com os efeitos sobrestados, enquanto
suspenso ele não estará produzindo os seus efeitos.
Sobrestamento de efeitos dos tratados. Hipóteses:

a) POR PREVISÃO CONVENCIONAL (ART. 57, a)

Prof: As próprias partes dentro de seu livre convencimento, de sua liberdade, vai trazer a previsão de sua
suspensão. Previsão convencional porque a suspensão está prevista na própria convenção. As partes acordam
que em determinadas situações os efeitos do tratados serão suspensos. Ex: previsão no tratado de que será
suspenso para o Estado/Nação que estiver em guerra.

Art. 57. A execução de um tratado em relação a todas as partes ou a uma parte determinada pode ser
suspensa: a) de conformidade com as disposições do tratado; ou

b) POR VONTADE DAS PARTES (ART. 57, b)

Prof: imagine um tratado multilateral e as partes querem trazer a possibilidade de suspensão por vontade das
partes.

Art. 57(...) b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os outros
Estados contratantes

c) POR VONTADE DE ALGUMAS DAS PARTES (ART. 58)

Prof: Imagine um tratado multilateral, mas dessa vez não são todas as partes contratantes que querem
suspender, apenas dois ou mais, mas que irão suspender apenas entre si.

Art. 58. Duas ou mais partes num tratado multilateral podem concluir um acordo para suspender
temporariamente, e somente entre si, a execução das disposições de um tratado se:

a) a possibilidade de tal suspensão estiver prevista pelo tratado; ou

b) essa suspensão não for proibida pelo tratado e:

i) não prejudicar o gozo, pelas outras partes, dos seus direitos decorrentes do tratado nem o
cumprimento de suas obrigações

ii) não for incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.

2. Salvo se, num caso previsto no parágrafo 1 (a), o tratado dispuser diversamente, as partes em questão
notificarão às outras partes sua intenção de concluir o acordo e as disposições do tratado cuja execução
pretendem suspender.

d) POR CONCLUSÃO DE TRATADO POSTERIOR (ART. 59)

Art. 59. 2. Considera-se apenas suspensa a execução do tratado anterior se se depreender do tratado
posterior, ou ficar estabelecido de outra forma, que essa era a intenção das partes.

e) POR VIOLAÇÃO SUBSTANCIAL DO TRATADO (ART. 60)

Prof: é possível o sobrestamento de um tratado internacional se houver violação substancial.

Art. 60. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a invocar
a violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no todo ou em parte.

OBS: o rompimento de relações consulares ou diplomáticas não geram a suspensão do tratado, a não ser que estas
relações sejam indispensáveis para o cumprimento do tratado.
Prof: Se há um rompimento das relações consulares e essa relação consular é essencial, imprescindível para o
cumprimento do tratado, não temos como sustentar o cumprimento desse tratado, é mais uma hipótese de suspensão
do tratado internacional.

Art. 63. Rompimento de relações diplomáticas e consulares

O rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um tratado não afetará as relações jurídicas
estabelecidas entre elas pelo tratado, salvo na medida em que a existência de relações diplomáticas ou consulares for
indispensável à aplicação do tratado.

EXTINÇAO

Prof: finalização do tratado, ou seja, retirar do mundo jurídico, ele não mais produzirá efeitos.

Há extinção dos tratados nas seguintes hipóteses:

a) POR PREVISÃO CONVENCIONAL (ART. 54, a)

Prof: Previsão na convenção prevendo a extinção.

Art. 54. A extinção de um tratado ou a retirada de uma das partes pode ter lugar: a) de conformidade com as
disposições do tratado; ou

b) POR VONTADE DAS PARTES (ART. 54, b)

Prof: Extinção de um tratado por vontade das partes

Art. 54 (...) b) a qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os outros
Estados contratantes.

c) DENÚNCIA OU RETIRADA (ART. 56) – a retirada de um tratado depende de um pré-aviso de 12 meses e,


durante este período, é retratável. A denúncia ou retirada não é cabível:

1. em tratados de vigência estática;

2. em tratados normativos de elevado valor social e moral;

3. em tratados que não preveem esta possibilidade;

Prof: Durante esses 12 meses de pré-aviso a parte pode se retratar.

Art. 56. 1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou
retirada, não é suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que:

a) Se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou retirada; ou

b) Um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado.

2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou
de se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1.

d) POR CONCLUSÃO DE TRATADO POSTERIOR (ART. 59)

Art. 59. 1. Considerar-se-á extinto um tratado se todas as suas partes concluírem um tratado posterior sobre
o mesmo assunto e:
a) resultar do tratado posterior, ou ficar estabelecido por outra forma, que a intenção das partes foi regular o
assunto por este tratado; ou

b) as disposições do tratado posterior forem de tal modo incompatíveis com as do anterior, que os dois
tratados não possam ser aplicados ao mesmo tempo.

e) POR VIOLAÇÃO SUBSTANCIAL DO TRATADO (ART. 60)

Art. 60. 1. Uma violação substancial de um tratado bilateral por uma das partes autoriza a outra parte a invocar
a violação como causa de extinção ou suspensão da execução de tratado, no todo ou em parte.

2. Uma violação substancial de um tratado multilateral por uma das partes autoriza:

a) as outras partes, por consentimento unânime, a suspenderem a execução do tratado, no todo ou em parte,
ou a extinguirem o tratado, quer:

i) nas relações entre elas e o Estado faltoso;

ii) entre todas as partes;

b) uma parte especialmente prejudicada pela violação a invocá-la como causa para suspender a execução do
tratado, no todo ou em parte, nas relações entre ela e o Estado faltoso;
c) qualquer parte que não seja o Estado faltoso a invocar a violação como causa para suspender a execução
do tratado, no todo ou em parte, no que lhe diga respeito, se o tratado for de tal natureza que uma violação
substancial de suas disposições por parte modifique radicalmente a situação de cada uma das partes quanto
ao cumprimento posterior de suas obrigações decorrentes do tratado.

f) IMPOSSIBILIDADE SUPERVENIENTE DE CUMPRIMENTO (ART. 61)

Art. 61. 1. Uma parte pode invocar a impossibilidade de cumprir um tratado como causa para extinguir o
tratado ou dele retirar-se, se esta possibilidade resultar da destruição ou do desaparecimento definitivo de
um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. Se a impossibilidade for temporária, pode ser invocada
somente como causa para suspender a execução do tratado.

2. A impossibilidade de cumprimento não pode ser invocada por uma das partes como causa para extinguir
um tratado, dele retirar-se, ou suspender a execução do mesmo, se a impossibilidade resultar de uma violação,
por essa parte, quer de uma obrigação decorrente do tratado, quer de qualquer outra obrigação internacional
em relação a qualquer outra parte no tratado.

g) MUDANÇA FUNDAMENTAL DAS CIRCUNSTÂNCIAS (ART. 62)

Art. 62. 1. Uma mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes no momento da
conclusão de um tratado, e não prevista pelas partes, não pode ser invocada como causa para extinguir um
tratado ou dele retirar-se, salvo se:

a) a existência dessas circunstâncias tiver constituído uma condição essencial do consentimento das partes
em obrigarem-se pelo tratado; e

b) essa mudança tiver por efeito a modificação radical do alcance das obrigações ainda pendentes de
cumprimento em virtude do tratado.

2. Uma mudança fundamental de circunstâncias não pode ser invocada pela parte como causa para extinguir
um tratado ou dele retirar-se:

a) se o tratado estabelecer limites; ou


b) se a mudança fundamental resultar de violação, pela parte que a invoca, seja de uma obrigação decorrente
do tratado, seja de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra parte no tratado.

3. Se, nos termos dos parágrafos anteriores, uma parte pode invocar uma mudança fundamental de
circunstâncias como causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, pode também invocá-la como causa
para suspender a execução do tratado.

h) SUPERVENIÊNCIA DE JUS COGENS (ART. 65)

Superveniência de jus cogens que contrarie o objeto do tratado internacional. Jus cogens é aquela norma de
caráter elevado.

Art. 65. 1. Uma parte que, nos termos da presente Convenção, invocar quer um vício no seu consentimento
em obrigar-se por um tratado, quer uma causa para impugnar a validade de um tratado, extingui-lo, dele
retirar-se ou suspender sua aplicação, deve notificar sua pretensão às outras partes. A notificação indicará a
medida que se propõe tomar em relação ao tratado e as razões para isso.

2. Salvo em caso de extrema urgência, decorrido o prazo de pelo menos três meses contados do recebimento
da notificação, se nenhuma parte tiver formulado objeções, a parte que fez a notificação pode tomar, na forma
prevista pelo artigo 67, a medida que propôs.

3. Se, porém, qualquer outra parte tiver formulado uma objeção, as partes deverão procurar uma solução
pelos meios previstos, no artigo 33 da Carta das Nações Unidas.

4. Nada nos parágrafos anteriores afetará os direitos ou obrigações das partes decorrentes de quaisquer
disposições em vigor que obriguem as partes com relação à solução de controvérsias.

5. Sem prejuízo do artigo 45, o fato de um Estado não ter feito a notificação prevista no parágrafo 1 não o
impede de fazer tal notificação em resposta a outra parte que exija o cumprimento do tratado ou alegue a sua
violação.

 DA NACIONALIDADE

CONCEITO – Vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um Estado/Nação.

 ESPÉCIES

NACIONALIDADE ORIGINÁRIA (OU ATRIBUÍDA OU PRIMÁRIA) – determinada por um fato relacionado ao nascimento
e tem três critérios principais:

- Jus soli - a nacionalidade é determinada pelo local de nascimento;


- Jus sanguinis – a nacionalidade é determinada pela ascendência da pessoa; (Prof: vinculo de sangue)
- Misto – combina os critérios jus soli e jus sanguinis.

NACIONALIDADE DERIVADA (OU ADQUIRIDA OU SECUNDÁRIA) – determinada por um fato posterior ao nascimento;

- Naturalização – quando adquirida por meio de um processo de naturalização;


- Casamento – modalidade atualmente em desuso; (Prof: No direito brasileiro não temos essa hipótese de
aquisição de naturalização/da nacionalidade pelo casamento).

Vínculo funcional – é o que acontece, por exemplo, com o Vaticano. (Prof: Hipótese doutrinária)

- Transformações territoriais – em situações de anexação, fusão, desmembramento de um Estado/Nação;


- Nacionalização unilateral – imposta pelo Estado, também denominada de grande naturalização. (Prof: É
exceção, a regra é ter um processo de naturalização).
 NACIONALIDADE BRASILEIRA ORIGINÁRIA

CF/Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço
de seu país; (critério do jus soli, excepcionado pelo jus sangunis);

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República
Federativa do Brasil; (critério do jus sanguinis);

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (critério do jus sanguinis).

- 1ª hipótese: registro em repartição consular;

- 2ª hipótese: opção pela nacionalidade brasileira originária.

 NACIONALIDADE BRASILEIRA DERIVADA

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa
apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Art. 64, Lei da Migração. A naturalização pode ser:

I – ordinária;

II – extraordinária;

III – especial;

IV – provisória.

NATURALIZAÇAO ORDINÁRIA

Art. 65 da Lei de Migração – concedido para as pessoas que preencherem os requisitos legais, que são:

- Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;


- Ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos; (Prof: Esse requisito não está na CF, essa
lei ordinária que trouxe, e a própria lei de imigração vai trazer uma possibilidade de encurtamento desse prazo
de 4 anos, no artigo 66).

Segundo o art. 66, o prazo de residência poderá ser reduzido para até 1 ano se o naturalizando preencher
quaisquer das seguintes condições: ter filho brasileiro; ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar
dele separado legalmente ou de fato no momento da concessão da naturalização; haver prestado ou poder
prestar serviço relevante ao Brasil; ou recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística;
- Comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e
- Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

OBS: O ato de concessão da naturalização ordinária é discricionário. (Prof: Se o estrangeiro preencher todos esses
requisitos, é um direito subjetivo dele ter a naturalização ordinária caso ele solicite? NÃO, a concessão da
naturalização ordinária é um ato discricionário, será analisada a oportunidade e conveniência).

NATURALIZAÇAO EXTRAORDINÁRIA

Art. 67 da Lei de Migração – concedida a pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira. (Prof: Essa hipótese de
naturalização extraordinária está prevista na CF).

OBS: Seu ato de concessão é um ato vinculado. (Prof: O ato de concessão da naturalização extraordinária é um ato
vinculado, não há avaliação de critérios de conveniência e oportunidade).

O STF firmou entendimento no sentido de que o ato de concessão da naturalização extraordinária tem natureza
declaratória e os seus efeitos retroagem à data do requerimento. (Prof: apenas declara algo preexistente).

NATURALIZAÇAO ESPECIAL

Art. 68 da Lei de Migração – concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações:

- Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade
ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior;
- Seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10
anos ininterruptos.

Os requisitos para a concessão da naturalização especial são (art. 69):

- Ter capacidade civil, segundo a lei brasileira;


- Comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando;
- Não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei.

NATURALIZAÇAO PROVISÓRIA

Art. 70 da Lei de Migração – Poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência
em território nacional antes de completar 10 anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu
representante legal.

Os requisitos para a concessão da naturalização provisória são:

- Fixação de residência em território nacional antes de completar 10 anos de idade;


- Requerimento por intermédio de seu representante legal.

Prof: Provisória porque tem um determinado lapso temporal, mas essa naturalização pode ser convertida em
definitiva.

OBS: A naturalização provisória poderá ser convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o
requerer no prazo de dois anos após atingida a maioridade.

 PROCESSO DE NATURALIZAÇAO (Art. 71 e 72 da Lei de Migração)


Art. 71. O pedido de naturalização será apresentado e processado na forma prevista pelo órgão competente do Poder Executivo,
sendo cabível recurso em caso de denegação. § 1º No curso do processo de naturalização, o naturalizando poderá requerer a
tradução ou a adaptação de seu nome à língua portuguesa. § 2º Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado
associado ao nome anterior. Art. 72. No prazo de até 1 (um) ano após a concessão da naturalização, deverá o naturalizado
comparecer perante a Justiça Eleitoral para o devido cadastramento.

- O pedido de naturalização será apresentado e processado na forma prevista pelo órgão competente do
Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso de denegação; (Prof: princípio da ampla defesa e
contraditório em caso de denegação).
- No prazo de até um ano após a concessão da naturalização, deverá o naturalizado comparecer perante a
Justiça Eleitoral para o devido cadastramento;
- A naturalização produz efeitos após a publicação do ato de naturalização no Diário Oficial. (Prof: A lei de
imigração simplificou bastante o processo de naturalização)

OBS: Após a naturalização, prevalece a regra da igualdade de tratamento entre brasileiro nato e naturalizado, salvo
as hipóteses constitucionais, que são: (Prof: distinções entre brasileiro nato e naturalizado)

a) Distinção referente à extradição (art. 5, LI e LII, CF/88); (Prof: brasileiro nato não pode ser extraditado*,
mas naturalizado pode ser extraditado nessas hipóteses: se praticado crime comum antes da naturalização
(depois da naturalização não pode ser extraditado) e se se envolver em tráfico ilícito a qualquer tempo).

Prof: * De acordo com o STF o brasileiro nato não pode ser extraditado, porém ele pode perder sua
nacionalidade, e se ele perde a nacionalidade deixa de ser brasileiro nato e passará a poder ser extraditado).

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII -
não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

b) Distinção relacionada aos cargos privativos de brasileiro nato (art. 12, §3, CF/88);

Art. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente
da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da
carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa.

c) Distinção relacionada ao cancelamento da naturalização (art. 12, §4, CF/88);

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; (Prof: essa situação só se aplica ao brasileiro
naturalizado). II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

d) Distinção relacionada à propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens


(art. 222, CF/88).

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros
natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
sede no País.

Prof: Igualdade de direitos entre brasileiro nato e naturalizado: em regra tudo que o brasileiro nato tem direito o
naturalizado também. A CF, entretanto, traz algumas exceções, e apenas a CF pode excepcionar.

 PERDA DA NACIONALIDADE

PERDA-SANÇAO (Art. 12, §4, I, CF/88)


§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

Prof: Há possibilidade de cancelamento da naturalização caso o brasileiro naturalizado pratique uma atividade
nociva ao interesse nacional. Esta sentença só produzirá os seus efeitos após o transito em julgado, só após o
transito em julgado da sentença judicial é que podemos falar que houve definitivamente o cancelamento da
naturalização.

PERDA – MUDANÇA (Art. 12, §4, II, CF/88)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

Prof: Se houver imposição de naturalização o sujeito manterá as duas nacionalidades. Mas se não há a exigência de
que o sujeito adquira a outra nacionalidade, e o sujeito ainda assim o fez, haverá a perda da nacionalidade.

OBS:

As hipóteses de perda da nacionalidade são taxativas; (Prof: não é possível que o intérprete estenda para outras
situações. Só seria possível a criação de uma nova hipótese de perda de nacionalidade, tão somente através de
emenda à constituição).

Deve-se observar a reserva de jurisdição na perda – sanção.

A perda-mudança, fora das exceções, torna possível a extradição. (Prof: O STF trouxe esse entendimento)

 REAQUISIÇAO DA NACIONALIDADE

No caso da perda - sanção, a reaquisição só poderá ocorrer por meio de uma ação rescisória da sentença judicial que
cancelou a naturalização;

No caso de perda-mudança, o Poder Executivo deverá aprovar regulamento estabelecendo o procedimento para
reaquisição (art. 76 da Lei de Migração). (Prof: esse artigo atribuiu ao poder executivo a possibilidade de
regulamentar as situações de reaquisição de nacionalidade nos casos de perda-mudança).

Art. 76. O brasileiro que, em razão do previsto no inciso II do § 4º do art. 12 da Constituição Federal, houver
perdido a nacionalidade, uma vez cessada a causa, poderá readquiri-la ou ter o ato que declarou a perda
revogado, na forma definida pelo órgão competente do Poder Executivo.

 ESTATUTO DA IGUALDADE

Estatuto da Igualdade (Art. 12, parágrafo primeiro, CF/88)

Atualmente, o Estado da Igualdade é regido pelo Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República
Federativa do Brasil e a República Portuguesa.

CF/Art. 12. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
Prof: O Estatuto da Igualdade prevê a possibilidade de os portugueses residentes no Brasil, usufruírem dos mesmos
direitos de um brasileiro, salvo as exceções estabelecidas na própria constituição.

OBS:

A equiparação de português a brasileiro e vice-versa não é automática, dependendo de um requerimento expresso;

A equiparação não implica perda de nacionalidade;

A equiparação não implica direitos de nacionais natos;

É proibido o duplo gozo de direitos políticos.

 MIGRANTES, ASILADOS E REFUGIADOS

 MIGRANTES

LEI N. 13445/17 – Nova Lei da Migração

A Nova Lei da Migração e o paradigma constitucional; Prof: Essa nova lei de imigração é muito preocupada com a
dignidade da pessoa humana, é uma lei preocupada com a realização de políticas públicas para receber o migrante
no Brasil, é uma lei preocupada com a desburocratização.

Dispõe sobre direitos e deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece
princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante (Art. 1);

Princípio da Subsidiariedade (Arts. 2, 4, 111, 121, 122); Prof: A lei de imigração terá aplicação subsidiária em diversas
situações. Por exemplo: estatuto dos refugiados = aplicará a lei no que couber.

Art. 2º Esta Lei não prejudica a aplicação de normas internas e internacionais específicas sobre refugiados, asilados,
agentes e pessoal diplomático ou consular, funcionários de organização internacional e seus familiares.

Conceitos (Art. 1, parágrafo primeiro): Imigrante; Emigrante; Residente fronteiriço; Visitante; Apátrida.

Art. 1°. § 1º Para os fins desta Lei, considera-se:

II - imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou
definitivamente no Brasil;

III - emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior;

IV - residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual em
município fronteiriço de país vizinho;

V - visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem
pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional;

VI - apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos
termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto nº 4.246, de 22 de maio de
2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro.

PRINCÍPIOS (ART. 3)

a) Prevalência dos Direitos Humanos;


b) Desburocratização; (Prof: Existe uma intenção da lei de facilitar a regularização dessas pessoas que chegam
ao Brasil, para que possam de fato serem inseridas na vida social e laboral, e não fiquem a margem da
sociedade.
c) Cooperação internacional; (XIV - fortalecimento da integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, mediante constituição de espaços de cidadania e de livre circulação de pessoas; XV
- cooperação internacional com Estados de origem, de trânsito e de destino de movimentos migratórios, a
fim de garantir efetiva proteção aos direitos humanos do migrante)
d) Soberania nacional; (VII - desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e
tecnológico do Brasil; XVIII - observância ao disposto em tratado; XIX - proteção ao brasileiro no exterior;)

DIREITOS DOS MIGRANTES (ART. 4)

Art. 4º Ao migrante é garantida no território nacional, em condição de igualdade com os nacionais, a


inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, bem como são
assegurados: (Vai trazer diversos incisos

VI - direito de reunião para fins pacíficos;

VII - direito de associação, inclusive sindical, para fins lícitos;

VIII - acesso a serviços públicos de saúde e de assistência social e à previdência social, nos termos da lei, sem
discriminação em razão da nacionalidade e da condição migratória;

OUTRAS PREVISÕES IMPORTANTES:

a) Documentos de viagem (art. 5); Art. 5º São documentos de viagem: I - passaporte; II - laissez-passer; III -
autorização de retorno; IV - salvo-conduto; V - carteira de identidade de marítimo; VI - carteira de matrícula
consular; VII - documento de identidade civil ou documento estrangeiro equivalente, quando admitidos em
tratado; VIII - certificado de membro de tripulação de transporte aéreo; e IX - outros que vierem a ser
reconhecidos pelo Estado brasileiro em regulamento.
b) Visto e suas hipóteses (art. 12); Art. 12. Ao solicitante que pretenda ingressar ou permanecer em território
nacional poderá ser concedido visto: I - de visita; II - temporário; III - diplomático; IV - oficial; V - de cortesia.
Prof: não é um direito subjetivo da pessoa que está ingressando em território alheio, entrar de fato, mesmo
com visto. A autorização de ingresso de um estrangeiro é ato discricionário do Estado.
c) Impedimento de ingresso no território nacional (art. 45);

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