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s í s i f o / r e v i s t a d e c i ê n c i a s d a e d u c a ç ã o · n .

º 3 · m a i / a g o 0 7 issn 1649 ‑4990

O Currículo numa comunidade de prática

Cristina Costa
c.mendesdacosta@salford.ac.uk
Universidade de Salford, Inglaterra

Resumo:
Com este artigo pretendemos descrever o processo de construção do currículo no inte‑
rior de uma comunidade de prática online constituída maioritariamente por professores
de língua inglesa como língua estrangeira – os Webheads in Action (WiA). Centrais neste
artigo são as temáticas do currículo flexível e construtivista, das comunidades de prática
online e da formação de formadores. Para tal realizámos um estudo de investigação, de
cariz qualitativo, tendo por base uma estratégia de estudo de caso, que será aqui suma‑
riamente descrita.
Como pontos-chave desta investigação, reconhecemos que os Webheads in Action são
realmente uma comunidade de prática online, uma vez que reúnem as três características
principais apontadas pela teoria da especialidade (Wenger, 1998a): (1) uma empresa con-
junta; (2) um compromisso mútuo e (3) e um reportório partilhado. A par disso, apresen‑
tam, igualmente, outros elementos que permitem relacionar os Webheads in Action com
as comunidades de prática: história, identidade, pluralidade, autonomia, participação,
mutualidade, integração, futuro, tecnologia e aprendizagem (Schwier, 2002). Verificou-
se, também, que a sua actividade assenta numa estrutura curricular flexível e aberta,
segundo uma abordagem sócio-construtivista. A aprendizagem, centrada no indivíduo,
ocorre em situações contextualizadas e autênticas, sendo essas práticas, e a comunidade,
o próprio currículo (Wenger, 1998a).
Concluímos, ainda, que a actividade desenrolada no seio da comunidade gera uma
dinâmica de grupo, que potencia aprendizagens significativas e viabiliza a formação con‑
tínua de professores de uma forma eficaz e motivadora.

Palavras­‑chave:
Comunidades de Prática, Currículo flexível, Aprendizagem, Tecnologias educativas,
Formação, Construtivismo.

Costa, Cristina (2007). O Currículo numa comunidade de prática. Sísifo. Revista de Ciências da
Educação, 03, pp. 87‑100.
Consultado em [mês, ano] em http://sisifo.fpce.ul.pt

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Introdução Neste sentido, orientámos o nosso estudo com
base nas seguintes questões de investigação: Que
A tecnologia está hoje presente na nossa vida pes‑ características reúnem os WiA para que efectiva‑
soal e profissional. Em boa verdade esta é parte mente possam ser considerados uma Comunidade
integrante da nossa sociedade. Graças à Internet e de Prática, segundo os parâmetros teóricos previs‑
às tecnologias que nos auxiliam no dia-a-dia temos tos pela literatura? Como se caracteriza o modelo
assistido à emergência de inúmeras Comunidades curricular que orienta as práticas efectuadas pelo
em espaços online. Estas são criadas em torno de grupo? Que papel desempenha a comunidade de
vários objectivos, uns de carácter lúdico, outros de prática de professores de língua Inglesa enquanto
cariz mais sério, de entre os quais destacamos as modelo de formação profissional partilhada?
Comunidades de Aprendizagem e, especialmente, A resposta às questões acima mencionadas foi
as Comunidade de Prática (Wenger, 1998a). As Co‑ encontrada com base na informação recolhida atra‑
munidades de Prática (CP) caracterizam-se por um vés da análise de dados e com o apoio da teoria pro‑
grupo de pessoas, que se une espontaneamente, não duzida nas áreas de sustentação deste trabalho, isto
só com o objectivo de partilhar interesses comuns, é, sobre o que nos diz a literatura relativamente às
mas também, e maioritariamente, de reportar as Comunidades de Prática online, ao currículo numa
suas actividades e de se empenhar colaborativa‑ Comunidade de Prática, às teorias da Aprendiza‑
mente em práticas que potencializem a sua aprendi‑ gem que o legitimam e, ainda que de influência in‑
zagem e beneficiem o seu desempenho profissional. directa, à formação contínua de professores.
Actualmente, os participantes de CP dependem,
cada vez mais, de meios tecnológicos para estabele‑
cer contacto entre si e desenvolver a sua prática con‑ Enquadramento Teórico
juntamente. Os indivíduos que compõem uma dada
Comunidade de Prática são conhecidos não só pe‑ Parece-nos, assim, pertinente começar por enun‑
los seus interesses, mas também pela sua actividade ciar alguns desses pressupostos teóricos em função
profissional e pela forma como a desempenham, da sua área mais específica.
através da partilha de histórias e experiências que
acabam por contribuir para o conhecimento dos As Comunidades de Prática Online
demais, numa perspectiva de formação. É sobre As Comunidades de Prática não são propriamente
este tipo de comunidade, como forma de formação uma novidade deste século, nem tampouco uma
contínua de professores, que a nossa investigação experiência recente, quer na esfera da educação,
incidiu, a par do modelo curricular a ela subjacente. quer na profissional, ou nas duas que aqui se encon‑

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tram interligadas por objectivos óbvios. Tal como muns aos seus membros. Lave e Wenger definem
definidas por Wenger (1998b) as CP caracterizam- CP como
se, em traços largos, por três dimensões:
• O que as define (o que são): uma actividade um conjunto de relações entre pessoas, activida-
conjunta, que é contínua e conscientemente ali‑ de e mundo, estendidos no tempo e em ligação com
mentada e renegociada pelos seus membros; outras Comunidades de Prática que culminam e se
• Como funcionam: a sua actividade mantém-se tocam (…) Implica a participação num sistema de
graças ao empenho das partes implicadas, acaban‑ actividades, acerca das quais os participantes parti-
do inevitavelmente por estabelecer elos de ligação lham percepções relativamente ao que fazem e ao que
e, por conseguinte, formar uma identidade social; isso representa nas suas vidas e para as suas comu-
• Que capacidades desenvolvem: reportório nidades (1991, p. 98).
partilhado de recursos comuns, progressivamen‑
te desenvolvidos pelos indivíduos que constituem Em relação às comunidades de prática, Schwier
a CP e que activamente participam nela, entre os (2001, 2002) identifica também um conjunto de ele‑
quais se destacam hábitos, sensibilidades, artefac‑ mentos inerentes à sua constituição, que embora
tos, linguagem própria, estilos, etc. toquem alguns dos pontos já aqui anteriormente
As CP estão associadas a actividades e/ou inte‑ tratados, trazem alguma novidade ao estudo deste
resses de carácter profissional, evidenciando deste tema, como podermos constatar através do quadro
modo objectivos e interesses bastante claros e co‑ apresentado abaixo.

Elementos da comunidade Descrição


História As comunidades são mais fortes quando partilham uma história.
Identidade As comunidades encorajam a um sentido de identidade partilhada.
Pluralidade As comunidades devem muito da sua vitalidade a “associações intermédias”, como
famílias, igrejas, e outros grupos periféricos.
Autonomia Dentro da ênfase sobre a identidade do grupo é importante que as comunidades
respeitem e protejam a identidade individual.
Participação    A participação social em comunidade, especialmente a participação que promove
autodeterminação favorece a autonomia e sustenta a comunidade.
Integração Todos os elementos acima mencionados dependem de normas de apoio, crenças e
práticas.
Futuro As comunidades de aprendizagem não são estáticas; elas criam movimento numa
direcção ao prepararem-se para o futuro.
Tecnologia Nas comunidades de prática virtuais a tecnologia pode facilitar e desenvolver a
comunidade, mas também pode inibir o seu crescimento.
Aprendizagem A aprendizagem é um elemento central das comunidades de prática, embora a
natureza da aprendizagem possa ser definida de modo muito genérico e contextual.
Mutualidade A Comunidade é formada e mantêm-se através de uma interdependência e
reciprocidade .
Quadro 1: Elementos das Comunidades de Prática segundo Schwier
(Adaptado de Schwier, 2002, p. 4).

A grande novidade no caso deste autor consis‑ o empenho dos seus participantes como práticas
te no facto de este já contemplar a tecnologia como que se desenvolvem num sentido inovador, em di‑
uma variável associada às comunidades de prática, recção ao futuro, facto igualmente considerado por
embora com algumas restrições, e de percepcionar Wenger (1998a).

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Currículo de uma Comunidade de Prática como uma actividade social plenamente integrada”
e Teorias de Aprendizagem (Figueiredo, 1999, p. 3).
Nos últimos tempos o currículo tem vindo a ser Em suma, o currículo como prática proporciona
entendido, por alguns autores, como uma constru‑ aprendizagens de naturezas diversas, que se inter‑
ção social e cultural, como forma de organizar um relacionam (Coll, 1998) e que incidem “nas diver‑
conjunto de práticas e saberes que reflectem uma sas capacidades das pessoas, em suas competências
cultura, uma sociedade, um cenário histórico e cul‑ e no seu bem-estar” (Zabala, 1999, p. 104). É este
tural. Pensar o currículo é, assim, segundo Grun‑ também o tipo de currículo que se encontra patente
dy (1987), considerar um grupo de pessoas que se no contexto das comunidades de prática.
interrelacionam mediante certas situações e certos Esta concepção de currículo em construção é
interesses que lhes são comuns e se emancipam por reforçada pelas teorias de aprendizagem que as su‑
meio de práticas conjuntas, que lhes abrem novas portam: as perspectivas construtivistas. Estas têm,
perspectivas sobre a realidade. “O currículo não é em grande parte, servido de base teórica para a
um mero conjunto de planos a ser implementado; construção do currículo e para a aplicação das tec‑
é antes constituído através de um processo activo, nologias no ensino e aprendizagem.
no qual planear, agir e avaliar estão reciprocamente A teoria construtivista, associada à filosofia, psi‑
ligados e integrados” (Grundy, 1987, p. 115). cologia e cibernética, tem tido elevada expressão
O currículo é, deste modo, visto como uma for‑ nos últimos tempos e define-se resumidamente pela
ma de prática social, que ocorre no mundo real em forma como os indivíduos apercebem e apreendem
que está inserido, em situações autênticas e, portan‑ o mundo (von Glaserfeld, 1989). O indivíduo, en‑
to, significativas para os sujeitos participantes. O quanto aprendente, desempenha um papel activo,
conhecimento, visto por este prisma, é também ele é responsável pela sua própria aprendizagem e é in‑
uma construção social, na medida em que os parti‑ terveniente directo na construção de conhecimen‑
cipantes, ao empenharem-se numa reflexão crítica to, à medida que reflecte sobre as suas experiências
sobre uma dada área de saber, pela qual partilham e interage em situações de aprendizagem significa‑
interesse, se tornam activos na construção do seu tivas e contextualizadas.
próprio conhecimento. “A prática assume, [assim,] Das várias abordagens desenvolvidas pela teoria
um processo de fazer-sentido que reconhece o sig‑ construtivista, consideramos como a mais relevante
nificado como uma construção social” (Grundy, para o nosso estudo a que se designa por constru‑
1987, p. 116), um entendimento colectivo de algo. tivismo social, a qual está especialmente ligada às
“A ideia de uma comunidade crítica é importante teorias desenvolvidas por Vygotsky, Bruner e Ban‑
aqui” (Grundy, 1987, p. 124), até porque este tipo de dura (Shunk, 2000).
currículo está vocacionado para grupos de pessoas O construtivismo social atribui especial impor‑
cuja relação é alimentada, e se caracteriza, pela discus‑ tância à cultura e ao contexto em que a aprendiza‑
são permanente de interesses mútuos. Como Grundy gem ocorre. Outro factor enfatizado por esta pers‑
(1987) relembra, através das palavras de McTaggart e pectiva é a natureza colaborativa da aprendizagem,
Singh (1986, p. 44), este “criticismo pode apenas ser principalmente desenvolvida por Vygotsky (1978).
conduzido numa comunidade onde haja determina‑ Este autor sublinha a importância da interacção
ção para aprender racionalmente uns com os outros”. social na aprendizagem. O desenvolvimento cogni‑
Este relevo atribuído ao currículo negociado tivo do sujeito está directamente relacionado com o
não implica que não exista uma estrutura a este seu desempenho em sociedade e o modo como este
subjacente. Contudo, um dos aspectos fulcrais de interage e comunica com ela. A aprendizagem acon‑
um currículo mais dinâmico será, sem dúvida, o es‑ tece primeiro em sociedade e só depois tem impac‑
tímulo de uma consciência crítica, através da cons‑ to ao nível dos processos cognitivos do indivíduo.
trução de conhecimento por meio de uma aborda‑
gem mais flexível dos conteúdos, que proporcione Cada função do desenvolvimento cultural da crian-
uma aprendizagem em contextos autênticos e que, ça aparece duas vezes: primeiro no nível social e depois
por sua vez, possibilite a construção do “saber no nível individual; ou seja, primeiro entre as pessoas

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(interpsicológica) e depois no interior da criança (in- níveis de conhecimento (Lave & Wenger, 1991; Mc‑
trapsicológica) Tal aplica-se igualmente à atenção Mahon, 1997; Oliver & Herrington, 2000).
voluntária, à memória lógica e à formação de concei- Desta forma, as abordagens sócio-construtivis‑
tos. Todas as funções superiores têm origem nas rela- tas preconizam a colaboração de pares e a multipli‑
ções reais entre os indivíduos (Vygotsky, 1978, p. 57). cidade de perspectivas (Jonassen, 1994), a partilha
mútua de conhecimentos, a aprendizagem baseada
Vygotsky defende, portanto, a aprendizagem com em problemas e em contexto e outras formas que
base na construção de conhecimento em comunidade, envolvam o aprender no e com o meio circundante,
a partir da colaboração e interacção entre os indiví‑ a sociedade, ou seja, a aprendizagem situada e em
duos.Ocontextosocialé,pois,umaspectoimportante comunidade (Lave & Wenger, 1991; Scardamalia &
e determinante na aquisição e construção de saber. Bereiter, 1996).
A interacção pressupõe igualmente um ambiente
favorável a uma multiplicidade de perspectivas. No que respeita aos novos modelos de aprendi‑
Assim, o impacto da teoria construtivista na zagem (principalmente com base na web), Oliver
aprendizagem começa logo com o currículo. O e Herrington (2000) chegam mesmo a propor um
construtivismo apela à eliminação de um currículo conjunto de nove elementos-chave que, na sua pers‑
padronizado, promovendo, por outro lado, a cons‑ pectiva, reúnem os desígnios essenciais para criar
trução de currículos alternativos e flexíveis, base‑ um ambiente de aprendizagem contextualizado e as‑
ados nos conhecimentos prévios dos aprendentes sente num modelo construtivista de aprendizagem.
e na realidade destes. Para além disso, esta pers‑ Os elementos-chave são apresentados abaixo em
pectiva valoriza igualmente a prática e construção forma de esquema, seguido de uma explicação su‑
de saber activo entre intervenientes com diferentes cinta sobre cada um deles.

Actividades
Autênticas

Construção Colaborativa Articulação


de Conhecimento

Papéis e Acesso a Diferentes


Perspectivas Níveis de Conhecimento
Múltiplas
Elementos
Estruturantes
de Aprendizagem Online

Reflexão Contextos
Autênticos

Coach e Avaliação
Scaffolding Autêntica

Esquema 1. Elementos-chave do Modelo de Aprendizagem online


(Baseado em Oliver, Herrington, Herrigton & Sparrow, 2006).
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1. Contextos autênticos: o ambiente de aprendiza‑ indivíduos, que vêem nesta uma forma não só de
gem deve ser desenhado como um todo complexo, melhorar as suas práticas, mas também de progre‑
que seja passível de ser explorado espaçadamente dir na sua carreira e no seu desenvolvimento sócio-
no tempo e que motive e dê sentido à aprendizagem; profissional. A formação contínua de professores
2. Actividades autênticas: as estratégias de apren‑ não tem sido excepção. Como modelos e respon‑
dizagem devem ser organizadas para providenciar sáveis pela formação de futuros profissionais, os
tarefas que se baseiem no mundo real e não que não professores devem mais do que nunca acompanhar
passem de uma série de exemplos sem nexo ou liga‑ a evolução da sociedade e adaptar as suas práticas
ção ao que se pretende aprender; de ensino/aprendizagem à realidade vigente. Como
3. Acesso a diferentes níveis de conhecimento: defende Nóvoa, a “formação de professores é  algo
acesso dos participantes com vários níveis de co‑ (…) que se estabelece num continuum” (2001), sen‑
nhecimento, acesso à periferia social ou a eventos do a aprendizagem um processo que se estende ao
reais, tal como estes ocorrem; longo do percurso profissional, e individual tam‑
4. Papéis e perspectivas múltiplas: a importância bém, e que deve reflectir as necessidades do tempo
dos indivíduos acederem e explorarem perspecti‑ presente. As tecnologias educativas são nossas con‑
vas diferentes; temporâneas e por isso não podem ser ignoradas
5. Construção colaborativa de conhecimento: pelos indivíduos e muito menos pela escola.
elemento fulcral, especialmente na aprendizagem Como relembra Costa é
a distância. A colaboração deve ser proposta de for‑
ma a empenhar o grupo e não apenas o indivíduo, importante que os professores possam beneficiar
através de tarefas apropriadas e da comunicação via do potencial dessas tecnologias em termos do seu pró-
tecnologia; prio desenvolvimento profissional, mas sobretudo,
6. Reflexão: a reflexão eficaz decorre de contextos para poderem utilizá-las com os seus alunos, propor-
e actividades autênticos, anteriormente descritos cionando-lhes situações de aprendizagem inovado-
7. Articulação: as tarefas devem articular o co‑ ras, mais interessantes e mais próximas da realida-
nhecimento tácito e o explícito; de envolvente (2003, p. 1).
8. Coaching e Scaffolding: Providenciados atra‑
vés da aprendizagem colaborativa, onde professores O desenvolvimento de competências profissio‑
e alunos contribuem e negoceiam significado. Igual‑ nais (Perrenoud, 1998), e de conteúdos de aprendi‑
mente visto como uma forma de o professor mediar zagem, bem como a adequação de práticas é, pois, o
e facilitar a aprendizagem através das tecnologias; intento da formação contínua de professores.
9. Avaliação autêntica: integrada no processo O século XXI representa o continuar de uma
de ensino/aprendizagem, nas actividades levada a era onde o progresso tecnológico se demarca niti‑
cabo pelos alunos. damente de todos os outros avanços concretizados
pela humanidade. As tecnologias abriram novos
Contudo, estes elementos só têm expressão se horizontes e providenciaram novas perspectivas.
estiverem inseridos num contexto de aprendiza‑ No caso dos professores, a necessidade de actuali‑
gem, se as actividades aí propostas fomentarem uma zação face a este fenómeno emergente, bem como a
aprendizagem mais centrada no aluno e de carácter adopção de novas práticas para a sala de aula, tor‑
colaborativo e se a tal modelo estiver subjacente um na-se quase imperativo, de modo a conseguir, com
dispositivo de apoio e moderação de aprendizagem tais práticas, uma visão renovada e moderna da es‑
eficaz, onde o conhecimento activo é valorizado e cola, fazendo, assim, a ponte entre a realidade esco‑
facilitado pelas tecnologias da comunicação. lar e a realidade do dia-a-dia tal como é vivenciada
pelos alunos.
Formação Contínua A introdução das Tecnologias de Informação e
A formação contínua tem vindo, nos últimos tem‑ Comunicação (TIC) em ambientes de aprendiza‑
pos, a ser encarada como um “mal necessário” ao gem pode fazer essa diferença. As tecnologias edu‑
desenvolvimento das aptidões profissionais dos cativas, quando eficazmente utilizadas, podem au‑

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xiliar a aprendizagem positivamente. Aprender com Opções Metodológicas
as tecnologias, como Costa (2005) valoriza no seu
site1, pode ter os seus benefícios, tanto para alunos No âmbito da investigação qualitativa, que orien‑
como para professores: a possibilidade de ambos tou o nosso percurso de investigação, adoptámos o
aprenderem e ensinarem, respectivamente, com método de Estudo de Caso, de natureza descritiva
recurso à tecnologia e a ferramentas disponíveis e interpretativa, por ser esta uma investigação que
da Internet pode enfatizar, melhorar e motivar a visa focar um fenómeno da realidade actual, em que
aprendizagem, bem como toda a prática educativa. o investigador não tem qualquer tipo de controlo
Preparar os professores para o uso destas, dotan‑ sobre o ambiente que se propõe estudar e porque
do-os com os conceitos e conhecimentos base, é o gostaríamos de nos centrar numa investigação de
primeiro passo a dar. Transformar as suas perspec‑ cariz descritivo e interpretativo, a partir de uma
tivas e entusiasmá-los para o uso eficaz das tecno‑ perspectiva exploratória (Yin, 1994). “O objecti‑
logias educativas nas suas actividades de ensino e vo (…) é compreender o mundo dos sujeitos e de‑
aprendizagem passa, essencialmente, por uma for‑ terminar como e com que critérios eles o julgam”
mação adequada e actualizada das práticas educa‑ (Bogdan & Biklen, 1994, p. 287).
tivas. As comunidades de prática online são, neste Recorremos a diferentes formas de recolha e
sentido, dinamizadoras e fontes eficazes de forma‑ análise de dados, para que pudéssemos, de forma
ção contínua. mais completa e com base em vários pontos de vis‑
ta, fazer uma leitura mais precisa do nosso objecto
de estudo (Cohen, Manion & Morrison, 1989). A
O Caso em Estudo comparação de dados a partir de várias fontes pren‑
de-se com a necessidade de conferir validade ao es‑
O caso em análise, nosso objecto de estudo, consis‑ tudo e de lhe atribuir fiabilidade, por meio de uma
tiu num grupo de professores de língua inglesa, apo‑ análise de perspectivas múltiplas.
logista das tecnologias educativas ao serviço da edu‑ Os procedimentos de recolha de dados foram
cação, que se reúne online com o intuito de introdu‑ tomando forma à medida que fomos avançando no
zir e debater tal temática, é designado por Webheads terreno e conhecendo melhor o nosso objecto de
in Action (WiA). O objectivo principal desta comu‑ estudo. Começámos por efectuar uma observação
nidade consiste na utilização, por parte dos parti‑ exploratória, que nos permitiu não só recolher in‑
cipantes, das ferramentas de comunicação, media‑ formação preciosa em relação ao grupo, mas tam‑
das por computador, numa perspectiva de inter- bém estipular as primeiras categorias de análise,
ajuda; que colaborativamente aprendam algo mais que em muito contribuíram para um entendimen‑
sobre ambientes de aprendizagem online e mistos to mais claro do nosso problema. Posteriormente
(blended) e que possam aplicar os conhecimentos procedemos à recolha de documentos produzidos
produzidos às suas realidades de ensino e/ou a pro‑ pelos participantes durante o período de observa‑
jectos, que pretendam desenvolver (Stevens, 2001). ção e, já numa fase final do nosso estudo, aplicámos
Trata-se, portanto, de um grupo de professores-alu‑ um mini-questionário aos participantes, onde so‑
nos, que usam as tecnologias para aprender e para licitámos a resposta aberta às três questões funda‑
ensinar. mentais do nosso estudo, cujo principal intuito era
Os seus membros estão espalhados pelos qua‑ confirmar a informação recolhida e tratada e assim
tro cantos do mundo e a sua maioria só se conhece triangular os dados extraídos a partir das três for‑
virtualmente, ou seja, por meio de ferramentas de mas de recolha e análise de dados.
comunicação síncronas e assíncronas, via Internet.
A sua actividade é frequente, e o grupo é, nas pala‑ Resultados
vras do seu coordenador, coeso (Stevens, 2001). Os
Webheads in Action parecem representar, portanto, Como resultado da análise e interpretação dos da‑
um exemplo exímio daquilo que se espera de uma dos, apurámos que os WiA se definem, de facto,
comunidade. por um leque de características referenciadas na

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literatura, que nos permite “denunciar” este grupo e motiva a continuação da comunidade até aos dias
de professores como uma comunidade de prática e de hoje. De facto, este é, sem dúvida, um dos as‑
que passamos a seguir a enunciar. Retomando a te‑ pectos curiosos desta comunidade, na medida em
oria de Schwier (2002), verificámos que aos Webhe- que o seu objecto de aprendizagem é igualmente o
ads in Action está subjacente um passado histórico, meio pelo qual os seus membros efectuam as suas
que remonta a vários anos de uma actividade no aprendizagens, ou seja, estes aprendem sobre as
plural, que não só fundamenta a sua existência en‑ tecnologias com as tecnologias, tal como Schwier
quanto comunidade, mas que também permite aos (2002) prevê e Costa (2005) preconiza. Estamos pe‑
seus membros identificarem-se com ela. Ao longo rante um paradigma de aprendizagens autênticas e
do nosso estudo verificámos, na postura dos seus contextualizadas.
membros, uma forte identificação com o grupo, ao Convém ainda realçar, tal como frisam Wenger,
designarem-se e assumirem-se como Webheads, o McDermott e Snyder (2002), que os Webheads in
que nos leva, portanto, a concluir que existe igual‑ Action podem ser vistos como uma comunidade de
mente um sentido de unidade e de pertença que prática porque existe um objectivo comum e parti‑
fundamenta esta identidade adoptada pelo grupo, lhado pelos indivíduos que a compõem; porque é
apesar deste ser composto por uma grande varieda‑ visível uma paixão sobre uma área temática que es‑
de de indivíduos de diversos países e com perspec‑ tes pretendem cultivar e desenvolver em conjunto, a
tivas e experiências totalmente díspares. Da Euro‑ fim de beneficiar a sua prática individual, ao mesmo
pa ao continente Americano, passando pela Ásia e tempo que cada um dos participantes activos, con‑
Austrália, esta comunidade conta com um número tribui igualmente para o conhecimento comum, o
bastante vasto de representantes de várias nacio‑ de toda a comunidade. É também graças às tecno-
nalidades e com apetências diferentes. Esta diver‑ logias que estes não só melhoram as suas práticas
sidade possibilita aos WiA a construção conjunta enquanto professores, actualizando-as e preparan‑
de conhecimento, de interdependência uns com do-se para a educação do presente e do futuro, mas
os outros, com base numa pluralidade de ópticas e também desenvolvem afinidades entre eles, o que
acepções, visíveis através da uma multiplicidade de permite a construção de laços afectivos, que se es‑
perspectivas emitidas para o seio da comunidade. tendem para além dos interesses de aprendizagem
Tal acaba por contribuir para um conhecimento e que os levou a integrar a comunidade em primeiro
uma aprendizagem mais significativa dos indivídu‑ lugar. Estes laços têm por base não só as interac‑
os que a compõem. Não quer isto, contudo, dizer ções frequentes, mas também um forte sentimento
que o indivíduo se anule perante o grupo; antes de socialização e de relacionamento sócio-afectivo,
pelo contrário, e tal como tivemos oportunidade que é evidenciado pelo entusiasmo e pela motivação
de verificar na nossa análise, essa pluralidade é sempre presentes na relação que estes estabelecem
aceite e valorizada, o que acaba também por faci‑ uns com os outros e que se verifica igualmente no
litar a integração e a participação dos indivíduos seu percurso de aprendizagem. A socialização é, na
na comunidade. Aos membros dos Webheads está nossa opinião, um elemento que gostaríamos aqui
igualmente reservada uma autonomia que é implí‑ de frisar como sendo um dos principais catalizado‑
cita à actividade e à postura destes perante a apren‑ res da actividade e aprendizagem em comunidade.
dizagem. Aqui cada um aprende o que quer, me‑ Verificámos, de acordo com a análise e interpre‑
diante os seus interesses práticos e ao seu próprio tação efectuadas, que estamos perante um currícu‑
ritmo, sem que isso seja encarado como um ponto lo decisivamente flexível e baseado em pressupos‑
negativo da participação de cada um na actividade tos construtivistas.
da comunidade. A postura é de flexibilidade e de Como Oliver e Herrington (2000) apontam, o
uma aprendizagem baseada em interesses próprios, modelo de aprendizagem que define a comunida‑
concretizada por uma actividade de reflexão e de de de prática online Webheads in Action pressupõe
práticas conjuntas e constantes, dentro de um con‑ contextos autênticos de aprendizagem, uma vez que
texto específico: o das tecnologias educativas. É a os participantes aprendem sobre as tecnologias
exploração entusiastica desta temática que alimenta com recurso a estas mesmas tecnologias. O espaço

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de actuação desta comunidade é online e as tarefas constante e intensa, manifesta ao longo de todo o
propostas são igualmente efectuadas neste mesmo processo de aprendizagem. Num esforço de refle-
cenário, o que viabiliza o empenho dos participan‑ xão contínua sobre os conhecimentos adquiridos e
tes em actividades autênticas e contextualizadas, aplicados à prática, da articulação entre o conheci‑
uma vez que estes não só exploram as ferramentas, mento tácito e o explícito, visível através dos resul‑
como também as aplicam na sua prática de ensi‑ tados práticos aplicados aos contextos profissionais
no, transportando assim para a sala de aula e, por dos participantes na CP, sobressai uma construção
conseguinte, para a sua vida profissional, os conhe‑ colaborativa de conhecimento, que marca e define
cimentos adquiridos em comunidade. Este facto todo o percurso de aprendizagem e que reflecte um
contribui para o nosso entendimento de currículo currículo flexível. Este currículo vai-se construindo
como uma prática que possibilita uma aprendiza‑ à medida que a comunidade evolui na sua prática,
gem efectiva e baseada em situações reais. Não se avalia o seu desempenho, individual e colectivo, e
trata aqui de um currículo prescrito, nem formal, (re)define o seu propósito. Como Wenger propõe
mas antes de um currículo que se constrói à medi‑ (1998a) “a aprendizagem não pode ser desenhada”
da que a comunidade se desenvolve e que reflecte o (p. 225), mas pode, sem dúvida, ser baseada na ex‑
que ela é. periência e na prática progressivas de um grupo de
Para além disso, a aprendizagem efectuada pelos indivíduos, que sirvam de sustentação de uma es‑
membros desta comunidade realiza-se numa dia‑ trutura, que ainda que informal, se verifica eficaz
léctica de dar e receber, onde os noviços aprendem em garantir a construção de conhecimento signifi‑
com os mais experientes, onde diferentes níveis de cativo com base numa prática partilhada.
conhecimento concorrem para uma aprendizagem Assim, concluímos que estamos perante um
efectiva e onde o Scaffolding é uma realidade. Con‑ modelo curricular que assenta numa prática e em
sequentemente, desta união de indivíduos, com ní‑ situações reais, que visa uma aprendizagem contex‑
veis de saber e perícias diferentes, resulta uma troca tualizada, onde a colaboração e a interacção entre
de informação e uma prática de ensinar e aprender indivíduos, permitindo o contacto com diferentes
conjunta que se verifica rica e influente nas apren‑ perspectivas do saber, promovem oportunidades
dizagens da comunidade. Com dúvidas e/ou suges‑ de aprendizagem reflexivas e autênticas. Ou seja,
tões todos acabam por contribuir para o objectivo inerente aos Webheads in Action está intrínseco um
comum da comunidade: o de aprofundar conheci‑ currículo de aprendizagem tal como definido por
mento e também o de construir novas linhas de pen‑ Lave e Wenger (1991).
samento. O acesso a uma multiplicidade de perspec- É, igualmente, nosso entendimento que esta
tivas e papéis é também contemplado na actividade comunidade desempenha um papel fulcral na vida
dos WiA, onde facilmente qualquer um dos indi‑ dos seus participantes, quer ao nível profissional
víduos, que detenha conhecimento sobre um dado quer ao nível pessoal, influenciando decisivamente
assunto, desempenha, a dada altura, um papel de as suas práticas de uma forma positiva e inovadora.
destaque, que se prolongará enquanto esse mesmo Como pudemos constatar, ao longo de todo o pro‑
contributo for entendido como pertinente para a ac‑ cesso de investigação, a actividade da comunidade
tividade da comunidade, podendo outros assumir é intensa e motivante e reflecte-se na prática diária
alternadamente essa liderança, nesta perspectiva de dos seus membros que transportam as competên‑
aprender e contribuir para a aprendizagem dos ou‑ cias adquiridas para a sua esfera de desempenho
tros, sempre que tal se justifique. Este é igualmente profissional, ao introduzirem e aplicarem os novos
um factor de enriquecimento da comunidade, tal conhecimentos nas salas de aula, enquanto profis‑
como o são as interacções e os aspectos colabora‑ sionais de educação.
tivos a que a estrutura implícita a esta comunidade Esta comunidade de prática é, sem sombra de
impele. De facto a aprendizagem dos indivíduos dúvidas, uma excelente e eficiente maneira de pro‑
desta comunidade reflecte-se principalmente nos mover a formação profissional no âmbito das tecno‑
resultados de conhecimentos partilhados e traba‑ logias educativas — área que esta comunidade privi‑
lhados em conjunto, por meio de uma interacção legia, como é logo à partida desvendado pelo nome

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que adoptaram: Webheads in Action, ou seja, estamos e no seu desempenho profissional ao desenvolverem
perante um grupo de indivíduos (Heads) intelec‑ novas competências e aptidões, ao fazerem parte de
tualmente estimulados e interessados em aprender uma rede de conhecimento, na qual está patente
com recurso à Web, interesse esse que os une no em‑ uma multiplicidade de perspectivas, ao dinamiza‑
penho mútuo de uma actividade (action) conjunta. rem práticas e ao estabelecerem um forte sentido
Em colaboração com os Webheads não só se de identidade profissional, que lhes confere uma
aprende sobre as tecnologias como também se maior motivação e confiança para progredirem na
aprende a utilizar as tecnologias e a aplicá-las ao con‑ sua actividade educativa. A par disso, a inter-ajuda
texto de cada um. Nesta comunidade exploram-se e a colaboração em novos desafios, o acesso a co‑
vários tipos de conteúdos, que concorrem para uma nhecimento especializado e diversificado, a interac‑
aprendizagem mais eficiente e também mais com‑ ção e a socialização entre pares, a participação sig‑
pleta. Estes reflectem-se tanto no indivíduo como nificativa e o forte sentido de pertença evidenciados
no profissional que cada um é, e em que cada um se pelos Webheads facilitam-lhes a progressão na sua
transforma à medida que desenvolve o seu conheci‑ experiência profissional e no estatuto de professo‑
mento e, consequentemente, evolui na sua prática. res inovadores e ousados, muitas vezes apelidados
Retomando Wenger, McDermott e Snyder pelos próprios de Tech-Teachers.
(2002), consideramos que a comunidade Webheads Apresentamos, seguidamente, um esquema do
in Action consiste numa forma activa e inovadora de que acreditamos ser a essência dos Webheads in Ac-
estímulo ao desenvolvimento profissional. Enquan‑ tion, com base na relação entre os pressupostos teó‑
to membros activos desta comunidade, os professo‑ ricos anteriormente referidos, aos quais acrescentá‑
res Webheads conseguem progredir na sua carreira mos alguns aspectos que considerámos pertinentes.

Elementos de uma CP
Identidade ELEMENTOS Mutualidade
ESTRUTURANTES
Actividades Contextos
Autênticas Estimulados Por: Autênticos
Pluralidade

Resultado
Articulação Avaliação
Autonomia entre Integrada
Conhecimento História
Tácito e Desenvolvimento
Explícito Profissional
Coach e
e Aquisição de Scaffolding

Acesso a
Comunicação
BOAS PRÁTICAS Discussão Papéis e Socialização
Diferentes Perspectivas
Níveis de Múltiplas
Conhecimento
Participação Partilha Colaboração Construção
Colaborativa de
Conhecimento Orientação
para Futuro

DE APRENDIZAGEM
Integração
NUMA CP ONLINE Tecnologia
Aprendizagem

Esquema 2. Esquema Conclusivo relativo aos Webheads in Action.


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O esquema acima é a nossa visão sucinta do que pação nesta. As conclusões patentes nestes dois úl‑
caracteriza os WiA. Nele estão expressos dez ele‑ timos níveis são fruto das nossas interpretações no
mentos que representam esta comunidade, à luz da âmbito desta investigação.
proposta de Schwier (2002) e aos quais sentimos a Em suma, os Webheads in Action reúnem os
necessidade de adicionar um décimo-primeiro – o pressupostos antecipados pela literatura para se‑
da socialização – de modo a frisar a dimensão só‑ rem uma comunidade de prática online, sendo que
cio-afectiva, também expressiva nesta comunida‑ a sua actividade se encontra estruturada em torno
de. Ao esquema adicionámos, igualmente, os ele‑ de uma base curricular de cariz flexível e constru‑
mentos que estruturam a aprendizagem online da tivista, que fomenta um conjunto de boas práticas
comunidade, com base nos aspectos apontados por aplicadas ao ensino e aprendizagem de línguas. De
Oliver e Herrington (2000). O esquema foi comple‑ facto, a comunidade tem impacto na vida dos seus
tado por nós com mais dois níveis, respeitantes aos professores participantes, na medida em que esta
estímulos, que mantém a chama desta comunidade é, ela própria, um modelo de formação profissional
acesa, e aos resultados obtidos a partir da partici‑ activo, eficaz, gratuito e voluntário.

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