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PSICOLOGIA ESCOLAR E

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Unidade 1 - Psicologia escolar: conceitos
e definições

GINEAD
Coelho, Orlando; Costa, Luciene
SST Unidade 1 - Psicologia escolar: conceitos e definições /
Orlando Coelho; Luciene Costa
Ano: 2020
nº de p.: 16

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Unidade 1 - Psicologia escolar:
conceitos e definições

Objetivos específicos:
• Contextualizar a psicologia escolar em relação à psicologia da educação e à
aprendizagem.
• Compreender a atuação do psicólogo escolar de acordo com os preceitos
éticos e legais.

Apresentando a unidade
Seja bem-vindo(a) à primeira unidade de Psicologia escolar: conceitos e definições.
Ela é de extrema importância para sua formação, pois aborda temas relevantes para
a compreensão do papel do psicólogo dentro da área educacional, suas funções,
normas e diretrizes, além de ajudar a entender como os processos de aprendizagem
e de desenvolvimento humano ocorrem e, principalmente, como isso pode ser
aplicado nas diversas realidades educacionais.

Tendo isso em vista, o licenciado poderá utilizar métodos de ensino aliados aos
conceitos e teorias da área de Psicologia da Aprendizagem, o que permitirá que
ele identifique quais são mais eficazes. Para tanto, é necessária, ainda, certa
sensibilidade com as diferentes capacidades dos indivíduos da turma e de suas
peculiaridades, trazendo benefícios para todos os sistemas que fazem parte do
contexto educacional.

Bons estudos!

A aprendizagem e suas características


A Psicologia, no Brasil, desenvolveu-se lado a lado com a educação. A Psicologia da
Educação é derivada dos estudos da Psicologia e, desde o início do século XX, esse
tema tornou-se fundamental para a Educação, tornando-se parte integrante nos
cursos de Pedagogia. A Psicologia e a Educação emergem dentro de um contexto
sócio-histórico e político que prioriza a abordagem científica.

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Diante do exposto, vamos conceituar Psicologia da Educação clarificando o
que vem a ser seu objeto e campo de estudo. Segundo Goulart (2010), uma das
principais contribuições da Psicologia da Educação relaciona-se ao campo da
pesquisa que ela delimitou. Foi essa disciplina que começou a tratar de temas como
o papel do professor, incluindo a avaliação de seu desempenho para satisfazer
estatísticas escolares. Problemáticas como essa passaram a caracterizar a área
enquanto campo que dirige o olhar para problemas específicos relacionados à
Educação.

A Psicologia da Educação compreende, ainda, abordagens oriundas de diversas


áreas que abrangem o ser educativo. É um campo em constante evolução que tem
contribuído para o melhor entendimento dos assuntos educacionais relacionados à
mente humana e à aprendizagem.

As teorias psicológicas têm constituído, ao longo dos últimos anos, o fundamento


científico da Psicologia Educacional. Algumas delas, devido à sua maior relação
com o campo da Educação, foram mais facilmente assimiladas e passaram a
constituir formas de abordagem dos problemas psicológicos ligados à educação
(GOULART, 2010). Goulart relaciona as principais posições teóricas que norteiam a
Psicologia da Aprendizagem e analisa o cenário de onde surgiram. Confira, a seguir,
as teorias apresentadas pela autora.

Figura 1.1 – Teorias sobre a Psicologia Educacional

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL E A PSICOMETRIA

Comportamentismo com ênfase O não


na Teoria de Skinner diretivismo

A Psicanálise A Teoria de Jean Piajet

Fonte: Adaptado de Goulart (2010).

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A emergência histórica da psicologia
escolar: conceitos e definições
O Campo do Desenvolvimento e da Aprendizagem é vasto quando se tenta
compreender os aspectos que envolvem a vida do ser humano. No entanto, alguns
autores dispuseram-se a estudar esses aspectos e assim instituir maneiras
específicas de se trabalhar com as crianças de uma forma que se possa colaborar
com o seu desenvolvimento típico, bem como garantir uma aprendizagem
satisfatória ao longo de sua vida nos aspectos escolares.

A qualidade do ensino precisa ser reavaliada em função das demandas da


sociedade de hoje e está enraizada nas concepções de aprendizagem adotadas
em cada escola. Embora as diretrizes educacionais sejam oriundas de políticas
públicas, deve-se pensar no conhecimento da aprendizagem de forma mais ampla
e, ao mesmo tempo, mais restrita, isto é, pensar que a aprendizagem ocorre num
contexto educacional e, portanto, é necessário conceituá-la a partir dele, o qual
sofre impacto de aspectos globais e locais: as concepções de aprendizagem são
definidas como representações sobre o fenômeno da aprendizagem na consciência
em sua interface com o ambiente.

Com o advento da globalização, a sociedade vive tempos de incertezas e de


profundas mudanças. A tecnologia alterou o acesso à informação, de forma que
os conteúdos são distribuídos em um volume muito grande, o que dificulta a
sua assimilação. Os alunos, acima de tudo, precisam aprender a aprender, e a
compreensão desses aspectos, em paralelo com a criatividade, deve ser estimulada
para que o conhecimento seja transferido para as questões práticas do dia a dia.
Vygotsky (2011, p. 24) registra: “Segundo a nossa concepção, o verdadeiro curso do
desenvolvimento do pensamento não vai do individual para o social, mas do social
para o individual”.

O ensino pautado em competências é imprescindível para que os alunos possam


agir com autonomia, fazendo escolhas de acordo com suas aspirações e seus
valores pessoais para se tornarem indivíduos capazes de contribuir com o mundo
ao invés de serem apenas espectadores da sociedade.

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Reflita
Os métodos tradicionais de ensino ainda estão alinhados a esse
novo contexto social e a nova demanda dos alunos? Qual a sua
opinião sobre isso?

Figura 1.2 – O grupo e a interação social.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

A seguir, vamos estudar algumas concepções de aprendizagem que, usualmente,


norteiam a educação no Brasil.

Concepção de aprendizagem por Jean Piaget


Jean Piaget formou-se em Biologia e utilizou seus conhecimentos nesta área
para revolucionar a forma de compreender o aprendizado e o desenvolvimento
de crianças. Mesmo sem nunca ter atuado como pedagogo, dedicou a sua vida à
observação científica das crianças.

Em seus estudos, Jean Piaget mostra como é possível a criança construir um


aprendizado único e pessoal. Suas teorias são revolucionárias e podemos dizer que
Piaget foi o autor mais influente no campo da Educação durante a segunda metade
do século XX. Além disso, suas teorias foram as pioneiras no campo da inteligência
infantil.

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Com base nas observações que fazia, ele criou o método de investigação chamado
epistemologia genética. Segundo ele, o pensamento da criança passa por quatro
estágios desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade
plena de raciocínio é atingida. Piaget passou parte da sua vida interagindo com
crianças e estudando a forma como pensam e agem, e esses estudos tiveram
grande impacto sobre os campos da Pedagogia e da Psicologia.

Havia um conceito, até o início do século XX, de que as crianças pensavam e


raciocinavam como os adultos, e que a diferença entre o processo cognitivo do
adulto e da criança se dava fisicamente, sendo os adultos maiores e superiores.
Com as observações de Piaget, essa concepção foi derrubada. Piaget dividiu
em etapas o processo de desenvolvimento cognitivo e a criança passou a ser
compreendida enquanto um ser dinâmico que está em constante interação com
a sociedade e cujo processo de desenvolvimento é influenciado por fatores como
maturação, exercitação, costumes e padrões culturais.

Durante suas pesquisas, Piaget percebeu que evoluímos gradualmente e que


os avanços ocorrem em estágios. Vale lembrar, ainda, que Piaget, enquanto
autor sociointeracionista, defende que o sujeito é ativo no processo de ensino-
aprendizagem e no meio em que vive. Sobre isso, ele diz: “Educar é adaptar o
indivíduo ao meio social ambiente” (PIAGET, 2008, p. 154).

Reflita
Os processos de aprendizagem são extremamente individuais,
em que cada aluno apresenta uma forma e um tempo diferente
de entendimento. Portanto, a Psicologia da Aprendizagem torna-
se também uma ferramenta para unir todos os aspectos que
permeiam o ambiente de ensino para facilitar a interação entre o
aluno e o conhecimento.

O objetivo de Piaget, com seus estudos, era compreender o ser humano em todos
os seus aspectos, desde o momento do seu nascimento e no decorrer de todas as
suas fases de crescimento. A partir de suas observações, ele construiu sua teoria
sobre o desenvolvimento humano. Piaget defende o interacionismo, em que a usual
dicotomia entre o materialismo mecanicista e o idealismo é superada. De acordo
com seus estudos, o indivíduo elabora suas reações de acordo com o meio onde

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está inserido. No entanto, essa inter-relação com a sociedade está atrelada ao
estágio de desenvolvimento humano em que ele se encontra.

Os principais objetivos da educação, segundo Piaget, são o de formar homens


cujo potencial de criatividade e inventividade sejam expandidos e plenamente
atingidos. Para ele, o ser humano deve desenvolver sua criticidade, em busca de um
constante aprimoramento, ou seja, ao se tornar uma pessoa crítica e ativa, constrói
o mundo de maneira proativa. No estágio de desenvolvimento que Piaget chama
de aprendizagem social, o sujeito decodifica os inputs (dados sobre o mundo) e
organiza seu conhecimento.

Figura 1.3: Processo de desenvolvimento segundo Piaget

Maturação
(crescimento
dos órgãos)

Equilibração
Exercitação
(autorregulaçã
(funcionamento
interna do
dos órgãos)
organismo)

Aprendizagem
social (aquisição
de valores,
linguagens e
costumes)

Fonte: Adaptado de Piaget (2008).

Com base nesse esquema, você, educador, pode desenvolver estratégias que
possibilitem à criança um desenvolvimento integral desde o primeiro estágio
apresentado por Piaget. Vamos analisar em profundidade cada um desses estágios.

Estágios do desenvolvimento por Jean Piaget


Estágio sensório-motor (0 a 2 anos)

Nesse estágio são utilizados reflexos neurológicos básicos. O bebê age e constrói
esquemas de ação a partir dessas ações. A assimilação mental do meio e as
noções de espaço e tempo são construídas pelas intervenções concretas no
ambiente, e não por esquemas cognitivos abstratos.

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Figura 1.4 – Estágio sensório-motor

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Por exemplo: o bebê pega algo na mão e leva até a boca, olhando para o objeto.
Depois da ação, ele é capaz de pegar novamente o objeto e levá-lo até a boca
construindo a ação.

Estágio pré-operatório (2 a 7 anos)

Pode ser chamado também de inteligência simbólica. Neste estágio, a criança se


apropria e interioriza os esquemas de ação construídos no estágio sensório-motor.
Por exemplo: são mostrados dois pedaços de massa de modelar para uma criança,
do mesmo tamanho. Depois, cada pedaço é modelado em um formato diferente,
um em formato de bola e outro em formato de triângulo. Ao ser perguntada se as
duas modelagens têm a mesma quantidade de massinha, a criança diz que não,
e escolhe aquela que, aparentemente, é maior. Ela não consegue perceber que
quantidade de massinha é igual, independentemente do formato, mesmo que veja a
modelagem sendo realizada.

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Figura 1.5 – Estágio pré-operatório.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Estágio operatório concreto (7 a 11 anos)

Nesta fase, a criança já consegue relacionar noções de tempo e espaço, mas se


limita ao mundo concreto: ela ainda não consegue reverter situações. Por exemplo:
ao se colocar a mesma quantidade de água em dois copos de formatos diferentes,
pergunta-se para criança se as quantidades são iguais. Ela já consegue responder
corretamente, mesmo que, aparentemente, um copo seja maior do que o outro,
desde que ela participe ativamente da ação.

Figura 1.6 – Estágio operatório concreto.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

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Estágio operatório-formal (12 anos em diante)

A criança, nesta fase, já consegue representar com abstração completa. Ela não
se limita mais aos modelos que lhe são ensinados e cria suas próprias hipóteses
lógicas, buscando a solução dos problemas utilizando a observação e o raciocínio.
Se lhe pedem, por exemplo, para analisar o ditado “a vaca foi para o brejo”, ela
trabalhará de forma lógica, pensando no fato não mais com a imagem da vaca indo,
literalmente, para o brejo...

Figura 1.7 – Estágio operatório formal.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Saiba mais
Para saber mais sobre o desenvolvimento humano, segundo Jean
Piaget, acesse o site: <https://www.psicoinfantil.net/fases-do-
desenvolvimento/>.

Vamos prosseguir, abordando um outro importante teórico que é adotado nas


escolas brasileiras para fundamentar estratégias de ensino-aprendizagem:
Vygotsky.

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Desenvolvimento humano segundo Vygotsky
Lev Smenovitch Vygotsky nasceu em 1896 na antiga União Soviética. Oriundo de
uma família de condições financeiras elevadas e bons estudos, teve uma infância
em que foram estimuladas a leitura e a pesquisa intelectual. Sua educação seguiu o
costume da época e foi feita basicamente em casa. Ao atingir sua adolescência, foi
concluir seus estudos em um colégio particular.

As inquietações de Vygotsky sobre o desenvolvimento da aprendizagem e a


construção do conhecimento perpassavam a produção da cultura como resultado
das relações humanas. Por esse motivo, ele procurou entender o desenvolvimento
intelectual a partir das relações histórico-sociais. Em outras palavras, buscou
demonstrar que o conhecimento é socialmente construído pelas relações humanas.

Após a saída do colégio, ingressou na Universidade de Moscou no curso de Direito,


que era um curso no qual se estudavam e se discutiam questões pertinentes às
Ciências Humanas. Frequentou também a Universidade Popular de Shanyavskii,
onde aprofundou os seus estudos em Psicologia, Filosofia e Literatura. Apesar
disso, não recebeu nenhum título por esta universidade (OLIVEIRA, 1993).

O desenvolvimento humano, o aprendizado e as relações entre desenvolvimento


e aprendizado são temas centrais nos trabalhos de Vygotsky, que buscava
compreender a origem do desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo
da história individual. Esse tipo de abordagem, que enfatiza o desenvolvimento,
é chamada de abordagem genética e é comum a outras teorias psicológicas
(VYGOSTKY, 2003).

A teoria de Vygotsky é muito significativa para as pesquisas sobre os processos


metacognitivos que são realizados pela psicologia contemporânea. O papel desses
processos na educação e no desenvolvimento é de uma importância que não se
pode subestimar. A teoria de Vygotsky, cuja importância é inegável, tem sido revista
à luz de novas abordagens, como aquelas propiciadas pela Neurociência (OLIVEIRA,
2003).

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Atenção
De acordo com Vygotsky (2011), o homem possui natureza
social, visto que nasce em um ambiente carregado de valores
culturais: sem o convívio social, sem o outro, o homem não se faz
homem. Assim, Vygotsky chega à conclusão de que o processo
de aprendizado é sempre intermediado, não ocorre de maneira
espontânea: o conhecimento é construído de maneira colaborativa.

A atuação institucional do psicólogo


escolar de acordo com os preceitos
legais e éticos
A psicologia escolar, por vezes, é considerada uma área não tão comum dentro
da atuação psicológica, vista como relativamente simples, não requerendo muita
experiência ou especializações e, até mesmo dentro das próprias instituições
de ensino, há uma visão equivocada e até distorcida sobre ela, devido à falta
de regulamentação legal e à importância da prevenção das dificuldades de
aprendizagem dentro do contexto escolar, sendo ela utilizada só, e principalmente,
em relação aos cenários de Orientação educacional e Supervisão escolar, pois são
previstos por lei.

Então, o psicólogo escolar acaba tendo inicialmente um papel mais avaliativo e


direcionador, porém a necessidade de revisão e mudança desse comportamento se
faz presente. De acordo com Reger (1989, p. 14), o psicólogo escolar é um cientista,
um engenheiro educacional ou projetista de planos educacionais que usa das mais
modernas metodologias e técnicas, em parceria com os outros profissionais da
educação, para desenvolver métodos de melhorias dos processos de aprendizagem,
além da aplicação de novas formas de diagnósticos, a fim de evitar desvios e dar
mais ênfase ao crescimento e desenvolvimento da criança do que à “patologia” em
si.

É importante também enfatizar que o contexto social e a cultura escolar também


possuem papéis essenciais dentro da atuação do psicólogo escolar, bem como a

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participação ativa familiar para que as questões sejam vistas por todos os ângulos
e as melhorias sejam efetivas e sólidas.

Orientação sobre as atribuições do psicólogo no


contexto escolar e educacional
O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP-SP (2010) divulgou uma
nota técnica esclarecendo ao psicólogo que atua em instituições escolares e
educacionais que:

• considere a realidade da escola brasileira, articulando com setores da saúde,


do trabalho, dos movimentos sociais, da assistência social e do poder judi-
ciário;
• compreenda os fatores que produzem e causam sofrimento em educandos
e educadores;
• analise o campo de relações sócio-político-pedagógicas para melhoria das
condições do processo educacional;
• comprometa-se com as funções sociais da escola de acesso aos bens cultu-
rais constituídos e a promoção de autonomia dos indivíduos;
• elabore metodologias de trabalhos multidisciplinares, valorizando e poten-
cializando a produção de saberes dos diferentes espaços educacionais;
• atue na direção da ampliação da qualidade do processo educacional, por
meio de práticas coletivas que potencializem pessoas e grupos da comuni-
dade escolar;
• compartilhe a prática e o conhecimento desenvolvido pela Psicologia, socia-
lizando saberes e ampliando as possibilidades de atuação.

Além disso, o psicólogo também deve considerar o disposto nas Resoluções do


Conselho Federal de Psicologia e em outros documentos pertinentes, tais como a
Resolução 07/03, que institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos.

Saiba mais
Para saber mais sobre os códigos de ética do psicólogo, acesse o
site a seguir: <http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_
ver.aspx?id=72>.

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Cenários (desafios) atuais da
psicologia escolar
A Psicologia foi inserida no contexto escolar com o objetivo de contribuir para
a evolução do desenvolvimento dos processos de aprendizagem e a interação
entre aluno, professor e escola, e por um longo período o psicólogo escolar
tinha como função principal classificar os alunos dentro de suas dificuldades de
desenvolvimento e propor melhorias genéricas e socialmente aceitas. Entretanto,
devido às mudanças nos contextos políticos, sociais e familiares, esse papel
corretivo passou também a ser preventivo e com o foco nos processos individuais,
levando em conta todas as vertentes relacionadas a cada aluno, permitindo que o
fracasso escolar deixe de ser responsabilidade somente de um lado, auxiliando nas
melhorias conjuntas; da mesma forma que os resultados passaram a ser coletivos,
atingindo direta e indiretamente todos os setores sociais.

Nesse sentido, a psicologia escolar tem buscado consolidar uma atuação que se
baseia em crescimento e sucesso dos atores escolares em contraponto à ênfase
dada aos problemas e às dificuldades.

Nessa nova perspectiva, outra forma de trabalho é a de atuação com o cuidado


da saúde psíquica, aprofundando a atenção nos processos sociais, integrando
novas visões e ferramentas que cuidem não só das patologias, mas também dos
processos emocionais, e até sutis, que permeiam a vida de cada aluno, bem como
seu dia a dia escolar, sua inclusão, criatividade, entre outros, aumentando assim o
desafio de ampliar sua área de atuação além da escola, creches ou ONGs.

Figura 1.8 – Desafios atuais da psicologia escolar.

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

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Referências
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA SP. Fique de olho. 2010. Disponível em:
<http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=72>. Acesso em: 20
jan. 2018.

GOULART, I. B. Psicologia da educação. Fundamentos teóricos. Aplicações à prática


pedagógica. 2010.

OLIVEIRA, M. K. de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento. Um processo sócio-


histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 2003.

PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

______. A psicologia da criança. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

______. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

REGER, R. (1989). Psicólogo escolar: educador ou clínico? Em: M. H. Souza Patto


(Org.). Introdução à Psicologia Escolar (pp. 9-16). São Paulo: T. A. Queiroz.

SMITH, C. Dificuldades de aprendizagem de A - Z: guia completo para educadores e


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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

______. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos


superiores. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

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