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Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação Lato Sensu
Especialização em Língua Portuguesa
social. É através da linguagem que o ser humano se integra ao mundo e dá significado a estas
específica à espécie humana de se comunicar por um sistema de signos vocais (língua) […]”. Já a
língua é parte da linguagem, seu produto social. O conceito de língua que adotaremos para nossa
dissertação é aquele que a define como um conjunto de códigos adotados pelos falantes da mesma
comunidade linguística.
A linguagem e a língua são naturalmente políticas porque sujeitam os que falam às suas
regras, disseminadas pela própria comunidade de fala. A política existe como forma de manutenção
do poder e, como nos diz Michel Foucault em Microfísica do Poder (2014), o poder é disseminado
através das relações sociais e, ao mesmo tempo, não é relacionado a nenhuma classe ou grupo
social. O poder é múltiplo, está em toda parte e está diretamente interligado ao saber, visto que os
diversos saberes estabelecem relações correlatas de poder (poder-saber). Em seu texto Língua,
Discurso e Política (2019), Fiorin afirma que “[...]a língua não é um instrumento neutro de
comunicação, mas é atravessada pela política, pelo poder, pelos poderes.” Assim, a linguagem,
enquanto sistema de comunicação e interação, e a língua, enquanto conjunto de códigos que possui
leis e regras que são acessadas por uma comunidade de fala, são influenciadas pela política, pelo
poder e pela ideologia. A ideologia, por sua vez, é um termo polissêmico e, assim como a política, é
um conceito fluido. Teve início na Antiguidade Clássica, com Aristóteles, chegou à modernidade
sendo definida pelos positivistas como uma ciência e encontrou no Marxismo uma definição de
natureza crítica que é adotada até hoje. Na obra Linguagem e Ideologia (1995), Fiorin retoma a
concepção marxista para afirmar que “a esse conjunto de ideias, a essas representações que servem
para justificar e explicar a ordem social, as condições de vida do homem e as relações que ele
Após a reflexão sobre as interseções desses conceitos (linguagem, língua, política, poder e
ideologia), percebemos claramente que há um embate, na maioria das vezes nem um pouco sutil,
preconceitos, pois tem como escopo padronizar a língua e preservá-la de mudanças (Apud
privilegiando apenas as formas que são devidamente certificadas pelo Estado e perpetuadas pelas
defeitos e não simples mudanças na língua. Ignora-se, igualmente, as transformações pelas quais
passa a sociedade e a influência dessas mudanças na língua, como, por exemplo, a marcação do
gênero neutro, já incorporado pelos falantes da comunidade não-binária no Brasil. O próprio acordo
alterou apenas 2% das palavras da língua. Assim, tomando o pressuposto que a política e a ideologia
são mecanismos de manutenção do poder pelas classes dominantes e que a linguagem e as línguas
são transpassadas por essas forças, inferimos que conhecer o código linguístico de uma comunidade
de fala é PODER.
Concluímos afirmando que é necessário vigilância para não pactuarmos com uma ideologia
preconceito linguístico, evidenciando ainda mais as diferenças sociais entre os falantes que
dominam o código e aqueles que são considerados “inaptos” no uso da língua e colocados (ainda
comunidade de fala estão intimamente ligadas à diversidade social e cultural daquela comunidade.
Negar este fato é negar aos seus falantes o reconhecimento da sua própria identidade, promovendo a