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O presente estudo abordará os princípios norteadores do Direito do Trabalho.

O primeiro princípio a ser discutido é o princípio da proteção. Trata-se de um dos princípios


mais fundamentais do Direito do Trabalho, uma vez que versa sobre a proteção que deve ser
conferida ao trabalhador em função da sua posição hipossuficiente na relação trabalhista (parte
mais frágil na relação jurídica). Este princípio envolve três regras ou subprincípios: in dubio pro
misero, condição mais favorável e norma mais benéfica. Nesse sentido, o princípio protetor está
vinculado à ideia de se atribuir a interpretação mais favorável ao trabalhador na aplicação da
norma jurídica todas as vezes em que a disputa gerar dúvida razoável, à consideração de que
toda nova circunstância mais vantajosa para o empregado e que seja habitual deve prevalecer
sobre a situação anterior, bem como, nos casos em que haja pluralidade de normas, o juiz tem
por obrigação adotar aquela que trará maior benefício ao empregado. Dessa forma, resta clara a
importância desse princípio na certificação de que as garantias trabalhistas serão asseguradas de
forma a contrabalancear os desequilíbrios das relações entre empregador-empregado.

Por sua vez, o princípio da primazia da realidade destaca justamente que em uma relação de
trabalho o que realmente importa são os fatos que ocorrem, mesmo que algum documento
formalmente indique o contrário. Este princípio pode ser observado no artigo 442 da
Consolidação das Leis do Trabalho que estabelece que o “contrato individual de trabalho é o
acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego” Assim, caso haja conflito entre
o que está escrito e o que ocorre em verdade, prevalece a realidade auxiliada pelo conjunto
fático-probatório, apresentação de testemunhas e provas, acostado pelo empregador.

No princípio da continuidade das relações trabalhistas, presume-se que o vínculo trabalhista


entre empregador e empregado permaneça, isto é, seja contínuo e por tempo indeterminado. Isto
porque, a relação trabalhista tem natureza alimentar, em que o trabalhador busca garantir sua
subsistência e seu sustento por meio dessa atividade. O artigo 448 da CLT define que a
mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afeta os contratos de trabalho
dos respectivos empregados, demonstrando que a relação de emprego deve permanecer vigente
mesmo que haja alteração na propriedade da empresa. Nesse sentido, tendo em vista que este
princípio visa a preservação do emprego, apesar de previstos pela CLT, os contratos a prazo
certo devem ser tidos como excepcionais. Além disso, vale ressaltar que, em situação de
conflito, o ônus recai sobre o empregador, tendo este que provar que não demitiu o empregador.

Adiante, o princípio da irrenunciabilidade de direitos é a impossibilidade jurídica de privar-se


do recebimento de uma ou mais verbas de natureza trabalhista. O profissional, por ser
hipossuficiente, não possui autonomia de vontade para dispor dos direitos trabalhistas, para
renunciar aos seus preceitos.  Isso significa, na prática, que o profissional não pode abrir mão de
direitos de ordem pública, tais como férias e verbas trabalhistas de forma voluntária, uma vez
que esses direitos podem trazer dano se não forem gozados pelo empregado. Este entendimento
está consolidado no art. 9º da CLT que veda quaisquer atos que impeçam a garantia dos direitos
expressos nas leis trabalhistas.

A irredutibilidade salarial diz respeito a garantia de que o empregado não tenha o seu salário
reduzido pelo empregador, durante todo o período que perdurar o contrato de trabalho. A
redução pode ser direta, em que o empregador decide pagar menos pelo serviço contratado, ou
indireta, em que o empregador subtrai tarefas, quantidade de serviço e afins e, a partir daí,
ocorre a redução. Tal medida, portanto, visa assegurar estabilidade econômica para o
trabalhador e coibir abusos por parte do empregador, vedando-se qualquer alteração que não
seja benéfica ao empregado.

O próximo princípio a ser abordado é o princípio da inalterabilidade in pejus. A base principal


desse princípio é o art. 468 do CLT que estabelece que nos contratos individuais de trabalho só
é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que
não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula
infringente desta garantia. Significa que o contrato de trabalho do empregado não pode ser
modificado para pior, com ou sem a sua anuência. Logo, a alteração não pode ser em prejuízo
do trabalhador e diz respeito a qualquer cláusula contratual, escrita, verbal, ou apenas tácita.

O princípio da boa-fé é tido como um princípio geral, informante de todo o ordenamento


jurídico. No direito do Trabalho, esse princípio torna algumas prerrogativas mais evidentes,
sendo elas, o dever de fidelidade e a irradiação da boa-fé por todos os direitos e obrigações da
relação contratual existente.

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