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TEOLOGIA DO APOCALIPSE

A CRISTOLOGIA NO APOCALIPSE DE JOÃO


João retrata Jesus Cristo no seu estado exaltado. É assim que ele o vê entre os candeeiros e à destra de Deus. Na sua
visão, João retrata Jesus Cristo exaltado por muitos títulos: A Testemunha Fiel (1:5); O Primogênito dos mortos (1:5, 2:10,11);
O Amante de nossas almas e Expiador (1:5); O glorificado e Ressurreto Filho de Deus, que tem as chaves dos céus e do inferno
(1:18); O governante da Igreja (1:12 ss); O Instrutor da Igreja (2 e 3); O Senhor dos céus (4); O Revelador das coisas futuras
(5); O Leão da tribo de Judá (5:5); O Juiz da terra e Purificador da Igreja (6-19); O Juiz e governador (19:11 ss); O Rei dos reis
e Senhor dos senhores (19:16); O Juiz de Satanás e dos ímpios (20); O Noivo, O Senhor celeste (21-22); O Cordeiro
(5:6,8,12,13; 6:1; 7:9; 12:11; 13:18; 14:1; 15:3; 17:14; 19:7,9; 21:14,22,23; 22:1,3); O Alfa e o Ômega, tudo para todos, fonte
da vida, alvo de toda a existência, a raiz e a geração de Davi; a brilhante estrela da manhã (1:11; 21:6; 22:13; 22:16).

O CORDEIRO DE DEUS
Como se pode notar, a figura central do Apocalipse é Jesus Cristo e seu título preferido é Cordeiro de Deus. Este
também é o tema do Apocalipse.
Certamente que o Cordeiro de Deus tem relação com todo o desenvolvimento do Velho Testamento, onde o cordeiro
era a figura central do sistema sacrificial e expiatório, que, mediante a graça de Deus, resgatava os homens das trevas para a luz;
bem como esta relacionado à páscoa e seu simbolismo de libertação da escravidão.
No Novo Testamento Jesus Cristo fez-se o cordeiro sacrificial, ele mesmo oferecendo-se em sacrifício salvífico e
expiatório. Ele é o cordeiro pascal, que resgata os homens da escravidão do pecado para a liberdade da glória dos filhos de
Deus. Quem come da sua carne e bebe do seu sangue tem a vida eterna. Ele mesmo mandou.

A ESCATOLOGIA E A LITERATURA APOCALÍPTICA


Toda literatura apocalíptica, normalmente pseudônima e determinista, é escatológica. Foi o tipo de literatura que
floresceu no período interbíblico e também, em menor escala, após a morte de Jesus Cristo com a finalidade de amenizar o
sofrimento do povo em cativeiro ou em perseguição. O Velho Testamento possui literatura apocalíptica em Daniel e Ezequiel, e
o Novo Testamento possui o que chamamos Livro das Revelações ou Apocalipse de João.
O termo apocalipse é usado para qualificar escritos que têm certas afinidades com o Apocalipse do Novo Testamento.
Alguns escritos do Velho Testamento estão associados com o Apocalipse: Daniel, Ezequiel. Há, ainda, associações com livros
não-canônicos como: Segredos de Enoque, etc. Algumas das características dessa literatura são:
a) QUANTO À FORMA: orientação cosmológica, numerologia, experiências estáticas, visões, drama, alegoria.

b) QUANTO À FUNÇÃO: satisfaz necessidades em tempo de perseguição, resolve os problemas entre a justiça de
Deus e o sofrimento do homem e expõe os objetivos do nacionalismo.

c) QUANTO AO CONTEÚDO: revelativa, pseudopreditiva, mística e simbólica, determinista, escatológica,


transcendentalista, pessimista/otimista histórica, dualista.

Toda literatura apocalíptica é escatológica, mantém a tensão entre a história e o ÉSCHATON. Faz uma defesa radical
dos justos. São normalmente escritos em nome de algum predecessor ilustre. Usa, normalmente, visões como meios de
revelações. Tem como característica principal o SIMBOLISMO. Os números estão entre as principais figuras simbólicas:
 "1" está associado ao princípio de unidade ou de existência independente, forma a raiz para a palavra "unidade";
 "2" é a duplicação do 1 e representa força (duas testemunhas eram necessárias para confirmar qualquer fato);
 "3" simboliza o ciclo familiar completo: amor de pai, amor de mãe e amor filial. Assumiu o conceito de amor divino e
a Trindade, assim o três simboliza o divino.
 "4" simboliza o universo físico, o número cósmico (quatro seres viventes, quatro cavaleiros, quatro anjos junto ao rio
Eufrates);
 "5" é o número que designa o homem, em cada mão estão cinco dedos, em cada pé cinco dedos. Dobrando o número
para dez tem-se a inteireza humana. A perfeição humana pressupõe dez dedos nas mãos e dez dedos nos pés (dez
chifres=poder humano completo, dez dias=tempo humano completo, 10x10x10=1000=inteireza última,
12x12x10x10x10=144000= o número completo do povo de Deus sobre a terra);
 "6" é o número que designa o mal porque estava aquém do "7", o número sagrado da perfeição. O seis é símbolo da
imperfeição pois não alcança o sete;
 "7" é a soma do número divino (3) mais o número cósmico (4) e simboliza o número sagrado da perfeição, a terra
coroada com o céu, o universo físico e o espiritual unidos (sete espíritos, sete igrejas, sete candelabros, sete estrelas,
sete selos). O sete pode ser ainda multiplicado pelo número completo "10" e resultar em "70" (Jesus enviou 70
discípulos);
 "12" é o resultado de "3"x"4" e tornou-se o símbolo para o povo de Deus, a religião organizada (doze tribos em Israel,
doze apóstolos, doze portas). Duplicado, o número "12" simboliza o povo de Deus na sua totalidade. Multiplicado pelo
número completo "10" (12x12x10x10x10) designa o número completo do povo de Deus sobre a terra e determina sua
segurança perfeita;
 "3 1/2" é a metade de "7" e significa um período de tempo curto e indefinido (3 1/2 anos, 42 meses, 1.260 dias)
representa instabilidade, confusão, insatisfação.

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