ENSINO REGULAR
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo relatar como se dá a inclusão de alunos surdos nas classes |
regulares de ensino das escolas públicas. A inclusão de surdos nas classes regulares de ensino tem
gerado discussões e polêmicas entre estudiosos, educadores e familiares que buscam melhor
qualidade de ensino para estes alunos. O tema vem sendo abordado através de diferentes
perspectivas, dentre elas os direitos das pessoas com deficiência e o exercício da cidadania, à
exposição a língua de sinais ou ao português e a modalidade de ensino. Embora essa diversidade
resulte em um material bibliográfico rico e heterogêneo, ainda há pouca discussão sobre a
implementação da inclusão escolar e sobre a percepção dos professores envolvidos nesse processo.
Apesar das políticas educacionais atuais advogarem a inclusão escolar dos alunos portadores de
necessidades educacionais especiais, sua implementação tem sido difícil em se tratando dos alunos
surdos.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho é um estudo realizado com base na pesquisa de alguns autores que tratam a
respeito da inclusão escolar dos alunos surdos, nas classes regulares de ensino das escolas públicas
brasileiras.
Muitos autores apontam o fato de que o ensino é baseado na língua oral e os alunos surdos
não conseguem desenvolvê-la, sendo um grande entrave para o aluno surdo nas classes regulares.
O objetivo deste trabalho é, então, investigar como a política de educação inclusiva e o seu
processo de implementação tem sido percebidos e colocados em prática pelos professores.
Diante do fato de que o mundo que habitamos é formado por uma imensa diversidade e da
constatação de que cada ser é único, compreende-se que é preciso não apenas aceitação e tolerância
com as diferenças é preciso antes de tudo tentar superar as desigualdades.
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Diferente das crianças ouvintes, que vivenciam e respondem pela aquisição incidental do
conhecimento, para as crianças surdas esse tipo de situação é muitas vezes limitada pela falta de
uma língua comum a ser compartilhada com os ouvintes.
Por não terem acesso à oralidade, a maioria é então privada de atividades que envolvem a
linguagem, o que também ocorre na escola, dificultando o aprendizado da leitura e da escrita.
A prática pedagógica está toda perpassada por problemas que envolvem relações dialógicas
entre ouvinte, professor e aluno surdo.
Tomando como base os estudos de Pereira (2006), vamos então situar como tem sido o ensino
do português para surdos em nosso país.
Até o final dos anos 80, predominou na escola a concepção de linguagem enquanto
instrumento de comunicação, segundo a qual um emissor transmite a um receptor da mensagem.
De acordo com essa concepção cabe a escola ensinar as regras que regem o uso da língua,
com o objetivo de melhorar a qualidade da produção linguística dos alunos, dessa forma, muitos
exercícios tinham como objetivo o reconhecimento e a memorização da nomenclatura gramatical
(PEREIRA, 2006).
Luchesi (2003), também aponta que a educação especial para surdos reduzia a linguagem em
emissão e recepção, apresentando-a de modo fragmentado e de acordo com uma ordem crescente de
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dificuldades: vogais, encontros vocálicos e assim por diante, até se chegar à construção de frases
complexas.
Nesse sentido a linguagem oral ficava reduzida à fala, sendo função do professor
desenvolvê-la, embora acreditasse que dessa maneira estava trabalhando com a linguagem oral em
sua complexidade.
No final dos anos 80, sobre a influência de Vygotsky e Bakhtin, a linguagem passou a ser
concebida como atividade social, como lugar de interação humana, de interlocuções, entendidas
como espaço de produção e de constituição de sujeitos (PEREIRA, 2006).
Pereira (2006) destaca que coube a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos
textos que circulam socialmente, bem como ensinar a produzi-los e interpretá-los.
Dessa forma, assim como ocorreu na educação de ouvintes, a adoção de uma concepção
interacionista e discursiva pela escola também acarretou mudanças no ensino da língua portuguesa
para os alunos surdos.
A educação de surdos nas escolas regulares, tem sido considerada um fracasso por vários
estudiosos, um dos grandes problemas é a pobreza de experiências e trocas comunicativas
envolvendo a linguagem oral que levam a dificuldades no domínio de vocabulário, das regras
gramaticais, na clareza e coesão dos enunciados, prejudicando toda a compreensão do processo de
leitura.
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Não se pode esquecer que a criança surda quando chega a escola, também traz sua bagagem
de conhecimento da língua escrita, como as demais crianças e que isto não deve ser ignorado, sob
pena de exclusão das práticas de leitura e escrita do aluno deficiente.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendo que o problema principal da inclusão de surdos na rede regular de ensino reside na
falta de uma língua comum entre ouvintes e surdos.
Parece que falta ao educador, parâmetros para ensinar e avaliar estes alunos e suas condições
de desenvolvimento.
Outro aspecto que destaco é a crença de alguns professores de que basta um intérprete da
língua de sinais em sala de aula para se resolver o problema de inclusão do aluno surdo.
Essa postura me parece equivocada, pois, tomando como base estudos aqui apresentados,
podemos afirmar que a simples inserção desse agente não garante uma inclusão satisfatória.
Creio ser fundamental para que haja uma verdadeira inclusão do aluno surdo na escola, em
primeiro lugar uma adaptação curricular para estes alunos, informar sobre a surdez e a língua de
sinais e o envolvimento da família.
5 REFERÊNCIAS
GÓES, MCR. Linguagem, surdez e educação. Campinas, SP. Autores Associados; 1996.
LUCHESI, MRC. Educação de pessoas surdas: experiências vividas, histórias narradas. Campinas,
SP: Papirus; 2003.
PEREIRA, MCC. Leitura, escrita, surdez. São Paulo: Secretaria da Educação, CENP; 2006.
SEF, 1998. v.1
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