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fundamentais, além de acrescentar – como já era de praxe – documentos

dos últimos anos.

O Concílio Vaticano II, com seus numerosos e longos textos, trouxe um


novo desafio. Seria ainda possível prosseguir com o “Denzinger”, incorpo-
rando o Vaticano II? O volume que já se aproximava das mil páginas,
comportaria ainda mais o gigantesco volume de páginas do Vaticano II? Na
35ª edição Schönmetzer prometeu uma publicação à parte com os documen-
tos do Concílio, o que não veio a realizar devido a seu falecimento.

Porém mais um problema intervinha no uso do “Denzinger”: as novas


gerações de estudantes de teologia sabiam cada vez menos latim e grego.
Já em 1959 aparecera uma tradução espanhola da 31ª edição7. Portanto,
ainda o velho “Denzinger” não modificado por Schönmetzer. A
efervescência do Concílio suscitou num grupo de alunos e formadores do
Pontifício Colégio Pio Brasileiro a idéia de traduzir o recém aparecido DS
para o português. Percebera a necessidade e pusera mãos à obra, num
gigantesco empreendimento coletivo que se veio a perder na vinda ao
Brasil, com a bagagem do então Frei Guilherme Baraúna OFM. Naqueles
tempos anteriores ao computador, à Internet e até mesmo ao xerox, foi
uma perda irreparável. O sonho de uma tradução brasileira do “Denzinger”
desfez-se no lixo de algum depósito alfandegário, nos porões de um navio
ou no fundo do mar.

Em 1981, Peter Hünermann, professor de teologia na Universidade de


Tübingen (Alemanha), verificando que o “Denzinger” se tornara inacessí-
vel até mesmo para os estudantes da mais conceituada Faculdade de Te-
ologia da Alemanha, conclui pela necessidade de traduzi-lo. Entretanto a
tradução deveria ser apenas uma facilitadora do acesso aos textos origi-
nais, pois não se faz ciência na base da tradução. Daí a idéia de uma edição
bilíngüe8 que trouxesse uma tradução o mais literal possível, de forma a
remeter ao original.

O empreendimento era gigantesco e sua execução levou onze anos, com a


ajuda de uma equipe germanicamente eficiente e devidamente remunera-
da, e dos meios mais atualizados da informática. Era preciso revisar todos
os documentos segundo as mais recentes edições críticas ou, pelo menos,
de acordo com as edições mais confiáveis. Era preciso tomar uma decisão
sobre os documentos do Vaticano II: pô-los na íntegra, omiti-los de todo,
selecionar trechos mais significativos. Era preciso acrescentar os novos

7
Cf. E. DENZINGER, El magisterio de la Iglesia. Manual de los símbolos, definiciones
y declaraciones de la Iglesia en materia de fe y costumbres. Versión directa de los textos
originales por Daniel RUIZ BUENO, Barcelona: Herder, 1963 (3ª reimpressão). A primei-
ra é de 1959.
8
No sentido já explicado na nota 1.

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