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A PROCLAMAÇÃO DA ESPERANÇA

Manual para Evangelismo de Colheita

Russell Burrill

Tradução:
Fernanda Caroline de Andrade Souza

Editores:
Núcleo de Missões e Crescimento de Igreja – Unasp-EC
Associação Ministerial da UCB
Divisão Sul-Americana
Título original em inglês: Reaping the Harvest – A step-by-step guide to public evangelism

Copyright © 2007 by Hart Books


Impresso no Brasil sob permissão.

Revisão: Rita de Cássia Timóteo Soares e Milenna Vieira da Silva


Capa e diagramação: Adilson Alves

1ª edição – 3 mil exemplares


2009

1
CONTEÚDO

Prefácio......................................................................................................
Introdução..................................................................................................
1. Propósito do Evangelismo Público......................................................
2. Resultados de uma Igreja Capacitada pelo Espírito...........................
3. Mitos do Evangelismo Público.............................................................
4. Quem o Evangelismo Alcança?...........................................................
5. História do Evangelismo Público Adventista .....................................
6. Uma Denominação Recomprometida..................................................
7. Novo Tipo de Evangelismo...................................................................
8. Evangelismo Público por meio de Seminários: Parte Um..................
9. Evangelismo Público por meio de Seminários: Parte Dois................
10. Propaganda Evangelística..................................................................
11. Orçamentos e Finanças......................................................................
12. Preparando a Igreja para o Evangelismo...........................................
13. Preparação para o Evangelismo........................................................
14. Construindo um Sistema Unificado da Verdade...............................
15. Pregação Evangelística.......................................................................
16. Literaturas no Evangelismo................................................................
17. Recursos Visuais.................................................................................
18. Visitação Evangelística.......................................................................
19. Fazendo as Visitas..............................................................................
20. Objeções e Desculpas.........................................................................
21. Decisões...............................................................................................
22. Batismo................................................................................................
23. Acompanhamento Evangelístico.......................................................
24. Epílogo.................................................................................................
Apêndices..................................................................................................

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PREFÁCIO

Quando adventistas pensam em evangelismo, a série de conferências sem dúvida


vem à mente: a pregação da Palavra, a proclamação da mensagem divina para o tempo do
fim a uma audiência reunida numa tenda, num auditório ou salão, numa igreja ou até mesmo
ao ar livre.
Mas o evangelismo pode tomar muitas formas, desde reuniões de pequenos grupos
nos lares, seminários em salas de aulas, a transmissões via satélite pela televisão.
Como diretor do Instituto de Evangelismo e Secretário Ministerial da Divisão Norte-
Americana, Russell Burrill não é apenas um autor prolífero de vários livros sobre crescimento
de igreja. Ele é também um dos nossos mais bem sucedidos e experientes evangelistas
públicos. Este livro é provavelmente o manual mais completo sobre evangelismo público já
escrito em nossa Igreja.
Nessas páginas, o pastor Burrill revê a história fascinante do evangelismo adventista.
Ele apresenta o passo a passo de como conduzir uma série de conferências públicas.
Enfatiza as indispensáveis funções de preparo e acompanhamento e a necessidade de unir
evangelismo pessoal e público – semeadura e colheita – para ganhar o máximo de almas.
Quer seja você um leigo, um funcionário da igreja, um evangelista, ou um estudante
se preparando para o ministério, este livro será uma referência valiosa e um desafio
motivador à medida que você desempenha seu papel pessoal no cumprimento da Comissão
Evangélica.
Com frequência, os adventistas falam sobre “terminar a obra”. Habilitados pelo
Espírito Santo, a obra será completada. Então, o reino do pecado terminará, e a alegria da
eternidade do Céu poderá começar. Este livro aponta o caminho para que isso aconteça
brevemente.

Don Schneider, Presidente


Divisão Norte-Americana dos Adventistas do Sétimo Dia

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INTRODUÇÃO

O evangelismo público tem sido uma parte estável do processo evangelístico da


Igreja Adventista do Sétimo Dia desde seu início. Mesmo sofrendo muitas críticas, continua
sendo usado por Deus e pela igreja para cumprir sua missão no mundo. No século 21, Deus
ainda o usa poderosamente, desde conferências evangelísticas em grandes estádios até
conferências em pequenas igrejas.
Na década de 1930, o evangelista adventista J. H. Schuler escreveu um livro sobre
evangelismo público que serviu à igreja por muitos anos. Entretanto, desde então, nada foi
escrito para ajudar a treinar gerações futuras de evangelistas. Vários manuais de
treinamento foram produzidos por diferentes evangelistas, mas este trabalho representa a
primeira obra sistemática sobre evangelismo público desde a obra de Schuler.
Espero que este livro possa servir como uma cartilha para escolas de evangelismo e
um guia para leigos e pastores que estejam conduzindo conferências evangelísticas. Espero
que ele torne seu trabalho mais fácil e eficaz à medida que as ideias sugeridas nestas
páginas forem colocadas em prática.
Desejo expressar minha gratidão a todos aqueles que compartilharam suas ideias
comigo através dos anos. Mencionei os créditos cujas fontes eu conhecia, mas muito do que
aprendi foi-me passado por pessoas que hoje são desconhecidas, e agradeço a todos. Se
uma de suas ideias aparecer aqui, é porque você a compartilhou comigo, e a incorporei em
meus métodos até que se tornou uma parte tão vital do que faço que esqueci a fonte.
Dizem que não há nada de novo debaixo do sol, então o que ofereço aqui não é
novo, mas uma interpretação sistemática do processo de evangelismo público segundo
minha experiência de mais de 40 anos de ministério público. Desejo dedicar este livro a
milhares de almas que foram ganhas para Cristo como resultado de conferências que
conduzi pessoalmente, bem como a outras que também se encontrão com Jesus porque
outros evangelistas colocaram em prática as ideias fornecidas aqui.
Desejo expressar gratidão de forma especial a minha esposa, Cynthia, que tem
estado ao meu lado durante esses mais de 40 anos de ministério. Ela não apenas tem
servido como apoio, mas também tem sido uma parte vital deste ministério. Sempre digo que
não poderia ter feito uma reunião sem a ajuda dela. Cynthia tem sido minha cantora
evangelista e a responsável por todas as apresentações de PowerPoint que fizemos. Uma
vez que sempre falo sem anotações e nunca na mesma ordem, ela tem o desafio de
harmonizar os slides com o que estou dizendo. Aprecio sua paciência ao trabalhar com meu

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estilo, mas ela é deveras responsável por muito do que realizei. Temos sido uma verdadeira
equipe ministerial.
Também gostaria de agradecer o trabalho árduo de minha assistente administrativa,
Alice McIntyre, com relação a este livro. Ajudar a corrigir minhas falhas de gramática e se
certificar de que me expressei da maneira correta foi de grande ajuda. Agradeço
grandemente suas muitas horas debruçadas sobre o manuscrito.
E agora, recomendo este livro a meus leitores e oro para que lhe seja útil no
cumprimento da missão de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

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CAPÍTULO UM
PROPÓSITO DO EVANGELISMO PÚBLICO

Desde seu início, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem estado envolvida em alguma
forma de evangelismo público. De fato, ela começou como um movimento evangelístico
público, então não deveria ser surpresa que no século 21, mais de 150 anos depois, essa
maneira de converter pessoas para Cristo seja ainda uma parte vital do ministério
Adventista.
Ao longo de sua história na Igreja Adventista, o evangelismo público teve várias
expressões e níveis de apoio. Muitos previram sua extinção, mas continua a ter apoio
significativo e sucesso no século 21. Um dos maiores problemas do evangelismo público
adventista tem sido a tendência de torná-lo o único evangelismo que a igreja faz. Assim, uma
igreja irá desempenhar seu programa regular com pouca ênfase evangelística todo o ano e
então esperar que as pessoas estejam expostas à mensagem adventista, creiam nela o
suficiente para serem batizadas, unam-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia, e façam todas
as enormes mudanças de estilo de vida requeridas, e tudo isso em poucas semanas.
Obviamente, esse modelo não funciona, e sempre que igrejas tentam fazer
evangelismo público assim, normalmente fracassam. O evangelismo público deve ser visto
como é: uma colheita. Você não pode colher a não ser que tenha semeado. O evangelismo
público não terá sucesso sem um ano todo de programa evangelístico na igreja. Se as
pessoas forem preparadas com antecedência, então o evangelismo público torna-se uma
ferramenta excelente pela qual muitas almas podem ser alcançadas para o reino de Deus.

DEFINIÇÃO DE EVANGELISMO

O evangelismo é um processo do qual o evangelismo público é a parte da colheita. É


necessário muito preparo para que o evangelismo público tenha êxito. O processo de
evangelismo envolve semeadura, cultivo e colheita. Infelizmente, num esforço de retirar os
aspectos negativos do evangelismo público, alguns acabam negligenciando todas as partes.
Essas pessoas estão dispostas a semear e cultivar, mas nunca colhem muito. O resultado é
que a colheita não é feita, o que pode ser mais perigoso para a salvação de outros do que
quando o evangelismo público tenta colher o que não foi semeado. Ambas as situações
estão erradas.

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Em meus outros livros falo muito sobre a semeadura e o cultivo no evangelismo.
Neste livro, quero me referir ao aspecto da colheita. Um sem os outros sempre gera falhas.
Conquanto estejamos falando de evangelismo público nesta obra, é vital ao leitor lembrar
que não estamos minimizando a importância de semear e cultivar.
Em termos mais amplos, o evangelismo pode ser definido como o processo de
ganhar pessoas para Jesus Cristo e capacitá-las a serem transformadas por Deus em
membros de igreja responsáveis que estão prontos para se encontrar com Jesus
quando Ele vier. Por essa definição, evangelismo é visto como todo o processo de se
ganhar pessoas, incluindo semeadura, cultivo e colheita, mas nossa definição vai além ao
expandir o processo para incluir e levar pessoas a uma experiência de transformação com
Deus. O trabalho de evangelismo não termina com o batismo, mas continua até que as
pessoas se tornem discípulas e estejam prontas para a volta de Jesus. Essa é nossa
compreensão adventista do que seja evangelismo. Infelizmente, não tem sido muito
praticada, mas a maioria dos adventistas concordaria com essa definição.
A desvantagem dessa obra de focalizar o evangelismo público é que algumas
pessoas podem interpretar mal e pensar que esse é o aspecto mais importante do processo
evangelístico. Portanto, desejo tornar claro desde o começo que estamos dissecando o
processo de colheita, mas esse foco não exclui a semeadura, o cultivo e o discipulado como
partes vitais do processo evangelístico.
No livro Evangelismo, há uma definição sucinta:

Evangelismo, o próprio coração do cristianismo, é o tema de importância capital para


quantos são chamados a fim de proclamar a derradeira mensagem de advertência
que Deus faz ao mundo condenado. Estamos nos últimos instantes da história deste
planeta obscurecido pelo pecado, e a mensagem do advento, com o objetivo de
preparar o povo para a volta do Senhor, precisa atingir todos os confins da Terra.1

Não pode haver igreja sem evangelismo. Tire o evangelismo da igreja, e ela se torna
um clube social. A igreja é um poderoso movimento missionário, motivado para a ação pelo
Senhor Jesus Cristo, com o propósito expresso de ganhar pessoas para Cristo. A igreja não
tem outra razão de existir senão a de alcançar as almas perdidas.

PODER PARA O EVANGELISMO

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O evangelismo em todas as suas facetas, e principalmente a parte da colheita, não é
um esforço humano, como se o trabalho árduo de seres humanos pudesse realmente
influenciar alguém a seguir a Jesus. A despeito das fragilidades humanas, Deus usa as
pessoas como Seus instrumentos para alcançar outros que estão perdidos. Mas nunca
podemos esquecer que por trás de tudo isso está o maravilhoso poder do Espírito Santo.
A igreja foi iniciada por Jesus e habilitada para sua missão pelo Espírito Santo. As
obras humanas não criaram a igreja, ela nasceu da ação poderosa do Pentecostes. Desde
seu início, a igreja sabe que foi criada por Deus e capacitada por Ele. Ela jamais pode seguir
adiante por força humana, mas sempre no espírito da terceira Pessoa da Trindade.
Mateus nos descreve o maravilhoso acontecimento quando Jesus reuniu seus
discípulos para o encontro final no monte da comissão e criou Sua igreja para cumprir Sua
missão.

Seguiram os onze discípulos para a Galileia, para o monte que Jesus lhes designara.
E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se,
falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E
eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século (Mateus 28:16-
20).

Essa passagem poderosa descreve o ato do próprio Jesus ao dar início ao que se
tornaria a igreja cristã. Assim como Deus havia descido com trovões sobre o monte Sinai e
estabelecido sua igreja do Antigo Testamento, com a autoridade do poderoso Deus da
montanha, Jesus traz Sua igreja embrionária ao monte da comissão e estabelece a igreja do
Novo Testamento, na autoridade de Cristo.
Jesus aparece aos seus onze escolhidos em seu estado de glória. Eles reagem
ajoelhando-se e adorando-O. O cristianismo começa com a adoração ao Deus vivo. Ele é o
Cristo ressuscitado. Ele venceu o pecado e a morte. Esse Cristo vitorioso é o fundamento da
igreja que está sendo estabelecida. Ainda assim, alguns dos discípulos duvidaram (v. 17).
Jesus não estabeleceu a igreja com pessoas perfeitas, mas com indivíduos que ainda não
haviam se organizado.
Da mesma forma, Deus começou sua igreja do Antigo Testamento com pessoas
imperfeitas que estavam adorando um bezerro de ouro enquanto Moisés estava na

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montanha recebendo os Dez Mandamentos. Parece da natureza de Deus usar pessoas
imperfeitas. Não é necessário esperar pela perfeição. Jesus é especialista em usar pessoas
que ainda precisam crescer.
Assim como Deus desceu no Sinai com extraordinária demonstração de poder
sobrenatural, Jesus, com sua voz poderosa, proclama que tem toda a autoridade no céu e
na terra (v. 18). Essa é a declaração mais poderosa que Ele já fez. Não há pergunta sobre
quem Ele é. Não se pode ter mais autoridade do que Jesus afirma ter nessa passagem. É
como se estivesse declarando que Ele é o presidente do universo. E quando o presidente
fala, todos ouvem e obedecem. Essa é a posição de Jesus quando chama a igreja cristã à
existência usando onze discípulos vacilantes.
Com tal demonstração de autoridade e poder, deve-se levar Jesus a sério. Falhar em
fazer o que Ele pede é desobedecer ao Comandante do universo. A igreja não tem outra
opção. Ela deve obedecer ao seu comandante. Falhar em fazer isso é desobediência
flagrante. Assim, qualquer igreja que professa ser cristã, mas não obedece à grande
comissão, está cometendo pecado voluntário e deliberado. Essa é uma posição
insustentável para qualquer pessoa que diz ser discípulo de Jesus.
E o que é essa comissão? O fazer discípulos. Fazer isso obviamente é um processo.
Pessoas devem ser ganhas para Cristo e então dar frutos, fazer outros discípulos do homem
da Galileia. Portanto, pelo próprio ato da criação da igreja, Jesus definiu o processo de
discipulado. O chamado de Jesus não é apenas ganhar almas para Ele, batizar pessoas ou
fazer delas membros de igreja. Tão importante quanto qualquer parte desse processo, a
comissão requer o fazer discípulos preparados para encontrá-lo quando ele vier, o que Jesus
claramente resumiu em outras passagens.2
Jesus não somente define claramente a missão, como também promete estar com
sua igreja à medida que ela cumpre essa missão. As igrejas não precisam descobri-la, pois
ela já foi dada pelo Fundador. Pode ser que precisemos torná-la relevante para nossos dias,
mas Jesus definiu com clareza o objetivo. Qualquer igreja com uma missão que não envolva
ganhar os perdidos não pode, por definição, ser uma igreja cristã, pois ser cristão significa
viver em obediência ao Cristo vivo. Qualquer igreja com outra missão é uma igreja
totalmente em oposição a Cristo. Não há opções aqui, apenas obediência.
Mateus 28:20 retrata Jesus dando a seus discípulos a confirmação de que o Cristo
vivo estaria com eles no cumprimento da missão. Essa não é uma promessa para estar com
a igreja no que quer que ela faça. A promessa é dada em associação com a comissão. Não

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é incondicional, mas uma promessa de que sua presença acompanharia a igreja à medida
que ela avança em obediência a Ele.
Que pensamento extraordinário. Não avançamos sozinhos para ganhar pessoas para
Jesus. Ele nos acompanha. Ele vai conosco. Prosseguimos não com força humana, mas no
maravilhoso poder do Senhor ressurreto. É por isso que podemos avançar em completa
confiança, sem dúvidas, com completa fé de que Deus nos abençoará quando buscamos
ganhar almas para Jesus. Ele não nos chama ao fracasso, mas ao sucesso de Sua
presença. Somente o poder de Deus pode realizar os extraordinários feitos que Jesus previu
acompanhariam Sua igreja. Não ousemos falar em fracassos em meio à presença de Deus.

PODER DO ESPÍRITO SANTO

Com esse poder extraordinário, entendemos a forte ênfase de Jesus na necessidade


do poder do Espírito em acompanhar sua recém-formada igreja no início da obra crucial de
alcançar o mundo para Jesus. Cada um dos escritores dos evangelhos sinóticos nos retrata
Jesus invocando a necessidade do Espírito Santo para o cumprimento de sua missão. Vimos
isso na grande comissão em Mateus 28 quando Jesus envia seus discípulos sob sua
autoridade. Mas como essa autoridade é manifestada?

E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e
for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de
acompanhar aqueles que creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas
línguas; pegarão em serpentes, e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará
mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados (Marcos 16:15-18).

Na versão de Marcos, da grande comissão, ele mostra Jesus fazendo a mesma


declaração, mostrando como Sua autoridade é manifestada. Haverá sinais e prodígios que
acompanharão os discípulos ao irem adiante nessa missão. O expulsar demônios, o falar em
línguas, a imposição de mãos sobre o doente para recuperação são todos dados no contexto
da igreja cumprindo a grande comissão.
A promessa de sinais e maravilhas não é para o benefício dos crentes, mas para o
bem dos não-crentes. Esse é o contexto da passagem. Os adventistas infelizmente têm
concedido essa passagem aos pentecostais e ignorado completamente os sinais e
maravilhas. Os pentecostais, por outro lado, não estão cumprindo a passagem, pois têm

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sinais e maravilhas na igreja para os crentes. Os sinais e prodígios devem acompanhar a
igreja de acordo com o avanço na pregação do evangelho.
Os adventistas precisam confrontar a promessa de Jesus. Quando levamos a sério o
cumprimento de sua missão, ele nos promete que realizará sinais e prodígios entre nós. Não
deveríamos ter medo de milagres e sinais, devemos esperar por eles ao irmos em busca dos
perdidos. Uma vez que alguns cristãos fazem pouco para ganhar o perdido, não é de se
surpreender que sinais e maravilhas sejam raramente vistos entre nós. Precisamos começar
a orar por um reavivamento do poder do Espírito Santo que nos trará a autoridade de Deus
para cumprir a missão de Cristo, e os resultados serão vistos com sinais e maravilhas.
Mesmo Ellen White proclamou que quando a igreja experimentasse o poder da chuva
serôdia do Espírito Santo para o cumprimento final da missão de Cristo, “por milhares de
vozes em toda a extensão da Terra, será dada a advertência. Operar-se-ão prodígios, os
doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão aos crentes”. 3
Mateus e Marcos retratam Jesus declarando a necessidade absoluta de autoridade e
poder para acompanhar o cumprimento de Sua missão. Esta é tão grande que não pode ser
cumprida por força humana. Apenas o poder divino pode preencher o coração humano. Da
mesma forma, Lucas mostra a necessidade desse poder, mas tem Jesus apontando a Fonte
desse poder para a igreja: o Espírito Santo. E então mostra Jesus dizendo aos discípulos
que precisam esperar até receberem esse poder.

E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas


as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas coisas. Eis que
envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto
sejais revestidos de poder (Lucas 24:47-49).

Poder de Deus. Parece tão simples. Não deveríamos sair sem ele, mas nos
esquecemos disso tão frequentemente. Colocamos nossos planos brilhantes em ação quase
sem pensar na necessidade de que Deus nos habilite. Ainda assim essa é a ordem de
Jesus: testemunhar, pregar, contar. Mas faça isso somente quando você possuir o poder do
Espírito Santo. Nós, adventistas, somos grandes planejadores e promotores. Fazemos isso
bem, e devemos continuar fazendo, mas muito mais que planos, precisamos de poder. Mais
que nós mesmos, precisamos do Espírito Santo. Ele é o único que pode tornar nossos
planos um sucesso.
Lucas continua sua descrição desta ordem final no livro de Atos:

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E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas
que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João,
na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não
muito depois destes dias. Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor,
será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: não vos
compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva
autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis
minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos
confins da terra (Atos 1:4-8).

Não há dúvida. A grande necessidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje é que
o Espírito Santo a capacite para o cumprimento de sua missão. Os escritores dos
evangelhos sinóticos deixaram claro que nós não devemos apenas pregar ou ensinar,
devemos ser habilitados para alcançar pessoas por meio do extraordinário poder do Espírito
Santo.
A missão está no cerne do que significa ser a igreja de Cristo, mas não é apenas
missão, é uma capacitação dinâmica da igreja para a redenção da humanidade perdida.
Cristo não só requer que a igreja esteja envolvida em Sua missão, Ele não apenas dá à
igreja a missão, Ele também a capacita a cumprir o que Ele ordenou.
Não se pode dizer que é impossível. O que Deus ordena, ele também providencia. Se
Ele nos ordenou fazer discípulos, então não podemos questionar se podemos ou não fazer
isso. Nossa tarefa não é questionar, mas obedecer, e quando obedecemos, Ele nos promete
o poder do Espírito Santo para cumprir seu objetivo. Nunca se esqueça. O que Deus ordena,
Ele também providencia.
A igreja primitiva simplesmente creu nas palavras de seu Mestre. Ele disse “vão”, e
eles foram. Ele declarou que receberiam o poder do Espírito, e eles receberam. O resultado
foi o Pentecostes. E a igreja floresceu. O poder do Espírito não estava disponível apenas
para o primeiro século, mas também acompanha a igreja à medida que ela obedece ao
comando de Jesus no século 21.

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CAPÍTULO 2
RESULTADOS DE UMA IGREJA CAPACITADA PELO ESPÍRITO

Até aqui vimos o pensamento predominante da mente de Jesus ao terminar seu


ministério e ascender ao seu Pai: habilitar Sua igreja para missão. Ele não queria que a
igreja se tornasse como o judaísmo, um clube exclusivo que se esqueceu da razão de sua
existência. Portanto, cada escritor do evangelho que examinamos declarou a primazia da
missão no estabelecimento da igreja.
Os primeiros discípulos não deveriam esperar as pessoas virem até eles, eles
deveriam ir até as pessoas com a mensagem que Deus lhes havia dado. A ordem para a
igreja de Deus era “ide”. Mas, pela fraqueza humana não podiam ir. Eles precisavam da
capacitação divina do Espírito Santo. Em seguida, Jesus os exortou a não irem sem o poder.
Ele sabia que jamais poderiam cumprir a missão por força humana.
Imediatamente após a ascensão, os discípulos obedeceram ao Mestre. Passaram os
dez dias seguintes esperando pela capacitação do Espírito Santo, porque sabiam que não
poderiam cumprir essa grandiosa tarefa com sua própria força. Jesus ordenou que
esperassem o poder, e foi isso que fizeram. Não foi por muito tempo, apenas dez dias. Mas,
durante esses dias, coisas notáveis aconteceram em preparação para a capacitação da
igreja no Pentecostes.
Eles não se assentaram e ficaram de braços cruzados esperando. Atos 1:14 declara
que eles passaram o tempo orando. Não foi uma sessão trivial, mas a maior reunião de
oração já conduzida. Ouviu-se uma oração profundamente sincera e a igreja experimentou
um reavivamento. Uma igreja que dobra os joelhos é uma igreja prestes a receber poder.
Eles não só oraram por poder, eles esperaram para recebê-lo. Por quê? Jesus havia
prometido, e eles simplesmente acreditaram nessa promessa. O resultado foi o Pentecostes.
No entanto, nunca devemos esquecer que dez dias de oração precederam o Pentecostes.
Foi a oração que os uniu e que os reuniu num só lugar.

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de


repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa
onde estavam assentados. E, apareceram, distribuídas entre eles, línguas como de
fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem
(Atos 2:1-4).

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Tal é o resultado de uma igreja que ora e que crê nas claras promessas de Deus. As
Escrituras simplesmente dizem que eles ficaram cheios do Espírito Santo. Que momento
grandioso! Não foi uma autocapacitação da igreja, mas um comissionamento divino por meio
do extraordinário poder do Espírito.
Como resultado, os discípulos receberam coragem para testemunhar de Cristo. Eles
não mais estavam temerosos, mas imbuídos de poder. Não estavam preocupados com a
opinião popular, mas com o favor divino. Eles pregaram a mensagem, impressionados pelo
Espírito. A consequência é que os que ouviram não apenas apreciaram a mensagem, mas
foram tocados pelo Espírito Santo e foram impelidos a perguntar: “Que faremos, irmãos?”
(Atos 2:37).
Com frequencia, em nossa humanidade, pregamos e confiamos no poder da oratória
para motivar as pessoas. Não sabemos o quão eloquente era Pedro, mas o Espírito Santo
supria todas as imperfeições da carne, e as pessoas literalmente clamavam: “O que
devemos fazer?” Isso é o Espírito Santo. Há quanto tempo isso aconteceu em sua reunião
evangelística? Nossa maior necessidade não são mais habilidades de oratória, mas, mais
capacitação por meio do Espírito Santo.
O Espírito faz duas coisas quando é derramado. Primeiro, dá coragem para
testemunhar, e segundo, impressiona o coração daqueles que ouvem. Quando o povo de
Deus estiver pronto, o Espírito Santo irá realizar essas duas tarefas por nós. No Pentecostes
houve resultados impressionantes. Atos 2:41 declara que 3.000 se converteram nesse único
dia em resposta à muita oração e a um Deus que ouviu essas orações.
Todo reavivamento genuíno na história sempre resultou em pessoas virem para
Jesus. O reavivamento não é apenas para fazer com que os santos se sintam aquecidos e
cômodos. Ele sempre resulta na conquista de almas que a igreja já experimentou.

O PODER DO ESPÍRITO SANTO CONTINUA O MESMO

Pode-se pensar que a igreja primitiva recebeu poder suficiente do Espírito Santo para
o resto da vida. Contudo, o livro de Atos demonstra que ela precisava de recargas regulares
de poder. O que receberam no Pentecostes não foi suficiente para sustê-los para sempre.
Da mesma forma, hoje temos necessidade constante de novas recargas desse poder.
Atos 3 revela o poderoso Espírito Santo operando quando Pedro e João, com grande
coragem, se aproximaram do Templo. Lá foram atraídos pelos clamores de um mendigo que

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pedia ajuda. No poder do Espírito Santo, Pedro declara: “Em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, anda!” (Atos 3:6). Diante da multidão maravilhada, o coxo começa a andar e
louvar a Deus. O Espírito Santo sempre presente e poderoso ainda dirigia a igreja sob a
autoridade do Senhor Jesus.
Entretanto, as autoridades não apreciaram o que foi feito em nome do Senhor Jesus.
Eles rapidamente prenderam Pedro e João, libertando-os com a estrita advertência de que
não poderiam mais pregar sobre esse nome (Atos 4:17-18). Contudo, mesmo os líderes
religiosos não podiam negar que algo além do controle humano era responsável por esses
acontecimentos. “Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens
iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus”
(Atos 4:13).
Com que facilidade Pedro e João poderiam ter se sentido desencorajados! Eles
deram um testemunho ousado e poderoso que mesmo os céticos religiosos reconheceram
que Jesus estava com eles. Haviam obedecido à ordem do Senhor de testemunharem
primeiro em Jerusalém, e, em seu primeiro confronto, são presos e condenados a não mais
pregarem em nome de Jesus. Pode imaginar sua decepção inicial?
Eles poderiam ter retornado, desencorajados, para o restante dos discípulos e lhes
informado que seu trabalho estava acabado. Eles não mais poderiam pregar em nome de
Jesus. Mas, essa não foi a reação deles. Esses primeiros discípulos conheciam apenas uma
resposta para as situações difíceis: oração! Reuniram então os outros crentes e começaram
a orar para que Deus fizesse algo.
Quando passamos por problemas difíceis no evangelismo, é tão fácil murmurarmos:
os panfletos não ficaram prontos a tempo, o policial restringiu o estacionamento, ou os donos
do auditório nos colocaram para fora justo antes da noite de abertura. Essas coisas podem
desencorajar, mas a solução não é ficarmos chateados, irados ou deprimidos. Horas difíceis
são o território do todo-poderoso Espírito Santo. Assim como ajudou a igreja primitiva em
seus problemas e decepções, o mesmo Espírito ainda opera hoje para capacitar os servos
de Deus a irem adiante e pregarem a mensagem divina. A mensagem de Deus pode vencer
qualquer obstáculo que Satanás coloca em nosso caminho. Apenas precisamos nos lembrar
de fazer a mesma coisa que a igreja primitiva fazia quando era confrontada com tais
questões: orar.
E como oravam! Observe o que acontece na conclusão dessa poderosa oração sobre
o problema de Jesus dizer “ide” quando os líderes religiosos diziam “parem”!

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Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do
Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus. Da multidão dos
que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua
nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder,
os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus e, em todos eles
havia abundante graça (Atos 4:31-33).

A única solução que esses discípulos conheciam para as situações difíceis era
apresentá-las Àquele que lhes ordenou “ide”. Observe com que frequência a igreja primitiva
passava tempo em oração. Eles não se fixavam apenas nas promessas que receberam no
Pentecostes. Eles buscavam e recebiam novo poder do Espírito Santo. Entretanto, o pedido
deles não era humilde. Lucas retrata esses crentes literalmente suplicando a Deus que os
livrasse dessa situação complicada.
O resultado foi o tremor literal da construção onde eles estavam orando. Observe
como, vez após vez, a igreja primitiva segue avante sob a total direção do Espírito Santo. A
igreja não é um instrumento meramente humano, mas um movimento poderoso do Espírito
Santo. E a igreja primitiva reconhecia que estava sob Sua.
Quando foi a última vez que o lugar tremeu quando oramos? Infelizmente, a única
coisa que estremece nossas orações sem vida quase sempre são nossos joelhos, do nosso
nervosismo. A igreja necessita hoje de grandes ministérios de oração, nos quais as pessoas
levem a sério o evangelismo público ou qualquer forma de alcance. Na salvação de almas,
estamos invadindo o território de Satanás, e ele nunca desiste sem luta. Portanto, devemos
ir em frente com ousadia santa que nos é dada pelo Espírito Santo.

RESULTADOS DE SE ESTAR CHEIO DO ESPÍRITO SANTO

Três coisas aconteceram aos discípulos sob a direção desse novo recebimento do
Espírito. Primeiro, foi-lhes concedida uma coragem santa. Atos 4:13 indica que Pedro e João
já estavam pregando com a intrepidez do Espírito Santo, porém, no versículo 31, o Espírito
lhes concede ainda mais coragem. Sob o poder do Espírito ninguém precisa sentir que não
possui confiança suficiente para ir adiante e proclamar a palavra poderosa de Deus. A
promessa é que o Espírito irá capacitar. Ele nos dará intrepidez santa. Não precisamos
temer, se Deus é por nós, quem será contra nós?

16
Para que foi registrada a história da obra dos discípulos, trabalhando com zelo santo,
animados e vitalizados pelo Espírito Santo, se não para que hoje o povo do Senhor
obtivesse inspiração para por Ele trabalhar ardorosamente?4

O livro de Atos registrou essa história a fim de que possamos estar inspirados a
trabalhar para Deus da mesma maneira hoje. O que isso significa? Devemos trabalhar com o
poder do Espírito Santo e cessar de depender totalmente de nossas metodologias e
estratégias humanas. Planos são necessários, mas somente à medida que possuirmos o
poder do Espírito Santo.
A coragem do Espírito Santo nos dará paixão pelos outros, de modo que
começaremos a ver as pessoas perdidas como Deus as vê. Lágrimas nos virão aos olhos
quando virmos tantas pessoas não tocadas pelo evangelho de Cristo. Não precisamos
apenas ver os perdidos, precisamos pedir a Deus que remova as traves de nossos olhos a
fim de que os vejamos como pessoas que podem ser ganhas para Cristo pelo poder do
Espírito Santo. O que Deus pode fazer é maior do que qualquer coisa que possamos pensar.
O Espírito Santo do primeiro século ainda é o mesmo no século 21. A mesma
quantidade de Seu poder está disponível hoje como estava no livro de Atos. Por que, então,
não recebemos esse poder? Permita-me ilustrar. Na década de 1970, durante o embargo do
petróleo árabe, decidi comprar um pequeno carro para economizar combustível. Finalmente
me decidi por um importado que pude comprar por um bom preço. O carro estava no
conserto porque estava batido. O motor tinha percorrido apenas 650 quilômetros. A oficina
mecânica transformou dois carros em um.
À medida que dirigia meu carro novo, imaginava a economia de combustível e tempo
que teria evitando as longas filas nos postos de abastecimento. Porém, não fui muito longe
quando o carro começou a ficar sem gasolina. Fui até o posto mais próximo e enchi o
tanque. Foram apenas 3,5 litros. Eu sabia que o tanque era pequeno, mas isso era demais.
Tudo ia bem até que a mesma coisa aconteceu alguns quilômetros adiante. Parei numa
oficina mecânica para verificar o motor. Disseram que estava tudo bem, mas eu não
conseguia ir muito longe, pois o combustível acabaria novamente.
Após muita ansiedade, finalmente descobrimos o problema. Havia uma obstrução no
filtro de combustível, evitando que este fosse para o motor. Que metáfora para a igreja. Há
muito do Espírito Santo disponível (o combustível), a igreja está bem (o motor), mas há um
bloqueio que impede a igreja de continuar recebendo o poder total do Espírito Santo. Essa

17
obstrução chama-se “eu”. Quando nos submetemos totalmente a Cristo, não há limite para o
poder que fluirá por meio de nós para cumprir a missão de Jesus.
O segundo feito do Espírito Santo foi fazer com que a igreja primitiva se unisse. Eles
já eram unidos, mas essa dádiva especial e divina criou uma harmonia ainda mais profunda.
O resultado foi espetacular. Eles se uniram a tal ponto que agiam como se fossem um.
Observe como Ellen White descreve essa unidade maravilhosa que ocorreu como resultado
direto da atuação do Espírito Santo:

Cada cristão via em seu irmão a semelhança divina de benevolência e amor. Um


único interesse prevalecia. Um objetivo absorvia todos os outros. Todos os corações
palpitavam em harmonia. O único empenho dos crentes era revelar a semelhança do
caráter de Cristo e trabalhar pelo engrandecimento de Seu reino.5

Esse é o tipo de unidade pela qual devemos orar hoje, à medida que prosseguimos
proclamando a mensagem do Jesus glorificado à última geração da Terra.
A terceira conseqüência de se estar cheio do Espírito Santo foi o testemunho
centrado em Cristo da igreja primitiva. Sua mensagem era Cristo crucificado, Cristo
glorificado e Cristo vindo outra vez. A mensagem centralizava-se em Jesus. A obra do
Espírito Santo é elevar Jesus. Assim, quando formos capacitados pelo Espírito, nossas
mensagens se tornarão as mais centralizadas em Cristo que o mundo já viu. Novamente,
Ellen White resume isso nessas palavras: “Cristo deve ser revelado novamente em Sua
plenitude pelo poder do Espírito Santo”.6

PODER PARA HOJE

Como a igreja primitiva, a comissão de Cristo ainda está diante de nós hoje. O que
precisamos no século 21 é do mesmo poder que a igreja experimentou no primeiro século: o
poder do Espírito Santo. Olhamos para o nosso mundo e vemos uma tarefa inacabada.
Percebemos a impossibilidade de alcançarmos todos com a última mensagem divina. Somos
tão incapazes quanto os primeiros discípulos, mas, como eles, podemos ser capacitados
pelo mesmo Espírito Santo. Se continuarmos como estamos, nunca finalizaremos a missão
que Jesus nos deixou.
Como a igreja primitiva aprendeu, devemos começar esperando e confiando em
Deus. Devemos ir adiante com a mensagem a todo vapor, mas devemos primeiro esperar

18
para receber o poder do Espírito Santo. Como esperamos? De braços cruzados? Não! Mas
sim buscando nosso Deus como fez a igreja primitiva. Devemos suplicar a Deus para que
nos encha do Espírito. Precisamos experimentar o fogo reavivador do Espírito Santo
inflamando em nós.
A oração nos unirá. Ademais, como resultado de muita oração, haverá também o
exame de coração. Essa constante avaliação do Espírito Santo é dolorosa para o coração
carnal.

Não há nada que Satanás tema tanto como que o povo de Deus limpe o caminho
mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor possa derramar o
Seu Espírito sobre uma igreja debilitada e uma impenitente congregação.7

O Espírito de Deus, no entanto, nunca ocupará o trono de um coração não submisso.


O caminho para o reavivamento será um tempo de sincero exame de coração, talvez um
clamor e lágrimas mais abundantes, mas o resultado será o reavivamento. O preço disso é a
completa renúncia do mundo e total entrega ao domínio de Cristo em nossas vidas.
Como consequência desse reavivamento, haverá um espírito de intrepidez e fé que
pode até estarrecer aqueles que não fizeram essa entrega. Haverá um desejo intenso de
encontrar e orar pelos não conversos. Reuniões de oração se multiplicarão: “É chegado o
tempo de realizar uma reforma completa. Quando essa reforma começar, o espírito de
oração atuará em cada crente”.8 Haverá confissões de coisas erradas e o acerto de contas
entre companheiros de fé. Sinais e maravilhas novamente se tornarão cotidianos. Haverá
uma profunda repugnância do que é errado e de qualquer desobediência ou transigência.
Tudo isso está acontecendo sob o poder do Espírito, para o propósito de capacitar a
igreja para cumprir sua missão. O resultado final é o término da obra de Deus nessa Terra.
Os membros terão a coragem e a sabedoria para apresentar os não convertidos a Cristo.
Reuniões de oração se tornarão reuniões de poder. As pessoas não precisarão ser forçadas
a testemunhar, isso fará parte delas.

O Espírito veio sobre os discípulos, que expectantes oravam, com uma plenitude que
alcançou cada coração. O Ser infinito revelou-Se em poder a Sua igreja. Era como se
por séculos esta influência estivesse sendo reprimida, e agora o Céu se regozijasse
em poder derramar sobre a igreja as riquezas da graça do Espírito. E sob a influência
do Espírito, palavras de penitência e confissão misturavam-se com cânticos de louvor

19
por pecados perdoados. Eram ouvidas palavras de gratidão e de profecia. Todo o
Céu se inclinou na contemplação da sabedoria do incomparável e incompreensível
amor. Absortos em admiração, os apóstolos exclamaram: "Nisto está a caridade!" 1
João 4:10. Eles se apossaram do dom que lhes era repartido. E que se seguiu? A
espada do Espírito, de novo afiada com poder e banhada nos relâmpagos do Céu,
abriu caminho através da incredulidade. Milhares se converteram num dia.9

Nosso evangelismo público, bem como todos os tipos de atividades evangelísticas,


deve ter origem na operação poderosa do Espírito Santo na vida da igreja local.
Como podemos trazer tal reavivamento do Espírito Santo às nossas igrejas? Antes
de mais nada, não podemos trazê-lo, não podemos causar um reavivamento. Podemos
simplesmente fazer o que a igreja primitiva fez: orar por ele. Novamente, veja o conselho da
mensageira do Senhor: “O reavivamento das igrejas provém do sincero esforço de alguma
pessoa em buscar as bênçãos de Deus”.10 “Vi que um santo, se reto, poderia mover o braço
de Deus”.11
Não importa em que tipo de evangelismo estamos envolvidos, se não for com oração
e poder do Espírito Santo, não alcançaremos o que Deus deseja. Muitas vezes o
evangelismo público tem sido conduzido sem oração. A oração deve tornar-se a peça-chave,
o fundamento sobre o qual nosso evangelismo público é construído.
Nos capítulos seguintes esboçaremos uma estratégia de oração para reuniões
públicas. A ênfase aqui é na necessidade absoluta de oração e na dependência do Espírito
Santo em todos os nossos esforços evangelísticos. Evangelismo não é uma metodologia. É
um ato divino em cooperação com humanos para cumprir seu propósito maravilhoso, a
salvação do mundo.

20
CAPÍTULO 3
MITOS DO EVANGELISMO PÚBLICO

“Evangelismo público não funciona mais”.


“Custa muito dinheiro”.
“Alcança idosos e pessoas de outras igrejas”.
“Aqueles que se unem à igreja a abandonam em três meses”.
“A abordagem profética está simplesmente fora de moda na era moderna”.
Escutamos essas declarações vez após vez. De fato, têm sido proclamadas há tanto
tempo que a maioria tem aceitado como verdadeiras sem questionamento.
O que é um mito? O dicionário Aurélio define mito como “ideia falsa, sem
correspondente na realidade”.12 As declarações acima se enquadram na definição do
Aurélio? São afirmações não-confiáveis que foram simplesmente passadas para frente sem
prova? Antes de dedicarmos tempo estudando como realizar evangelismo público, devemos
nos certificar de que essas declarações são realmente mitos. Este capítulo examinará seis
dos mais comuns.

Mito nº 1: O evangelismo público é uma relíquia de eras passadas, não funciona


mais na era pós-moderna. Essa frase é facilmente identificada como mito. Temos apenas
que ir a qualquer associação e verificar os registros de batismo do ano anterior. Veja as
igrejas que tiveram batismos significativos, e verifique se elas tiveram uma reunião
evangelística pública durante o ano. O que descobriremos? Quase sem exceção, as igrejas
que relatam batismos também relatam que fizeram uma reunião pública.
Parece que no adventismo, ao contrário do que acontece no mundo cristão em geral,
o evangelismo público desempenha um papel principal no crescimento da igreja. Um exame
dos dados revela que há pouco crescimento sem as reuniões evangelísticas públicas.
Em 2001, o Instituto de Evangelismo da Divisão Norte-Americana (em inglês, NADEI),
do qual sou diretor, entrou em contato com cada associação na América do Norte e
perguntou ao presidente ou diretor ministerial que métodos tiveram êxito em trazer pessoas
para a igreja, além do evangelismo público. O objetivo do NADEI era enfatizar na próxima
Conferência do SEEDS [Conferência da Divisão Norte-Americana sobre Plantio de Igrejas]
novos métodos de se ganhar almas que estavam funcionando. Para nossa surpresa,
associação após associação relatou que nada mais estava funcionando tão bem quanto o
evangelismo público. Uma associação até relatou que havia gasto mais de um milhão de

21
dólares tentando algum novo tipo de abordagem, mas como nada funcionou, retomaram o
evangelismo público.
Desde 1990, muitas igrejas adventistas têm experimentado serviços mais
contemporâneos de culto na esperança de que isso atraia pessoas que não são membros de
igreja. Essa abordagem é emprestada do protestantismo popular, no qual um culto
contemporâneo é usado para atrair esse tipo de pessoa quando esperariam ir para a igreja,
no domingo de manhã. Os adventistas tentaram transferir esse método para sábado de
manhã; contudo, essas pessoas não pensam em ir à igreja no sábado de manhã. Por isso,
essa abordagem não teve êxito.
Mas essa ideia funcionou no adventismo para atrair membros antigos e inativos de
volta para a igreja, principalmente em áreas onde há uma vasta população adventista. O
resultado tem sido que muitas das igrejas que tentaram essa abordagem se autodestruíram.
Analisamos o registro de batismo de uma dessas igrejas que tinha mais de 500
membros antes de fechar. Elas se gabaram de que estavam alcançando os que não eram de
nenhuma igreja, e quisemos verificar isso. Nos quatro anos anteriores, descobrimos que
haviam batizado 48 pessoas, 24 das quais tinham menos de 15 anos de idade. Isso significa
que apenas 24 adultos foram batizados, uma média de seis por ano. Temos que admitir que
o número não é significativo para uma igreja de mais de 500 membros. Certamente não é
um indicativo de uma abordagem evangelística muito exitosa.
Isso significa que um serviço de culto contemporâneo não tem o seu lugar? Claro que
não. Tem tido êxito com algumas igrejas, principalmente aquelas que focam em alcançar ex-
adventistas. Também tem sido eficaz para outras igrejas que estão alcançando pessoas sem
denominação. Mas há uma diferença entre essas igrejas. As que têm êxito usam o
evangelismo público como parte de sua abordagem.
Em outras palavras, igrejas de sucesso têm mesclado uma abordagem
contemporânea com o método evangelístico público mais tradicional. Algumas utilizam o
estilo profético, enquanto outras fazem alguns ajustes modernos ou inovações. O principal é
que o culto contemporâneo funciona apenas quando é combinado com algum tipo de
abordagem evangelística pública.
Parece haver algo diferente com o evangelismo adventista em contraste com o
evangelismo evangélico. O adventismo requer um ministério de ensino que parece estar
expresso no contexto do evangelismo público. Isso se deve à dificuldade de se duplicar
abordagens evangelísticas de êxito tiradas principalmente de fontes não-adventistas.
Podemos modernizar nossa abordagem e aprender com outros, mas precisamos ser

22
cuidadosos em manter nossa herança adventista de sólido doutrinamento de novos
conversos.
O evangelismo público certamente não alcança todos os grupos, mas é a abordagem
de mais êxito que a Igreja Adventista usa atualmente para alcançar e torná-las membros da
igreja. Se o evangelismo público fosse abandonado, as taxas de batismo cairiam
drasticamente na maioria das associações, pois não encontramos nada que o substitua com
um registro comparável de sucesso.
O evangelismo público sempre funciona quando é usado como uma ferramenta de
colheita. Quando se espera que se faça o trabalho de semear, cultivar e colher em cinco
semanas, não funciona. Por desígnio, o evangelismo público é um trabalho de colheita.
Quando é realizado um preparo adequado, quase sempre há grande sucesso. Precisamos
encontrar outras formas de alcançar certos indivíduos, mas basicamente a maioria das
pessoas é ganha para a Igreja Adventista por meio do evangelismo público.

Mito nº 2: Evangelismo público é um meio muito custoso de se alcançar


pessoas. Evangelismo público custa sim muito dinheiro. O custo médio por batismo nas
associações adventistas da América do Norte varia entre US$ 1.500,00 e US$ 2.000,00 por
batismo. Isso é bem caro. Esse enorme desembolso de dinheiro deve-se à propaganda. Se
membros da igreja simplesmente trouxessem pessoas às reuniões, o evangelismo público
poderia ser realizado por um preço bem mais baixo.
Por outro lado, se examinarmos os recibos de dízimo de novos conversos,
descobriríamos que em seis meses ou um ano, esse aumento teria reposto tudo que a
associação investiu nas reuniões públicas. Por exemplo, uma pessoa que ganha $ 30.000,00
em um ano, terá devolvido em dízimo US$ 3.000,00, o que é duas vezes mais o que a
associação investiu para alcançá-la.
Digamos que uma associação investe US$ 50.000,00 num evangelismo público que
batiza 25 pessoas. Essas pessoas devolveriam em dízimo US$ 75.000,00 no ano seguinte,
um ganho de $ 25.000,00 ao ano, e cada ano seguinte é um acréscimo ao montante inicial.
Mostre-me qualquer esquema de investimento que tenha esse tipo de retorno, e investirei
nele. Você tem que ser cego para não ver o benefício do evangelismo público. Nada mais dá
esse tipo de ganho financeiro.
Mesmo nosso sistema educacional, importante como é, não gera retorno financeiro
como o evangelismo público. Não é apenas a maior quantidade de dinheiro investido, mas o
retorno leva mais de dez anos na maioria dos casos (isso não é para diminuir os resultados

23
tão necessários da educação cristã). Qualquer associação com problemas financeiros seria
bem aconselhada a começar a investir pesado em evangelismo público a fim de conseguir
uma base financeira sólida.

Mito nº 3: As pessoas hoje não estão mais interessadas em profecia, então


deveríamos abandonar a abordagem profética e tentar algo diferente. Já vimos que
nada funciona mais que o evangelismo público. No entanto, aqui desejamos examinar a
questão da abordagem profética. Ela ainda é viável no século 21?
Devemos lembrar que o adventismo é um movimento profético. Nossa herança está
diretamente ligada às profecias. Não se pode ser um adventista sem entender essa herança
profética. Nascemos, nos desenvolvemos e nos tornamos um povo por meio de nossa
compreensão de profecia. Abandonar o entendimento das profecias seria abandonar quem
somos como povo, e isso é insustentável.
Do lado prático, é interessante notar que a abordagem profética ainda tem uma boa
aceitação. Nenhuma outra abordagem parece ter a capacidade de atrair as multidões que o
evangelismo público atrai quando anuncia as profecias, nem de manter as pessoas
frequentando noite após noite.
Hollywood certamente entende o interesse das pessoas em profecias. Lançou filmes
e mais filmes falando sobre os acontecimentos dos últimos dias, nenhum deles verídicos,
mas todos apelam para o interesse das pessoas nesse tema. Mesmo a televisão mostra
programas sobre profecias em horário nobre, tais como a série Amazing Prophecies
[Profecias Surpreendentes], da NBC, mostrando as profecias dos médiuns, bem como a
série Apocalipse, uma visão bastante especulativa dos eventos dos últimos dias. Como
podemos abandonar as profecias às falsas demonstrações da mídia?
O sucesso da série de Tim Lahay, Left Behind [Deixados para trás], demonstra o
fascínio das pessoas com as profecias. Poucos livros religiosos fizeram sucesso e chegaram
ao topo dos mais lidos, mas essa série conseguiu isso várias vezes. O que isso nos diz?
Percebemos claramente que as pessoas se interessam por profecias. Qualquer um que diga
que a abordagem profética não mais se aplica ao século 21 está fazendo de conta que não
vê sua importância. A evidência do interesse na profecia está em todo lugar. Abandonar a
abordagem profética quando o interesse na profecia é o maior desde a década de 1840 seria
um erro trágico para o movimento profético.
Bill Hybels, pastor da igreja da comunidade de Willow Creek, declarou num
treinamento de liderança que há apenas duas coisas que interessam os jovens hoje: sexo e

24
profecia. Então ele sugeriu que um grande sucesso seria “sexo nos últimos dias”.13
Obviamente, profecia é um grande atrativo hoje e continuará sendo. Os adventistas não
devem perder sua identidade como um movimento profético. Se já existiu um tempo para
esse movimento se declarar como o campeão da profecia, esse tempo é agora.

Mito nº 4: O evangelismo público alcança apenas as pessoas de outras igrejas,


e precisamos focar mais as que não têm nenhuma. No passado, os adventistas foram
acusados de “ladrões de ovelhas” por outras igrejas quando estas perderam membros para a
Igreja Adventista. Deve ter havido um tempo quando os adventistas fizeram um bom trabalho
em alcançar a população das igrejas, mas esse tempo há muito se foi.
Um estudo feito por Mike Regele 14 na última década do século 20 demonstrou
claramente que os adventistas não são bons em “roubar” membros de outras igrejas. Nesse
estudo, Regele verificou o movimento de pessoas de uma denominação para outra. Ele
concluiu que quase todas as igrejas crescem roubando membros de outras igrejas. 15 Bem
poucos têm sucesso em alcançar os que não são de nenhuma igreja. Por essa razão, ele
concluiu que o cristianismo está morrendo nos Estados Unidos.16 Tudo o que temos tido nos
últimos cinquenta anos é uma reorganização dos santos.
Regele descobriu que a maioria das igrejas em crescimento está assim devido às
transferências e não às conversões. Ele concluiu que apenas duas denominações tinham
êxito em alcançar pessoas que não pertencem a nenhuma denominação, mas eram tão
pequenas que não faziam diferença.17 O declínio dos metodistas, da Igreja Unida de Cristo,
dos presbiterianos, etc, desde a década de 1950, resultou no crescimento dos pentecostais e
das igrejas independentes. De fato, a maior parte do crescimento dessas igrejas pode estar
diretamente ligada ao “roubo” de membros dessas grandes denominações.
Em seu estudo aleatório, Regele perguntou a seus sujeitos de pesquisa se eram
membros de uma igreja dez anos atrás. Se respondessem “sim”, ele perguntava de qual
denominação. Ele então perguntava se eram membros hoje e, se sim, de qual denominação.
Se houve uma mudança, ele a registrava como crescimento de transferência. Se os sujeitos
indicassem que não eram membros de uma igreja dez anos atrás, mas eram hoje, ele
prosseguia para descobrir de qual denominação. Isso o ajudou a decifrar que denominações
estavam “roubando” membros e quais estavam crescendo alcançando novas pessoas sem
igreja.18

GANHANDO PESSOAS DE OUTRAS IGREJAS

25
Os adventistas do sétimo dia faziam parte do seu estudo. Se uma denominação
tivesse roubado mais do que uma porção razoável, aparecia acima da média, com base em
seu tamanho.19 Em seu estudo, as denominações que estavam acima da média, indicando
que eram boas em roubar ovelhas, eram os não-denominacionais, nova era,
20
unitarianos/universalistas, pentecostal, Testemunhas de Jeová. As denominações que
estavam abaixo da linha, indicando que não roubavam muitas ovelhas, foram mostradas em
ordem descendente: episcopal, ortodoxa, congregacional, mórmon, judaísmo, adventista,
presbiteriana reformada, metodista, luterana, batista e católica.21
Não é de assustar que as grandes denominações estejam listadas no final. Mas, o
que surpreende é que os adventistas estejam junto com elas no fundo da pilha, tendo um
resultado pouco menor que os judeus. Em outras palavras, os judeus têm feito um trabalho
melhor de converter pessoas de outras igrejas ao judaísmo do que os adventistas em ganhar
essas pessoas para o adventismo.

GANHANDO OS QUE NÃO TÊM IGREJA

A maioria dos grupos que tem sucesso em alcançar pessoas sem igreja nem mesmo
é cristã. Os que estão bem acima da média são nova era, unitarianos/universalistas,
budismo ou hinduísmo/xintoísmo. A informação assustadora aqui indica que religiões não-
cristãs são as que fazem o melhor trabalho em alcançar pessoas que não têm igreja,
principalmente religiões orientais. Um pouco acima da média estavam as Testemunhas de
Jeová, os não-denominacionais e adventistas. A seguir, com uma margem bem pequena
acima da média, estavam os presbiterianos, reformados, pentecostais, episcopais e
metodistas. Abaixo da média estavam os congregacionalistas, mórmons, batistas, judeus,
luteranos e católicos.22
É de se admirar que os adventistas estejam liderando o grupo dos que alcançam as
pessoas sem igreja. Todos acima deles, exceto os não-denominacionais, nem sequer são
grupos cristãos. Portanto, os adventistas, de acordo com esse estudo, fazem melhor do que
qualquer outra denominação cristã em alcançar pessoas sem igreja. No entanto, a única
razão de estarmos tão bem é que o restante está bem mal.
Uma vez que os adventistas alcançam pessoas principalmente por meio do
evangelismo público, com base nesse estudo, podemos tirar a conclusão de que o
evangelismo público adventista não faz um bom trabalho em alcançar pessoas de

26
outras igrejas, mas faz um bom trabalho em alcançar pessoas sem igreja. Isso é o
oposto do estereótipo, mas está baseado numa pesquisa sólida. Se quisermos alcançar
pessoas de outras igrejas, precisamos encontrar um método melhor que o evangelismo
público.
Depois de descobrir esse estudo, começamos a observar pessoas que estavam
frequentando nossas reuniões de evangelismo público e descobrimos que na noite de
abertura a maioria era pessoas de outras igrejas. Porém, quando verificamos quem estava lá
ao final das reuniões, descobrimos que havíamos perdido as que eram de outras igrejas e
que os que não tinham igreja ainda estavam lá. Evidentemente, o evangelismo público perde
pessoas de outras igrejas, principalmente quando as verdades desafiadoras são
apresentadas. Alcançamos algumas pessoas dessa maneira? Claro que sim, mas a
pesquisa indica que o evangelismo público faz um trabalho melhor com os que não têm
igreja.
George Barna, pesquisador evangélico, indica que 8% das pessoas que não têm
igreja estão profundamente comprometidas com a fé cristã. 23 Outra pesquisa indica que
essas pessoas procuram uma igreja para aprender mais sobre a Bíblia. 24 É provavelmente
esse grupo que o evangelismo público está colhendo. O fato é que precisamos encontrar
uma maneira de alcançar os outros 92% que ninguém está alcançando.

Mito nº 5: Panfletos com animais não despertam o interesse. Os panfletos usados


para anunciar o evangelismo público se tornaram um constrangimento para muitos membros
de igreja. As imagens parecem grotescas e fazem com que os membros sintam vergonha de
sua igreja por distribuir um panfleto designado para retratar a maravilhosa mensagem de
Jesus mostrando os repulsivos animais de Daniel e Apocalipse.
O que os membros não percebem é que os anúncios não são elaborados para o
gosto deles, mas para o dos que não pertencem a nenhuma igreja. Muitos lhe dirão que seus
amigos de outras igrejas sentiram igualmente aversão pelos panfletos, e isso provavelmente
seja verdade. Panfletos com bestas de fato parece ser uma das coisas que atraem os que
não têm igreja. Portanto, antes de descartarmos as bestas, vejamos o que está
acontecendo.
Alguns anos atrás, durante uma das minhas reuniões evangelísticas fiz um estudo de
quem estava frequentando as reuniões, com base nos panfletos. À medida que as pessoas
assistiam às reuniões, fazíamos com que anotassem que panfleto convenceu-as a vir.
Enviamos dois panfletos para cada residência. Um tinha uma bela imagem de Jesus, o outro,

27
uma das ferozes bestas de Daniel. Além disso, pedimos que identificassem com que
frequência iam à igreja. Descobrimos, para surpresa nossa, que o panfleto com Jesus atraiu
principalmente pessoas de outras igrejas, enquanto o outro atraiu pessoas que não
pertenciam a nenhuma denominação.
Talvez isso ajude a explicar por que o evangelismo público hoje está alcançando
pessoas que não têm igreja. São as bestas! Hollywood entende o poder que elas têm. Veja
suas produções em que aparecem bestas, como o Jurassic Park. Multidões assistem a esse
tipo de filme. Da mesma forma, muitas delas vêm às reuniões evangelísticas adventistas.
No decorrer dos anos, os evangelistas adventistas têm tentado encontrar outros
panfletos que atraiam tanto quanto o dos animais. Enormes quantias de dinheiro têm sido
gastas para encontrar algo que funcione. Nada mais parece ter o poder das bestas de
Apocalipse e Daniel. Sim, elas causam aversão em alguns, mas parece estar alcançando
nosso público alvo. Até descobrimos algo melhor, não devemos parar de usar o método que
está funcionando.

Mito nº 6: As pessoas que são frutos do evangelismo público saem todas da


igreja após um ano de seu batismo. De todos os mitos, esse parece ser o mais repetido. A
despeito de incontáveis pesquisas que mostram que isso é totalmente falso, o mito continua.
Muitos na verdade se recusam a acreditar mesmo quando vê a evidência do contrário, tal é o
poder desse mito.
No meu ministério já ouvi essas histórias muitas vezes. Investiguei muitas delas e vi
que não são verdadeiras. Por exemplo, quando eu era coordenador de evangelismo numa
associação, estava tentando convencer um dos pastores a fazer uma série de reuniões
evangelísticas. Ele era o novo pastor de uma igreja e me informou que o último evangelismo
realizado lá batizou 50 pessoas e que agora, dois anos mais tarde, não restava nenhuma
delas. O evangelismo de que ele falava foi um que conduzi, então me interessei bastante por
isso.
Pedi ao pastor que voltasse e pegasse os nomes de todos os que foram batizados
durante as reuniões e me desse um relatório de cada nome. Ele se recusou, pois sabia que
não estavam frequentando a igreja. Insisti muitas vezes e ele finalmente concordou em fazer
a pesquisa. Quando ele me trouxe o relatório, disse que estava bastante surpreso de ver que
a maioria dos novos membros ainda estava na igreja. Eles, na verdade, tinham mais de 80%
de retenção depois de dois anos, incluindo alguns que se transferiram para outras igrejas
adventistas e eram fiéis. Alguns saíram, e desses, todos se lembravam, assim criou-se o

28
mito. Os membros que eram fiéis tendiam a se misturar na igreja tanto que logo se
esqueciam de que foram fruto de uma conferência evangelística.
Pedi por esse tipo de relatório várias vezes, obtendo os mesmos resultados. Uma vez
e outra me deparei com situações as quais o contrário é verdadeiro, mas era exceção.
Alguns anos atrás perguntei a um pastor quantas das 80 pessoas que tínhamos batizado
durante um evangelismo ainda estavam ativas. Havia passado quatro anos desde então, e
ele respondeu que pelo que sabia, não haviam perdido nenhuma pessoa. Isso significa
100% dos 80 batismos, depois de quatro anos. Isso é excepcional, mas da pesquisa que foi
realizada, parece estar mais perto do normal do que da exceção.
De acordo com Carl George, um notável consultor de crescimento, 25 os evangélicos
têm em média cerca de 50% de retenção de novos membros, com algumas igrejas perdendo
até 70% em menos de dois anos. Precisamos ter cuidado com respeito ao que copiamos dos
métodos evangélicos, ou podemos acabar tendo as mesmas estatísticas deles.
Então, como os adventistas têm se saído em pesquisas sobre retenção de membros
batizados num evangelismo público na América do Norte? Recentemente, três estudos
foram feitos. Todos têm resultados semelhantes. Na Pensilvânia, em 1994, Robert Williams,
aluno de doutorado em ministério, examinou todos os batismos e profissões de fé 26 num
período de seis anos nas pequenas igrejas da região. Ele descobriu que evangelismos
públicos chegavam a uma média de retenção de 85%; ministérios pessoais, 69%; e
crescimento biológico, 74% de retenção. Ele descobriu que a melhor taxa de retenção está
nos evangelismos públicos.
Em Oregon, o estudo foi realizado de forma um pouco diferente. A associação estava
buscando descobrir qual foi a melhor taxa de retenção, se reuniões feitas por um evangelista
que visitava ou por um pastor local. Esse estudo também foi conduzido em 1994. 27
Descobriu-se que 71,6% daqueles batizados por um evangelista que os visitava ainda
estavam ativos28 um ano depois. Quando o pastor local conduziu as reuniões, a retenção foi
de 89,1%, um recorde de retenção para uma associação. Uma vez que os evangelistas que
faziam visitas tinham mais batismos que os pastores, o total de retenção ficou em 75,2%.
O terceiro estudo foi o mais extenso de todos. Foi conduzido por Monte Sahlin 29,
então no Departamento de Ministérios da Igreja da Divisão Norte-Americana. Ele examinou
os batismos que ocorreram na América do Norte durante as reuniões da Net 96, conduzidas
por Mark Finley. Esse foi o primeiro e único estudo da Divisão Norte sobre retenção,
portanto, tinha peso devido a sua extensão. O estudo descobriu que durante a Net 96,
10.000 pessoas foram batizadas só nessa Divisão. Um ano depois, Sahlin descobriu que

29
90% ainda estavam ativos. Dentro desse grupo, 87% estavam frequentando regularmente a
mesma igreja local, 2% foram transferidos a outra Igreja Adventista e eram presumidamente
ativos, e 1% morreu ou tornou-se incapaz de ir à igreja por razões físicas.
É possível realizar mais estudos? Certamente, e provavelmente serão. Entretanto, os
resultados não tendem a mudar. Um estudo feito em Michigan na década de 1960 revelou
resultados semelhantes. Mas, a despeito da pesquisa estatística esmagadora que provou
que esta declaração é falsa, ela ainda persiste. Obviamente, Satanás não deseja que
continuemos usando a ferramenta eficaz do evangelismo público para alcançar pessoas.
Precisamos refutar as mentiras de Satanás com a pesquisa sólida que provou que essa
declaração é falsa. Há pessoas que pensam que devido ao fato de essa pesquisa ter sido
realizada há alguns anos, deveria ser repetida, e de fato, deveríamos periodicamente realizar
estudos adicionais. No entanto, o mito tem estado aí por gerações, e toda vez que uma
pesquisa é feita, ele é provado falso. Talvez seja a hora de parar de criticar o evangelismo
público e continuar a realizá-lo a fim de que possamos fazer a colheita que Deus tem para
nós.

MITOS SÃO MITOS

Após examinarmos esses seis mitos populares, deve estar claro que são exatamente
isso: mitos. Os adventistas não creem em mitologia. Então é hora de desmascarar os mitos e
continuar a tarefa. O adventismo começou como um movimento profético. Quando entrei no
ministério, muitos me desencorajaram a entrar no evangelismo público. Foi-me dito que era
uma relíquia do passado e não funcionava mais. Quarenta anos mais tarde ainda cantam a
mesma canção, e o evangelismo público ainda está batizando pessoas.
Tendo dito tudo isso, precisamos lembrar que nem todos serão alcançados pelo
evangelismo público, mas é o melhor método que os adventistas têm para ganhar almas
para Cristo. Devemos nos esforçar para encontrar outras maneiras de penetrar na mente das
pessoas não alcançadas por meio da abordagem profética. Mas se falamos sério em ganhar
os perdidos, o evangelismo público deve continuar sendo uma parte vital da obra
evangelística para a igreja em crescimento. Ele é a parte da colheita do evangelismo, e se
nada é colhido, não haverá colheita.

30
CAPÍTULO 4
QUEM O EVANGELISMO ALCANÇA?

Não pregamos uma mensagem meramente. Nossa pregação deve resultar em


pessoas perdidas vindo a Jesus e entrando no reino de Deus. Se dissermos que é muito
difícil alcançar pessoas hoje, estamos declarando que nosso Deus não é capaz. Mas nosso
Deus nos envia com Seu poder, e Ele é capaz. A obra do evangelismo deve ser prioridade
para todo pastor, todo membro de igreja e todo administrador; é o clímax do ministério. Ellen
White enfaticamente nos chama a pregar a mensagem com poder para alcançar as pessoas.

Na comissão dada aos discípulos, Cristo não somente lhes delineou a obra, mas deu-
lhes a mensagem. Ensinai o povo, disse, "a guardar todas as coisas que Eu vos
tenho mandado". Mat. 28:20. Os discípulos deviam ensinar o que Cristo ensinara. O
que Ele falara, não só em pessoa, mas através de todos os profetas e mestres do
Antigo Testamento, aí se inclui. É excluído o ensino humano. Não há lugar para a
tradição, para as teorias e conclusões dos homens, nem para a legislação da igreja.
Nenhuma das leis ordenadas por autoridade eclesiástica se acha incluída na
comissão. Nenhuma dessas têm os servos de Cristo de ensinar. "A lei e os profetas"
com a narração de Suas próprias palavras e atos, eis os tesouros confiados aos
discípulos, para serem dados ao mundo. ...

O evangelho tem de ser apresentado, não como uma teoria sem vida, mas como
força viva para transformar a vida. Deus deseja que os que recebem Sua graça sejam
testemunhas do poder da mesma.30

O que alcança as pessoas é uma mensagem poderosa, cheia do Espírito que é


proclamada com absoluta autoridade. Podemos confiar na Palavra de Deus. O evangelismo
não deve ser pregado com a ideia de que a verdade deve apoiar-se em uma ou em outra
direção. Pregue a mensagem exatamente como ela está nas Escrituras. Jesus ensinou com
autoridade, e assim devem ensinar seus discípulos. As pessoas não são ganhas com
“talvez”, mas com uma clara enunciação da verdade.
Contudo, devemos nos certificar de que o que estamos pregando está claro, de que é
uma verdade convincente da Palavra de Deus. Não transforme tradições em Palavra de
Deus. Esta é a questão para a qual Ellen White chamou atenção. Devemos pregar um claro
“assim diz o Senhor”, e não ordenanças da igreja.

31
A obra de evangelismo e de alcançar os perdidos era o centro do pensamento de
Ellen White. Leia as seguintes declarações com atenção, observando a forte ênfase na
prioridade do evangelismo:

A obra evangelística, de abrir as Escrituras aos outros, advertindo homens e


mulheres daquilo que está para vir ao mundo, deve ocupar, mais e mais, o tempo dos
servos de Deus.31

O Senhor determinou que a proclamação desta mensagem fosse a maior e mais


importante obra no mundo, para o presente tempo.32

Se nosso povo sair com fé, fazendo tudo quanto puder para dar início, trabalhando à
maneira de Cristo, o caminho será aberto diante dele. Se ele demonstrar ter a energia
que é necessária, a fim de obter êxito, e a fé avança sem hesitação, em obediência à
ordem de Deus, ricas colheitas serão obtidas. Deve avançar tanto e tão rapidamente
quanto possível, com a determinação de fazer justamente aquilo que o Senhor disse
deveria ser feito. Precisa ter energia e fé inflexível, ardente. ... O mundo tem que
ouvir a mensagem de advertência.33

O interesse de Ellen White é que o evangelismo ocupe o centro da vida da igreja.


Observe a ênfase que ela dá, principalmente na última declaração, para fazer essa obra
mais elevada. O evangelismo público irá fatigar a força dos evangelistas como nada mais
pode, mas pela alegria em ver almas salvas, irão ter a energia necessária para cumprir o
mais sagrado dos chamados.
Pelos anos, tenho visto muitos jovens pregadores começarem seu ministério. Tenho
observado alguns deles persistirem depois do primeiro encontro com o chamado “fracasso
evangelístico”. Lembro-me de um incidente quando o Instituto de Evangelismo organizou 20
seminários de Apocalipse numa área de Chicago e designou equipes de alunos para que
liderassem cada um deles. Fizemos propaganda de todos os seminários, mas dois tinham
apenas duas ou três pessoas inscritas para participar. As equipes desses dois seminários
me procuraram. Uma me culpou por não fornecer pessoas o suficiente com quem trabalhar,
enquanto a outra veio me dizer como iria convidar as pessoas de porta em porta. Uma
equipe teve energia e motivação como descreveu Ellen White, a outra não.

32
Não importa quão desencorajadora seja a situação, devemos fazer o melhor. Deus
não nos chama para o fracasso, mas para o sucesso. Quando trabalhei como evangelista de
uma associação, iniciei uma série de palestras numa cidade onde tínhamos uma pequena
igreja de cerca de 40 membros. Na noite de abertura fiquei preocupado ao observar que não
parecia haver muitos não-adventistas no auditório. Tínhamos feito uma boa divulgação, mas
parecia não ter funcionado muito. Finalmente, vi uma mulher no auditório que não reconheci
e supus que fosse uma visita. Preguei com todo meu coração sobre Daniel 2 para essa
mulher, e depois descobri que era uma adventista de uma igreja próxima. Foi a única vez
que não tive nenhum visitante na primeira noite.
Na manhã seguinte, me encontrei com o pastor e lhe disse que precisávamos sair e
conseguir pessoas que fossem às reuniões. Pedi que me levasse aos interessados para que
os convidássemos pessoalmente. Ele tentou, muito embora tenha se perdido procurando a
primeira casa. Batemos na porta, e quando uma pessoa atendeu, o pastor disse que já havia
estado lá antes. Fomos à segunda casa, onde aconteceu a mesma coisa, e então o pastor
admitiu que esses eram todos os interessados que ele tinha.
O que você faz em tal situação? Desiste? Nunca. Pedi, então, ao pastor que me
levasse às casas dos membros das igrejas para que pudesse encorajá-los a trazer seus
amigos. Ele também se perdeu ao procurar a casa dos membros. Comecei a imaginar o que
ele estava fazendo nesse pequeno distrito com apenas duas igrejas pequenas. Contudo,
finalmente, por persistência, os visitantes começaram a chegar, e nós batizamos 80 almas
preciosas ao final das reuniões. Sim, pode ser desencorajador às vezes, mas use toda a
energia e motivação que você tem para sair e ganhar almas. Se você desiste, o diabo vence,
e não devemos deixar isso acontecer nunca. Deus não nos chama ao fracasso, mas ao
sucesso.
Até o apóstolo Paulo declara em 2 Timóteo 4:1-5, que os líderes devem fazer o
trabalho de um evangelista, cumprindo cabalmente seu chamado. O chamado para a
liderança cristã nas igrejas constitui um chamado para estar profundamente envolvido na
missão evangelística do Senhor que os enviou. Aqueles que fracassam em desempenhar
essa tarefa devem questionar seu chamado ao ministério. Não pode existir ministro que não
seja evangelista. Outra vez, Ellen White faz ressoar o chamado com alta voz:

Onde estão os homens que sairão ao trabalho, confiando inteiramente em Deus,


prontos a agir e a enfrentar as situações? Deus convida: "Filho, vai trabalhar hoje na
Minha vinha”. Mat. 21:28. Deus fará dos jovens de hoje escolhidos depositários do

33
Céu, a fim de que apresentem ao povo a verdade, em contraste com o erro e a
superstição, se eles se entregarem a Ele. Que Deus ponha a responsabilidade sobre
jovens vigorosos, que tenham a Sua Palavra no coração e que apresentem a verdade
aos outros.34

Deus chama consagrados obreiros que Lhe sejam leais - homens humildes, que
vejam a necessidade da obra evangelística e que não recuem, mas diariamente
trabalhem com fidelidade, confiando em Deus quanto ao auxílio e a força em
qualquer emergência. A mensagem tem que ser apresentada pelos que amam e
temem a Deus. Não transfirais vossa responsabilidade para nenhuma Associação.
Ide e, como evangelistas, com humildade apresentai um "Assim dizem as
Escrituras".35

EVANGELISMO COM ALVOS

Obviamente, a mensagem do evangelho é para todos, mas se cada pessoa tenta


alcançar a todos, o resultado é que ninguém será alcançado. É por isso que a igreja é
necessária. Diferentes pessoas e diferentes igrejas apelarão a diferentes mentes.
Precisamos de todas as abordagens, contudo, precisamos reconhecer que não existe um
método único que alcançará a todos. Cada método tem como alvo um certo grupo de
pessoas.
Por exemplo, o evangelismo público tem como alvo pessoas que estão no estágio da
colheita. Esse método alcança pessoas com alta receptividade. Este é seu propósito. É uma
ferramenta de colheita, mas não terá êxito em ganhar pessoas com baixa receptividade.
Outros meios devem ser usados para alcançá-las inicialmente, e à medida que sua
receptividade cresce, podem ser convidadas a uma palestra evangelística e desse modo ser
ganhas para Cristo.
Imagine uma escala de receptividade de um a dez. Uma pessoa no nível um é aquela
que vê uma Igreja Adventista, cospe e caminha do outro lado da rua. Uma pessoa do nível
dez é aquela que fica na ponta dos pés pronta para mergulhar no tanque batismal. Todo
mundo está em algum lugar entre esses dois extremos no seu relacionamento com a Igreja
Adventista. Pessoas que assistem às palestras evangelísticas são aquelas que estão nos
níveis 8, 9 e 10. Elas estão prontas para a colheita, e as palestras lhes são atrativas. Se

34
pessoas de um nível mais baixo de receptividade aparecem, raramente voltam, pois não
estão prontas para isso. É claro que sempre existe a exceção, mas essa é a regra geral.
A maioria das pessoas de nossa comunidade está nos níveis de 1-7. A tentação para
a igreja é focalizar esses níveis. Mas se uma igreja trabalhasse apenas para aqueles no
nível mais baixo da escala, nunca iriam colher.
Portanto, a igreja não deve fazer nem um nem outro, mas direcionar seu trabalho
para semear e colher. Lamentavelmente, quando se verifica o evangelismo adventista,
descobre-se que a igreja local raramente realiza ambas as tarefas. Alguns priorizam uma
área, enquanto outros focam em outra. O resultado é improdutividade.
Alta receptividade é gerada quando a igreja trabalha antes das palestras para
preparar as pessoas para a conversão. Mas, quando uma igreja faz esse trabalho, Deus
também trabalha na comunidade e prepara as pessoas independentemente da igreja. Essas
pessoas vêm como resultado de nossa divulgação. Elas estão ainda nos níveis 8, 9 e 10,
mas Deus, sozinho, as preparou. Descobri com o tempo que Deus só faz esse tipo de
trabalho quando a igreja fez bem sua tarefa. Ganhar almas não é um empreendimento só
humano, é Deus e os seres humanos trabalhando juntos.
O evangelismo público alcança primeiramente aqueles que já têm interesse no
evangelho. Como observado no capítulo anterior, ainda há um tremendo interesse na
profecia, e o evangelismo público adventista ainda atrai essas pessoas. Contudo, outros
grupos não deveriam ser negligenciados. Devemos usar outros meios para alcançá-los,
muito embora o evangelismo público possa, no final, ser o método que os traga a uma
decisão.
Cerca de 8% da população americana sem igreja, de acordo com George Barna, são
profundamente comprometidos com a fé cristã. 36 O evangelismo público colhe,
principalmente essas pessoas. Isso é bom, mas devemos encontrar meios de alcançar os
outros 92%, enquanto continuamos com o que estamos fazendo no evangelismo público.
Certos grupos têm sido apontados por Ellen White para atenção especial em nossa
estratégia evangelística. Entre esses estão os ricos e as pessoas bem instruídas, 37 ministros
de outras denominações,38 pessoas comuns,39 os destituídos,40 pessoas de outras culturas,41
católicos romanos42 e judeus.43

OS RICOS E OS BEM INSTRUÍDOS

35
Pessoas ricas e bem instruídas raramente aparecem em palestras de evangelismo
público sem serem convidadas. Elas geralmente vêm como resposta a um convite de algum
membro amigo. Trabalhar com essas pessoas requer tempo e energia especiais. 44 Elas não
serão ganhas rapidamente. Deve-se ter paciência. Elas são alcançadas principalmente por
meio de laços fortes de amizade. Requerem uma lenta integração na vida da igreja, mas
quando são convertidas, são uma força poderosa para Deus.
Se uma igreja está localizada numa área rica, enviar panfletos com bestas a todas as
casas trará poucos resultados. Lembre-se de que esses panfletos funcionam em certas
áreas, mas não com os ricos geralmente. Ao invés disso, os membros da igreja devem
cultivar amizade com essas pessoas, envolvendo-as com pequenos grupos que atendam
suas necessidades. Depois de construídos laços de amizade, então os membros podem
convidá-las a frequentarem as palestras evangelísticas. Uma vez que o trabalho com essas
pessoas foi feito antes da série evangelística e que os panfletos não foram usados para
atraí-las pela primeira vez, a série deve ser mais curta e respeitar o fato de que pessoas
mais abastadas são ocupadas e não podem dedicar cinco noites de uma semana para
frequentarem as palestras. Essas pessoas podem ser ganhas para Cristo, mas serão
alcançadas de uma forma diferente das massas.

MINISTROS DE OUTRAS DENOMINAÇÕES

Esse é um campo negligenciado pelos evangelistas. Se cremos que Deus concedeu


a esta igreja uma mensagem especial para dar ao mundo, não podemos negligenciar
compartilhá-la com outros pregadores. Muitos deles estão entediados com o liberalismo de
suas igrejas, e quando veem a verdade em Jesus expressa por meio da mensagem da Igreja
Adventista, se unirão a nós na proclamação das três mensagens angélicas.
Ellen White declarou de maneira enfática que trabalhar com ministros é a tarefa
especial dos pastores adventistas:

Nossos pastores devem procurar aproximar-se dos pastores de outras


denominações. Orai por estes homens e com eles, por quem Cristo está fazendo
intercessão. Pesa sobre eles solene responsabilidade. Como mensageiros de Cristo,
cumpre-nos manifestar profundo e fervoroso interesse nestes pastores do rebanho.45

36
Nossos pastores devem fazer sua obra especial o trabalhar por pastores. Não devem
entrar em polêmica com eles, mas, com a Bíblia na mão, insistir com eles para que
estudem a Palavra. Feito isto, muitos pastores que agora pregam o erro hão de
pregar a verdade para este tempo.46

Os pastores adventistas não têm nada a perder em tornarem-se amigos de outros


pastores. De fato, temos muito a ganhar. Tragicamente, alguns pastores adventistas têm
apenas criticado outros pastores e representado mal a igreja. Não devemos nos envolver em
discussões com eles, mas nos tornar seus amigos. Alguns podem até aparecer para nossas
palestras evangelísticas públicas buscando um ar de vida dos céus.
Anos atrás, quando pastoreei duas igrejas em Maryland, me uni à associação
ministerial nas duas cidades. Evidentemente eu era o primeiro pastor adventista que havia
se associado naquele nível com meus companheiros pastores. Tornei-me bom amigo de
muitos deles. Eles se reuniam no YMCA [Associação Cristã de Moços], onde jogávamos
basquete juntos. Como resultado, fiz amizade com muitos desses pastores.
Durante essa época, estava fazendo evangelismo constante em minhas igrejas.
Alguns de seus membros até se juntaram a nós, mas os ministros nunca criticaram nossas
palestras, porque eu era amigo deles. Até mesmo brincávamos dizendo que eles estavam
fazendo um ótimo trabalho preparando pessoas para se tornar adventistas. Isso jamais teria
acontecido se não tivéssemos nos tornado bons amigos.
Era a última reunião da associação ministerial do ano na cidade de uma das minhas
igrejas. Eu havia acabado de aceitar um chamado para fazer um evangelismo e estava de
partida. Fui à reunião e eles estavam elegendo oficiais para o próximo ano. Fui nomeado,
mas tive que rejeitar porque estava indo embora. O pastor da maior igreja batista da cidade
ficou de pé e fez um discurso no qual me agradecia por fazer parte da associação. Ele disse
que era a primeira vez que alguém da minha denominação havia se juntado a eles, e
queriam dizer o quanto apreciaram isso. Todos me deram uma salva de palmas. Essa
experiência impressionou minha mente de forma indelével com a necessidade de construir
essas pontes com pastores de outras denominações.

PESSOAS COMUNS E HUMANIDADE CAÍDA

Dois outros grupos que os evangelistas não podem ignorar são as pessoas comuns e
aquelas que podem ser descritas como indigentes. O termo pessoa comum refere-se

37
basicamente à classe trabalhadora. Elas estão abertas para o evangelho e representam a
vasta maioria de pessoas que vêm às palestras evangelísticas. A igreja geralmente alcança
pessoas da classe trabalhadora ou nível socioeconômico baixo. Elas se unem à igreja e
sobem a escada socioeconômica.

Há uma classe mais acessível. Muitos deles são mais dignos que os mais ricos, pois
os afortunados nem sempre obtiveram sua riqueza por meio dos mais estritos
princípios de integridade. Alguns há que não sacrificariam princípios ou a estrita
honestidade a fim de possuir qualquer quantidade de dinheiro. Esta é a classe que,
sendo-lhes a verdade apresentada com sabedoria, havia de recebê-la, e daria
obreiros dignos de confiança para colaborar com Deus. O obreiro, pela sabedoria
dada por Deus, trabalhará de maneira a atrair essas pessoas, reunindo-as em Cristo
Jesus.47

Em nossas tentativas de alcançar grupos diferentes, nunca podemos nos esquecer


de que esse grupo, que é grande, deve sempre ser o alvo de muito de nosso evangelismo
público. Enquanto outros grupos precisam de abordagens mais especializadas, esse irá
frequentar como resultado de nossas abordagens tradicionais.
Os adventistas também não devem negligenciar aqueles que lutam com maus
hábitos, como álcool e drogas. Essas pessoas são muito difíceis de serem alcançadas, mas
quando encontram o Salvador, se levantam de sua situação desesperadora e se tornam
poderosos discípulos de Jesus. Algumas dessas pessoas frequentarão nossas palestras
evangelísticas. O maior problema em tentar alcançá-las é a tendência de voltar a seus
velhos hábitos. Elas têm boa intenção e querem servir a Cristo, mas sua vontade é fraca
devido a anos de indulgência. Precisam de atenção especial a fim de crescer como
discípulos de Jesus.

GRUPOS CULTURAIS

Diferentes grupos étnicos precisam de atenção especial no evangelismo adventista. 48


Nas principais cidades da América do Norte há multidões de diferentes grupos culturais,
muitos dos quais não são alcançados por nenhuma obra adventista. Os evangelistas tendem
a focar nos principais grupos culturais, como afro-americanos, hispânicos, asiáticos e
caucasianos. Contudo, dentro de cada um desses grupos estão muitos grupos subculturais.

38
Exemplos de grupos que não são alcançados são pessoas do leste europeu, Rússia
e os países da antiga União Soviética. Essas pessoas migraram para a América e são de
origem caucasiana, mas não se integraram a igrejas adventistas. São atraídas para igrejas
constituídas de imigrantes. A hora de alcançar essas pessoas é quando estão chegando.
Quanto mais tempo estiverem aqui, mais difícil é alcançá-las. As igrejas deveriam colocar
como prioridade verificar que grupos de pessoas estão mudando para seu território e
começar um ministério imediato entre eles.
Hoje, muitos dos novos grupos que migraram para os Estados Unidos e Canadá não
são de países com uma orientação cristã. Muçulmanos, hindus, budistas e outros membros
de religiões orientais estão fluindo para o continente norte-americano no século 21. Essas
pessoas não serão atraídas para nossas palestras evangelísticas públicas. Elas precisam
ser abordadas de uma maneira totalmente diferente. Uma boa estratégia evangelística irá
examinar maneiras de a igreja trabalhar com elas.
Outro grupo de pessoas que é facilmente ignorado são os judeus. Este também não
irá frequentar nossas palestras evangelísticas públicas, mas irá precisar de abordagens
especiais a fim de facilitar uma resposta ao evangelho de Jesus. 49 De todos os cristãos, os
adventistas devem ser capazes de se relacionar com essas pessoas, que mantiveram o
conhecimento do Deus verdadeiro por mais de quatro mil anos.
Trabalhar com pessoas de culturas diferentes não é fácil. Contudo, muitas delas irão
reagir a essa mensagem da cruz quando lhes é apresentada numa linguagem que podem
entender facilmente. Não podemos esperar desses grupos que reajam à metodologia que
assume principalmente uma origem cristã. Devemos descobrir novos meios para alcançar
essas pessoas, e ao mesmo tempo continuar a utilizar a poderosa abordagem do
evangelismo público que é tão exitosa em alcançar muita gente.

CATÓLICOS ROMANOS

Os católicos romanos são hoje muito abertos à abordagem adventista. Muitos deles
virão às nossas palestras evangelísticas públicas. A quantidade de adventistas que vieram
da igreja católica romana é surpreendente. Porém, com frequência tenho conhecido
adventistas céticos com relação à sua habilidade de alcançar os católicos romanos.
Obviamente, alguém os está alcançando, ou não teríamos tantos ex-católicos na igreja hoje.
Devido à nossa compreensão profética do papel que a liderança católica
desempenhará nos eventos finais, muitos adventistas questionam os católicos em geral. Isso

39
é uma pena. Algumas vezes, os evangelistas adventistas são tão enérgicos ao explicar a
parte negativa do catolicismo que desencorajamos as pessoas. É interessante notar que a
escatologia adventista não é anticatólica. Os adventistas ensinam que o poder final a oprimir
o povo de Deus é uma união do romanismo, protestantismo apostatado e o espiritismo.
Entretanto, em nossas pregações, algumas vezes temos tido a tendência de dar ênfase
demais ao papel dos católicos em detrimento aos outros dois. Ellen White deixa claro que
temos muito mais a temer do protestantismo apostatado que do catolicismo. 50 Os
protestantes, declarou ela, tomariam a iniciativa no conflito final.51
Não ganhamos os católicos atacando sua igreja. Sim, não devemos ignorar a
profecia, mas isso deve ser feito com amor cristão e não ódio. Os evangelistas devem ser
extremamente cautelosos com o que dizem publicamente em referência a outra religião.
Vivemos numa época em que alusões negativas podem ser consideradas como “ódio”. Ainda
podemos apresentar as profecias sem parecer anticatólicos, porque nossa mensagem
abrange e respeita os membros de todas as denominações.
Ellen White exorta enfaticamente a igreja a ser extremamente cautelosa a esse
respeito:

Não devemos, ao entrar em um lugar, levantar barreiras desnecessárias entre nós e


outras denominações, especialmente os católicos, de modo que eles pensem que
somos seus inimigos declarados.52

Não se deve sair do caminho para investir contra outras denominações; pois isto só
cria um espírito combativo, e cerra ouvidos e corações à entrada da verdade. Temos
nossa obra a fazer, a qual não é derrubar, mas construir. ...

Há perigo de que nossos pastores digam demasiado contra os católicos e provoquem


contra si mesmos os mais fortes preconceitos dessa igreja.53

É nossa obra falar a verdade em amor, e não misturar com a verdade os elementos
não santificados do coração natural, e falar coisas que se assemelhem ao mesmo
espírito possuído por nossos inimigos. Todas as ásperas acusações recairão sobre
nós em medida dupla, quando o poder estiver nas mãos dos que o podem exercer
para nosso dano. Muitas e muitas vezes me foi dada a mensagem de que não
devemos, a menos que isso seja positivamente necessário para vindicar a verdade,

40
dizer, especialmente em relação a pessoas, uma palavra nem publicar uma sentença
que possa instigar nossos inimigos contra nós, e despertar suas paixões até à
incandescência.54

Como notamos neste capítulo, muitos grupos precisam de atenção especial enquanto
outros estão sendo alcançados e continuarão a ser alcançados pelo evangelismo público
tradicional. Não importa qual seja nossa abordagem com esses diferentes grupos, devemos
alcançá-los com o amor do evangelho e o amor de Jesus. O amor é uma língua
compreendida em todo o mundo. O ódio repele, mas o amor ganha.
O evangelismo é a tarefa de alcançar pessoas. São necessárias diferentes
abordagens para se alcançar diferentes pessoas. O mais importante é usar a metodologia
que funciona. Quando você usa um plano que funciona em uma parte do país, mas não
funciona onde você mora, há duas coisas que se pode fazer. Ou você pode encontrar um
método que funcione, ou procurar meios que aprimorem o antigo método. O que quer que
você faça, certifique-se de que está alcançando pessoas, pois isto é o que nosso Mestre nos
pediu que fizéssemos, e não ousemos ser desobedientes a nosso Senhor e Salvador.

41
CAPÍTULO 5
HISTÓRIA DO EVANGELISMO PÚBLICO ADVENTISTA

A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu como um movimento evangelístico. Como a


maioria das denominações, seus primeiros anos abrangeram uma abordagem corajosa para
alcançar o mundo com o entendimento singular do evangelho que os pioneiros descobriram.
Surgindo das cinzas do desapontamento milerita, os adventistas do sétimo dia se levantaram
com um desejo de difundir a mensagem da proximidade do advento e de proclamar a nova
verdade do sábado aos seus amigos mileritas.
Emergindo de suas teorias da “porta-fechada” e começando a descobrir que o
adventismo deveria ir além daqueles que participaram no movimento milerita, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia começou seu rápido crescimento tanto na América do Norte como
em sua grande missão de expansão ao redor do globo.
Imediatamente depois de sua organização oficial em 1863 com pouco mais de 3.000
membros, a igreja cresceu numa velocidade impressionante pelas décadas seguintes. A
década de 1860 viu um crescimento anual de 7,9%. A taxa de crescimento subiu
vertiginosamente na década seguinte para a maior média da história da denominação,
alcançando 18,6% por ano na década de 1870. A taxa ficou pela metade na década de 1880,
caindo para 9,1% ao ano, mas acelerou outra vez na década de 1890 alcançando a segunda
maior taxa de crescimento para uma década, 12,2%.
O século 19 foi uma época de rápida expansão da igreja. Ela cresceu de 3.000 em
1860 para 66.547 em 1900. O que causou esse crescimento espantoso? Obviamente o
rápido desenvolvimento aconteceu em decorrência da abertura de novas igrejas em todo
lugar e da expansão do adventismo por todo o mundo, à medida que a igreja começou a
compreender sua função missionária. Entretanto, um ingrediente vital nessa rápida expansão
foi o papel que o evangelismo público desempenhou desde os primeiros momentos do
adventismo.
Surgir do movimento milerita – com sua pesada ênfase na pregação em auditórios,
igrejas, escolas e tendas – levou os primeiros adventistas a copiarem o método de
comunicação usado de modo tão eficaz pelos mileritas. Portanto, o meio principal pelo qual
foi difundida a mensagem adventista nos primeiros dias foi o uso da mesma técnica básica
usada pelos mileritas.

42
No verão de 1854, os adventistas do sétimo dia pela primeira vez começaram a usar
grandes tendas para palestras. Era algo raro naqueles dias ver tendas usadas para
tal propósito; consequentemente multidões as frequentavam.55

O pastor G. B. Starr foi entrevistado em Wabash, Indiana, e lhe perguntaram por que
os adventistas estavam crescendo tão rapidamente. Ele, antes de tudo, atribuiu o
crescimento ao fato de os pastores adventistas serem todos evangelistas, mas observe
como esses evangelistas gastaram seu tempo.
“Bem, em primeiro lugar”, respondeu, “não temos pastores estabelecidos num só
lugar. Nossas igrejas são ensinadas a cuidarem de si mesmas, enquanto quase todos os
nossos ministros trabalham como evangelistas em novos campos. No inverno, eles vão para
as igrejas, auditórios, escolas e ganham crentes. No verão, usamos tendas, montando-as
nas cidades e vilas onde ensinamos ao povo essas doutrinas”.56
Você irá observar que esses primeiros adventistas difundiram sua mensagem
principalmente por meio de uma série de palestras públicas, exatamente como era feito
durante o movimento milerita. Outra maneira de alcançar pessoas era por meio de reuniões
campais adventistas. Ao invés de serem principalmente para membros, as reuniões campais
eram realizadas em vários lugares nos primeiros anos a fim de que pudessem alcançar
outras pessoas.
Os adventistas de um estado ou região se reuniam uma vez ao ano para uma reunião
campal. Uma vez que as igrejas adventistas não possuíam um pastor local, poucas igrejas
adventistas tinham uma pregação regular, então a reunião campal era um evento muito
esperado, e a maioria dos adventistas da região vinha à reunião campal, montava uma
tenda, e passava o tempo em reavivamento espiritual. Contudo, a reunião campal não era
realizada principalmente para os membros, ela tinha um grande propósito evangelístico.
Durante o dia, o foco da reunião campal era prover ajuda espiritual para os membros,
mas as reuniões à noite tinham a forma de uma reunião evangelística pública. As pessoas
da comunidade eram convidadas a frequentarem os cultos da reunião. Assim, muitas das
verdades adventistas eram compartilhadas. Quando a reunião se encerrava, alguém era
deixado para reunir os interessados, batizá-los e organizar uma igreja. Conquanto as
reuniões campais não fossem o principal método pelo qual o adventismo primitivo difundiu-
se, era parte do pacote total que continha uma ênfase no evangelismo público desde seus
primeiros dias.

43
Aquelas primeiras décadas também revelaram uma abordagem de debates para o
evangelismo. Ellen White contestou de forma veemente contra essa abordagem, mas ela foi
usada por muitos que depois deixaram a igreja, tais como D. M. Canright. Os adventistas
podiam ganhar os debates, mas estavam perdendo as almas. Isso finalmente acabou se
tornando uma abordagem muito dogmática à pregação da mensagem. O cristianismo básico
foi assumido e não enfatizado. Ao invés disso, pregávamos a lei, a lei e a lei.
Ellen White reagiu a essa abordagem legalista com firmes conselhos para abandoná-
la. O adventismo era uma mensagem centrada em Cristo, e estava sendo destruída por essa
pregação legalista.

Como um povo, temos pregado a lei até ficarmos tão secos como as colinas de
Gilboa que não tinham nem orvalho nem chuva. Devemos pregar Cristo na lei, e
haverá nutrição e vitalidade na pregação que será como alimento ao rebanho faminto
de Deus. Não devemos de maneira nenhuma confiar em nossos próprios méritos,
mas nos méritos de Jesus de Nazaré.57

Como resultado do reavivamento da justificação pela fé entre os adventistas na


Sessão da Associação Geral em Minneapolis, em 1888, houve rapidamente uma mudança
no conteúdo do evangelismo público adventista. A discussão cessou, e surgiu uma
abordagem centrada em Cristo. Ao invés de pregar apenas a lei, os adventistas agora
pregavam uma mensagem que colocava Cristo no centro da lei. A mudança obviamente não
foi universal de imediato, mas ocorreu uma tendência geral em direção ao foco em Cristo no
conteúdo da mensagem.
Um bom exemplo dessa tendência é a chegada de W. W. Prescott na Austrália em
1895. Ele chegou a Melbourne no final de 1895, na reunião campal de Armadale. Lembre-se
de que as reuniões campais eram evangelísticas. Juntamente com Ellen White e outros, ele
começou a pregar sermões em harmonia com a nova ênfase dos adventistas em Cristo.

Os obreiros da igreja estavam surpresos, especialmente pelo preconceito contra os


adventistas que havia se desenvolvido na comunidade. Thoughts on Daniel and
Revelation [Considerações sobre Daniel e Apocalipse] de Urias Smith foi distribuído
de forma ampla por colportores e seus pontos de vista arianos sobre a preexistência
de Cristo fizeram com que muitos vissem os adventistas como uma seita herética,
subcristã que negava a divindade de Cristo. Prescott respondeu à crítica pregando a

44
doutrina cristã. “Seu tema do primeiro ao último e sempre é Cristo”, relatou W. C.
White. “Pregar Jesus como o professor Prescott tem feito”, acrescentou A. G.
Daniells, “parece ter desarmado completamente as pessoas com preconceito”. Ele
sentiu que a imagem pública dos adventistas foi completamente revolucionada pelo
professor.

Prescott até conseguiu transformar a tradicional polêmica adventista do sábado-


domingo numa apresentação notável do evangelho. Várias semanas após a
apresentação sobre a doutrina do sábado o experiente, mas maravilhado, W. C.
White ainda estava surpreso. Prescott pregou “com uma clareza e poder que excede
qualquer coisa que já ouvi em minha vida”... Ele ansiava ver “todos” os ministros
imitarem Prescott ao pregarem Cristo crucificado.58

Evidentemente, essa nova ênfase no evangelho na década de 1890 ajudou a igreja a


retomar seu crescimento, fazendo com que os adventistas aumentassem sua taxa de
crescimento para próximo dos 25% na última década do século 19. Esse século terminou
com uma ênfase muito forte no evangelismo público que incluiu uma abordagem muito mais
centralizada na graça e em Cristo ao compartilhar a mensagem.

AURORA DE UM NOVO SÉCULO

O século 20 viu o adventismo prosperando na nova missão global; porém, a América


do Norte estava se enfraquecendo na grande missão da igreja. A denominação foi
estabelecida na maior parte do continente norte-americano, e suas instituições estavam
prosperando. O sanatório de Battle Creek (Battle Creek, Michigan), sob a direção do Doutor
John Harvey Kellogg, havia se tornado famoso e respeitado.
De algum modo, o adventismo na América do Norte estava perdendo seu senso de
missão. O evangelismo estava bem além-mar, mas na terra natal começaram a sentir que
deveriam concentrar seus esforços para alcançar seus próprios filhos em lugar de alcançar
os outros com eventos evangelísticos públicos. Reuniões públicas e evangelistas públicos
estavam em declínio. O foco da igreja começou a mudar da ação de alcançar para a ação de
manter.
No século 19, a Igreja Adventista existiu sem pastores locais. O ministério consistia
em plantar igrejas e evangelizar. As igrejas locais existiam por si só sem muita atenção

45
pastoral. A igreja via a si mesma como uma agência missionária ao invés de uma
mantenedora dos salvos. Porém, à medida que o novo século surgia, clamores começaram a
se levantar das igrejas para colocar pastores para o rebanho, assim como outras
denominações.
Como resultado, nos primeiros 20 anos do século 20, os adventistas começaram a
colocar pastores nas congregações maiores. Com a reorganização dos pastores de
responsabilidades missionárias para cargos de manutenção, a taxa de crescimento da igreja
caiu na América do Norte. O evangelismo já não era mais a principal atividade de igrejas
locais ou da denominação como um todo. Por volta de 1920, pastores locais começaram a
ser designados não apenas para as igrejas maiores, mas também para as menores, à
medida que distritos pastorais eram formados. O movimento missionário do adventismo na
América do Norte cessou.
Outro fator que causou a paralisia do evangelismo no início do século 20 foi a
preocupação da igreja com suas instituições, principalmente o Sanatório de Battle Creek. Os
melhores e mais brilhantes do adventismo estavam sendo absorvidos por essa instituição, e
as fileiras ministeriais estavam sendo privadas dos adultos mais inteligentes. Com tanto
tempo, dinheiro e talento sendo colocado nas instituições, pouco esforço restou para o
evangelismo.

CHEGADA DE ELLEN WHITE59

Durante a última década do século 19, Ellen White residiu na Austrália e trabalhou
para construir uma forte base para a igreja naquele continente. Em 1900 ela voltou para a
América. Para ela, a igreja mudou radicalmente durante sua ausência de dez anos. A
mentalidade missionária estava desaparecendo, e a igreja parecia estar vivendo para manter
os santos.
Além disso, Ellen White também estava bastante preocupada com a crescente
concentração de poder nas mãos de poucos em Battle Creek. No seu retorno, ela começou a
insistir em duas direções. Primeiro, a reorganização da igreja para descentralização do
poder, que foi atingida na reorganização de 1901 com a criação de Uniões. A outra foi um
clamor para reascender a chama do movimento missionário.
O adventismo foi primeiro um movimento rural. As cidades eram consideradas más, e
os adventistas eram encorajados a fugir delas. À medida que a América se estendeu em
direção ao oeste, o adventismo se estendeu com ela, plantando igrejas em todas as novas

46
localidades. O principal instrumento usado era as reuniões nas tendas, e elas não
funcionavam muito bem nas cidades muito grandes, assim, as cidades grandes foram
negligenciadas. Porém, a América, na época, era basicamente uma nação rural, com apenas
20% das pessoas residindo em áreas urbanas. O século 20 mudaria tudo isso. Ao final do
século, 80% da população residiam em áreas urbanas e apenas 20% em áreas rurais.
É interessante notar que a orientação profética de Ellen White tentava mover a igreja
a um ministério urbano quando a mudança para urbanização começou na primeira parte do
século 20. Não era só evangelismo que ela enfatizava, mas evangelismo público urbano. Ela
ficou bastante preocupada de que a igreja alcançasse as massas começando a mudar para
as áreas metropolitanas.
O início do século 20 trouxe o fim do impressivo ministério de Dwight Moody e o
começo do evangelismo exuberante de Billy Sunday. O evangelismo público popular era
focalizado em “personalidades” que reuniam grandes multidões. Isso era anátema para a
maioria dos adventistas que não gostava do evangelismo focado em personalidades.
Portanto, eram relutantes em admitir oradores populares para irem às grandes cidades onde
iriam reunir grandes multidões. Temiam que se criassem tais personalidades e esses líderes
deixassem a igreja, isso fosse prejudicar a viabilidade da mensagem.
Tal relutância era compreensível, porém, as pessoas não estavam sendo alcançadas,
e isso era pior que ter alguns poucos deixando a denominação por causa de uma
personalidade. Isso era demonstrado com clareza no ministério de E. E. Franke, que estava
realizando reuniões na cidade de Nova Iorque e atraindo grandes multidões na época – até
1.000 pessoas – com significativas conversões. À medida que ele se tornou popular,
começou a se promover, deixando finalmente a denominação e lutando contra ela. 60 Sua
apostasia só confirmou a suspeita dos adventistas de que deveríamos deixar as cidades em
paz e evitar criar essas “personalidades”.
Outro evangelista promissor do início do século 20 foi William Ward Simpson,
pregando na costa oeste. Ele também estava atraindo grandes multidões de até 2.000
pessoas com muitas conversões. Ele era um inovador em recursos visuais no evangelismo
público, criando imagens tridimensionais das bestas de Daniel e Apocalipse. 61 Era leal e fiel à
denominação e era uma grande promessa de levar a igreja avante no evangelismo urbano.
No entanto, ficou doente e morreu em 1907, com 35 anos. Isso foi o fim das esperanças
adventistas para um movimento evangelista nas cidades.
Como resultado, a taxa de crescimento mundial da igreja caiu para 3,6% ao ano na
década, a taxa mais baixa para uma década na história da Igreja Adventista. Na América do

47
Norte, a taxa caiu para apenas 1% ao ano. Não era por que o continente americano se
tornou infértil de repente. Era o auge do evangelismo público evangélico, com Billy Sunday, o
esplêndido jogador de baseball que se tornou pregador, pregando como se estivesse ainda
jogando para o Chicago White Stockings. Além disso, existiam outros evangelistas populares
como Torrey e Chapman. Os adventistas poderiam ter feito muito durante essa época, mas
tendo perdido o senso de missão e de urgência de sua tarefa, foram consumidos com a
expansão organizacional no lugar da missão.
Ellen White fez muitos apelos durante essa década para a igreja se tornar um
movimento evangelístico mais uma vez. Contudo, a irmandade reagiu apenas com
resoluções, mas nunca com alguma ação. Na época da Sessão da Associação Geral em
1909, as energias foram centralizadas apenas na expansão organizacional em resposta à
reorganização de 1901. Spicer relatou que a igreja enviou 328 missionários estrangeiros no
ano anterior. Toda a expansão era além-mar, não na América do Norte. O presidente da
Associação Geral, A. G. Daniels, relatou que mais de 500 pessoas foram tiradas do campo e
colocadas na administração desde 1901. Essa era sua evidência de expansão: tirar pessoas
do campo e colocá-las na administração. É ainda mais irônico quando se considera que toda
a força trabalhadora ministerial era de apenas 1.200 naquele tempo, e agora metade dela foi
colocada na administração.62
Ellen White estava desgostosa. Essa seria a última sessão da Associação Geral que
ela estaria presente. Por nove anos ela esteve insistindo no evangelismo nas cidades, e
nada aconteceu. Tudo o que eles falavam era sobre expansão organizacional, enquanto o
campo estava desprovido de oradores evangelísticos qualificados. Na arena veio a profetisa
de Deus instando por uma ação nas cidades. Tudo o que a Associação podia reunir eram
alguns planos pequenos para começar a distribuir a literatura nas cidades.
Ellen White não estava interessada em resoluções ou pequenos planos. Ela
corajosamente confrontou os delegados da sessão com a necessidade de se fazer algo.
Finalmente, ela chamou W. W. Prescott pelo nome e o levou a deixar seu posto como editor
da Review e mudar-se para Nova Iorque e envolver-se em evangelismo público. Os líderes
ficaram incomodados, mas terminaram a sessão com um sincero compromisso de fazer algo
pelo evangelismo urbano. Para dramatizar sua preocupação, Ellen White, após a sessão,
passou por várias cidades do leste, conduzindo reuniões evangelísticas aos 81 anos de
idade.63
Alguns de seus mais poderosos apelos para o evangelismo nas cidades foi feito na
Sessão da Associação Geral de 1909. Aqui estão alguns trechos:

48
Para a administração de negócios nos vários centros de nossa obra, devemos nos
empenhar, o tanto quanto possível, para encontrar homens consagrados que foram
treinados em áreas administrativas. Devemos nos guardar de manter nesses centros
de influência homens que poderiam fazer uma obra mais importante na plataforma
pública, apresentando diante de crentes as verdades da palavra de Deus.

Quando eu penso nas muitas cidades ainda não advertidas, não consigo descansar.
É inquietante pensar que elas foram por tanto tempo negligenciadas...

Oh, que possamos ver as necessidades dessas grandes cidades como Deus as vê!
Devemos planejar colocar nessas cidades homens capazes que possam apresentar a
terceira mensagem angélica de maneira tão poderosa que irá tocar direto ao coração.
Não podemos reunir num só lugar homens que podem fazer isso, um trabalho que
outros devem fazer.64

Sua preocupação tinha a ver com a identidade da igreja. O adventismo deveria ser
um movimento missionário ou uma grande instituição? Ela claramente levantou-se pela
missão. As instituições eram boas, e ela defendeu a abertura de muitas, mas elas nunca
devem interferir na habilidade da igreja em fazer sua principal obra: evangelizar.
Uma vez que uma denominação tenha se distanciado de seus fundamentos
evangelísticos, cientistas sociais sugerem que é quase impossível recuperar seu
ancoradouro evangelístico. Isso provou-se uma dificuldade para os adventistas do século 20,
mesmo sob a orientação profética de Ellen White. Porém, um grande avanço estava para
acontecer e o movimento estava prestes a ser reconfirmado como uma agência
evangelística.

49
CAPÍTULO SEIS
UMA DENOMINAÇÃO RECOMPROMETIDA65

Parecia que a Sessão da Associação Geral de 1909 havia terminado com um


compromisso sincero de evangelizar as cidades. Porém, à medida que o tempo passava,
via-se que o compromisso havia sido apenas verbal. Na época do concílio anual no outono,
nada foi dito sobre a promessa de evangelização. Discutiu-se sobre negócios, como de
costume.
Apenas em fevereiro de 1910 que W. W. Prescott finalmente chegou à cidade de
Nova Iorque. Ele se demorou em sair do posto de editor da Review. Participou de algumas
pequenas reuniões que estavam sendo conduzidas, mas quatro meses depois sua esposa
morreu, e ele se retirou, compreensivelmente, para um descanso. Contudo, quando ele
retornou ao trabalho, não foi no evangelismo público.66
Mesmo Daniells não estava cumprindo com seus compromissos. Ele havia prometido
promover o evangelismo público em cada União durante o ano de 1910. Contudo, algo mais
urgente aconteceu. Leon Smith (filho de Uriah) atacou a visão de Daniells dos “sacrifícios
diários” em Daniel 8, então ele sentiu que era de suma importância defender sua posição
nessa questão teológica obscura do que promover o evangelismo. É surpreendente quão
fácil é, mesmo para “grandes” homens, serem desviados por questões teológicas obscuras e
perderem a prioridade do evangelismo.67
Ellen White, a profetisa do Senhor, viu isso claramente como evidência de
comprometimento apenas superficial. Ela sabia que a menos que o presidente da
Associação Geral estivesse totalmente envolvido com o evangelismo público, ele não iria
acontecer. Ellen White parecia estar prostrada com a urgência de ter o trabalho sendo feito
nas grandes cidades. Seu filho, W. C. White, observou:

Nesta manhã, minha mãe me disse que conquanto nossos irmãos tenham feito pouco
aqui e ali, eles não instituíram um trabalho totalmente organizado que deve ser
levado adiante para admoestarmos nossas cidades... Parece-me que deve haver
uma grande crise bem diante de nós. Não posso entender de nenhuma outra forma a
intensidade da angústia de minha mãe com relação a nossa lentidão em fazer o
trabalho nas grandes cidades.68

50
Daniells começou a sentir a intensidade desse pedido e fez alguns pequenos planos
para promover o evangelismo nas cidades. Enquanto estava numa viagem à Califórnia,
decidiu parar em Elmshaven e compartilhar o que pensava serem boas notícias com Ellen
White. Arthur White descreve o que aconteceu:

Pouco depois de fazer esses planos, ele estava na costa do Pacífico e foi a
Elmshaven relatar isso, o que, tinha certeza, alegraria o coração de Ellen White. Ela
se recusou a vê-lo! A mensageira do Senhor recusou a ver o presidente da
Associação Geral, pedindo que lhe dissesse que quando o presidente da Associação
Geral estivesse preparado para fazer a obra que necessitava ser feita, então ela
falaria com ele. Daniells percebeu que mesmo os planos agressivos que ele havia
feito de forma confiante estavam longe do que realmente era necessário.

Depois de pegar o trem que o levaria de volta a Washington, Daniells escreveu uma
pequena carta a Ellen White. Era humilde e contrita:

Sinto muito não poder ter lhe falado enquanto estava em Santa Helena, com relação
à obra nas nossas cidades. Queria lhe dizer que assumirei esse trabalho com todo
meu coração... Tenho estado bastante preocupado com isso por muitos meses, e
agora sinto que devo assumir essa obra pessoalmente. Qualquer que seja a quantia
de dinheiro e os trabalhadores que sejam exigidos nesses lugares farei o melhor que
puder para assegurar que estejam disponíveis. E estou disposto a passar meses em
esforços pessoais com os obreiros, se necessário... Poderia orar ao Senhor para nos
dar sabedoria a fim de que saibamos o que fazer para responder ao chamado para as
cidades? (AGD para EGW, 26 de maio de 1910).69

Daniells declarou que essa foi a experiência mais difícil de sua vida. Ele foi honesto e
deu uma resposta honesta de comprometimento. A resposta de Ellen White foi outra carta
dizendo-lhe que já não mais adiantava fazer promoções. A questão era muito séria. Ele,
como o presidente da Associação Geral, deveria agora liderar, envolvendo-se pessoalmente
no evangelismo público. Em resposta, Daniells levou isso para a comissão da Associação
Geral e eles envolveram a denominação sem reservas no evangelismo das cidades. Daniells
foi dispensado de seus compromissos de reuniões campais no verão de 1910; uma viagem
para a Austrália foi adiada para outubro. Um grupo de homens foi escolhido para ajudá-lo, e

51
foi pedido a todas as associações que fizessem do evangelismo uma causa comum. Ellen
White estava exultante de que finalmente respondessem positivamente ao conselho de
Deus, mas levaram dez anos para que a mensagem fosse ouvida.
Contudo, Ellen White teve que dizer palavras bem duras para chamar a atenção de
Daniells. O próprio Daniells refletiu sobre isso anos mais tarde com essas palavras:

Finalmente recebi uma mensagem na qual ela dizia: “Quando o presidente da


Associação Geral estiver convertido, ele saberá o que fazer com as mensagens que
Deus tem enviado a ele”. Até então, eu não tinha muita luz sobre a questão da
conversão como agora tenho. Pensei que tivesse sido convertido cinquenta anos
atrás, e fui; mas aprendi que precisamos nos reconverter de vez em quando... Aquela
mensagem me dizendo que eu precisava ser convertido me feriu severamente
naquela época, mas eu não a rejeitei. Comecei a orar pela conversão de que
necessitava para me dar o entendimento que parecia me estava faltando (DF 312,
AGD, em Registro da União Australasiana, 13 de agosto de 1928).70

Finalmente, a denominação se voltou para uma missão centralizada na América do


Norte. Um compromisso com a missão era uma coisa, o cumprimento era outra. Havia tanto
tempo que a denominação não focava o evangelismo que eles simplesmente não sabiam o
que fazer. Entretanto, Ellen White parecia entender que o compromisso sempre precede a
ação, então na Sessão da Associação Geral de 1913, ela enviou palavras de encorajamento
para a nova direção.

NOVA DIREÇÃO

Conquanto 1910 marcasse a reviravolta no comprometimento da denominação,


levaram seis anos para que ocorresse um avanço real na América do Norte. Ellen White não
viveu para ver isso, mas como Moisés, ela viu a igreja movendo-se adiante em visão. Houve
várias razões para esse passo de tartaruga em direção ao cumprimento.
O adventismo foi um movimento rural. As cidades foram rejeitadas como más, e os
adventistas tinham a tendência de evitá-las. Além disso, havia uma falta de evangelistas
urbanos qualificados. Uma vez que a igreja deixou de se envolver no evangelismo público
por muitos anos, falhou em desenvolver jovens, homens e mulheres, para se envolverem

52
nessa atividade. Havia poucas exceções, mas, no geral, evangelistas públicos
desapareceram das fileiras dos obreiros adventistas.
Então, institutos foram criados para treinar evangelistas públicos. O problema era que
havia pouquíssimos evangelistas de êxito, portanto, era difícil encontrar treinadores
qualificados. Em 1911, Daniells conduziu o primeiro desses institutos ministeriais em
Knoxville, Tennessee. O maior foi em Takoma Park, Maryland. Nos dias 13-16 de maio de
1912, 50 evangelistas urbanos se reuniram para discutir objetividade e métodos. 71 O fato de
encontrar 50 evangelistas revela que o evangelismo urbano estava ganhando popularidade
já em 1912.
Como resultado do novo comprometimento e da primeira fase de ação, a taxa de
crescimento da igreja na América do Norte teve uma elevação uniforme. Mesmo em 1910,
cresceu 1,5%. Em 1911, 2,5%, por volta de 1913, cresceu 5%. Mesmo na cidade de Nova
Iorque a mudança era evidente. Por volta de 1913, 15 evangelistas e 27 obreiros estavam
ativos ali, e novas igrejas estavam sendo levantadas em resultado das reuniões em tendas.72
Líderes evangelistas rapidamente surgiram no continente norte americano, à medida
que o sucesso seguiu a proclamação pública nas cidades. J. W. McClord em São Francisco
começou o que no fim se transformou numa “longa campanha”. A maioria dos adventistas
evangelistas naquela época estava conduzindo reuniões de seis a sete semanas, mas
McClord as expandiu para dez a doze semanas, quase dobrando seu tempo. Esta se
tornaria a predecessora das campanhas de seis meses que se tornou a norma na década de
1920.73
Outros líderes evangelistas surgiram em diferentes cidades. K. C. Russell deixou a
Associação Geral e começou a pregar em Chicago. Charles Everson retornou da Itália para
pregar em Illinois; J. S. Washburn pregou pela costa leste, enquanto R. E. Harter
evangelizou a Filadélfia e Washington DC, junto com seu diretor de música, Henry deFluter e
um jovem assistente, H. M. S. Richards. Outros líderes famosos se desenvolveram, tais
como Carlyle B. Haynes na costa leste, principalmente em Baltimore, junto com E. L. Cardy
no Sul e O. O. Bernstein em Nova Iorque, Minneapolis e Lincoln.74
Estava claro que os evangelistas adventistas estavam dando passos largos para
alcançarem as cidades. As grandes cidades estavam agora ouvindo uma forte mensagem
adventista. Centenas frequentavam as reuniões, e começou a chover conversos na igreja.
O historiador adventista Howard Weeks sugeriu que havia cinco razões para o novo
sucesso.75 Primeira, era o compromisso da denominação com o evangelismo. Uma

53
mentalidade missionária sempre precede o sucesso no evangelismo. A menos que a igreja
esteja comprometida com a tarefa, não haverá muitos resultados.
Segunda, era o descontentamento de importantes denominações quanto à ciência,
escolaridade e reforma social. Essa era a época quando o darwinismo, a crítica moderna e o
evangelho social estavam adentrando as igrejas. Muitos estavam preocupados com a onda
do liberalismo nas igrejas. O adventismo, com um evangelho conservador, encontrou
ouvidos acolhedores nesses cristãos descontentes, que então encontraram um novo lar na
Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Junto com o descontentamento estava o começo da união das igrejas. Isso, é claro,
figurou no cenário adventista dos eventos dos últimos dias, criando assim urgência na
pregação e se tornando a terceira razão para o sucesso. Quarta, Weeks sugeriu que havia
um aumento do compromisso espiritual da parte dos adventistas para sua tarefa de
evangelizar o mundo para Jesus.
A quinta razão foi um estímulo muito grande para a pregação. O mundo estava
rapidamente mergulhando nos eventos que conduziriam à Primeira Guerra Mundial, que
finalmente eclodiu em 1914. A escatologia adventista desempenhou um importante papel em
ajudar a denominação a ter uma grande colheita, devido à preocupação dos americanos
nesse mundo ferido pela guerra.
Contudo, essa ênfase na pregação escatológica estava cheia de perigo, e a igreja
colheu tristes resultados no final do período. O foco da pregação nessa época girava em
torno da compreensão de Daniel 11 por Uriah Smith, que se tornou a visão predominante na
igreja.
Os primeiros adventistas criam, junto com Tiago White, que o último poder citado em
Daniel 11 era um novo papado, unido com um protestantismo apostatado que, junto com o
espiritismo, criou o que descreviam como a união final que oprimiria o povo de Deus no
tempo do fim. No entanto, por volta de 1860, o papado estava em declínio e não parecia
possível que pudesse desempenhar um papel importante nos últimos dias. Então, Urias
Smith inventou “nova luz”, declarando que o poder de Daniel 11:40-45, o último rei do norte,
não era a união dos três poderes, mas a Turquia.
Tiago White declarou que Urias Smith estava removendo os marcos da fé adventista,
e eles discutiram a questão. Contundo, Ellen White aconselhou seu esposo e o pastor Smith
a não dividirem a igreja com esse assunto.

54
A mensagem de Ellen White a seu esposo era uma reprovação por tomar um curso
que levaria as pessoas a observarem diferenças de opinião entre os líderes e diminuir
sua confiança neles, pois o fato de os líderes se levantarem em posições diferentes
diante do povo era prejudicial. Tiago White aceitou a reprovação, mas foi uma das
experiências mais difíceis que ele enfrentou, pois sentia que estava fazendo a coisa
certa. Em nenhum momento Ellen White revelou que homem estava certo. Essa não
era a questão. O ponto crucial era a importância de os líderes apresentarem uma
frente unida diante do povo.76

Tiago White obedeceu a sua esposa. Uriah Smith não. Ele até incorporou sua nova
teologia nos livros famosos que escreveu sobre Daniel e Apocalipse. Depois que Tiago
White morreu em 1881, ninguém se opôs à visão de Smith, e se tornou a visão predominante
na igreja.
No início do século 20, era a única visão que os adventistas conheciam. Então,
quando os eventos na Europa começaram a focar na Turquia, os adventistas começaram a
proclamar que a batalha do Armagedom estava para começar. Isso não aconteceu ao estilo
do “deve ser”, mas do “vai acontecer”. Isso, claro, causou uma agitação e suscitou um
interesse semelhante à atenção ganha pelos mileritas em 1844. Nenhuma data foi
estabelecida, mas estava claro que os adventistas estavam proclamando que o fim do
mundo estava prestes a vir. Com multidões vendo os eventos na Europa, parecia que os
adventistas estavam certos, e conversos fluíam para a igreja.

GRANDE AVANÇO

Era o ano de 1916. A Primeira Guerra Mundial estava em pleno andamento quando
A. G. Daniells alugou o Auditório Civic em Portland, Maine, por três noites no meio do
inverno: 23, 26 e 30 de janeiro. Portland nem mesmo era uma cidade importante, mas uma
cidade pequena onde o adventismo não havia alcançado a mente do povo desde 1844. Na
primeira noite, 2.000 pessoas foram ouvir Daniells falar sobre o tema “Mudando o Mapa do
Mundo”. A mensagem era sobre o cumprimento de Daniel 11 e a Turquia. Ele a repetiu na
noite seguinte para o Clube Portland Business e 250 homens da cidade ouviram o presidente
da Associação Geral.
Na noite de quarta-feira, a multidão caiu para um pouco menos de 1.000, mas no
sábado voltou para 2.000. O interesse era tão grande que foi oferecido um auditório

55
gratuitamente a um evangelista local que iria dar continuidade às reuniões. Em fevereiro,
Daniells voltou e encontrou todos os 3.000 assentos ocupados e centenas em pé. Daniells
declarou que mais de 1.000 tiveram que ir embora.77
À medida que as novidades de Portland se espalharam, Daniells foi para Pittsburgh,
outra cidade que não era receptiva ao evangelismo adventista. Em 12 de março, 2.500
pessoas se aglomeraram em 2.000 assentos no teatro Pitt e no dia 19, a multidão era ainda
maior.78 Os adventistas estavam atraindo uma audiência totalmente nova.
O maior problema que Daniells encontrou foi dar continuidade ao trabalho. Ele podia
despertar interesse, mas batismos não aconteceriam sem uma boa continuidade. Muito
rapidamente, outros foram trazidos para acompanharem os interessados de Daniells. B. G.
Wilkinson e C. S. Longacre foram deixados responsáveis em Pittsburgh, enquanto K. C.
Russell foi chamado da presidência de Nova Iorque para acompanhar o trabalho em Maine.
Daniells foi a Minneapolis, onde 2.000 foram ouvi-lo.
Apesar da ajuda de outros obreiros, não era o mesmo se Daniells tivesse
acompanhado todo o trajeto. O resultado foi que os adventistas começaram a desenvolver
um padrão de evangelismo mais ao estilo Dwight Moody e Billy Sunday. Nesse tempo, havia
duas diferentes abordagens de evangelismo: curtas ou longas campanhas conduzidas por
um orador popular, ou longas reuniões conduzidas pelo mesmo evangelista do início ao fim.
Felizmente, para os adventistas, a longa campanha com o passar do tempo tornou-se a base
do evangelismo, pois as campanhas curtas, atrativas e de grandes multidões, não traziam
resultados duradouros para a igreja. John Fowler lamenta o método de campanha curta e
declara que o evangelismo adventista sofre até hoje devido ao fato de Daniells ter copiado a
abordagem de Moody/Sunday.

Naturalmente, Ellen White reagiu durante esse período e defendeu um plano


agressivo para o evangelismo. Porém, por várias razões, mas principalmente por
causa de uma reação ao desgovernado sistema de saúde sob a direção de Harvey
Kellogg, a coordenação de todos os recursos das igrejas para o cumprimento de sua
missão evangelística foi bloqueada. E desenvolveu-se uma abordagem evangelista
obscura e falha que tem enfraquecido a eficácia do evangelismo adventista até hoje.

Uma das principais razões para essa filosofia falha de evangelismo sem dúvida foi a
obra médica do Doutor Kellogg que foi a extremos na questão teológica e buscou
controlar a obra da igreja. Os problemas resultantes da organização médica

56
missionária de Kellogg desempenharam uma grande parte em influenciar os líderes a
desenvolverem um estilo padrão de evangelismo não segundo o modelo de Cristo,
mas segundo D. L. Moody e Billy Sunday.

A grande diferença entre o evangelismo adventista e o de Moody e Sunday deve ser


vista em comparação com a diferença entre a obra de John Wesley e seu colega e
amigo George Whitfield. Wesley era de origem armênia e tinha um vasto
conhecimento do evangelho e do plano de salvação. A definição de Wesley de
verdadeiro cristianismo “é o amor de Deus e de nosso próximo. A imagem de Deus
estampada no coração. A vida de Deus na alma do homem; a mente que estava em
Cristo capacitando-nos a andarmos como Cristo andou”. Isso levou Wesley a
desenvolver um estilo de evangelismo radicalmente diferente do estilo de George
Whitfield. Whitfield era calvinista e cria na predestinação. Isso o levou a focar nas
decisões de seus ouvintes, e então concluir que aqueles que tomavam decisões eram
os eleitos e, portanto, salvos. Uma vez que o indivíduo estivesse salvo, havia pouca
necessidade de gastar tempo com ele depois de sua conversão.

O resultado de ambas as abordagens estão bem documentadas na história. Poucos


resultados de longo prazo vieram da obra de Whitfield... contudo, Wesley, crendo que
o verdadeiro cristianismo era a restauração da imagem de Deus no homem, focalizou
não tanto o período antes da decisão, mas principalmente o período posterior a ela.
Isso o levou a desenvolver as Sociedades e os pequenos grupos, chamados “Class
Meetings” [reuniões em classe], que desempenharam um papel muito importante no
movimento de reavivamento wesleyano, um dos movimentos mais poderosos e
longos da história do cristianismo.79

DECLÍNIO EVANGELÍSTICO

A Primeira Guerra Mundial logo se findou. O entusiasmo que havia estimulado o


avanço evangelístico acabou e o evangelismo perdeu sua força. Por volta de 1920, a taxa de
crescimento voltou a zero. Houve várias razões para isso. A mais óbvia era o fim da Primeira
Guerra Mundial. Outro fator importante era a pregação do adventismo do Armagedom.
Obviamente, esse detalhe estava errado, e Jesus não voltou. Como resultado, muitos que se
uniram à igreja durante essa pregação, agora a abandonaram. Muitas denominações

57
perderam seus membros nessa época, mas devido à forte ênfase apocalíptica do
adventismo, ele foi afetado de maneira mais forte. Outro fator importante foi a mudança da
denominação de pastores evangelizadores para pastores mantenedores. Enquanto nos
primeiros 20 anos do século 20, a igreja havia colocado pastores nas igrejas maiores, agora
todas tinham pastores, e o papel do pastor adventista como plantador de igreja e evangelista
acabou.
A igreja sentiu-se envergonhada como resultado da ênfase da pregação no
Armagedom durante a Primeira Guerra Mundial. A posição de Uriah Smith sobre Daniel 11
perdeu a credibilidade, e por mais de setenta e cinco anos poucos adventistas pregaram
Daniel 11. Ele tornou-se o capítulo proibido. Nunca mais os adventistas declarariam que um
acontecimento era o sinal do fim. Sempre incluíam as palavras pode ser. Uma abordagem
bem mais cautelosa para as profecias resultou dessa era.
Como o evangelismo deixou de ser prioridade, os líderes evangelistas foram
chamados do evangelismo de volta para a administração. Daniells foi tirado da presidência, e
a ênfase evangelística foi diminuída, mas não perdida. A igreja continuou a fazer
evangelismo público, mas não com a intensidade dos últimos anos. Essa se tornou a época
das reuniões de seis meses. Charles Everson alcançou o ápice de sua carreira durante esse
tempo, enquanto outro gigante, Roy Allan Anderson, estava surgindo.
Durante os anos 20, a prosperidade reinou na América, e o evangelismo teve um
efeito contínuo, porém menos intenso. O conteúdo do evangelismo também mudou, com
uma ênfase muito maior colocada no compromisso pessoal com Cristo. A justificação pela fé
era claramente vista na pregação de alguns dos maiores evangelistas, tais como Everson,
Richards e Haynes. Com uma reunião de seis meses, havia tempo para cobrir com detalhes
cada crença adventista, e isso se tornou uma parte vital do evangelismo.
Foi durante a década de 20 que os adventistas começaram a construir tabernáculos –
estruturas temporárias de madeira que às vezes acomodavam algumas centenas de
pessoas – e reuniões eram feitas nelas por seis meses, depois das quais eram às vezes
desfeitos. Com a secularização da América, os evangelistas começaram a se referir aos
seus sermões como palestras. O evangelismo médico uniu-se ao evangelismo público para
ganhar uma multidão. A mesma abordagem foi usada por outros com astronomia. O
evangelismo na rádio começou quando o pai de George Vanderman conduziu o primeiro
programa de rádio, em 1924, em Allentown, Pennsylvania. À medida que filmes ganhavam
ampla aceitação na sociedade americana, os adventistas imediatamente começaram a usar

58
essa nova tecnologia para atrair multidões para suas reuniões. O evangelismo adventista
sempre utilizou tecnologia de ponta.80

EVANGELISMO DURANTE A DEPRESSÃO

A depressão da década de 1930 deu início a outra onda de sucesso evangelístico


para a igreja. Tempos difíceis sempre parecem produzir sucesso evangelístico. Como
resultado, apostasias diminuíram, e admissões cresceram. A igreja manteve uma taxa de
crescimento de 6% de 1931 a 1935. Para seu crédito, a igreja reduziu sua administração de
modo que mais pessoas pudessem ser colocadas no evangelismo para colher a nova safra
que estava pronta. O período também viu uma ênfase renovada, mas menos intensa, na
pregação do Apocalipse, à medida que o desastre dos últimos anos começou a desaparecer
da memória.
Alguns dos gigantes do evangelismo público nessa época foram homens tais como H.
M. S. Richards (pai), Roy Allen Anderson e J. L. Schuler, que se tornaria o grande
sistematizador do evangelismo adventista. Um dos evangelistas mais populares foi John
Ford, que começou seu ministério como o cantor de Charles Everson. Em San Diego, com
apenas 29 anos, conduziu uma conferência de seis meses, batizando 109 pessoas. No ano
seguinte, em Fullerton, Califórnia, Ford batizou 200, e em Santa Ana, naquele ano, outros
250. Em 1930, batizou 250 pessoas em San Bernardino, e em 1932, em Phoenix, Arizona,
mais 300 e em 1933, na conservadora Nova Inglaterra, batizou 300 em New Bedford,
Massachusetts. Em 1935, Ford foi o orador do primeiro programa de rádio patrocinado pela
Associação Geral. Mas, por volta de 1940, ele deixou a Igreja Adventista. Seu sucesso
simplesmente lhe subiu à cabeça e ele se perdeu tentando manter sua reputação.81
Na década de 30, os evangelistas adventistas lançaram mão de cada locação
possível para conduzir as conferências públicas – tendas, teatros, tabernáculos e até lugares
ao ar livre. Uma abordagem inovadora foi o julgamento usado por E. L. Cardey, em Lincoln,
Nebraska, na primavera de 1935. Ele intimou um júri para ouvi-lo ao fazer o papel de
promotor, apresentando seu caso contra o maior criminoso, o papado, que havia cometido
um grande crime ao mudar o sábado do sétimo dia para o primeiro. É claro que os júris
sempre deram um veredicto favorável ao evangelista.82
Os evangelistas adventistas continuaram a inovar durante essa era tornando-se
alguns dos primeiros “operadores de telemarketing”. Eles dividiam a lista de telefones local
entre os membros e pediam que telefonassem para as pessoas, convidando-as para as

59
reuniões. Richards até planejou uma “campanha de difamação” em sua tentativa de convidar
pessoas para as reuniões.

Ao divulgar uma de nossas conferências, duas mulheres ficaram em elevadores de


grandes hotéis e lojas de departamento o dia todo, conversando entre si de uma
forma interessante sobre nossas reuniões. Pessoas podem andar em bondes e
conversar com a pessoa ao lado sobre isso. Creio que haja aí um grande campo que
quase não adentramos.83

Essa era viu a sistematização da metodologia evangelística. Evangelistas começaram


a compartilhar com mais freqüência um com o outro o que estava funcionando e o que não,
principalmente nas áreas de divulgação e de obter decisões. O resultado foi que os
evangelistas copiavam um ao outro, e os resultados eram mais previsíveis.
Em 1937, a primeira escola de evangelismo para o campo foi dirigida por Schuler em
Greensboro, Carolina do Norte. Era uma campanha de tabernáculo, na qual jovens ministros
eram treinados na arte do evangelismo enquanto as reuniões eram conduzidas por um
evangelista experiente.
Em 1939, Shuler publicou seu livro, Evangelismo Público,84 que se tornou o livro-texto
na maioria das faculdades adventistas para o treinamento de pastores no evangelismo.
Também, durante esse mesmo ano, o Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia foi
fundado e o evangelismo público foi incorporado ao currículo. Como observou Weeks:

A formalização da metodologia evangelística como um curso de Seminário sinalou o


alcance de um certo status institucional e caráter para o evangelismo e acelerou
grandemente o forte impulso da década de 1930 para um evangelismo cada vez mais
sistemático.85

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL86

Com o abrandamento da depressão no final da década de 1930, o evangelismo mais


uma vez entrou em declínio, e as apostasias cresceram. A taxa de crescimento ficou lenta e
alcançou apenas 2%. Com menos sucesso, a crítica começou a surgir no processo, contudo
com vida curta, pois a década de 40 veria um sucesso crescente para o evangelismo
adventista.

60
A igreja, contudo, continuou sua sistematização do processo evangelístico. Até essa
época, a maioria dos evangelistas estabelecia seu próprio padrão para admissão na Igreja
Adventista. A igreja não tinha lista de doutrinas aceitas. O que os evangelistas pregavam era
o que a igreja cria. Então, padrões universais foram estabelecidos para os candidatos ao
batismo.
Na aurora da nova década, a América foi forçada a entrar na Segunda Guerra
Mundial, e os evangelistas adventistas novamente proclamaram publicamente o breve
retorno de Jesus, mas a abordagem foi bem mais limitada do que nos dias da Primeira
Guerra. Eles aprenderam a lição.
A despeito de alguma crítica, o evangelismo adventista ainda desfrutava de um forte
apoio institucional. Durante essa época, o programa ministerial foi iniciado. Nesse programa,
o salário de um novo pastor era dividido pela associação local e organizações mais
importantes na igreja de modo que o pastor podia passar seu primeiro ano ou mais no
ministério trabalhando com um evangelista. A maioria das pessoas que entrou no ministério
durante essa época começou fazendo evangelismo público. Essa foi uma razão para o apoio
contínuo pelas décadas seguintes, a despeito de muita crítica que havia surgido.
Evangelistas públicos estavam se tornando mais ligados à organização, ao invés de
trabalharem de forma independente como oradores viajantes ao redor do país. Eles agora
eram patrocinados pelas associações denominacionais. Os dias do evangelista individualista
estavam quase no fim. Até o evangelismo pelo rádio estava começando a ser ligado à
organização.
Alguns dos famosos evangelistas da década de 40 eram gigantes tais como Richards
na costa oeste, Schuler no sul, leste e oeste e R. L. Boothby, na Columbia Union. Boothby
estava atraindo grandes multidões, com cerca de 3.000 frequentando em Pittsburg; e em
Cincinnati, em 1940, sua campanha produziu mais de 500 batismos.
Na última parte da década de 40, após a Segunda Guerra Mundial, os resultados do
evangelismo caíram novamente, mas os adventistas não foram afetados de modo tão
adverso como após a Primeira Guerra, devido a sua abordagem menos intensa à
interpretação profética. A despeito do declínio, o evangelismo público continuou a receber
forte apoio institucional. De fato, havia uma tentativa nos últimos anos da década de 40 e
primeiros da década de 50 de institucionalizar o evangelismo criando instituições
evangelísticas. A Igreja Adventista adquiriu um teatro na Times Square, onde podia fazer
reuniões continuamente. Da mesma forma, adquiriu o New Gallery Center em Londres,
Inglaterra, para o mesmo propósito.

61
Entretanto, esse era o fim de uma era, e campanhas longas de seis meses estavam
para acabar. Conferências curtas se tornariam o padrão desses centros evangelísticos.
Campanhas de seis meses se ajustariam bem a uma programação de contínuas
conferências evangelísticas, mas cruzadas de três ou quatro semanas não funcionariam. A
igreja tentou converter esses centros em igrejas, mas isso também falhou, e por fim foram
vendidos.
Porém, o evangelismo público continuaria na segunda parte do século 20 e fecharia
esse século com outro poderoso impulso, mas essa história precisa ser contada no próximo
capítulo.

62
CAPÍTULO 7
NOVO TIPO DE EVANGELISMO

Na segunda metade do século 20, um novo tipo de evangelismo público emergiu no


cenário adventista. A campanha de cinco a seis meses estava completamente enraizada na
mentalidade adventista. Era a única maneira de se fazer as coisas. Contudo, menos pessoas
estavam frequentando essas conferências longas, devido ao surgimento dos filmes, e
principalmente da televisão. O evangelista não era mais a principal atração da cidade.
Um dos evangelistas mais enérgicos e inovadores que a Igreja Adventista viu por
algum tempo de repente surgiu em cena. Seu novo estilo de evangelismo mudaria
radicalmente a maneira como os adventistas fariam o evangelismo público pelos próximos
50 anos. Seu nome era Fordyce Detamore.
Detamore teorizou que mais pessoas poderiam ser ganhas se ele pregasse em mais
lugares. Ele só poderia fazer isso diminuindo o tempo de suas campanhas. Detamore
também notou que havia uma grande necessidade de alcançar ex-adventistas. Eles não
precisavam de uma campanha de cinco ou seis meses. Eles já conheciam a mensagem, só
precisavam da reconversão. Então, Detamore começou a conduzir campanhas de três
semanas para alcançar essas pessoas.
Obviamente, ele foi muito criticado. Como poderia fazer adventistas em três
semanas? Porém, quando se entende que seu alvo são ex-adventistas, sua abordagem faz
sentido. E ninguém podia argumentar contra seu sucesso. Logo outros evangelistas
começaram a copiar a abordagem de Detamore. Infelizmente, eles não copiaram sua
audiência. Em vez disso, tentaram cobrir toda a mensagem para novas pessoas em três
curtas semanas, pregando todas as noites.
Os evangelistas finalmente estenderam a campanha para cinco ou seis semanas, o
que ainda é a prática na Igreja Adventista do século 21. As duas semanas extras deixaram
algumas noites livres para manter uma multidão e ainda ter tempo de cobrir os tópicos
necessários para apresentar a mensagem adventista completa. É interessante notar que a
abordagem de cinco ou seis semanas é na verdade um retrocesso para o começo do século
20, antes de a campanha de seis meses ser introduzida.
É importante observar que o período de tempo da campanha longa coincide com a
incursão do adventismo no legalismo de 1920 a 1950. Evidentemente com tantas exigências
legalistas, os evangelistas precisavam de seis meses para apresentar todas. Tendo a igreja
retornado à abordagem centrada em Cristo, reduziram os tópicos necessários para a

63
conversão ao adventismo e foram capazes de apresentar a mensagem na “curta” campanha
de três a seis semanas.
Detamore fez uma importante contribuição ao evangelismo adventista mudando a
maneira de a igreja fazer evangelismo público, e essa mudança durou mais de 50 anos.
Durante as décadas de 50 e 60, os adventistas estavam mudando para uma nova
abordagem evangelística, e de maneira surpreendente, alguns sentiram que o evangelismo
público não era mais viável. A abordagem estava mudando, mas o evangelismo público
continuaria.
De fato, Melvin Eckenroth, professor no Seminário Teológico Adventista do Sétimo
Dia em 1956, relatou o seguinte:

Aparentemente, dois terços dos líderes ministeriais, evangelistas e administradores


adventistas do sétimo dia sentiram que o evangelismo público estava de fato
obsoleto, ou não estavam certos de sua presente utilidade, ou que, considerando
outras obrigações financeiras da denominação, longas campanhas públicas não eram
mais possíveis.87

Eckenroth pode estar se referindo aqui à extinção da campanha de seis meses. Mas
quando entrei no ministério, na metade da década de 60, essa era a opinião prevalecente
nos círculos adventistas. Lembro-me quando pela primeira vez mostrei interesse no
evangelismo público, que um líder da igreja bem intencionado me levou para fora para tirar
isso da minha cabeça. Ele disse que eu era um adventista recém batizado e não percebia
que o evangelismo público era coisa do passado. Ele não queria que eu desperdiçasse meus
talentos no evangelismo público porque ele estava extinto, e nós simplesmente não iríamos
mais realizá-lo. Eckenroth está morto hoje, mas o evangelismo público ainda está vivo.

NOVO ESTILO DE EVANGELISMO

Várias inovações provaram ser prejudiciais ao evangelismo além da diminuição do


tempo das campanhas para três semanas. Antes dessa época, os membros eram o meio
principal de divulgação das conferências. Mas como a América pós-guerra trouxe
prosperidade, e as mulheres começaram a deixar o lar para trabalharem, diminuiu a
quantidade de voluntários para ajudar ou tempo para convidar as pessoas.

64
O resultado foi que evangelistas adventistas tinham o dinheiro para gastar em
divulgação por meio de panfletos e outros recursos da mídia. A consequência foi que os
membros acharam mais fácil dar dinheiro para a divulgação do que convidar seus amigos.
Assim, mais pessoas frequentavam as conferências, mas uma porcentagem menor era
batizada. Durante as décadas de 50 e 60, o evangelismo passou de grandes eventos
nacionais para reuniões em igrejas locais, auditórios públicos.
Como a divulgação nem sempre atraía grandes multidões, os evangelistas
procuraram outros meios para induzirem as pessoas a frequentarem as conferências.
Novamente, o inovador, Fordyce Detamore, veio em auxílio:

Numa campanha em 1955 em Paris, Texas, Detamore teve uma pequenina audiência
devido ao mau tempo – e provavelmente as distrações natalinas. De fato, a audiência
era tão pequena que numa noite apareceram apenas 36 pessoas. Na última hora,
Detamore cochichou para seu assistente: “O que você acha de aproveitar o espírito
natalino e oferecer às pessoas um presente para nos ajudar a divulgar as
conferências?” Antes que seu assistente pudesse responder, Detamore foi adiante
com a ideia. Com entusiasmo, mostrou uma nota de cinco dólares à audiência e
declarou que cada pessoa que trouxesse cinco amigos para a noite seguinte ganharia
uma dessas novinhas em folha. Detamore conta que notavelmente, a despeito do
mau tempo, 135 pessoas estavam presentes para a próxima reunião. O custo total:
apenas setenta e cinco dólares – menos do que seria gasto para um anúncio no
jornal.

Detamore continuou a oferecer dinheiro por algumas noites. Mas ele temeu que
“alguém fosse acusá-lo de subornar pessoas para assistirem às reuniões!” Dali em diante, o
evangelista ofereceu presentes que não fossem dinheiro, desenvolvendo um sistema
completo de recompensas semanais pela assistência. Uma vez que Detamore começou
esse plano de incentivo sistemático, ele conta que fez toda a diferença do mundo: “o real
segredo de conferências de sucesso é ter um amigo trazendo outro amigo”. O plano foi
adotado até pelos poucos que ainda faziam longas campanhas. Por exemplo, Stanley Harris,
na Associação da União Pacífico Norte, e mais tarde na Califórnia Central, ofereceu uma
grande variedade de Bíblias, livros, jogos para a frequência consistente.88
Outra marca das conferências evangelísticas durante essa era foi o apelo
extremamente longo. O evangelista pregava por aproximadamente uma hora e então fazia o

65
apelo, que poderia durar de uma a uma hora e meia. Isso foi popularizado por Detamore.
Durante o apelo, os ajudantes circundavam os interessados, tentando encorajá-los a irem à
frente.
Devido à duração do apelo, os evangelistas tinham apenas dois ou três apelos
durante a série toda. Eram feitos esforços para certificar que o máximo de interessados
estivesse presentes nessas noites. Algumas vezes, até mesmo davam a todos uma refeição
antes da reunião para ter certeza de que as pessoas viriam.
É fácil julgar essa abordagem por nossos padrões do século 21 e vê-la como uma
invasão de privacidade. Porém, quando foi usada, ela não era ofensiva. Na verdade, muitas
pessoas que terminavam na igreja provavelmente nunca teriam se unido a ela sem que
alguém lhes falasse durante esse longo apelo. Contudo, essa abordagem cessou quando
Detamore começou seu declínio e, ao final da década de 70, quase não era mais vista.
Durante as décadas de 50 e 60, certos evangelistas se destacaram e se tornaram
bem conhecidos na Igreja Adventista. Seu ministério foi além de uma ou duas associações.
O mais famoso, claro, foi Fordyce Detamore, que se destacou entre os outros e estabeleceu
um padrão para os evangelistas adventistas. Foi nessa época que um evangelista negro, E.
E. Cleveland, quebrou a barreira da cor e tornou-se bem conhecido na igreja. Ele
estabeleceu o padrão para o evangelismo negro, como Detamore fez para a comunidade
branca. Contudo, o impacto de Cleveland como um evangelista foi mais difundido devido a
sua habilidade de transcender as linhas de raça dentro da igreja.
O sermão de Cleveland sobre o sábado, “O aniversário da mãe de Adão”, é
provavelmente o sermão evangelístico mais copiado no adventismo. Durante esse sermão,
ele trazia um grande bolo de aniversário, celebrando o sábado como o aniversário da mãe
(terra) de Adão. Cleveland batizou centenas durante suas campanhas e era provavelmente o
evangelista de mais sucesso que a igreja teve durante essa época em números de batismos.
Esses dois evangelistas se destacaram sobre todos os demais, estabelecendo o
padrão para os evangelistas adventistas durante essa época. Outros evangelistas populares
também tiveram sucesso, mas Detamore e Cleveland simplesmente se sobressaíram com
seu carisma.

DÉCADA DE 1970

A década de 70 foi a era dos evangelistas de associações. Quase todas as


associações da América do Norte tinham um evangelista. Algumas até tinham vários.

66
Quando comecei a trabalhar em tempo integral no evangelismo em 1970, na Associação
Mountain View, aquela pequena associação na verdade estava apoiando dois evangelistas
de tempo integral. Como resultado, cada igreja da associação desfrutou com frequência o
sucesso do evangelista. Conferências deveriam ser realizadas regularmente em cada igreja,
e a associação deu um grande apoio aos evangelistas. Os recursos não eram muitos e a
maior parte das conferências era realizada em igrejas para restringir os gastos.
Os maiores esforços evangelísticos da década de 70 foram os programas de
Missões. Iniciados em 1972 como Missão 72, a igreja continuou com Missão 73 e 74. A ideia
era ter uma conferência evangelística acontecendo em cada Igreja Adventista na América do
Norte. Cada igreja começaria na mesma noite, usaria a mesma divulgação e pregaria o
mesmo sermão. O tema da Missão 72 foi “Alcançar para a Vida”.
É muito difícil ter todo mundo fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo, mas houve
uma boa cooperação, e a maioria das igrejas fez uma conferência mesmo não pregando o
mesmo sermão. Com essa forte ênfase no evangelismo no começo da década de 70, a taxa
de crescimento da igreja aumentou novamente, chegando a 4,3% ao ano durante esse
período, um recorde nunca igualado desde então.
Muito embora vários evangelistas de associações continuassem seu forte ministério
durante a década de 70, os evangelistas de renome também continuaram a ser aceitos.
Detamore e Cleveland continuaram seu domínio, mas outros eram estrelas ascendentes no
cenário nacional, tais como C. D. Brooks, que se tornou orador para o programa
evangelístico afro-americano de TV, “Sopro de Vida”.
Outro que se tornou muito popular durante essa época foi Joe Crews. Crews foi
convidado por Bill May, presidente da Associação Chesapeake, para começar um novo
programa de rádio chamado “Fatos Surpreendentes”. Isso deu a Crews o trampolim para
suas conferências evangelísticas. O programa de rádio iria ao ar e então ele sairia e faria a
colheita. Sua abordagem era um pouco diferente das de outros evangelistas de seu tempo.
Suas reuniões, junto com o programa de rádio, eram de grande impacto, pregando doutrinas
na rádio. Isso foi bem recebido por muitos adventistas e influenciou para que muitas pessoas
se unissem à igreja. Joe Crews foi amado por muitos por seus padrões conservadores e
desprezado por outros pela mesma razão. Contudo, uma coisa era certa, Crews era um bom
evangelista e ganhou muitas pessoas para Cristo.

DÉCADA DE 1980

67
A década de 80 pode ser definida como a era do Seminário de Revelação. Essa
abordagem inovadora do evangelismo na verdade começou na última parte da década de 70
e alcançou o ápice de sua popularidade no começo da década de 80. As conferências
longas continuaram, mas o Seminário foi claramente a força dominante no evangelismo
nessa época.
A abordagem foi idealizada por Harry Robinson, um pastor da Associação do Texas
naquela época. Ele imaginava reuniões numa sala de aula, usando um estilo de professor ao
invés de pregador. Lições da Bíblia eram entregues, as pessoas as levavam para casa,
faziam a lição, e então voltavam ao seminário para recapitular a lição juntos e receber a lição
da noite seguinte.
Robinson idealizou a série de lições bíblicas e as chamou “Seminário Bíblico de
Revelação”. Não era um estudo do livro de Apocalipse [que em inglês é Revelation], mas um
estudo das doutrinas adventistas. Ele estava usando “revelação” no sentido de que a Bíblia é
a revelação divina. Entretanto, a maior parte das pessoas interpretou o título como se fosse
estudar o livro de Apocalipse. Alguns criticaram essa abordagem, mas na verdade não era
propaganda enganosa, mas sim um mal entendido sobre a maneira como a palavra foi
usada. Contudo, a abordagem do seminário teve um grande sucesso e foi bem utilizada por
muitos na igreja. Foi de grande ajuda porque capacitou leigos, que achavam difícil pregar
uma série evangelística, a conduzirem um seminário evangelístico utilizando as lições que já
estavam preparadas.
Devido à crítica sobre o título do seminário, Robinson refez o seminário em duas
partes: uma seção introdutória que preparava as pessoas para entender revelação, seguido
de um seminário sobre o livro de Apocalipse. O novo material respondeu à crítica, mas
também criou outro problema. No estudo do livro de Apocalipse, Robinson adotou uma
posição diferente de Urias Smith sobre os sete selos e as sete trombetas, propondo que
ainda estavam no futuro. Isso criou uma reação pior do que a crítica da propaganda
enganosa.
Alguns começaram a rotular Robinson como “futurista” em vez de “historicista”. Isso
não era verdade, mas tornou-se o pensamento corrente. Logo surgiu no Texas uma
dissensão entre Bill May, então presidente da Associação e Harry Robinson. O resultado foi
que Robinson mudou suas lições para a Associação da Carolina, e Bill May escreveu outra
série de lições sobre o livro de Apocalipse que se tornou o padrão para a Associação do
Texas.

68
Com o passar do tempo, as lições escritas por May se tornaram mais populares.
Finalmente, a Associação Carolina vendeu as lições de Robinson para a União Sul e no
começo dos anos 90 foram adicionadas ao Seminars Unlimited89, no Texas. Bill May não era
mais o presidente da Associação do Texas, e as lições de Robinson se tornaram apenas
outro seminário evangelístico disponível para uso. Outros seminários também foram
produzidos, tais como o Seminário das Profecias que abrangiam tanto Daniel como
Apocalipse. Por fim, Seminars Unlimited se tornou o principal distribuidor de seminários
evangelísticos. Hoje pertence à Divisão Norte-Americana e serve a Igreja mundial.

INSTITUTO DE EVANGELISMO DA DIVISÃO NORTE-AMERICANA (NADEI)

Na última parte da década de 70 dizia-se que o Seminário Teológico da IASD não era
mais evangelístico. De fato, muitas associações comentaram que elas detestavam enviar
seus ganhadores de almas entusiastas para o seminário temendo que perdessem a visão.
Isso pode ou não ter sido verdade. É difícil ser objetivo aqui, contudo, esse era o
pensamento.
Lowell Bock, então presidente da Lake Union, decidiu fazer algo sobre essa situação.
Ele chamou Mark Finley, um evangelista da Southern New England Conference para vir a
Chicago e começar um instituto de evangelismo. Ele então exigiu que todos os alunos do
Lake Union o frequentassem e também que o Seminário lhes desse crédito pela frequência.
O Seminário resistiu grandemente, mas logo consentiu e permitiu que seus alunos
tivessem aulas no Instituto Lake Union. Pouco tempo depois, outras associações da América
do Norte começaram a pedir a seus alunos para frequentarem o Instituto. Com esse
desenvolvimento, a atitude do Seminário mudou, e começou a adotar o instituto como parte
vital do processo de treinamento, devotando créditos das exigências do Mestrado em
Divindade para esse programa evangelístico.
Logo depois dessa aprovação por parte do Seminário, deu-se início a um instituto
semelhante na União Pacífico Norte. Jay Gallimore foi convidado a liderar o treinamento
evangelístico para os alunos daquela parte do país. Outras uniões começaram a expressar
interesse em ter seus próprios institutos. Temendo que a rápida duplicação desses institutos
gerasse programas pequenos e ineficientes, a Divisão Norte-Americana começou a negociar
com a Lake Union para assumir o instituto dirigido por Mark Finley e torná-lo um instituto da
Divisão. Isso finalmente aconteceu em 1983, e o nome do instituto foi mudado para Instituto
de Evangelismo da Divisão Norte-Americana [em inglês, NADEI]. Foi permitido que os

69
institutos já existentes continuassem, mas as outras uniões se empenharam a apoiar o
NADEI.
Em 1985, Mark Finley aceitou o chamado para a Divisão Transeuropeia, e o autor,
Russell Burrill, foi convidado a se tornar o diretor do NADEI. O instituto continuou a dar um
forte treinamento evangelístico para os alunos, bem como para um número limitado de
leigos. O valor do NADEI estava na expansão do preparo evangelístico. O treinamento não
mais estava disponível apenas para o evangelismo público, mas também para o
evangelismo pessoal e de seminários, crescimento de igreja, mobilização leiga e abertura de
igrejas.
De 1979 a 1992, o NADEI funcionou no campus de Chicago, e os alunos do
Seminário se mudavam para Chicago para receberem os créditos pelo treinamento
evangelístico. Por volta de 1992, o seminário havia se envolvido tão completamente com o
NADEI que começaram as discussões para mudar o Instituto de Chicago para o campus da
Andrews a fim de que todos os alunos do Seminário pudessem ser beneficiados. Essa
mudança foi aprovada na Reunião Anual da Divisão em 1992, e, em dezembro, o Instituto
entrou numa nova fase de sua existência mudando-se para Berrien Springs, Michigan.
Essa recolocação foi muito positiva para o Seminário e o NADEI. Como resultado, o
programa evangelístico não era mais um acréscimo do programa de mestrado oferecido ao
final do período de estudos. Ao invés disso, o treinamento evangelístico está agora
totalmente integrado ao currículo do Seminário, e partes dele são oferecidas durante cada
semestre do programa.
Depois de 25 anos, o NADEI ainda é uma parte vital do seminário. Aquilo que
começou quase em oposição ao seminário tornou-se uma parte vital do treinamento de
ministros. O grau de Mestrado em Divindade requer atualmente que os alunos recebam
créditos do NADEI, provendo um sólido fundamento em evangelismo. O resultado é que os
alunos agora deixam o seminário entusiasmados em alcançar pessoas e se envolver no
evangelismo.

DÉCADA DE 1990

A década de 90 viu o ressurgimento das conferências evangelísticas públicas. Como


consequência, as séries de pregação substituíram o seminário como a ferramenta principal
para o evangelismo público. A última parte da década de 80 foi difícil e lenta para o
evangelismo público na América do Norte. Entretanto, o começo da Guerra do Golfo em

70
1991 viu um interesse renovado na população geral. O apelo profético começou a levantar-
se e continuou à medida que o fim do milênio se aproximava.
Nos anos 90, a maioria dos principais evangelistas adventistas se uniu a programas
na mídia, e bem poucas associações estavam empregando evangelistas de tempo integral.
Mark Finley era agora o orador do Está Escrito e estava realizando grandes conferências
públicas ao redor do mundo com grande sucesso. John Carter, da Austrália, mudou-se para
os Estados Unidos e começou um ministério televisivo focalizando na realização de grandes
conferências públicas. Walter Pearson foi eleito orador para o Sopro de Vida 90 e se envolveu
num forte evangelismo público. Doug Batchelor substituiu Joe Crews em Fatos
Extraordinários91 e logo se tornou um famoso evangelista público.
Outros evangelistas adventistas famosos eram Ron Halverson, Dan Bantzinger e Ken
Cox, mas a maioria dos evangelistas estava ligada a programas da mídia. De fato, todos os
oradores da mídia por fim se tornaram famosos por conduzirem grandes conferências,
incluindo Lonnie Melashenko da Voz da Profecia. Foi a invenção do evangelismo via satélite
na metade dos anos 90 que ligou os evangelistas da mídia ao evangelismo público.
Em 1993, Al McClure, então presidente da Divisão Norte-Americana, reuniu uma
comissão no Centro de Mídia Adventista em Thousand Oaks, Califórnia. O propósito desse
grupo era encontrar uma maneira de reascender o evangelismo na América do Norte. Como
resultado dessas reuniões, vários grupos foram formados em linhas étnicas, cada grupo
trabalhando separadamente para encontrar uma maneira de reenergizar a igreja para sua
missão evangelística.
Uma das pequenas comissões foi presidida por Don Schneider, então presidente da
Associação Norte da Califórnia. Tive o privilégio de trabalhar com ele nessa comissão. Um
de nós, não me lembro quem, fez a extravagante sugestão para que fizéssemos uma grande
conferência pública e a transmitíssemos via satélite a fim de que pudesse ser assistida em
toda a América do Norte. Todos nós rimos, isso pareceu ridículo, mas quanto mais
conversávamos, mais nos convencíamos de que essa era uma ideia enviada dos céus.
McClure foi contatado, e ele imediatamente comprou a ideia. Uma reunião de todos
os presidentes de associações foi feita em junho de 1994 num hotel próximo ao aeroporto de
Baltimore. McClure colocou sua liderança em risco e convenceu os presidentes a apoiarem
essa iniciativa, comprando satélites para as igrejas receberem o que se tornaria a Net 95.
Poucos estavam convencidos de que isso iria funcionar, mas depois que a Net 95 foi ao ar
com estrondoso sucesso, centenas mais assinaram para ter a Net 96. Como resultado, mais

71
de 10.000 pessoas foram batizadas de uma conferência evangelística, transmitida para toda
a nação.
O maior desses programas foi a Net 98, com Dwight Nelson pregando do campus da
Andrews em Berrien Springs, Michigan, e transmitindo para quase todos os continentes.
Desde então, os programas Net proliferaram.
Esses programas também criaram alguns problemas. Ao confiar no orador famoso
para fazer evangelismo, os demais evangelistas não eram tão necessários, então suas
fileiras diminuíram. Outro problema foi que algumas igrejas pensaram que não precisavam
fazer nenhum trabalho de preparação. Tudo o que precisavam era montar o telão,
apresentar o evangelista e esperar pela colheita. Ela nunca veio. Se você não semear, não
poderá colher.
Do lado positivo, os programas Net reascenderam a igreja norte-americana para o
evangelismo. A taxa de crescimento começou a subir mais uma vez. Também tornaram
disponíveis excelentes programas evangelísticos até para as igrejas menores. Da mesma
forma, aumentou a qualidade do evangelismo adventista estabelecendo um alto padrão que
os evangelistas locais alcançariam no futuro.

PLANTIO DE IGREJAS

Outra iniciativa que surgiu das reuniões em 1992 foi o movimento para o plantio de
igrejas que também ganhou aceitação na última parte dos anos 90. Isso, junto com a nova
corrente do evangelismo público criada pelos programas Net, resultou num contínuo
crescimento no fim dos anos 90 até o século 21.
A mesma comissão que produziu os programas Net também preparou uma proposta
para o plantio de igrejas. Essa proposta foi apresentada na reunião anual, mas nada de
concreto foi feito com a ideia. Frustrado, mencionei a Monte Sahlin, então no Departamento
de Ministérios da Igreja da Divisão Norte-Americana, quão incomodado eu estava sobre a
inatividade da Divisão com relação ao plantio de igrejas. Ele reagiu me oferecendo US$
40.000 se eu começasse o projeto.
Começamos os planos para o que seria a primeira reunião do SEEDS [Conferência
da Divisão Norte-Americana sobre Plantio de Igrejas] em 1996. Al McClure rapidamente se
dispôs a liderar o projeto. Na primeira reunião em 1996, inicialmente esperamos 100
participantes, mas apareceram 300. Bob Logan, um batista conservador e “guru” na área de
plantio de igrejas, foi convidado para ser o orador principal, mas mesmo antes de Logan

72
falar, McClure motivou a todos com seu discurso fundamental conclamando a um plano
agressivo de plantio de igrejas na Divisão.
Bob Logan começou seu discurso na manhã seguinte perguntando quantos de nós
“acreditavam”. Depois de todos terem levantado a mão, ele leu de Ellen White: “Sobre todos
os que creem, Deus colocou a responsabilidade de fundar igrejas”. 92 No intervalo, ele me
perguntou onde poderia encontrar um telefone. Ele disse que sentiu que Deus estava
fazendo algo especial ali, e ele queria telefonar para seus companheiros de oração para que
orassem por nós. SEEDS 96 foi um evento divisor de águas.
No outono de 1996, Logan foi convidado para falar na reunião anual da Divisão e
compartilhar algo do mesmo material que havia compartilhado na SEEDS. O resultado foi
uma ação tomada durante o concílio para fazer desse projeto de plantio de igrejas a
prioridade em todas as associações da América do Norte.
Um ano depois, o NADEI contatou cada associação na América do Norte para
descobrir se a iniciativa de plantar igrejas trouxe em ação. Os adventistas plantaram mais
igrejas? Uma vez que fizemos uma média de cerca de 25 novas igrejas por ano no começo
dos anos 90, esperávamos 50 novas igrejas. Em vez disso, descobrimos que 125 igrejas
foram estabelecidas. Deste ponto até 2005, a Igreja Adventista viu mais de 1.550 novas
igrejas plantadas na Divisão Norte-Americana.

O SÉCULO 21

O século 21 continua a ver o evangelismo na linha de frente da igreja. Com ênfase no


plantio de igrejas e no evangelismo público, a igreja na América do Norte continua a mover-
se adiante. O progresso não é tão rápido quanto gostaríamos que fosse – todos desejamos
mais – mas devemos louvar a Deus por a Igreja Adventista ser uma das poucas
denominações ainda em crescimento na América do Norte.
No século 21, conferências públicas ainda continuam a receber forte apoio das
associações. Conferências via satélite também proveem escolhas para que as igrejas
realizem conferências sem um evangelista. O ano de 2004 foi designado como o Ano do
Evangelismo, resultando em muitas pessoas se unindo à igreja. Grandes conferências
continuam, junto com muitas conferências menores conduzidas por evangelistas e pastores
locais.
No novo século, uma tentativa recente para incorporar fundos para o sustento dos
crentes no orçamento evangelístico está revelando uma abordagem mais holística. O

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evangelismo global, liderado pelo ex-presidente da Associação Geral, Robert Folkenberg,
resultou em muitos pastores e leigos viajando para países do terceiro mundo, pregando uma
série, e então retornando à Divisão Norte-Americana entusiasmados com o evangelismo.
Muitos continuam a conduzir sua própria série de conferências em sua terra natal.

CONCLUSÃO

De forma surpreendente, mais de 160 anos depois de sua origem, o adventismo


ainda é um forte movimento evangelístico à medida que adentra o século 21. O evangelismo
público continua a receber um forte apoio e é a principal fonte de novos membros nas
congregações adventistas. É interessante notar que o evangelismo público tem tido seus
altos e baixos através das décadas, movendo-se do sucesso para a negligência e de volta
para o sucesso.
Podemos aprender duas coisas dessa história. Primeiro, quando se prioriza o
evangelismo público, a igreja cresce, e as apostasias diminuem. Segundo, quando o
evangelismo público diminui, o crescimento da igreja fica lento, e as apostasias crescem.
Portanto, o evangelismo público é o antídoto para a apostasia e é a espinha dorsal do
crescimento da igreja. Não é a única coisa que deveríamos fazer, mas não ousemos
negligenciá-lo se quisermos cumprir a missão adventista.

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CAPÍTULO 8
EVANGELISMO PÚBLICO POR MEIO DE SEMINÁRIOS: PARTE UM

Uma das novas ideias criadas no fim do século 20 foi a abordagem por meio de
seminários. As origens dessa abordagem foram discutidas no capítulo anterior, mas agora
vamos ver como conduzir com sucesso um seminário sobre profecias. No ápice do interesse
em evangelismo com seminários, era realmente muito mais fácil atrair visitantes para um
seminário do que para uma série de pregações. No entanto, hoje, o estilo de pregação
geralmente atrai mais pessoas do que a abordagem dos seminários. Esse fato não significa
que o último não deveria mais ser usado. Ainda pode ter muito sucesso se realizado de
forma correta e faz com que os leigos se envolvam no evangelismo.
Muitos leigos não têm tempo ou conhecimento para criar uma série inteira de
pregações a fim de usá-las na abordagem de pregação. Com um seminário, podem utilizar
material preparado e ensinar a lição assim como as lições da Escola Sabatina. Igrejas que
enfatizam o envolvimento dos leigos e desejam envolver seus membros na realização de
conferências públicas ainda acharão a abordagem dos seminários um recurso excelente.
A fonte principal para materiais de seminário é o Seminars Unlimited, em Keene,
Texas. Ao longo dos anos eles se especializaram em reunir seminários que têm sido usados
para ganhar milhares de pessoas para a esperança do advento. Eles têm muitas opções
disponíveis, incluindo o seminário em duas partes de Harry Robinson. Contudo, os principais
seminários utilizados são o Seminário sobre Apocalipse em duas versões: a original escrita
por Bill May e uma versão menor chamada as Séries do Lar. Esses seminários lidam com
um estudo das doutrinas da Igreja Adventista girando em torno do livro de Apocalipse. Não
são um estudo versículo por versículo de Apocalipse. Um seminário que siga capítulo a
capítulo de Apocalipse ainda está para ser desenvolvido, embora tentativas para isso
estejam atualmente em progresso.
O outro seminário importante oferecido pelo Seminars Unlimited é o Seminário
Profético, que o autor deste livro preparou. Esse seminário tenta estudar capítulo por
capítulo do livro de Daniel, com algumas incursões ao livro de Apocalipse, portanto, os
capítulos principais de Apocalipse são abrangidos. É muito mais fácil estudar capítulo por
capítulo de Daniel do que de Apocalipse. Fazer isso com o livro de Apocalipse iria trazer à
tona as doutrinas adventistas distintivas muito cedo sem um preparo adequado. Espera-se
que seja escrito uma abordagem de êxito capítulo por capítulo de Apocalipse; contudo, há
um disponível para o livro de Daniel, o Seminário Profético.

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Outros seminários de outras organizações estão disponíveis. Não estamos tentando
esgotar todas as opções aqui; os materiais mencionados são os principais utilizados
atualmente nessa abordagem. Deve-se examinar cada um deles, e outros também, para
descobrir qual melhor se ajusta às circunstâncias de uma apresentação específica.
Certamente, há lugar para múltiplas abordagens que se ajustem a diferentes personalidades
e diferentes abordagens aos livros proféticos.

A ABORDAGEM

Seminários são conduzidos de forma diferente de uma série de conferências. O


seminário é mais como uma aula. Geralmente, as pessoas se sentam ao redor de mesas
como numa sala de aula, ao invés de enfileirados. Há mais diálogo e o professor está
usando um estilo de ensinar ao invés de pregar. Assim como há diferentes professores de
Escola Sabatina, há diferentes maneiras de se apresentar seminários. Alguns são bem
feitos, e outros não.
Uma das piores maneiras de se conduzir um seminário é o professor simplesmente
ler a pergunta na lição, fazer com que os alunos a respondam de forma correta e então ler a
observação e ir para a pergunta seguinte. As pessoas não precisam frequentar o seminário
porque nada adicional é apresentado. É chato, e as pessoas logo param de vir. O ponto do
seminário é vir e aprender algo que não estava no material preparado, portanto o professor
deve estar preparado para detalhar o que está na lição. Novamente, isso é bem parecido
com um mau professor de Escola Sabatina que simplesmente lê a lição enquanto a maioria
da classe vegeta.
Se você foi chamado para conduzir um seminário, esteja preparado para torná-lo
mais rico. Acrescente pontos interessantes. Você pode precisar ler as perguntas e fazer com
que as pessoas respondam, mas não leia as observações. Diga-as com suas próprias
palavras e com convicção. Detalhe certos pontos. Na parte de ajuda ao professor do
Seminário Profético são dadas muitas informações para que a lição seja detalhada a fim de
que o assunto seja desenvolvido de maneira adequada. Leia essa parte antes de passar a
lição. Você encontrará nela um guia valioso para aumentar sua habilidade de ensinar.
Na primeira noite, dá-se a todos uma Bíblia, um caderno, as primeiras duas lições e
uma caneta. É dito a todos que o material é deles desde que terminem o seminário. Porém,
se não puderem completar as aulas, devem devolver os materiais para que outros possam

76
usar. A maioria respeita esse trato e se não planeja voltar depois da primeira noite, sequer
pega o material.
Você não deve se preocupar se alguém não devolver o material. Esse trato os
encoraja a continuar; mas, principalmente, se tiverem vindo várias noites e pararam você
nunca deve tentar pegar o material de volta. Ele está melhor nos lares das pessoas do que
juntando poeira no armário da igreja.
A cada noite durante o seminário a próxima lição é dada aos participantes para que
eles a façam com antecedência para participarem das discussões. Eles trazem suas Bíblias
e lições a cada noite. Todos os materiais adicionais necessários podem ser pedidos para a
organização que fornece as lições para o seminário.
O formato de cada noite é o seguinte:
Geralmente, não há música, embora depois de algumas semanas você possa querer
começar com uma. Essa é a abordagem de seminário e não um serviço de culto. A primeira
coisa depois da oração é um teste rápido, geralmente fornecido no material. O teste revisa a
lição da noite anterior. À medida que o instrutor lê as respostas, faz revisão de pontos
importantes abrangidos na lição anterior e então cria continuidade entre as lições. Alguns
materiais irão sugerir um teste no final da noite, abrangendo o que foi apresentado. Isso é
um erro, e essa sugestão não deve ser seguida se o desejo é que as pessoas aceitem a
mensagem do evangelho. O teste cria um clima mais leve, e você quer que os participantes
vão embora com a importância da mensagem persistindo em seus ouvidos, e não se
sentindo chateados porque erraram uma questão.
Depois do teste, o instrutor começa a lição. No fechamento, faz-se um apelo para que
respondam algumas perguntas. Oferece-se oração, e, então, se faz um rápido anúncio do
tema da próxima lição. As pessoas então são dispensadas.
Nunca termine a lição com a frase “Há alguma pergunta?”. As pessoas podem fazer
perguntas durante o seminário e depois, mas é extremamente difícil responder a uma
pergunta e fazer um apelo em seguida. Assim, você quebra o clima e não mais conduz à
tomada de decisão. O instrutor deve mover-se lentamente do fim da lição ao apelo: contudo,
as perguntas sugeridas do apelo não devem ser lidas. Elas são dadas como um exemplo,
mas lê-las faz o convite parecer frio ao invés de vir do coração. As palavras exatas do apelo
não são tão importantes quanto sua sinceridade.
Há duas perguntas básicas que você faz todas as noites. A primeira é se eles
entenderam ou não a lição, enquanto que a segunda diz respeito a se fizeram algo com o
que aprenderam. Pergunte-lhes da maneira como desejar, mas essas duas ideias precisam

77
ser apresentadas em cada seminário. Depois de as pessoas terem dado suas respostas,
você deve finalizar com uma oração, dar os anúncios finais, e então dispensar a todos
enquanto o apelo ainda estiver tocando em seus ouvidos.
O seminário tem um planejamento diferente de uma série de pregações. Um
seminário geralmente é conduzido num período maior e os encontros não são todos os dias.
A maioria dos instrutores acha que uma boa frequência são três vezes por semana, com
pelo menos uma noite de intervalo entre as reuniões para que as pessoas tenham tempo de
fazer as lições. Não há padrão de tempo melhor que o outro. A combinação de segunda,
quarta e sexta funciona tão bem quanto domingo, terça e quinta.
Geralmente, seminários são conduzidos três vezes por semana, mas em algumas
áreas, três vezes pode ser muito pesado, então deverá ser duas vezes por semana. Isso irá
estender a duração do seminário de oito para quatorze ou quinze semanas, que pode
comprometer a assiduidade a longo prazo. Não recomendaria reuniões de menos de duas
vezes por semana. Você não cria a intensidade necessária para decisões encontrando-se
com as pessoas apenas uma vez por semana.
Fique atento à versão da Bíblia usada nas lições do seminário. Uma vez que as lições
são escritas para uma Bíblia ou outra você precisa se certificar de que as lições foram
escritas com a versão que você tenciona usar. Você não quer que as pessoas pensem que
os adventistas têm sua própria Bíblia. Alguns tentaram usar versões mais modernas, mas é
muito difícil fazer isso no evangelismo. Há versículos, por exemplo, que favorecem uma
abordagem preterista da profecia. Uma Bíblia que usa uma abordagem mais formal ao texto
é melhor do que uma tradução menos tradicional quando se está ensinando as verdades
bíblicas.

COMO TORNAR OS SEMINÁRIOS MAIS EFICAZES

Nos primeiros dias da abordagem de seminários, aqueles que os conduziam atraíam


grandes multidões de visitantes; porém, bem poucos tomavam decisões para se juntarem à
Igreja Adventista. Uma das fraquezas dessa abordagem é que ela não tem técnicas para
levar à tomada de decisão, como na abordagem de pregação. A fim de tornar os seminários
mais eficazes, algumas coisas da dinâmica de pregação deverão ser injetadas nas
apresentações. Essa mescla produzirá resultados mais compatíveis com o que se esperaria
de multidões frequentando um evento em que a abordagem usada é a de pregação.

78
Uma das vantagens da abordagem de seminário é que o contexto de pequenos
grupos faz com que membros da igreja se tornem mais conhecidos das pessoas que o estão
frequentando. É muito mais fácil construir um relacionamento no seminário do que numa
pregação. Um dos métodos de sucesso que o autor usou foi treinar um grupo de leigos para
servirem como ajudantes no seminário. Esses membros não só organizavam, saudavam,
arrumavam ou ajudavam com as inscrições, eles também eram designados a atenderem
alguns dos participantes. Os membros sentavam próximos dessas determinadas pessoas e
se tornavam suas amigas. Se o participante perdesse uma noite, o leigo levava as lições
para ele como um amigo. Isso realmente ajudou a construir uma dinâmica de relacionamento
no seminário.93 Houve uma diferença marcante no total de batismos desses seminários que
utilizaram os leigos que serviam como amigos. Os batismos quase duplicaram como
resultado de se fazer algo simples. É importante lembrar que pessoas são ganhas através da
amizade muito mais do que quando são simplesmente convencidas da doutrina certa. Não
significa que a doutrina certa não seja importante, mas a amizade é mais vital para o
processo de tomada de decisão.
Outra vantagem de o seminário utilizar leigos é que a igreja pode conduzir vários
seminários na cidade no lugar de um grande seminário. Por exemplo, estudiosos de
crescimento de igreja têm declarado por anos que as pessoas só irão dirigir 15 minutos para
irem a uma reunião religiosa. Isso significa que se você desenhar um círculo de 15 minutos
ao redor de sua igreja, terá criado seu campo de missão, e se você examinar a localização
de seus membros, verá que grande parte deles vive nessa área da cidade. Uma vez que a
maior parte das igrejas conduz seus eventos em suas igrejas centrais, as pessoas que não
vivem nesse campo de ação não são alcançadas. Lembre-se de que membros
comprometidos dirigirão mais que 15 minutos e que essa regra não se aplica a áreas rurais,
onde se espera que as pessoas dirijam mais por tudo.
Conduzindo diferentes seminários na cidade, uma igreja praticamente leva a
mensagem à vizinhança das pessoas, tornando mais fácil para aquelas que têm um nível
baixo de comprometimento frequentarem. É mais fácil dirigir até a escola que fica a cinco ou
dez minutos de casa para ir a um seminário do que atravessar a cidade para ir ao mesmo
seminário. Uma vez que haja interesse, as pessoas dirigirão mais à medida que seu
comprometimento aumentar, mas o contato inicial é muito mais fácil se o seminário for
próximo à casa delas.
Conduzir seminários em noites diferentes torna possível para uma pessoa que perde
uma lição ir a outro seminário próximo numa noite diferente e compensar o que perdeu.

79
Assim, se uma pessoa normalmente pode ir ao seminário as segundas e sextas, mas perde
a quarta por causa de um conflito de horário, é possível ir a outro seminário em outro lugar
na quinta e consequentemente não perder uma noite.
Você também pode conduzir seminários em horários diferentes. Nem todos estão
disponíveis à noite, então você pode realizar um seminário ao meio dia. Uma vez o autor
tentou fazer isso e teve 90 não-membros no seminário, dirigido próximo ao centro da cidade
onde as pessoas podiam fazer um lanche durante a aula. Comunidades são diferentes e
essa hora do dia pode não funcionar em alguns lugares, mas não tenha medo de tentar
coisas novas e novos planejamentos. Você pode ficar surpreso com quantos aparecerão.

ONDE REALIZAR SEMINÁRIOS

Lugares neutros são sempre lugares melhores para seminários, embora seminários
de sucesso estejam sendo realizados em igrejas também. Uma vez que você não está
alugando grandes auditórios, pode encontrar salas por preços bem razoáveis. Alguns dos
lugares disponíveis são salões de hotéis, salas de aulas, salas em restaurantes e até casas.
Salas de aulas são alguns dos melhores lugares para se realizar um seminário. A
sala de aula tem tudo a ver com uma abordagem de ensino e cria uma atmosfera de
aprendizagem. A maioria das escolas está disposta a alugar suas salas a preços bem
razoáveis. A lei exige que as escolas disponham suas salas para grupos religiosos contanto
que as disponham também para outros grupos não escolares. Em outras palavras, eles não
podem discriminar um grupo religioso. É claro, se uma escola tem uma política de não alugar
a nenhum grupo de fora, isso excluiria um seminário também, mas bem poucas fazem isso,
pois querem servir a comunidade.
Tenha cuidado em utilizar um local que ofereça uma sala de graça ou que não assine
um contrato. Eles podem facilmente cancelar a reserva quando a propaganda do seminário
já estiver pronta. Sem contrato, você fica sem opção a não ser encontrar outro lugar. O que
parecia um bom negócio à primeira vista pode virar um pesadelo.
Mesmo escolas com contratos podem algumas vezes se sentir pressionadas pela
comunidade depois que a propaganda do seminário chegar às suas casas. As pessoas
podem ligar para a escola e reclamar que estão ensinando religião. É claro, isso não é um
problema, porque a escola alugou para um grupo privado, mas muitas vezes as pessoas não
entendem isso, e telefonam. O resultado é que a escola se sente sob pressão para cancelar

80
seu acordo de aluguel. Se você está pagando pela sala e tem um bom contrato, geralmente
está seguro.
Lembro-me de uma comunidade muito preconceituosa onde alugamos várias salas
para nossos seminários. A propaganda chegou e as pessoas começaram a reclamar, assim
– apenas alguns dias antes da primeira noite dos seminários – as escolas cancelaram as
salas, embora tivéssemos um contrato. Contatamos o advogado da associação, e ele
começou as negociações com eles com base no contrato assinado. A disputa virou
manchete no jornal local e mais pessoas se inscreveram para o seminário.
Finalmente, um dia antes de o seminário começar, as autoridades da escola
mudaram de ideia e nos permitiram usar a escola. Porém, nos disseram que poderíamos ter
apenas as pessoas que havíamos planejado ter. Nosso plano era para trinta pessoas, mas
agora tínhamos mais de cem inscritas para cada seminário. Isso também foi um desafio. No
final, tivemos que criar vários novos seminários na igreja porque as autoridades da escola
fecharam as portas assim que entraram as trinta pessoas, mas Deus abençoou assim
mesmo.
Também pode haver problemas quando se realiza um seminário numa casa. Uma
coisa é convidar amigos a virem a uma casa para um seminário, mas isso é visto de modo
diferente quando você usa uma propaganda pública. Numa cidade, divulgamos seminários
em várias casas da comunidade. Logo recebi um telefonema da polícia local informando que
não poderíamos realizar seminários em casas daquela comunidade. Relembrei o policial que
estávamos na América, onde as pessoas são livres para se reunir, mas não adiantou. Eles
ameaçaram nos prender se continuássemos.
Senti que nossos direitos estavam sendo pisados. Consultei o advogado da
associação que nos assegurou que estávamos no nosso direito. Então informei à polícia que
levaria isso à Corte Suprema, pois era uma questão constitucional de direito a reuniões
livres. Eles disseram que era uma regulamentação dos bombeiros. Perguntei se proibiam
festas de aniversário, chá de panela, etc. Declararam que essas reuniões eram diferentes.
Examinei a regulamentação, e declarava que uma casa tinha que ter mais de cinquenta
pessoas presentes para violar a lei, e planejamos apenas vinte por casa.
A polícia estava inflexível. Fui para meu seminário naquela primeira noite esperando
ir para a cadeia; no entanto, era uma simples ameaça. A única ação tomada foi a presença
de um carro de polícia que passou a noite toda circulando em volta da casa. Nós desafiamos
seu blefe. Quando seus direitos estão sendo pisados por pessoas preconceituosas, sempre
consulte o advogado de sua associação para se certificar de que a lei está do seu lado.

81
Conquanto realizar seminários em lugares neutros seja bom, também é importante
transferir o seminário para a igreja de forma adequada. Vimos que é muito mais fácil para as
pessoas tomar decisões de se juntar à igreja se estão frequentando o seminário na própria
igreja. Então, chega uma hora que o seminário deve ser transferido da sala de aula para a
sala da igreja.
Quando você transferir o seminário para a igreja, não misture os seminários nem
troque os professores. Faça o mínimo possível de mudanças. A programação do seminário
deve continuar como antes. Você pode até ter três ou quatro seminários ocorrendo na igreja
na mesma noite, mas em salas diferentes.
É importante escolher a hora certa para a transferência para a igreja a fim de ter o
máximo de pessoas com você. Quanto mais tempo você estiver no lugar neutro, mais forte
será o comprometimento daqueles que estiverem frequentando, e mais aptos estarão para
completarem o seminário. Se o local é muito próximo da igreja (cinco minutos de carro) você
pode geralmente transferir depois de apenas cinco ou seis noites. Se o local é mais de 20
minutos de distância, você deve esperar até o sábado ser apresentado, por volta da décima
quinta ou décima sexta noite. Ir até aí requer um compromisso muito mais forte. O padrão de
tempo para a transferência é a oitava noite.
Outro ponto para saber quando transferir para a igreja é se certificar de que o assunto
ensinado na primeira noite é sobre um tema neutro. Por exemplo, a lição 8 do Seminário
Profético é sobre Daniel na cova dos leões e focaliza a importância de se ter um
relacionamento profundo com Jesus. No Seminário de Apocalipse, o foco da lição 8 é o Céu.
Ambos os temas tornam a transferência fácil. Você não quer que a primeira lição na igreja
seja sobre o sábado. Caso contrário, as pessoas sentirão que na igreja você está
apresentando apenas doutrinas adventistas.

82
CAPÍTULO 9
EVANGELISMO PÚBLICO POR MEIO DE SEMINÁRIOS: PARTE DOIS

Conforme visto no capítulo anterior, os seminários ainda continuam a ser uma


excelente maneira de leigos compartilharem sua fé e de pastores utilizarem como uma forma
de evangelismo público. Neste capítulo, desejamos continuar nossa discussão sobre esse
excelente estilo de evangelismo.
No próximo capítulo, discutiremos com detalhes os meios de divulgar o evangelismo.
Contudo, se você está usando a abordagem de seminário seria importante contatar o
Seminars Unlimited [ver site]. Eles possuem panfletos especiais produzidos para cada um
dos seminários. Os preços são bem razoáveis, e você verá que são tão eficazes como
qualquer panfleto. Falaremos mais sobre propaganda no próximo capítulo.

COMO APRESENTAR

O professor pode apresentar as lições do seminário de duas formas: discussão


dirigida, ou livre. Na discussão dirigida, o professor responde as perguntas levantadas pelas
pessoas. Todas as perguntas são direcionadas para o professor, e ele tem controle total da
reunião.
Numa discussão aberta e livre, o professor faz perguntas tais como: “O que você
acha sobre o sábado”? O grupo, então, tem uma discussão totalmente aberta sobre o
assunto, e o professor espera que cheguem à conclusão certa. Nesse modelo, o professor
concede o controle ao grupo.
Tenho observado ambos os tipos de professores, e minha experiência sugere que o
modelo de discussão dirigida funciona melhor quando a mensagem é apresentada. Com
uma discussão aberta, pode acontecer de um indivíduo forte assumir o controle da reunião e
ensinar o oposto daquilo que você deseja apresentar. Poucos batismos resultam da
utilização dos materiais tradicionais com um modelo de discussão livre e aberta. O material
simplesmente não foi destinado a esse propósito. Se o desejo é usar o modelo aberto e livre,
deve-se usar lições ao estilo de pequenos grupos que são mais direcionados a essa
abordagem. O modelo livre e aberto tem sido usado, mas não é favorável à tomada de
decisões duradouras para Jesus e sua mensagem para os últimos dias, que é o seu
propósito ao dirigir um seminário.

83
LITERATURA ADVENTISTA

Tornar disponível a literatura adventista para as pessoas é um modo excelente de


ajudar seus interessados a tornarem-se fortes adventistas e tomar sólidas decisões para
fazer parte da família da igreja. Vemos que oferecer nossos livros menores e mais baratos
para as pessoas adquirirem tem sido um meio eficaz e econômico para que as pessoas
tenham material escrito.
Vamos dispensar um capítulo inteiro sobre literatura neste livro, no qual discutiremos
esse assunto de forma mais completa. No entanto, é importante observar aqui que o
professor deve falar sobre cada livro. A cada noite os novos livros devem ser apresentados e
os participantes relembrados de que o material está disponível para compra após a reunião.
Tomar apenas alguns minutos para promover cada livro irá resultar em pessoas comprando
literatura. Se você apenas fizer referência aos livros sem falar sobre cada um deles, poucas
vendas serão feitas. Esse é um modo excelente de vender os livros sem acrescentar ao
custo do seminário. E as pessoas são mais aptas a lerem um livro que compraram do que
um que lhes foi dado.

VISITAÇÃO NO SEMINÁRIO

A visitação é comum a todas as abordagens do evangelismo público e é essencial.


Alguns capítulos adiante examinaremos os intrincados detalhes da visitação evangelística.
Nesta seção, discutiremos brevemente como a visitação num seminário difere da visitação
durante uma série de pregações. Alguns aspectos únicos da visitação em seminários devem
ser observados. Num seminário, as pessoas estão mais propensas a ligarem e se
inscreverem do que numa série de pregações. O resultado é que você pode tomar nota dos
nomes daqueles que estarão participando do seminário antes que ele comece. Poucos que
não se inscreveram antes aparecerão.
No entanto, quando as pessoas ligarem para fazer a inscrição, há uma pergunta que
inevitavelmente farão: “Quem está patrocinando o seminário”? Vimos que vale a pena ser
honesto quando se responde a esta pergunta. A tentativa de dizer que é patrocinado por um
de nossos programas na mídia parece ser enganosa. Aprendi que vale a pena dizer às
pessoas que é patrocinado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Eu mesmo faço essa
declaração na primeira noite de minhas séries evangelísticas. Você não precisa enfatizar
demais isso, mas ao menos seja honesto quando a pergunta for feita.

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Em comunidades onde a Igreja Adventista não é bem conhecida, é difícil responder a
essa pergunta. As pessoas pensam que é alguma seita bizarra da qual nunca ouviram falar.
Em Chicago, percebemos que quando as pessoas perguntavam isso e respondíamos
“Adventistas do Sétimo Dia”, eles geralmente diziam “obrigado” e não se inscreviam.
Decidimos mudar um pouco a abordagem, e quando perguntavam, respondíamos “A Igreja
cristã Adventista do Sétimo Dia”. De forma surpreendente, apenas o acréscimo da palavra
cristã fez com que se inscrevessem.
Normalmente, cerca de 50% daqueles que se inscrevem antes realmente aparecerão
ao seminário. Mas, se você os chamar por telefone no dia anterior ao início do seminário
para confirmar sua inscrição, cerca de 75% irão aparecer. Se ligar para os outros 25% na
segunda noite, pode ser que 10% venham. Porém, se as pessoas não aparecem na segunda
noite, e você já ligou as duas vezes, risque-as de sua lista, e não as incomode mais.
Outro tipo de visitação feita em seminários é para aqueles que vêm algumas noites e
faltam algumas ou não voltam. Você tem uma desculpa para visitá-los levando as lições que
perderam, a fim de que possam se preparar para a próxima noite. Não faça isso mais que
duas vezes para aqueles que frequentaram apenas algumas noites. Se eles não voltarem,
risque-os de sua lista e concentre-se naqueles que estão participando.
Há seis tipos de visitas feitas às pessoas que participam de um seminário.
Discutiremos o que fazer nessas visitas no capítulo sobre visitação. Essas visitas são:
1. Visita de conhecimento.
2. Visita de conversão.
3. Visita antes de o sábado ser apresentado.
4. Visita após o sábado ser apresentado.
5. Visita depois de a marca da besta ser apresentada.
6. Visita para a preparação ao batismo.
Isso não significa que haja apenas seis contatos feitos durante o seminário. Alguns
desses tópicos podem levar três ou mais visitas para cumprir todo o propósito.

SEMINÁRIO NO SÁBADO

Uma vez que o sábado foi apresentado, as pessoas precisarão ser convidadas a
começar a observá-lo. Contudo, pode ser difícil sugerir guardar o sábado depois de apenas
algumas apresentações, então, ao invés disso, você as convida a virem para um seminário
especial no sábado de manhã quando uma Escola Sabatina for conduzida na sua igreja.

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Consiga uma sala especial que acomodará apenas os participantes do seminário. Se
você tem vários seminários acontecendo ao mesmo tempo, você pode convidar o pastor
para passar uma lição e reunir todos os seminários para esse momento. Convites para esse
evento especial devem ser feitos todas as noites no seminário e pessoalmente a cada
participante.
O seminário é conduzido assim como qualquer outro. A única diferença é que
acontece no sábado de manhã. Para o material, você deve usar qualquer uma das lições do
seminário que não seja dependente de uma lição prévia. Por exemplo, no Seminário
Profético que utilizo, as lições 13, 14 e 15 falam do julgamento e dos 2.300 dias e uma
depende da outra. Se dou a lição 13 na sexta à noite no seu seminário, não devo dar a lição
14 pela manhã. Caso contrário, aqueles que perderem o seminário no sábado não poderão
acompanhar. Escolha uma lição independente.
Seria melhor passar os temas que lidam com questões de estilo de vida no seminário
de sábado, porque você terá a maioria das pessoas participando. Porém, escolha temas não
muito controversos para os primeiros seminários no sábado. A saúde é importante, e devido
a muitas pessoas estarem interessadas em boa saúde hoje, é fácil apresentar esse tema.
Sugiro outros assuntos: batismo, Espírito de Profecia, movimento milerita, cruz e Céu.
Passar esses temas no seminário aos sábados em vez de nos outros dias torna
possível reduzir o número de semanas que leva para apresentar a série completa. Você está
mudando de três vezes por semana para quatro. Conduzir o seminário por muito tempo torna
mais difícil para as pessoas continuarem a frequentá-lo. Assim, é vantajoso fazer algo para
diminuir o tempo, e fazer seminários aos sábados torna isso possível.
É importante também que os participantes sejam convidados a ficarem para o culto
depois do seminário. A maioria vai ficar se convidada. Quando leigos estão conduzindo um
seminário, é importante dizer ao pastor que haverá vários visitantes indo pela primeira vez
no sábado. Assim, o pastor irá preparar um sermão especial para esse dia. Também seria
bom se um junta-panelas fosse organizado, assim os membros terão uma oportunidade de
conhecer melhor as novas pessoas que estão frequentando a igreja. Esse método permite
que os participantes do seminário desenvolvam o hábito de irem à igreja no sábado, e
principalmente frequentarem a Escola Sabatina. Depois que o seminário tiver terminado,
uma igreja sábia planejará para que o grupo do seminário se torne uma classe para novos
membros.

COLHENDO A PARTIR DO SEMINÁRIO

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O estilo sala de aula torna muito difícil ganhar decisões com a abordagem de
seminário. A cada noite é importante que você faça as perguntas de decisão e peça para
que as pessoas respondam no envelope do teste. Entretanto, um seminário não é favorável
a um apelo do púlpito. E, surpreendentemente, até no século 21, o apelo do púlpito é ainda a
maneira mais fácil para as pessoas tomarem decisões e indica o desejo delas de se unirem
à igreja.
Para tornar seminários mais eficazes, percebemos que você precisa combinar um
evento de colheita com o seminário. Isso pode levar um fim de semana (sexta à noite,
sábado de manhã e sábado à noite), ou até uma semana. O importante é que as pessoas do
seminário sejam convidadas para essa breve série de pregações que resume tudo o que
elas estudaram. Este deve ser um evento padrão de evangelismo público, a única diferença
é sua extensão.
Você pode até preparar sermões sobre algum tópico do seminário que você não
passou, como a igreja verdadeira. São dadas às pessoas as lições para que sejam
preenchidas de antemão, mas ao invés de passar cada lição, como no seminário, o orador
prega as lições para elas.
A abordagem padrão do seminário geralmente resulta no batismo de cerca de 15%
daqueles que o frequentaram. Então, se você tem 15 pessoas participando do seu
seminário, pode esperar batizar uma ou duas pessoas. No entanto, vimos que se você
acrescenta o evento de colheita de uma semana (ou fim de semana), os resultados crescem
consideravelmente. Por exemplo, normalmente, 50% daqueles que completam o seminário
irão ao evento de colheita, o que seriam oito dos 15 participantes. Desses oito, 90% serão
batizados, totalizando seis ou sete novos membros. Isso é um aumento de três ou quatro
vezes mais do que os resultados normais para o seminário apenas.
Seria importante para o pastor ou um leigo bem talentoso apresentar o evento. Você
pode até convidar um evangelista para participar da semana ou do fim de semana. Não
custa muito dinheiro fazer isso, uma vez que a única divulgação que você faz é para os
participantes do seminário. Você pode apenas fotocopiar os panfletos necessários para
divulgar o evento. Devem ser bonitos, mas não precisam ser tão sofisticados como os
panfletos convencionais de evangelismo público.
Os temas pregados devem ser sermões para decisão. Pregue sobre temas que
revelem a natureza profética da Igreja Adventista e a mensagem singular do tempo do fim
que Deus nos concedeu. E a cada noite, ou ao menos na maioria delas, deve haver um

87
apelo para o púlpito no qual as pessoas são convidadas a irem à frente se desejam se unir à
igreja.
A ordem do culto nessas noites deve ser similar às de uma série de pregação. Deve
haver um pequeno momento para a música, então a oração, anúncios, depois talvez uma
música especial, o sermão e uma música para o apelo final enquanto as pessoas vêm à
frente. Enquanto o seminário geralmente dura uma hora, o evento de colheita dura não mais
que uma hora e meia; de preferência uma hora e quinze. Não retenha as pessoas por mais
tempo, ou elas não voltarão.
Geralmente se conclui o seminário com um almoço e diplomas são entregues
àqueles que o completaram. É melhor fazer o almoço depois do culto no último sábado da
semana de pregação. Na minha experiência, vários participantes do seminário que não
vieram para o evento de colheita vieram para a confraternização e graduação. Eles também
assistiram ao culto no sábado de manhã. Inevitavelmente, alguns deles responderam ao
apelo e tomaram decisões. O resultado foi que até o almoço (junta-panelas) foi um
instrumento usado para ajudar a ganhar mais decisões para Cristo e sua verdade.
Seminários podem ser eventos muito úteis para ajudar a igreja a apresentar a
mensagem adventista ao público geral. É uma abordagem que não é limitada aos
profissionais treinados, mas pode lançar mão do maravilhoso talento de nossos leigos.
Contudo, certos segmentos da abordagem de pregação precisam ser acrescentados à
abordagem de seminário para torná-la eficaz, como sugerido neste capítulo.
Muitos dos detalhes da visitação e busca de decisões durante um seminário serão
dados em capítulos mais detalhados sobre esses temas. Esses dois capítulos sobre a
abordagem de seminário têm o propósito de familiarizar o leitor com a singularidade dessa
abordagem e de torná-la uma ferramenta de colheita ainda mais eficaz para o reino de Deus.

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CAPÍTULO DEZ
PROPAGANDA EVANGELÍSTICA

Ao pesquisar a história do evangelismo adventista, observamos que uma mudança


ocorreu na propaganda evangelística na década de 50. Os evangelistas ficaram mais
confiantes na propaganda midiática, em vez de contarem com os membros para trazerem as
pessoas às reuniões. O resultado foi um declínio no sucesso evangelístico. Não há substituto
para o ato de convidar pessoas para as reuniões. A propaganda paga nunca poderá tomar o
lugar do convite pessoal.
De forma trágica, no século 21, as reuniões têm pouco sucesso se não há boa
divulgação. Os evangelistas e membros se tornaram excessivamente dependentes da
propaganda paga para fazer o que os discípulos de Jesus deveriam estar fazendo. O ideal
seria que todos os membros da igreja estivessem envolvidos em trazer pessoas para as
reuniões, sendo a propaganda uma ferramenta extra.
Sentimos saudades dos dias quando os membros convidavam as pessoas para
frequentarem as reuniões e lamentamos a ineficácia da propaganda comparada com a
atenção pessoal, mas a triste realidade continua. Se não usamos propaganda paga, os
resultados da série de conferências serão pequenos. Uma vez que os membros se
contentam em pagar pela propaganda em vez de se envolverem, devemos continuar a
utilizar esse meio para ter uma audiência.
Algumas vezes, a propaganda paga serve como um catalisador para nossos
membros convidarem seus amigos. Quando a igreja gasta muito dinheiro em propaganda, os
membros concluem que algo grande está para acontecer, então eles convidam seus amigos.
Assim, a propaganda tem um impacto sobre os membros, além do efeito no público em
geral. Com base em minha experiência, se a propaganda paga não fosse feita, alguns
membros não teriam convidado seus amigos, e esses amigos não teriam sido batizados.
Então, nunca se deve julgar a propaganda apenas pelas pessoas que vêm às reuniões como
um resultado direto.

PÚBLICO ALVO

Toda a propaganda visa a um tipo de pessoa. Não existe um folheto que alcance a
todos, a despeito do que muitos evangelistas têm dito. Geralmente o tipo de propaganda
usado para as reuniões evangelísticas públicas adventistas visa a pessoas que têm

89
interesse na profecia. Também visa a pessoas que estão buscando raízes espirituais. Elas
podem ter aceitado Jesus recentemente, mas ainda não se estabeleceram numa igreja
específica, então elas estão procurando.
Precisamos relembrar que esses dois alvos compreendem um enorme segmento da
população americana. A popularidade da série Deixados para Trás demonstra um interesse
tremendo na profecia hoje. Não se deve temer a abordagem profética, principalmente em
vista da visão adventista singular de si mesma como um movimento profético.
Também devemos lembrar de que o evangelismo público, por sua natureza, é um
evento de colheita. Portanto, precisa atrair aqueles que estão prontos para serem colhidos.
Se nossa propaganda fosse gerada para os que não estão interessados, veríamos pouco ou
nenhum resultado. Nossa propaganda deve ser direcionada diretamente àqueles a quem
Deus tem nos chamado a alcançar por esse meio: pessoas interessadas em Deus e na
profecia e aqueles que buscam por raízes espirituais. Nossa propaganda, então, deve atrair
esse grupo. Isso pode desagradar outros grupos que não estão prontos para serem colhidos
agora.

AGÊNCIAS DE PROPAGANDA

Quando comecei a fazer conferências evangelísticas, cada evangelista fazia seu


próprio folheto. Pensávamos que não podíamos pagar agências profissionais naqueles dias,
e não havia folhetos evangelísticos prontos oferecidos por companhias adventistas. Todos
os evangelistas pensavam que eram bons designers, e todos eram orgulhosos do que
desenvolviam.
Contudo, nos anos 70, alguns evangelistas começaram a utilizar agências
profissionais de propaganda para idealizarem seus folhetos, comerciais de televisão e rádio,
etc. Isso provou ser muito eficaz. A primeira vez que usei uma agência profissional para
elaborar meu folheto, fiquei preocupado com o gasto envolvido. Escolhi alguém que havia
trabalhado antes com evangelistas adventistas em outras partes do país. Lembro que ele
veio a algumas das minhas reuniões evangelísticas para me ouvir pregando, então ele
entendeu o que eu estava tentando fazer. Assim, ele planejou a propaganda com sua
experiência.
Fiquei surpreso com os resultados. A audiência da primeira noite quase dobrou
daquilo que eu geralmente esperava com minha própria propaganda, e me convenci do valor
de se ter um profissional. É claro que uma vez que ele idealizou a propaganda, pude usá-la

90
em várias conferências, de modo que o custo foi distribuído para muitos eventos. Os
adventistas em geral não gostavam dos folhetos, mas eles funcionavam. O homem da
agência de propaganda não era um adventista ou cristão. Ele simplesmente sonhou com o
que iria atraí-lo para levá-lo à reunião e elaborou isso tendo como referência a si próprio.
Essa era uma vantagem única.
Contate sua associação para obter informações sobre alguma organização
especialistas em folhetos para seminários específicos, além de séries de pregações. Se você
está planejando um seminário, você deveria contatá-los.
Como você saberá que folheto produzir? Essa é uma pergunta complicada. Lembre-
se de que o folheto é até certo ponto uma extensão de si mesmo e de como você gostaria de
ser visto pelo público. Geralmente, folhetos com as bestas bíblicas são bons atrativos;
contudo, se o que mais chama a atenção no folheto não será mencionado nas reuniões,
então escolha um diferente. Por exemplo, se o foco do folheto são os quatro cavaleiros do
Apocalipse, e você não irá pregar sobre eles durante as primeiras noites, então não deveria
usar esse folheto. Isso poderia ser considerado propaganda enganosa, e seu folheto pode
sair pela culatra.

EFICÁCIA DA PROPAGANDA

Algumas formas de propaganda funcionam melhor que outras? Obviamente, a


resposta é sim. A maioria dos evangelistas não pode empregar todas as formas de
propaganda, então você precisa escolher aquela que sentir ser a mais eficaz. Aqui você
pode se beneficiar do que outros evangelistas descobriram por meio da experiência. Em
cada reunião que conduzo, sempre faço uma pesquisa de propaganda para descobrir o que
trouxe as pessoas para a reunião. Algumas vezes há exceções, mas normalmente a
seguinte ordem é um bom padrão para a eficácia:
1. O folheto, em associação com a propaganda na televisão, sempre tem a
melhor reação de qualquer tipo de propaganda. Se não é possível pagar taxas de televisão,
então o folheto será o melhor. A propaganda televisiva sem o folheto é inútil. A televisão é
um apoio e tem que ser utilizada em conjunto com outros métodos.
2. A segunda melhor resposta vem de um convite de um amigo. Tenho tido
reuniões para as quais mais pessoas foram trazidas por um amigo do que atraídas por um
folheto. Foram conferências muito bem sucedidas. Em qualquer localidade, se a base é forte,

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um número significativo de pessoas pode ser trazido à igreja pelos membros. Esses serão
seus melhores interessados.
3. Outros meios de divulgação estão muito atrás desses dois. Jornal, rádio e
pôsteres seguem nessa ordem. A maioria dos evangelistas raramente gasta dinheiro nessas
áreas, porque o retorno não é tão grande como com os folhetos. Discutiremos cada tipo logo
mais neste capítulo.

OUTRAS QUESTÕES SOBRE PROPAGANDA

Não importa a forma de propaganda escolhida, deve-se saturar o meio. Em outras


palavras, para usar a televisão, deve-se comprar comercias suficientes para inundar a área,
caso contrário, o dinheiro será desperdiçado. O mesmo se dá com todos os outros métodos.
É melhor investir seu dinheiro saturando um meio do que usar um pouco de cada um. Se
você tenta divulgar de várias formas diferentes, nenhuma delas terá sucesso. Essa é a
chave para o uso eficaz da propaganda.
Os evangelistas adventistas nunca devem usar a propaganda pessoal. A maioria de
nós não é bem conhecida. Nossos melhores resultados vêm de divulgar a mensagem que
estaremos compartilhando. As pessoas devem ser atraídas pelas mensagens apresentadas,
não pela personalidade do orador. Isso não significa que você deva negar suas credenciais,
mas essa não deve ser a característica principal na sua propaganda.
Uma pergunta que surge com frequência em discussões sobre propaganda
evangelística é se os temas de cada noite devem estar listados nos folhetos. Anos atrás isso
era popular, mas poucos evangelistas fazem isso no século 21. No máximo, os títulos de
uma ou duas semanas são listados. Muitos evangelistas listam apenas os temas da primeira
semana e alguns do primeiro fim de semana.
Essa mudança é devida à percepção de que nessa era atribulada, cinco semanas de
conferência pode parecer demais para alguém que não esteja muito interessado. A longa
lista de títulos pode fazer com que decidam não frequentar, porque não sentem que possam
devotar tanto tempo às reuniões. Contudo, se após ouvirem as apresentações por algumas
noites descobrirem que as reuniões irão durar cinco semanas, não estarão tão preocupados
porque o nível de comprometimento deles terá subido bastante. Também, quando todos os
temas são listados, alguém pode decidir que quer ouvir sobre a marca da besta e esperar
para frequentar na noite em que esse tema será apresentado. Até essa noite chegar, terá

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esquecido da reunião, então nunca aparecerá, ou se vier, não estará preparado para o que
irá ouvir e não retornará. Então, diz a sabedoria, não liste todos os temas.
Lembre-se de que sua propaganda faz com que as pessoas venham apenas na
primeira noite. O que você faz e diz nas reuniões determina se irão ou não retornar. Também
fazer propaganda depois de as reuniões terem começado normalmente não traz muito
retorno para compensar seu uso. Assim, a maior parte dos evangelistas focaliza em trazer
pessoas para a primeira noite e deixar que a propaganda boca a boca traga outros. Um
folheto extra pode ser preparado para ser entregue durantes as reuniões a cada semana,
listando os temas para aquela semana, mas geralmente, o evangelista informa as pessoas
sobre apenas uma semana por vez.

CARACTERÍSTICAS DA BOA PROPAGANDA

Alguns princípios básicos devem guiar o evangelista ao decidir que tipo de


propaganda utilizar. Aqui estão seis sugestões:
1. Não instigue a hostilidade ou levante argumentos na sua propaganda. A
propaganda deve ganhar pessoas para que venham ouvi-lo. Outrora, no meu entusiasmo
evangelístico, fiz algumas propagandas das quais hoje me envergonho. Coloquei um grande
anúncio no jornal declarando que Jesus adorou no sábado, mas que cristãos sinceros hoje
adoram no domingo. Quem está certo? Cristo ou os cristãos modernos? Então convidei as
pessoas a virem para ouvir minha apresentação sobre o sábado. O anúncio não ganhou
ninguém, apenas criou hostilidade. Eu aprendi minha lição.
Fique fora da política e não ridicularize ou deprecie nenhum ministro ou igreja com
sua propaganda. Tenha cuidado com qualquer coisa em sua propaganda que deprecie os
outros. Por exemplo, colocar uma foto do papa na quarta besta de Daniel pode ser
provocativo, mas raramente alcança pessoas. Colocar uma mensagem política sobre um
tópico controverso, da mesma forma, não ajuda a alcançar pessoas. Não somos uma igreja
política. Estamos aqui para pregar a mensagem de salvação, e não devemos afastar as
pessoas com nossa propaganda.
2. Tipos de propaganda vulgares e sugestivas nunca devem ser usados. Você
pode pensar que isso jamais aconteceria, contudo alguns folhetos têm descrito com muitos
detalhes a prostituta de Apocalipse. A descrição pode ser correta, pois a Bíblia a descreve
como uma prostitua, mas deve-se ter cuidado. Numa ocasião, alguém devolveu um folheto
para a companhia que o produziu porque disse que não aceitava material pornográfico.

93
3. Seja honesto e justo em sua propaganda. Não levante questões às quais não
tem a intenção de responder. Se você não vai falar sobre um assunto, não o mencione na
sua propaganda. Também seja cuidadoso com títulos que confundem as pessoas. Uma vez,
um evangelista colocou no folheto que iria falar sobre discos voadores. Na noite de abertura,
uma multidão apareceu. O evangelista mencionou os discos voadores nos dois primeiros
minutos e então continuou a falar sobre a segunda vinda de Cristo. Ele atraiu muitas
pessoas, mas na segunda noite, poucas voltaram.
4. Não divulgue serviços que não irá oferecer. Por exemplo, certifique-se de que
pode providenciar pessoas para cuidar das crianças ou um programa para elas, antes de
mencionar isso em sua propaganda. Algumas vezes, o evangelista é pego de surpresa
porque na hora da divulgação foi preparado o plano para providenciar um serviço, porém a
equipe foi incapaz de cumprir com o planejado. Por exemplo, alguém oferece fazer tradução
para os surdos. O evangelista divulga o serviço, mas na hora da primeira noite, a pessoa não
cumpre a promessa. Não deixe que isso se torne um hábito no seu ministério. Isso pode
acontecer, mas não deve ser um padrão regular.
5. Faça perguntas que interessarão a seu grupo alvo. Entenda as pessoas que
está tentando alcançar e faça perguntas na propaganda que irão atraí-las. Faça com que as
perguntas criem o desejo de frequentar as reuniões. Não dê a resposta na propaganda, ou
não haverá necessidade de virem às reuniões.
6. Em geral, não dependa muito da propaganda, ou ficará desapontado. Lembre-
se de que seus principais interessados serão aqueles trazidos pelos membros. Várias vezes
os resultados da propaganda não satisfarão suas expectativas. No final, a única coisa que
pode trazer uma multidão é fazer um bom trabalho antes da conferência para que os
membros estejam encorajados a convidarem seus amigos. Não gaste demais com
propaganda. Veja no seu orçamento o que exatamente você pode gastar, e permaneça
dentro desse limite.

DIFERENTES FORMAS DE PROPAGANDA

O folheto é o modo mais eficaz de propaganda paga que um evangelista pode usar.
Se não há muito dinheiro para propaganda, então a maior parte dele deve ser colocada no
folheto. Todos os outros meios são uma extensão do folheto. A maior parte dos evangelistas
diz que recebe cerca de três pessoas para cada 1.000 folhetos enviados por correio.
Pessoalmente, vi que é menos (entre uma e duas para cada 1.000 distribuídos), mas essa é

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a média. Assim sendo, se você envia 50.000 folhetos, você deve esperar 150 visitantes. Não
virão todos na primeira noite, mas ao longo das conferências, você deve esperar entre 100 e
150.
Por favor, lembre-se de que nem todos que vierem continuarão frequentando as
reuniões, por isso o verdadeiro número de visitantes regulares é geralmente bem pequeno.
Portanto, é essencial que os membros tragam seus amigos e família, porque a taxa de
desistentes será muito menor entre esse grupo. No entanto, lembre-se de que os folhetos
ajudam os membros a convidarem seus amigos.
Algumas áreas têm um retorno melhor que outras. Quanto mais rica a área, menos
retorno com folhetos e com todos os tipos de propaganda, enquanto que nas áreas menos
abastadas, a taxa pode chegar a dez por mil. Vimos nas nossas conferências que uma
resposta maior é gerada se folhetos forem enviados pela segunda vez a uma determinada
área. As pessoas parecem precisar de um segundo lembrete. Acho que um reenvio é mais
eficaz do que uma propaganda na televisão. O primeiro folheto chega às casas uma semana
antes da primeira noite, enquanto que o segundo chega um dia ou dois antes das reuniões
começarem. Você não precisa usar o mesmo folheto. Pode-se usar um diferente, e isso
atrairá diferentes tipos de pessoas.
Ao escolher um folheto é bom lembrar o que algumas pesquisas adventistas têm
revelado.94 Foi feita uma seleção aleatória de alguns grupos. Foram exibidas a eles amostras
de propaganda evangelística. A maioria não se interessou por nenhum dos folhetos. No
entanto, foram selecionados outros grupos que consistiam de pessoas que frequentaram as
conferências com base na propaganda e que foram finalmente batizadas. Quando
entrevistadas, essas pessoas dizem que nem mesmo se lembram de como era o folheto.
Tudo o que podem lembrar é que continha as palavras Apocalipse ou Profecias em negrito
na frente do folheto. Evidentemente, essas palavras alcançaram o público alvo.
A televisão é o segundo meio no qual os evangelistas deveriam investir. No entanto,
a maioria dos canais nos exclui porque não podemos pagar. De fato, em grandes áreas
metropolitanas, o custo é proibitivo. Também anúncios de televisão abrangem toda a área
que os assiste, o que na maioria dos casos é bem além do seu alvo para as conferências,
porém, você acaba pagando por isso.
A televisão deve complementar o folheto, e deve ser fácil reconhecer que ambos
estão promovendo a mesma conferência. Em outras palavras, para ser eficaz, a propaganda
deve ter harmonia, como numa campanha publicitária.

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Melhores resultados são obtidos divulgando nas redes de TV aberta ao invés de nas
de TV a cabo. Mas, muitas vezes a TV a cabo regional é a única que você tem condições de
pagar. Nesse caso, geralmente é impossível saturar todos os canais, porque existem muitos.
O custo de um anúncio num canal a cabo é relativamente pequeno, e você só está pagando
pela área que está tentando alcançar.
O que é saturação? Numa rede de televisão, saturação envolve de 30 a 40
comerciais, de 30 segundos de duração, que vão ao ar por um período de dois a três dias
antes das reuniões começarem. Esse é o nível mínimo de saturação. Há alguns canais
menores nos quais o evangelista pode comprar tempo suficiente para tornar o anúncio
produtivo.
Onde você deve anunciar? Uma rede de TV irá lhe vender um pacote no qual
selecionarão quando seu anúncio irá aparecer. Você terá mais tomadas com essas
abordagens, mas muitas delas podem ir ao ar nas primeiras horas da manhã, quando
poucas pessoas estão assistindo. Você pode querer adquirir alguns daqueles spots que
aparecem em horários diversos, mas você também pode querer comprar tempo em
programas específicos. Os tempos-chave são a hora do jornal local e o horário nobre.
Geralmente, é possível comprar apenas um horário nobre em cada canal por noite. Esses
são os mais caros, mas são acessíveis nos canais menores. Uma vez pude comprar um spot
durante a cerimônia de encerramento das Olimpíadas por um preço razoável, num canal
menor. Outra hora produtiva é no domingo de manhã entre os programas religiosos. Spots
nessa hora são bem baratos, e muitos de seu público alvo podem estar ouvindo.
Infelizmente, não há spots de televisão pré-formatados para que os evangelistas
escolham, tais como as agências de folhetos providenciam. Você deve tomar emprestado ou
desenvolver o seu próprio. A estação de TV local pode ajudá-lo a filmar um comercial. Se
eles estão veiculando seu comercial, não lhe cobrarão custos de produção. Tente usar
algumas ilustrações para que o anúncio não seja apenas alguém falando. Você precisa de
uma declaração de abertura que irá atrair o ouvinte. Depois, informe a hora e o local da
conferência. Você tem apenas trinta segundos, cada palavra conta, e você deve gastar
tempo pensando nas palavras que irá dizer. Fale com outros evangelistas e veja o que estão
fazendo. Você pode economizar tempo no comercial se tiver um website. Ao invés de
informar o local, a hora e o endereço, simplesmente informe seu website.
O terceiro meio de comunicação de que estamos falando é o jornal. Se a televisão é
cara demais, então comprar um espaço no jornal local ou regional pode ajudar. Alguns
jornais menores podem até mesmo imprimir uma página inteira por um preço razoável.

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Porém, lembre-se de que você precisa saturar o meio de comunicação. Isso significa que
você precisa de muitos anúncios se for usar um jornal.
Muitos jornais lhe permitirão escolher onde o anúncio irá aparecer. Para que seja
notado, ele precisa de muito espaço e ser livre de obstruções. Também deve ser grande o
suficiente para atrair o olhar. Os melhores anúncios são longos e estreitos, então eles vêm
bem acima da dobra do jornal. Também é melhor divulgar numa página de número ímpar.
Quando as pessoas leem um jornal, os olhos vão primeiro para a página à direita e depois
para a da esquerda, assim, observam mais o anúncio se está do lado direito.
Um lugar bom para o anúncio é onde está o guia da TV local que normalmente é
inserido no jornal de domingo. Um anúncio de página inteira na última página é o ideal.
Durante a semana inteira, quando as pessoas estiverem procurando os programas
televisivos, verão seu anúncio.
Outra forma de anunciar é na rádio. É difícil de se saturar a rádio na maioria das
comunidades, porque simplesmente há muitas estações de rádio, e poucos evangelistas têm
dinheiro para saturar esse meio. Você pode tentar saturar uma das estações, mas poucos
orçamentos podem pagar todas elas, a não ser que você esteja numa cidade pequena,
isolada que tenha apenas uma ou duas estações. Se for este o caso, então você deve
definitivamente tentar usar a propaganda de rádio.
Ao preparar anúncios para a rádio, você precisa se lembrar de que deve atrair as
pessoas pelos ouvidos e não pelos olhos. Muitas estações de rádio hoje preferem um
comercial de um minuto ao invés de um de trinta segundos, o que lhe dá mais tempo para
transmitir sua mensagem. Por favor, lembre-se de que está complementando o folheto,
então as pessoas precisam reconhecer que o que você está anunciando está ligado ao
folheto que receberam por correio.
Há outros meios, mas geralmente não são eficazes. Pôsteres, outdoors e painéis de
táxi não têm tido muito sucesso. Raramente há um orçamento evangelístico que pode cobrir
essas áreas. O dinheiro é mais sabiamente empregado nos tipos de mídia que provaram ter
mais sucesso através dos anos.
Uma abordagem inovadora de propaganda foi tentada alguns anos atrás na British
Columbia. Foi colocado um anúncio no jornal pedindo para as pessoas irem a um seminário
e avaliá-lo. O anúncio oferecia pagar às pessoas alguns dólares para assistirem a uma série
inteira e avaliá-la no final. Ao invés de gastar grandes quantidades de dinheiro com
propaganda pelos meios normais, o evangelista escolheu gastar bem pouco, mas pagar
diretamente aqueles que frequentassem a conferência.

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Os resultados foram muito positivos. As pessoas frequentavam a série toda. Apenas
algumas desistiram. Os resultados de batismo ao final eram compatíveis a uma série
evangelística que gasta a quantidade similar em propaganda. Uma vez que o anúncio
estipulou que se a pessoas estivessem frequentando outra igreja, não seriam pagas, outras
igrejas da área recomendaram o evangelista.

CONCLUSÃO

Os adventistas tradicionalmente têm gasto grandes somas de dinheiro com


propaganda evangelística, e muitas pessoas estão na igreja hoje por causa dessa
propaganda. Porém, devemos relembrar sempre que o segredo de um evangelismo bem
sucedido não está na propaganda, mas nos membros que trazem outras pessoas. A
propaganda só será uma abordagem de sucesso quando combinada à dedicação pessoal
dos membros.

98
CAPÍTULO ONZE
ORÇAMENTOS E FINANÇAS

Conduzir reuniões evangelísticas custa dinheiro, e algumas vezes, muito. Conquanto


as despesas possam ser grandes, vale a pena quando se vê pessoas vindo para a igreja e
se preparando para o reino de Deus como resultado das reuniões. Como mencionado
anteriormente, o dízimo dos membros recém batizados geralmente se iguala à quantidade
investida por uma associação no evangelismo em um ano. Portanto, ganhar pessoas
simplesmente dá um bom retorno econômico, mesmo se o reino de Deus não estivesse
envolvido. Não evangelizamos para fazer dinheiro como igreja, mas podemos ser gratos a
Deus por nos permitir ser auto-sustentáveis.
Há princípios que devem nos guiar ao despender fundos no evangelismo ou em
qualquer outra tentativa que envolva a igreja. Ellen White nos deu esses princípios com
bastante clareza:

O povo de Deus não deve sair cegamente e empregar os recursos de que não
dispõe, nem sabe como obter. Temos que demonstrar sabedoria nas coisas que
fizermos. Cristo pôs diante de nós o plano pelo qual Sua obra deve ser dirigida. Os
que desejarem construir têm que primeiramente sentar-se e calcular o custo, para ver
se podem completar a construção do edifício. Antes de começarem a executar os
planos, devem aconselhar-se com sábios conselheiros. Se um obreiro, falhando em
raciocinar da causa para o efeito, está em perigo de agir imprudentemente, seus
colegas devem falar-lhe palavras de sabedoria, mostrando-lhe qual é seu erro. Carta
182, 1902.

Todos os que trabalham em nossas grandes cidades devem ser cuidadosos sobre
este assunto - pois em lugar algum se deve gastar inutilmente o dinheiro. Não é
mediante demonstrações espetaculares que os homens e mulheres aprenderão o
que a presente verdade encerra. Nossos obreiros devem fazer estrita economia.
Deus proíbe qualquer extravagância. Cada dólar em nossas mãos deve ser gasto
com economia. Não se deve fazer ostentação. O dinheiro de Deus deve ser usado
para levar avante, segundo o Seu modo, a obra que Ele declarou deve ser feita no
mundo. Carta 107, 1905.

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Por que devemos demorar quanto a começar o evangelismo em nossas cidades?
Não temos que esperar que se faça alguma coisa maravilhosa, ou que cheguem
equipamentos caros, a fim de que se faça grande exibição. Que é a palha em
comparação com o trigo? Se andarmos e trabalharmos humildemente diante de
Deus, Ele preparará o caminho à nossa frente. Carta 335, 1904.95

É coisa séria ser responsável pelo dinheiro de Deus, e devemos nos lembrar que
temos que prestar contas a Deus de como gastamos seu dinheiro. Ellen White advoga estrita
economia; não gastar dinheiro simplesmente para uma grande exibição. Ela escreveu essas
palavras no início do século vinte quando o movimento de Billy Sunday estava no auge. Ela
estava preocupada em copiarmos o modelo de Billy Sunday e gastarmos grandes
quantidades de dinheiro no evangelismo nas cidades.
Ela não era contra gastar dinheiro. Ela continuamente disse à igreja que precisavam
se sacrificar e gastar o dinheiro necessário para alcançar as pessoas, mas, ao mesmo
tempo, devíamos fazer o dólar render o máximo possível. A maior parte do dinheiro é dada
por pessoas que não são ricas, mas que dão com sacrifício para que a causa de Deus
avance. Devemos sempre ter isto em mente ao usarmos os fundos confiados a nós.

PREPARANDO O ORÇAMENTO

Um dos primeiros passos ao planejar uma série evangelística é preparar o orçamento


e conseguir a aprovação. No evangelismo adventista, o evangelismo público é considerado
um evento patrocinado pela associação, então o orçamento é submetido à associação. 96 As
igrejas locais devem subsidiar as reuniões também. Mas, a maioria das associações vê os
fundos do evangelismo público como um subsídio da igreja local.
Antes de preparar o orçamento, você deve reunir suas estimativas das várias
despesas que ocorrerão durante as reuniões. Após você ter reunido tudo isso, sente-se com
um evangelista experiente ou com o secretário ministerial da associação e tome conselho
antes de submeter seu orçamento para ter certeza de que não se esqueceu de nada
importante. Eles apreciarão que você os consulte e irão ajudá-lo a desenvolver um
orçamento razoável para sua série evangelística.
Há quatro fontes de fundos para conferências evangelísticas:
1. Fundos da conferência;
2. Subsídio da igreja local;

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3. Ofertas durante as reuniões;
4. Venda de livros.
Algumas associações pedem às igrejas locais para que façam uma divisão em três
para conferências menores, com a associação, igreja e ofertas, cada um com um terço das
despesas. Para conferências maiores, e em algumas áreas, a associação assume uma parte
até maior dos custos.
Onde a associação consegue o dinheiro para patrocinar o evangelismo público? Há
várias fontes disponíveis. Em primeiro lugar, estão as ofertas das igrejas durante o ano para
programas da associação. Muitas associações recebem uma oferta especial para o
evangelismo nas reuniões campais a cada ano. Usar os dízimos para o evangelismo
também é aceitável. Uma parte do dízimo direcionado à união e à divisão retorna para a
associação local para ser usado no evangelismo. O sistema adventista de distribuição do
dízimo faz com que a igreja mantenha um fundo para essa tarefa tão essencial de nossa
missão.

O QUE INCLUIR NO ORÇAMENTO

Nesta seção examinaremos alguns dos itens que precisarão ser incluídos no
orçamento. Não pretendemos esgotar a lista, mas deve provar ser um bom guia quando
preparar as finanças para sua conferência. Também, pode incluir algumas coisas das quais
pode não precisar, mas seu orçamento será adaptado para se adequar à sua localidade.
Se você está alugando um salão, auditório ou qualquer outro lugar para abrigar as
reuniões, essa despesa deverá ser incluída no orçamento. Esta pode ser uma despesa alta
se você estiver alugando um grande salão público ou um salão de hotel, ou pode ser uma
despesa mínima se estiver usando uma sala de aula. Não é admitido fazer a conferência na
igreja local e cobrar o aluguel da associação por usar o edifício. A igreja deve ao menos
contribuir com o custo das acomodações para a conferência.
Algumas vezes, as associações irão lhe permitir que inclua despesas locais no
orçamento para as reuniões. Por exemplo, estávamos dirigindo uma conferência em agosto
e em algumas ocasiões tivemos dificuldade de encontrar um bom auditório. Em ambos os
casos, a escola da igreja local tinha um ginásio que poderia ser usado, mas não tinha ar
condicionado. Pedimos à associação que nos permitisse usar o dinheiro que iríamos gastar
para alugar um auditório para colocar um ar condicionado no ginásio. A associação
concordou, e a escola recebeu mais da metade do custo de colocar um ar condicionado no

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ginásio. Essa foi uma situação em que as duas partes saíram ganhando. É esse tipo de
circunstância em que pode ser permitido usar os fundos da associação para ajudar uma
igreja, mas deve-se sempre verificar antes com a liderança da associação.
Normalmente, a maior despesa numa série de conferências é a propaganda. Você
precisará pensar em todos os detalhes de que métodos de propaganda irá usar. Isso
significa que precisa decidir quais serão seus alvos, a fim de que possa determinar quantos
folhetos irá enviar, o custo de impressão e envio, etc. Esses dados você obterá da agência
que selecionou para produzir seu folheto. Além dos folhetos que serão enviados, você
precisará pedir algumas cópias adicionais para dar aos membros locais ao convidarem seus
amigos.
Além dos custos de impressão, produção e envio dos folhetos, precisará decidir quais
outras formas de propaganda irá usar. Contate a estação de TV e informe-se sobre os
preços. Informe-os de que você irá divulgar um evento local. Elas, muitas vezes, fazem um
preço melhor para propagandas locais do que se o pedido é feito por uma agência de fora.
Certifique-se também de perguntar sobre a produção de seu spot, assim você pode adicionar
esse custo no orçamento se a estação não providenciar esse serviço.
Quando você entrar em contato com o jornal local, pergunte sobre a taxa de anúncios
sem fins lucrativos. Isso não irá mudar a habilidade de escolher onde o anúncio aparecerá,
mas lhe dará um preço melhor. Com a maioria dos jornais, quanto mais você contrata para
divulgar durante o ano, menos você paga. Pergunte sobre os preços dos contratos.
Comprando apenas alguns centímetros a mais, você pode reduzir o preço total.
Outra despesa alta no orçamento é a literatura. Se você vende livros, isso permitirá
que seu orçamento vá além. Se você oferece muita literatura, isso irá aumentar o custo. No
entanto, há algumas coisas que você terá que oferecer. Se você der às pessoas um esboço
do seu sermão a cada noite, os custos de copiá-los devem ser incluídos nas despesas.
Qualquer livro que você der como incentivo deve também ser incluído.
Outra grande despesa são as Bíblias. Muitos evangelistas dão às pessoas a mesma
versão da Bíblia para que os participantes possam procurar os textos facilmente. Anos atrás,
a maioria dos evangelistas dava uma Bíblia a todos que vinham às reuniões. Elas eram
mantidas em estantes, enumeradas para que as pessoas pegassem a mesma Bíblia toda
noite. O custo disso tornou-se inviável. Se usar esse método, você precisará ter duas vezes
mais Bíblias do que as pessoas que espera, porque uma vez que alguém pega essa Bíblia,
ela é guardada para a mesma pessoa, mesmo que ela não volte. Isso significa que Bíblias
extras são compradas sem necessidade.

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Encontramos um modo mais simples de fazer isso. Colocamos as Bíblias nas
estantes ou nos assentos. As pessoas usam a Bíblia que estiver no assento quando
assistem a cada reunião. Essa Bíblia pode ter vários usuários se você tiver mais de um culto.
Com esse método, você compra menos Bíblias. Por exemplo, numa conferência que conduzi
recentemente, na qual 1.000 pessoas vieram para a primeira noite, usamos apenas 500
Bíblias para a série toda. Se cada um tivesse sua própria Bíblia para a série toda, teríamos
que incluir 2.000 Bíblias no orçamento. Assim, cortamos 75% do custo sem perder a eficácia
e pudemos usar o dinheiro para outras coisas.
Despesas de impressão além dos folhetos devem ser mínimas, porém, há algumas
que precisam ser incluídas. Quais são elas? Coisas como cartões de presença para as
pessoas preencherem a cada noite, folhas de anúncio, folhas de instruções para as
diferentes comissões, cartões de decisão, envio de lembretes semanais para os
interessados, etc. Alguns desses terão uma despesa pequena, mas devem ser incluídos.
Se está planejando ter um programa para as crianças, o custo deve aparecer no
orçamento. É sempre sábio providenciar esses serviços. Muitos evangelistas se esquecem
de incluir essa despesa adicional, mas o programa das crianças não pode ser oferecido sem
um custo. Outra área seria a decoração. Seria bom colocar algumas plantas e flores na
plataforma para que fique bonita e se estiver usando um auditório, você pode ter mais
despesas de decoração. Lembre-se de que essa será a primeira impressão que muitos terão
de sua família da igreja, e você quer que eles achem tudo bonito.
Equipamento pode ser uma grande despesa para a conferência. A maioria das
associações permite que evangelistas ou pastores coloquem alguns itens dessa área no
orçamento. Muitas vezes, fica mais barato comprar esses itens do que alugá-los por cinco
semanas. Verifique com os oficias de sua associação qual a política deles com relação a
equipamentos. Hoje em dia, quase não se ouve falar de conferências que não usam algum
tipo de equipamento de projeção. Muitas igrejas já possuem projetores que você pode usar.
Muitos pastores têm notebooks que podem ser usados. Outras coisas de que pode precisar
são um sistema de endereço público ou cadeiras adicionais se estiver alugando um
auditório. Pense cuidadosamente nos equipamentos de que irá precisar e certifique-se de
que é permitido colocar esses itens no orçamento.
É claro que você não irá pensar em tudo. O ideal é você ter planejado as despesas
principais, mas coisas pequenas irão continuamente aparecer durante a conferência. É bom
separar cerca de 5 a 10% de seu orçamento para despesas variadas. Assim, estará

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preparado para emergências. Elas acontecerão invariavelmente, então é sábio estar
preparado.

COMO LIDAR COM AS OFERTAS

Receber ofertas é uma parte vital da conferência evangelística; porém, descobrimos


que tirar oferta toda noite é contraproducente. Isso faz parecer que você está interessado em
dinheiro. Principalmente nessa era de desconfiança com relação a líderes religiosos e
dinheiro, não devemos criar uma impressão negativa. Descobrimos que tirar oferta uma vez
por semana é mais produtivo. Você não apenas recebe uma oferta maior, como não cria um
falso estigma sobre o dinheiro.
A primeira vez que experimentei tirar oferta uma vez por semana, fiquei com medo.
Temia que não levantasse a quantidade que normalmente levantava tirando ofertas todas as
noites. Contudo, fiquei surpreso de ver que a oferta total da conferência quase dobrou
comparada ao que recebíamos normalmente tirando ofertas todas as noites.
Também percebi que fazer apelos longos pela oferta resulta em menos dinheiro
recebido. Se as pessoas estão sendo abençoadas, elas ofertarão. Em nossas reuniões,
entregamos um envelope de oferta às pessoas na quarta-feira à noite para a oferta de sexta-
feira à noite. Damos a elas outro envelope quando chegam sexta à noite. Pegar um envelope
de oferta sugere uma doação maior do que apenas passar a salva. Os visitantes irão muitas
vezes fazer grandes contribuições. O melhor formato é fazer um apelo bem breve para a
oferta na quarta-feira à noite, e repeti-la rapidamente na sexta-feira à noite.
Ao estimar suas ofertas para uma conferência, algumas diretrizes serão úteis. O
primeiro passo é prever sua audiência adulta. A melhor forma é pegar a frequência da igreja
no sábado de manhã como a estimativa para a melhor noite de sua conferência. Raramente
a frequência da noite excede a do sábado de manhã. Nem todos os membros vêm às
reuniões, então os visitantes normalmente tomam seus lugares. Daí estime R$ 10,00 de
oferta semanal por pessoa. Assim, se a frequência de sua igreja é de 50 pessoas, você deve
esperar uma frequência de 50 pessoas nas reuniões. Se você pega um envelope de oferta
por semana, você deve estimar que sua oferta semanal seja de R$ 500,00. Para uma
conferência de cinco semanas, o total das ofertas será de R$ 2.500,00. Pelo fato de a
frequência diminuir à medida que a conferência progride, coloque R$ 2.000,00 no orçamento
como a estimativa das ofertas. Sempre represente as ofertas de um modo conservador. Se
estiver conduzindo uma série usando a abordagem de seminário, você deve colocar R$

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40,00 nas ofertas para cada pessoa no seminário inteiro. Então, se você tem dez
participantes, planejará R$ 400,00 de oferta para o seminário. Cada conferência será
diferente, mas essas diretrizes o ajudarão a estabelecer um orçamento estimado.
Também é importante a cada semana anunciar quanto recebeu em oferta na semana
inteira e louvar as pessoas pelo que elas deram e agradecer-lhes. Isso sempre gera
continuidade no ofertar. Pessoalmente, estabeleço um alvo alto para a oferta final –
geralmente o dobro do que o grupo tem dado normalmente. Às vezes, não conseguimos
isso, mas me surpreendo com a frequência com que alcançamos esse alvo. Particularmente
tento alcançar o orçamento estabelecido para as ofertas antes da última noite, para que a
oferta da noite final seja excedente.

COMO LIDAR COM OS FUNDOS RECEBIDOS

Uma vez que o evangelismo público é subsidiado pela associação como um evento
especial, um tesoureiro deverá ser apontado para a conferência. Algumas vezes, pode ser o
tesoureiro da igreja local. Outras, pode ser um tesoureiro apontado especialmente para essa
ocasião. Em pequenas igrejas, é geralmente o pastor.
A despeito de quem seja o tesoureiro, uma conta corrente especial deve ser criada
para a conferência. É importante nunca colocar o dinheiro numa conta corrente pessoal. Se
o tesoureiro da igreja está guardado os fundos, uma conta especial deve ser listada nos
livros para a conferência evangelística. Todo o dinheiro recebido da associação, e o subsídio
da igreja local, deve ser colocado nessa conta. As despesas dessa conta não precisam da
aprovação da comissão da igreja. Elas são feitas pelo evangelista ou pelo pastor, e são
providenciados recibos para qualquer reembolso recebido.
Um caixa pequeno deve ser criado para despesas pequenas, mas recibos devem
sempre ser apresentados para cada centavo gasto. Contas maiores são sempre pagas pelo
tesoureiro em cheque. As despesas nunca são pagas com as ofertas recebidas. Todo o
dinheiro da oferta é depositado na conta e então as contas são pagas com cheque. É muito
importante que os recibos sejam guardados para que não haja nenhuma dúvida de como o
dinheiro foi gasto.
O tesoureiro não deve ser a pessoa que conta a oferta. É melhor ter outras pessoas
para contarem a oferta a cada noite, então colocar o total num envelope, selá-lo e assinar
seus nomes do lado de fora testificando o total. Essa prática nunca deve ser negligenciada.
Ela garante que está sendo feita uma contagem adequada dos fundos recebidos.

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Ao final da série de conferência, o tesoureiro prepara um relato para enviar à
associação. A maioria das associações fornece o formulário que desejam que use. Ele listará
todas as despesas, com as ofertas e outros tipos de entradas. Dentro do envelope ou anexo
ao relatório devem estar os recibos de todas as despesas. Esse relatório é enviado à
tesouraria da associação e sujeito à auditoria.
Não demore para enviar o relatório financeiro à associação. Isso permite ao
tesoureiro da associação manter registros precisos. Um mês após o término da conferência
é tempo suficiente para pagar o resto das contas. Os tesoureiros das associações gostam de
receber o relatório antes do fim do ano.
Tente sempre retornar algum dinheiro para a associação no final. É sábio ter um extra
no orçamento para que sobre algum fundo. Isso é melhor do que ter que pedir fundo
adicional. A administração da associação aprecia evangelistas que vivem dentro do seu
orçamento, e é sempre mais fácil pegar dinheiro da próxima vez se a pessoa administrou
bem o que foi recebido.
Uma vez participei de uma comissão numa associação onde o dinheiro estava
escasso. Os orçamentos foram examinados cuidadosamente para ter certeza de que a verba
do evangelismo renderia o máximo possível. A comissão convidou um evangelista de fora
para fazer algumas conferências. Ele submeteu o orçamento, e era maior do que o
orçamento de toda a associação. A comissão olhou para o orçamento e finalmente o
aprovou com um corte de 25%. O evangelista concordou, fez as conferências, mas não
cortou suas despesas, e deixou a associação com uma grande dívida no final. Nem é preciso
dizer que o evangelista não foi mais convidado para trabalhar naquela associação. Portanto,
é importante sempre viver dentro do orçamento aprovado.
Ter o dinheiro de Deus em nossas mãos é uma responsabilidade importante e crucial.
Você não precisa ter medo de gastar o necessário, mas você também deve se guardar de
despesas desnecessárias. Faça o dinheiro render o quanto possível. Deus abençoará, e
muitas almas serão acrescentadas ao reino por causa de seu uso judicioso do dinheiro de
Deus.

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CAPÍTULO 12
PREPARANDO A IGREJA PARA O EVANGELISMO

Tudo pode estar preparado para o início do evangelismo – folhetos enviados,


sermões escritos, organização estruturada, etc – no entanto, ainda demonstram ser um
fracasso. Isto pode acontecer se os membros da igreja não estiverem suficientemente
preparados para ela. A preparação dos membros é a chave do sucesso para o evangelismo.
Muitas igrejas acham que o evangelismo é apenas uma atividade que ocorre somente
uma vez por ano, e o único momento que o trabalho evangelístico é realizado na igreja é
durante as conferências. Acreditam que a propaganda é suficiente para compensar sua
negligência pecaminosa em compartilhar diariamente de sua fé com outros. Deus não irá
abençoar uma situação como essa. Durante os programas evangelísticos via internet, muitas
igrejas pensaram que poderiam somente disponibilizar a transmissão via satélite, e as
pessoas iriam aparecer na igreja. Quando isso não acontecia, elas diziam que os programas
não funcionavam. O problema não era em decorrência do satélite, mas do fato de que pouca
ou nenhuma preparação havia sido realizada pelos membros.
Lembre-se de que o evangelismo público é um evento de colheita. Se a igreja não
estiver semeando anteriormente, não haverá colheita quando as campanhas acontecerem. O
ideal é que no dia-a-dia da igreja cada membro esteja testemunhando continuamente. Dessa
forma, a conferência poderá acontecer a qualquer momento, e sempre haverá pessoas a
serem alcançadas. Se esse ideal fosse alcançado pela igreja, não haveria necessidade de
“preparação” para as campanhas. A preparação seria apenas um fato cotidiano da vida.
A igreja deveria começar a se preparar para os encontros evangelísticos com a
antecedência mínima de um ano. Esse é o tempo que se leva para as pessoas estarem
prontas a responder a um evento de colheita. Neste capítulo examinaremos diferentes tipos
de atividades efetivas para a semeadura. Elas ajudarão os membros da igreja a estabelecer
relacionamentos com pessoas que não forem membros, como também a aumentar seu
próprio desenvolvimento espiritual.

ESTRATÉGIA DA ORAÇÃO

Se a conferência não for coberta de oração, nada de mais irá acontecer. A coisa mais
importante que você pode fazer para a preparação da conferência é conseguir que os
membros da igreja orem por ela. Isto será mais eficiente do que qualquer outra coisa que se

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possa fazer a fim de que as pessoas participem. É difícil não conseguir apoio para as
campanhas quando se ora regularmente para o sucesso destas. A oração derrama o poder
dos céus na igreja, e Deus será capaz de realizar mais para alcançar outras pessoas
enquanto Seus filhos oram.
Cerca de seis a oito meses antes do início das reuniões, o evangelista deveria
começar um ministério de oração poderoso. Há vários planos que você poderá usar. Neste
capítulo vou sugerir um deles que tenho empregado com muito sucesso. Em certa ocasião,
as visitas eram o triplo da quantidade de membros da igreja. Um dos anciãos da pequena
igreja onde foi realizada a conferência me disse que ele comparou essa experiência com
missões evangelísticas anteriores para descobrir por que este evento fora tão bem sucedido.
Ele percebeu que a propaganda usada fora parecida, mas que jamais a igreja havia orado de
forma tão intensa por uma campanha. A oração é poder, e uma conferência sem oração é o
mesmo que uma conferência sem poder. As pessoas são alcançadas não pela lógica e
persuasão, mas pelo poder maravilhoso de um Deus que ouve as orações.
Cerca de seis a oito meses antes da noite de abertura, prego um sermão sobre o
poder do Espírito Santo e sobre a importância da oração na preparação para a conferência.
Na conclusão, passo uma carta de compromisso para que as pessoas possam se inscrever
para serem guerreiras de oração em favor das reuniões. Há três níveis de guerreiros de
oração que elas podem escolher, de fo