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Minicurso Litigância no SIDH

Realização: Observatório Popular de DH


15/12

Apresentação – Thaise Bauer


Parceria com a Cátedra Dom Helder Câmara – UNICAP

Natália Damázio. Ex advogada da justiça global e atual integrante do Mecanismo do Rio.

Hoje: discutir uma noção geral sobre o SIDH e a discussão de fundo político. No campo
internacional, é um campo político por excelência.

Pensar a responsabilidade dentro do campo penal. Responsabilidade individual x responsabilidade


estatal.

SIDH – responsabilidade estatal. Medidas domésticas – ação civil pública. Pensando em sistema
internacional. Campo forjado em disputa estatal. Movimento pos segunda guerra mundial. Só a
partiur de 1948 começa a se discutir responsabilidade estatal. Um campo que nasce ocidentalizado,
campo da ONU/OEA.
Ganha uma nova força em 1945-48. tendemos a pensar a onu quando pensamos . A primeira
declaração de dh é da OEA. A declaração americana de direitos e deveres do homem. Suporte
grande de países da américa latina. Forte intervenção americana.
A declaração ainda é que o que a gente consegue responsabilizar os estados.

Comissão não é judicial como na corte.


Até 1969, você vai ter só a declaração, mas não tem um tratado vinculante. A comissão é criada,
monitoramento de DH nas Américas. Não tinha muita determinação. Série de alterações do
regimento. Visitas in loco. Em 1962, percebe-se que não dá conta.

1992 ratificação da convenção interamericana de DH, o país fica completamente obrigado. Reserva
temporal – um país fala, eu vou assumir direitos e deveres, mas eu não vou fazer isso a qualquer
tempo, vou fazer isso do período que eu assinei para frente.

Violação continuada de DH – caso do araguaia, chacinas da favela nova brasilia, herzog,


desaparecimento forçado, falta de acesso a justiça. Elas entram no periodo pos 1992.

uma execução na ditadura militar e que houve o devido processo legal, investigação punição, isso
não é uma violação continuada, é uma violação estanque, não pode ser litigada pela convenção.

A corte é em 1998. a corte você tem que assinar que aceita a jurisdicação da corte sobre seu país.
1992 e 1998 não são marcos temporais, servem de referência para os artigos que você vai puxar.

Art 8 e 25. desaparecimento forçado.

Requisitos de admissibilidade – sistema de casos. Impossível discutir autos de resistência sem


discutir a portaria. Decisão recente, explosão da fábrica de fogos. Trata-se de colonização. Decisão
da comissão recente, boa para ler. O tipo de colonização do Brasil não hove transição da escravidão.
Não se superou o trabalho extremamente degradante.

É muito pobre só o advogado fazer, tem que haver participação de impactado, historiador,
movimento social, mexer com memória. Tem que mostrar a sistematicidade da violação. Tem que
falar do arcabpuço historico, mostrar que é um problema estrutural, mostrar que é um problema
político. Bater no que efetivamente está originando a violação.

O período não é limitador. Apenas readequa a estratégia.

Acessibilidade do sistema. Caráter elitista. Aonde estão as sedes. A corte está na costa rica, a
comissão está em washington. Tem que ter ONG ou ator perto, se você precisa ir para lá, bancar
sobrevivência, avião, passaporte. Gratuita a entrada, mas não é gratuito o procedimento. A comissão
pode chamar audiência e você tem que ir. Ponto zero do elitismo. Ponto 2: diferença entre
acessibilidade formal. Não dá pra ir sem conhecimento técnico. A primeira condenação do brasil,
quem fez o processo foi a família.

2013 – até então você mandava a informação para a comissão, a comissão litgava o seu caso. Hoje,
você pode ser parte. Voto do Cansado Trindade, voto divergente, apontando para o cerceamento do
acesso a justiça porque a comissão é que litigava o caso. Ainda, a decisão final é da comissão, se vai
subir para a corte. Você não simplesmente acessa a corte.

Medidas de enfraquecimento do sistema. Denunciação de tratado. Estratégias possíveis –


assembleia geral da OEA, ocupar a OEA. Fazer advocacy pela assembleia geral. Quem indica os
juiizes da corte comissionada são os estados.

A comissão não fundamenta direito quando sobe e quando não sobe para a corte.

Dados: de 38 juizes que a corte já teve, questão problematica, representatividade, não tem criterio
racial, não tem autodeclaração, não tem critério de gênero, pessoas de uma elite estatal, marcadas
pela racialização da branquitude. Já a comissão, teve dois que um foi sobreviente do nazismo e
margareth macaulay, mulher negra e vem de movimento social. A academia é quando estamos até
ganhando, tipo, Zaffaroni na corte.

As penas das pessoas do complexo do curado tem que ser contada em dobro. Ver isso

alteração do perfil da comissão. Temos 70 comissionados até agora.

Deferimento das cautelares de belo monte. 2011. projeto desenvolvimentista do governo do PT.
Agronegócio e mega empreendimentos ninguém abre mão.

É preciso ter parceiros de folego no litígios, pois eles duram muitos anos, até 20 anos.

medida cautelar, medidas de não repetição de violação. Seis meses para deferimento.

Ver urso branco. Medida provisória. Reparação. A unidade deu uma aliviada. Mas é preciso julgar o
mérito

damazio.natalia@gmail.com

programa de proteção a testemunha – governo miguel arraes.

Relatório açúcar com gosto de sangue. Criação do provita. Programa federado, gerido pela
sociedade civil.
Litigância internacional – peso político muito grande.
Comissão de justiça e paz – gestão de dom helder camara. Assassinato de padre henrique. Há uma
mudança da chave da igreja católica. Dom helder seria a próxima vítima. Dom helder passar a ser
perseguido. Operação esperança, começa em 71. a prática do sistema interamericanao, relatório
testemunho cristão, documento em inglês. Relatório “brasil nunca mais” de Pernambuco. Cita o
caso odijas. Odijas é um estudante de agronomia executado no dops por um delegado, que vira
desembargador. Relatório da comissão estadual da verdade.

O custo operacional de uma litigância de 10 anos dentro de uma ONG é muito grande.

O relatório açúcar com gosto de sangue está na pagina da comissão da verdade.

AULA 2 – 17/12

aula mais pragmática.


Como fazer um litigio funcionar

seleção de casos para internacionalização: tem um artigo que depois vai ser colocado. Sandra
carvalo e eduardo baker. E artigo do Cavalaro.
Escolher casos estruturais e sistemáticos. Um caso mais isolado é menos propicio a ter bons
resultados, como o brasil é extremanente racista, misogino, lgbtfobico, a maioria das violações de
DH são estrtuturais e sistemáticas. Conseguir mover algo de politica publica.
Caso do maicon, criança de 3 anos que foi morta numa operação policial na década de 90. o caso
prescreveu em 2015. morador de uma favela que sofre violencia policial de um determinado
batalhão. Há uma alta taxa letalidade de crianças mortas em operações policiais no rio de janeiro.
Levar em consideração a vulnerabilidade da vítima. Saiu uma cautelar para os munduruku
no caso do covid. Quais são os grupos mais vulneráveis: privação de liberdade, população negra e
indígena. É importante litigar para criar jurisprudência. Fazer incidência estratégica, não só o litígio.
A gente quer expor publicamente que existe um processo de desmonte do sistema de saúde. Mas
não queremos tratar um caso específico. (ex. Hipotético). As vezes não teve o esgotamento interno.
Pode ser estratégico sentar com o estado. Mas as vezes não é viável. Para expor o estado e forçar o
estado a dar uma resposta que ele não dá. Há as audiências temáticas também.
Informe: documento muito simples de fazer: serve pars ONUN E OEA: endereçar às autoridades,
explicando quem está apresentando a denuncia e fazer uma explanação política. Mandar em inglês
para a ONU. Não deve ser um documento gigantesco. Mais direto e objetivo
mandar uma denuncia individual para um comitê faz litispendência. Então cuidado para não
queimar a largada. Ou vai pela ONU ou vai pela OEA. Se mandar informe não faz litispendência.
Caso de tortura, quero que vá para a ONU. Se você conseguir comprovar sistematicidade, pode o a
oNU abrir investigação contra o país.
Existem poucos casos sobre lgbti. Trans e travestis presas no complexo do curado é um dos
casos que estão sendo litigados. Mas já existe um bom lastro com relação a prisional, indígenas..
tem também as audiências regionais (problemas semelhantes em vários países). Ex: já houve
audiência regional sobre revista vexatória. Nas audiências regionais não tem o estado.
Nota técnica, também é um documento importante (enviar para o legislativo).
Após 15 dias de incomunicabilidade, é considerado tratamento desumano e cruel.
É importante estudar o sistema antes de pensar. Conhecer bem o sistema.
O que tem na inicial: comprovar que cumpriu os requisitios de adm, contexto político da violação;
fazer memória, onde vem, qual a origem daquilo, que políticas públicas estão ensejando aquilo e
quais os dispositivos da legilação internacional estão sendo violados.
O sistema de provas da corte é muito rígido, já o da comissão não é tanto.
Relatórios de oficiais e de ONGS, documentos da defensoria, respostas de autoridades, tudo
isso pode instruir.
Não precisa individualizar, mas tem que que ser individualizável na comissão. Na corte tem
que ser individualizado. Na corte exige procuração.
Esgotamento dos recursos internos: há exceções

esboço do que é o pedido. Isso é uma inicial.

Requisitos de admissibilidade.: 1. quesito temporal – tempo de fim da violação existe a


possibilidade. Por exemplo, arquivado no país. Arquivou, espera seis meses.; litispendência
internacional – não pode ter entrado em outro tribunal internacional; tratado, salvo violação
permanente (desaparecimento forçado ou violação continuada), antes de 1992, não pode.
2. esgotamento dos recursos internos – formadas adequadas de prestação jurisdicional –
comprovando que a justiça criminal não estava disponível, não funcionou como deveria, pode entrar
com o processo internacional. Princípio da quarta instância. A quarta instância funciona quando o
estado não funciona. Por exemplo, autos de resistência, instituições fazendo ping pong até a
prescrição. Não é preciso trânsito em julgado, basta ter o duplo grau de jurisdição enão ter uma
prestação adequada.
Existem exceções ao esgotamento: demora injustificada – critérios que tem estabelecidos 3 e 5
anos, complexidade do caso, não era para ter demorado tanto. Um caso mais simples, 3 anos. Um
caso mais complexo, 5 a 8 anos. Outra exceção: não haver recurso hábil para a vítima no direito
intenro. Se o MP arquiva o caso, a vítima não tem recurso. Crimes incondicionados. Tem que ser
um recurso acessível.

O processo na comissão: 15 a 20 anos. A inicial não é uma peça qualquer. A petição vai receber um
numero. Ainda não é um caso, é apenas uma petição. Aí entra na fase da admissibilidade. Aí você
vai responder e o estado vai responder. Pode ter admissibilidade com decisão emitida, ou pode ir
para um combo admissibilidade + mérito. Pode pedir reunião de trabalho, comissão, estado e
denunciantes para fazer um diálogo, tentar fazer uma solução amistosa. Existe uma tendencia do
estado a não cumprir soluções amistosas. Cumpre mais solução material e pedido de desculpas
(carater simbolico e financeiro). Solução amistosa é preciso avaliar junto com a família ou
comunidade da vítima para ver se vale a pena.
Depois da solução amistosa, você entra na etapa do mérito, que é pesado. No caso do urso branco,
foram analisadas as sentenças de todas as vítimas, durante um período de tempo de vários anos.

A solução amistosa, uma vez assinada e depositada suspende o processo, então é melhor não
depositar.

Depois sai o informe 50, decisão de mérito da comissão, que obriga o estado. Documento de
abertura do procedimento na corte.

escrita de provas indicação de perícias e testemunhas (documento pesado)

audiência

alegações finais

sentença

houve a perda do prazo no caso xucuru, quando ocorre a perda desse instituto , é preciso fazer uma
“nova inicial” na corte. A comissão apresentou a corte apenas o problema na terra, na desintrusão,
dos índios xucurus no processo de demarcação. Não se discutiu a criminalização dos xucurus. A
questão da terra era um elemento, mas não era o único. A discussão da corte girou mais em torno da
terra. A comissão, depois
tem que bancar o processo de admissibilidade na corte também. A corte pede procuração de todas as
vítimas.

O estado vai arguir que fez a sua parte. Aí você precisa instruir detalhadamente provando que não
cumpriu.

Condenações que envolvem presos que matam presos. Podemos pautar por aquilo que é interessante
politicamente, não ir para o lado da responsabilidade individual dos presos.

Medidas de urgência – mais precarios que as medidas cautelares


tem que requisitos diferentes: provocação do direito e do sistema interno, tem que pelos, menos
tentar internamente, mas não é determinante. O que é pre requisito: comprovar extrema gravidade
de dano irreparável, se a estância internacional não agir as pessoas vão morrer, vai haver danos. Se
ficar parado, pode ser arquivado. E sendo, arquivado, é difícil desarquivar.

Exemplo, acesso a leito na pandemia de covid-19. Isso para um diabético é muito mais grave para
quem não é grupo de risco. As cadeias tem uma situação muito ruim, mas o complexo do curado
coloca a vulnerabilidade muito acima da média. Ou os presos do curado tiveram dh violados ou
muito provavelmente terão. A violação está em iminência ou já ocorreu. O dano não é reparado
financeiramente. Dano irreparável. A compensação não é equiparável.

De seis em seis meses é preciso fazer atualização do processo.

Cumprimento de medidas provisórias e cautelares: em recife tem. Juizes da vep, mp, peticionarios,
depen, cnj, itamaraty, agu, pge, mpf, se reunem, faz um plano de ação de cumprimento. Com esses
atores. Nem sempre é fácil o andamento dos trabalhos nessas reuniões, pois as vezes alguns
representantes “não estão afim”.

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