Você está na página 1de 8

Métodos e estratégias pedagógicas

Os métodos pedagógicos situam-se ao nível da organização e da sistematização de


procedimentos e atitudes de formadores e formandos no contexto da situação de
formação.
Os métodos utilizados na Formação Profissional assumem uma importância tão grande
que os conteúdos dos programas têm reflexos diferentes nos formandos, consoante se
utilizam métodos passivos ou activos.
Sejam quais forem as finalidades da formação, o método é sempre um elemento
fundamental na determinação dos caminhos a percorrer por formandos e formadores, e
na orientação do trabalho pedagógico que é desenvolvido por uns e por outros.
Neste módulo pretende-se fazer uma síntese dos principais métodos e técnicas que um
formador dispõe para a dinamização das suas acções de formação.
Inicia-se com uma breve caracterização dos diferentes métodos identificando as suas
principais características, as vantagens e desvantagens de cada um deles por forma a
permitir ao formador proceder à selecção daqueles que melhor se adequem aos
objectivos e à situação específica da formação.
Pode definir-se método como o modo consciente de proceder para alcançar um fim
definido; como um meio de transmissão de saberes; como um elemento autónomo e
fundamental na relação de formação.
Os métodos pedagógicos situam-se ao nível:
- Da organização e sistematização de procedimentos;
- Das atitudes de formadores e formandos, estando directamente ligados com teorias e
práticas que tornam possível a aquisição de conhecimentos e aprendizagens de
procedimentos, hábitos e atitudes.
DEFINIÇÃO DE MÉTODO PEDAGÓGICO
Um método pedagógico define um conjunto coerente de acções do formador, destinadas
a fazer desenvolver nas pessoas a capacidade de aprender novas habilidades, obter
novos conhecimentos e modificar atitudes e comportamentos. Implica
ordenação de meios e direcção a um fim, e consiste na aplicação coordenada de um
conjunto de técnicas e procedimentos. Método significa caminho, percurso. 
O célebre dito “caminhante não há caminho, o caminho faz-se ao andar” tem suscitado
uma série de comentários e de interpretações, e se o quisermos ligar aos Métodos
Pedagógicos teremos necessariamente de ponderar a hipótese de que o mesmo se
deverá ir concretizando à medida que a formação decorre.
Os métodos pedagógicos são vulgarmente classificados
como Expositivos, Interrogativos, Demonstrativos e Activos, representando cada um
deles, um papel essencial no evoluir das situações de formação.
Método Expositivo
MÉTODO EXPOSITIVO
O Método Expositivo está habitualmente relacionado com o ensino tradicional, também
designado por educação vertical, dado que a comunicação se
processa unilateralmente e verticalmente do formador para os formandos.
O Método pode ser definido como aquele em que o formador desenvolve oralmente um
assunto dando todo o conteúdo, e estruturando o raciocínio e o resultado a medida em
que a comunicação é descendente, do formador para o formando, este último não passa,
na maior parte dos casos, de um agente passivo. Este método pode ainda ser designado
por “sessão do curso”, “método tradicional”, etc. É, sem dúvida, o método mais utilizado
e também o mais contestado.
 
Regras de Utilização do Método Expositivo
Preparação
- Preparar o plano de acordo com os formandos a que se destina (identificar previamente
os seus conhecimentos sobre o assunto, motivação para o tema, experiência 
profissional, idade, etc.);
- Nunca redigir por completo o texto que se vai apresentar.
- Elaborar apenas auxiliares de memória com os pontos-chave, exemplos a dar,
analogias, (em fichas de cartão);
- Procurar treinar previamente para definir com algum rigor o tempo necessário para a
exposição.
Desenvolvimento:
- Na introdução, a primeira coisa a fazer é motivar tema. Se o tema for suficientemente
atractivo, pode começar simplesmente por apresentar o tema e os objectivos da sessão;
- Desenvolver os conteúdos em pequenas sequências, fazendo sínteses parcelares;
- Partir sempre do mais simples para o mais complexo;
- Explicar todos os conceitos fundamentais;
- Insistir/repetir nos aspectos apelar à memorização;
- Utilizar linguagem adaptada ao público
- Dar exemplos/fazer analogias que permitam visualizar os mais complexos.
Conclusão:
- Fazer síntese da apresentação (eventualmente com auxílio da técnica das perguntas);
- Colocar-se à disposição dos formandos para os esclarecimentos necessários;
- Preparar previamente as possíveis objecções e perguntas estando devidamente
documentado para lhes dar resposta.
Vantagens 
- Pode ser uma boa opção para transmitir um aspecto do saber que posteriormente pode
ser objecto de um outro tipo de tratamento.
- De um modo geral o formador domina completamente a matéria das suas sessões e
isso é, sem dúvida, uma das razões porque é tão utilizado, não obstante as críticas.
- Apesar de não ser dos mais propícios ao desenvolvimento de atitudes, aplica-se a um
leque amplo de conteúdos e situações educativas, particularmente no domínio cognitivo.
- Permite o ensino de uma grande variedade de raciocínios, de conceitos e de técnicas.
Podem utilizar documentos e meios audiovisuais (transparências, diapositivos, filmes,
- gravações, vídeo, emissões de TV, etc.) para uma melhor exploração da sessão.
- É económico, pode ser utilizado com um grande número de formandos e aplicável em
meios com poucos recursos.
- Pode proporcionar “reforço” ao formador. Este sente-se compensado com a atenção que
recebe.
- Permite uma estruturação rigorosa da aprendizagem, e controlo global dos pré-requisitos
e a avaliação dos conhecimentos adquiridos.
- Deixa uma grande liberdade de iniciativa ao formador (pode improvisar-se)
- Apesar do relacionamento formal, poderá ser desencadeado o desenvolvimento de
relações entre o formador e os formandos e destes entre si, dependendo essencialmente
da personalidade do formador o facto de essas relações serem positivas ou negativas.
- É adaptável a vários destinatários e contextos.
 
 Desvantagens 
Eis as principais críticas apontadas ao Método Expositivo:
- Há grande probabilidade de se perder grande parte do conteúdo uma vez que só
retemos cerca de 20% daquilo que ouvimos;
- Não respeita o ritmo individual dos formandos;
- Sobrevaloriza a linguagem;
- Pode transformar-se numa sessão magistral do formador;
- Modela mais o espírito do que o desenvolve;
-  Está muito dependente da capacidade de empatia e comunicação do formador;
- Não favorece a iniciativa nem a aprendizagem autónoma;
-  Não aproveita as experiências individuais dos formandos, nem as sinergias do grupo;
-  Não vai ao encontro das situações concretas, próximas da realidade profissional dos
formandos;
- Pode ser desmotivante para os formandos, dada a sua fraca participação;
- Pode adaptar-se mal a formandos heterogéneos;
- Pode correr-se o risco da aprendizagem ficar aquém do que é transmitido;
-  Mesmo quando solicitado feedback, nunca é feito de forma contínua e global;
- Não favorece a transferência do que é aprendido para situações reais ou situações
novas.

Método Interrogativo
Este método desenvolve-se como uma espécie de “pingue-pongue” jogado entre o
formador e cada um dos formandos, dado que a comunicação se processa em dois
sentidos:
- formador/formando,
- formando/formador,
sendo que a sessão é totalmente conduzida pelo formador.
Com este método pretende-se dar mais importância ao processo de pensamento
independente e activo de quem aprende, assumindo especial importância as aptidões e
técnicas de formulação de perguntas. (Veja mais à frente a técnica das perguntas).
Trata-se de um método que pode ser utilizado quando se pretende controlar  um
conhecimento adquirido, ou quando se pretende promover a descoberta  de uma
realidade apreendida de forma confusa, ou mesmo quando se  pretende levar os
formandos ao desenvolvimento de atitudes mais autónomas.
Regras de Utilização do Método Interrogativo
Raras são as sessões em que o formador utiliza apenas o método  Interrogativo. Na maior
parte das vezes, este funciona como técnica auxiliar  de outros métodos,nomeadamente
do Método Expositivo e Demonstrativo.
A sua estrutura baseia-se em sequências de perguntas/respostas,  começando nos
conceitos mais simples evoluindo para os mais complexos,  até à descoberta do
conhecimento por parte dos formandos. Pode também  ser utilizado para
avaliar conhecimentos, supostamente já adquiridos.
Dentro do Método Interrogativo destacamos a Técnica das Perguntas:
Técnicas das Perguntas
Trata-se de uma técnica que tem como finalidade:
- Fazer arrancar a discussão;
- Estimular ou moderar a discussão;
- Descobrir fontes de informação;
- Determinar a razão de certas opiniões;
- Levar a considerar uma ideia, uma decisão ou uma acção;
Quanto à forma, as perguntas classificam-se em abertas, fechadas e de  escolha
orientada.
Papel do Formador na implementação desta técnica:
Como formular perguntas:
- Fazer perguntas curtas e claras;
- De modo natural, com tacto, sem hostilidade e sem colocar os  participantes em
“cheque”;
- Adaptadas aos conhecimentos do grupo e a que os participantes possam  responder;
- Se uma pergunta geral fica sem resposta terá de ser formulada de forma  diferente ou
dirigida directamente a um participante;
- Evitar que sejam sempre os mesmos elementos a responder a todas as  perguntas.
Quer como Método Interrogativo, quer como Técnica das Perguntas eis  algumas regras
da sua utilização:
Preparação:
- Se vamos começar por fazer perguntas, o tema não pode ser muito complexo, e os
formandos devem ter alguns conhecimentos sobre o assunto;
-  Deve ser feita uma lista de perguntas previamente, de forma a dar uma linha condutora
à sessão;
-  Partir das ideias mais simples para as mais complexas;
-  Utilizar os vários tipos de perguntas, em função do que se pretende conseguir dos
formandos, bem como para manter a linha condutora da sessão.
Desenvolvimento:
-  Na Introdução deverá apenas apresentar-se o tema proposto; não esquecer que o
método interrogativo procura promover a reflexão, fazendo a aprendizagem através do
relacionamento do novo com o adquirido, através do raciocínio indutivo;
-  Partir sempre dos conceitos mais simples para os mais complexos;
-  Desenvolver os conteúdos em pequenas sequências (“step by step”);
-  Utilizar continuamente o reforço positivo (através de palavras encorajadoras ou simples
expressões faciais ou gestos de apreço);
-  Fazer perguntas direccionadas, procurar a participação do maior número possível de
formandos.
Que perguntas, em que situações?
Perguntas Abertas (iniciadas por Como, Porque, Quando? etc.) para:
-  Dar início à discussão;
-  Estimular os participantes, levando-os a reflectir sobre uma ideia;
-  Incentivar a participação dos formandos;
-  Para obter uma explicação.
 
Pergunta Fechadas (com resposta “sim”, ou “não”) para:
-  Moderar uma participação;
-  Obter resposta muito sintética.
 
Perguntas de Escolha Orientada (“então não acha que...”; “acha que é  branco ou preto?”
para:
-  Salientar determinados pormenores;
-  Estimular a confiança do participante, permitindo-lhe acertar;
-  Orientar uma discussão que está a perder o norte.

Método Demonstrativo
Trata-se, de um método pedagógico utilizado para a aprendizagem de tarefas manuais ou
psicomotoras. Todas as operações têm de ser feitas segundo uma determinada fase; só
depois de estar concluída a primeira fase é que se pode passar à fase seguinte. Este é
usado pelo formador para a exibição da correcta execução de cada uma das operações
básicas de uma determinada função e do uso adequado do equipamento.
 
Preparação:
- Do Equipamento
- Do Formando
Apresentação pelo Formador
- Sincrética (percepção inicial de um todo. É o impacto perceptivo global que fornece
uma compreensão mais ou menos difusa da realidade);
- Analítica (processo de assimilação para incorporar na experiência anterior a nova
realidade. É a decomposição em partes para um estudo detalhado e minucioso);
- Sintética (recomposição do todo, já estudado e analisado. É o processo que o indivíduo
integra na sua mente, a realidade assimilada).
 
Aplicação pelo Formando com a ajuda do Formador
- Verificação dos conhecimentos

Regras de Utilização do Método Demonstrativo


Este método só pode ser utilizado por um especialista no assunto.
Alguém que domine perfeitamente a técnica de execução, e seja capaz de distinguir o
essencial do acessório.
Antes do início da sessão deve o formador decompor a tarefa a executar em todas as
suas etapas, fazer a listagem do material e equipamentos, bem como as regras de
segurança para a sua utilização, e ainda os critérios de avaliação.
Finalmente, deverá cumprir rigorosamente as etapas de execução da tarefa, garantindo
que os formandos avançam etapa por etapa, simultaneamente.
1º – Preparação/Acolhimento
O formador introduz o tema em termos de objectivos, metodologia (fases da
demonstração), material e equipamentos, esclarece sobre os critérios de avaliação, avalia
os pré-requisitos e motiva para a realização da tarefa.
2º– Demonstração (4 fases de execução)
1ª FASE
Execução em tempo real pelo formador, sem grandes explicações.
2ª FASE
Execução por fases, pelo formador, explicando etapa por etapa e mostrando 
como fazer, insistindo nos pontos chave:
- Segurança;
- Rapidez;
- Qualidade.
3ª FASE
Distribuição do material e equipamentos, seguindo-se a execução da tarefa pelos
formandos, auxiliados pelo formador.
4ª FASE
Execução pelos formandos, sem ajuda do formador, que realizam a tarefa, etapa por
etapa. O formador corrige erros e verifica se o formando compreendeu todos os pontos
(avaliação das aprendizagens).
3º – Síntese Conclusiva
Reforço dos participantes, esclarecimento de dúvidas, entrega eventual da lista dos
materiais e troca de impressões acerca dos critérios de avaliação.
EXEMPLO:
Exemplo de uma tarefa do dia gestos/etapas que poderia ser demonstrada numa sessão
de formação (pagamento de um serviço por Multibanco):
- Tirar o cartão da carteira e a factura;
- Inserir correctamente o cartão Multibanco;
- Aguardar o pedido de introdução do código pessoal;
- Digitar o código;
- Carregar na tecla “OK”;
- Seleccionar a opção “pagamentos”;
- Seleccionar a opção “pagamento de serviços”;
- Digitar o código da Entidade;
- Digitar o código da referência;
- Digitar o montante constante na factura;
- Conferir todos os dados introduzidos;
- Carregar na tecla “OK”;
- Aguardar pela devolução do cartão;
- Retirar o cartão;
- Retirar o talão.
Vantagens do Método Demonstrativo
Eis algumas das vantagens habitualmente apontadas ao método demonstrativo:
- Permite a transmissão de conhecimentos teóricos e práticos;
- Possibilita a participação dos formandos, dialogando, observando e realizando;
- Fomenta a capacidade de planear o trabalho;
- Permite a realização do trabalho em grupo e também a individualização  da
aprendizagem;
- Desenvolve conhecimentos do “como fazer”;
- Possibilita o controlo dos desvios individuais negativos;
- Adequa-se aos ritmos individuais de aprendizagem.
Desvantagens do Método Demonstrativo
- Exige grande disponibilidade de tempo;
- Só pode ser utilizado com grupos reduzidos;
- Necessita de material pedagógico específico (equipamentos e materiais);
- Requer um acompanhamento individualizado ao formando;
- Obriga a uma preparação exaustiva por parte do formador.

Você também pode gostar