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UNIP – Universidade Paulista

ENGENHARIA CIVIL

CAMPUS – CHÁCARA II

CADERNO

Atividades Complementares

ALUNO: ANA CAROLINA ZANON RODRIGUES COSTA


RA: C568HH-6
TURMA: 10/WA0907

SÃO PAULO
2021 / 2
PONTES ESTAIADAS
1. PONTES ESTAIADAS

1.1. História

É importante e oportuno lembrar através de alguns dados históricos que


a solução vem de longe tendo sido usada já há muito tempo e em algumas obras
espetaculares. A ideia é muito antiga, o próprio Leonardo da Vinci já a sugeriu
em seus rabiscos (Fig. 1). O prezado leitor poderá encontrar dados mais precisos
nas referências indicadas no final deste artigo, de modo especial na matéria
apresentada pelo Prof. René Walther em seu livro Cable Stayed Bridges
dedicado ao grande Fritz Leonhardt.

Uma das primeiras pontes construídas com estais e documentada, data


de 1784 e foi construída toda em madeira, inclusive os estais, por um carpinteiro
alemão de nome Löscher na cidade de Fribourg na Suíça (3). O seu vão era de
32 metros (Fig.2).
Dessa mesma época datam pontes ao mesmo tempo pênseis e estaiadas,
construídas nos Estados Unidos e na Inglaterra. Em 1817 dois engenheiros
ingleses construíram na Inglaterra a King’s Meadows Bridge (3), uma passarela
estaiada com 33,6 metros de vão, usando estais de arame e pilares de ferro (Fig
3).

No mesmo ano foi construída a ponte em Dryburgh Abbey (3) sobre o Rio
Tweed com 79,3 metros de vão (Fig. 4).

Esta ponte apresentava fortes vibrações quando atravessada por transeuntes e


seis meses depois de pronta, não resistiu a um vento muito intenso. O fato
suscitou em 1823 uma manifestação de C.L.Navier, nome famoso na
Resistência dos Materiais e que no artigo
Report et Mémoires sur les Ponts Suspendus (3), propôs o sistema mostrado na
Fig.5.
Mas os acidentes ocorridos com pontes estaiadas tanto na Inglaterra como na
França e Alemanha levaram Navier a considerar as pontes penseis mais
confiáveis do que as estaiadas.
Em 1824 construiu-se sobre o Rio Saale na Alemanha (3) uma ponte com 78
metros de vão (Fig. 6) a qual apresentava deflexões excessivas e cujos estais-
correntes acabaram rompendo sob carga de multidão. A ponte toda veio abaixo.

Em 1855 o engenheiro alemão Johann August Röbling emigrado para os


Estados Unidos construiu junto às Cataratas de Niagara uma magnífica ponte
com 280 metros de vão, com dois tabuleiros sobrepostos e suportados por cabos
parabólicos e estais inclinados (Fig.8).

O tabuleiro inferior destinado às carruagens e pedestres e o superior à estrada


de ferro. Em 1867 o mesmo engenheiro construiu a ponte sobre o Rio Ohio em
Cincinnati e em 1883 a famosa ponte de Brooklyn em Nova York com um vão
principal de 486,5 metros e um comprimento total de 1059,9 metros, usando
novamente cabos parabólicos e estais inclinados. Seus cabos conservam-se até
hoje (Fig.9).
Robling não chegou a ver a ponte pronta. Faleceu em consequência de acidente
ocorrido na obra. A ponte foi concluída por seu filho.
Em 1868 foi construída por Ordish et Lê Fleuve a ponte Franz Joseph sobre o
rio Moldau em Praga, com 100 metros de vão. E em 1873 os mesmos
engenheiros usando o mesmo sistema construíram em Londres a Albert Brige
com 122 metros de vão, ponte que ainda está em uso, mas com um tráfego mais
leve e um pilar auxiliar no meio do vão (Fig.10).

Em 1899 o francês A.Ginclard provou com uma de suas notáveis obras, a ponte
em Cassagne (156 metros de vão central) as vantagens da ponte estaiada sobre
a ponte pênsil no que se refere à transmissão de cargas e à rigidez da estrutura.
Em 1925 G. Leinekugel Lê Cocq usou solução semelhante para a ponte de
Lezardrieux (Fig.11).
Em 1938 o grande Dischinger projetou uma ponte com 409,85 metros de vão
central sobre o rio Elba na Alemanha utilizando cabos parabólicos, cabos
verticais e estais pré-tensionados, melhorando com estes últimos
acentuadamente a rigidez e a estabilidade aerodinâmica da ponte (Fig.12).

Dischinger e já agora também Leonhardt, com suas inovações muito


contribuíram para a reconstrução das pontes destruídas durante a Segunda
Guerra Mundial e na construção de grande número de pontes novas.
Dischinger projetou em 1955 a ponte de Strömsund na Suécia, considerada a
primeira ponte estaiada moderna (Fig.13).

Nas primeiras pontes estaiadas modernas utilizaram-se poucos estais


concentrados. São exemplos marcantes dessa época as três pontes projetadas
por Leonhardt junto com o arquiteto Friedrich Tamms para a cidade de
Düsseldorf sobre o Rio Reno na Alemanha. Nestas três magníficas obras, a
Ponte Theodor Heuss (1958 – Fig.14), a Ponte de Oberkassel (Fig.15) e a Ponte
Knie, (1969 – Fig.17), Tamms afim de dar ao conjunto um visual único, sugeriu
para as três os estais a forma de harpa (Fig.16).
São três obras monumentais, próximas uma da outra e nas quais o espaçamento
bastante grande entre estais (mais de 30 metros) exigiu tabuleiros mais rígidos
e de mais altura.
Também são desta época algumas passarelas estaiadas das quais uma das
primeiras foi construída em Stuttgart no ano de 1960, nos jardins do antigo
castelo imperial, cortado agora por várias rodovias. Essa passarela (projeto
Leonhardt) foi construída em aço (Fig.18) e seu único pilone assenta sobre apoio
de borracha confinada. A estrutura mostrou-se bastante sensível às vibrações
provocadas por transeuntes.

Obra marcante na década (1962) foi a ponte sobre o Lago Maracaibo na


Venezuela, projetada pelo engenheiro e arquiteto italiano R. Morandi. Suas
características são poucos estais concentrados suportando um tabuleiro de
concreto bastante pesado (Fig.19) (a propósito, a ponte foi atingida por uma
embarcação e posteriormente restaurada).

Atualmente, a não ser por imposições específicas, a solução de poucos estais é


pouco usada por ser anti-econômica e pela dificuldade de execução do tabuleiro.
Assim em 1967 o eng. H. Homberg projetou a Ponte Friederich Ebert na cidade
de Bonn (Fig.20), utilizando pela primeira vez estais próximos e situados num
único plano, solução hoje em dia generalizada e de grande aceitação por sua
aparência harmoniosa, por sua economia e facilidade de execução. A
proximidade dos apoios elásticos leva a uma flexão longitudinal moderada do
tabuleiro tanto na fase de construção (em avanços sucessivos) como na de
operação. A suspensão axial do tabuleiro também requer do mesmo rigidez à
torção.
1.1. Pontes estaiadas no Brasil

No Brasil, a primeira ponte estaiada projetada foi a Ponte de Porto


Alencastro, localizada sobre o Rio Paranaíba, na divisa entre Minas Gerais e
mato Grosso do Sul. Esse projeto foi encomendado pelo atual DNTI (Direção
Nacional de Transporte Infraestrutura) ao consórcio formado pela Noronha
Engenharia e Fritz Leonhardt. O início da construção dessa ponte foi
concomitante à Ponte Estação Metroviária Engenheiro Jamil Sabino, localizada
sobre o Rio Pinheiros, em São Paulo, com uma extensão de 126 metros, mas
esta última foi a primeira a ser inaugurada, no ano 2000. Em seguida, foi
inaugurada Ponte Sergio Mota, localizada sobre o Rio Cuiabá, na cidade de
Cuiabá, Mato Grosso do Sul. Em 2003, foi inaugurada a Ponte sobre o Rio
Guamá, em Belém do Pará. Trata-se de uma ponte sustentada por cabos
dispostos no formato de leque, que liga a região metropolitana da capital Belém
à parte nordeste do Estado do Pará, possui uma extensão total de 2000m e vão
estaiado central de 320 metros. No mesmo ano, inaugurou-se a Ponte JK, em
Brasília, e a Ponte da Amizade, construída sobre o Rio Acre, na fronteira entre o
Brasil e Bolívia. Em 2004, foi a vez da Ponte Irineu Bornhausen ser inaugurada,
na cidade de Brusque, Santa Catarina. Em 2006, foi inaugurada a maior
passarela estaiada do Brasil (200 metros de comprimento) em Rio Branco, Acre.
E, no mesmo ano, inaugurou-se a Ponte Construtor João Alves, localizada sobre
o Rio Sergipe, em Aracaju, Sergipe. A última ponte estaiada a ser inaugurada foi
a Ponte Octavio Fria de Oliveira, construída sobre o Rio Pinheiros, em São
Paulo, essa ponte se caracteriza por ter dois vão curvos.
Atualmente, o maior emprego das pontes estaiadas deve-se aos tabuleiros
inteiramente metálicos, ao desenvolvimento da tecnologia, tanto do aço como do
concreto, dos estais, suas ancoragens e sua execução, ao custo competitivo
(comparado a outras soluções), à facilidade de construção, ao apelo estético,
assim como também da evolução da análise estrutural. Os computadores,
mediante a implementação de softwares, permitiram uma velocidade de
processamento maior para a obtenção da solução, levando em conta a alta
hiperestaticidade que apresentam esse tipo de estrutura. Entretanto, é importar
destacar que ainda hoje as soluções aproximadas são feitas mediante pré-
dimensionamento.
1.2. Concepção e Estrutura

1.2.1. Concepção

O desafio representado pelas pontes estaiadas surge desde o momento da


concepção do seu projeto e permanece em toda a sua fase de construção.
O projeto preliminar de uma ponte estaiada consiste, basicamente, em
determinar para certo arranjo estrutural escolhido as dimensões iniciais dos vãos
com suas respectivas propriedades seccionais, a altura da torre e o nível de
tensão inicial nos estais.
Existem muitas formas de se chegar ao modelo preliminar de projeto, mas todas
essas formas constam de diversas etapas, além de um entendimento estrutural
do problema. Uma delas, a mais conhecida, é a metodologia de espiral. Nessa
metodologia, o projetista parte de um conjunto de requisitos de projeto a serem
cumpridos e utiliza sua experiência prévia em projetos semelhantes. Em passos
sequencias de cálculo, o projetista refina o modelo estrutural em busca de um
projeto final considerado aceitável (aquele projeto que satisfaz todas as
necessidades físicas e estruturais). Uma forma mais explícita é adotada por
WALTHER (19985); uma modificação do fluxograma estabelecido por esse autor
é apresentada na (Figura 21).
Uma das formas de se chegar ao modela preliminar de projeto é mediante o pré-
dimensionamento da estrutura. Esse estudo não se vê altamente alterado em
comparação com o pré-dimensionamento de pontes regulares. É importante
ressaltar que as características iniciais adotadas para os elementos estruturais
influem em toda a distribuição de esforços, já que a estrutura possui grau de
hiperestaticidade elevado.

A determinação da área da seção transversal das cordoalhas dos estais, por


exemplo, influi muito no comportamento de toda a estrutura e é uma tarefa que
requer a adoção de diversas hipóteses. (TORNERI, 2002).

O desafio é achar uma distribuição de esforços nos estais que anule os


deslocamentos no tabuleiro para as cargas permanentes e, posteriormente,
alcançar o ajuste das forças finais. É importante destaca que, anulando esses
deslocamentos, os momentos também serão diminuídos.

A complexidade do problema aumenta no caso de surgirem estais inclinados em


relação ao plano dos mastros como, por exemplo, a Ponte Roberto Marinho, no
Rio Pinheiros, em São Paulo, Brasil. São utilizados softwares para solucionar
esses tipos de sistemas altamente hiperestáticos, mediante análises estáticas
exatas, levando em consideração seu comportamento em três dimensões.
Figura 21: Fluxograma simplificado do projeto e uma ponte estaiada a partir do estabelecido por
WALTHER (1985).

1.2.2. Estrutura

Nos últimos anos, as pontes estaiadas têm se desenvolvido rapidamente,


obtendo sucesso devido ao fato de cobrirem grandes vãos de forma econômica,
além de possuírem um forte apelo estético. Os componentes existentes nesse
tipo de pontes estão apresentados na (Figura 22):
Figura 22: Componentes de uma ponte estaiada

Existem vários tipos de sistemas estruturais associados, principalmente, ao


arranjo dos cabos da ponte: arranjo em leque, semi-harpa e harpa. Os arranjos
usuais de cabos variam tanto na direção transversal como na longitudinal
(Figura 23).
Também existem sistemas estruturais diferenciados segundo o tipo de mastro:
de plano simples (mastro central ou lateral) ou de plano duplo (mastro vertical
ou inclinado) (Figura 23).

Figura 23: Arranjo transversal e longitudinal dos cabos

1.3. Ponte Octávio Frias de Oliveira


Fazendo parte do roteiro de horas complementares (Figura 24,25 e 26) a
ponte Octávio Frias de Oliveira é uma ponte estaiada localizada na cidade de
São Paulo, estado de São Paulo, Brasil. A ponte, que faz parte do Complexo
Viário Real Parque, é formada por duas pistas estaiadas em curvas
independentes de 60º que cruzam o rio Pinheiros, no bairro do Brooklin, sendo
a única ponte estaiada do mundo com duas pistas em curva conectadas a um
mesmo mastro. Foi inaugurada em 10 de maio de 2008, após três anos de
construção, e hoje é um dos mais famosos cartões postais da cidade.

1.3.1. Construção

A obra ficou a cargo da construtora OAS, envolvendo 420 funcionários,


trabalhando em dois turnos. O projeto é de autoria de Catão Francisco Ribeiro,
tendo como arquiteto o paulista João Valente Filho. Edward Zeppo Boretto é o
engenheiro responsável e Norberto Duran, o gerente de obras, ambos
pertencentes aos quadros da Empresa Municipal de Urbanismo (EMURB).

Foi previsto um custo de aproximadamente R$ 184 milhões para


a construção do complexo em si, e mais R$ 40 milhões para a sinalização
viária, drenagem e pavimentação. A obra foi viabilizada através da venda de
CEPACs (Certificados de Adicional de Construção) das regiões próximas.

No dia 8 de abril de 2007, o operário Luiz de Araújo Sousa, de 22 anos, morreu


após cair de uma das pistas.

As obras do Complexo Viário Real Parque foram iniciadas na gestão municipal


de Marta Suplicy, em 2003, e retomadas na gestão de José Serra em 2005 após
mudanças no projeto (de duas para uma torre) que resultaram na economia de
30 milhões de reais. A inauguração da ponte foi realizada no dia 10 de maio de
2008 pelo prefeito Gilberto Kassab, após adiamento de cerca de dois meses.

1.3.2. Concepção
No total, cada sentido da ponte tem 290 metros de comprimento. Sob o mastro
em "X", que suporta os estais, se cruzam três vias em níveis diferentes: as duas
pistas suspensas da ponte e a via marginal de manutenção, no nível do solo.
Além disso, uma linha de transmissão elétrica percorre a margem do rio pelo
subterrâneo da via de manutenção e o Córrego Água Espraiada deságua no rio
Pinheiros passando por entre os mastros. A torre tem 138 metros de altura, o
equivalente a um prédio de 46 andares. Escadas de aço internas à torre, com
patamares a cada 6 metros, dão acesso ao mastro para serviços de manutenção.

A Ponte Octávio Frias de Oliveira é a única ponte estaiada no mundo com duas
pistas em curva conectadas a um mesmo mastro. A Ponte Katsushika,
(inaugurada em 1986) em Tóquio, por exemplo, tem traçado curvo, mas com
uma única pista. A forma da estrutura não decorre de razões arquitetônicas e
sim de uma demanda estrutural e das restrições geométricas do entorno.

1.3.3. Estais

Estais são elementos estruturais flexíveis, formados por feixes de cabos de aço.
O termo ponte estaiada se refere ao tipo de estrutura, que utiliza estais
diretamente conectados a um mastro para sustentar as pistas. Neste caso, 144
estais mantêm suspensos dois trechos de 900 metros de comprimento. Há entre
doze e 25 cabos de aço em cada estai. Juntos, os estais pesam em torno de 462
mil kg. Eles são encapados por um tubo amarelo de polietileno de elevada
resistência mecânica, tolerantes a ação de raios ultravioleta, com a função de
proteger o aço contra corrosão.

1.3.4. Iluminação

A ponte é iluminada por holofotes nas cores vermelho, azul e verde, que têm
condição de projetar na estrutura variadas combinações cromáticas. A empresa
holandesa Philips assina o sistema de iluminação da ponte.

1.4. Referências Bibliográficas

Um pouco da história de Pontes Estaiadas


https://blogrudloff.wordpress.com/2011/02/28/um-pouco-da-historia-de-
pontes-estaiadas/

Tese – Métodos Construtivos de Pontes


https://teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3144/tde-26012009-
154659/publico/Maria_Fernanda_Quintana_Ytza.pdf

Wikipedia – Ponte Octávio Frias de Oliveira


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_Oct%C3%A1vio_Frias_de_Oliveira#ci
te_note-1
ESTÁDIO PAULO MACHADO DE CARVALHO
PACAEMBU
2. Estádio Paulo Machado de Carvalho

Também fazendo parte do nosso roteiro de horas complementares o Estádio


Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido por Estádio do
Pacaembu ou simplesmente Pacaembu, é um estádio desportivo localizado na
praça Charles Miller, no final da avenida Pacaembu, no bairro do Pacaembu, na
zona central da cidade de São Paulo, no Brasil. Foi inaugurado na década de
1940 com capacidade para 70 mil espectadores e, na época, era considerado o
mais moderno estádio da América do Sul.

Além do campo de futebol, parte mais conhecida, o local também abriga o


Complexo Esportivo do Pacaembu, aberto gratuitamente aos cidadãos, que
contém estruturas para atividades físicas variadas. Por fim, ali também está o
Museu do Futebol, construído, literalmente, embaixo das arquibancadas do
estádio. Pertencente à prefeitura da capital paulista, o Pacaembu pode ser
alugado para a realização de eventos diversos.

No âmbito esportivo, sua principal utilização, o Sport Club Corinthians Paulista


foi a equipe que mais atuou no local, tendo disputado 1 690 jogos. No entanto,
após ter construído o seu próprio estádio, a Arena Corinthians, em 2014, o clube
alvinegro reduziu drasticamente os jogos que manda no Pacaembu. Dessa
forma, o estádio, que foi um dos principais palcos da Copa do Mundo de 1950,
hoje sofre com a subutilização, já que os principais clubes da cidade possuem
os seus próprios campos.

O estádio foi tombado pelo CONDEPHAAT, em 1998, em virtude de seu estilo


Art Déco, característico da época em que foi construído.

2.1. História

2.1.1. Projeto e Construção

Durante as décadas de 1920 e 1930, o futebol brasileiro passou por


inúmeros problemas envolvendo o controle de sua gestão esportiva. Como
consequência, houve alguns resultados aquém das expectativas para dirigentes,
jogadores e torcedores nas principais competições de que a seleção brasileira
participava. Dividida entre a CBD, Confederação Brasileira de Desportos, que
defendia a prática do amadorismo, e a FBF, a Federação Brasileira de Futebol,
organização que acreditava no desenvolvimento de um profissionalismo para a
divulgação do esporte ao redor do mundo, a Seleção teve dois grandes fracassos
nas primeiras edições da Copa do Mundo: sexta colocada em 1930, no Uruguai,
e décima quarta na edição de 1934, na Itália.

Com sua consolidação após a promulgação da Constituição de 1934, o


presidente Getúlio Vargas iniciou um projeto de apoio nacional aos esportes, que
seriam responsáveis por representar a nação ao redor do mundo. Para ele, a
construção de uma nação forte através do esporte seria uma forma de
demonstrar a mudança do país.

Idealizada pela Prefeitura de São Paulo em 1936, a construção do Estádio do


Pacaembu também estava inserida neste modelo de pensamento. Com início
das obras no mesmo ano, o prefeito Fábio Prado e o governador Armando de
Sales Oliveira participaram da cerimônia de lançamento da pedra fundamental
da obra, na zona oeste da cidade, em janeiro. Com a instauração do regime do
Estado Novo, em 1937, algumas mudanças foram realizadas no comando da
obra, já que os projetos arquitetônicos do governo eram motivações para
demonstrar a força do país. Comandante municipal a partir deste momento,
Prestes Maia interrompeu o projeto, para que mudanças fossem implantadas,
principalmente na ampliação do estádio e também nas colunas, semelhantes ao
Estádio Olímpico de Berlim.

2.1.2. Inauguração

O Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho foi inaugurado em 27 de


abril de 1940, com a presença do então presidente da República, Getúlio Vargas,
acompanhado do interventor Ademar de Barros e do prefeito Prestes Maia. A
obra também atuava como uma maneira de evidenciar o espírito presente no
momento histórico de sua inauguração, buscando a fé do país e a busca pela
grandeza da nação, atuando como símbolo de progresso ao Brasil.
Mais de 50 mil pessoas foram ao Pacaembu naquela tarde acompanhar a
apresentação e os desfiles que marcaram a estreia do, na época, maior e mais
moderno estádio sul-americano. Apesar de ser conhecido pela sua grande
habilidade como orador, Getúlio Vargas foi recebido por uma sonora vaia pelo
público paulistano. Depois de ter chegado ao poder com o Golpe de 30 sobre o
então presidente paulista Washington Luís e ter, em seguida, reprimido a
Revolução Constitucionalista de 1932, Vargas não era um personagem bem
quisto em São Paulo.

Além das vaias, outra manifestação política foi feita pelo público presente.
Durante o período da Ditadura Vargas, eram proibidas as ostentações das
bandeiras estaduais, mas, durante os desfiles das delegações que
representavam clubes da capital paulista, a do São Paulo entrou ostentando o
nome e as cores do time, que são as mesmas do Estado de São Paulo. O estádio
inteiro e os locutores de todas as rádios, revoltados com a censura, driblaram-
na aplaudindo de pé a equipe, o que gerou o apelido de "O Mais Querido" ao
clube.

No dia seguinte, 28 de abril de 1940, a política ficou de lado, dando espaço ao


futebol. Foi nesta data que teve início, em rodada dupla, o torneio Taça Cidade
de São Paulo, criado para inaugurar o Pacaembu. Com apenas quatro
participantes — Palestra Itália, atual Sociedade Esportiva Palmeiras,
Corinthians, Coritiba e Atlético Mineiro —, a competição era no formato
eliminatório. Dois jogos na fase semifinal e os vencedores se classificavam à
final.

A primeira partida foi disputada entre o Palestra Itália e o Coritiba. Com apenas
dois minutos de bola rolando, Zequinha, do Coritiba, marcou o primeiro gol da
história do Pacaembu. Apesar disso, o Palestra virou a partida e venceu por 6 a
2. Logo na sequência, o jogo foi entre o Corinthians e o Atlético Mineiro, vencido
por 4 a 2 pelo clube paulista.

No final de semana seguinte, dia 4 de maio, o Palestra Itália entrou em campo


para enfrentar o Corinthians na grande decisão da competição. Com gols de
Echevarrieta e Luizinho, para o time palestrino, e de Begliomini, para o clube
alvinegro, o Palestra venceu o rival paulistano por 2 a 1 e se tornou a primeira
equipe a vencer um título no estádio. Coincidentemente, o próprio Palmeiras é
atualmente a agremiação que mais vezes foi campeã no Pacaembu, somando
26 conquistas.

Dois anos depois, em 1942, o estádio recebeu o maior público de sua história.
71.281 mil pessoas se dirigiram ao local para assistir à partida entre São Paulo
e Corinthians, que terminou empatada em 3 a 3, em partida válida pelo
Campeonato Paulista. Além do confronto contra o rival local, o jogo chamou a
atenção do público por marcar a estreia de Leônidas da Silva, o Diamante Negro,
no Tricolor Paulista. Craque da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1938, o
atacante era um dos principais nomes do esporte na época.

2.1.3. Copa do Mundo 1950

Depois de um intervalo de doze anos, causado pela Segunda Guerra


Mundial, decidiu-se que a quarta edição da Copa do Mundo voltaria para a
América do Sul e seria disputada no Brasil. Ocorrida entre 24 de junho e 16 de
julho, o torneio teve jogos realizados em Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,
São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Na capital paulista, a sede da competição foi
o Pacaembu. Ainda novo, acreditava-se na época que o estádio não precisaria
passar por muitas obras para receber as seleções. A 23 dias do evento, no
entanto, delegados da Fifa questionaram a infraestrutura e o local foi repaginado.

Depois de estrear no Maracanã, a seleção brasileira veio disputar o seu único


jogo em São Paulo e acabou empatando com a Suíça, por 2 a 2. Com uma forte
rixa entre cariocas e paulistanos, o técnico do Brasil, Flávio Costa, tinha o temor
de que o seu time titular, recheado de atletas do Rio de Janeiro, fosse vaiado.
Então, Costa decidiu mexer na equipe e colocou três atletas paulistas no time,
Bauer, Ruy e Noronha. "(...)contra um time retrancado, o Brasil foi para o
intervalo com 'apenas' 2 a 1 no placar. Na etapa final, o time se propôs a
administrar o resultado e se deu mal diante dos cruzamentos suíços. Juve ainda
chegou a evitar um gol olímpico, mas, a dois minutos do fim, Fatton empatou de
novo. A seleção, além de sair de campo vaiada, mostrou dificuldades contra um
time bem fechado na defesa". Apesar da pouca simpatia entre a seleção e os
paulistanos, o Brasil conseguiu chegar até a final, disputada no Estádio do
Maracanã. Franca favorita, a seleção canarinho saiu na frente aos dois minutos
do segundo tempo, com gol de Ademir. Aos 21, no entanto, os uruguaios
conseguiram o empate Schiaffino e viraram o placar aos 34, com Ghiggia. A
derrota ficou conhecida como "Maracanazo" e é considerada por muitos a mais
dolorosa do futebol nacional.

2.1.4. Mudança do nome

Apesar de ser normalmente chamado de Pacaembu, foi em 1961 que o


nome oficial do local passou a ser Estádio Municipal Paulo Machado de
Carvalho. Isso ocorreu porque a Prefeitura de São Paulo quis homenagear o
chefe da delegação brasileira da Copa do Mundo de 1958, que rendeu o primeiro
título mundial de futebol ao país. Formado em Direito, a relação próxima de Paulo
Machado de Carvalho com o futebol já havia começado dentro do São Paulo
Futebol Clube, onde chegou a assumir o cargo de presidente entre 1946 e 1947.

Durante a Copa de 1958, Paulo ganhou destaque na final do torneio. Contra a


Suécia, anfitriã da competição, o Brasil foi obrigado a jogar com uniforme azul.
Preocupado com a superstição dos atletas, que disputaram todo o torneio com
a camisa amarela, o chefe da delegação fez questão de dizer aos jogadores que
a mudança traria sorte porque as novas roupas eram da mesma cor que o manto
de Nossa Senhora Aparecida. Quatro anos depois, Paulo foi chefe da delegação
da seleção que ganhou o bicampeonato mundial em 1962, o que lhe garantiu o
apelido de "Marechal da Vitória".

2.1.5. Jogos Pan-Americanos e reforma

Outro evento esportivo de grande destaque realizado no Estádio do


Pacaembu foi a disputa de parte dos Jogos Pan-Americanos de 1963, que teve
a cidade de São Paulo como sede. Na ocasião, o estádio foi palco da cerimônia
de abertura, das disputas da final do futebol e do atletismo, além da cerimônia
de encerramento dos jogos.

Durante a gestão de Paulo Maluf, a concha acústica foi demolida (em 6 de


setembro de 1969) e no seu lugar construído o "Tobogã", uma arquibancada com
capacidade para, em média, dez mil pessoas. Atualmente, a capacidade do
Estádio do Pacaembu é de 40 199 pessoas, distribuídas da seguinte forma:
arquibancada setor amarelo (portão 3): 5 186 pessoas, arquibancada setor verde
(portão 4): 5 226 pessoas, cadeira especial laranja (portões 9, 17 e 19): 6 467
pessoas, setor laranja família (portão 21): 2 447 pessoas, setor laranja visitante
(portão 22): 2 450 pessoas, numerada setor azul (portões 8 e 20): 2 082 pessoas,
numerada setor manga (portões 8 e 20): 4 364 pessoas, tobogã lado ímpar: 5
882 pessoas, tobogã lado par: 5 880 pessoas, setor tribuna de honra: 47
pessoas, setor imprensa leste: 42 pessoas, setor imprensa oeste: 126 pessoas.

2.1.6. Privatização

Em 2017, o prefeito de São Paulo, João Dória, manifestou interesse em


conceder o estádio à iniciativa privada, justificando com o fato de o estádio custar
quarenta milhões de reais a cada quatro anos aos cofres públicos. Sua ideia é
conceder o estádio de dez a quinze anos para alguma empresa que arque com
os custos. Essa empresa não poderá mudar os "naming rights", mantendo o
nome atual, e só poderá realizar no local partidas de futebol, sendo proibidos
shows e eventos religiosos.

Em 2018, Doria afirmou que pretendia assinar em 2018 os contratos de


concessão com empresas que ficarão responsáveis pelos parques, mercados,
terminais de ônibus e Bilhete Único capital. A Câmara dos deputados aprovou a
concessão do Estádio do Pacaembu, que será concedido a autorização para ser
repassado à iniciativa privada. A concessão será por 35 anos, e a prefeitura
realiza um chamamento público para receber propostas e fixar as regras da
concessão.

2.1.7. Características

Além do campo de futebol, o estádio abriga um conjunto poliesportivo que


oferece várias atividades gratuitas para os paulistanos. Fazem parte deste
conjunto a piscina, o ginásio de esportes, a quadra externa e ginásio de tênis, a
pista de corrida (em volta do gramado), quadras cobertas no vão do Tobogã e
uma quadra descoberta. O conjunto há anos recebe as finais das Olimpíadas
Estudantis, organizadas pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e
pela FEDEESP.

2.1.8. Museu do Futebol

Desde o ano de 2008, existe no interior do estádio o Museu do Futebol,


uma homenagem à cidade onde foi introduzido o esporte bretão no Brasil, por
meio do paulista Charles Miller - descendente de ingleses e escoceses — e que
é homenageado com o nome da praça em frente ao estádio. O museu apresenta
diversos itens sobre a história do futebol, incluindo gols e narrações históricas,
camisas de jogadores e história das Copas do Mundo. Além de organizar
diversas atividades esportivas, educativas e oficinas.

2.2. Eventos

2.2.1. Esportivos

A primeira partida da Seleção Brasileira no Estádio do Pacaembu foi realizada


em 17 de maio de 1944. Na ocasião, a equipe derrotou a seleção do Uruguai por
4 a 0, em partida amistosa.

O estádio também já foi palco de inúmeras decisões oficiais entre clubes. No


local, foram vistas decisões da Copa Libertadores da América, do Campeonato
Brasileiro, da Taça Brasil e do Campeonato Paulista, entre outras competições
de destaque.

O Corinthians, antes da inauguração de seu estádio próprio, fez sua última


partida oficial como mandante no local em 27 de abril de 2014, vencendo o
Flamengo por 2 a 0. Inclusive, o clube paulista é o time que mais atuou no
Estádio do Pacaembu. A torcida sempre o considerou como sua casa, uma vez
que o campo original da equipe alvinegra, o Estádio Alfredo Schürig (mais
conhecido como Fazendinha ou Estádio do Parque São Jorge), concentrou
numa parte do Século XX os jogos de menor relevância contra equipes do interior
paulista, em virtude da capacidade limitada, enquanto o Pacaembu foi o palco
da maioria dos jogos da equipe quando ela foi mandante, até a inauguração
oficial da Arena Corinthians, em maio de 2014.

Em fevereiro de 1955, Corinthians e Palmeiras fizeram a partida decisiva do


Campeonato Paulista de 1954. O jogo fez parte das festividades do quarto
centenário da cidade de São Paulo, comemorado em 1954. O empate bastava
para o Corinthians conquistar o título. Para o Palmeiras, era preciso derrotar o
rival e torcer por um novo revés alvinegro na última rodada, contra o São Paulo.
As equipes empataram a partida por 1 a 1, e o título foi conquistado pelo
Corinthians. Depois deste título, a equipe viria a sagrar-se campeã paulista de
novo somente 22 anos depois, em 1977.

Os rivais históricos voltariam a decidir uma competição importante no Estádio do


Pacaembu em dezembro de 1994, quando foram realizadas as finais do
Campeonato Brasileiro, em dois jogos. Na primeira partida, disputada no dia 15
de dezembro, o Palmeiras derrotou o Corinthians por 3 a 1. Com a abertura da
grande vantagem sobre o arquirrival, o alviverde conquistou seu oitavo título do
Campeonato Brasileiro no dia 18 de dezembro, depois de um empate por 1 a 1
contra o alvinegro. No ano seguinte, em dezembro, o estádio foi mais uma vez
palco de uma grande decisão do futebol brasileiro quando o Santos e o Botafogo
realizaram o jogo final do Campeonato Brasileiro de 1995. Depois de o Botafogo
vencer a primeira partida, no Rio de Janeiro, por 2 a 1, o Santos precisava da
vitória na segunda partida. Após o jogo decisivo terminar empatado por 1 a 1, a
equipe carioca conquistou o título.

Em 2011, o Pacaembu viu o Corinthians sagrar-se campeão do Campeonato


Brasileiro pela quinta vez, em partida disputada contra o arquirrival Palmeiras,
que não tinha chances de título e já estava classificado para a Copa Sul-
Americana de 2012. A equipe alvinegra era a líder da competição e precisava
apenas de um empate para conseguir o título, enquanto o Vasco, segundo
colocado na tabela, precisava torcer pela vitória do Palmeiras e derrotar seu
arquirrival Flamengo no Estádio Engenhão para conseguir ser campeão. No
Estádio do Pacaembu, Corinthians e Palmeiras fizeram um jogo tenso, com duas
expulsões de cada lado, mas sem gols, enquanto Vasco e Flamengo empataram
por 1 a 1 no Rio de Janeiro. Ao final de ambas as partidas, o Corinthians chegou
ao seu quinto título do Campeonato Brasileiro em cima de seu maior rival, que
ficou na décima primeira posição do campeonato. O Vasco, por sua vez, ficou
com o vice-campeonato e o Flamengo ficou na quarta posição da tabela.

As finalíssimas das Copas Libertadores da América de 2012 e de 2011,


disputadas, respectivamente, entre Corinthians e Boca Juniors, da Argentina, e
entre o Santos e o Peñarol, do Uruguai, ambas com vitórias das equipes
brasileiras; e as finalíssimas das Libertadores de 1961 e de 2002, disputadas,
respectivamente, entre Palmeiras e Peñarol, do Uruguai, e entre o São Caetano
e Olímpia, do Paraguai, com vitórias das equipes visitantes, foram as decisões
internacionais de clubes mais importantes recebidas pelo Pacaembu. O jogo
entre Corinthians e São Paulo, que marcou a finalíssima da Recopa Sul-
Americana de 2013, com vitória por 2 a 0 e título para a equipe alvinegra, foi a
mais recente decisão de uma competição internacional de futebol profissional
realizada no Pacaembu.

A mais recente conquista de competição nacional no Pacaembu pertence ao


Palmeiras, que, em novembro de 2013, sagrou-se campeão da Série B do
Campeonato Brasileiro de 2013, após derrotar o Boa Esporte Clube por 3 a 0,
em jogo da antepenúltima rodada do torneio. Sem contar os quatro grandes
clubes do Estado de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), a
última equipe que foi campeã no Estádio do Pacaembu foi o Ituano, em uma
disputa contra o Santos, nas finais do Campeonato Paulista de 2014. Na ocasião,
a equipe da cidade de Itu conquistou seu segundo título de primeira divisão,
sendo o primeiro título conquistado ao vencer todos os grandes. Apesar de ter
sido o Corinthians o clube que mais vezes realizou partidas no Estádio do
Pacaembu, a equipe que mais conquistou títulos no local foi o Palmeiras, que
conquistou treze títulos ali, quatro a mais que o Corinthians, que conquistou
nove. Em seguida, vêm as equipes do Santos, com oito conquistas no estádio,
e do São Paulo, com seis.

Além das disputas de futebol profissional, o Estádio do Pacaembu é palco


tradicional das decisões da Copa São Paulo de Futebol Júnior, que é organizada
pela Federação Paulista de Futebol e é o principal torneio da categoria no Brasil.
Disputada desde 1969, a competição acontece tradicionalmente no início de
cada ano (em algumas edições, o torneio foi realizado no mês de dezembro do
ano anterior), de modo que a final seja disputada, preferencialmente, no
aniversário da cidade de São Paulo, no dia 25 de janeiro.

Apesar de não ter grande tradição em receber partidas de futebol amador, o


Estádio do Pacaembu ficou marcado por estabelecer um recorde na categoria.
Em 18 de novembro de 2012, o estádio municipal recebeu a grande final da 15ª
edição da já extinta Copa Kaiser, um dos principais torneios da história do futebol
de várzea. Na ocasião, 20 260 pessoas compareceram ao Estádio Paulo
Machado de Carvalho para assistir à decisão disputada entre Ajax FC, da Vila
Rica, e GR Turma do Bafô, do Jardim Clímax, o que foi o maior público já
registrado no futebol amador brasileiro. A medição foi feita pela empresa
RankBrasil, do Paraná, especializada em fiscalizar tentativas de recordes no
Brasil. Dentro de campo, o resultado foi de vitória do Ajax FC por 2 a 1 sobre o
GR Turma do Bafô.

2.2.1. Rugby

Em 2015, o rugby chegou ao Pacaembu pela primeira vez na história do estádio.


Em 4 de dezembro, a seleção brasileira disputou amistoso contra a Alemanha e
foi derrotada pelo placar de 31 a 7. A partida contou com a presença de 10.460
torcedores. Além de representar o primeiro evento não relacionado ao futebol no
estádio desde a reforma realizada em 2007, o jogo também entrou para história
porque contou com o recorde de público em uma partida de rúgbi no Brasil,
superando as 5 mil pessoas que foram à Arena Barueri para a final do Super 10
de 2013, entre SPAC e Pasteur. Para entrar no estádio e assistir à partida, cada
torcedor teve que doar 1 kg de alimento não perecível ou um livro infantil. Após
o evento histórico, o estádio voltou a ser palco do esporte para o clássico sul-
americano entre Brasil e Chile, em abril de 2016. A partida, válida pelo
campeonato Sul-Americano de 2016, contou com a presença de 7.270
torcedores e terminou empatada por 20 a 20. Em 2017, o Pacaembu recebeu
dois jogos do Americas Rugby Championship, considerado o maior campeonato
de rugby das Américas. O primeiro, realizado em 3 de fevereiro, contou com um
público de pouco mais de cinco mil pessoas, que viram o Brasil bater a favorita
seleção do Chile por 17 a 3. O segundo jogo, disputado em 3 de março, válido
pela última rodada do campeonato, foi contra a seleção do Canadá: o público
presente naquela noite pôde ver de perto uma virada histórica do time brasileiro,
com placar final de 24-23.

2.2.2. Outros eventos

Além de competições esportivas, o Estádio do Pacaembu já recebeu inúmeros


eventos, desde missas campais, como a realizada pelo Papa Bento XVI, em
2007, até shows musicais. Dentre os eventos de músicas que passaram pelo
local, destacam-se os shows realizados pelos grupos de rock The Rolling Stones,
AC/DC, Iron Maiden e Pearl Jam; além de festivais, como o Monsters of Rock,
realizado em 1994, 1995 e 1996. Em 1994, o tenor Luciano Pavarotti fez
apresentação no local. Em 1993, foi a vez do ex-beatle Paul McCartney. Em
2002, a banda de Funk rock, Red Hot Chili Peppers, trouxe o show da turnê By
The Way para o estádio.

Em 2004, associação de moradores Viva Pacaembu moveu uma ação judicial


para impedir o uso do local para eventos prejudiciais à segurança, ao sossego e
à saúde, conseguindo liminar em novembro de 2005 para evitar tais eventos. Em
setembro de 2010 o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão,
impedindo que o local seja usado para shows e eventos não ligados ao esporte.

Em 22 de dezembro de 2016, o estádio sediou o evento "Ousadia × Pedalada",


organizado pelos jogadores Neymar, então do Barcelona e da seleção brasileira,
e Robinho, então no Atlético Mineiro. Parte da renda dos ingressos, que
custavam a partir de 25 reais (meia-entrada liberada a todos que doassem um
quilo de alimentos não-perecíveis — exceto sal —, que seria destinado a
instituições de caridade), foi destinada ao Instituto Neymar Jr. (instituição sem
fins lucrativos fundada pelo jogador de mesmo nome na cidade de Praia Grande,
que atende 2 470 crianças carentes e suas famílias).[59] O evento contou com
a participação de trinta mil espectadores e uma renda de 930,6 mil reais.[60]
Além de grandes craques e ex-craques do mundo futebolístico, como Gabriel
Jesus, Lucas Lima, Denilson, Kaká, Elano e Romarinho, o evento contou com a
participação de outros esportistas e de artistas.
O Estádio Paulo Machado de Carvalho sedia também um evento da instituição
GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), com uma
partida de futebol repleta de vários jogadores consagrados do passado e do
presente, em prol de conscientizar e mobilizar as pessoas sobre a importância
do diagnóstico precoce do câncer infantil. O evento ocorre anualmente desde
2010. Sua última edição foi realizada em 14 de dezembro de 2016.

2.3. Arena Multiuso

Para clareza deste trabalho, é fundamental explicar como as arenas multiusos


surgiram e como podem ser oportunidades de negócio. Para isto, com base nas
pesquisas desenvolvidas, será apresentado um breve histórico e modelos de
planos de negócio no qual as arenas se sustentam.

As arenas multiusos (ou “arenas multipropósito”, do inglês multipurpose


stadiums) – de acordo com Rafael Castro (2013), consultor SEBRAE, em seu
artigo Arenas Multiusos: Oportunidades de negócios que vão muito além do
futebol – surgiram nos Estados Unidos. Antigamente, havia muita violência nos
tradicionais estádios durante eventos esportivos. O governo americano, então,
promoveu uma série de atividades que, por fim, transformaram esses eventos
em programas para pessoas de todas as idades e gêneros. A partir de então,
famílias também passaram a frequentar esses locais. Isto levou ao surgimento
de empresas especializadas na administração desses espaços, tratando-os
como oportunidades de negócios por meio da diversificação de seu uso.

Arenas multiusos são definidas por Motta (2012, p.23) como “centros modernos
que agregam atividades e estruturas de esporte, lazer, cultura e serviços
diversos”. Esse tipo de equipamento busca um modelo de negócio que seja
sustentável e que permita ser um espaço frequentado por diversos públicos em
diferentes eventos. As arenas multifuncionais tornaram-se tendência mundial e
hoje estão espalhadas pelo mundo. São grandes referências de arenas
multifuncionais: Allianz Arena (Munique Alemanha) (Figura 25), Madison Square
Garden (Nova Iorque, Estados Unidos) (Figura 26), Amsterdam Arena
(Amsterdam, Países Baixos) (Figura 27), Emirates Stadium (Londres, Inglaterra)
(Figura 28) e Wembley National Stadium (Londres, Inglaterra) (Figura 29), palcos
de grandes eventos esportivos e não esportivos.

Figura 25: Allianz Arena (Munique Alemanha)

Figura 26: Madison Square Garden (Nova Iorque, Estados Unidos)

Figura 27: Amsterdam Arena (Amsterdam, Países Baixos)


Figura 28: Emirates Stadium (Londres, Inglaterra)

Figura 29: Wembley National Stadium (Londres, Inglaterra)

No Brasil, esse tipo de arena começou a ser implantada após o ano de 2007,
ano que foi escolhido pelo comitê da FIFA para ser o país sede da Copa do
Mundo de 2014. É importante ressaltar que, antes das novas arenas, alguns dos
antigos estádios já realizaram eventos não esportivos – em geral shows. Apesar
de não ter a estrutura adequada para esse tipo de evento, tais locais eram
utilizados com essa finalidade por não haver na cidade outro espaço que tivesse
estrutura para se adequar a eventos com grandes públicos.

2.4. Referências Bibliográficas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Municipal_Paulo_Machado_de_Carvalho

http://repositorio.ufba.br:8080/ri/bitstream/ri/28554/1/Arena%20multiuso-
%20um%20estudo%20de%20caso%20sobre%20eventos%20na%20Arena%20Fonte%20Nova_L
anna%20Almeida%20-%20ENTREGA%20FINAL.pdf
VIADUTO SANTA EFIGÊNIA
3. VIADUTO SANTA EFIGÊNIA

3.1. História
Em março de 1893 a Câmara autorizou a desapropriação do terreno entre o
Mosteiro de São Bento e a Cia Paulista de Vias Férreas e Fluviais, para ser
executada a obra. Novo contrato e novas interferências não permitiram a sua
realização.

Em 1904, o vereador Oswaldo Nogueira de Andrade, solicitou estudos e


orçamentos para a construção do viaduto com 300 metros, tendo sido a
Prefeitura autorizada a levantar os fundos necessários, mais uma vez, nada se
conseguiu até que em 1906 os vereadores Candido Motta e Urbano Azevedo,
por insistência pública conseguiram obter o “parecer nº 47” da Comissão de
Obras - que concluiu pela necessidade inadiável da construção do viaduto. Esse
seria metálico e deveriam ser solicitadas propostas de especialistas para
concorrerem. Foi necessária a aprovação de uma lei especifica, e somente dois
anos mais tarde, em 1908 foi publicado o edital. Novas dificuldades com a
Câmara, agora criadas pelo vereador Silva Telles, focalizando aspectos
burocráticos.

Diante de tantas controvérsias, idas e vindas, paralisações e embargos de obras


o viaduto Santa Efigênia foi inaugurado em pleno sábado no dia 26 de julho de
1913. Diversas variantes políticas tiveram influência na construção do viaduto A
história da ideia inicial do viaduto se iniciou por volta de 1890. Consta ter sido
idealizado por Francisco da Cunha Bueno e Jayme Serra, que obtiveram naquele
ano, a licença do Conselho de Intendentes, para a sua construção, porém a obra
não foi iniciada e o contrato foi cancelado.
Figura 30: Esboço do viaduto (Fonte: METÁLICA 2015)

Finalmente o prefeito interino em exercício Raymundo Duprat conseguiu dar


andamento ao processo. Mas Silva Telles continuava a dificultar, e em 27 de
julho de 1908, solicitava a volta dos papeis à Câmara para serem reestudados -
A Comissão de Justiça da Câmara aprovou a volta dos papeis, porém sem
prejuízo do edital.

Somente após longas discussões, a Câmara rejeitou o requerimento de Silva


Telles. Desta vez parecia que a obra se iniciaria. Foi obtido pela prefeitura um
financiamento de 700 mil libras esterlinas, junto ao governo da Inglaterra. Com
o favorável parecer das comissões de obras e finanças aprovou-se a construção
do viaduto. Na concorrência foram selecionadas cinco empresas construtoras,
das vinte que apresentaram propostas.

As empresas Giulio Micheli, Bromberg Haecker & Cia, Schmidt & Trost, Cia
Mecânica Importadora, e Lion & Cia. Foram consideradas como as de melhores
projetos. A proposta vencedora foi a da Giulio Micheli com projeto bastante
detalhado e memorial de cálculo.

As mil e cem toneladas de estrutura metálica foram notificadas nos jornais


europeus que apontavam o viaduto como uma das mais modernas obras de
engenharia.

Figura 31: Mil e cem toneladas de estruturas (Fonte: METÁLICA 2015)


Quanto ao estio arquitetônico, o viaduto é um exemplar estilo Arte-nouveau.
Trata-se de uma tendência inovadora do fim do século XIX, um estilo floreado
onde se destacam a linha curva e as formas orgânicas inspiradas em folhagem,
flores cisnes e outros elementos.

Sua influencie é particularmente notável nos guarda campos e postes de


iluminação do viaduto. As vigas extensas são também decoradas com rosáceas
de ferro fundido.

No dia da inauguração estava presente o prefeito Barão Dupret, que cortou as


fitas auriverdes enlaçadas nos postes do viaduto. Em seguida, o percorreu
seguido por centenas de pessoas. Logo depois dois bondes levando diversos
funcionários da prefeitura atravessaram o viaduto seguido de automóveis.

O entardecer de comemorações contrastava com a apreensiva manhã do


mesmo dia. O público reuniu-se no local muitos desconfiados apregoando a
fragilidade da nova obra.

Figura 32: Mil e cem toneladas de estruturas (Fonte: METÁLICA 2015)

Decidido, o condutor dá partida no bonde puxado a burro em direção ao largo


Santa Efigênia, no outro lado do vale do Anhangabaú. Respirando suspensa a
multidão acompanha piamente o vagaroso veículo cruzar o viaduto. Bonde e
condutor atingem seus objetivos são e salvos. Para elucidar qualquer dúvida
remanescente nos paulistanos mais pessimistas, a experiência foi repetida, mas
desta vez com mais 40.000 quilos.
Prova-se assim o êxito da construção. As carruagens e carros não teriam mais
que enfrentar a difícil ladeira de São João e os bondes, que subiam as ruas São
Bento e XV de Novembro, passavam a contar com uma ligação eficiente entre
os dois lados do Anhangabaú.

3.2. O Projeto

O projeto da construção do viaduto ficou a princípio seria de arcos biarticulados,


com 51 metros entre apoios e flecha de oito metros. O viaduto com 225m teria
tabuleiro superior e seria formado por cinco tramos, sendo 3 centrais com 53.5
metros com flecha de 7.50 metros. O memorial de cálculo justificativo foi da firma
Aciéries d´Angleur com minúcias de precisão.

Eis algumas características do projeto definitivo; dois vãos de 30 metros, em


vigas retas de alma cheia e 3 vãos em arco com 55 metros, com montantes
verticais e longarinas de alma cheia. Tabuleiro Superior, com cinco vãos
independentes, completando 225 metros de comprimento total, e com largura
entre guarda corpos, de 13.60 metros. Calçadas com 2.55 metros com oito cm
de concreto e 2 de asfalto.

A via de transito foi pavimentada com blocos de granito (Paralelepípedos) o


viaduto incluía duas vias de trilhos para bondes “elétricos”, com bitolas paralelas
de 1.44m, centradas em relação ao eixo. O sistema estrutural dos três tramos
centrais com 55 metros compreende arcos com três rótulas, com uma flecha de
7.5m, ou seja, entre L/7 e L/8.

Figura 33: Esboço do viaduto (Fonte: METÁLICA 2015)

Os quatro arcos paralelos são formados por vigas curvas em caixão, totalmente
executadas em aço laminado e constituídas por duas almas de chapas, ligadas
ás mesas formadas por 4 cantoneiras e tiras de chapas, totalmente rebitadas.
Com exceção dos guarda corpos em ferro fundido o ferro forjado, toda a estrutura
foi fabricada com aço laminado.

Foram feitos com volutas em ferro forjado, interligados por montantes em ferro
fundido com adornos artísticos, um grande corrimão interliga os topos dos
montantes e dá fixação ao conjunto de volutas. As longarinas externas são
decoradas com rosáceas de ferro fundido.

Montantes verticais se apoiam diretamente sobre os arcos e são equidistantes


de 3,66m, formando 15 painéis. Uma longarina interliga os topos dos montantes
no sentido longitudinal. Existem vigamentos transversais, interligando os quatro
arcos paralelos, existindo os necessários contraventamentos verticais e
horizontais.

A escolha do sistema de três rótulas, se deve ao fato de ser o sistema que deixa
menos dúvidas com relação à distribuição dos esforços. Além da preocupação
com a estética geral do viaduto, que foi concebido em estilo “art-nouveau“, foi
dado cuidado especial para os guarda corpos e detalhes artísticos.

Figura 34: Corrimão (Fonte: METÁLICA 2015)


3.3. A Construção

A obra foi iniciada no começo de 1910, decorridos vinte anos após a primeira
ideia e vencidas todas as barreiras.

Foi providenciada de imediato a importação da estrutura metálica totalmente


fabricada na Bélgica, pelo porto de Santos, chegou à estrutura transportada por
navio e venceu as dificuldades da subida da Serra do Mar pela Estrada de Ferro
de São Paulo.

A estrutura chegou totalmente fabricada, sendo apenas montada no local, por


rebitagem das peças devidamente numeradas e com as furações prontas. As
obras de montagem ficaram a cargo da firma Lidgerwood Manufacturing
Company Limited iniciadas em princípio de com a colaboração dos engenheiros
Mario Tibiriçá e Giuseppe Chiapponi.

A estrutura foi montada entre 1911 e 1913, as dificuldades eram diversas. Não
havia mão-de-obra qualificada o suficiente que garantisse a segurança do
terreno. O terreno do Anhangabaú, um verdadeiro charco, obrigou a importação
de um mestre de obras alemão: JOHAN Grundt, carpinteiro habituado com
fundações.

Por causa do processo de desapropriação dos terrenos as obras foram


paralisadas por mais de um ano, causando prejuízo no orçamento e tempo
previsto para as obras, fazendo com que o tempo da conclusão fosse duplicado.

A cota da base dos pilares foi adotada de acordo com resultados das sondagens
realizadas em dois pontos laterais de cada. Realmente, apenas a grande
profundidade foi encontrada um terreno resistente, sendo em geral areia grossa
se nem sempre em camadas suficientemente espessas. Dessa forma emprega-
se a fundação com estacas em todos os pilares exceto um.

A cravação das estacas de madeira ao total de 128 pilares, com 30 cm de


diâmetro e mínimo de 6 a 7 metros de comprimento, constituiu-se um dos pontos
mais interessantes da obra. A grande profundidade das cavas, a má qualidade
do terreno e pouco espaço para dar aos taludes rampa suficiente somada a
infiltração de água, obrigaram a adoção de um vigoroso escoramento.

Para a cravação das estacas utilizou-se um bate-estacas de corrediças moveis,


que acompanhavam as estacas em sua descida na cava escorada.

No pilar sobre o morro de São Bento, onde o terreno é um aterro em declive


apresentando grande diferença de nível para o pilar anterior, não foi possível
utilizar estacas de madeira, cogitou-se o emprego de estacas de concreto
armado, tendo sido, inclusive, organizado um novo projeto. Mas o tempo
necessário para a confecção das estacas e a falta de equipamentos
inviabilizaram esta solução.

Por fim adotou-se outro meio de prevenir um possível recalque ou


escorregamento do terreno: abriram-se poços enchendo os de concreto socado.

Figura 35: Vista lateral do viaduto (Fonte: METÁLICA 2015)

3.4. Reformas

A primeira reforma que se tem notícia foi feita em 1950, portanto 37 anos após
a construção, essa reforma foi pouquíssima divulgada por motivos
desconhecidos.

Nesse trabalho o autor dessa apresentação, formado em 1948, teve


oportunidade de participar como engenheiro auxiliar da empresa MetalMecanica,
contratada pela prefeitura, para os serviços de reparação e manutenção.
Havia grande quantidade de peças totalmente corroídas, especialmente os
vigamentos das transversinas, longarinas e muitas barras auxiliares. Os arcos
de uma forma geral não apresentavam pontos de comprometimento, como a
pavimentação era constituída por paralelepípedos, pelas frestas ao longo dos
trilhos dos bondes, as águas de chuvas foram se infiltrando, e comprometendo
as estruturas e as abobadilhas que constituíam os apoios dos paralelepípedos.
Foi necessária a total remoção do piso, com retirada dos trilhos e de todas as
transversinas, com subsequente substituição por perfis duplos Ts fornecidos
pela Cia Siderúrgica Nacional.

Figura 36: Viaduto os tempos atuais (Fonte: METÁLICA 2015)

Foi totalmente executada uma nova laje de concreto armado, diversas volutas
do guarda corpo de ferro forjado foram refeitas, sendo aproveitados os
montantes de ferro fundido. Na ocasião era comentado que em virtude do alto
grau de corrosão das rotulas dos arcos, o sistema dimensionado como com
arcos tri articulados, passou a se constituir em arcos engastados. Ainda como
curiosidade histórica, cumpre relatar que solicitadas plantas do projeto, à
prefeitura, essa apresentou pranchas de desenhos, verdadeiras obras de arte,
pois eram desenhos feitos com tinta Nanquim, em papel muito espesso, quase
cartão com dimensões bastante grandes, e com todos os milhares de rebites
desenhados à mão com compasso “bailarina”.

Essa primeira reforma, 37 anos após a construção, mostrou o costumeiro estado


de abandono que era, e que infelizmente em muitos casos, ainda continua sendo
comum nas nossas Obras de Arte, numa demonstração cultural de descaso e
desvalorização dos princípios de manutenção de obras públicas. Apenas em
1975 a estrutura passou a ser protegida por lei municipal de Zoneamento. Em
1978, portanto mais vinte e oito anos depois da primeira aqui referida, houve
nova Restauração, desta vez pela Emurb. Foram acrescentadas luminárias em
estilo antigo, misturadas com holofotes, e calçamento em pastilhas coloridas, de
gosto discutível, face ao estilo “art nouveau” do viaduto.

Figura 37: Viaduto após a última reforma (Fonte: METÁLICA 2015)

Nesse trabalho também foi acrescentada uma escada metálica para acesso pela
Av Prestes Maia, infelizmente essa escada não acompanhou o fino estilo
arquitetônico do viaduto, se constituindo apenas numa solução prática.

Até pouco tempo esse monumento histórico de São Paulo e marco arquitetônico
que serviu muitos anos como cartão postal da cidade, se transformou no paraíso
dos camelôs e ambulantes.
Figura 38: Viaduto os tempos atuais (Fonte: METÁLICA 2015)

3.5. Referências Bibliográficas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Viaduto_Santa_Ifig%C3%AAnia
http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/pontos-turisticos/viaduto-santa-
ifigenia/
http://www.belgianclub.com.br/pt-br/heritage/viaduto-santa-ifig%C3%AAnia-
s%C3%A3o-paulo
MEMORIAL DA AMERICA LATINA
4. MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

4.1. História

O espaço conta com uma área de 84.480m² e aproximadamente


25.210m² de área construída e já na entrada principal, se tem o primeiro impacto
com a grandiosidade do complexo, estão hasteadas as bandeiras de todas as
nações da América Latina e das nações colonizadoras, simbolizando que se está
ingressando em um espaço que reúne um pouco das características culturais
dos países dessa região.

A ideia generosa de solidariedade e união latino-americana é tão antiga quanto


às lutas no séc. XIX de Simón Bolívar, José Marti e San Martin por um continente
livre e fraterno. A “Pátria Grande” vislumbrada por eles, porém, ficou esquecida
no passado. Nos anos 80 do séc. XX, especialmente os brasileiros precisavam
redescobrir a América. Os hispano-americanos também pareciam desconhecer
a proximidade histórica, linguística e cultural de seus vizinhos de língua
portuguesa.

Projetado por Oscar Niemeyer, um os maiores arquitetos brasileiros, o Memorial


da América latina está localizado no bairro da Barra Funda em São Paulo e foi
inaugurado em 1989.

O conjunto arquitetônico do Memorial da América Latina é um dos lugares de


São Paulo mais procurados por turistas brasileiros e internacionais. Todos
querem conhecer o que seu autor chamou de o “espetáculo da arquitetura”.
Quem chega, encontra logo de cara a Mão, escultura de Oscar Niemeyer em
cuja palma vemos o mapa da América Latina como que se esvaindo em sangue.
É um emblema deste continente colonizado brutalmente e até hoje em luta por
sua identidade e autonomia cultural, política e socioeconômica.

Era preciso lembrar quem somos a nós mesmos, desde então o Memorial vem
cumprindo seu papel fomenta a pesquisa e divulga seus resultados. Apoia a
expressão da identidade latino-americana e incentiva seu desenvolvimento
criativo, coordena iniciativas de instituições científicas, artísticas e educacionais
do Brasil e de outros países ibero-americanos e difunde a história dos povos
latino-americanos às novas gerações de estudantes.

Do ponto de vista arquitetônico, a construção do memorial representaria para


Niemeyer a oportunidade de aplicar no Brasil os avanços tecnológicos utilizados
na década anterior no projeto da Universidade de Constantine, em Alger. A
volumetria dos principais edifícios seria resolvida por meio de grandes
superfícies de concreto e ‘estruturas ousadas - destacando-se, sobretudo, a
biblioteca com os apoios situados fora do prédio, unidos por uma viga de 90
metros de extensão, permitindo um interior totalmente livre, e o auditório com
três abóbadas, podendo ser considerado como uma espécie de releitura de seu
trabalho na Igreja da Pampulha. A unidade do conjunto seria garantida pelo uso
generalizado de superfícies curvas, pintadas de branco. As obras do memorial
foram iniciadas ainda em 1987 e finalizadas dois anos depois. A construção
envolveu mais de mil trabalhadores.

Em 8 de julho de 1989, foi sancionada a Lei n.º 6472, instituindo a Fundação


Memorial da América Latina, Fundação de Direito Público Estadual sem fins
lucrativos, com autonomia administrativa e financeira. Seu objetivo principal é
difundir as manifestações latino-americanas de criatividade e de saber e integrá-
las às atividades intelectuais do Estado de São Paulo. É vinculado à Secretaria
de Estado da Cultura. O Governador do Estado de São Paulo nomeia o diretor-
presidente do Memorial, com mandato de 4 anos, e o diretor do Centro Brasileiro
de Estudos da América Latina (CBEAL) dentre os nomes indicados em listas
tríplices elaboradas pelo Conselho Curador da Fundação.

Na época de sua inauguração, registraram-se diversas críticas à execução do


projeto. Construído sem licitação, o memorial custou ao erário dez vezes mais
do que o valor inicialmente previsto. O partido arquitetônico também dividiria a
crítica especializada.
4.2. Galeria Marta Traba

Ocupando uma área de mil metros quadrados, o projeto arquitetônico da galeria


já é uma obra de arte, pois uma única coluna central suporta toda a construção,
permitindo ao visitante, desde a entrada, uma visão de todo o acervo exposto.
Composta por duas salas expositivas, a Galeria Marta Traba possui toda a
infraestrutura necessária para a conservação das obras, como controle de
temperatura, umidade e iluminação, o que possibilita apresentar importantes
mostras de arte.

Figura 39: Galeria Marta Traba (Fonte: MEMORIAL 2015)

4.3. Biblioteca Victor Civita

A Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, vinculada ao CBEAL, tem como


principais atribuições: reunir, organizar e disseminar a expressão cultural
representativa de cada um dos países da América Latina. Possui um acervo de
mais de 40 mil livros e 10 mil documentos. Dispõe de uma videoteca, com mais
de 2 mil títulos acessíveis ao público, um infocentro com acesso gratuito à
Internet e um auditório com capacidade para 140 pessoas, onde são realizados
cursos e palestras sobre literatura e outros temas relacionados com a integração
latino-americana, saraus, lançamentos de livros, debate dentre outros.

Hoje, oferece a seus usuários a produção cultural latino-americana através de


diversos suportes de informação: livros, revistas, jornais, vídeos, cassetes, etc.,
sendo possível localizar os materiais disponíveis por meio de pesquisa no
Acervo.
Atualmente, seu maior objetivo é utilizar as novas tecnologias para facilitar o
acesso à informação local e possibilitar o acesso a outras bases de dados de
interesse, promovendo o intercâmbio entre os diversos países e contribuindo
para a integração latino-americana.

Figura 40: Biblioteca Victor Civita (Fonte: MEMORIAL 2015)

4.4. Praça Cívica

A Praça Cívica é um imenso espaço aberto que une os prédios da Galeria Marta
Traba, da Biblioteca Latino-americana Victor Civita e do Salão de Atos. Sua
intenção é o encontro de multidões. Com capacidade para cerca de 40 mil
pessoas, em seus 12 mil m² de área livre, nela acontecem festas típicas dos
países do continente e das regiões brasileiras, shows populares, festivais,
oficinas e espetáculos variados.

Conhecido também como Praça do Sol, encontra-se a Mão, um dos símbolos de


São Paulo. Escultura mundialmente conhecida de Oscar Niemeyer – em cuja
palma vemos o mapa da América Latina como que se esvaindo em sangue – a
Mão tornou-se um emblema deste continente colonizado brutalmente e até hoje
em luta por sua identidade e autonomia cultural, política e socioeconômica.

Atravessando a passarela, no espaço entre os prédios do Parlatino, Pavilhão da


Criatividade e Administração, foram plantadas 160 palmeiras Jerivá. Daí o nome
Praça da Sombra. Atrás das instalações, ao lado dos estacionamentos e ao
longo dos muros há uma área verde (árvores, plantas e gramado) de cerca de
16 mil m².
Figura 41: Praça Cívica (Fonte: MARQUES 2015)

Figura 42: A Mão (Fonte: MARQUES 2015)

4.5. Salão de Atos Tiradentes

Sede de solenidades e recepções oficiais ligadas às questões do subcontinente


latino-americano, o Salão de Atos Tiradentes é o coração do Memorial. A luz,
tênue, filtrada por uma parede envidraçada, preenche o ambiente de 30 metros
de altura.
Essa “catedral profana” abriga a mais importante obra de Cândido Portinari, o
Painel Tiradentes, de 1948, com 18 metros de comprimento e 3 metros de altura.
No Salão de Atos também estão seis maravilhosos painéis em concreto
aparente, gravados em baixo-relevo pelos artistas plásticos Caribé e Poty, cada
um com 15 metros de altura, representando os povos pré-colombianos.

Figura 43: Salão de Atos Tiradentes (Fonte: MEMORIAL 2015

4.6. Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro

O Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro, com 1.600 metros quadrados, conta


em seu acervo permanente de cerca de 4 mil peças de arte popular do Brasil,
México, Peru, Equador, Guatemala, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Sendo trajes
típicos, máscaras, estandartes, instrumento musical, objetos de adorno e de uso
cotidiano, obra em argila, madeira, esculturas em ferro, brinquedos, adereços
religiosos e profanos, entre muitas outras obras da criatividade popular,
compõem a coleção do Pavilhão.

As peças de arte do acervo permanente foram selecionadas e adquiridas no


transcurso de apenas dois meses. A aquisição da coleção foi conduzida pelos
fotógrafos Jacques e Maureen Bisillia, que em 1988 viajaram para países
escolhidos por Darcy Ribeiro para compor um acervo inicial, baseado na linha-
mestra das grandes civilizações pré-hispânicas, tendo o Brasil como anfitrião.
Sendo peças singelas de artista anônimas, onde foram recolhidas sem
intermediários.

Figura 44: Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro (Fonte: MEMORIAL 2015)

4.7. Auditório Simón Bolivar

Inaugurado em março de 1989 com uma apresentação do Balé Nacional de


Cuba com a direção da coreógrafa Alicia Alonso. Logo em seguida veio a
Orquestra Filarmônica de Israel, sob a regência do maestro Zubin Mehta, desde
então já recebeu artistas de renome internacional como Mercedes Sosa, Astor
Piazzolla, Tom Jobim, Hermeto Paschoal, Libertad Lamarque e conferencistas
como Fidel Castro, Bill Clinton e Hugo Chaves, entre outros. O Auditório Simón
Bolívar tem um amplo foyer e acomoda até 1.600 pessoas, divididas em duas
plateias por um palco central. É decorado com uma tapeçaria de Tomie Ohtake
de 620 metros quadrados. Contudo, está em fase de restauração depois de um
incêndio em novembro de 2013, onde temporariamente encerrou suas
atividades, mas voltara a proporcionar a mesma programação com mais conforto
e moderno sistema de segurança.
Figura 45: Auditório Simón Bolivar (Fonte: MEMORIAL 2015)

Figura 46: Locação do Memorial da América Latina (Fonte: MEMORIAL 2015)

4.8. Referencias Bibliográficas

https://memorial.org.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Memorial_da_Am%C3%A9rica_Latina
https://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/memorial-da-america-latina/
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/memorial-da-america-
latina-sao-paulo/
MUBE
MUSEU BRASILEIRO DE ESCULTURA E ECOLOGIA
5. MUBE

5.1. História
Como resultado de uma mobilização dos moradores de um dos bairros mais
nobres da capital de São Paulo contra construção de um Shopping Center, foi
idealizado o Museu Brasileiro da Escultura Marilisa Rathsan (MUBE), sendo
liderado pela criadora, fundadora e presidente da Sociedade Amigos do Museu
(SAM), Marilisa Rathsan.Vinte anos após o início da mobilização a Prefeitura em
regime de comodato cede á construção de um museu. Sendo assim, Paulo
Mendes da Rocha, após concurso, projeta juntamente com Burble Marx um
museu onde é trabalhada a ecologia através de um jardim, com exposição de
esculturas a céu aberto.

Sua inauguração foi em 1995 para apenas exposições temporárias, sem acervo
fixo.

 Arquiteto: Paulo Mendes da Rocha;


 Paisagista: Roberto Burle Marx;
 Local: Avenida Europa esq. com Rua Alemanha. São Paulo (Estado de
São Paulo);
 Data do projeto: 1986;
 Período de construção: 1987-1995;
 Área do terreno: 6935.91 m2;
 Área construída: 3.478.80 m2 (total); 2.746.80m2 (subsolo); 732m2
(abrigo).

5.2. Instalações

O Museu tem sala de exposições, aulas de arte, auditório, sendo


que também recebe exposições tanto internacionais, quanto nacionais
sempre itinerantes com cerca de 1.400 m2 de área. Suas instalações
contam com Ateliês Oficinas com 600 alunos onde tem cursos, workshops
e mestrado com excelentes profissionais de artes plásticas, críticos e
historiadores de arte. Com capacidade de 200 lugares, tem ainda o
auditório onde sempre tem filmes, slides, dança, debates, congressos,
dentre outras formas de cultura e em variadas formas de mídias.

5.3. Projeto

Por não ser um projeto convencional com recuos laterais, frente e fundos,
de acordo com as análises de condições topográficas do terreno, o arquiteto
Paulo Mendes da Rocha fez um museu semi-subterrânio onde faz uma
representação ecológica através do jardim de Burble Marx, que não seria apenas
um jardim, mas uma parte do museu idealizado ao ar livre, aproveitando o
desnível para aflorar a entrada pela rua Alemanha.

Com isto, auxiliou tanto na acústica, quanto na térmica da área enterrada. Sendo
uma solução a proteção da área externa com uma grande e perfeita horizontal
perpendicular à avenida Europa. A altura tem referências à escala humana de
2,30 m.

5.4. Partido arquitetônico

Situado na zona residencial da cidade, o MUBE foi inicialmente imaginado


como um museu de escultura e ecologia. Assim decidiu-se que seu destino seria
abrigar uma “notícia da paisagem”. Realizado apenas como museu da escultura,
ele não deixou de ser imaginado como um jardim, como uma sombra e um teatro
ao ar livre. A edificação principal não é aparente a céu aberto, a não ser por um
alpendre, grande prisma reto, lugar de abrigo simbólico sobre o jardim, ponto de
referência e parâmetro de escala entre as esculturas e o observador. Da mesma
maneira, os cortes e elevações tornam evidente a situação original do terreno:
os desníveis se sucedem da Avenida Europa até a Rua Alemanha e, daí até o
interior do museu, na profundidade permitida pelo lençol freático, por esses
desníveis, o espaço interno aflora, surpreendentemente visível, no piso superior,
sob a forma de uma praça recortada, um anfiteatro e um espelho d’água.
Figura 49: Partes arquitetônicas (Fonte: GOOGLE 2015)

E o corte, portanto que induz a um percurso ininterrupto do interior ao


exterior e vice-versa, numa clara demonstração da ideia de espaço contínuo.

Se o corte é o rebatimento do terreno e se a planta é o rebatimento do lote, o


resultado dessa equação retirou o lote de sua condição de mero recorte no mapa
urbano, ao lhe restituir o corpo e a fisicalidade do terreno. Só então se
compreende que a extensa viga que atravessa, solta, todo o projeto,
rigorosamente sem função estrutural, sustenta na verdade o que está em baixo,
a superfície construída, e a mantém numa calma tensão, entre a memória plana
do antigo terreno e a sua reconstituição como novo lugar. Essa grande viga foi
criada, pois a intenção do arquiteto era colocar uma pedra no céu, assim como
as pedras de Estonehenge.
Figura 49: Pedras de Estonenhenge (Fonte: GOOGLE 2015)

Ao nível da grande praça, a extensa linha da laje (60mx20m), muito baixa


como que comprime sob ela o seu negativo, uma faixa vazia. A proporção quase
1:1 entre a altura da viga e o pé direito (2m x 2,5m) produz, assim, uma espécie
de compressão do olhar em direção ao piso, que nos leva a descer, pouco a
pouco, até o interior do museu. Percebe-se nesse momento que a dimensão do
grande pilar (4mx12m) faz dessa marquise a medida horizontal e vertical do
terreno, ou seja, uma coordenada cartesiana. É por isso que não se pode
entendê-la simplesmente com um objeto dentro do lote, mas como a medida e a
escala visual de todo projeto. É um marco, não um monumento.

O projeto destrói, assim, a primeira impressão, a de uma superfície estática


sobre a qual um objeto vem pousar.

Na cota mais baixa do terreno, a praça de entrada revestida com um mosaico


branco é uma mancha clara a dissolver a gravidade da massa de concreto que
desce verticalmente sobre ela. De seu lado, na cota mais alta, a lâmina d’água
no ângulo extremo do lote não espelha nada, é antes uma reverberação de luz
parece agora vir de baixo para cima, como a recortar um vazio no piso da praça
superior. Vista da esquina, ao nível da rua, dela somente resta uma pequena
luminosidade sobre a empena opaca do concreto, uma imagem fluida da
memória horizontal do terreno. A antiga superfície está assim presente e ausente
ao mesmo tempo.

Figura 50: Projeto (Fonte: GOOGLE 2015)

Figura 51: Executado (Fonte: GOOGLE 2015)


Paulo Mendes da Rocha impressiona com o projeto deste museu, pois
existe um controle do partido muito grande, e a determinação em implantar o
projeto sobre si mesmo. É uma situação que faz criar um lugar, uma marca na
cidade.

Neste em um sentido próximo a “pedra bruta” de Corbusier, como índice da


matéria anterior à transformação operada pelo trabalho e pela sociabilidade. A
disponibilidade da “pedra bruta” e a técnica são o que permite ao arquiteto
colocar de maneira sutil, a passagem da natureza à cultura, da superfície a
construção.

5.5. Concepção e Análise estrutural

Como mencionado anteriormente, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha


pretendia “colocar uma pedra no céu”. O maior desafio a ser vencido era a
escala, o grande vão de 60 metros, e para isso, foram necessários três
requisitos: maior leveza e resistência da estrutura e evitar a deformação da peça.

Sendo assim, para se ter maior leveza, na seção transversal foi utilizada uma
estrutura alveolar, com paredes delgadas, resultado das nervuras da laje do tipo
caixão perdido e na seção longitudinal foram utilizadas vigas do tipo vierendeel,
mais leves e tão eficientes quanto a de alma cheia.

Para obtenção de maior resistência, foram utilizados materiais de alta tecnologia,


como o concreto de alta resistência. Normalmente são utilizados concretos com
fck 150 ou 180 Kgf/m2, porém nesta obra foi utilizado com fck 350 Kgf/m2. O
mesmo ocorreu com o aço escolhido, onde normalmente se usa o CA 50, que
resiste a 5000 Kgf/m2, foi usado o CP 190, que resiste a 19000 Kgf/m2, ou seja,
quase quatro vezes mais resistente do o utilizado em estruturas convencionais.

Solucionando esses dois problemas, ainda restava evitar a deformação da


estrutura, que com o peso e o tempo seriam acentuadas. Para isso foi utilizada
a técnica da protensão, com introdução de cabos de aço, produzindo forças de
baixo para cima, ou seja, opostas à da gravidade. Com isso, criou-se uma contra
flecha de 15 cm, calculada para que nunca seja absorvida totalmente. Outros
ajustes foram feitos no projeto de acordo com a estrutura, como a altura dessa
viga, que inicialmente seria de 2 metros, porém seria necessária a utilização de
um concreto muito mais resistente, passando para 2,5 metros de altura.

Com o problema das deformações verticais resolvido, passou-se para as


deformações horizontais sofridas pelo concreto e pelo aço, devido a variações
térmicas, protensão e variação volumétrica (retração do concreto na secagem),
que pode chegar a 2 ou 3 cm.

Para absorver essas variações, as vigas foram articuladas aos pilares por quatro
apoios, sendo no pilar menor (mais curto) quatro articulações fixas, e no pilar
maior (mais longo), quatro articulações móveis, permitindo essas
movimentações horizontais, utilizando uma camada de neoprene de 5cm de
espessura.

A durabilidade desses materiais deve ser assegurada por algumas medidas,


como a proteção das armaduras e cabos de protensão do concreto, que
necessitam de um recobrimento adequado para evitar a corrosão. O neoprene,
feito de borracha sintética, está mais sujeito ao envelhecimento e ressecamento
devido a ações do tempo e, por isso, deve ser trocado a cada 10 ou 15 anos.
Prevendo isso, foi deixada uma fenda de 15 cm entre as vigas e o pilar, suficiente
para a colocação de três macacos hidráulicos, suspendendo a viga, para
substituição do neoprene.

O museu em si é, em sua maior parte, subterrâneo, sendo necessário um


sistema de drenagem muito eficiente ao longo de toda sua extensão, pois o
lençol freático existente fica numa cota acima do nível da construção. As paredes
são continuamente estruturais, de concreto armado, que já servem como pilares
e muros de arrimo, e muito bem impermeabilizadas, por estarem em contato
direto com a água.

As lajes são protendidas e nervuradas a cada 2,45 metros, ao longo dos três
blocos de 18 metros cada, e tem espessura de 10 cm, apoiando-se nas paredes
estruturais. Somente na parte do auditório as nervuras seguem a curvatura dos
pisos deste.

Essas lajes possuem uma contra flecha exagerada, para que haja escoamento
das águas pluviais, já que o piso da praça acima é falso. Foram utilizados
estrados pré-moldados e grelhas, permeáveis, para que a água penetre, escorra
sobre a laje e chegue até as paredes estruturais, que possuem calhas de
escoamento.

5.5.1. Concreto protendido

Se analisarmos os esforços em uma viga de concreto, observamos que nas


fibras superiores aparecerão esforços de compressão e nas inferiores de tração,
aparecendo também os esforços de cisalhamento, que tendem a provocar o
deslizamento relativo das fibras. Sendo assim, o concreto vai ser solicitado à
compressão, tração e corte e esse material, por sua formação, apresenta
razoável resistência às tensões de compressão, porem a sua resistência à tração
é baixa.

A solução foi o emprego do concreto armado, porém nem sempre é tecnicamente


recomendável pelo aparecimento de fissuras na zona tracionada. Assim, surge
a ideia de tracionar previamente a armadura, para que depois ao tender voltar
como elástico, a mesma provoque tensões de compressão no concreto,
compensando as tensões de tração provocadas pelo peso e carregamentos.

Protender uma armadura é tracioná-la previamente por dispositivos adequados,


alongando-a dentro dos limites elásticos do aço. Esta armadura ancorada tende,
após a protensão, voltar a sua forma inicial, transmitindo assim uma compressão
à peça.

O processo de protensão pode ser feito através de macacos hidráulicos, que


tencionam o aço antes, através de cunhas cravadas por pressão elevada contra
uma ancoragem receptora, ou depois da concretagem da viga, através de
injeção de nata de concreto nas bainhas previamente colocadas.

Num projeto estrutural, a utilização deste sistema, quando viável, conduz a uma
grande economia, tanto por reduzir a seção estrutural de concreto, como pela
diminuição do peso próprio e pela consequente economia na armadura de
protensão. A redução das almas das vigas pela sua maior capacidade de
resistência aos esforços fornece elementos de grande esbeltez para a
composição da estética aliada à funcionalidade e economia.

Vantagens do Concreto Protendido:

 Estrutura não fissurada na zona tracionada do concreto, dando maior


rigidez;
 Redução da seção do aço pelo aproveitamento de tensões elevadas;
 Para uma igual capacidade, portanto, requer dimensões mais reduzidas,
tornando as estruturas mais esbeltas;
 Possibilidade maior na avaliação da deformação lenta e da retração;
 Resistência da peça aos esforços cortantes é melhorada e por efeito da
protensão, as tensões principais de tração são reduzidas, diminuindo a
necessidade de estribos;
 A segurança das peças pretendidas é aumentada, possibilitando o
aumento dos vãos;
 Para grandes vãos, as estruturas são mais econômicas pela redução dos
materiais empregados.

Desvantagens do Concreto Protendido:

 As estruturas protendidas não são mais econômicas que as de concreto


armado para vãos pequenos; e sendo vantajosa sua utilização em pré-
moldados, somente quando contamos com grande repetição das peças;
 Estruturas muito leves, em alguns casos, são inconvenientes, pois
necessita-se de peso e massa em lugar de resistência;
 As peças protendidas requerem mais cuidado no cálculo, construção e
manuseio, do que as de concreto armado comum, pessoal especializado
na execução das peças e na própria protensão da mesma;
 As fôrmas das vigas são mais trabalhosas, pois geralmente não são de
forma retangular.
5.6. Referências Bibliográficas

https://www.mube.space/
https://www.sh.com.br/blog/2015/o-que-e-concreto-protendido/
https://www.escolaengenharia.com.br/concreto-protendido/
HOTEL UNIQUE
6. Hotel Unique

O Hotel Unique é um hotel localizado na cidade brasileira de São Paulo.


É muito conhecido pela sua ousada característica arquitetônica, em formato de
barco e abriga 95 apartamentos, sendo 10 suítes, e em seu terraço encontra-se
o restaurante Skye.

A arquitetura marcante ainda conta com enormes janelas circulares, dando uma
visão panorâmica da região dos Jardins.

Ao definir a forma, como um longo arco invertido (quase 100 m de comprimento)


com 2 empenas laterais de concreto, procuramos caracterizar como um conceito
de hotel-urbano.

O acesso do hotel é pelo grande espaço vazado do lado direito e o acesso ao


Centro de Eventos é, simetricamente, pelo grande vazado do lado esquerdo.
Esses dois espaços vazados, que começam com 25 m de altura, e descem em
curva, constituem um forte elemento dessa característica urbana da obra.

As janelas circulares, de 1,80 metro de diâmetro permitiu uma composição


dinâmica na fachada, acentuada pelo revestimento em placas de cobre pré-
oxidadas em três tons de verde.

O hotel é composto de 6 pavimentos (totalizando 96 apartamentos). No térreo,


com pé direito duplo e curvo, localizam-se a recepção, bar e área de apoio, onde
foi projetada toda uma parede de vidro transparente com muita suavidade,
possibilitando uma “conversa” entre o lobby do hotel e a rua da cidade.

O restaurante, na cobertura, com a necessária leveza, obtida com detalhes de


vidro e respectiva estrutura metálica, tem uma vista privilegiada para a cidade de
São Paulo.

O centro de eventos, no 1º subsolo, constituído de salões modulados, totalizando


área para 1.500 pessoas. E, 3 subsolos completam o edifício, para
estacionamento e área de infra-estrutura.

O espaço interno acompanha o desenho externo: os corredores dos


apartamentos são curvos, buscando a luz natural das janelas circulares.
Os apartamentos de ponta têm uma característica inusitada: o piso sobe em
curva, resgatando o desenho da fachada, até encostar no forro, provocando um
espaço totalmente diferenciado.

52: Hotel Unique (Fonte: GOOGLE 2015)

6.1. Solução
Para a implantação do Hotel Unique, o Grupo Método industrializou as
etapas de construção a partir de tecnologias racionais, permitindo que as partes
substanciais das estruturas fossem produzidas fora do canteiro de obras.

Cada um dos pavimentos foi executado com lajes protendidas de 22 cm de


espessura em balanços sucessivos do segundo ao sétimo pavimento,
totalizando 20,5 mil m² de área construída. O grande diferencial é que a estrutura
não foi projetada para ficar apoiada nos dois grandes pilares laterais,
considerando que estes elementos foram aproveitados para resistir à ação
lateral do vento. Dessa forma, as extremidades da estrutura principal se
encontram com as paredes.

O Grupo Método industrializou as etapas de construção a partir de tecnologias


racionais, permitindo que as partes substanciais das estruturas fossem
produzidas fora do canteiro de obras

A estrutura principal estabelece-se apenas em oito pilares de seção tronco-


piramidal com as duas laterais em balanços de 24 m. Em forma de longo arco
invertido, o hotel é composto de duas grandes vigas ou empenas de fachada
frontal e posterior, executadas em concreto com 90 metros de comprimento que
sustentam as lajes e servem de vedação do hotel. Com espessura de 30 cm,
elas foram protendidas em três faixas horizontais e estão afastadas 15 metros
entre eixos.

O sucesso do projeto também passou pelo conhecimento técnico e executivo do


Grupo Método a respeito das reais características dos outros materiais
estruturais como o aço e sua interação com os demais elementos construtivos.
Além disso, a empresa disponibilizou especialistas na execução de cada um dos
sistemas empregados com mão de obra própria.

6.2. Descrição do produto

O Grupo Método utilizou conhecimento diferenciado em engenharia estrutural


para dar suporte e participar desde o anteprojeto até a gestão do processo de
implementação e construção da estrutura, ofertando a gestão integrada dos
serviços desde a pré-construção, coordenação de projetos específicos,
execução e montagem até a implantação do Feature, Furniture & Equipment
(FF&E).

6.3. O arquiteto Ruy Ohtake

Ruy Ohtake começou sua produção em 1960, no mesmo ano em que se formou
pela FAUUSP, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo. Desde então, seu escritório tem sido uma produção intensa, contando
com obras em todo o território nacional e no exterior.

Ruy Ohtake, ainda como estudante de Arquitetura da USP, foi até o Rio de
Janeiro conhecer o grande arquiteto Oscar Niemeyer, considerado o papa da
arquitetura. Esperou o dia inteiro e às sete horas da tarde, Ruy recebeu um
convite para jantar. Foi uma de suas maiores alegrias naquele tempo.

Por isso, Ruy Ohtake reconhece que é importante dialogar com os futuros
arquitetos e passar um pouco de sua experiência. Escolheu o tema Arquitetura
contemporânea brasileira para participar do Congresso Brasileiro de Atualização
Profissional - 2005, realizado dia 10 de novembro no Teatro UNIP, campus
Indianópolis, com a presença dos professores da Universidade Ana Elena Salvi
e Pedro Américo Frugoli, coordenadora do curso de Arquitetura e diretor do
Instituto de Ciências Exatas, respectivamente, que fizeram parte da mesa. O
teatro estava lotado de alunos e professores, que aplaudiram muito o arquiteto
Ruy Ohtake.

Dentro do tema Arquitetura contemporânea brasileira, Ruy Ohtake destacou toda


a gama de trabalho que se pode fazer. Qual é essa gama de trabalho?

“Nós vivemos em uma cidade com 25 milhões de habitantes, São Paulo, que tem
um desajuste social muito grande. Há desde um núcleo de alto poder aquisitivo
até a borda da cidade, a zona periférica, com uma população muito carente,
vivendo em favelas. Nosso trabalho vai do Hotel Unique, passando pela classe
média, classe média baixa, até a favela de Heliópolis. Eu tenho atuado na favela
de Heliópolis que é hoje a maior favela de São Paulo. ”

Ruy Ohtake considera que toda essa experiência com o Hotel Unique e a favela
de Heliópolis deve ser contada aos estudantes e discutida com os arquitetos. E
se propôs a discutir a arquitetura sem esquecer a ética e a dignidade e sem abrir
mão do desenho e do projeto da estética e da qualidade.

Entre os arquitetos, ele destacou: Antoni Gaudí (1852 - 1926), um dos grandes
nomes da arquitetura. Enquanto era vivo, não foi reconhecido. Uma das obras
mais famosas foi a Igreja da Sagrada Família, em Barcelona, na Espanha. Seu
estilo arquitetônico não possui outras referências, é único e exclusivo.

Outro arquiteto reconhecido é Le Corbusier, fundador do modernismo, com


Unités d'habitation, que são grandes edifícios modulares originados de um
programa de reconstrução do governo francês. A primeira unidade, e a mais
famosa delas, foi construída em Marselha, França, em 1946. No sétimo andar
havia uma rua com ateliê, lojas, restaurante etc., e, nos outros andares,
apartamentos.

F.L. Wright (1867-1959) fez o Museu Guggenheim, na Quinta Avenida, em Nova


York, EUA, com início da obra em 1943 e término em 1959. Nessa época a
tipologia dos edifícios era neoclássica. O projeto é do fim da década de 1930, e
inclui rampas e uma inovação: exposição de quadros nessas rampas.

Outro destaque é Oscar Niemeyer com a Igreja São Francisco de Assis, em Belo
Horizonte, (1943), na Pampulha, projetada durante a prefeitura de Juscelino
Kubitschek. Nessa obra Niemeyer rompe com o modernismo. Destaca-se uma
pintura em azulejo de Portinari. A partir desse projeto começa toda sua obra. E
se une à vanguarda do mundo, Gaudí, Corbusier e Wright.

Ruy Ohtake destacou ainda Vilanova Artigas (1915-1985), um dos maiores


arquitetos do século 20, que projetou o prédio da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo (FAU), na USP, uma das obras mais significativas do modernismo.
Depois da FAU fez a Casa Elza Berquó, em São Paulo (1967). A novidade dessa
obra é que quatro troncos formam os pilares da casa. 'É meu projeto meio pop,
meio irônico, e eu gosto muito de vê-lo, de qualquer ângulo', afirmou Artigas.

Outra obra de destaque de Vilanova Artigas: Vestiários do São Paulo Futebol


Clube, São Paulo (1968), com oito pilares, com espaçamento de oito em oito
metros. 'Este é um conjunto que marcou uma determinada época. Foi uma virada
estética, para nós, em São Paulo', afirmou Artigas.

A terceira obra destacada de Artigas é o Centro Integrado de Educação Primária


de Vila Alpina, São Paulo, (1970). 'A escola tem um tratamento que é, na sua
essência, paisagístico (...) (as salas) têm formas bastante irregulares, evitando
a solução convencional de salas quadradas ou retangulares. As salas são em
forma de trapézio.' Nessa época Artigas começou a vislumbrar algumas saídas
para o modernismo.

Enfatizando outras obras ao redor do mundo, Ruy Ohtake citou: Sydney Opera
House,de Jorn Utzon, em Sydney, Austrália (1957). Essa obra de Sydney abre
novas perspectivas para a arquitetura mundial. O espaço interno nada tem a ver
com o espaço externo.

Kenzo Tange, Tóquio, Japão (1964), apresenta o Ginásio Nacional para as


Olimpíadas de Tóquio.
Zaha Hadid, com o Rosenthal Center for Contemporary Art, em Ohio, EUA
(2004). Norman Foster, com Swiss Re Tower, Londres, Inglaterra (2004). Todos
os andares têm um terraço para dentro, não para fora.

Frank O.O. Gehry, Museu Guggenheim, Bilbao, Espanha (1997). Uma das obras
mais emblemáticas das Espanha. Obra que transformou a cidade de Bilbao, até
então decadente. Depois dessa obra teve início um novo destino à cidade:
turismo. Os impostos de Bilbao triplicaram em pouco tempo, e houve uma grande
expansão.

No Brasil destacou Oscar Niemeyer com o Museu Oscar Niemeyer em Curitiba,


Paraná (2002), e com o MAC - Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em
Niterói, Rio de Janeiro (1991), construído na ponta da rocha. Há uma grande
janela em volta, que, segundo dizem, distrai a atenção dos visitantes durante a
exposição.

6.4. Referências Bibliográficas

Galeria da Arquitetura
https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/ruy-ohtake_/hotel-
unique/350

Wikipédia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hotel_Unique

BrasilTuris - Hotel Unique é referência de luxo em SP


https://brasilturis.com.br/hotel-unique-e-referencia-de-luxo-em-sp/
MASP
MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO
7. MASP

Instituição particular sem fins lucrativos, o museu foi fundado em 1947, por
iniciativa de Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi. Ao longo de sua história,
notabilizou-se por uma série de iniciativas importantes no campo da museologia
e da formação artística, bem como por sua forte atuação didática. Foi também
um dos primeiros espaços museológicos do continente a atuar com perfil de
centro cultural, bem como o primeiro museu do país a acolher as tendências
artísticas surgidas após a Segunda Guerra Mundial. Com isto, tornou-se o
primeiro museu moderno do país.

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (mais conhecido pelo


acrônimo MASP) é uma das mais importantes instituições culturais brasileiras.
Primeiramente instalada na rua 7 de Abril, e desde 1968, na avenida Paulista,
cidade de São Paulo, em um edifício projetado por Lina Bo Bardi para ser sua
sede. Famoso pelo vão-livre de mais de 70 metros que se estende sob quatro
enormes pilares, o edifício é considerado um importante exemplar da arquitetura
brutalista brasileira e um dos mais populares ícones da capital paulista, sendo
tombado pelas três esferas do poder executivo.

O MASP possui a mais importante e abrangente coleção de arte ocidental da


América Latina e de todo o hemisfério sul, em que se notabilizam sobretudo os
consistentes conjuntos referentes às escolas italiana e francesa. Possui também
extensa seção de arte brasileira e pequenos conjuntos de arte africana e asiática,
artes decorativas, peças arqueológicas etc., totalizando aproximadamente 8 mil
peças. O acervo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN). O museu também abriga uma das maiores bibliotecas
especializadas em arte do país.
Figura 53: MASP (Fonte: Wikipédia, 2018)

Figura 54: Segundo subsolo do MASP (Fonte: GOOGLE 2015)

O museu vem proporcionando ao público brasileiro, desde sua fundação,


centenas de exposições de artistas estrangeiros e grandes exposições
internacionais, através do Intercâmbio de obras com diversos museus no mundo
e o patrocínio de empresas parceiras, e permanentemente apresenta as obras
dos artistas radicados no Brasil através de uma visão contemporânea da
produção atual de todas as manifestações artísticas.

7.1. História

A década de 1940 caracterizou-se no Brasil como um período de grande


efervescência no plano econômico e político. A ascensão de Getúlio Vargas ao
poder, em 1930, havia marcado o fim do liberalismo e uma maior interferência
do Estado na vida econômica do país, mas fatores de ordem internacional, como
a Segunda Guerra Mundial e a crise de 1929, favoreceram um surto de
desenvolvimento industrial, em substituição ao ciclo do café, tendo como
consequência direta a criação das condições necessárias ao crescimento urbano
e à instalação de uma "estrutura cultural" no país. Em São Paulo,
particularmente, o período se notabilizou pela consolidação de um vigoroso
parque industrial. O estado, a essa altura, já havia suplantado o Rio de Janeiro
como principal produtor de bens de consumo do país. A capital paulista
prosseguia em sua trajetória de extraordinário crescimento populacional.
Atraindo muitas indústrias e concentrando uma expressiva e poderosa elite,
abandonava progressivamente o aspecto de cidade provinciana.

No plano cultural, sem embargo, São Paulo ainda distava muito da então capital
federal, onde o debate estético encontrava-se muito mais adiantado e o poder
público já assimilava as manifestações modernas internacionais (sendo o edifício
do Ministério da Educação e Cultura o exemplo maior de tal contexto). Sua
referência mais notável continuava a ser a Semana de Arte Moderna de 1922.
Se por um lado esse evento havia permitido alguma abertura aos artistas
modernos nos salões oficiais, influenciado a criação de grupos e associações
como a Sociedade Pró-Arte Moderna e a Família Artística Paulista e garantido
alguma substância ao debate estético, por outro, seus propósitos não chegaram
a atingir o grande público nem a definir um circuito artístico local. A cidade
contava com uma casa de ópera de prestígio e com uma grande quantia de
cineteatros, de programação bastante diversificada, mas havia um único museu
voltado à arte, a Pinacoteca do Estado, dedicada quase exclusivamente à arte
acadêmica. A Escola de Belas Artes seguia a mesma orientação e eram poucas
as galerias comerciais abertas às tendências modernas.

O paraibano Assis Chateaubriand, fundador e proprietário dos Diários


Associados - à época o maior conglomerado de veículos de comunicação do
Brasil – foi uma das figuras mais emblemáticas desse período. Comandava um
verdadeiro império midiático, composto por 34 jornais, 36 emissoras de rádio,
uma agência de notícias, uma editora (responsável pela publicação da revista O
Cruzeiro, a mais lida do país entre 1930 e 1960) e se preparava para ser o
pioneiro da televisão na América Latina - e futuro proprietário de 18 estações.
Dono de um espírito empreendedor, Chateaubriand manteve uma postura ativa
no processo de modernização do Brasil e utilizava-se da influência de seu
conglomerado para pressionar a elite do país a auxiliá-lo em suas iniciativas,
quer fossem políticas, econômicas ou culturais. Em meados dos anos quarenta,
criou a "campanha da aviação", que consistia em enérgicos pedidos de
contribuições para a aquisição de aeronaves de treinamento a serem doados ao
aeroclube do país. Como fruto da iniciativa, cerca de mil aviões foram comprados
e doados às escolas para formação de pilotos. Terminada a campanha,
Chateaubriand iniciaria uma nova e ousada empreitada: a aquisição de obras de
arte para formar um museu de nível internacional no Brasil.

Chateaubriand pretendia sediar o futuro museu no Rio de Janeiro, mas optou por
São Paulo por acreditar que nessa cidade teria mais sucesso em arrecadar os
fundos necessários para formar a coleção. O mercado de arte internacional
passava por um momento propício para quem dispunha de fundos para adquirir
obras de relevo e o Brasil passava por um momento de grande prosperidade.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a Europa em reconstrução, muitas
coleções eram postas à venda. O aumento exponencial da oferta derrubou os
preços das obras de arte em níveis inéditos. Chateaubriand, entretanto, embora
fosse um apreciador de obras de arte, era um leigo no assunto. Para
movimentar-se nesse mercado, selecionando peças de alto valor e com
garantias de autenticidade, precisaria do auxílio de um técnico especializado e
experiente. Assim, convidou Pietro Maria Bardi para ajudá-lo na empreitada.

Pietro Maria Bardi, galerista, colecionador, jornalista e crítico de arte italiano,


havia viajado ao Rio de Janeiro na companhia de sua esposa, a arquiteta Lina
Bo, para apresentar a Exposição de Pintura Italiana Antiga no Ministério da
Educação e Saúde, organizada pelo Studio d'Arte Palma, dirigido por Bardi em
Roma. Durante um almoço em Copacabana, no verão de 1946, Chateaubriand
o convidou para auxiliar a criar e a dirigir um "Museu de Arte Antiga e Moderna"
no país. Bardi objetou que não deveria haver distinção entre as artes, propondo
denominar a instituição apenas como "Museu de Arte", e aceitou o convite.
Planejando ficar à frente do projeto por apenas um ano, dedicar-se-ia a ele pelo
resto de sua vida, tendo dirigido a instituição por quase meio século. Mudou-se
definitivamente com Lina para o Brasil, trazendo consigo seu acervo artístico
particular e uma vasta fototeca com imagens de obras consagradas.

7.2. O edifício

A atual sede do MASP foi erguida pela Prefeitura de São Paulo, e inaugurada
em 1968, com a presença da soberana britânica, a rainha Isabel II. É uma das
principais obras da arquitetura modernista no país. O edifício foi erguido no
terreno do antigo Belvedere Trianon, na Avenida Paulista, de onde se avistava o
centro da cidade e a serra da Cantareira. O doador do terreno à prefeitura, o
engenheiro Joaquim Eugênio de Lima, construtor da avenida Paulista e
precursor do urbanismo no Brasil, havia vinculado a doação do terreno à
municipalidade ao compromisso expresso de que jamais se construiria ali obra
que prejudicasse a amplidão do panorama. Desse modo, o projeto exigia ou uma
edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquiteta Lina Bo Bardi e o
engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz, optaram por ambas as
alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, suspenso a oito
metros do piso, através de quatro pilares interligados por duas gigantescas vigas
de concreto. Sob eles, estendia-se o que foi considerado uma ousadia: o maior
vão-livre do mundo à época, com extensão total de 74 metros entre os apoios,
afirmando a técnica do concreto protendido no país.

No edifício de aproximadamente 10 000 metros quadrados, há, além dos


espaços expositivos e da pinacoteca, biblioteca, fototeca, filmoteca, videoteca,
dois auditórios, restaurante, loja, oficinas, ateliê, espaços administrativos e
reserva técnica. O acabamento é simples. "Concreto à vista, caiação, piso de
pedra-goiás para o grande Hall Cívico, vidro temperado, paredes plásticas. Os
pisos são de borracha preta tipo industrial. O Belvedere é uma ‘praça’, com
plantas e flores em volta, pavimentada com paralelepípedos na tradição ibérico-
brasileira. Há também áreas com água, pequenos espelhos com plantas
aquáticas", descreve Lina Bo Bardi, afirmando: "Não procurei a beleza. Procurei
a liberdade. "Em 2003, o edifício foi tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional.

No que diz respeito à museografia, Lina Bo Bardi inovou ao utilizar lâminas de


cristal temperado amparadas por um bloco de concreto aparente como base para
as pinturas. A intenção é imitar a posição do quadro no cavalete do artista em
seu ateliê. Essas bases, que atualmente não são mais utilizadas, traziam no
verso dos quadros pranchas com informações sobre o pintor e a obra.
Paradoxalmente essa forma de exibição deixou de ser adotada pelo MASP no
momento em que, no fim dos anos 1990, ela passou a ser estudada
internacionalmente.

Entre 1996 e 2001, a atual administração do museu empreendeu uma ampla e


polêmica reforma. Não obstante as necessárias obras de reprotensão das vigas
de sustentação, recuperação estrutural e impermeabilização da cobertura, o
arquiteto e ex-diretor do museu, Júlio Neves, determinou a troca do piso original,
escolhido por Lina Bo Bardi, a instalação de um segundo elevador, a construção
de um terceiro subsolo e a substituição dos espelhos d’água por jardins. Muitos
arquitetos apontam que as reformas causaram uma profunda descaracterização
do projeto original de Lina.

7.3. Referência bibliográfica


Wikipédia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Arte_de_S%C3%A3o_Paulo

Site do Masp
https://masp.org.br/

SP – ARTE 365
https://www.sp-arte.com/editorial/de-olho-na-historia-masp/

Archdaily – Masp Completa 50 anos


https://www.archdaily.com.br/br/905090/masp-de-lina-bo-bardi-
completa-50-anos
ALVENARIA ESTRUTURAL
8. Alvenaria Estrutural

Dentre os processos construtivos existentes a alvenaria estrutural vem


ganhando grande espaço no Brasil nas últimas décadas. De início o destaque
do sistema estava relacionado com a notável redução dos custos da construção
e a grande agilidade e racionalidade do sistema. Com o passar do tempo, vem
se desenvolvendo e atingindo o mercado de obras de médio e alto padrão,
dominando empreendimentos horizontais e verticais em todo o país.

Esse formato de construção que vem ganhando amplo mercado, a alvenaria


estrutural permite a diminuição de custos e facilita as operações de execução da
obra. Além disso, leva também à redução de investimentos como a compra ou
aluguel de equipamentos, o que possibilita maior flexibilidade quanto à definição
do andamento do projeto. Em grande parte dos casos ainda não foi explorado
todo o potencial da alvenaria estrutural em nosso país, tanto no que tange à
capacidade estrutural da alvenaria, quanto à racionalização do mesmo.

A alvenaria estrutural pode ser definida como um processo construtivo que se


caracteriza pelo uso de paredes como principal estrutura de suporte do edifício,
dimensionadas através de cálculo racional. Desta forma, a parede desempenha
um duplo papel: a de vedação vertical e de suporte estrutural.

Com o desenvolvimento do sistema, atualmente existem normas que


regulamentam a construção de empreendimentos verticais que no passado não
se acreditava serem executados nesse sistema. A alvenaria estrutural tem
ganhado espaço no cenário mundial da construção devido a vantagens como
flexibilidade construtiva, economia e velocidade de construção. Mas sua maior
notoriedade deve-se ao seu potencial de racionalização e produtividade, que
possibilita a produção de construções com bom desempenho tecnológico aliado
a altos índices de qualidade e economia. Estas vantagens podem ser
visualizadas nos seguintes pontos:
 Simplificação dos procedimentos de execução, redução do número de
etapas e redução da diversidade de materiais e mão-de-obra, que
implicam diretamente na facilidade de controle do processo e facilidade
de treinamento da mão-de-obra;

 Eliminação de interferências através da compatibilização de todos os


projetos e facilidade de integração com outros subsistemas;

 O processo produtivo proporciona boa flexibilidade na fase de


planejamento, implicando em grande facilidade de organização;

 A fase de execução também proporciona boa flexibilidade, através da


possibilidade de diferentes níveis de mecanização.

Todas as vantagens supracitadas aperfeiçoam o processo de construção em


alvenaria estrutural, tornando-o mais econômico e mais rápido que os sistemas
convencionais em concreto armado.

8.1. História

O uso da alvenaria estrutural teve sua origem nas antigas civilizações. Foi
considerada a principal técnica estrutural até o início do século XX. Os principais
exemplos desta técnica na história da humanidade são: construções sumérias,
pirâmides egípcias, construções romanas e as grandes catedrais europeias
medievais.

Figura 55: Castelo em alvenaria estrutural (Fonte: MEMORIAL 2015)


A alvenaria estrutural no Brasil iniciou no período colonial e os primeiros avanços
desta técnica construtiva surgiram a partir de 1850 o que a partir daí, possibilitou
construções maiores e mais resistentes à ação das águas.

Na década de 60 foi introduzida no Brasil a alvenaria estrutural de blocos


vazados de concreto, o que viabilizou a redução de custos das obras e a partir
daí começaram a ser utilizados em escala crescente. Mudanças significativas
nos principais critérios de elaboração dos projetos estruturais surgiram a partir
de testes em escala real.

Com a intensificação das pesquisas na área, foi possível criar teorias


fundamentadas em extensas bases experimentais; isto só foi possível com o
esforço de engenheiros e projetistas em grandes realizações em alvenaria o que
gerou progressos na fabricação de materiais e nas técnicas de execução.

Atualmente contamos com diversas normas da ABNT para cálculo, execução e


controle de obras em alvenaria estrutural e o sistema começa a difundir-se em
todos estados da federação. Em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, não é rara a
construção de edifícios habitacionais de 10 a 20 pavimentos em alvenaria
estrutural armada.

Entre os diversos sistemas construtivos alternativos introduzidos no país nas


últimas décadas, parece ser a alvenaria estrutural o mais compatível com as
condições de nossa cultura construtiva, tanto do ponto de vista de absorção e
adequação de mão-de-obra, quanto das possibilidades de racionalização e
diminuição de custos, mesmo sem garantia de demanda, pela ausência de uma
política habitacional duradoura. O surgimento de grupos de pesquisa e de
fabricantes de blocos estruturais, com modernas tecnologias, são suportes
importantes para assegurar a permanência e o desenvolvimento deste sistema
no Brasil. No entanto, estamos carentes de um maior número de profissionais,
com conhecimentos de cálculo, execução e controle de obras em alvenaria
estrutural.

Assim, a democratização e o desenvolvimento pleno da alvenaria estrutural,


parece estar na introdução obrigatória ou eletiva de disciplina específica nos
cursos de graduação de engenharia civil e de arquitetura de nossas
universidades, pois ainda é grande o seu desconhecimento, como sistema, no
meio de engenheiros, incorporadores e agentes financeiros do país.

8.2. Definição

De acordo com a NB 1228/89, o conceito de alvenaria estrutural é definido da


seguinte forma: “Aquela construída com blocos vazados de concreto,
assentados com argamassa, e que contém armaduras com a finalidade
construtiva de amarração, não sendo essa última considerada na absorção dos
esforços calculados”. O sistema de alvenaria estrutural previsto na NB 1228/89
requer blocos de concreto e armaduras para distribuição das tensões.

As edificações com paredes resistentes em alvenaria estrutural constituem obras


de menor porte, em geral de carregamento pequeno ou moderado, inferior a 10
pavimentos”. Assim, alvenaria estrutural pode ser definida como um processo
construtivo caracterizado pela construção de paredes sendo está a principal
estrutura de suporte da construção. As paredes resistentes da alvenaria dispõem
de um sistema estrutural mais simples, em geral de cargas pequenas, onde a
alvenaria a estrutura. As fundações podem ser corridas, com uma viga de
concreto T, subindo, daí em diante, a alvenaria estrutural.

Figura 56: Edifício em construção (Fonte: MEMORIAL 2015)


Atualmente contamos com normas da ABNT para cálculo, execução e controle
de obras em alvenaria estrutural e o sistema encontra-se difundido e aprimorado.

Abaixo seguem as normas que atualmente balizam o sistema:

 ABNT NBR 15812-1 Alvenaria estrutural - Blocos Cerâmicos | Parte 1:


Projetos;
 ABNT NBR 15812-2 Alvenaria estrutural - Blocos Cerâmicos | Parte 2:
Execução e controle de obras.

Além das normas do sistema de alvenaria estrutural, contamos com normas para
determinação das características dos blocos cerâmicos, tanto estruturais quanto
de vedação:

 ABNT NBR 15270-2 Componentes cerâmicos | Parte 2: Blocos cerâmicos


para alvenaria estrutural - Tipologia e requisito;
 ABNT NBR 15270-3 Componentes cerâmicos | Parte 3: Blocos cerâmicos
para alvenaria estrutural e de vedação - Métodos de Ensaio.

A alvenaria estrutural deve abranger os seguintes critérios:

 Isolação térmica;
 Isolação acústica;
 Resistência a impactos;
 Não ser combustível;
 Resistência.

O processo construtivo da alvenaria é constituído de pedras, tijolos, ou blocos


de concreto, ligados ou não por meio de argamassa e capaz de oferecer
condições de resistência, durabilidade e impermeabilidade. A alvenaria estrutural
“é aquela alvenaria que resiste aos esforços solicitantes graças às propriedades
de seus componentes e a interação entre eles. Atualmente, entende-se por
alvenaria estrutural aquela dimensionada por cálculo racional.” Os principais
benefícios da Alvenaria estrutural são:
 Excelente Flexibilidade e Versatilidade;
 Flexibilidade no planejamento de execução de obras;
 Facilidade de integração com os outros subsistemas.

8.3. Classificação dos tipos

8.3.1. Alvenaria estrutural armada


Processo de construção que envolve armaduras de aço dispostas nas cavidades
de elementos, chamados de blocos que são posteriormente preenchidas com
micro concreto, também conhecido como graute e envolve aço suficiente para
absorver os esforços calculados.

8.3.2. Alvenaria estrutural não armada


No processo construtivo em que nos elementos estruturais existem somente
armaduras com finalidades construtivas, de modo a prevenir problemas
patológicos, não absorvendo esforços calculados.

8.3.3. Alvenaria estrutural protendida

No processo construtivo em que existe uma armadura ativa de aço contida no


elemento resistente. Este tipo de armadura resiste bem à compressão.

8.3.4. Alvenaria estrutural parcialmente armada

Processo construtivo no qual alguns elementos também chamados de blocos,


são projetados como armados e outros como não armados, criando uma espécie
de sistema misto. Porém, este tipo de definição é empregado somente no Brasil.
8.3.5. Alvenaria de vedação

É constituída por componentes que são os tijolos ou blocos. Dentre os


componentes mais utilizados, estão diversos tipos de blocos, tais como o
cerâmico, o de concreto celular, o sílico calcário, dentre outros. Cada um deles
apresenta características próprias que influenciam no comportamento da
alvenaria como um todo. As alvenarias de vedação não têm função estrutural,
mas estão sujeitas às seguintes cargas acidentais:

 Deformação da estrutura de concreto;


 Recalques de fundação;
 Movimentações térmicas.

8.4. Componentes da Alvenaria Estrutural

Unidade: As unidades podem ser maciças ou vazadas, sendo denominados


tijolos ou blocos, dependendo de seu tamanho. Componente básico da
alvenaria, o bloco deve atender integralmente as especificações da ABNT NBR
15270-2, além das resistências especificadas no projeto estrutural. O bloco
estrutural possui furos na vertical que possibilitam a passagem de instalações.

Figura 57: Tipos de unidades cerâmicas (Fonte: MEMORIAL 2015)

Argamassa: a argamassa é um adesivo que une as unidades da alvenaria,


sendo composta de cimento, areia e água. Na argamassa de assentamento, é
adicionada a cal, cuja finalidade é aumentar a retenção da água, resultando em
uma melhoria no trabalho. A função da argamassa é unir os blocos ou tijolos,
absorvendo esforços que a parede estará sujeita, distribuindo uniformemente as
cargas atuantes na parede, e também servindo como obstáculo contra a
penetração de água, som, calor e frio.

Graute: O graute é um micro concreto líquido usado para preencher os furos dos
blocos, tendo como função principal, conseguir a união da alvenaria com a
armadura, e aumentar a resistência à compressão da parede. É constituído por
cimento, areia, brita, água e, dependendo da granulometria da areia, pode-se
adicionar cal para melhorar a coesão da mistura.

Armadura: As barras de aço utilizadas nas obras em alvenaria estrutural são as


mesmas utilizadas nas estruturas de concreto armado, mas sempre serão
envolvidas por graute, para garantir o trabalho conjunto com o restante dos
componentes da alvenaria. Usa-se na alvenaria estrutural armaduras com a
finalidade de reforçar juntas e aumentar a amarração das paredes, sendo as
mesmas usadas na alvenaria convencional. Elas servem também para minimizar
os efeitos de tensões de tração devido à flexão, sendo previstas para resistirem
aos esforços de tração atuantes como no concreto armado convencional. São
embutidas verticalmente nos furos das unidades e envolvidas por graute que tem
como função a proteção da armadura e de tornar possível a aderência entre o
concreto e o bloco.

8.5. Execução da Alvenaria Estrutural

A alvenaria estrutural requer precisão, equipamentos e ferramentas adequadas


na sua execução. O canteiro também deve ser planejado, organizado e
preparado para conter centrais de produção e estoque, a fim de facilitar o
transporte horizontal e vertical. As ferramentas para execução de uma alvenaria
estrutural são: colher de pedreiro, fio traçante, esticador de linha, broxa,
esquadro, régua técnica prumo-nível, nível a laser ou alemão, escantilhão,
argamassadeira, carrinho porta-argamassadeira, andaime metálico, carrinho
“paleteiro”, carrinho “jericão”, bisnaga, palheta e funil para grout.

Para a implantação da alvenaria estrutural, o treinamento de mão-de-obra torna-


se uma necessidade, já que nem o processo construtivo e nem os projetos são
convencionais. A importância de tal treinamento aumenta em relação aos outros
processos construtivos, uma vez que para paredes estruturais, é muito
importante a manutenção do prumo, nivelamento e alinhamento.

O projeto de alvenaria estrutural é executado a partir de plantas. A planta de 1ª


fiada, que é uma das mais utilizadas em obras de alvenaria estrutural e sua
principal finalidade é a marcação da alvenaria e fornecimento de dados para a
execução da primeira fiada de blocos. Esta planta também é importante para a
elaboração das plantas de elevação de paredes.

Outra planta muito utilizada é a planta de elevação das paredes na qual eram
representados, dentre outros itens, amarrações dos blocos, amarração de
paredes e posições de ferragens.

Figura 58: Tipos de unidades cerâmicas (Fonte: MEMORIAL 2015)

8.6. Materiais
Argamassa de assentamento: É o elo entre as unidades de alvenaria;
geralmente é composta por cimento, cal, areia e água. As funções da argamassa
de assentamento são:
 Solidarizar as unidades transferindo as tensões;
 Distribuir as cargas uniformemente na parede;
 Compensar irregularidades entre as unidades;
 Selar juntas contra a entrada de água e vento.

Blocos Sílico-calcário: é composto por uma mistura de areia silicosa e cal


virgem, autoclavados; são mais pesados que o bloco cerâmico e possibilita maior
isolamento térmico.

Blocos de Concreto: é um material largamente empregado e o único com NBR


para cálculo de alvenaria estrutural; possui boa resistência à compressão, são
mais pesados que os de cerâmica e possuem isolamento térmico inferior aos de
cerâmica.

Blocos Cerâmicos: chega a ser 40% mais leve que o bloco de concreto;
possibilita melhor isolamento térmico e não alcança resistência à compressão,
similares com a mesma geometria dos blocos; apresenta também pior aderência
com argamassas de assentamento e revestimento.

8.7. Amarração das Paredes

A amarração das paredes é feita através da colocação de reforços metálicos nas


juntas horizontais entre os painéis, ou vazados grauteados dos blocos. Os tipos
de amarrações mais frequentes são em ‘L’, ‘T’ ou em ‘X’. A amarração das
paredes um mecanismo que garante a distribuição dos esforços de uma parede
para a outra, criando-se um estado de uniformização das tensões e contribui
para um melhor desempenho estrutural da resistência das paredes. Os cantos e
amarrações devem receber uma atenção especial, pois são pontos de
transferência de cargas entre paredes e de concentrações de tensões. Porém,
em encontros de paredes que não é possível a amarração dos blocos, adota-se
telas, estribos ou grampos metálicos de duas em duas ou três em três fiadas.
Em alguns casos, usa-se compensadores para ajustar a modulação, que devem
ser usados o mínimo possível, pelo fato desses elementos serem mais caros e
exige maior atenção na conferência das peças.

Figura 59: Definições de amarração (Fonte: MEMORIAL 2015)

8.8. Aberturas

As aberturas (janelas, portas, e vãos para ar condicionado) são espaços onde


as tensões se perturbam e se concentram. Assim, características como
quantidade, tamanho e posição das aberturas estão diretamente relacionadas
ao desempenho da parede do que diz respeito à estrutura. As aberturas devem
ser previstas na fase de elaboração do projeto onde deve ser estabelecido a
escolha de componentes adequados à modulação utilizada, definição de
técnicas para a execução das mesmas e as dimensões das aberturas que estão
vinculadas à modulação do bloco.

A necessidade ou não de reforços deverá ser avaliada por um projetista, assim


como os arranjos simétricos. A indicação é de que os vãos não ultrapassem 1,80
m. Representações das vistas frontais das paredes devem ser elaboradas
contendo todos os elementos a fim de facilitar o entendimento do projeto.
8.9. Instalações elétricas

O posicionamento dos eletrodutos deve constar no projeto de elevação das


alvenarias e é necessário prever nas elevações, a dimensão de quadros de
instalações de luz, telefone, TV a cabo, etc. para evitar quebras nas paredes
bem como a localização e dimensão do centro de distribuição. Quando as
prumadas elétricas não puderem ser embutidas nas paredes de alvenaria
estrutural, devem estar em shafts projetados para esta finalidade. Os shafts são
espaços destinados à concentração de prumadas hidro-sanitárias, elétricas e de
telefonia.

Como regra geral, as tubulações devem caminhar sempre na vertical, utilizando


os vazados dos blocos para as passagens das mangueiras não sendo indicados
cortes horizontais para a interligação dos pontos. Os eletrodutos horizontais
devem ser embutidos nas lajes ou nos pisos. As caixas de tomadas e
interruptores podem ser previamente fixadas nos blocos, que, por sua vez, serão
assentadas em posições predeterminadas, conforme indicado nas plantas de
elevação das paredes. Após a elevação da alvenaria deve ser feita a passagem
das mangueiras furando-se o fundo da canaleta e introduzindo-se a mangueira.

As vantagens da representação do projeto elétrico nas elevações são muitas,


como: integração do projeto elétrico com as elevações das paredes, durante a
execução, redução da probabilidade de erros na locação de pontos elétricos, em
função da existência de peças pré-moldadas e grautes onde é prevista a
passagem de tubulações, economia de tubulações e fios e a padronização das
medidas e localizações. Outro fator relevante é a presença do eletricista durante
a execução da alvenaria, pois isto apresenta grandes vantagens na qualidade
do produto final.

Na fase de projeto, ainda, é de grande importância a determinação e locação de


colunas montantes e de distribuições para a passagem de fios, cumprindo as
finalidades para as quais foram previstas. Estas são compostas de tubulações
com fios que alimentam circuitos elétricos, telefônicos, televisão, etc., que
originam um volume de tubulações significante a ser considerado durante a fase
de projeto. A integração do projeto elétrico com a elevação da alvenaria é de
extrema importância para que evitar complicações futuras como, por exemplo, a
abertura de vãos para disjuntores vãos abertos posteriormente à execução da
alvenaria, fato que não é recomendado em função das dimensões significativas
do vão.

8.10. Instalações Hidráulicas

Assim como as instalações elétricas, as hidráulicas também devem ser previstas


no projeto de alvenaria. Na execução das instalações hidráulicas devem-se
evitar quebras de paredes estruturais para o embutimento das instalações. Além
da insegurança sob o ponto de vista estrutural, as quebras de paredes significam
retrabalho, desperdício e maior consumo de material e mão-de-obra. Para evitar
este problema podem-se utilizar as seguintes alternativas:

 Utilização de paredes não estruturais para o embutimento das tubulações


nos septos dos blocos;
 Aberturas de passagens tipo “shafts” para a passagem das tubulações;
 Utilização de blocos especiais (blocos hidráulicos);
 Emprego de tubulações aparentes, podendo-se esconde-las
opcionalmente com a utilização de carenagens; - Utilização de forros
falsos.

Trechos horizontais devem passar sobre o forro ou sob o piso. Não é


recomendado o recorte horizontal de paredes estruturais. Admite-se o
embutimento de pequenos trechos verticais nos vazados dos blocos, desde que
estes tubos tenham diâmetro máximo de 50 mm. Em casos onde há grande
número de instalações indica-se projetar paredes hidráulicas não estruturais.
9.11. Escadas

Algumas peças pré-moldadas podem auxiliar na execução das obras em


alvenaria estrutural. Dentre as mais utilizadas estão as escadas pré-moldadas
que apresentam como vantagem a rapidez de instalação. Além da escada pré-
moldada, existem também as moldadas no local, as industrializadas em peça
única e as metálicas. As escadas pré-moldadas estão disponíveis em dois
modelos principais, as escadas jacaré e as escadas maciças. Ambas são de fácil
utilização e agilizam consideravelmente sua execução em obra. As escadas
jacaré possuem um número maior de peças a serem montadas, porém
dispensam utilização de guincho e são mais leves. As escadas pré-moldadas em
peças, também denominadas de ‘jacaré’, são compostas por elementos
pequenos e leves, fixados na alvenaria, depois desta e das lajes de piso terem
sido executadas. Os seus componentes básicos eram:

 Vigas dentadas;
 Degraus e espelhos pré-fabricados, monolíticos ou separados;
 Patamar pré-fabricado.

9.12. Lajes

Existem diversos tipos de lajes sendo utilizados em obras de alvenaria estrutural,


porém, a que mais se destaca é a laje moldada no local. Este tipo de laje não é
considerada industrializada, apresentando, portanto, ótimo desempenho em
edifícios altos, por apresentar rigidez em todas as direções e, se adequadamente
ligada às paredes estruturais, possibilita integral acionamento destas para
absorção dos esforços laterais. Além da laje pré-moldada, a laje industrializada
e a pré-laje são as outras mais utilizadas em projetos de alvenaria estrutural.

Independente da escolha efetuada é fundamental que a laje tenha seu


escoramento nivelado, possibilitando que os revestimentos de teto sejam
executados com espessuras finas. Após a execução da laje, é necessário fazer
a fixação do revestimento final do piso diretamente sobre a laje, chamado de
‘contra piso zero’. Este apresenta as seguintes vantagens:
 Redução do carregamento nas fundações;
 Agilidade na execução da obra;
 Redução significativa do deslocamento de equipamento e pessoal após
as paredes executadas;
 Economia de material (cimento e areia);
 Extinção da possibilidade de partes do contra piso apresentar má
aderência;
 Redução do cronograma físico-financeiro;
 Anulação da possibilidade de variações em alturas de portas, em função
de possíveis variações na espessura do contra piso.

9.13. Revestimentos das paredes

Dentre algumas opções de revestimentos, destacam-se:

 Convencional (chapisco + emboco + reboco);


 Massa única (chapisco + reboco);
 Massa sem chapisco;
 Gesso;
 Monocapa.

O revestimento na alvenaria estrutural deve ser realizado tanto na parte interna


quanto na parte externa da construção. O revestimento interno deve variar entre
0,5 a 1 cm, já que esta espessura garante a definição do plano vertical. O
material utilizado para o revestimento interno pode ser gesso ou argamassa de
cimento, sendo que o gesso é o mais utilizado.

Esse tipo de revestimento pode ser aplicado diretamente sobre a base, evitando
assim camadas de irregularização, como é comum no sistema de revestimento
convencional. No acabamento decorativo, elimina a massa corrida, resultando,
em geral, na redução do tempo de execução dos. Para os revestimentos
internos, o revestimento em gesso diminui a carga da parede, aliviando assim as
fundações, além de não sobrecarregar os meios de transportes horizontais e
verticais da obra. Com características de não combustão e termoisolação,
proporciona maior qualidade. A exceção da aplicação do gesso são as paredes
em que há ação direta de água como as paredes de cozinhas, banheiros e área
de serviço.

Quanto ao revestimento externo, sua espessura pode chegar a ter mais que 2
cm. Esta é a espessura mínima para garantir a estanqueidade e definição do
plano vertical. Para este revestimento podem ser utilizadas argamassas de
cimento industrializadas ou produzidas na obra. O revestimento externo tem
funções vitais em uma construção. A primeira camada utilizada no revestimento
com argamassa é o chapisco, e em seguida aplica-se materiais como textura
com massa acrílica, grafitado, etc.

9.14. Referências bibliográficas

Construindo Casas
https://construindocasas.com.br/blog/construcao/alvenaria-estrutural/

Comunidade da Construção
http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/sistemas-
construtivos/1/caracteristicas/o-sistema/1/caracteristicas.html

Blog Belgo Bekaert Arames


https://blog.belgobekaert.com.br/construcao-civil/alvenaria-estrutural/

MOHAMAD, GIHAD. Construções em Alvenaria Estrutural: Materiais, Projeto e


Desempenho. 2ª edição. Blucher, 11 setembro 2020.

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