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Teoria
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História
A proposta de Calonne havia sido tão mal recebida pelas elites francesas, que uma tensão entre o rei e a
aristocracia feudal cresceu. Desejando retomar o antigo poder dos feudos e, mais uma vez, descentralizar o
Estado, essa aristocracia passou a atacar Luís XVI, que agora estava cercado por todos os grupos sociais.
Assim, buscando acalmar as tensões e, de novo, solucionar os problemas financeiros, o antigo ministro
Jacques Necker assumiu o posto de Ministro do Estado em 1788 e, enfim, convocou a Assembleia dos
Estados Gerais. Essa convocação reuniria representantes dos três estados para debaterem e chegarem a
uma conclusão de como resolver as crises franceses. Todavia a assembleia já começaria com uma tensão,
pois a burguesia exigia que a votação deixasse de ser por estado, como era tradicional, e se tornasse
individual, seguindo a proporção de pessoas que cada grupo representava.
Compreendia-se que, no modelo tradicional, clero e nobreza sempre votariam juntos a favor do
conservadorismo de seus privilégios. Entretanto a burguesia, em um modelo de voto individual, teria maiores
chances, pois ainda contaria com o apoio de alguns membros ilustrados da nobreza e do clero. Inclusive, o
abade Emmanuel Sieyès, durante a Assembleia, teria proclamado uma das frases que melhor definem a
situação da burguesia revolucionária: “O que é o terceiro estado? Tudo. Que tem sido ele até agora na ordem
política? Nada. Que pede ele? Tornar-se alguma coisa.”
Enfim, no dia 9 de julho de 1789, o choque dos interesses
entre as ordens e a insistência dos privilegiados em
manter a forma tradicional de votação levaram o terceiro
estado a romper com a Assembleia. Os deputados que
representavam essa ordem se deslocaram para a sala do
jogo da péla, no Palácio de Versalhes, e lá criaram a
Assembleia Nacional, jurando que só sairiam com uma
Constituição pronta.
A tentativa de repressão ao terceiro estado por Luís XVI apenas piorou as coisas, pois as notícias sobre os
acontecimentos em Versalhes se espalharam pela França, levando camponeses e trabalhadores urbanos a
se revoltarem. Para resistir e orientar a população, a Guarda Nacional foi criada como uma milícia burguesa.
Assim, no dia 14 de julho de 1889, a fortaleza da Bastilha, um dos maiores símbolos do Antigo Regime, foi
tomada pela força do terceiro estado.
Desta forma, iniciava-se na França um período de grande violência – com saques, invasão de palácios e
fortalezas, assassinatos de nobres e incêndios –, conhecido como o Grande Medo. Na Assembleia dos
Notáveis, a velha aristocracia feudal havia iniciado um movimento de combate ao Antigo Regime, entretanto
o grande estopim desse movimento foi provocado pela burguesia. E, enfim, aproveitando o cenário, o povo
acertou o golpe final, que levou ao fim o absolutismo.
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História
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História
Ah, mas cuidado! A historiografia basicamente apagou a participação feminina no movimento e o que a Globo
não mostra é que as mulheres foram figuras essenciais durante todo o processo revolucionário. No dia 5 de
outubro de 1789, ocorreu a Marcha sobre Versalhes, movimento no qual uma série de mulheres,
especialmente as que trabalhavam nos mercados/feiras de Paris, se reuniram e marcharam até o Palácio de
Versalhes com a intenção de protestar contra a alta no valor dos alimentos e a favor das reformas políticas
propostas pela Assembleia. Outro motivo da marcha foi o banquete servido aos militares que haviam chegado
recentemente a Versalhes para proteger o rei. Imagina que você está em um contexto de fome e escassez de
comida e seu governante decide oferecer um banquete para um seleto grupo. Vai dar ruim, né?! E deu! Com a
mobilização das mulheres, uma série de pessoas se juntaram aos protestos e obrigaram o rei a voltar para
Paris.
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História
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História
Em 1799, acompanhado do abade de Sieyès e de Roger Ducos, Napoleão Bonaparte articulou um golpe contra
o diretório, apoiado por uma parcela girondina. A tomada do poder instalou um triunvirato na França, e iniciou
o governo do Consulado, com os três nomes em destaque. Todavia, aos poucos, a figura de Napoleão foi se
sobressaindo e conquistando privilégios até, enfim, tornar-se imperador dos franceses.
Só os curiosos ON: Napoleão foi um dos grandes responsáveis pela egiptomania que tomou a França no
século XIX. Em sua expedição militar para a região, em 1798, Bonaparte levou uma série de pesquisadores
para estudar os artefatos históricos do Egito e achou que era de bom tom levar alguns outros consigo para a
França, como a Pedra de Roseta.
O consulado (1799-1804)
Neste período, os desejos da alta burguesia de uma reorganização interna se consolidaram com a
manutenção de um regime republicano, muito próximo aos militares e chefiado
por Napoleão, Roger Ducos e Sieyés. Apesar dessa divisão inicial, Bonaparte
passou a concentrar os poderes do consulado ao ser eleito primeiro-cônsul e,
posteriormente, ao aprovar a Constituição do ano X, que ampliava ainda mais
seus poderes. Assim, tinha domínio sobre o exército, sobre a criação das leis
e das políticas externas.
Essa fase da chamada era napoleônica, portanto, ficou conhecida pela conquista de uma maior estabilidade
política, econômica e social, realizada através da criação do Banco da França (o franco como nova moeda),
da organização de obras públicas, da construção de liceus, da reaproximação à Igreja Católica (concordata
com o papa Pio VII, mantendo a igreja submissa ao Estado), do financiamento da indústria e da agricultura
francesa e com a própria elaboração das Constituições de 1799 (Ano VII), de 1802 (Ano X) e de 1804 (Ano
XII).
Por fim, Napoleão, ainda no Consulado, também estabeleceu o chamado
Código Civil Napoleônico (1804), que garantia diversas vitórias burguesas da
revolução, como o direito à propriedade privada, ao casamento civil, a
igualdade de todos perante a lei e o respeito às liberdades individuais. No
entanto, apesar dos direitos conquistados e da liberdade, este governo ficou
marcado também pela forte censura à imprensa, perseguição de opositores e pela proibição de greves.
O Império (1804-1815)
Com o aumento da popularidade e o sucesso das conquistas, Napoleão, em 1804, através de um plebiscito,
foi coroado Imperador dos franceses com a aprovação de 60% da
população e, agora, com a força da nova Constituição de 1804 (Ano
XII). Napoleão, assim, distribuiu títulos nobiliárquicos e cargos
públicos para familiares e beneficiou a elite militar, a alta burguesia e
a antiga nobreza na formação de uma nova corte. O novo Estado
francês, assim, iniciava um período de glórias, marcado por obras
faraônicas, pela expansão territorial, por batalhas e pela disseminação
dos ideais iluministas.
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História
O rápido crescimento francês, as sucessivas vitórias e o poder do exército assustavam as nações vizinhas,
sobretudo a Inglaterra, que temia a perda de seu posto como a grande potência mundial, e do Império
Austríaco, que via ameaçado o modelo absolutista-monárquico. Logo os conflitos pela Europa se ampliaram,
dando início ao período das chamadas guerras napoleônicas.
Nesse contexto, territórios como o da Bélgica, Holanda, Espanha e as terras no norte da atual Itália foram
conquistados pela Grande Armée (exército francês), e passaram ao controle de parentes ou pessoas próximas
a Napoleão, como o caso de José Bonaparte, irmão do imperador francês, que foi rei de Nápoles entre 1806
e 1808, depois rei da Espanha e das Índias a partir de 1808.
Apesar das conquistas, a disputa com a Inglaterra pela hegemonia europeia ainda enfrentava a resistência da
gigantesca marinha britânica, que havia vencido os franceses em 1805 na Batalha de Trafalgar. Assim, como
resposta ao poderio inglês e à derrota francesa, Napoleão, em 1806, declarou o chamado Bloqueio
Continental, visando isolar a ilha britânica do continente europeu, impedindo que seus navios realizassem
comércio e punindo as nações que abrissem seus portos aos ingleses.
O bloqueio continental, no entanto, não teve o sucesso esperado pelo império francês, que, com uma indústria
ainda incipiente, não conseguiu ocupar o espaço deixado pela Inglaterra na exportação de bens
manufaturados, levando muitos países a crises de abastecimento e outros a buscarem formas de furar o
bloqueio, como Portugal e Rússia.
❌Alerta de spoiler❌
Voltando, a estratégia de Napoleão fracassou e o enfraquecimento do novo império francês teve início com a
primeira grande derrota napoleônica, na Rússia, em 1812, que contou com a
perda de milhares de soldados.
Assim, aproveitando o momento de crise da Grande Armée, uma nova
coligação foi feita em 1813, sendo essa a grande responsável pela derrota de
Napoleão na chamada Batalha de Leipzig (Batalha das nações), que tem como
consequência a invasão de Paris das tropas rivais, a assinatura do Tratado de
Fontainebleu (1814), a restauração da monarquia com Luís XVIII e o exílio de
Napoleão na ilha de Elba.
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História
Exercícios
1. (UERJ, 2015)
A convocação dos Estados Gerais deu início à Revolução Francesa, ocasionando um conjunto de
mudanças que abalaram não só a França, mas também o mundo ocidental em finais do século XVIII.
Cite um motivo para a convocação dos Estados Gerais na França, em 1789, e apresente duas
consequências da Revolução Francesa para as sociedades europeias e americanas.
2. (IMEPAC, 2018) “A pátria está perdida e os comerciantes não possuem pátria. Enquanto acreditavam
que a Revolução lhes seria útil, deram a mão aos sans-culottes para destruir a nobreza, [...] era para se
colocar no lugar dos aristocratas. Assim, desde que os sans-culottes gozam dos mesmos direitos que
os ricaços, todos esses canalhas viraram a casaca e empregam todos os recursos para destruir a
República. Açambarcaram todos os alimentos para vendê-los a peso de ouro e nos levar à penúria.”
Discurso de Hebert, dirigente da Comuna. In: OSTERMANN, Nilse Wink; KUNZE, Iole Carretta. Às armas cidadãos! A França
revolucionária (1789-1799). São Paulo: Atual editora, 1995. p. 75-6.
O quadro descrito no texto anterior é reflexo das guerras externas contra a França após a prisão e
execução de Luís XVI, agravado pelo aumento dos preços dos alimentos.
A fim de atender às demandas populares, o Comitê de Salvação Pública estabeleceu o:
a) julgamento sumário de todas as pessoas que conspiravam contra a Revolução, a começar pelo rei
Luís XVI;
b) Recrutamento obrigatório de todos os cidadãos aptos para lutar contra os exércitos da Primeira
Coligação;
c) tabelamento dos preços de gêneros de primeira necessidade e a fixação dos salários pela “Lei do
Máximo Geral”;
d) voto universal, sem nenhum tipo de distinção, mantendo a democracia geral por todo o período da
Convenção.
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3. (Urca, 2018) “Com a vitória da Montanha, triunfa a ideia da organização da assistência pública pelo
Estado e da complementar supressão, em prazo mais ou menos longínquo, dos estabelecimentos
hospitalares. A Constituição do Ano II proclama, em sua Declaração dos Direitos, que os ‘socorros
públicos são uma dívida sagrada; a lei de 22 de Floreal prescreve a formação de um grande livro da
beneficência nacional e a organização de uma assistência no campo’. Só se preveem casas de saúde
para os ‘doentes que não têm domicílio, ou que nele não poderão receber assistência’ – Lei de 19 de
março de 1793.”
(FOUCAULT, Michel. O Nascimento da Clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017, p. 46-47).
4. (UNITAU, 2016) “Pois o mito napoleônico baseia-se menos nos méritos de Napoleão do que nos fatos,
então sem paralelo, de sua carreira. Os homens que se tornaram conhecidos por terem abalado o
mundo de forma decisiva no passado tinham começado como reis, como Alexandre, ou patrícios, como
Júlio César, mas Napoleão foi o ‘pequeno cabo’ que galgou o comando de um continente pelo seu puro
talento pessoal”.
HOBSBAWM, Eric. A Era das revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. pp. 93-94.
Considerando-se a citação acima, pode-se dizer que o processo que resultou na coroação de Napoleão
como imperador foi determinado
a) pela concentração de poderes que Napoleão foi angariando, principalmente após sua proclamação
como primeiro-cônsul vitalício, pela Constituição de 1802.
b) pela proclamação de Napoleão como imperador, pela vontade popular expressa por meio do voto
livre garantido após a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
c) pela hegemonia política que Napoleão conseguiu estabelecer na França no período após a
Revolução Francesa.
d) pela conversão de Napoleão como herói nacional após derrotar os jacobinos nas eleições e
estabelecer o Império.
e) pelo apoio externo que Napoleão recebeu após conquistar diversos países europeus durante as
guerras que promoveu e que o legitimaram como imperador.
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5. (UECE, 2012) Napoleão Bonaparte agiu de modo contraditório em relação aos ideais revolucionários.
Por um lado, consolidou conquistas burguesas e criou uma nova aristocracia; por outro lado, foi um
ditador ferrenho para a França que havia lutado muito pela liberdade.
O retrocesso napoleônico em relação aos ideais da burguesia se deu, devido à/ao
a) promulgação do código civil com regras precisas, como o impedimento de concessão de privilégios
de nascimentos, pois todos eram considerados iguais perante a lei.
b) homogeneização do sistema legislativo, acabando com a multiplicidade das fontes do direito que
caracterizou a França do antigo regime.
c) acordo efetuado com o objetivo de terminar o conflito entre o Estado e o clero; assim, a Igreja ficou
subordinada ao Estado que pagava uma pensão aos clérigos.
d) criação de uma nobreza formada por funcionários do governo e membros do clero e à concessão
de altos postos administrativos para familiares.
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Gabarito
1. Dentre os motivos que podem ser citados para a convocação dos Estados Gerais estão: a grave crise
financeira na França, busca por soluções econômicas, a proposta dos ministros de taxar a nobreza e os
conflitos entre a antiga aristocracia rural e o rei. Sobre as consequências da revolução para a Europa e
as sociedades na América, podemos citar: a difusão dos ideais liberais e iluministas, o desencadeamento
dos processos de independência nas Américas, a crise do absolutismo, fim da sociedade estamental, o
início de processos revolucionários no século XIX na Europa, a ascensão da Burguesia e os conflitos
entre as forças reacionárias e progressistas.
2. C
Com a tomada de poder por parte dos jacobinos, a revolução ganhou um caráter bem mais radical com
a promulgação de uma série de leis que interessavam às classes mais baixas. Como o texto destacado
está falando sobre a alta no valor dos alimentos, a ação do Comitê de Salvação Pública para resolver tal
problema foi a criação da Lei do Preço Máximo, que tabelava os preços e os salários do país.
3. C
Com a instauração da república jacobina, em 1793, houve a criação de um novo calendário francês, com
a intenção de romper com as bases culturais que formavam o país até então. Buscando se distanciar,
especialmente, do cristianismo, o novo calendário foi formulado de forma a valorizar a razão e os
acontecimentos naturais em detrimento dos eventos cristãos.
4. A
A chegada de Napoleão Bonaparte ao poder ocorreu por um caminho inverso da maioria dos
monarcas/governantes absolutistas. Napoleão ganhou importância a partir da reformulação do exército
francês pós-revolução e dos constantes sucessos militares que permitiram que ele se destacasse
politicamente em um cenário de radicalização revolucionária.
5. D
Apesar de garantir os interesses da alta burguesia e consolidar os ideais liberais, ao se tornar imperador,
Napoleão distribuiu títulos nobiliárquicos e cargos públicos para familiares e beneficiou a elite militar, a
alta burguesia e a antiga nobreza na formação de uma nova corte. A criação de tal corte entrava em
discordância com o interesse burguês de abolir a sociedade de privilégios no início da Revolução
Francesa.
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