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A corrupção no
Brasil e no Mundo
Autor: Prof. Roberto Vieira Medeiros e
Co-autor: Prof. Leonino Gomes Rocha
Copyright © 2016 by Fundação Demócrito Rocha
Direção Geral
Marcos Tardin
Coordenação de Conteúdo
Marcelo Lettiere
Marcelo Maciel
Edição de Design
Amaurício Cortez
Editoração Eletrônica
Cristiane Frota
Welton Travassos
Revisão de Texto
Daniela Nogueira
Ilustrações
Carlus Campos
Catalogação na Fonte
Kelly Pereira
1. PPP – Projeto Político Pedagógico 2. Gestão Escolar 3. Pereira, Lucidalva Bacelar. Fundação Demócrito Rocha
4. Carmo, Lindalva Pereira. 5. Limaverde, Rafael. II. Título Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora
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Sumário
1. Introdução............................................................................................................... 4
2. Teoria sobre a corrupção........................................................................................ 4
3. Definição de corrupção pública............................................................................. 6
4. Problema da corrupção no mundo e no Brasil...................................................... 6
4.1. A corrupção é antiga no mundo e no Brasil?..........................................................6
4.2. Medindo a corrupção..............................................................................................8
5. Consequências da corrupção............................................................................... 10
5.1. Corrupção e desigualdade social.........................................................................11
6. Controle cidadão para prevenção e combate à corrupção................................ 12
7. Como combater a corrupção................................................................................ 14
7.1. Dimensão Responsabilização de Combate à Corrupção........................... 14
7.2. Dimensão Comportamento Ético-Moral.................................................... 14
Perfil dos Autores.................................................................................................... 15
Referências Bibliográficas ..................................................................................... 15
Ementa
As teorias sobre a corrupção. O problema da corrupção no Brasil e no mundo.
Determinantes, consequências e formas de combate à corrupção. Medindo a
corrupção. Inovações de controle cidadão para prevenção da corrupção.
OBJETIVOS DO FASCÍCULO
Este fascículo visa fazer uma abordagem de diversos aspectos da
corrupção, em especial: 1) definição do fenômeno; 2) detalhamento de
como o fenômeno se comporta no Brasil e no mundo; 3) apresentação de
um modelo de medição da corrupção; 4) detalhamento das consequências
do fenômeno; e 5) abordagem de como o cidadão, as organizações
públicas e a sociedade podem combater a corrupção.
2.
Teoria sobre
a corrupção
Em período anterior aos anos 1990,
estudos do impacto negativo da corrup-
ção sobre a economia eram raros, sen-
do o fenômeno considerado por muitos
pesquisadores como uma “graxa” que
lubrifica a burocracia, uma acidentalida-
de pouco importante e, para alguns, até
benéfica para a eficiência econômica1.
Quanto ao benefício, a corrupção era
considerada necessária para contratação
com a administração pública, sendo es-
sencial para obtenção de celeridade na
tramitação de certos processos. O paga-
mento de suborno em países menos de-
senvolvidos era aceito e até incentivado
por diversos países desenvolvidos, inclu-
sive com previsão de dedução tributária
nas legislações2.
1.
Introdução reflexão sobre o fenômeno. Esse tema faz
Saiba
mais
O Instituto Datafolha realiza desde parte de uma área ainda pouco pesquisa-
1996 pesquisas sobre: “o que a popula- da e discutida no Brasil, havendo atual-
Apenas na década de 1990, a maioria
ção brasileira entende como os maiores mente um momento único na história do
dos países desenvolvidos começou a
problemas da nação?”. Como resultado, País em que se cria uma “janela de opor-
retirar de suas legislações a previsão de
tem-se que a corrupção se tornou o tema tunidade” para se implementarem medi-
dedução tributária sobre o pagamento
mais preocupante da sociedade nos últi- das que diminuam a incidência desse mal
de propinas efetuadas em investimen-
mos dois anos (2015 e 2016), ultrapas- que tanto prejudica a sociedade.
tos nos países em desenvolvimento.
sando problemas nas áreas de saúde, de- Espera-se neste fascículo responder
semprego, educação e segurança pública, aos seguintes questionamentos: 1) O Esse fato ocorreu quando o mundo
dentre outros. Esse é um fato que nunca que é corrupção?; 2) Como o fenômeno concluiu que a corrupção é um proble-
havia ocorrido desde a primeira pesquisa se comporta no Brasil e no mundo?; 3) É ma global e que o desvio de recursos
realizada, há 21 anos. possível medir a corrupção?; 4) Quais as públicos prejudica o funcionamento da
Essa preocupação dos brasileiros torna consequências do fenômeno?; 5) Como o economia globalizada, independente-
instigante e desafiante abordar o assunto cidadão, as organizações públicas e a so- mente de onde ocorra o ato corrupto.
corrupção, com o objetivo de trazer uma ciedade podem combater a corrupção?.
Quadro 2
Formas de Governo
Figura 1
Curio Imagem do Segundo Reinado mostrando
Curio
obviamente, os atores não divulgam o da Transparency International é expres-
montante desviado nas transações ilíci- so na forma de um ranking, mostrando
tas. Quando o fazem, indicam apenas um número (0 a 10) para exprimir a po-
sidades parcialmente o que foi fraudado.
Dessa forma, a opção é fazer medi-
sição dos países, sendo 0 (zero) a pior
situação e 10 a melhor.
ções indiretas. A escala mais conhecida e O IPC divulgado em 24/1/2017 se
aceita no mundo é o Índice de Percepções comportou da forma constante na Figu-
No dia em que dom João desembar- de Corrupção (IPC) da Transparency Inter- ra 1, sendo os países da cor mais clara
cou no Rio de Janeiro, em 1808, ele re- national (TI), que é um indicador a partir os menos corruptos e os de cores mais
cebeu “de presente” de um traficante de opiniões de empresários e analistas a escuras os mais corrutos.
de escravos a melhor casa da cidade,
no mais belo terreno.
Figura 1
Ceder a Quinta da Boa Vista à famí-
lia real assegurou a Elias Antônio
Comportamento do Brasil no Índice de Percepções de Corrupção
Lopes um status de “amigo do rei” e
foi seu visto de entrada para os pri-
vilégios da Corte.
Nos anos seguintes, como consequên-
cia, ele ganhou muito dinheiro rapida-
mente, além de títulos de nobreza.
Lopes não estava só: era comum que
senhores de engenho, fazendeiros e
traficantes de escravos estabeleces-
sem um regime de “toma lá, dá cá”
com o rei, que chegou ao país pratica-
mente falido.
Os negócios públicos e privados já se
confundiam no Brasil Colônia, mas
essa ligação se estreitou com a vinda da
Corte portuguesa, quando se instaurou
o costume da “caixinha” (porcentagem
de dinheiro desviado) e a troca de di-
nheiro por títulos de nobreza.
Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/
historiadores-resgatam-episodios-de-corrupcao-no
-brasil-colonia-na-epoca-do-imperio-17410324 .
Fonte: https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016#table
5.
Consequências
da corrupção
A corrupção, em maior ou menor
grau, representa uma ameaça não so-
mente ao meio ambiente, aos direitos
humanos, às instituições democráticas
e aos direitos e liberdades fundamen-
tais, mas também aumenta a pobreza
Fonte: Elaborado pelo Autor a partir de informações da Transparência Internacional. das populações e solapa o desenvolvi-
mento8. Quando muito disseminada, a
corrupção diminui o fluxo dos investi-
para
mentos, facilita as atividades do crime
organizado e mina a legitimidade políti-
Quadro 4
Fiscalizações da Ação Cearense de Combate à Corrupção e à Impunidade em 2016
Municípios
Evento Período Objetivo Ações Realizadas
Fiscalizados
Mobilizar a sociedade
civil dos municípios com
Cursos e oficinas de controle
o objetivo de iniciar a
social e acesso à informação,
ANTONINA DO NORTE, formação de grupos locais
MARCHA CONTRA A visita às Câmaras de
ASSARE, ALTANEIRA, NOVA de acompanhamento
CORRUPÇÃO E PELA 10 A 25 DE JANEIRO DE 2016 Vereadores para ensinar
OLINDA, CRATO E JUAZEIRO e fiscalização das
VIDA a analisar os balancetes
DO NORTE contas públicas e o
e fiscalização de obras
acompanhamento dos
públicas.
serviços de saúde, educação,
obras públicas etc.
16 A 20 DE MAIO DE 2016 CRATO, JUAZEIRO DO NORTE
(Auditoria Cívica na Saúde) E BARRBALHA
28 DE JULHO DE 2016
JARDIM
(Auditoria Cívica na Saúde) Avaliar a qualidade dos
8 A 12 DE OUTUBRO DE 2016 IBIAPINA, SÃO BENEDITO, serviços públicos nos
(Auditoria Cívica na GUARACIABA DO NORTE E municípios, levantar um
Educação) OCARA diagnóstico dos problemas
e apontar possibilidades
CARAVANA DA 24 A 28 DE OUTUBRO DE 2016 de melhoria, dando
ANTONINA DO NORTE, Palestras sobre transparência,
CIDADANIA – (Auditoria Cívica na Saúde e continuidade à formação de
ALTANEIRA E NOVA OLINDA controle social e realização
AUDITORIAS CÍVICAS NA Educação) grupos de controle social nas de auditoria cívica.
SAÚDE E NA EDUCAÇÃO 7 A 11 DE NOVEMBRO DE 2016 cidades onde foi realizada a
POTENGI, SALITRE E
(Auditoria Cívica na Saúde e Marcha da Cidadania.
TARRAFAS
Educação)
22 A 25 DE NOVEMBRO 2016
IBIAPINA E SÃO BENEDITO
(Auditoria Cívica na Saúde)
Retorno da Auditoria Cívica
28 A 30 DE NOVEMBRO DE
BARBALHA E JARDIM na Saúde para avaliação dos
2016
resultados.
Dentro dessa dimensão, citam-se vá- como um todo (coletividade) e com baixa A metodologia de trabalho da Acecci é a
rias medidas que podem ser adotadas vi- incidência de práticas corruptas, devendo- realização de atividades que tenham, aci-
sando aumentar o risco de ser flagrado se agir da seguinte forma, dentre outras: ma de tudo, o objetivo educativo, visando
em atos de corrupção: • família e meio de convivência social com demonstrar à sociedade que todos po-
valores mais voltados para a coletivida- dem fiscalizar e exercer a cidadania por
• mais transparência;
de (menor propensão a se corromper); meio do controle social. A Acecci ministra
• maior liberdade de imprensa e de aces- cursos e oficinas com temas voltados ao
so à informação; • escolas e universidades ensinarem nos
currículos obrigatórios noções de co- controle social e ao acesso à informação
• estímulo e proteção ao denunciante; letividade, de cidadania, de prevenção e realiza atividades práticas como audito-
• melhoria dos controles internos ad- rias cívicas populares em obras públicas,
à corrupção;
ministrativos; na Saúde, na Educação, bem como visi-
• maior sanção moral da sociedade so- tas às Câmaras Municipais de Vereadores
• órgãos de controle e investigação mais bre os atos de corrupção; para fiscalização de prestações de contas.
eficientes (controladorias, tribunais de • ampla divulgação na mídia das puni-
contas, ministérios públicos, polícias e Fonte: http://www.acaocearense.org
ções de atos corruptos;
controle social);
Autor Prof. Roberto Vieira Medeiros: 1. ABRAMO, Cláudio Weber. Percep- 10. RIBEIRO, Renato Jorge Brown. Possi-
Cearense de Icó, Bacharel em Direito pela ções Pantanosas. Revista da Contro- bilidades de combate à corrupção
Universidade de Fortaleza e Pós-graduado ladoria-Geral da União, Brasília, v. 1, n. pelo estado burocrático/patrimo-
em Direito Disciplinar pela Universidade 1, dez. 2006, p. 117-121. nialista na América Latina em um
de Brasília-UnB. Atuou como advogado 2. PIETH MARK. Cooperação Interna- contexto de cenário de sociedade
em Fortaleza, antes de ingressar na Con- cional de Combate à Corrupção. In: informacional. Revista do Tribunal de
troladoria-Geral da União em Brasília (no ELLIOTT, Kimberly Ann (Org.). A Corrup- Contas da União, Brasília, v. 32, n. 88,
ano de 2002). Na Controladoria-Geral da ção e a Economia Global. Brasília: Uni- abr/jun. 2001, p. 75-85.
União, foi Assessor do Corregedor-Geral da versidade de Brasília, 2002. p. 183-200. 11. FIESP, Federação das Indústrias do Es-
União, Corregedor-Adjunto da Área Eco-
3. CAMPOS, Francisco. Corrupção: As- tado de São Paulo. Corrupção: cus-
nômica, Substituto do Corregedor-Geral.
pectos econômicos e institucionais. tos econômicos e propostas de
Integrou a Comissão de Coordenação de
Brazilian Journal of Applied Economics, combate. São Paulo, 2006.
Correição, responsável por emitir enuncia-
São Paulo, v. 6, n. 4, out./dez. 2002. 12. SODRÉ, Flavius Raymundo Arruda. Os
dos em matéria disciplinar. É professor da
Escola de Administração Fazendária – ESAF 4. SPECK, Bruno Wilhelm et al. Os cus- impactos da corrupção no desen-
para as disciplinas de Processo Adminis- tos da corrupção. In: Mensurando volvimento humano, desigualdade
trativo Disciplinar, Sindicância Patrimonial a corrupção: uma revisão de dados de renda e pobreza dos municípios
e Improbidade Administrativa. Ocupou o provenientes de pesquisas empí- brasileiros. 2014. 61 f. Dissertação de
cargo de Chefe da Controladoria-Geral da ricas. Cadernos Adenauer/ Fundação Mestrado. Programa de Pós-graduação
União – Regional do Estado do Rio Grande Konrad Adenauer, São Paulo, v. 10, em Economia, Universidade Federal de
do Norte, sendo – desde fevereiro de 2015 dez. 2000, p. 9-46. Pernambuco, 2014.
– Chefe da Controladoria-Geral da União – 5. _________, Bruno Wilhelm. Caminhos 13. FURTADO, Lucas Rocha. As Raízes
Regional do Estado do Ceará. da Transparência. Campinas: Editora da Corrupção: Estudos de Caos e
da Unicamp, 2002. Lições para o Futuro. 2012. 499 f.
Co-autor Prof. Leonino Gomes Rocha: 6. KLITGAARD, Robert. A Corrupção sob Tese de Doutorado no Departamento
Auditor Fiscal de Finanças e Controle e Su- Controle. Rio de Janeiro: Jorge Zahar de Direito Administrativo, Financeiro
perintendente Substituto da Controladoria Editor, 1994. e Processual da Universidade de Sala-
Regional da União no Estado do Ceará. manca-Espanha, 2012.
7. ROCHA FURTADO, Lucas. A comuni-
Atualmente estou fazendo Doutorado na 14. GLYNN, Patrick; KOBRIN, Stephen;
dade internacional e a corrupção
Universidade de Salamanca/Espanha em NAÍM, Moises. A Globalização da
transnacional: raízes para comba-
Estado de Direito e Governança Global, Corrupção. In: ELLIOTT, Kimberly Ann
ter a corrupção. Revista da Controla-
com tese na área de redes de prevenção e (Org.). A Corrupção e a Economia
doria-Geral da União, Brasília, v. 1, n. 1,
combate à corrupção. Possuo Mestrado em Global. Brasília: Universidade de Bra-
dez. 2006, p. 43-60.
Administração pela Universidade Estadual sília, 2002. p. 27-58.
do Ceará (2007), Especialização em Con- 8. EIGEN, Peter. A ascensão do tema
corrupção. In: SPECK, Bruno Wilhelm 15. HABIB, Sérgio. Brasil: Quinhentos anos
troladoria Governamental pela UFC (2002)
(Org.) Caminhos da Transparência. de corrupção – Enfoque sócio-históri-
e graduação em Engenharia Elétrica pela
Campinas: Editora da Unicamp, 2002. co-jurídico-penal. Sergio Antonio Fa-
Universidade de Fortaleza (1991). Tenho
9. ROSE-ACKERMAN Susan. A Economia bris Editor. Porto Alegre, 1994.
experiência na área de Administração Pú-
blica, com ênfase em Controladoria Gover- Política da Corrupção. In: ELLIOTT, 16. ABRAMO, C. W. Percepções pan-
namental (Gestão e Finanças Públicas, Con- Kimberly Ann (Org.). A Corrupção e a tanosas: A dificuldade de medir a
tabilidade e Auditoria Pública) e Prevenção Economia Global. Brasília: Universidade corrupção. Novos Estudos – CEBRAP,
e Combate à Corrupção. de Brasília, 2002. p. 59-96. nº 73, 2005.
Realização Promoção
FM 95.5 AM 1.010