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AO JUÍZO DA 1ª VARA DO TRABALHO DE ITUIUTABA – MG

Processo nº. 1.023

FLORICULTURA ITUIUTABA FELIZ LTDA., sociedade empresária de direito privado,


inscrita no CNPJ..., com sede na rua/av.... nº..., bairro..., na cidade de..., CEP..., endereço
eletrônico..., por intermédio de seu advogado que esta subscreve, procuração anexa, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 847, parágrafo único,
da CLT c/c art. 335 e Art. 343, ambos do CPC/15 apresentar

CONTESTAÇÃO c/c RECONVENÇÃO

Na reclamação trabalhista que a senhora ESTELA move, já qualificada nos altos,


pelas razões de fato e de direito a seguir expostas

BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS

A reclamante relata que trabalhou na empresa FLORICULTURA ITUIUTABA


FELIZ no período de 25/10/2015 a 29/04/2021, exercia a função de floricultora e perfazia a
jornada de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com intervalo de duas horas para refeição,
e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo.
1.PRELIMINAR DE MÉRITO

Nos termos do Art. 114, IX, da CF/88, compete à Justiça do Trabalho processar e


julgar controvérsias decorrentes da relação de trabalho não abrangendo penalidade criminal,
sendo esta incompetente para tal. Ademais, segundo o Art. 337, II, do CPC/15, cabe ao réu,
antes de discutir o mérito alegar a incompetência absoluta e relativa.
Sendo assim, a reclamante não há que requerer a aplicação da penalidade cominada
no Art. 49 da CLT contra os sócios da ré. Mesmo Aduzindo que foi obrigada a assinar um
documento autorizando a subtração mensal, contra a sua vontade, para aderir ao desconto
para plano de saúde.
Posto isto, o pedido de aplicação de penalidade criminal contra os sócios da ré não
pode ser pleiteado, em razão da incompetência absoluta da Justiça do Trabalho.

2. PREJUDICIAL DE MÉRITO

2.1 DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Tendo em vista que o ajuizamento da ação ocorreu em 27/05/2021, suscita-se a


prescrição quinquenal uma vez que os artigos 7º, XXIX, da CF/88 e Art. 11,
da CLT preceituam que a pretensão quanto a créditos trabalhistas prescreve em cinco anos
após a extinção do contrato de trabalho e a Súmula 308, I, do TST dispõe que respeitado o
biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição quinquenal conta-se da data do
ajuizamento da reclamação trabalhista. Além disso, a reclamante laborou de 25/10/2015 a
29/04/2021.
3. MÉRITO

3.1 DO PLANO DE SAÚDE

A Reclamante afirma que foi obrigada a aderir ao desconto para o plano de saúde,
ora, a empresa não a obrigou havendo testemunhas deste fato, a requerente assinou de livre
e espontânea vontade o documento autorizando a subtração mensal do de saúde.
Ampara a OJ 160 da SBDI-1 que é inválida a presunção de vício de consentimento
resultante do fato de ter o empregado anuído expressamente com descontos salariais na
oportunidade da admissão. Vale ressaltar que é de se exigir demonstração concreta do vício
de vontade.
Corrobora ainda a Súmula 342 do TST dispõe que são válidos os descontos salariais
efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser
integrado em planos de assistência médico-hospitalar, o que não afronta o disposto no
Art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que
vicie o ato jurídico, não sendo este o caso.
Ademais, o Art. 818, I da CLT e o Art. 373, I, do CPC/15 estabelecem que o ônus da
prova incumbe ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito.
Com isto, resta provado que o desconto do plano de saúde ocorreu dentro da
legalidade, sem qualquer vício em relação à assinatura da reclamante, uma vez que é válida
a autorização de desconto feita no momento da admissão, cabendo a Reclamante o ônus de
provar qualquer ilegalidade nesse sentido.

3.2. DO ADICIONAL DE PENOSIDADE

Segundo a Constituição Federal, o adicional de penosidade é uma remuneração


complementar para “atividades penosas”. Na prática, esse adicional indeniza profissionais que
exerçam tarefas que exigem um maior grau de sacrifício ou vigilância.
Mesmo previsto no Art. 7º, XXIII, da CF/88 o adicional de remuneração para as
atividades penosas, o mesmo não foi regulamentado.
Portanto, ainda que a reclamante tenha feito o pedido de pagamento de adicional de
penosidade na proporção de 30% sobre o salário-base não deve prosperar, uma vez que não
consta previsão na CLT e não foi regulamentado em lei especial.

3.3. DAS HORAS EXTRAS

A reclamante solicita o pagamento de horas extras com adição de 50%, alegando que
cumpria a extensa jornada de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, com intervalo de duas
horas para refeição, e aos sábados, das 16h às 20h, sem intervalo.

Mas, vejamos, se a reclamante trabalhava neste horário que a própria alega, não há o
que se falar em hora extra, uma vez que é uma jornada de 8 (oito) horas dias, 44 (quarenta
horas) semanais, considerada uma jornada normal de trabalho como preconiza o
art. 7º, XIII da CF/88, além deste dispositivo, temos o art. 58 da CLT dispõe que a duração
normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8h
diárias 
Lembrando que os intervalos não serão computados na duração do trabalho como
colocado nos termos do art.71, § 2º da CLT.
Ou seja, a reclamante não faz jus ao recebimento das horas extras contestadas, pois ela
trabalhava nos moldes constitucionais e os horários foram ultrapassados.

3.4. DA MULTA DO ART. 477, § 8º da CLT

A reclamante pleiteia pagamento da multa do art. 477, § 8º, da CLT, porque o valor
das verbas resilitórias somente foi creditado na sua conta 20 dias após a comunicação do
aviso prévio, concedido na forma indenizada, extrapolando o prazo legal. No entanto,
conforme estabelece o Art. 477, § 6º da CLT, o pagamento dos valores constantes do
instrumento de rescisão ou recebido de quitação deverá ser efetuado até dez dias contados a
partir do término do contrato de trabalho.
Sendo assim, é infundado o pedido de pagamento da multa prevista no Art. 477, § 8,
da CLT, vez que o pagamento das verbas devidas foi dentro do prazo legal.

4. DA RECONVENÇÃO
A reclamante, assim que foi cientificada do aviso prévio teve uma reação violenta,
gritando e dizendo-se injustiçada com a atitude do empregador. A situação chegou a tal ponto
que a segurança terceirizada precisou ser chamada para conter a trabalhadora e acompanhá-la
até a porta de saída. Contudo, quando deixava o portão principal, Estela começou a correr,
pegou uma pedra do chão e a arremessou violentamente contra o prédio da empresa, vindo a
quebrar uma das vidraças.
Na contestação, é lícito ao Réu propor reconvenção, para manifestar pretensão
própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa, o que faz pelas razões
de fato e de direito a seguir, Conforme disposição expressa do Art. 343 do CPC/15.
Sendo assim, requer o valor de R$ 300,00, relativo ao vidro quebrado pela
Reclamante.

4.1. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Conforme disciplinado no Art. 791-A, da CLT, ao advogado serão devidos


honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre o
valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. Outrossim, a teor do § 5º, do
Art. 791-A da CLT, são devidos honorários de sucumbência na reconvenção. Desse modo,
requer honorários de sucumbência na ação principal e na reconvenção, nos termos supra.

5. DOS PEDIDOS

De acordo com os fatos e fundamentos acima apresentados, em sede de Contestação,


requer a Vossa Excelência:

1) Preliminar de incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para apreciação e


condenação criminal, conforme o Art. 337, II, do CPC/15 c/c Art. 114, IX, da CF/88;

2) Prejudicial de mérito, quanto à prescrição quinquenal nos termos da Súmula 308, I, do


TST;

Em sede de RECONVENÇÃO, requer:


3) O recebimento das razões da reconvenção com seu devido processamento, de acordo com
o Art. 343, do CPC/15, e a procedência da reconvenção para receber o valor de R$ 300,00,
relativo ao vidro quebrado pela autora, nos termos do Art. 186 e Art. 927, ambos do CC/02;

a) A intimação da reclamante para apresentar resposta, nos termos do Art.  341, § 1º,
do CPC/15;

b) Honorários de sucumbência na ação principal e na reconvenção, nos termos do Art.  791-


A, § 5º da CLT;

5) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direitos admitidos, em


especial, a testemunhal, documental e depoimento da reclamada, e o que mais for necessário
à elucidação dos fatos;

5.1. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa, na reconvenção, o valor de R$ 300,00 (trezentos reais)

Nestes termos, 
Pede e espera deferimento. 
Ituiutaba/MG,... de... de... (Local e data). 
 
Advogado 
OAB/MG...

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