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:Helamio Carlos Pedro

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Revolução Francesa

A Revolução Francesa, um dos maiores acontecimentos da humanidade, foi um


processo revolucionário inspirado em ideais iluministas contra a monarquia
absolutista.

A Revolução Francesa teve como grande marco a Queda da Bastilha, que aconteceu no dia 14
de julho de 1789.
A Revolução Francesa foi um ciclo revolucionário de grandes proporções que se espalhou
pela França e aconteceu entre 1789 e 1799. Foi inspirada nos ideais do Iluminismo e motivada
pela situação de crise que a França vivia no final do século XVIII. Causou também profundas
transformações e marcou o início da queda do absolutismo na Europa.

Resumo

Dentre os principais acontecimentos e informações relativos à Revolução Francesa, podem ser


destacados:

 A Revolução Francesa retirou sua base ideológica dos ideais iluministas.

 Antes da revolução, a França era uma monarquia absolutista governada por Luís XVI.

 A França vivia uma intensa crise econômica durante as décadas de 1770 e 1780, e
essa, em partes, motivou o início da revolução.
 O estopim que espalhou o ímpeto revolucionário pela França foi a Queda da Bastilha,
que aconteceu em 14 de julho de 1789.

 Ao longo da revolução, a França viveu as seguintes fases: Assembleia Nacional


Constituinte, Assembleia Legislativa, Convenção Nacional e Diretório.

 Os principais partidos eram girondinos, defensores de que medidas conservadoras


fossem realizadas, e jacobinos, defensores de que profundas transformações sociais,
econômicas e políticas acontecessem.

 Durante o período do terror, os jacobinos, liderados por Maximilien Robespierre,


guilhotinaram milhares de opositores.

 Os girondinos derrubaram os jacobinos do poder por meio de um golpe conhecido como


Reação Termidoriana.

 A Revolução Francesa encerrou-se por meio do golpe organizado por Napoleão


Bonaparte e conhecido como Golpe do 18 de Brumário.

Causas.

A Revolução Francesa foi resultado direto da crise que a França vivia no final do século XVIII.
A insatisfação popular (com a crise econômica e política que o país vivia) aliou-se com
os interesses da burguesia em implantar no país as ideias do Iluminismo como forma de
combater os privilégios da aristocracia francesa.

No final do século XVIII, a França era uma monarquia absolutista em que o rei era Luís XVI. O
poder de Luís XVI, como em todo regime absolutista, era pleno, e a sociedade francesa era
dividida em grupos sociais muito bem definidos. A composição social da França era a seguinte:

 Primeiro Estado: clero;

 Segundo Estado: nobreza;

 Terceiro Estado: restante da população.

Essa divisão social na França tinha uma clara desigualdade social, uma vez que Primeiro e
Segundo Estados possuíam privilégios que não se estendiam ao Terceiro Estado. O destaque
vai para as isenções de impostos que ambas as classes possuíam e para o direito de alguns
nobres de poderem cobrar impostos dos camponeses que trabalhavam em suas terras.

O Terceiro Estado, por sua vez, era um grupo bastante heterogêneo, isto é, composto por
diferentes grupos, como a burguesia e os camponeses (os segundos correspondiam a 80% da
população francesa). Os camponeses viviam na pobreza ao passo que a aristocracia francesa
vivia uma vida de luxo. Para os burgueses, os privilégios da aristocracia do país eram um
entrave para o desenvolvimento de seus negócios. A desigualdade social é a primeira
causa da revolução.

Toda essa situação de desigualdade agravou-se com a crise social que existia na França. A
crise econômica francesa era motivada pelos elevados gastos do país (o governo francês
gastava 20% a mais do que arrecadava). Esses gastos foram agravados pelo envolvimento
do país em conflitos no exterior. A existência de privilégios de classe no país também
contribuía para a crise.

A crise econômica na França aumentava a pressão, principalmente, para as classes de baixo,


uma vez que o custo de vida aumentou, a oferta de empregos foi reduzida, e os impostos
cobrados pela nobreza aumentaram. Essa situação, em si, já era o suficiente para levar os
camponeses à fome, mas, em 1788 e 1789, o país ainda enfrentou um inverno rigoroso, que
prejudicou as colheitas e contribuiu para que o alimento ficasse mais caro ainda.

Tentativas de reforma haviam sido propostas, mas não avançaram porque a aristocracia
francesa havia mostrado-se resistente às possibilidades de reformas que viessem a retirar
parte de seus privilégios. Assim, em 1789, a França vivia uma situação complicada, pois a crise
econômica era grave, e a pobreza e a fome levaram a população a um estado de quase
rebelião.

O resultado encontrado pela nobreza francesa foi convocar os Estados Gerais, uma reunião
criada na França feudal e que era convocada só em momentos de emergência. Essa saída era
agradável para a aristocracia francesa, pois, nos moldes antigos do Estado Geral, Primeiro e
Segundo Estados uniam-se contra o Terceiro Estado.

O Terceiro Estado, porém, não estava disposto a manter-se nos Estados Gerais dentro dos
moldes em que ele funcionava em tempos passados. Com isso, foi proposto pelos
representantes desse Estado uma alteração no funcionamento dos Estados Gerais. Em vez de
o voto ser por Estado, foi proposto que ele fosse individual, isto é, todos os membros dos
Estados (incluindo os mais de 500 do Terceiro Estado) teriam direito ao voto.

O rei francês não aceitou a proposta e, assim, o Terceiro Estado rompeu com os Estados
Gerais e fundou a Assembleia Nacional Constituinte, com o propósito de redigir uma
Constituição que proporia mudanças para a França, tornando-a uma monarquia constitucional.
Quando Luís XVI tentou fechar a Constituinte à força, a população parisiense rebelou-se em
sua defesa.

No dia 12 de julho de 1789, a população francesa tomou as ruas de Paris. No dia 13, foi
criado uma Comuna para governar Paris e uma Guarda Nacional, espécie de milícia
popular. No dia 14, a população partiu para tomar armas e pólvora do governo e, com isso,
atacou a Bastilha, antiga fortaleza convertida em prisão que era usada para aprisionar
opositores dos reis franceses.

No dia 14 de julho, então, houve a Queda da Bastilha, em que a população francesa invadiu
e tomou o controle da prisão que era o símbolo da opressão absolutista. Depois disso, a
revolução espalhou-se pelo país, alcançando novas cidades e chegando ao campo.

ILUMINISMO

A Revolução Francesa inspirou-se nos ideais iluministas, que defendiam que a autoridade
deveria  basear-se na razão. Os iluministas defendiam ideais
como liberdade e constitucionalismo, eram fortes defensores da separação entre Igreja e
Estado e, além disso, eram opositores da monarquia absolutista e defensores do método
científico. As revoluções burguesas do século XVIII — americana e francesa — tiraram dos
ideais iluministas a sua base ideológica.

Etapas da Revolução Francesa

Depois da Queda da Bastilha, o processo de revolução espalhou-se pela França e estendeu-se


pelos dez anos seguintes, sendo somente encerrado quando Napoleão Bonaparte assumiu o
poder do país por meio do Golpe de 18 de Brumário. A Revolução Francesa pode ser dividida
dentro do período das instituições políticas que atuaram no país:

 Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa (1789-1792);

 Convenção Nacional (1792-1795);

 Diretório (1795-1799).

• Assembleia Constituinte e Assembleia Legislativa

Trata-se do período inicial da Revolução Francesa, o qual foi marcado por grandes
transformações, por meio da redação de uma Constituição para a França e pela atuação da
Assembleia Legislativa. Após a Queda da Bastilha, muitos camponeses, no interior do país,
temendo ficar sem alimentos e muito endividados, partiram para o ataque.

Esse foi o período do Grande Medo, que ocorreu entre julho e agosto de 1789, e durante o
qual camponeses começaram a atacar aristocratas e suas propriedades. Assim, residências da
nobreza foram invadidas, saqueadas e destruídas, cartórios foram atacados para que os títulos
de propriedade fossem destruídos etc. Os camponeses exigiam o fim de alguns impostos e
maior acesso aos alimentos.

A burguesia francesa, temendo esse ímpeto popular, resolveu tomar decisões que aceleraram
as transformações na França e que tinham como objetivo principal controlar o povo. Assim, no
dia 4 de agosto de 1789, foi decretada a abolição dos direitos feudais que existiam na
França. No mesmo mês, foi convocada a redação da Constituição e foi anunciada
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Esse foi um dos documentos mais importantes da Revolução Francesa e, na teoria, decretava
que todos os seres humanos eram iguais perante a lei. No entanto, é importante considerar que
essa ideia de igualdade, para os liberais do século XVIII, estendia-se apenas ao âmbito jurídico
e não alcançava uma dimensão democratizante como o nome do documento pode sugerir.

Nesse contexto de radicalização popular, a classe média e a burguesia francesa assumiram


posições conservadoras para controlar a ação do povo. A nobreza e o clero, por sua vez,
começaram a fugir da França, pois temiam tudo que acontecia no país. Essa aristocracia
francesa começou a ser abrigada nas nações absolutistas vizinhas, sobretudo na Áustria e
Prússia. Essa nobreza também começou a planejar a contrarrevolução, com o objetivo de
reverter tudo que acontecia na França.
Até mesmo o rei francês, sentindo-se ameaçado, organizou sua fuga da França, em 1791, com
sua esposa, Maria Antonieta. Luís XVI, porém, foi reconhecido quando estava em Varennes,
próximo à fronteira com a França, e reconduzido para a Paris. Antes disso, ele e sua esposa
tinham sido obrigados a abandonarem o Palácio de Versalhes e a instalarem-se no Palácio
de Tulherias.

Além de atacar os privilégios da nobreza, a burguesia francesa também se voltou contra o


clero. Isso aconteceu por meio da Constituição Civil do Clero, aprovada em 1790. Essa
medida legal promoveu a separação do Estado e da Igreja e tentou colocar a segunda sob a
autoridade do primeiro, uma vez que os padres tinham de jurar obediência ao Estado. Essa
medida e outras tomadas contra o clero lançaram-no para o esforço contrarrevolucionário.

Os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte estenderam-se até 1791, quando,


finalmente, foi promulgada a Constituição da França. No texto da Constituição, determinava-se
o fim da monarquia absoluta e estipulava-se que a França era transformada em
uma monarquia constitucional. Isso decepcionou uma ala mais popular da revolução que
almejava que o país fosse transformado em uma república democrática.

A atuação conservadora da burguesia francesa à frente da Assembleia Constituinte é


exemplificada pelo historiador Eric Hobsbawm no seguinte trecho que aborda os objetivos
econômicos e políticos dessa classe:

Economicamente as perspectivas da Assembleia Constituinte eram


inteiramente liberais: sua política em relação aos camponeses era o cerco
das terras comuns e o incentivo aos empresários rurais; para a classe
trabalhadora, a interdição dos sindicatos; para os pequenos artesãos, a
abolição dos grêmios e corporações […]. A Constituição de 1791 rechaçou
a democracia excessiva através de um sistema de monarquia constitucional
baseada em um direito de voto censitário dos “cidadãos ativos”
reconhecidamente bastante amplo.|1|

Com a Constituição de 1791, a Assembleia Constituinte encerrou seu período de


funcionamento e foi substituída pela Assembleia Legislativa. Nessa assembleia,
consolidaram-se dois grupos políticos que possuíam visões bastante diferentes a respeito dos
rumos da revolução. Os girondinos eram parte da burguesia que acreditava que as grandes
mudanças necessárias já tinham acontecido e, por isso, possuíam uma visão mais
conservadora. Já os jacobinos eram membros da burguesia que acreditavam que as
mudanças deveriam ser ainda mais radicais do que as que estavam em curso.

A primeira reunião da Assembleia Legislativa iniciou-se em 8 de outubro de 1791, e a atuação


dessa instituição durou até 7 de setembro de 1792. Nesse período, a França teve de lidar com
a ação estrangeira contra a revolução, pois Áustria e Prússia, liderando os esforços
contrarrevolucionários, invadiram o país e forçaram a França a declarar guerra a ambos.

A ação de Áustria e Prússia contra a França deveu-se pelo fato de que o processo
revolucionário francês era visto como grande ameaça por todas as nações absolutistas da
Europa. Com a guerra, os jacobinos declararam “pátria em perigo”, uma vez que as tropas
estrangeiras aproximavam-se de Paris, e a população francesa começava a se armar para
resistir.

A guerra também contribuiu para a radicalização da revolução e deu início a uma fase
conhecida como Terror. Esse clima de guerra fez com que os jacobinos e os sans-
culottes tomassem a frente da revolução, e, com isso, a monarquia francesa acabou sendo
derrubada pelos sans-culottes, instaurando-se a República em 1792.

• Convenção

A Convenção Nacional iniciou seus trabalhos a partir de 20 de setembro de 1792 e substituiu a


Assembleia Legislativa. Os participantes da Convenção Nacional foram eleitos
por sufrágio universal masculino, e, com ela, a França transformou-se em uma República.
Antes da posse da Convenção, o rei francês havia sido capturado e feito prisioneiro. Daí surgiu
um grande debate: a execução do rei.

Esse debate dividiu a Convenção com os girondinos defendendo que o rei fosse exilado
enquanto os jacobinos defendiam que o rei fosse executado. O destino do rei e de sua esposa
foi decidido quando foram encontrados documentos que atestavam o envolvimento de Luís XVI
com o rei austríaco. Resultado: Luís XVI e Maria Antonieta foram acusados de traição e
guilhotinados em 1793.

Com o endurecimento da guerra, a França ficou sob o controle dos jacobinos, que contavam
com o apoio popular. Os jacobinos criaram o Comitê de Salvação Pública, instituição em que
eles tomavam as decisões mais importantes da França. Iniciou-se uma intensa perseguição a
todos aqueles que, aos olhos jacobinos, representavam uma ameaça à revolução. O regicídio
foi uma dessas execuções voltadas para os que conspiravam contra a revolução.

Os jacobinos conseguiram colocar as massas populares sob seu controle, mas a situação da
guerra agravou-se com a execução de Luís XVI. As nações absolutistas europeias ficaram
indignadas com a execução do rei e reagiram formando uma coalizão para derrubar a
revolução na França. Esse grande exército contrarrevolucionário era financiado pela Inglaterra.

O período em que os jacobinos, sob a liderança de Maximilien Robespierre, estiveram à


frente da revolução ficou conhecido como Terror. O nome faz menção à perseguição dos
opositores por meio da Lei dos Suspeitos, que julgava e condenava aqueles considerados
traidores com morte na guilhotina. Estima-se que cerca de 17 mil pessoas tenham sido mortas
nesse período em cerca de 14 meses.|2|

Apesar da radicalidade, os jacobinos conseguiram resolver problemas imediatos da França,


pois estabilizaram o valor da moeda francesa, aumentaram o exército francês gastando menos,
conseguiram derrotar as tropas que tinham invadido a França e conseguiram estabilizar a
situação das rebeliões pelo país.

De toda forma, essa atuação radical dos jacobinos gerou uma natural reação dos grupos
conservadores da França. Assim, os girondinos conspiraram e articularam, com o apoio da alta
burguesia da França, um golpe contra os jacobinos conhecido como Reação Termidoriana e
que aconteceu em 1794. Com esse golpe contra os jacobinos, muitas medidas tomadas por
eles foram revertidas, e a liderança jacobina (incluindo Robespierre) foi sumariamente
guilhotinada.

Acesse também: Saiba como funcionava o calendário revolucionário francês

• Diretório
O Diretório substituiu a Convenção em 1795 durante um período em que a revolução esteve
nas mãos dos girondinos e da alta burguesia francesa. As medidas mais radicais tomadas
pelos jacobinos foram revogadas, inclusive retorno do voto censitário. Nesse momento, os
girondinos usaram frequentemente da força para conter o povo e resistiram a inúmeras
tentativas de golpes.

A situação da França permaneceu instável e isso fez com que a alta burguesia francesa visse
no autoritarismo uma esperança para resolver a situação da França. A população estava
insatisfeita, a economia estava ruim, e a guerra continuava a ameaçar o país, então a ditadura
foi vista como solução.

A imagem de uma figura forte e autoritária surgiu como possibilidade de resolução dos
problemas franceses e disso nasceu o apoio a Napoleão Bonaparte, general do exército
francês que liderava as tropas francesas contra as coalizões internacionais. Com isso,
Napoleão organizou um golpe e tomou o poder em um evento conhecido como Golpe do 18 de
Brumário, que aconteceu em 1799.

Consequências

A Revolução Francesa estendeu-se por dez anos e, nesse período, uma série de
transformações aconteceu naquele país. As transformações trazidas pela Revolução Francesa,
porém, não se mantiveram apenas na França e espalharam-se pelo mundo. Elas foram:

 Fim dos privilégios da aristocracia (nobreza e clero) na França;

 Fim dos resquícios do feudalismo e início da consolidação do capitalismo;

 Queda do absolutismo em toda a Europa;

 Inspirou os movimentos de independência na América, sobretudo das nações


colonizadas pela Espanha;

 Popularizou a república como forma de governo;

 Popularizou a ideia de separação dos poderes;

 Garantiu a aplicação dos ideais liberais de liberdade individual do lema “todos os


homens são iguais perante a lei”;

 Consolidou o nacionalismo enquanto ideologia de reconhecimento do dever patriótico.

Exercício resolvido

(Enem) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os
usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão,
o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela
grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas
pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia
pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem.
HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada:
da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991
(adaptado)

O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte,


relaciona-se à qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?

a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política
dominante.

b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia.

c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e


queriam reorganizar a França internamente.

d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato com os intelectuais iluministas,


desejava extinguir o absolutismo francês.

e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que


desejavam justiça social e direitos políticos.

Resolução: LETRA E

Maximilien Robespierre era o líder dos jacobinos no período em que eles estiveram à frente da
Revolução Francesa. A ascensão dos jacobinos foi impulsionada pelo apoio do povo,
sobretudo dos sans-culottes. Contavam com o apoio da pequena e média burguesia e
desejavam ampliar as reformas sociais na França revolucionária. Durante o domínio dos
jacobinos, aconteceu o período conhecido como Terror, no qual os opositores dos jacobinos
eram sumariamente guilhotinados.

A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

Das treze colônias à Independência

A independência dos Estados Unidos (4 de julho de 1776) foi a primeira grande derrota de
uma potência colonial na história.

Além de ser a fundação de uma futura potência econômica (os próprios Estados Unidos), ainda
influenciou dezenas de outros movimentos de libertação pelo continente americano.

Mas, tenhamos calma, afinal, se você está aqui é porque quer conhecer esta história em
detalhes, certo? Então, neste artigo, vamos passar por várias questões sobre a
independência dos Estados Unidos, seguindo estes tópicos:
 Como foi a Independência dos Estados Unidos;
 Colonização dos Estados Unidos;
 Guerra dos sete anos;
 Causas da Independência dos Estados Unidos;
 Declaração de Independência dos Estados Unidos.
 Iluminismo e Independência dos Estados Unidos;
 Consequências da Independência dos Estados Unidos.

Parece bastante coisa? Fique tranquilo, não é tão complicado quanto parece.

O que foi a independência dos Estados Unidos?

A Independência dos EUA foi o movimento de libertação do país contra a metrópole colonial,


a Inglaterra.

Os conflitos iniciaram em 1774 e se estenderam até 1776, quando começou oficialmente uma
guerra entre Inglaterra e Estados Unidos, vencida pelos americanos em 1783.

Esta explicação é apenas uma introdução para que você tenha um panorama sobre o tema.
Para entender o que realmente aconteceu, é preciso voltar um pouco no tempo.

Colonização dos Estados Unidos

A colonização e Independência dos Estados Unidos estão intimamente ligadas, por isso é


preciso entender que o país teve uma espécie de dupla colonização, iniciado por sua chegada
no continente americano até sua expansão territorial.

Para começar, os Estados Unidos daquela época era composto por treze colônias, todas
localizadas na costa leste (repare na primeira imagem deste texto como até hoje a maior
ocupação do território ainda está no leste do país).

Além disso, havia uma diferença fundamental entre norte e sul da costa leste:

 Norte: colonizado por muitos refugiados de perseguições religiosas na Europa.


Economia baseada na pequena propriedade, com produção manufatureira voltada para o
mercado interno.
 Sul: colonizado a partir do modelo de produção agrícola em latifúndios (monocultura),
baseados na mão de obra escrava, com produção voltada para o mercado externo
(Inglaterra).

Esta divisão interna tem impacto na sociedade americana até hoje, mas naquela época
significava que o sul era mais dependente economicamente da metrópole, enquanto o norte
tinha suas próprias reivindicações.
Falaremos sobre isso em breve. Mas antes, vamos entender o que motivou o contexto
histórico da Independência dos Estados Unidos.

Guerra dos Sete Anos

Entre 1756 e 1763, Inglaterra e França travaram uma guerra pela posse das colônias
americanas, a chamada Guerra dos Sete Anos.

O que importa saber é que a Inglaterra derrotou a França, mas só conseguiu este feito, graças
ao apoio das milícias coloniais, ou seja, dos colonos americanos.

Quando a guerra terminou, estes colonos acreditavam que seriam recompensados pela ajuda,
mas os ingleses tinham seus próprios problemas e adotaram uma série de medidas muito
impopulares, entre elas:

 Aumento dos impostos sobre as colônias como forma de pagar os custos da guerra;
 Criação do monopólio do comércio do chá para uma companhia inglesa (Lei do Chá);
 Criação de um imposto sobre circulação de mercadorias da colônia (Lei do Selo);
 Criação do monopólio do açúcar para as Antilhas Inglesas (Lei do Açúcar).

Resumindo, a Inglaterra criou uma série de medidas que tornavam a vida econômica na colônia
mais difícil, sobretudo para os pequenos produtores do norte, que atendiam o mercado interno.

E assim, desta insatisfação, surgiu a revolta que daria origem a Independência dos Estados
Unidos.

Vamos ver esta última etapa em detalhes.

Causas da Independência dos Estados Unidos

A Independência dos Estados Unidos tem causas diretas e indiretas. Vamos começar pelas
mais diretas, decorrentes da insatisfação com a política de impostos da metrópole (Inglaterra).

Entre o fim da Guerra dos Sete Anos e 1774, os ingleses continuaram sua política de controle
sobre a economia colonial, criando monopólios e impostos contra a vontade dos colonos.

Assim, a insatisfação com a metrópole se converteu em um movimento organizado, com dois


momentos mais importantes:
 1774: os colonos organizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia. Tratava-se de uma
série de solicitações para que a Inglaterra desse mais liberdade econômica e política para a
colônia. A Inglaterra não apenas recusou, como seguiu criando novos controles e
aumentando os já existentes.
 1776: diante da recusa inglesa em negociar, após o Segundo Congresso da Filadélfia, é
redigida e reprovada a Declaração de Independência dos Estados Unidos, dando início a
guerra contra a Inglaterra pela libertação do país.

Resumindo, podemos dizer que as principais causas da Independência foram:

 O desejo por maior liberdade econômica e política das treze colônias;


 A recusa da metrópole em negociar, seguindo uma política de controle rígido.

Dito isso, vamos continuar nossa história da Independência dos Estados Unidos com o


desenrolar da guerra a partir de 1776, para depois falarmos mais  sobre as causas indiretas da
Independência.

Declaração de Independência dos Estados Unidos

A declaração de Independência, assinada em 4 de julho de 1776, era uma carta de intenção,


ou seja, uma declaração de que surgiria um novo país, livre da Inglaterra.

A guerra que se seguiu foi intensa e durou até 1783, sendo que os americanos venceram, em
grande parte, porque contaram com apoio francês e espanhol.

Portanto, apesar da data de 4 de julho de 1776 ficar marcada como o dia da Independência, foi
apenas após 1783 que o país teve condições de se organizar, sendo que sua Constituição só
ficou pronta em 1787.

Este é um detalhe importante, sobre o qual precisamos falar separadamente, retomando a ideia
das causas indiretas da Independência.

Iluminismo e Independência dos Estados Unidos

O século XVIII (anos 1700), foi marcado por movimentos burgueses de vários tipos. Todos eles
influenciados pelo Iluminismo, uma corrente de pensamento filosófico cujo centro era a França.

Algumas das principais características do Iluminismo eram:


 A liberdade individual;
 Ordenação burguesa da sociedade;
 Garantia do direito à propriedade privada;
 Separação entre igreja e Estado.

Mas, você pode estar se perguntando como as ideias iluministas influenciaram a


Independência dos Estados Unidos, se tinham origem na França?

Ocorre que o pensamento filosófico iluminista tinha na sua essência os mesmos ideais de
liberdade e igualdade que os colonos americanos pretendiam pôr em prática.

Ou seja, o iluminismo era a base intelectual do movimento de revolta contra a metrópole e


libertação da colônia, portanto, uma causa indireta da Independência.

Consequências da Independência dos Estados Unidos

Para encerrar, precisamos apenas delinear algumas das principais consequências da


Independência dos Estados Unidos:

 A Independência americana teve influência direta sobre as demais lutas no continente


americano, pela libertação colonial, sendo que até o início do século XIX (anos 1800), vários
movimentos semelhantes ocorreram na região.
 Como consequência, a Independência americana também foi responsável por dar o
empurrão que acabaria com o sistema colonial nas Américas.
 Por outro lado, a Independência trouxe à tona a divisão interna dos Estados Unidos,
entre norte e sul, com interesses econômicos e políticos distintos. Essa divisão foi
responsável por provocar uma Guerra Civil décadas depois (entre 1861 e 1865).

A CONTRIBUIÇÃO DOS JUDEUS E ARABES PARA A CIÊNCIA EM GERAL E MARITIMA


PARTICULAR

Os árabes proporcionaram diversas contribuições científicas para a humanidade, e entre


elas, podemos elencar as seguintes:

No ramo da Álgebra, os árabes desenvolveram os algarismos e criaram o  sistema


decimal, aperfeiçoaram os cálculos e equações trigonométricas e do ramo da aitimética.
Nessas áreas, destacaram-se os estudiosos Al-Kwarismi, Ibn al-Haytam e vários outros.

Na astronomia, traduziram textos gregos e com base nisso desenvolveram sistemas


planetários e criaram instrumentos e novas técnicas de navegação. Exemplos disso são
os observatórios e astrolábios.
No ramo da física, foram responsáveis pela criação do conceito de mecânica e
de hidrostática. Destacaram-se também na química, e através de testes práticos,
desenvolveram os primeiros sabões e até mesmo cosméticos.

E por fim, no campo da medicina, por meio das traduções dos gregos, obtiveram a base
de conhecimento para inovar e atingir níveis até então não conhecidos de técnicas e
conceitos clínicos, o que era moderno para a época.

Essas descobertas ocorreram entre o século X e XV

O Q U E F O I O R E N A S C I M E N T O ? R E S U M O D A S P R I N C I PA I S
C A R A C T E R Í S T I C A S R E N A S C E N T I S TA S

O que foi o renascimento na história?   O Renascimento cultural ou renascença


foi um movimento de reforma artística, literária e científica que teve origem no
século XIV na Itália e se espalhou para o resto da Europa. Foi após a Idade
Média e significa o ato de renascer e pode ser sinônimo de reformulação.
Aprenda um pouco mais de história com esse artigo sobre o que foi o Renascimento que o
Beduka preparou para te ajudar a se preparar para o ENEM e outros vestibulares.
Você também pode testar os seus conhecimentos sobre diversas matérias no nosso Simulado
ENEM.
Não deixe de conferir nossos exercícios sobre Renascimento cultural.

Renascimento

Quer seguir diretamente para algum tema do artigo? Clique em qualquer um dos itens abaixo:

 O que foi o Renascimento Cultural


 Resumo do Renascimento;
 Principais características renascentistas;
 Categorias do Renascimento.

História do Renascimento

Você verá que não é difícil aprender este tema e que, na verdade, é até divertido, porque é
minimamente curioso saber sobre o resgate de certas obras de arte que ocorreram.

Vamos começar!
O que foi o Renascimento Cultural?

O Renascimento, renascença ou renascentismo originou-se na Itália entre os séculos XIV e


XVII com seu ápice no século XVI. O Renascimento foi um período histórico e um
movimento cultural, intelectual e artístico que buscava nascer de novo resgatando as
artes clássicas: grega e romana.
Como foi o renascimento?
O renascimento aconteceu devido ao florescimento de cidades como Veneza, Gênova,
Florença, Roma e outras. A burguesia ficava cada dia mais poderosa.
Principalmente os empresários de lã, seda e peles, se tornaram os principais protagonistas
na política e na economia e foram responsáveis pela formação de um novo mercado de arte e
cultura juntamente com alguns príncipes e papas.
Ele foi impulsionado pela mudança de pensamento, que tirava Deus do centro da vida e do
universo, e colocava o homem.

Resumo do Renascimento cultural

Historicamente, o Renascimento foi o período de transição entre o feudalismo e o


capitalismo. Culturalmente foi um movimento de retorno à cultura pagã. Houve regressão nas
ciências teológicas e filosóficas principalmente.
Todo o produto artístico medieval, já avançado foi estagnado e o que renasceu foi um passado
distante não tão profundo, mas cheio de pompa e de grandiosidade.

A intenção renascentista não era elevar a alma do homem às coisas belas, verdadeiras e
justas, como faziam as artes medievais. Era simplesmente impressionar os sentidos, impactar.

A Itália foi o centro do Renascentismo, onde também surgiu o Humanismo, que substituiu o
teocentrismo (uma das características da Idade Média que centrava Deus como criador e o
homem como criatura) pelo antropocentrismo, que colocava o Homem no centro do universo.
Expansão pelo mundo

No início, em seus primeiros 200 anos, o renascimento se restringiu à Itália. O restante da


Europa estava cheio de estilos arquitetônicos ainda ligados ao gótico e ao tardo-românico.

A expansão do estilo renascentista se deu por vários motivos, como guerras, anexações
de territórios, intercâmbio de artistas italianos que viajavam para outras cidades, pedidos de
outras cortes, etc.
Por causa disso não se pode dizer que o renascimento foi uniforme em toda a Europa. Em
cada país ele foi diferente.

Quais são as Principais características do Renascimento?

Continuando a história do Renascimento, temos o seguinte: Os artistas da época tinham


a cultura greco-romana em alto valor.
Eles pensavam que gregos e romanos possuíam uma visão completa e humana da natureza.
Por isso, as qualidades mais valorizadas no ser humano na época eram a inteligência, o
conhecimento e os dons artísticos.
As principais características do renascimento são:
 O racionalismo: noção de que a razão é o único meio para se obter conhecimento
 O experimentalismo: aceitação apenas de princípios que podem ser experimentados
com testes visíveis aos 5 sentidos
 O individualismo: o homem é colocado no centro, sozinho, sem uma coletividade,
sendo senhor de suas emoções e ações do mundo
 O antropocentrismo: o homem é o centro do universo e não Deus
 O humanismo: valorização do saber crítico voltado ao conhecimento do homem e de
suas habilidades
 O universalismo: busca pelos saberes em diversas áreas, em vez do saber
especializado em uma só.
 O cientificismo: noção de superioridade da ciência sobre todas as outras formas de
entender a realidade, como religião, filosofia, metafísica, etc.
O Racionalismo
No qual os renascentistas eram convictos de que a razão era o único caminho para se chegar
ao conhecimento, e que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência;

O Experimentalismo
No qual para eles todo conhecimento deveria ser demonstrado através da experiência
científica;

O Individualismo
No qual parte do princípio do homem conhecer a si próprio, buscando afirmar sua própria
personalidade, talentos e satisfazer suas ambições. Esta concepção se baseia no princípio que
o direito individual estaria acima do direito coletivo;

O Antropocentrismo
No qual se colocava o homem como a suprema criação de Deus e como o centro do universo.

O Humanismo Renascentista

O humanismo também faz parte da história do renascimento. O humanismo foi um movimento


da centralização do homem e da natureza humana. Ele colocava o homem como a obra
mais perfeita do Criador, sendo ele capaz de compreender, modificar e até dominar a natureza.
O humanismo provocou uma reforma no ensino das universidades, com a introdução de
disciplinas como poesia, história e filosofia.

Os humanistas procuravam interpretar o cristianismo, tendo como base escritos de autores da


Antiguidade, como Platão. O estudo dos textos antigos deu início ao gosto pela pesquisa
histórica e pelo entendimento das línguas tradicionais como o latim e o grego.
O humanismo se tornou referência para inúmeros pensadores nos séculos seguintes, incluindo
os filósofos iluministas do século XVIII.

Agora, vamos continuar nosso resumo sobre o renascimento abordando suas principais
categorias.

O que renasceu com o renascimento?


O que renasceu no período do renascimento foi a cultura clássica, principalmente grega, pagã.
Mas não só, também a cultura urbana que estava ligada às cidades- Estado da Idade Antiga,
bem como sua vida intelectual e apreciação das artes.

Quais foram os Períodos do Renascentismo?

Os três grandes períodos do Renascentismo foram:


 Trecento
 Quatrocento
 Cinquecento
Vamos falar sobre eles com mais detalhes:

Trecento

Durante esse período tivemos o surgimento de pinturas como “O Beijo de Judas” e “Juízo
Final”, feitas por Giotto de Bondoni.
Além de pinturas, tivemos também um grande legado literário deixado por Dante Alighieri em
seu famoso livro: Divina Comédia.
Quatrocento

Neste período falamos sobre as críticas ácidas do escritor Erasmo de Roterdã em “Elogio à


Loucura”.
Contudo, o grande nome do período foi o do famoso Leonardo da Vinci e sua “Mona Lisa”.
Cinquecento

Nesta fase final do Renascentismo tivemos o português Gil Vicente escrevendo “Auto da


Barca do Inferno”, e Luís de Camões criou “Os Lusíadas”.
A literatura também teve seu representante francês: François Rebelais com sua obra
“Gargântua e Pantagruel”.
A pintura foi protagonizada por alemães como Albrercht Duher e Hans Holbhein. O primeiro é
o autor dos quadros “Adão e Eva” e “Melancolia”. O segundo criou “Cristo Morto” e “A virgem
do burgomestre Meyer”.
Porém, o grande diferencial desse período foi a desenvolvimento científico vindo com as teorias
heliocêntricas de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Giordano Bruno.

Categorias do Renascimento

Renascimento Literário
A literatura durante o Renascimento cultural foram fortemente marcadas por vertentes
humanistas, que tinham o homem em destaque em todas as áreas.

Durante o movimento, grandes gênios da literatura surgiram, entre eles:

 Dante Alighieri: escritor italiano autor do grande poema “Divina Comédia“;


 Maquiavel: autor de “O Príncipe“, obra precursora da ciência política, na qual o autor dá
conselhos aos governadores da época;
 Shakespeare: considerado um dos maiores dramaturgos de todos os tempos. Abordou
em sua obra os conflitos humanos nas mais diversas dimensões: pessoais, sociais,
políticas. Escreveu comédias e tragédias, como “Romeu e Julieta“, “Macbeth“, “A Megera
Domada“, “Otelo” e várias outras;
 Miguel de Cervantes: autor espanhol da obra “Dom Quixote“, uma ironia contundente
às novelas de cavalaria medieval muito fantasiosas em comparação ao estilo realista
espanhol;
 Luís de Camões: teve destaque na literatura renascentista em Portugal, sendo autor do
grande poema épico “Os Lusíadas”.
Renascimento da arte, da pintura e da escultura
Na esfera da arte, o Renascimento proporcionou a criação de novos gêneros de pintura e
escultura. As primeiras manifestações no âmbito artístico surgiram em Florença, na Itália.
Foram construídas várias obras de Arquitetura que estão disponíveis até hoje. Na pintura,
Giotto foi um dos primeiros a seguir esta corrente.
No século XVI, o principal centro de arte renascentista passou a ser Roma.

O que foi o Renascimento Pleno?


Ele durou vinte anos, entre 1500 e 1520. Foi neste período que surgiram as obras dos três
principais artistas que conhecemos: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael
Sanzio.

Leonardo da Vinci: Matemático, físico, anatomista, inventor, arquiteto, escultor e pintor, ele foi
um gênio absoluto. A Mona Lisa e A Última Ceia são suas obras primas.
Rafael Sanzio: foi um mestre da pintura, famoso pela doçura de suas madonas. A Madona do
Prado foi considerada a mais perfeita.
Michelangelo: artista italiano cuja obra foi marcada pelo humanismo. Além de pintor foi um dos
maiores escultores do Renascimento. Entre suas obras destacam-se a Pietá, David, O teto da
Capela Sistina, A Criação de Adão e O Juízo Final.

Quais eram as principais características da pintura renascentista

 Realismo: o homem como a maior expressão de grandeza entre as criaturas. E mais do


que isso, ele deixa de ser um admirador do mundo criado por Deus, para compreendê-lo
cientificamente.
 Uso de telas e tinta a óleo.
 Perspectiva: Uso de distâncias e proporções para criar o efeito de dimensão e
profundidade com uso de princípios matemáticos e geométricos.
 Claro escuro: Complementa o efeito da perspectiva, criando sombras de contraste que
dão a ideia de volume.
 As obras deixam de ser detalhes da arquitetura e se tornam um fim em si mesmas.
Tornam-se manifestações de arte independentes.
 Artistas com estilo pessoal ganham mais visibilidade por causa da valorização
individualista.
Giotto di Bondone usou de formas rígidas na pintura, como A Lamentação (1305). Masaccio
também se destacou pintando A Santíssima Trindade (1420).

As principais características das esculturas

 Busca pelo naturalismo, uma maior verossimilhança nas esculturas


 Maior interesse pelo homem, pela forma do corpo, por sua expressão
 Além da técnica, ostenta-se o conhecimento adquirido
 Pretensão de criar monumentos com as esculturas, itens emblemáticos
 Uso de formas geométricas simples
 Predomínio de linhas curvas e sinuosas

O que foi o Renascimento Científico


O Renascimento também foi marcado por importantes descobertas científicas,
especialmente nos campos da astronomia, da física, da medicina, da matemática e da
geografia.
O polonês Nicolau Copérnico negou a antiga teoria geocêntrica, que afirmava que a Terra seria
o centro do universo. Copérnico não somente contestou essa teoria como também afirmou
que a Terra seria simplesmente um planeta que gira em torno do Sol.
Galileu Galilei se destacou ao descobrir os anéis de Saturno, as manchas solares, e os
satélites de Júpiter. Galileu não conseguiu provar todas as suas ideias, embora elas tenham
sido louvadas pelos maiores estudiosos da época, que eram padres astrônomos e físicos.
Renascimento da arquitetura

A arquitetura também recuperou características das artes clássicas greco-romanas.

A ocupação do espaço, nesse período, estava baseada em relações matemáticas. Assim,


quem fosse observador, notaria uma lei matemática organizando o edifício em todos os pontos
de vista.

A arquitetura renascentista era composta por:

 Simplicidade na construção
 Arcos de Volta-Perfeita
 Ordens Arquitetônicas
 A pintura e a escultura se desprenderam da arquitetura
 Construía-se palácios, igrejas, vilas, fortalezas e fazia-se o planejamento urbanístico
O arquiteto Filippo Brunelleschi foi quem projetou a cúpula da catedral de Florença, Santa
Maria del Fiore (1420 – 1436).
Brunelleschi influenciou vários arquitetos do período. Leon Allberti participou da elaboração da
fachada da Igreja S. Andrea em Mântua (1460).

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. Primeira Guerra Mundial

HISTÓRIA GERAL
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que ocorreu entre 1914 e 1918 e ficou muito
conhecida em razão dos combates que aconteciam nas trincheiras.
Tro
pas alemãs posicionadas em uma trincheira que ficava nos arredores de Paris.

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A Primeira Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. Foi a primeira guerra do


século XX e o primeiro conflito em estado de guerra total – aquele em que uma nação
mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate. Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi
resultado das transformações que aconteciam na Europa, as quais fizeram diferentes nações
entrar em choque.
O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma drástico. Uma geração de jovens
cresceu traumatizada com os horrores da guerra. A frente de batalha, sobretudo a Ocidental,
ficou marcada pela carnificina vivida nas trincheiras e um saldo de 10 milhões de mortos. Os
desacertos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para que, em 1939, uma nova guerra
acontecesse.

Causas
As causas da Primeira Guerra Mundial são extremamente complexas e envolvem uma série de
acontecimentos não resolvidos que se arrastavam desde o século XIX: rivalidades econômicas,
tensões nacionalistas, alianças militares etc.
De maneira geral, os principais fatores que contribuíram para o início da Primeira Guerra
Mundial foram:

 disputas imperialistas;
 nacionalismos;
 alianças militares;
 corrida armamentista.

Na questão imperialista, o enfoque pode ser dado ao temor que a ascensão da Alemanha
gerou em nações como Rússia, França e Grã-Bretanha. Os alemães haviam passado
pelo processo de unificação na segunda metade do século XIX e, após isso, lançaram-se à
busca de colônias para seu país. Isso prontamente chamou a atenção da França, por exemplo,
que via seus interesses serem prejudicados com o fortalecimento alemão.
A questão dos nacionalismos envolveu diferentes nações. A Alemanha encabeçava um
movimento conhecido como pangermanismo. Esse movimento nacionalista servia como
suporte ideológico para o Império Alemão defender os seus interesses de expansão territorial
no começo do século XX. O pangermanismo ainda se expressava nas questões econômicas,
pois os alemães pretendiam colocar-se como a força econômica e militar hegemônica da
Europa.
Na questão nacionalista, havia também o revanchismo francês. Essa questão envolvia os
ressentimentos que existiam na França a respeito do desfecho da Guerra Franco-Prussiana,
conflito travado entre Prússia e França em 1870 e 1871. A derrota francesa foi considerada
humilhante, principalmente por dois fatores: a rendição ter sido assinada na Galeria dos
Espelhos, no Palácio de Versalhes, e pela perda da Alsácia-Lorena. Após o fim desse conflito,
a Prússia autoproclamou-se como Império Alemão.
A questão nacionalista mais complexa envolvia os Bálcãs, região no sudeste do continente
europeu. No começo do século XX, os Bálcãs eram quase inteiramente dominados pelo
Império Áustro-Húngaro, que estava em ruínas por causa da multiplicidade de nacionalidades e
movimentos separatistas que existiam em seu território.
A grande tensão nos Bálcãs envolvia a Sérvia e a Áustria-Hungria na questão referente ao
controle da Bósnia. Os sérvios lutavam pela formação da Grande Sérvia e, por isso,
desejavam anexar a Bósnia ao seu território (a Bósnia era parte da Áustria-Hungria desde 1908
oficialmente). Esse movimento nacionalista de sérvios era apoiado pela Rússia por meio
do pan-eslavismo, ideal em que todos os eslavos estariam unidos em uma nação liderada
pelo czar russo.
Tendo em vista todo esse quadro de tensão e rivalidades, as nações europeias meteram-se em
um labirinto de alianças militares, que acabou sendo definido da seguinte maneira:

 Tríplice Entente: formada por Rússia, Grã-Bretanha e França.


 Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália.
Esses acordos militares incluíam cláusulas secretas de cooperação militar caso uma nação
fosse atacada por outra nação adversária. Por fim, toda essa hostilidade deu a garantia para
todas as potências e chefes de Estado na Europa de que a guerra era apenas questão de
tempo. Por essa razão, as nações europeias iniciaram uma corrida armamentista com o
objetivo de se fortalecer para o conflito que ocorreria.
O que faltava para que a guerra tivesse início era um estopim, que aconteceu em 28 de junho
de 1914, durante a visita do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, a
Sarajevo, capital da Bósnia. A visita do arquiduque foi entendida como uma provocação e
colocou em movimento os grupos nacionalistas que existiam na Sérvia e Bósnia.

.
O resultado da visita do arquiduque foi que Gavrilo Princip, membro de um movimento
nacionalista bósnio, armado de um revólver, meteu-se à frente do carro que levava Francisco
Ferdinando e sua esposa, Sofia. Ele abriu fogo, assassinando ambos. A consequência direta
do ato foi uma crise política gravíssima que ficou conhecida como Crise de Julho.
Como não houve saída diplomática para a Crise de Julho, a consequência final foram
declarações de guerra acontecendo em cadeia. Em 29 de julho, a Áustria declarou guerra à
Sérvia; no dia 30, russos (em defesa da Sérvia), alemães e austríacos mobilizaram seus
exércitos. Em 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia e, no dia 3, à França. No dia
4, o Reino Unido declarou guerra à Alemanha. Era o começo da Primeira Guerra Mundial.

Países envolvidos
Como mencionado no texto, os dois grupos que lutaram entre si na Primeira Guerra Mundial
ficaram conhecidos como Tríplice Aliança (as principais forças eram a Alemanha, Áustria-
Hungria, Império Otomano e Itália) e Tríplice Entente (as principais forças eram a Rússia, Grã-
Bretanha e França). No caso da Itália, o país fazia parte da Tríplice Aliança, mas recusou-se a
participar da guerra quando ela se iniciou. Em 1915, a Itália aderiu à Tríplice Entente.
Naturalmente, a Primeira Guerra Mundial não se resumiu ao envolvimento desses países, pois
diversas outras nações envolveram-se no conflito. No lado da Entente, países como Grécia,
Estados Unidos, Canadá, Japão e até mesmo o Brasil entraram no confronto. No lado da
Tríplice Aliança, houve a participação da Bulgária e de outros povos e Estados clientes, como o
Sultanato de Darfur.

Onde ocorreu a Primeira Guerra Mundial?


Os combates da Primeira Guerra Mundial, em sua maioria, aconteceram no continente
europeu. Na Europa, destacaram-se a Frente Ocidental, em que os alemães lutaram contra
franceses e britânicos, e a Frente Oriental, em que os alemães lutaram contra sérvios e russos.
Durante a guerra, houve também batalhas no Oriente Médio, isto é, nas regiões que estavam
sob domínio do Império Otomano.
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Fases da Primeira Guerra


Utilizando a classificação do estudioso Luiz de Alencar Araripe, a Primeira Guerra Mundial
pode ser dividida em duas grandes fases1. A primeira fase ficou conhecida como Guerra de
Movimento e aconteceu entre agosto e novembro de 1914. A segunda fase ficou conhecida
como Guerra de Trincheiras e ocorreu entre 1915 e 1918.
Da primeira fase da guerra, destacou-se o plano alemão de invasão da França pelo território
belga, o chamado Plano Schlieffen. Esse plano foi elaborado pelo conde Alfred von
Schlieffen e consistia basicamente em uma manobra para envolver as tropas francesas e
conquistar Paris, a capital da França.
Poucos meses depois que os franceses conseguiram impedir os alemães de conquistar Paris,
iniciou-se a segunda fase da guerra, caracterizada pelas trincheiras. As trincheiras eram
corredores subterrâneos construídos para abrigar os soldados e separar os exércitos que
lutavam entre si. Muitas vezes, a distância entre uma trincheira e outra era mínima.
Acesse também: Saiba como era a vida dos soldados na trincheira
O espaço entre as trincheiras era conhecido como “terra de ninguém” e era preenchido com
sacos de areia, arames farpados e tudo que fosse necessário para garantir a proteção das
tropas e para informar que tropas inimigas aproximavam-se. Durante a guerra de trincheiras,
foram utilizadas pela primeira vez armas químicas. Os alemães inicialmente utilizaram gás
clorídrico, que, com o tempo, também passou a ser utilizado por franceses e britânicos. Por
fim, o gás clorídrico foi substituído pelo gás mostarda.
.
A respeito dos horrores da Guerra de Trincheiras travada na Frente Ocidental, vale ressaltar o
relato feito pelo historiador Eric Hobsbawm:

Milhões de homens ficavam uns diante dos outros nos parapeitos de


trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as quais viviam como – e
com – ratos e piolhos. De vez em quando seus generais procuravam
romper o impasse. Dias e mesmo semanas de incessante bombardeio
de artilharia […] “amaciavam” o inimigo e o mandavam para baixo da
terra, até que no momento certo levas de homens saíam por cima do
parapeito, geralmente protegido por rolos e teias de arame farpado,
para a “terra de ninguém”, um caos de crateras de granadas inundadas
de água, tocos de árvore calcinadas, lama e cadáveres abandonados, e
avançavam sobre as metralhadoras, que os ceifavam, como eles
sabiam que aconteceria2.
Na Frente Ocidental, destacaram-se batalhas como Verdun e Somme em que a luta nas
trincheiras causou a morte de milhões de soldados de ambos os lados. Na Frente Oriental, os
alemães conseguiram impor pesadas derrotas aos russos em batalhas como a
de Tannenberg, garantindo grandes conquistas territoriais.
A violência da guerra também foi destacada durante os combates que aconteceram na Sérvia.
No Oriente Médio, destacou-se a perseguição que o Império Otomano promoveu contra os
armênios, o que levou ao Genocídio Armênio. A Primeira Guerra também registrou combates
aéreos e uma disputa acirrada entre alemães e britânicos no mar.
Em 1917, os Estados Unidos, presididos por Woodrow Wilson, entraram na guerra quando uma
embarcação britânica foi atacada por alemães, causando a morte de mais de uma centena de
americanos. Nesse mesmo ano, os russos, fragilizados por tantas derrotas e por uma crise
econômica duríssima, retiraram-se da guerra, e a Revolução Russa consolidou o socialismo no
país.
A Primeira Guerra Mundial encerrou-se como resultado do esfacelamento das forças da
Tríplice Aliança. Bulgária, Áustria-Hungria e Império Otomano renderam-se, sobrando apenas a
Alemanha. O Império Alemão, arrasado pela guerra, também se rendeu após uma revolução
estourar no país e levar ao fim da monarquia alemã. Aqueles que implantaram a república no
país (os social-democratas) optaram por um armistício para colocar fim à guerra após quatro
anos.
Consequências
Como consequência do armistício e da derrota alemã, foi assinado em junho de 1919 o Tratado
de Versalhes. A assinatura desse tratado aconteceu exatamente no mesmo local onde os
franceses haviam ratificado sua derrota em 1871. Dessa vez, os derrotados eram os alemães,
que assinavam um tratado que impunha termos duríssimos à Alemanha.

A Alemanha perdeu todas as suas colônias ultramarinas, além de territórios na Europa. Foi
obrigada a pagar uma multa pesadíssima, que arrastou o país pra uma crise econômica sem
precedentes na sua história. Suas forças militares foram restritas a 100 mil soldados de
infantaria. A rigidez dos termos do Tratado de Versalhes é entendida pelos historiadores como
a porta que deu abertura para o surgimento e crescimento do nazismo.
O fim da guerra também marcou a reconfiguração do mapa europeu por causa do
esfacelamento dos Império Alemão, Austro-húngaro e Otomano. Diversas novas nações
surgiram, como Polônia, Finlândia, Iugoslávia etc.
Segunda Guerra Mundial
Os termos que os franceses e britânicos impuseram à Alemanha foram encarados pelos
historiadores como paz punitiva. O objetivo era enfraquecer a Alemanha de tal maneira que
outra guerra da magnitude da Primeira Guerra Mundial não acontecesse. Britânicos e
franceses fracassaram nesse objetivo, já que vinte anos depois uma nova guerra começou na
Europa: a Segunda Guerra Mundial.
Resumo
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que aconteceu entre 1914 e 1918, e os principais
cenários de guerra ocorreram no continente europeu. Foi resultado de inúmeros fatores, como
a rivalidade econômica, ressentimentos por acontecimentos passados e questões
nacionalistas. Teve como estopim o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e sua
esposa, Sofia, em Sarajevo, na Bósnia, em junho de 1914.

Estendeu-se por quatro anos em duas fases distintas: Guerra de Movimento e Guerra de
Trincheira. A última fase é a mais conhecida por ter sido a mais longa (de 1915 a 1918) e por
ter sido efetivamente caracterizada por um alto grau de mortalidade dos soldados envolvidos. O
saldo do conflito foi, aproximadamente, 10 milhões de mortos e uma Europa totalmente
transformada.

Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial foi o conflito mais sangrento da nossa história. De 1939 a 1945,
milhões de pessoas perderam suas vidas no campo de batalha. A política expansionista e
militarista do nazifascismo provocou um novo conflito mundial. Aliados e Eixo disputaram
durante seis anos a vitória na guerra. O Brasil também participou de forma efetiva com as
tropas aliadas. O final da Segunda Guerra Mundial trouxe grandes consequências para o
mundo.
Causas da Segunda Guerra Mundial

Para compreender-se as causas da Segunda Guerra Mundial, é preciso resgatar-se a forma


como terminou a Primeira Guerra Mundial, em 1918. O Tratado de Versalhes, assinado no
ano seguinte, impôs severas sanções à Alemanha, que foi considerada a culpada pela
guerra. Os alemães saíram derrotados e humilhados do conflito. Além disso, a crise econômica
de 1929, originada nos Estados Unidos, rapidamente se espalhou pelo mundo, aprofundando
ainda mais os países europeus que, a muito custo, tentavam reerguer-se dos escombros da
guerra.

Esse cenário catastrófico, de crise política, social e econômica, fez surgir grupos radicais que
prometiam resgatar a grandeza do império alemão de séculos anteriores, vingando a
humilhação que o Tratado de Versalhes promoveu ao povo alemão. Adolf Hitler, com seu
Partido Nazista, ganhava espaço na política da Alemanha.

Em 1933, Hitler foi aclamado como chanceler e tinha em suas mãos todos os poderes para
governar os alemães. O Füher, o “líder”, era aclamado por onde passava, e a ele o seu povo
prestava juramento de lealdade. A partir desse momento, Hitler tratou de expandir do
domínio alemão sobre a Europa, reivindicando territórios que pertenceram ao império
alemão. Ele estava disposto a tudo para construir o Terceiro Reich.

A Itália também atravessava processo semelhante. Os italianos, tal qual os alemães, saíram
humilhados da Primeira Guerra Mundial e, durante a década de 1920, enfrentavam uma
crise geral, com greves e desemprego. Benito Mussolini liderou o Partido Fascista e foi alçado
ao poder em 1922, tornando-se Il Duce, o grande líder do povo italiano.

Com tantas semelhanças entre alemães e italianos, não demorou para que Hitler e
Mussolini se aproximassem e fizessem alianças políticas e militares. Pouco antes de
começar a guerra, os dois líderes aproximaram-se do Japão, dando início ao Eixo, que
lutaria contra os Aliados na Segunda Guerra Mundial.

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Ao perceber o avanço de Hitler, primeiro na política interna da Alemanha e depois,


externamente, ao procurar anexar países, Inglaterra e França decidiram não intervir nas
decisões nazistas. Tratava-se da política de apaziguamento. Em vez de atacar o inimigo e
provocar outra guerra, os líderes britânicos e franceses decidiram conversar, fazer um acordo
com Hitler. Winston Churchill, que, em 1940, seria o premier britânico durante quase toda a
guerra, disse uma frase que resumiu essa política:

“Entre a desonra e a guerra, vocês escolheram a desonra e terão a guerra.” 

Ao permitir que Hitler mantivesse o seu expansionismo para evitar uma nova guerra, Inglaterra
e França estavam entrando em outro conflito. Hitler também fez um acordo
com Josef Stalin, líder da União Soviética, o Pacto Molotov-Ribbentrop, um tratado de não
agressão entre os dois países. Hitler não cumpriria esse pacto e, em 1941, invadiria a URSS.
O expansionismo nazista, as anexações de territórios e a não intervenção das grandes
potências europeia acabaram levando o mundo para outro conflito mundial sem precedentes
em nossa história. Em 1º de setembro de 1939, as tropas alemãs invadiram a Polônia.
Apesar das inúmeras exigências para que se retirassem do território polonês, elas
permaneceram. Com a recusa alemã em cumprir as exigências, Inglaterra e França
declararam guerra contra a Alemanha, desencadeando a Segunda Guerra Mundial. 

Veja também: O nazismo era de esquerda ou de direita?

Combatentes da Segunda Guerra Mundial

Os países que lutaram durante Segunda Guerra Mundial agruparam-se em Aliados e Eixo. Os
Aliados eram:

 Estados Unidos

 Inglaterra

 França

 União Soviética

Enquanto o Eixo era formado por:

 Alemanha

 Itália

 Japão

 Fases e acontecimentos da Segunda Guerra Mundial

Podemos dividir a Segunda Guerra Mundial em duas fases:

 Primeira fase (1939-1942)

Nessa fase, as tropas do Eixo avançaram rapidamente pela Europa. Em 1940, as tropas


nazistas já ocupavam grande parte da França. Hitler fez questão de que a rendição francesa
fosse assinada no mesmo vagão de trem que, em 1918, os alemães renderam-se logo após a
derrota na Primeira Guerra Mundial. A Inglaterra foi atacada por aviões alemães. Em 1940,
Winston Churchill foi eleito primeiro-ministro e iniciou a reação inglesa contra o ataque inimigo.

Essa fase favorável ao Eixo encerrou-se em 1941, quando as tropas nazistas foram
derrotadas na União Soviética, após invasão ordenada por Hitler. Em dezembro do mesmo
ano, os Estados Unidos foram atacados por kamikazes japoneses em sua base aérea de Pearl
Harbor, no oceano Pacífico. Os norte-americanos, com esse ataque, entraram na guerra.

 Segunda fase (1943-1945)

A segunda fase da guerra foi definitiva para o término da guerra. Com a entrada dos Estados
Unidos e da União Soviética no confronto, ingleses e franceses contaram com ajudas
importantes para responder aos ataques nazifascistas. As tropas aliadas iniciaram o contra-
ataque e reverteram o avanço do Eixo obtido na primeira fase. Do lado oriental, as tropas
soviéticas, e ao Ocidente, as tropas americanas, inglesas e francesas.

Na Europa, o Eixo foi perdendo espaço e sendo encurralado pelos Aliados. Benito
Mussolini foi o primeiro líder a ser derrotado. O dia mais marcante para os Aliados na Segunda
Guerra Mundial foi o dia 6 de junho de 1944, que entrou para a história como o Dia D. O
desembarque dos aliados na Normandia, norte da França, foi decisivo para encaminhar o Eixo
à derrota ao iniciar a libertação francesa do domínio nazista.

A Itália foi o primeiro país do Eixo a render-se, em 1943. Dois anos depois, a derrota nazista
era questão de tempo e Hitler estava escondido em um bunker, em Berlim. Percebendo que a
vitória dos Aliados era uma realidade, o Füher suicidou. Logo em seguida, os alemães
renderam-se aos aliados, em 8 de maio de 1945. Esse dia foi comemorado como o Dia da
Vitória. A Segunda Guerra na Europa já tinha terminado, mas, no Pacífico, os japoneses não
assinaram a rendição e continuaram o combate, principalmente contra as tropas norte-
americanas.

Bombas atômicas

A recusa do Japão em render-se e a vingança ao ataque a Pearl Harbor fizeram com que os


Estados Unidos lançassem duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima, em 6
de agosto de 1945, e Nagasaki, dois dias depois. A destruição foi enorme e o imperador
Hirohito não teve alternativa senão a rendição.
Bomba atômica
lançada pelos Estados Unidos em Nagasaki (Japão), em agosto de 1945.

Fim da Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945, deixando como saldo uma Europa devastada, o
mundo horrorizado com a abertura dos campos de concentração, e duas superpotências
surgindo:

 Estados Unidos, capitalista;


 União Soviética, comunista.

Em Londres, a família real e o premier Winston Churchill acompanham as comemorações do


Dia da Vitória, em 8 de maio de 1945.

Consequências da Segunda Guerra Mundial

É claro que o mundo não seria o mesmo depois do final da Segunda Guerra Mundial. A Europa
não teria mais a força política, econômica e cultural que teve durante séculos. As potências
europeias, tanto as que venceram como as que perderam, não tinham condições de manter
suas colônias na Ásia e na África. Esse enfraquecimento da Europa abriu espaço para o
processo de descolonização, ou seja, a independência dessas colônias.
A Alemanha teve seu território e sua capital, Berlim, dividida em zonas de influência dos
países vencedores. Iniciava-se o processo de desnazificação do país ao destruir-se os
símbolos ligados ao nazismo e a Adolf Hitler. As propagandas que exaltavam o Füher foram
banidas.  Nazistas foram julgados e condenados à morte, no Tribunal de Nuremberg.

Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética já
esboçavam suas diferenças sobre o mundo a ser formado após o conflito. Em 1947, começava
a Guerra Fria, americanos e soviéticos entrariam em conflito ideológico, o que não
significou que não houve momentos em que as duas superpotências, por pouco, não entraram
num confronto direito. As armas nucleares tornaram-se objetos de disputas diplomáticas e de
intimidação. Se elas fossem utilizadas, o mundo inteiro poderia ter sido destruído.

Apesar do fracasso da Liga das Nações, órgão internacional criado logo após o final da
Primeira Guerra Mundial, em garantir a paz mundial e evitar uma nova guerra, ainda se
manteve a esperança de uma instituição mundial que tivesse o mesmo objetivo. Em 1945 foi
criada a Organização das Nações Unidas, que, além de evitar outra guerra mundial, buscava (e
ainda busca) garantir a defesa e o cumprimento dos Direitos Humanos.

No Brasil, a volta dos soldados da FEB expôs uma contradição. Ao mesmo tempo que
brasileiros lutaram na guerra contra a ditadura nazifascista, o Brasil era governado por um
ditador autoritário. Os militares voltaram da Europa com a popularidade alta e desejosos de
participar da vida política. Em novembro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto por militares,
encerrando-se a ditadura do Estado Novo.

Mapa Cor-de-Rosa

Mapa cor-de-rosa foi o mapa representativo da pretensão de Portugal a exercer soberania


sobre os territórios entre Angola e Moçambique, nos quais hoje se situam a Zâmbia,
o Zimbábue e o Malauí, numa vasta faixa de território que ligava o Oceano Atlântico ao Índico.
Terá sido apresentado em 1886, pela Sociedade de Geografia de Lisboa, que colidia com os
interesses de ligar o Cairo (Egito) ao Cabo (África do Sul), tendo-se assim tornado público um
ano depois.
Embora a sua génese tenha sido atribuída ao então Ministro dos Negócios
Estrangeiros Henrique de Barros Gomes[1], que se empenhou na promoção de expedições que
pudessem comprovar a efectiva ocupação dos territórios pretendidos por Portugal em África,
este sempre negou a paternidade do mapa.
Este entrou em colisão com o objectivo britânico de criar uma faixa de território que ligasse o
Cairo à Cidade do Cabo, que desencadeou uma disputa com a Grã-Bretanha que culminou
no ultimato britânico de 1890 e no Tratado Anglo-Português de 1891, a que Portugal cedeu,
causando sérios danos à imagem do governo monárquico português. Nas relações luso-
britânicas, este foi o segundo maior conflito entre as potências, somente menor (em nível
militar, mas não diplomático) que a Questão de Bolama.
Enquadramento histórico

Versão original do Mapa Cor-de-Rosa.

Face ao crescente interesse das potências europeias pela África, ao final do século XIX,
tornou-se claro que Portugal deveria também definir uma nova política africana já que a
crescente presença inglesa, francesa e alemã naquele continente ameaçava a tradicional
hegemonia portuguesa nas zonas costeiras de Angola e Moçambique.
Com base no chamado direito histórico, alicerçado na primazia da
ocupação europeia, Portugal reclamava vastas áreas do continente africano, embora, de facto,
apenas dominasse feitorias costeiras e pequeníssimos territórios ao redor dessas. Contudo, a
partir da década de 1870 ficou claro que apenas o direito histórico não seria suficiente e que a
presença portuguesa dependia do alargamento para o interior das possessões reclamadas.
Para tal começaram a ser organizados planos destinados a promover a exploração do interior
da África.
Em 1877 foi lançado, por João de Andrade Corvo, um conjunto de iniciativas de exploração
destinadas a conhecer a zona que separava as colónias de Angola e Moçambique, que
levaram às famosas expedições de Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto,
integradas numa nova, e então pouco aceite, estratégia portuguesa para o continente africano
que privilegiava a ocupação efectiva através da exploração e colonização em detrimento dos
simples direitos históricos.

A génese do mapa cor-de-rosa


Predominando em Portugal a visão colonial que assentava ainda nos direitos históricos, o
governo português começou por reclamar áreas cada vez maiores do continente africano,
entrando em colisão com as restantes potências europeias, o que levou a um agudizar de
tensões, enquanto eram desenvolvidos esforços para uma ocupação efectiva do território.
Nesse contexto, a Sociedade de Geografia de Lisboa, defendendo a necessidade de formar
uma barreira às intenções expansionistas britânicas que pretendiam a soberania sobre um
território que, do Sudão, se prolongasse até ao Cabo pelo interior da África, organizou uma
subscrição permanente para manter estações civilizadoras na zona de influência portuguesa do
interior do continente, definida num mapa como uma ampla faixa da costa à contracosta,
ligando Angola a Moçambique. Nascia assim, ainda sem sanção oficial, o chamado "Mapa Cor-
de-Rosa".
Em 1884 a aceitação unilateral pela Grã-Bretanha das reivindicações portuguesas ao controlo
da foz do rio Congo levou ao acirramento dos conflitos com as potências europeias rivais.
Convocada uma conferência internacional, a Conferência de Berlim (1884–1885), para dirimir
os múltiplos conflitos existentes e fixar as zonas de influência de cada potência em África,
assistiu-se a um entendimento entre a França e Alemanha, face a uma atitude conciliatória
da Grã-Bretanha, que abandonou totalmente o seu anterior entendimento com Portugal. O
resultado foi a partilha do continente entre as potências europeias e o estabelecimento de
novas regras para a corrida à África.
Portugal foi o grande derrotado da Conferência de Berlim pois, para além de assistir à recusa
do direito histórico como critério de ocupação de território, foi ainda obrigado a aceitar o
princípio da livre navegação dos rios internacionais (aplicando-se ao Congo, ao Zambeze e
ao Rovuma em território tradicionalmente português), e perdeu o controlo da foz do Congo,
ficando só com o pequeno enclave de Cabinda.
Após o choque da Conferência de Berlim, em Portugal percebeu-se a urgência de delimitar as
possessões em África. Logo em 1885, começaram negociações com a França e
a Alemanha para delimitar as fronteiras dos territórios portugueses.
O tratado com a França foi assinado em 1886. Nele foi incluído, como anexo, a primeira versão
oficial do "mapa cor-de-rosa", apesar de a França não ter interesses naquele território. No
tratado com a Alemanha, concluído em 1887, o "mapa cor-de-rosa" foi novamente apenso,
sendo apresentado às Cortes como a versão oficial das pretensões territoriais portuguesas.
Contudo, no tratado assinado, a Alemanha apenas garantiu que não tinha pretensões directas
8na zona.
Informada desta pretensão portuguesa, a Grã-Bretanha reagiu de imediato informando
a Portugal ser nulo o pretenso reconhecimento francês e alemão do "mapa cor-de-rosa", pois
aquelas potências nunca tiveram interesses na zona.

Mapa mostrando o controlo britânico quase completo da rota do Cabo ao Cairo, 1913.

As pretensões portuguesas entravam em conflito com o mega projecto inglês de criar


uma ferrovia que atravessaria o todo o continente africano de norte a sul, ligando
o Cairo à Cidade do Cabo (Este acabaria por nunca se realizar, pois além das enormes
dificuldades de um projecto desta dimensão, dos obstáculos postos pelo clima e geografia, à
oposição portuguesa com o mapa cor-de-rosa seguiu-se o Incidente de Fachoda entre 1898 e
1899, que colocou a França e Inglaterra à beira de uma guerra).
O governo português, que necessitava do acordo britânico (a Grã-Bretanha era a super-
potência do tempo) para a delimitação de fronteiras, resolveu atrasar a negociação, fazendo
saber que as suas pretensões eram efectivamente as do "mapa cor-de-rosa", que entretanto se
tinha transformado num documento com ampla divulgação pública e objecto de arraigadas
paixões patrióticas (a designação de "mapa cor-de-rosa" nasceu nesta altura dado o mapa
enviado ao parlamento apresentar os territórios em disputa aguados com esta cor).
Barros Gomes, o responsável pela política colonial da época, aparentemente apostou no atraso
inglês no controlo efectivo das áreas disputadas e organizou expedições portuguesas que
percorreram as zonas em disputa e assinaram dezenas de tratados de vassalagem com os
povos autóctones. O plano era secreto mas a espionagem britânica estava a par dele desde o
primeiro momento, graças a um informador que tinha no próprio gabinete de Barros Gomes.
Após o desfecho do ultimato britânico de 1890 foi afirmado que o governo português
em 1888 não assumia por completo as pretensões do "mapa cor-de-rosa", tendo-o utilizado
apenas como base para negociações com Londres. Estaria então disposto a ceder à Grã-
Bretanha o norte do Transvaal (o país dos Matabeles), retendo apenas o sul do lago Niassa e o
planalto de Manica, por temer que a cedência daqueles territórios, para além de impedir a
ligação costa a costa, conduzisse à livre navegação no rio Zambeze, podendo
retalhar Moçambique.
Procurando o apoio do Transvaal e da Alemanha, o governo português procurou convencer o
chanceler Bismarck que era do interesse bóer e alemão entregar a zona central de África a um
terceiro poder de modo criar uma comunidade de interesses que obrigasse a Inglaterra a
cedências.
Prosseguindo uma política de aproximação aos interesses bóer, o governo português retirou à
Inglaterra o controlo do caminho de ferro de Lourenço Marques expropriando em meados
de 1889 a companhia inglesa que o controlava. O Transvaal, em contrapartida, assinou pouco
depois um acordo de tarifas aduaneiras e acedeu na fixação do traçado definitivo da fronteira
com Moçambique.
Considerando injusta e injustificável a expropriação do caminho de ferro, a Grã-Bretanha
reclamou de imediato, com o apoio dos Estados Unidos, pedindo uma arbitragem internacional,
que Portugal recusou. Iniciou-se uma grande campanha de imprensa contra Portugal, que criou
as condições políticas para a ruptura.
O resultado foi o ultimato britânico de 11 de Janeiro de 1890 sendo exigido a Portugal a
retirada de toda a zona disputada sob pena de serem cortadas as relações diplomáticas.
Isolado, Portugal protestou mas seguiu-se a inevitável cedência e recuo, definido pelo Tratado
Anglo-Português de 1891. E assim acabou o "mapa cor-de-rosa", mas não sem que antes
tivesse deixado um legado de humilhação nacional e frustração (bem patente no Finis
Patriae de Guerra Junqueiro) que haveria de marcar Portugal durante muitas décadas. Na
sequência deste episódio, Alfredo Keil compôs A Portuguesa.

Conferência de Berlim
HISTÓRIA GERAL
A Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885, reuniu 14 potências do século XIX para
debater a ocupação do continente africano.

Otto von Bismarck, chanceler alemão,


liderou as negociações e mediações durante a Conferência de Berlim.

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 A Conferência de Berlim aconteceu entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885 e delimitou


regras e acordos durante a ocupação do continente africano pelas potências europeias.
Conhecido também como partilha da África, esse evento oficializou o neocolonialismo que
resultou na extensa exploração econômica de colônias africanas pelos países europeus.
 

Neocolonialismo e a Segunda Revolução Industrial


A Conferência de Berlim foi resultado do surto neocolonialista que surgiu a partir da segunda
metade do século XIX. A Europa estava experimentando um grande desenvolvimento
tecnológico conhecido como Segunda Revolução Industrial. Esse crescimento tecnológico
promoveu avanços na produção de energia, na química e no desenvolvimento de meios de
transporte mais eficientes etc.
À medida que o capitalismo sofria transformações a partir desse desenvolvimento tecnológico,
surgiu como necessidade o impulso imperialista para dar continuidade no processo exploratório
de matérias-primas e de obtenção de novos mercados consumidores. Os continentes africano
e asiático apareceram, então, como alvo da ambição das potências industrializadas europeias.

O impulso neocolonialista no continente africano, segundo Valter Roberto Silvério, foi acirrado
pelas ações de três países. Primeiramente, houve o interesse dos belgas, com o rei Leopoldo I,
em uma região da África chamada Congo (atual República Democrática do Congo). Esse
projeto do rei belga continuou com seu filho, Leopoldo II, que manteve um dos domínios
imperialistas mais cruéis e que foi responsável pela morte de milhões de habitantes do Congo.
O segundo impulso foi dado por Portugal ao anexar regiões do interior de Moçambique.
Posteriormente, Portugal defendeu a ideia do “mapa cor-de-rosa”, que estipulava a unificação
territorial entre dois domínios portugueses (Moçambique e Angola). Por fim, a política
expansionista francesa também contribuiu para que ocorresse uma corrida de ocupação do
continente africano.

Os países europeus buscaram de maneira desenfreada tomar posse do máximo possível de


territórios no continente africano. A falta de regulamentação dessa ocupação levou a inúmeros
atritos diplomáticos entre esses países da Europa por disputas territoriais na África. Com o
intuito de resolver essas questões, foi sugerida uma conferência internacional.

Conferência de Berlim
A Conferência de Berlim foi inicialmente idealizada por Portugal, porém, os alemães
realizaram-na entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, sob a liderança do chanceler
alemão, Otto von Bismarck. Esse evento reuniu catorze potências da época com intuito de
debater a ocupação da África.
Inicialmente, foi proposto por Portugal o “mapa cor-de-rosa” que sugeria a criação de um
domínio que unificasse, de leste a oeste, dois territórios portugueses: Angola e Moçambique. A
proposta foi prontamente rejeitada pelo Reino Unido, que pressionou Portugal a abandonar
essa ideia (o que de fato aconteceu).
Além disso, foi debatida durante essas reuniões a questão do domínio de determinadas regiões
do Congo ocupadas pelos belgas. A Conferência de Berlim também determinou que os rios
Níger e Congo seriam de livre navegação, ou seja, estavam abertos a todos os países. Por fim,
foram determinados, em parte, os territórios que seriam ocupados e divididos na África da
forma que melhor agradasse as potências industrializadas.

Justificativas para a ocupação e resistência


A ocupação do continente africano foi realizada sob a justificativa de missão civilizatória que
propunha acabar com a escravidão (ainda existente em partes da África). Além disso, as
potências justificavam que, a partir da ocupação do continente, seria possível levar o
cristianismo e também as “benesses” da civilização ocidental às populações. Naturalmente,
todas essas justificativas eram utilizadas como pretexto para mascarar o real interesse: impor
uma exploração econômica intensa sobre a África.
A ocupação do continente não aconteceu de maneira passiva. Houve movimentos de
resistência em diferentes partes da África, no entanto, em razão da diferença de organização
militar e de tecnologia, a resistência africana, em geral, teve apenas efeito de retardar o
domínio europeu.

Descolonização da África

A descolonização da África ocorreu durante no século XX quando as populações dos


territórios africanos ocupados conseguiram expulsar o invasor europeu e assim, conquistar a
independência.
O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em
1993.
Contexto Histórico
Os processos de independência na África se iniciaram no início do século XX, com a
independência do Egito. No entanto, somente após Segunda Guerra Mundial, com as potências
europeias enfraquecidas, os países africanos alcançaram a independência.

As populações dos países africanos foram convocadas para participar do esforço de guerra e
muitos lutaram no conflito. Ao terminar, imaginaram que teriam mais autonomia, porém não foi
isso que aconteceu. O colonialismo continuou como antes da guerra.

Causas
Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, a ONU passa a pressionar as potências
imperialistas para que ponham fim à colonização.

Monumento ao "Renascimento Africano" erguido em Dacar, Senegal.

Igualmente, o mundo vivia a Guerra Fria, a disputa pela hegemonia mundial entre Estados
Unidos (capitalismo) e URSS (socialismo).
Ambos os países apoiavam o lado rebelde que mais se aproximava às suas ideias a fim de
cooptá-los para sua esfera de influência.

Do mesmo modo, as ideias pan-africanistas conquistavam o continente africano com seu


pensamento pela unidade africana.

Veja também: Imperialismo na África

Pan-Africanismo
As cores da bandeira Pan-Africana representam o sangue, o povo negro e a natureza africana

No período entre guerras, começou a se gestar a ideia que os africanos tinham mais
semelhanças entre si do que diferenças.

Praticamente todo o continente havia sofrido com a colonização europeia e o tráfico de


escravos. Desta forma, foi criado o pan-africanismo que pensava uma identidade comum aos
africanos a fim de uni-los contra o invasor europeu.
Um dos líderes mais proeminentes do pan-africanismo foi o americano W.E.B Du Bois (1868-
1963), que se destacou escrevendo sobre as questões raciais do seu tempo e apoiando os
movimentos de independência do continente africano.

Du Bois foi um ativo participante e organizador do Congresso Pan-Africanos que se realizava


periodicamente para discutir temáticas relevantes ao povo negro.

Resumo
Os processos de independência no continente africano ocorreram em momentos diferentes.
Por exemplo, as nações do norte da África Ocidental e Oriental estavam livres a partir da
década de 1950.

Já os pertencentes à África Subsaariana, em 1960, os integrantes da África Austral e região do


Oceano Índico entre 1970 e 1980.
O Egito consegue sua independência em 1922, mas será na década de 50 que vários estados
conseguem sua autonomia como a Líbia (1951), Marrocos e Tunísia (1956) e Gana (1957).

Entre 1957 e 1962, 29 países passaram à condição de novos estados independentes e


contribuíram para acelerar o processo de descolonização africana.

Cada país imperialista desocupou a África de maneira distinta. Vejamos:

 O Reino Unido aceita se retirar de certos territórios e transferir o poder para líderes
escolhidos pela metrópole. Para mantê-los como aliados, cria-se a Commonwealth.
 A França muda o status de suas colônias para Províncias Ultramarinas e, mais tarde
cria a Comunidade Francesa onde vai reunir suas antigas possessões mantendo o francês
como idioma oficial e uma moeda em comum. A exceção será a sangrenta Guerra da Argélia.
 A Espanha transforma a Guiné-Equatorial em província ultramarina, em 1960 e Ceuta e
Melila, em cidades. Em 1968, a Guiné-Equatorial é declarada independente.
 A Bélgica se envolverá na Guerra do Congo.
 Portugal não aceita se desfazer de suas colônias e só mudará o status desses
territórios em 1959. Mesmo assim, as décadas de 60 e 70 são marcadas por conflitos armados
apenas solucionados com a Revolução dos Cravos, em 1974.
Veja também: Fim do Império Português na África

Depois da Independência
Para muitos países, não houve mudanças significativas e a população continuou oprimida pela
elite. Charge do jornal alemão "Nova Gente", janeiro de 1960.

O custo da luta para a independência foi elevado, em consequência de guerras coloniais que
ocasionaram na vida de milhões de pessoas e minaram a capacidade produtiva dos países.

Após o fim da descolonização da África, a maioria dos novos países entra em guerra civil. Isso
porque haviam povos que eram historicamente inimigos e agora viviam dentro da mesma
fronteira.

Também as diferentes ideologias - capitalismo e socialismo - fizeram enfrentar vários grupos


pelo poder.

Além disso, os antigos colonizadores tentam manter as novas nações como aliadas. Para isso,
se tornam sócios e compradores das matérias-primas desses países.

Embora o continente tenha mostrado um crescimento nas últimas décadas, os países africanos
ainda sofrem as consequências da colonização e dos maus governos.

A ECONOMIA POLÍTICA DOS DESCOBRIMENTOS


por Luiz Felipe de Alencastro
Resumo

A expansão ultramarina portuguesa, entre 1450 e 1640, teve um caráter preventivo ou


antecipatório: ganhar territórios que poderiam vir a ser ocupados por Madri. O Tratado de
Tordesilhas (1494) ilustra bem essa intenção. Desde as primeiras conquistas das ilhas
atlânticas até as disputas pelo estuário do rio da Prata, passando pela instalação de feitorias na
África e na Ásia, Portugal se expande globalmente para se afirmar contra os espanhóis. Mas
sua ação só terá uma feição propriamente colonial no Brasil (que permanece como território
“insular” até começar a exploração do ouro). E a Coroa portuguesa estará sempre em busca de
rendimentos para sanar a relativa pobreza da metrópole. A situação muda com o fim da Guerra
dos Trinta Anos e os Tratados de Westphalia (1648), quando Portugal e Espanha são
suplantados pelos “novos países capitalistas” do Norte europeu. É o fim da hegemonia católica
na Europa. A Reforma se afirma politicamente e os católicos estão divididos. Portugal prefere
buscar o apoio inglês, em troca de praças que vão sendo cedidas, sobretudo no Oriente. No
Brasil os ingleses reivindicam apenas a livre circulação de suas mercadorias. Se a expansão
marítima assegurou a Portugal territórios e mercados no além-mar, a aliança luso-britânica
garante-lhe a independência e ajuda a manter sua monarquia. As colônias restantes servirão,
como dirá mais tarde Eça de Queirós (Os Maias, 1888), “como a prata de família aos morgados
arruinados, para ir empenhando em casos de crise…”

Retomando o tema da obra magistral de Vitorino Magalhães Godinho, e nela se inspirando,


esse texto busca resumir a problemática política e econômica dos Descobrimentos.[1] O período
abordado se refere aos anos 1450-1640, o “longo século XVI”, cobrindo o lapso de tempo
iniciado com as primeiras descobertas ibéricas e concluído no final da Guerra dos Trinta Anos
(1618-48), quando os “velhos países capitalistas”, Portugal e Espanha, são suplantados no
comércio ultramarino pelos “novos países capitalistas” do Norte da Europa, Inglaterra e
Holanda.

Têm sido extensamente estudadas as motivações religiosas e econômicas que impulsionaram


os descobrimentos lusitanos. Entretanto, os objetivos geopolíticos, decorrentes da rivalidade
luso-espanhola, não foram alvo da mesma atenção. Sobretudo na perspectiva do debate
historiográfico sobre o caráter não econômico do colonialismo lusitano.[2]

O EXPANSIONISMO PREEMPTIVO
A expansão ultramarina portuguesa brota no seio de um reino periodicamente posto em risco.
Num Estado submetido à pressão política espanhola e, mais tarde, à coerção econômica
inglesa. Neste contexto, a Coroa lusitana engendra um expansionismo preventivo –
“preemptivo” -, engatilhado para ganhar territórios do além-mar que poderiam vir a ser
ocupados por Madri,[3] donde a extraordinária abstração geopolítica negociada entre as duas
capitais ibéricas no tratado de Alcáçovas (1479), reconhecendo a soberania de Lisboa sobre
Madeira, Açores e toda a África negra, e no tratado de Tordesilhas (1494), pactuando fronteiras
comuns ainda por existir, em lugares remotos, inatingidos, “do que até agora está
por descobrir no mar oceano”, como especifica um dispositivo deste último texto, partilhando
domínio e império sobre mares, territórios e povos ignotos.[4]

O “expansionismo preemptivo” se manifesta desde o começo das Descobertas. Terá sido a


expedição franco-espanhola de 1402, em direção à Madeira, que levou Portugal a ocupar
preventivamente aquela ilha nos anos 1418-26, encetando as travessias descobridoras das.
Canárias (1424), dos Açores (1431-39), e de Cabo Verde (1456-62).[5] Da mesma forma, o
avanço proporcionado à Espanha no oceano Pacífico pela primeira circunavegação de Fernão
de Magalhães (1520-21) e, sobretudo, pela descoberta da rota Leste-Oeste, do México às
Filipinas, por Álvaro de Saavedra (1527-28), leva os portugueses a se precaverem, ocupando
portos e fixando feitorias ao longo da rota Goa-Macau, principal artéria do comércio asiático.
Foi ainda o expansionismo preemptivo que soprou as velas portuguesas sobre toda a extensão
do litoral atlântico sul-americano, convertendo, desde a segunda metade do século XVI, o
estuário do Prata num dos pontos críticos da tensão fronteiriça luso-espanhola que dividia o
planeta.[6]

O mapeamento da rota Portugal-Açores, no segundo quartel do século XV, havia solucionado o


problema crucial do torna-viagem dos navegadores no Atlântico: a partir do arquipélago
açoriano, uma verdadeira auto-estrada marítima, formada pelos ventos variáveis e os ventos
dominantes de sudoeste, leva os navios de volta à costa portuguesa. Anteriormente, e fora
dessa rota, os barcos que navegavam para o sul, enfrentavam ventos contrários no regresso, e
acabavam se perdendo ao arribar no litoral africano da zona sahelo-saariana, dominada pelos
inimigos muçulmanos.[7] Na circunstância, a posse dos Açores se configura, ontem e hoje,
como um trunfo decisivo no espaço atlântico. Significativamente, a expansão portuguesa nos
séculos XV e XVI se apodera de pontos-chaves das vias de comunicação mundiais do passado
e do presente. Açores, Cabo Verde, São Tomé e Mina (no bolsão do golfo de Guiné), Luanda e
o Brasil (nos dois lados do Atlântico Sul), Goa, Ormuz (no gargalo do golfo Pérsico), Mascate
(no golfo de Omã), Malaca (vizinha da atual Cingapura, no estreito de Malaca, via de acesso ao
Extremo Oriente), Macau (no litoral de Cantão, no sul do mar da China), se situam no
entroncamento das rotas estratégicas do planeta.

Balizando as grandes rotas marítimas de comércio, a constelação de feitorias portuguesas


deixa evidente o escopo globalizante dos Descobrimentos. Sobressai ainda o caráter
essencialmente marítimo e mercantil de uma política que, excetuando o caso de Madeira e
Açores, quase extensões continentais lusitanas, só toma feição propriamente colonial e
povoadora numa determinada área, e bem mais tarde: no Brasil, e no decurso do século XVIII.
Desse ponto de vista, a tipologia distinguindo “colônia de povoamento” e “colônia de
exploração” – bastante difundida na historiografia brasileira – não alcança a especificidade do
quadro político e mercantil que cobria os dois primeiros séculos do sistema colonial. Formula
da por Leroy-Beaulieu no final do século XIX, tal conceituação se aplica à segunda expansão
europeia – sucedida entre 1870 e 1956 (expedição anglo-francesa no canal de Suez)-, quando
a supremacia militar do Ocidente, potencializada pela Revolução Industrial, já assegurava às
metrópoles colonizadoras o domínio efetivo dos territórios e dos povos nativos do ultramar, e
não à primeira expansão (séculos XV a XVII).[8]

Ao inverso, a análise de Karl Polanyi referente ao “port of trade” [o porto de trato] apresenta
maior consistência histórica com a rede de enclaves e feitorias que caracteriza o ultramar
português até a Restauração (1640), antes de o império do Atlântico (Brasil e Angola)
sobrepujar o império luso do Oriente (Índia, Insulíndia e China).[9]
Macau, estabelecimento português desde 1557, e último enclave europeu na Ásia
contemporânea, nunca foi colônia de povoamento gozando de domínio pleno sobre seu
território, ou colônia de exploração baseada numa atividade produtiva local. Em vez disso,
sempre respondeu às funções de porto de trato, de feitoria, de praça offshore de intermediação
comercial tolerada por Pequim. “A paz que temos com o rei da China é conforme ele quer”,
escrevia em 1635 o cronista da Índia, Antônio Bocarra. Um século e meio mais tarde, o bispo-
governador de Macau reiterava: “Não podemos resistir com força a qualquer ordem [do
imperador da China] […] o imperador num instante meterá nesta cidade, de improviso, tantos
chinas, que lançando cada um neste rio [de Macau] só um sapato, faria entupir a barra”.[10]

Nada resume melhor as dessemelhanças existentes nos quadrantes do império português do


que os destinos opostos da cidade de Deus de Macau e de São Paulo de Piratininga, fundada
na mesma época que a praça chinesa: na véspera da retrocessão do enclave à China, prevista
para 1999, e ao cabo de quatro séculos e meio de “colonização” lusitana, apenas 3% de
macaenses falam o português e somente 20% deles têm a nacionalidade portuguesa.

Malgrado o peso relativo do governo-geral da Bahia, não obstante toda uma tradição de
estudos brasileiros que busca elaborar uma história territorial “nacional” a partir da primeira
missa rezada em Porto Seguro, a América portuguesa – formada por um arquipélago de zonas
econômicas dispersas no Estado do Brasil e no Estado do Maranhão, com pouca ou nenhuma
comunicação entre si – constitui apenas uma expressão geográfica nos séculos XVI e XVII. Em
virtude do sistema de ventos, das correntes e do comércio predominantes rio Atlântico Sul, a
Amazônia propriamente dita, o Maranhão, o Pará e o Piauí, permanecem dissociados do
restante do Brasil, enquanto Angola se agrega fortemente a ele. Longe de qualquer desacerto
da burocracia reinol, o estabelecimento, em 1621, do Estado do Pará e Maranhão, com um
governo separado do Estado do Brasil, responde perfeitamente ao esquadro da geografia
comercial da época da navegação a vela. Propagandista do Maranhão, ou seja, da Amazônia,
por ele considerada como a terra prometida para “os pobres de Portugal”, aos quais dedica seu
livro publicado em 1624, o capitão Symão da Sylveira afiança: “O Maranhão é o Brasil melhor,
e mais perto de Portugal, que todos os outros portos daquele Estado, em derrota muito fácil à
navegação [de Lisboa][…] E por ser esta terra tal, a fez S. M. governo separado do Brasil”.[11]

Por causa da não-integração econômica do seu território, o Brasil apareceu muito tempo como
um território insular. Mesmo quando os mapas já haviam, de muito, registrado os contornos
continentais da América portuguesa, algumas chancelarias seiscentistas da Europa ainda se
referiam à colônia como se fora uma ilha. Ilê Brésil, ilha Brasil, tal é o nome dado ao domínio
lusitano na América num documento apresentado em 1659 por diplomatas franceses que
negociavam, em Paris e noutras capitais europeias, as relações internacionais após a Guerra
dos Trinta Anos.[12]

Em conclusão, cabe lembrar Fernand Braudel e, antes dele, Lucien Febvre: o primordial é a
realidade que está sendo enquadrada, e não o quadro territorial.[13] Só após a exploração do
ouro em Minas Gerais começa a emergir, no interior dos domínios portugueses da América do
Sul, uma verdadeira territorialidade, uma divisão inter-regional do trabalho em torno de um
mercado em que os vendedores são dominantes (sellers’ market).

Dado este quadro internacional, convém apontar os fatores internos que impulsionaram o
expansionismo português.

A COLONIZAÇÃO MONÁRQUICA
No elenco de receitas tributárias da monarquia portuguesa, se destaca a “sisa”, imposto geral
sobre a compra e a venda de qualquer espécie de bem e de mercadoria.[14] A importância deste
imposto nos séculos XV e XVI demonstra que as receitas régias se baseiam na circulação, e
não na produção de riquezas.[15] Com o advento das Descobertas, os rendimentos das trocas
ultramarinas se sobrepõem às receitas obtidas na tributação do comércio interno do reino. Por
volta de 1520, as receitas fiscais captadas no trato d’além-mar já ultrapassam um terço os
tributos e taxas recolhidos na metrópole pelo Erário Régio.[16] Além disso, tirando proveito das
feitorias levantadas nos três continentes, a família real e a nobreza lusitana também investem
nas empreitadas ultramarinas, participando diretamente do grande comércio oceânico e dele
retirando lucros.[17]

Procurando evitar os impostos diretos de contribuição, antagonizados pela aristocracia e o


clero, a monarquia desenvolve um sistema fiscal de atribuição, vendendo concessões de
comércio e a arrematação tributária nos seus domínios do ultramar. Esse processo econômico
se insere no contexto doutrinário da época. Com efeito, a venda do monopólio régio a
contratadores e arrematadores privados não se apresenta como um ato unilateral do poder
monárquico, mas como uma contrapartida dos direitos consagrados da monarquia: o rei
evangeliza os pagãos das terras distantes, abrindo, ao mesmo tempo, novas áreas de
comércio para a Europa. Desde logo, o monarca tem o “direito e dever”, segundo a fórmula das
bulas papais concedidas à Coroa portuguesa, de conservar para si o monopólio oceânico ou de
cedê-lo aos negociantes mediante retribuição.

Tais características do Estado lusitano foram bem estudadas pelos historiadores portugueses.
A propósito do reino de d. Dom João n (1481-95) e da transição da “monarquia agrária” para o
“império oceânico”, João Lúcio de Azevedo escreve: “O dono da nação era a partir desse
momento negociante, como antes tinha sido agricultor”.[18]Sobre a concentração de riquezas
nas mãos do rei, no século XVI, Manuel Nunes Dias estuda a emergência de um “capitalismo
monárquico”.[19] Tomando também em conta a influência da aristocracia fundiária, cujos
interesses vão pesar, mais tarde, no acordo econômico anglo-português selado pelo tratado de
Methuen (1703), Magalhães Godinho define “um império oceânico, comercial, mas também
fundiário e agrícola”.[20] No total, os impostos indiretos sobre a circulação interna de
mercadorias e, mais ainda, sobre o comércio externo, garantem os fundos do Tesouro Real
desde o século XVI. Note-se que a Inglaterra e a França só introduzem um imposto similar às
sisas, as accises, em meados do século XVII.[21]

Esses traços históricos do aparelho de Estado lusitano devem ser correlacionados com esferas
políticas definidas em três níveis distintos.

No primeiro nível, desenham-se as relações de força que se cristalizam na metrópole. Evitando


um enfrentamento com a classe senhorial e as ordens e confrarias religiosas no terreno
decisivo da tributação, o poder monárquico extrai renda e se associa ao comércio externo.
Desse modo, ao estimular a expansão marítima, a realeza consegue aumentar seus ganhos
sem prejudicar poderes e funções dos grupos sociais privilegiados do Antigo Regime.[22]

Outro fator, decorrente da composição da burguesia mercantil lusitana, acentuou o movimento


ultramarino. É certo que a venda da arrecadação fiscal aos arrematadores absorvia capitais
dos negociantes, tirando-os do circuito econômico. Mas também é verdadeiro que à Inquisição
agia poderosamente em sentido contrário, facilitando, de maneira involuntária, a cristalização
do capital mercantil. Frequentemente de origem judaica, a burguesia mercantil portuguesa
estava impedida – pelo veto inquisitorial – de adquirir títulos, terras, encargos e funções
administrativas ou honoríficas. Desse modo, não podia “desviar” seus capitais do circuito
comercial e bancário para “esterilizá-los” em atividades improdutivas e de prestígio, a exemplo
do que sucedia com as burguesias mercantis de outros países europeus. Dando cobertura aos
privilégios aristocráticos, aos “cristãos-velhos”, a Inquisição entravava a “refeudalização” do
capital mercantil cristão-novo em Portugal. Consequentemente, observa Frédéric Mauro, “a
burguesia portuguesa permaneceu, no século XVII, uma burguesia de negócios, muito mais
ativa do que as outras burguesias mediterrânicas ou europeias”.[23]

Nesta ordem de ideias, a expansão marítima e a emigração aparecem como causa e efeito do
descompasso entre a rigidez das estruturas metropolitanas e a dinâmica da mobilidade social.
Nos anos 1520, Portugal tem perto de 1 400 000 habitantes, a Espanha cerca de 7 milhões, a
França 16 milhões, a Itália 11 milhões.[24] Da rala pátria portuguesa, poucos homens, muito
poucos, não mais de 2 mil por ano, saíram, no século XVI, para pelejar nos cinco mares.
Madeira, Açores, Cabo Verde. Bissau, Cacheu, Bisiguiche. Mina, São Tomé. Luanda,
Benguela, Quelimane, Moçambique, Goa, Diu, Ormuz, Colombo, Malaca, Macau. Laguna,
Piratininga, Rio de Janeiro, Salvador, Pernambuco, Maranhão. Os desclassificados do reino –
deserdados, marginais urbanos, comerciantes cripta-judeus, bastardos da pequena nobreza,
funcionários, militares, baixo clero secular – se deslocavam até a periferia para colonizar as
conquistas, enquanto cativos asiáticos, americanos e, sobretudo, africanos, eram deslocados
para o centro para serem explorados colonialmente nos campos e cidades metropolitanas.
[25]
 De fato, no século XVI, o número de escravos introduzidos no reino se aproxima do número
de portugueses partindo para os três continentes.[26]

A saga trágico-marítima dos andarilhos lusitanos desenrola-se nas páginas antológicas


de Peregrinação (1614), que os brasileiros deveriam ler ou reler, em contraponto a
Os lusíadas, no contexto contemporâneo de derrocada do colonialismo português na África.
Fernão Mendes Pinto e seus companheiros saem, no ano de 1544, das fronteiras da China.
Levados ao rei da Tartária, os aventureiros narram ao soberano nativo sua atribulada jornada
de três anos, das lonjuras da Europa até aquele ponto do Extremo Oriente. Trava-se então um
dos mais surpreendentes diálogos da literatura renascentista: “Por que vos aventurais a
tamanhos trabalhos?”, pergunta o rei dos tártaros aos portugueses. Retomando o fio da
narrativa, Fernão Mendes Pinto explica:

[…] declarando-lhe então a razão disto, pelas melhores e mais bem enfeitadas palavras que
então ocorreram, esteve ele um pouco suspenso, e bulindo três ou quatro vezes com a cabeça,
disse para um homem velho que estava junto dele: “Conquistar esta gente terra tão alongada
da sua pátria, dá claramente a entender que deve haver entre eles muita cobiça e pouca
justiça”. A que o velho, que se chamava Raja Benão, respondeu: “assim parece que deve ser.
Porque homens que por indústria e engenho voam por cima das águas todas, para adquirirem
o que Deus não lhes deu, ou a pobreza neles é tanta que lhes faz esquecer a sua pátria, ou a
vaidade e a cegueira que lhes causa a sua cobiça é tamanha que por ela negam a Deus e a
seus pais”.[27]

Peregrinação revela a prosaica realidade encoberta pelas “melhores e mais bem enfeitadas


palavras” do discurso colonial: a cobiça da Coroa em busca de novos rendimentos, assim como
a pouca justiça e a pobreza da metrópole, impulsionam a expansão ultramarina.

Num segundo nível desenrola-se a problemática envolvendo o estatuto das colônias e as


relações entre os colonos e a metrópole.

Na Ásia, a exploração colonial se apoia numa rede de feitorias e portos, terminais de zonas de
comércio e de produção situadas, no mais das vezes, fora da soberania efetiva de Lisboa.
Nesse sistema, aqui chamado de tipo “asiático”, devem também ser incluídos os portos de trato
da Senegâmbia e do golfo da Guiné, bem como os enclaves do Estado do Grão-Pará e
Maranhão, tributários do extrativismo. Como se sabe, durante o século XVII, os portugueses
serão dominados nestas regiões por outras potências europeias. Bem diversa será a situação
no Estado do Brasil e em Angola. Além dos efeitos aglutinantes induzidos pelo tráfico negreiro
e pelo intercâmbio com a metrópole – efeitos que dão porosidade às economias do Atlântico
Sul e consolidam o poder imperial na região -, estas duas possessões de tipo “atlântico” ligam-
se ainda à metrópole por conexões características.

No Brasil, por ordem régia, os engenhos são concebidos como uma estrutura ambivalente,
sendo ao mesmo tempo unidades de produção e unidades fortificadas de ocupação territorial.
[28]
 Em Angola, a marcha da conquista e as mudanças sociais suscitadas pelo tráfico negreiro
proporcionam um duplo esteio aos portugueses: o controle da rede de trocas terrestres
desembocando nos portos de tráfico (Luanda e Benguela); o domínio sobre uma camada de
mercadores itinerantes nativos, os “pombeiros”, subordinados aos negociantes portugueses do
litoral.

O contraste entre o sistema de exploração das possessões asiáticas e atlânticas de Portugal


fica patente durante o conflito luso-holandês. Batendo em retirada no Atlântico Sul, os
holandeses ocupam partes inteiras dos domínios asiáticos de Portugal. Protegidos pela
economia de produção e de trocas, onde se engatam as malhas mais resistentes do Atlântico
português, colonos e mercadores do Brasil e de Angola devem, contudo, prestar tributo à sua
metrópole: o aparelho de Estado lhes assegura o monopólio sobre a oferta de mercadorias
exportadas dessas duas colônias. Situação já justificada por Diogo Lopes Rebelo, teórico do
absolutismo português, o qual sentencia, em 1496: “somos obrigados a dar tributos ao rei
porque ele milita em defesa da Pátria, e nos defende dos inimigos e ladrões, mantém a paz e a
justiça entre os homens, fortifica e reedifica as fortalezas e, em poucas palavras, tem do povo
inteiro, como seu rebanho, o máximo cuidado”.[29] Doutrina que as cortes de 1641 e o Conselho
de Esta do adaptarão às novas realidades políticas.[30]

A continuidade da presença do Estado português na América do Sul, e em algumas partes da


África e Ásia, favorece colonos e comerciantes ultramarinos portugueses: a administração
metropolitana exterioriza a violência, canalizando-a para fora de seus domínios. Ao descrever,
em 1620, as capitanias de Pero Lopes de Sousa e as de seu irmão, Martim Afonso de Sousa,
cujas fronteiras se tocavam no Sul, frei Vicente Salvador nota que os litígios de terras entre os
donatários surgiram depois que os colonos das quatro capitanias [Rio de Janeiro, Santo Amaro,
São Vicente e Sant’Anal, unidos, haviam vencido indígenas e invasores franceses. Por isso,
continua o frade historiador: “[…) se verifica [no Brasil) o que Cipião Africano disse no senado
de Roma, que era necessário continuar-se com as guerras de África porque, faltando estas, as
haveria civis entre os vizinhos, como as houve entre estes [dois donatários], ainda que irmãos,
depois que venceram os gentios”.[31]

No terceiro nível se destacam questões internacionais decorrentes da inserção do Estado


português no concerto das nações europeias.

Pondo fim à Guerra dos Trinta Anos, os tratados de Westphalia (1648) consagram o fim da
hegemonia católica na Europa. Três religiões cristãs – luterana, calvinista e católica – são
desde então institucionalizadas no espaço do Sacro Império Germânico. A Espanha reconhece
em 1648 a independência das Províncias Unidas, mas prossegue a guerra contra a França até
1659 e contra Portugal até 1668. Enquanto as potências católicas continuam divididas, a
Reforma se afirma de pleno direito na política europeia. Senhor do Reino de Nápoles e da
região de Milão, Felipe IV de Espanha mantém tropas na ilharga dos territórios pontificais.
Desta sorte, a aliança madrilena é propriamente irrecusável para a Santa Sé. Declarado
rebelde pela Coroa espanhola, o Portugal de d. João IV (1640-56) é assaltado por terra e mar.
Dois terços da marinha portuguesa são destruídos entre 1640 e 1649. O Alentejo continua até
1668 sendo teatro de conflitos entre os dois países. Num despacho de Haia, onde se achava
em 1648 como enviado diplomático de d. João IV, o padre Antônio Vieira desenha o lancinante
cerco mundial sofrido por Lisboa:

Temos guerra em cinco províncias de nossas fronteiras [europeias], e em mais de 100 léguas
de costa, sem haver um palmo de mar ou terra, no circuito de todo o reino, que não esteja
exposto à invasão do inimigo e necessite de defesa: e, além desta guerra tão interior, temos
guerra em Pernambuco, guerra na Bahia, guerra em Angola, guerra nas fronteiras de África, e,
segundo já se diz aqui [em Haia] – o que se não é hoje será amanhã – guerra em Goa, em
Ceilão, em Malaca, na China, enfim, em todas as partes do mar e do mundo, ou com os
castelhanos, ou com os holandeses, ou com os mouros e turcos.[32]

Tantas e tamanhas eram as tribulações da Coroa portuguesa que Vieira propõe o abandono de
Pernambuco e de Angola à Companhia das Índias Ocidentais, e uma paz em separado com os
holandeses, para que Portugal pudesse concentrar suas forças militares na guerra fronteiriça
contra a Espanha.

Guerreado por Madri e pela Holanda, posto em quarentena pela Santa Sé, Portugal busca o
apoio de Londres, preferindo a aliança com os distantes hereges à associação com os vizinhos
católicos. Dando seguimento a vários tratados bilaterais, os portugueses facilitam o acesso dos
mercadores e das mercadorias inglesas às zonas sob seu controle na Ásia, África e América.
As negociações globais entre Lisboa e Londres são seladas por três pactos bilaterais. O
primeiro, de 1642, funda “a dependência econômica e política de Portugal” [S. Sideri]. O
segundo – “um diktat” [C. R. Boxer] -, assinado em 1654, transforma o país em “um vassalo
comercial da Inglaterra” [A. K. Manchester]. O terceiro, datado de 1661, marca o “ponto
mínimo” [V. Magalhães Godinho] da soberania portuguesa.[33]

Dada a distinção apontada acima entre a exploração lusitana na Ásia e na África Ocidental, por
um lado, e no Atlântico Sul, por outro lado, as vantagens obtidas pela Inglaterra têm
implicações diferentes. Na Ásia, e principalmente na Índia, os ingleses embolsam ganhos
comerciais e territoriais. Adquirem o direito de manter mercadores em Goa, Cochim e Diu, mas
também o controle de Bombaim. Junto com Madras e um enclave no Hughli, ocupados nessa
mesma época, Bombaim constitui o núcleo regional a partir do qual se estende a East India
Company e, posteriormente, o império britânico na Índia. Para Londres, o endosso português
na Ásia era tanto mais necessário que a East India Company, fundada em 1635, parecia
desprovida de capitais e de navios quando comparada à sua rival holandesa, a Companhia
Reunida das Índias Orientais (VOC).[34]Incapacitada para fincar pé na Ásia por sua própria força
a companhia inglesa tinha que tratar diretamente com régulos asiáticos, ou recorrer a Lisboa
para infiltrar-se nos circuitos comerciais e políticos que os portugueses haviam tecido nesta
parte do mundo.[35] Na África do Norte, os ingleses recebem a praça de Tânger. Um trunfo
decisivo também é obtido por Londres na praça de Lisboa, onde negociantes ingleses
desfrutarão do direito de extraterritorialidade e de franquias facilitando a introdução de
mercadorias no Brasil, por intermédio de portos e comerciantes portugueses. A partir de então,
o comércio de reexportação e o contrabando ganham um papel importante na continuidade da
presença portuguesa no ultramar.
Na negociação global entre Londres e Lisboa, duas situações se apresentavam. Onde o
interesse residia no acesso a mercadorias produzidas fora do controle metropolitano, como na
Ásia e no golfo de Guiné, a Inglaterra procura obter a livre circulação de seus mercadores. Ao
inverso, nas regiões como o Brasil e, em menor medida, como Angola, onde a organização da
produção colonial enrijecia o núcleo ultramarino lusitano, os ingleses reivindicam apenas a livre
circulação de suas mercadorias.

Apesar do julgamento severo proferido pelos historiadores citados acima, os tratados de 1642,
1654 e 1661 também embutiam algumas vantagens políticas para Lisboa. A aliança luso-
britânica abre a via ao tratado de paz luso-espanhol de 1668 e à normalização das relações
entre Portugal e a Santa Sé. Destarte, consolida-se a soberania portuguesa na Europa e
fundam-se novas bases jurídicas e diplomáticas para o domínio português no Brasil, nas ilhas
atlânticas, na Senegâmbia, Angola, Moçambique e em certos enclaves do Oriente. Perdeu-se
boa parte da Ásia, mas o que restava no Atlântico Sul estava amarrado pela “Pax Lusitana”.[36]

Desfalcando-se de sua soberania imperial, em benefício da Inglaterra, Portugal restaura a


autonomia de seu território metropolitano, em detrimento da Espanha: a inalienabilidade do
domínio metropolitano é assegurada pela alienabilidade de parte do domínio colonial.

Numa carta dirigida, em 1672, a d. Rodrigo de Meneses, fidalgo influente junto ao infante d.
Pedro, o padre Antônio Vieira – fino diplomata e pensador político que uma tradição literária
brasileira insiste em apresentar apenas como orador sacro e estilista barroco – ressalta a
utilidade eminentemente política das conquistas:

Inglaterra, França e Holanda, todos têm os olhos postos em conquistas, e não têm outras para
onde olhar senão as nossas, que só com armadas prontas no rio de Lisboa se podem
defender, e, ainda que aí se apodreçam ao parecer inutilmente, só elas são os muros das
conquistas. E não nos envergonhamos de se saber no mundo que consta a nossa armada de
três fragatas! A razão de as nações sobreditas se empregarem com tanto cabedal no poder
marítimo é principalmente a utilidade dos comércios, tendo conhecido todas as coroas e
repúblicas, por experiência, que só comerciando se podem fazer opulentas […] Mas, senhor, o
nosso caso [de Portugal] não é este. Não quero que sejamos ricos; quero somente que
conheçamos a nossa fraqueza e o nosso evidente perigo, e que tratemos de prevenir o
precisamente necessário para conservar a liberdade, o Reino e as Conquistas; e, suposto que
estamos conhecendo e padecendo com tantos descréditos a impossibilidade dos quatro
palmos de terra que Deus nos deu na Europa, porque nos não havemos de valer da nossa
situação, dos nossos portos, dos nossos mares e dos nossos comércios, em que Deus nos
melhorou e avantajou às nações do mundo?[37]

Para Antônio Vieira, a expansão ultramarina devia garantir bens muito mais preciosos que a
evangelização dos pagãos ou as rendas do Erário Régio. “A liberdade, o Reino, as Conquistas
… Tais eram os bens essenciais dos lusitanos ameaçados pela ameaça internacional gerada
pela Restauração. Tal era sua ordem hierárquica: em primeiro lugar, a liberdade; em segundo,
o reino; e em terceiro lugar, e como garantia dos dois primeiros, vinham as conquistas, as
colônias. As colônias servem para sermos livres, não para sermos ricos, parece dizer, em
resumo, o padre Antônio Vieira.

Duzentos anos depois, pela voz de João da Ega, Eça de Queirós ironiza em Os maias(1888) o
jogo reiterativo, mas eficaz, que ainda pautava a política externa portuguesa:
Ninguém consentiria em deixar cair em mãos da Espanha, nação militar e marítima, esta bela
linha de costa de Portugal. Sem contar as alianças que teríamos a troco das colônias – das
colônias que só nos servem, como a prata de família aos morgados arruinados, para ir
empenhando em casos de crise…[38]

Fecha-se assim o círculo de ferro que demarca o horizonte lusitano após a Restauração.
Circunavegando o poder dos grupos privilegiados metropolitanos, o Estado extrai suas receitas
do comércio exterior, estimulando, por sua vez, a expansão marítima; esta lhe assegura
territórios e mercados além-mar, os quais, cedidos ou entreabertos ao comércio inglês, servem
de penhora à aliança luso-britânica; garantida desta forma, a independência de Portugal
legitima por sua vez a monarquia, permitindo que o aparelho de Estado se sobreponha às
instituições e às estruturas metropolitanas e coloniais.

Esta série de relações assimétricas, definem as bases do colonialismo monárquico e da “Pax


Lusitana” no ultramar após a Guerra dos Trinta Anos.

Atenas
História Geral

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Atenas foi uma das principais pólis da Grécia Antiga, conhecida como o lar da democracia,
sistema político que surgiu no século VI a.C. A cidade de Atenas é um dos locais mais
estudados da Grécia pela grande quantidade de escritos nela feitos durante o Período Clássico
— uma demonstração de como a cidade era aberta à produção de conhecimento.

Atenas surgiu ainda no período da Civilização Micênica, segundo milênio a.C., e a sua
evolução fez dela um lugar importante na Grécia. Dominava a região da Ática, assumiu papel
de protagonismo durante a luta contra os persas, e entrou em declínio com a derrota na guerra
contra os espartanos.

Acesse também: Alexandre, o Grande - o homem que levou a cultura grega para o Oriente

Origens

Os historiadores apontam que a presença humana na região de Atenas remonta, mais ou


menos, ao período de 5000 a.C., portanto, ao Período Neolítico. Essa constatação foi
realizada porque escavações arqueológicas descobriram evidências de presença humana em
regiões próximas da Ágora e da Acrópole atenienses.

Por volta de 1500 a.C., portanto, durante o período de existência da Civilização Micênica,
acredita-se que Atenas já era uma pequena comunidade organizada. Desse período, os
arqueólogos conseguiram encontrar evidências que apontam a possível existência de um
palácio (centro de poder para os micênicos) e de algumas fortificações. As lendas gregas
narram que Atenas foi nomeada em homenagem à deusa Atena.

A decadência micênica provavelmente contribuiu para o enfraquecimento da comunidade que


existia em Atenas. Acredita-se que os povos do mar, grupos misteriosos que estiveram
relacionados com a decadência micênica, passaram pela Ática (onde está Atenas), causando
grande destruição lá. Já os dórios, acredita-se, não a atacaram.

Por volta do século X a.C., as perdas populacionais durante a decadência micênica


começaram a ser revertidas e a população de Atenas voltou a crescer. A partir de então,
o comércio ateniense começou a ganhar expressão, e, por volta dos séculos VIII a.C. e VII
a.C., a cidade começou a formar as suas primeiras instituições administrativas.

Democracia ateniense

O desenvolvimento de Atenas deu-se por um processo de concentração de renda, o que fez


com que um grupo de privilegiados, os eupátridas, detivessem a riqueza e controlassem a
política da cidade. A cidade de Atenas era, portanto, um modelo de pólis oligárquica. Os
historiadores apontam que, nessa fase, alguns debates a respeito do poder levaram a
transformações profundas na cidade.

Havia muita insatisfação em Atenas porque camponeses empobrecidos estavam perdendo


suas terras e sendo escravizados para pagar suas dívidas. Isso motivou muitos a iniciar
a colonização grega, mas também levou a revoltas sociais que, no longo prazo, resultaram no
surgimento da democracia.

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As reformas em Atenas começaram a ser feitas no final do século VII a.C., e o primeiro
legislador a fazê-las foi Drácon. Esse político ateniense impôs uma série de leis puníveis com
a morte se alguém não as cumprisse. As leis de Drácon foram consideradas muito rígidas, e,
tempos depois, Sólon promoveu novas reformas.

As reformas de Sólon foram realizadas em 594 a.C. e responsáveis por lançar as bases do


que se tornaria a democracia ateniense. Ele organizou os cidadãos da cidade em quatro tribos,
definidas pelo critério de renda, e quanto mais rica a tribo, maiores os direitos políticos dela.

Sólon também criou a Eclésia, a assembleia popular, onde os cidadãos das quatro tribos
poderiam reunir-se e tomar as decisões para a cidade. Outra instituição criada foi a Bulé, um
conselho formado por 400 cidadãos, 100 de cada tribo, e a responsabilidade desse grupo era
propor as leis que seriam debatidas na Eclésia.

As reformas empreendidas por Drácon e Sólon não foram suficientes para diminuir as tensões
que existiam entre a aristocracia e os pobres atenienses. Isso fez surgir governos tirânicos,
na concepção grega, que assumem o poder pela força. Esses governos ora atendiam os
interesses dos pobres, ora atendiam os interesses dos aristocratas.

Os governos tirânicos tiveram fim com a escolha de Clístenes para a função de legislador


ateniense. Durante seu governo, novas reformas aconteceram entre 510 a.C. e 507 a.C.,
fazendo com que a democracia ateniense fosse oficialmente criada. Clístenes entendeu que
todos os cidadãos (homens que possuem direitos políticos) eram iguais perante a lei,
independentemente de sua condição econômica.

As quatro tribos criadas por Sólon foram substituídas por 10 tribos estabelecidas


conforme onde os cidadãos residiam. Além disso, a composição da Bulé foi reformulada, com
ela sendo composta por 500 membros, 50 de cada tribo. Por fim, todos os cidadãos tinham
direito de reunir-se na Pnyx, onde ficava a Eclésia.

Esse modelo ateniense foi levado para a Ática, uma região muito grande que esteve sob o
controle de Atenas. Essa foi uma das diferenças de Atenas com sua maior rival, Esparta, pois
os atenienses impuseram o seu domínio sobre a Ática, e algumas ilhas do mar
Egeu, concedendo direitos políticos a quem estivesse sob seu controle. Esparta, por sua
vez, impôs esse domínio, mas sem conceder direito político algum.

Embora inovador, o sistema ateniense tinha limitações, uma vez que a cidadania ateniense
era limitada a um grupo muito pequeno de homens atenienses, filhos de pais atenienses. De
toda forma, foi um ganho para as classes pobres dessa pólis porque lhes permitiu envolver-se
com as decisões políticas. Para saber mais sobre esse importante e influente sistema político,
leia: Democracia ateniense.

Guerras

Como Atenas tinha uma posição privilegiada na Grécia Antiga, é natural que a cidade tenha
tido papel central em algumas guerras que aconteceram na região. No começo do século V
a.C., Atenas enviou tropas à região da Ásia Menor para ajudar cidades gregas que estavam se
rebelando contra o domínio persa.

O envolvimento ateniense na Revolta Jônica irritou o rei persa, Dario, fazendo com que ele


organizasse uma expedição para invadir a Grécia Continental e punir Atenas, em 490 a.C.
Esse foi o início das Guerras Médicas, dois conflitos travados entre gregos e persas,
na Antiguidade.

Atenas e muitas outras cidades gregas, incluindo Esparta, uniram-se para fazer frente à
invasão persa. Nas duas Guerras Médicas, Atenas foi invadida e saqueada duas vezes, mas
teve participação fundamental nas vitórias que aconteceram
em Maratona, Salamina e Plateia. Após a derrota dos persas, Atenas saiu fortalecida, pois
tinha uma poderosa frota naval e possuía a liderança da Liga de Delos.

Essa liga foi uma associação de cidades gregas que formaram um fundo para ser usado contra
os persas. Como Atenas ocupava a liderança da liga, começou a usar os fundos dela para
investir em seu próprio desenvolvimento e em seus próprios interesses. O fortalecimento de
Atenas via Liga de Delos fez com que Esparta e outras cidades gregas se mobilizassem
contra os atenienses, e isso levou à Guerra do Peloponeso.

A Guerra do Peloponeso estendeu-se de 431 a.C. a 404 a.C. e foi travada por Esparta e seus
aliados contra Atenas e os aliados da Liga de Delos. Um conflito entre as duas cidades já havia
acontecido entre 460 a.C. e 446 a.C. No entanto, tradicionalmente, a Guerra do Peloponeso é
entendida como o embate do período 431-404 a.C.
As causas imediatas para a guerra foram a intervenção ateniense em um conflito entre duas
colônias de Corinto (aliada de Esparta) e o bloqueio econômico de Atenas sobre Mégara
(também aliada de Esparta). Ao longo do ambate, os espartanos conseguiram o apoio dos
persas, impediram a chegada de grãos à cidade e cercaram-na por terra. Essas ações
enfraqueceram Atenas e forçaram as lideranças da cidade a render-se em 404 a.C.

Acesse também: Os principais povos que habitaram a Mesopotâmia

Era de ouro

A Guerra do Peloponeso foi colocou fim no domínio ateniense sobre a Grécia, e, durante esse
conflito, a era de ouro ateniense teve fim. Esse período aconteceu durante a administração
de Péricles. Ele foi um dos grandes políticos atenienses, levando a cidade ao seu momento
de maior desenvolvimento econômico e cultural.

Durante a era de ouro, Atenas viveu um grande desenvolvimento cultural e abrigou diversos
eruditos que ficaram marcados na história da Grécia Antiga. Entre eles estão Heródoto,
conhecido por fazer registros de importantes acontecimentos históricos dos gregos; Sócrates,
um dos grandes nomes da filosofia grega; Hipócrates, conhecido como o “pai da
medicina”; Aristófanes, um dos mais conhecidos dramaturgos gregos etc.

Péricles também fez uso da Liga de Delos com o intuito de fortalecer a cidade, e muitos
atribuem a derrota grega na Guerra do Peloponeso como uma consequência da morte de
Péricles (embora ele tenha morrido 25 anos antes). Péricles faleceu vítima da Peste de
Atenas, um surto epidêmico que atingiu a cidade em 430-427 a.C.

AS DUAS GRANDES GUERRAS MUNDIAIS: O LEGADO TECNOLÓGICO

HISTÓRIA GERAL
As tecnologias desenvolvidas no período das guerras mundiais e os objetos que usamos no dia
a dia que advém desses conflitos.
RESUMO

O presente artigo visa mostrar o lado "bom" das Guerras Mundiais, se é que podemos dizer
que as guerras tenham um lado bom, os avanços tecnológicos que foi desenvolvido graças a
esses conflitos e que, na sua grande maioria, foram aprimorados na Guerra Fria. Visa também
mostrar que além da dor, da destruição e do caos instaurado pela guerra, podemos tirar algo
de bom para o nosso proveito cotidiano. Esse artigo tem como relevância mostrar que
pequenas coisas do nosso dia a dia, como o absorvente feminino, ou até mesmo o avanço na
medicina, que ganhou destaque durante os conflitos mundiais e que foram graças a esses
conflitos que obtivemos grandes avanços tecnológicos na aviação, na marinha e no cotidiano
civil.

Palavras-chave: Guerra Mundial; Tecnologia; Avanço cientifico.


1. INTRODUÇÃO

As Guerras Mundiais ganharam grande destaque por atingir direta e indiretamente todos os
países do globo terrestre, tomando proporções jamais vistas na história da humanidade. Se por
um lado a guerra devastou cidades e matou milhões de pessoas, por outro lado tivemos o
desenvolvimento tecnológico e cientifico, que ocorrera naquele período, influenciando assim a
todos mais tarde. Houve avanço cientifico tecnológico tanto para fins militares, como o
aprimoramento e criação de armas, quanto para a população civil como o avanço na medicina
e o desenvolvimento dos antibióticos, até aparelhos que usamos no nosso cotidiano diário.

O presente artigo visa, mostrar que quase todas as tecnologias que usufruímos hoje em dia
teve origem no desenvolvimento tecnológico na guerra. Sim as guerras mundiais mudaram o
ponto de vista da população, dos envolvidos, dos aliados, dos inimigos e dos cientistas.
Ninguém imaginaria que o homem criaria uma arma de destruição em massa em 1900, mas
hoje temos a certeza de que se o homem quisesse poderia extinguir a vida no globo terrestre.
A tecnologia acompanha o homem desde os primórdios da civilização, podendo ser
compreendida como um conhecimento prático derivado quase que exclusivamente do
desenvolvimento do conhecimento teórico e cientifico através de processos acumulativos e
progressivos. Podemos até dizer que o desenvolvimento tecnológico teve e tem um impacto
social que poderá alterar os padrões de vida da humanidade, onde seu caráter pode ser
definido pelo uso. Por exemplo ninguém imaginaria que a mesma energia utilizada para destruir
uma cidade inteira como Hiroshima, pode ser usada para gerar energia limpa, apesar dos
riscos de radiação.

Sim a guerra e a tecnologia caminham lado a lado e é nesse ponto que o presente artigo tem
seu foco, nas tecnologias que se originaram dentro desses conflitos mundiais, onde hoje em
dia, quase ninguém faz ideia de que a triagem que temos hoje nas emergências hospitalares
advém da Primeira Guerra, assim como o fusca foi um projeto de carro popular proposto por
Hitler antes da guerra.

O principal objetivo desse artigo é abordar as tecnologias desenvolvidas no período das 


guerras mundiais e os objetos que usamos no dia a dia que advém desses conflitos, apenas
reforçando que muitas dessas tecnologias foram aprimorada durante a Guerra Fria. A corrida
espacial só ocorreu por aprimoramento de aparelhos cujos protótipos foram desenvolvidos na
Segunda Guerra por exemplo, mas ficaria um assunto quase que impossível de listar
conjuntamente se fossemos falar de todas as tecnologias desenvolvidas ao longo de todas as
guerras que a civilização passou, pois a cada novo conflito se desenvolve uma nova arma, uma
nova estratégia de guerra.
A Primeira Guerra Mundial,  foi movida pela disputa colonial, onde os países industrializado
buscavam novos mercados para a venda de seus produtos, acabando por disputar colônias na
África e Ásia. A tensão mais eminente era entre a Inglaterra e a  Alemanha, porém também
começou a surgir em varias regiões da Europa os movimentos nacionalistas, que queriam se
agrupar sob um mesmo Estado os povos de raízes culturais semelhantes. Muitos dos
aperfeiçoamentos bélicos e criações foram testadas nesse conflito, mas o que mais marcou
foram as armas químicas, pelo sofrimento que causava naqueles que a inalavam, tornando-se
uma arma letal e cruel, onde o soldado inimigo sofria uma morte dolorosa e sofrida.

A Segunda Guerra Mundial, nada mais é que a continuação da Primeira Guerra, uma vez que
Alemanha saiu prejudicada no Tratado de Versalhes, levando toda a culpa pelo conflito
mundial. Todavia o líder político Adolf Hitler soube despertar o sentimento de revolta que existia
no povo alemão, apelando para um forte sentimento nacionalista, que pairava ainda no ar,
fortalecendo assim o Estado Nazista. No segundo conflito o poder de fogo bélico é maior que
no primeiro, pois na Primeira Guerra, muitas das criações bélicas como o tanque de guerra
eram colocados pela primeira vez em um campo de batalha. Houve também no final do conflito
o uso de uma arma nuclear com consequências catastróficas, que é sentida até hoje, sejam
nos descendentes que ficaram na região atingida, ou seja no clima de terror e o pânico que se
instaurou só de pensar em usa-la novamente.

Após os conflitos mundiais sofremos como uma guerra jamais declarada mas que arrancou
medo de muitos governantes. A Guerra Fria durou quase cinquenta anos e tinham apenas dois
blocos os capitalistas e os socialistas, onde o embate foram nas corridas armamentistas e
aprimoramento de armas e tecnologias desenvolvidas nas duas guerras mundiais. Pode-se
dizer que a guerra fria é uma herança da Segunda Guerra, pois como o uso da arma nuclear os
Estados Unidos se mostrou um país de extrema supermacia e poder, o que incentivou os
Soviéticos a mostrarem que também poderia se igualar aos norte-americanos nessa luta.

Logo deve-se apresentar o seguinte artigo distribuído de forma sucinta e clara. Discorreremos
sobre a Primeira Guerra Mundial, mostrando o conflito em si, no qual foi movido pela disputa
colonial dos países desenvolvidos sobre os países subdesenvolvido, ou seja uma disputa
mercantil. Abordaremos a Segunda Guerra Mundial um conflito que não deixa de ser
consequência do primeiro. Conceituarei o que é tecnologia e colocarei a relação entre
tecnologia e a guerra. Sendo que as tecnologias são tão antigas quanto à raça humana, que
para falar a verdade foram à criatividade humana que deu origem as tecnologias. Logo
ateemos as tecnologias de guerra antes do conflito mundial e, logo após as tecnologias durante
os conflitos separados por ordem cronológica. Falaremos da herança tecnológica gerada nas
guerras que usamos no nosso dia a dia. E por fim discutiremos sobre o aperfeiçoamento e os
feitos que foram alcançados na Guerra Fria, que nada mais é que uma herança da Segunda
Guerra Mundial.

2. OS MOTIVOS QUE VIERAM POR DEFINIR A DUAS GRANDES GUERRAS MUNDIAIS  

Segundo Antonio Gasparetto Junior (2010), o conceito de Guerra Mundial é, “um conflito
capaz de afetar todos os países de alguma maneira”. Entretanto nunca houve de fato uma
guerra que envolvesse todos os países, mas o envolvimento de países de grande potencial no
planeta gera consequências econômicas e políticas que afetam a ordem mundial. Ainda
segundo Junior, o conceito de Guerra Mundial é:

[...] algo que carrega em si o estigma da contemporaneidade, a


expressão é bem aplicada para os tempos de globalização. A
humanidade já passou por inúmeras guerras, de pequena ou grande
escala, desde a História Antiga até os dias atuais, mas os momentos da
história humana determinaram a repercussão dos conflitos. É claro que
toda guerra tem como consequência invariável os prejuízos humanos,
econômicos, sociais e políticos, mas a dimensão que assumem está
muito atrelada ao seu momento histórico. (JUNIOR, 2010)

No inicio do século XX, havia certo clima de tensão e rivalidade entre as grandes potências
européias.  Entre os fatores que contribuíram para essa tensão de conflitos podemos destacar:
a disputa colonial, onde se buscavam novos mercados para a venda de seus produtos, os
países industrializados acabavam por disputar colônias na África e Ásia; a concorrência
econômica, os grandes países dificultavam a expansão econômica dos países concorrentes,
esse conflito foi bastante intenso entre a Inglaterra e Alemanha; a disputa nacionalista, no qual
surgiram em varias regiões da Europa os movimentos nacionalistas, que queriam agrupar sob
um mesmo Estado os povos de raízes culturais semelhantes. Esses fatores deram um clima de
guerra eminente, começando assim a corrida armamentista e a união de grandes potências em
tratados de aliança, cujo objetivo era somar forças para então enfrentar as potências rivais. Em
1907 existiam dois grandes blocos, a Tríplice Aliança que era formada pela Alemanha, Áustria
e Itália e a Tríplice Entente no qual era formada pela Inglaterra, França e Rússia. A tensão
entre esses blocos foram se agravando, onde qualquer incidente serviria de estopim para
declarar guerra. Estopim esse que foi causado com o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando herdeiro do trono austríaco, em 28 de junho de 1914, na cidade de Saravejo por
um estudante pertencente a unidade nacionalista que era apoiado pelo governo sérvio
(COTRIM, 2002).
Em 28 de julho de 1914 a Áustria declara guerra a Sérvia, e em 1º de agosto a Alemanha
declara guerra a França e a Rússia; logo em seguida em 5 de agosto a Inglaterra declara
guerra a Alemanha. A guerra durou cerca de quatro anos e contou com novas armas utilizadas
em combates como: lança-chamas, metralhadoras, projéteis explosivos, além de incorporarem
o uso do avião e do submarino como recursos militares. A primeira guerra ficou conhecida
como guerra das trincheiras, onde cada lado procurava garantir suas posições. Em 1917 a
marinha alemã utilizava seus submarinos para afundar navios de países neutros alegando que
estes transportavam alimentos para os inimigos. Entretanto ambos os lados já estavam
desgastados e famintos, quando a Alemanha atacou os navios norte-americanos, e criou o
bloqueio marítimo impedindo o fornecimento de armas americanas aos países aliados os
Estados Unidos resolveu intervir na guerra em 6 de abril de 1917 (COTRIM, 2002). 

Segundo Antônio Pedro (1995), em 11 de novembro de 1918 a Alemanha assinou o armistício


incondicional com as forças da Entente, onde acabou em uma situação bastante desvantajosa,
tendo que pagar uma enorme indenização em dinheiro aos países vencedores; devolver a
região da Alsáci-Lorena à França; perdeu boa parte do território par Polônia, Bélgica e
Dinamarca; entregou quase toda sua frota de navios mercantes para a França, Inglaterra e
Bélgica.

Segundo Gilberto Cotrim (2002), os vencedores da Primeira Guerra impuseram várias medidas
aos países derrotados, através do Tratado de Versalhes. Os alemães por sua vez
consideravam essas medidas humilhantes e duras. Porém a Alemanha estava passando por
uma grave crise socioeconômica, que segundo Cláudio Vicentino e Gianpaolo Doringo (2013)
essa crise foi consequência da crise de 1929. Ainda segundo Vicentino e Doringo (2013) “a
reação às condições de paz acabaram por disseminar um forte sentimento nacionalista,
culminando no totalitarismo nazifacista”. Logo, segundo Cotrim (2002), o líder político Adolf
Hitler soube despertar o sentimento de revolta que existia no povo alemão, apelando para um
forte sentimento nacionalista, fortalecendo assim o Estado Nazista. Todavia segundo Vicentino
e Doringo (2013) “a política de apaziguamento, adotada por alguns lideres políticos do período
entreguerras e que se caracterizou por concessões para evitar um confronto, para garantir a
paz internacional”.

A Guerra Civil Espanhola (1936-1939), onde morreram cerca de um milhão de pessoas deu o
poder ao general golpista Francisco Franco, que pôs o fim a República Socialista Espanhola,
permitindo assim a Hitler e Mussolini testarem seus novos armamentos produzidos pelas
indústrias bélicas, assim sendo ficou consolidada a nova aliança chamada de Eixo Berlim-
Roma. Mais adiante com a entrada do Japão no conflito a aliança passou a ser chamado Eixo
Roma-Berlim-Tóquio, onde os três países assinaram o pacto anti-komintern, para combater o
comunismo internacional (VICENTINO e DORIGO, 2013).

A Segunda Guerra Mundial envolveu em um total de 58 países. Em 1º de setembro de 1939 a


Alemanha sem a prévia declaração de guerra invadiram a o oeste Polonês seguidas pelas
tropas russas ao lado leste. Dois dias depois a invasão a Polônia a Inglaterra e a França
declaram guerra à Alemanha, dando inicio assim a Segunda Guerra Mundial. Logo após invadir
a Polônia  as tropas alemãs dominaram facilmente a Dinamarca em 9 de abril de 1940, a
Holanda em 15 de maio de 1940, a Bélgica em 28 de maio de 1940, a Noruega em 10 de julho
de 1940 e a  França em 14 de julho de 1940 (COTRIN, 2002).

A Itália, a Alemanha e o Japão até 1942 dominaram a guerra, conquistando grandes e


estratégicas regiões européias, africanas e asiáticas. Entretanto a batalha de Stalingrado,
batalha em que os alemães queriam conquistar os soviéticos, no final de alguns messes levou
a aniquilação de um grande numero da ofensiva alemã. Levando assim ao grande avanço
soviético contra a Alemanha, formando-se assim a primeira frente de luta dos aliados, que
marchariam pouco a pouco rumo a Berlim. A Segunda frente ocorreu quando aliados do
exercito anglo-americano derrotou as tropas do Eixo na Batalha de El Alamein, no Egito em
1943, possibilitando assim o controle do Mediterrâneo, possibilitando o desembarque na Itália.
Em setembro de 1943 após a queda de Mussolini o país se rendeu e no mês seguinte declarou
guerra a Alemanha. No dia 6 de junho de 1944 a força aliada criou a terceira frente de batalha,
no qual o desembarque ocorreu na Normandia norte da França, esse dia ficou conhecido como
Dia D. Logo após Paris era libertada, enquanto marchavam em direção a Alemanha. A frente
leste que era composta pelos soviéticos foram os primeiros que chegaram a Berlim, e em 1º de
maio de 1945 a bandeira vermelha foi hasteada no alto do Reichstag, antigo Parlamento
alemão. Poucos dias antes da rendição final Hitler cometeu suicido e Mussolini foi assassinado
por populares em Milão (VICENTINO e DORIGO, 2013).

No oriente a guerra prosseguiu por mais quatro messes, até a rendição japonesa até setembro
de 1945. Em uma demonstração de seu poderio militar os Estados Unidos lançaram duas
bombas atômicas em território japonês, a primeira no dia 6 de agosto na cidade de Hiroshima e
a segunda no dia 9 de agosto na cidade de Nagasaki. Segundo o presidente dos Estados
Unidos Harry Truman a bomba atômica foi utilizada para apresar a rendição japonesa que
ocorreu no dia 2 de setembro de 1945. Todavia para muitos analistas o uso da bomba foi um
crime de guerra dos Estados Unidos cujo objetivo era impressionar a União Soviética e a
marcar sua política (COTRIN, 2002).

Segundo Gilberto Cotrim (2002), pode-se dizer que a maior guerra realizada na história
humana foi sem sombra de duvida a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que houve mais de
55 milhões de mortos, cerca de 35 milhões de feridos e 190 milhões de refugiados.
Aproximadamente 6 milhões de judeus foram brutamente exterminados em câmaras de gás e
fornos crematórios nos campos de concentração de Auschwitz, Chelmo, Belzec, Sobibor e
Treblinca. Também, Segundo Cláudio Vicentino e Gianpaolo Doringo (2013), foram
aperfeiçoadas técnicas militares de destruição e junto com os instrumentos de guerra somam-
se os novos foguetes e tanque, novos radares, o avião a jato, navios porta-aviões e a bomba
atômica.

Fim do Comunismo
O Fim do Comunismo é popularmente identificado com a queda do Muro de Berlim em 1989.

Desde que a Rússia passou pela Revolução Russa, em 1917, o Comunismo ganhou notória
força nos discursos por todas as partes do planeta. A Rússia tornou-se um país dito comunista
e influenciou vários outros a seguir a mesma doutrina. Muitos intelectuais aderiram ao
comunismo acreditando ser a melhor forma de vida para a sociedade.

A partir da década de 1930 o comunismo ganhou identificação como doutrina subversiva, uma
vez que ameaçava a doutrina capitalista que tinha e tem até hoje os Estados Unidos como
grande representante. A Segunda Grande Guerra Mundial foi o evento que definiu o rumo do
comunismo no mundo, como um inimigo feroz dos capitalistas. A guerra que se encerrou em
1945 foi vencida pelos Estados Unidos e pela União Soviética, embora o exército e a terrível
ideologia de Hitler tivessem sido vencidos o mundo não estava livre de guerras. Os dois países
vencedores se lançaram então em um novo confronto, que desta vez ia muito além do campo
de batalha, era pautado pelas disputas ideológicas.

Os Estados Unidos representavam e defendiam a ideologia capitalista, enquanto a União


Soviética representava e defendia a propagação da ideologia comunista. Como ambos os
vencedores da Grande Guerra dispunham de armamentos capazes de aniquilarem-se, o
confronto armado direto entre as duas potências que passaram a dominar o mundo nunca
aconteceu, pelo medo da mútua destruição.

O comunismo então passou a ser cassado radicalmente nos países que seguiam o
pensamento capitalista. Os adeptos da ideologia comunista eram tidos como subversivos e
enfrentavam punições extremas quando apreendidos.

Muito embora seja discutível se já houve realmente experiência comunista no mundo, isso
porque a definição teórica do comunismo não corresponde exatamente aos eventos que
ocorreram na prática, após a Segunda Guerra Mundial o mundo se tornou bipolarizado. A maior
representação dessa divisão foi a construção do Muro de Berlim, o qual cortava a cidade
alemã com o mesmo nome, estabelecendo a parte ocidental como capitalista e a parte oriental
como comunistas. Era sumariamente proibida a passagem de pessoas do lado ocidental para o
lado oriental do muro, apenas em situações devidamente justificadas.

O Muro de Berlim representou durante muito tempo a presença do comunismo no mundo, por
isso é a sua queda, em 1989, que é indicada como o marco do Fim do Comunismo no
planeta. A queda do muro naquele ano simbolizou a queda também da grande potência
comunista, a União Soviética, que não mais tinha a força de outrora para se sustentar.
Durante toda a década de 1980 a potência comunista enfrentou graves problemas dos mais
variados tipos, fazendo ruir a estrutura que sustentou durante várias décadas. A vitória
do capitalismo permitiu que esta ideologia entrasse no território soviético, fragmentando a
antiga União Soviética, e permitindo que os países aderissem ao novo sistema.

O capitalismo hoje é o sistema dominante no mundo, mas ainda existem algumas


experiências comunistas. Por esse motivo, datar o fim do comunismo como a queda da União
Soviética e do Muro de Berlim não é uma afirmação muito correta. Por outro lado, é bem
verdade que não há mais um conflito entre capitalismo e comunismo no mundo como
aconteceu durante a Guerra Fria, os países que insistem no sistema dito comunista não
representam potências mundiais. Atualmente, China, Coréia do Norte e Cuba são os países
comunistas de maior destaque. A China, entretanto, desenvolve um sistema diferenciado, que
abre oportunidades para o mercado capitalista. Cuba, tradicional país comunista, demonstra
indícios de se abrir ao mundo capitalista com a saída do governante Fidel Castro. Já a Coréia
do Norte é o país mais radical de todos, vive sob o governo de um ditador e não aponta para
flexibilizações. Deste modo,  o grande comunismo acabou com a queda da União Soviética,
mas experiências comunistas continuam presentes em alguns países.

Guerra Fria
A Guerra Fria foi o conflito político-ideológico responsável pela polarização do mundo na
segunda metade do século XX. EUA e URSS foram os protagonistas desse conflito.

A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico que foi travado entre Estados Unidos (EUA)
e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. O conflito travado entre esses dois países foi
responsável por polarizar o mundo em dois grandes blocos, um alinhado ao capitalismo e outro
alinhado ao comunismo.

Ao longo da segunda metade do século XX, a polarização mundial resultou em uma série de


conflitos de pequena e média escala em diferentes locais do mundo. Esses conflitos contavam,
muitas vezes, com o envolvimento indireto de EUA e URSS, a partir do financiamento, da
disponibilização de armas e do treinamento militar.

Contudo, nunca houve um confronto aberto entre americanos e soviéticos, sobretudo pela
possibilidade de destruição do planeta em larga escala caso houvesse um conflito entre os
dois. Apesar dos discursos afiados e da intensa atuação estratégica para manter sua zona de
influência, americanos e soviéticos foram cautelosos ao extremo e evitaram um conflito contra
o outro.

Causas da Guerra Fria

A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial e existe um debate acirrado
entre os historiadores a respeito de como foi iniciado esse conflito político-ideológico. De toda
forma, existe um certo consenso de que o marco que iniciou a Guerra Fria seja o discurso
realizado pelo presidente americano, Harry Truman, em 1947.

Esse discurso de Truman foi realizado no Congresso americano e, nessa ocasião, o presidente
americano solicitava verbas para que os Estados Unidos pudessem se engajar para evitar o
avanço do comunismo na Europa. Na visão de Truman, era papel dos EUA liderar a luta contra
o avanço do comunismo no continente europeu.

Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como Doutrina Truman, que consistiu no
conjunto de medidas tomadas pelos EUA para conter o avanço do comunismo. A primeira ação
tomada por essa doutrina foi o Plano Marshall, plano de recuperação econômica da Europa
com o qual os americanos forneceriam grandes somas de dinheiro para os países
interessados.

A atuação dos Estados Unidos na Europa por meio da Doutrina Truman justifica-se única e
exclusivamente pelo discurso alarmista que apresentava a URSS como uma potência
expansionista e que procuraria conquistar todo o continente europeu sob a égide do
comunismo. Os americanos sabiam que os problemas econômicos da Europa no pós-guerra
eram um campo fértil para o crescimento da ideologia comunista lá.

Ainda assim, historiadores como Eric Hobsbawm e Isaac Deutscher argumentam que a União
Soviética não era uma nação expansionista e não demonstrava interesse em atuar fora da
sua zona de influência (o Leste Europeu). Esses historiadores apontam que a União Soviética
não tinha interesses em financiar e apoiar movimentos comunistas armados em outras partes
do mundo e que a postura soviética no pós-guerra era abertamente defensiva por causa da
destruição do país como consequência da Segunda Guerra Mundial.

A ideia por trás da ação americana em impor-se como nação hegemônica na Europa e no
mundo é explicada pelos interesses de Truman em manter elevados os índices de crescimento
econômico do país. Assim, o discurso maniqueísta praticado pelos americanos começou a ser
praticado também pelos soviéticos, e as relações dos dois países em nível internacional
passaram a ser baseadas no boicote.

Além disso, existem evidências que apontam que o governo soviético não tinha interesse em
expandir-se territorialmente e tinha o objetivo de assegurar apenas a sua área de influência.
Isso de fato aconteceu e, na Segunda Guerra, os locais invadidos pelo Exército Vermelho, que
era o exército soviético, foram transformados em Estados-satélites do regime comunista de
Moscou.

Características

A Guerra Fria estendeu-se de 1947 a 1991 e algumas características desse período podem ser
destacadas.

 Polarização do mundo: a disputa travada entre americanos e soviéticos resultou em


uma forte polarização do mundo que afetava as relações internacionais dessas nações
como um todo. Houve uma tentativa de criar um movimento não alinhado em que
algumas nações procuravam seguir um caminho independente sem necessariamente
se vincular com alguma das duas potências.

 Corrida armamentista: a procura pela hegemonia internacional fez com que as duas
potências investissem bastante no desenvolvimento de novas tecnologias bélicas.
Assim, no período, o número de armas nucleares e termonucleares produzidas
disparou.
 Corrida espacial: a corrida espacial foi um dos campos de disputa entre americanos e
soviéticos e, ao longo da década de 1960, inúmeras expedições espaciais foram
realizadas.

 Interferência estrangeira: tanto americanos quanto soviéticos interferiram em assuntos


internos de diferentes países do planeta. Dois exemplos são a interferência americana
na política brasileira na década de 1960 e a interferência militar no Afeganistão na
década de 1980.

Acontecimentos importantes da Guerra Fria

A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional a respeito da possibilidade de um


conflito aberto entre americanos e soviéticos. A existência de
armamentos nucleares e termonucleares sob a posse desses países tornava essa
expectativa de um conflito muito mais pavorosa, pois um conflito desse tipo causaria a
aniquilação da humanidade. Ao longo das décadas da Guerra Fria, houve inúmeros momentos
de tensão que serão destacados a seguir.

 Revolução Chinesa

A Guerra Civil Chinesa, que se arrastava desde a década de 1920, retornou com força depois
da Segunda Guerra Mundial, e o fortalecimento dos comunistas, liderados por Mao Tsé-tung,
levou os americanos a apoiar os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek.

A vitória dos comunistas, conhecida como Revolução Chinesa, em 1949, alarmou os


americanos sob a possibilidade de que o comunismo fosse disseminado pelo continente
asiático por meio da influência chinesa.

 Guerra da Coreia

Primeiro momento de grande tensão após a Segunda Guerra Mundial. Esse conflito iniciou-se


em 1950, quando os comunistas norte-coreanos, apoiados por chineses e soviéticos, invadiram
o território sul-coreano, apoiados pelos americanos. O objetivo era reunificar a Península da
Coreia sob a liderança dos comunistas.

Esse conflito contou com o envolvimento direto de soldados americanos, mas ao longo do
conflito nenhum dos dois lados sobressaiu-se e o conflito teve fim, em 1953, com um armistício
que ratificou a divisão das Coreias – divisão que existe até hoje. Os soviéticos também
participaram desse conflito, mas os americanos não tomaram nenhuma ação, pois queriam
evitar um conflito direto.

 Crise dos Mísseis em Cuba

A Crise dos Mísseis foi o momento de maior tensão entre as duas potências da Guerra
Fria e se passou em 1962. Naquele ano, o serviço de inteligência dos EUA descobriu que a
URSS estava instalando uma base de mísseis em Cuba, país que havia passado por uma
revolução nacionalista em 1959. A inteligência americana sabia que os mísseis soviéticos
representavam pouca ameaça para os EUA, mas o presidente americano sabia que a questão
teria repercussão negativa sob seu governo e decidiu intervir.
O governo americano disse aos soviéticos que se os mísseis não fossem retirados, seria
declarada guerra. As negociações arrastaram-se durante semanas e os dois lados chegaram a
um acordo. Os soviéticos decidiram retirar os mísseis de Cuba e os americanos aceitaram
retirar seus mísseis instalados na Turquia.

 Guerra do Vietnã

A Guerra do Vietnã foi um conflito travado entre 1959 e 1975 entre Vietnã do Norte e Vietnã do
Sul e ambos lados procuravam unificar o país sob seu controle. Os americanos entraram nesse
conflito, em 1965, e enviaram milhares de soldados ao Vietnã. Essa guerra foi extremamente
impopular nos EUA, e os americanos retiraram-se do conflito, sem alcançar seus objetivos,
em 1973. Os comunistas tomaram o controle do país, em 1976, logo após vencerem a guerra.

 Guerra do Afeganistão de 1979

O Afeganistão é mencionado por muitos como o “Vietnã da União Soviética”. Esse conflito foi
travado entre 1979 e 1989 e se iniciou quando os soviéticos invadiram o Afeganistão para
apoiar o governo comunista daquele país contra rebeldes islâmicos. A invasão soviética levou
os americanos a financiarem e treinarem os rebeldes islâmicos e esse conflito foi
extremamente penoso para os soviéticos que se retiraram em 1989.

Cooperação política e militar

Ao longo dos anos da Guerra Fria, americanos e soviéticos procuraram coordenar ações para
concentrar o seu poder sob sua zona de influência. Uma das estratégias utilizadas foi a criação
de formas de cooperação econômica e militar dos quais destacam-se o Plano Marshall e a
Comecon, no âmbito econômico, e a OTAN e o Pacto de Varsóvia, no âmbito político-militar.

 Plano Marshall e Comecon

O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de cooperação econômica mediante o


qual os americanos disponibilizavam grandes somas de dinheiro para financiar a reconstrução
dos países destruídos por conta da Segunda Guerra Mundial. O projeto defendia a ideia que
apoiar o desenvolvimento econômico de determinados países ajudaria a conter o avanço do
comunismo.

Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho para Assistência Econômica Mútua, mais


conhecido como Comecon (sigla em inglês). Nesse plano, as nações do bloco comunista,
agrupadas sob a liderança dos soviéticos. Esse plano foi criado pelos soviéticos para evitar que
o Plano Marshall seduzisse as nações do bloco comunista a aliarem-se com os americanos.

 Otan e Pacto de Varsóvia

No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em 4 de abril
de 1949. A ideia da OTAN era criar uma aliança militar de países alinhados aos Estados
Unidos visando a impedir uma posição de agressão dos soviéticos. A OTAN foi uma forma de
os EUA imporem a sua hegemonia sobre o continente europeu.
Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955. A ideia era garantir
a segurança das nações do bloco comunista e evitar uma possível agressão realizada pelos
estadunidenses. Assim, se uma nação fosse agredida, todas as outras se mobilizariam em
defesa dela.

Alemanha na Guerra Fria

No caso da Alemanha, a Guerra Fria teve impactos muito maiores do que em grande parte do
mundo. Isso porque ao final da Segunda Guerra a Alemanha foi dividida em zonas de influência
de soviéticos, americanos, franceses e britânicos. Essa divisão teve reflexos no futuro do país
que acabou sendo dividido em duas nações:

 República Democrática Alemã (RDA), alinhada à União Soviética e conhecida como


Alemanha Oriental;

 República Federal da Alemanha (RFA), alinhada aos Estados Unidos e conhecida


como Alemanha Ocidental.

A cidade de Berlim também foi dividida e transformou-se na capital das duas Alemanhas. O
lado oriental era comunista e o lado ocidental era o capitalista. Ao longo da década de 1950,
milhares de cidadãos da Alemanha Oriental começaram a mudar-se para Berlim Ocidental.
Para impedir essa fuga de cidadãos, as autoridades da União Soviética e da Alemanha Oriental
decidiram construir um muro isolando Berlim Ocidental.

Durante 28 anos, o Muro de Berlim separou os dois lados da cidade de Berlim e, por isso,
converteu-se em um grande símbolo da Guerra Fria.

Acesse também: Conheça a história do Kremlin de Moscou

Fim da Guerra Fria

A Guerra Fria teve fim com a dissolução da União Soviética que ocorreu em 26 de dezembro
de 1991. O fim da URSS foi resultado da grande crise econômica e política que atingiu
aquele país a partir da década de 1970. A falta de ações para resolver os problemas do bloco
comunista foram responsáveis por levar o país ao fim.

A economia soviética demonstrava, já na década de 1970, claros sinais de esgotamento e o


país era mais atrasado em relação às grandes potências. A indústria soviética estava em
queda, a produção agrícola era insuficiente e os indicadores sociais começaram a regredir
demonstrando um claro empobrecimento do país.

A disparada no valor do petróleo criou uma falsa sensação de prosperidade no começo da


década de 1980 e, por isso, o país não passou por reformas importantes em sua economia.
Além disso, a sociedade soviética não tinha acesso a tecnologias que garantiam avanço na
qualidade de vida no ocidente e a corrupção tornava tudo pior.

Dois acontecimentos na década de 1980 acabaram agravando a situação do país. A invasão


do Afeganistão forçou a União Soviética a gastar milhões na luta contra os rebeldes islâmicos
e, em 1986, o acidente nuclear em Chernobyl causou morte e destruição, além de forçar os
soviéticos a gastarem altas somas para conterem os efeitos do acidente nuclear.

A situação econômica ruim contribuiu para aumentar a insatisfação da sociedade com os


governos comunistas. Em todo o bloco, a pouca liberdade de expressão e o autoritarismo
manifestado pelos governos comunistas era uma realidade, e a insatisfação com a crise
econômica e a questão política fizeram surgir movimentos de oposição por todo o bloco
comunista.

Os primeiros sinais manifestaram-se na Alemanha Oriental, Hungria e Polônia. Os


alemães derrubaram o Muro de Berlim, no final de 1989, e promoveram a reunificação da
Alemanha, os húngaros abriram as fronteiras do país com o Ocidente e os poloneses elegeram
o primeiro governo não comunista desde a Segunda Guerra.

A União Soviética começou a promover a abertura da sua economia no governo de Mikhail


Gorbachev por meio da Glasnost e Perestroika. Logo, as nações que formavam a URSS
começaram a se mobilizar pela sua independência. Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev
renunciou e, no dia seguinte, a União Soviética foi dissolvida.

Em sequência, uma série de países conquistaram a sua independência, tais como Ucrânia,
Bielorrússia, Armênia etc. Esses países reuniram-se na Comunidade dos Estados
Independentes (CEI) e realizaram a transição para o capitalismo.

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