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Educacional
Orientação
Educacional
Orientação Educacional
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Fundação Biblioteca Nacional MÍrian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
ISBN 978-85-387-3631-8
9 788538 736318
Orientação Educacional
Edição revisada
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
__________________________________________________________________________________
O46o
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-3631-8
1. Orientação educacional. I. Grinspun, Mírian Paura Sabrosa Zippin, 1941-. II. Título.
Referências............................................................................................................................79
Heloísa Lück
A
orientação educacional merece ser estudada não só pela importância que
possui no cenário da Educação, mas também por seu significado e neces-
sidade na escola, uma vez que esta tem como prioridade formar o sujeito,
o cidadão. Por isso, as palavras da professora Heloísa Lück foram escolhidas para
iniciar o estudo sobre a orientação, que vai ser trabalhada em seus diferentes as-
pectos e sentidos. A epígrafe acima toca em três pontos que serão desenvolvidos
ao longo do estudo:
a) o estreito vínculo que existe entre Educação e orientação educacional;
b) o destaque dado à ação educativa, não só em termos de currículo, mas
também em relação aos conhecimentos, habilidades e sentimentos do aluno;
c) a abrangência da ação educativa, vista tanto no que diz respeito às neces-
Doutora em Filosofia pela
sidades individuais quanto às do grupo – aqui incluindo as institucionais, ou seja, Universidade Gama Filho
a dinâmica da própria instituição. (UGF). Mestre em Educa
ção pelo Instituto de Estudos
Nisso constitui o trabalho de orientação educacional, comprometido com o Avançados em Educação da
Fundação Getúlio Vargas do
aluno em particular, com o professor, com o currículo e com a escola como um Rio de Janeiro (Iesae/FGV).
todo. É um trabalho pedagógico que possui um “olhar para dentro” da instituição Especialista em Orientação
Educacional pela Universida-
e um “olhar para fora”, ou seja, é uma atividade comprometida com a organização de Estadual do Rio de Janeiro
da escola, mas que também deve ter em vista suas relações com a sociedade em (UERJ). Professora-titular de
Orientação Educacional da
que está inserida. Portanto, essa articulação se dá no contexto em que a atividade Faculdade de Educação do
se desenvolve, levando-se em consideração os aspectos socioculturais que a com- Rio de Janeiro. Orientadora
Educacional pelo Instituto de
põem, a partir do espaço e do tempo que os determinam. Educação do Rio de Janeiro.
Formada em Pedagogia pela
A história da orientação educacional inicia-se no final do século XIX, sen- Pontifícia Universidade Cató-
do que no Brasil suas raízes são encontradas na década de 1930. Todavia, quan- lica do Rio de Janeiro (PUC-
-Rio).
do se dá ao termo orientação uma definição mais abrangente, pode-se dizer que
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
sua origem é ainda mais antiga, visto que a história da humanidade mostra que
a figura do orientador ou do conselheiro sempre existiu nos diferentes grupos e
culturas, tendo como função ajudar os outros membros em suas necessidades e
orientá-los em suas decisões.
Entretanto, na Antiguidade, a orientação não possuía a visão pedagógica e
interdisciplinar que existe nos dias de hoje, mas tinha uma preocupação significativa
com relação aos alunos/indivíduos, que deviam aprender a adquirir conhecimen-
tos. Dessa forma, a orientação educacional surgiu em todo o mundo por meio da
orientação vocacional e profissional, e é por isso que se coloca como seu grande
precursor o filósofo grego Platão, por haver concebido uma escola em que os mais
aptos teriam cargos de liderança e direção, enquanto que aos demais seriam ofere-
cidos cargos menores e funções com menos responsabilidades. É claro que Platão
não pensava especificamente em orientação educacional, mas é possível perceber
por meio de suas posições que a preocupação em orientar as pessoas seguindo suas
possibilidades e potencialidades é muito antiga. Essas informações históricas serão
vistas detalhadamente a seguir. De início, destaca-se o fato de o filósofo relacionar
os cargos de acordo com as condições dos indivíduos, o que o levou a determinar o
apto e o não apto para o exercício de determinada atividade ou função.
Já na Idade Moderna, considera-se o filósofo e médico Juan de Dios Huarte
de San Juan como precursor da psicotécnica; em sua obra Examen de Ingenios
para las Ciencias – publicada em 1575 na Espanha –, ele procurou determinar as
aptidões dos indivíduos para o mundo do trabalho.
Como foi dito, a orientação propriamente dita (relacionada à orientação vo-
cacional) teve início no final do século XIX, e vários acontecimentos históricos
influenciaram sua introdução na escola. Entre eles, destacam-se o movimento em
prol da saúde mental; o movimento da psicanálise, com Sigmund Freud; o movi-
mento psicopedagógico, que defendia a democratização da escola e, por conse-
guinte, o acesso à mesma para crianças oriundas de diferentes camadas sociais; e
o surgimento da psicometria, que possibilitou o conhecimento científico das dife-
renças individuais e a orientação vocacional que surgia no cenário educacional.
Além desses movimentos, nos séculos XIX e XX aconteceram dois fatos
marcantes na história mundial, os quais produziram novas percepções e realiza-
ções na vida do homem e que estão, assim, relacionados às mudanças desejadas
para a formação do indivíduo;
a) a Revolução Industrial, que levou muitas pessoas a perderem seus tra-
balhos em virtude da mecanização na indústria, pela nova postura do homem no
trabalho, voltada para maior capacitação, isto é, a máquina substituindo o traba-
lho do homem;
b) as duas Guerras Mundiais – a Segunda em particular –, que levaram à bus-
ca de uma (re)orientação por parte das pessoas que estiveram na frente de batalha.
Uma ação importante para a orientação educacional ocorreu em 1908, em
Boston (Estados Unidos), quando Frank Parsons organizou um Bureau of Voca-
tional Guidance, com a finalidade de orientar seus alunos na área profissional; em
1909, ele conseguiu introduzir a orientação profissional nas escolas públicas de
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
Conceituação
Neste tópico, apresenta-se a base sobre a qual se sustenta a orientação, tanto
com relação ao aspecto conceitual em si como na representação de seu conceito
por meio da fundamentação teórica que o caracteriza.
Do ponto de vista conceitual, pode-se dizer que o vocábulo orientação
compõe-se de dois termos, orientar e ação: um pressupõe o outro, isto é, o que
se orienta é a ação, e esta precisa de orientação. A partir daí, percebe-se a afini-
dade entre as duas categorias, uma vez que uma se volta para a outra na busca da
realização de seus objetivos. Quando se vai mais fundo na análise, encontra-se
na etimologia da palavra orientação que ela diz respeito à ação de determinar os
pontos cardeais do lugar onde a pessoa se encontra; nesse sentido, o dicionário
informa que a orientação se torna fácil por meio de uma bússola:
[...] consegue-se uma orientação suficiente com a bússola, esta indicando o ângulo que faz
uma reta determinada com o meridiano astronômico; pode-se assim determinar a direção
norte-sul [...]
[...] o orientador é aquele que orienta, guia a pessoa, a usar um instrumento para determi-
nar o oriente em relação a qualquer ponto [...] (LELLO UNIVERSAL, v. 3, p. 488)
Orientação Educação
Esse dado é significativo para mostrar a íntima relação do objeto desse es-
tudo com a Educação. A orientação educacional no Brasil seguiu as diretrizes do
modelo norte-americano, voltado para a psicologia; já o modelo francês, com o
objetivo de aconselhamento e muito usado no início do século passado, seguia a
linha pedagógica.
No que diz respeito aos conceitos, outro ponto a ser destacado são as ex-
pressões orientação vocacional e orientação profissional, que muitas vezes são
usadas como sinônimas, mas na realidade possuem conotações diferentes. Quan-
do se usa a palavra vocacional, geralmente faz-se referência a uma vocação, uma
aptidão, um atributo nato, um dom que o indivíduo possui, isto é, o que ele “leva
jeito” ou gosta de fazer; já o termo profissional refere-se à profissão, e tem uma
relação direta com a questão da escolha de uma área, de acordo com as aptidões
e interesses da pessoa, mas com uma estreita vinculação ao mundo do trabalho.
Ambas as áreas, dependendo da abordagem que lhes é dada, fazem parte do con-
texto da orientação educacional.
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
Dados históricos
Neste tópico, serão vistas as origens da orientação educacional no Brasil,
uma vez que quando ela foi implantada – de direito e de fato – na realidade bra-
sileira, já existia em outros países, com uma proposta desenvolvida a partir de
correntes de pensamento que davam importância aos aspectos psicológicos do ser
humano.
No Brasil, como nos demais países, a orientação educacional teve início na
área profissional. Os primeiros trabalhos nesse sentido são atribuídos ao professor
Roberto Mange, que, em 1924, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, tinha
como objetivo selecionar e orientar alunos para a escola profissional de mecânica
daquela instituição. É interessante observar que, em 1922, o deputado Fidélis Reis
apresentou um projeto tornando o ensino profissionalizante obrigatório no país, o
que não chegou a ser efetivado por falta de verbas. Em 1931, Lourenço Filho criou
o primeiro serviço de orientação profissional no Brasil, na cidade de São Paulo,
que pretendia implantar uma linha de orientação tanto profissional como escolar.
Esse serviço, baseado no modelo norte-americano, extinguiu-se em 1935.
No entanto, o primeiro momento concreto da orientação educacional nas es-
colas brasileiras ocorreu em 1934, por obra da professora Aracy Muniz Freire, que
foi incumbida de modernizar a disciplina na Escola Comercial Amaro Cavalcanti,
no Rio de Janeiro. Esse dado é significativo, uma vez que no imaginário de alguns
professores a função de orientador está associada à guarda da ordem e da discipli-
na na escola. Isso é compreensível quando se observa a história e se verifica o que
era esperado da escola no passado.
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
Orientadores educacionais:
um novo momento
Neste ponto, será apresentado um histórico da formação dos orientadores
educacionais no Brasil. Inicialmente, os profissionais eram formados em um cur-
so específico de orientação educacional, nas faculdades de Educação; o primeiro
deles foi instituído pela Universidade Católica de Campinas (SP), em 1945. Como
os cursos eram insuficientes em termos quantitativos, a partir de 1958 o MEC, por
meio da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão de Ensino Secundário (Cades),
passou a promover cursos de especialização na área de orientação educacional.
No entanto, foi somente em 1962, com o Parecer 292 do Conselho Federal
de Educação (CFE), que se tratou da formação de profissionais da Educação que
poderiam obter o título de especialista, mediante a complementação dos estudos
no curso de Pedagogia. Nesse momento, três dados foram relevantes:
a Lei 5.540/68, que criou as habilitações do curso de Pedagogia, ficando
instituída a formação específica por meio dos especialistas em Educação;
a Lei 5.564/68, que regulamentou a profissão de orientador educacional;
e a Resolução CFE 2 de 1969, que determinava que a formação de professo-
res e especialistas para as atividades de orientação, supervisão, administra-
ção e inspeção seria realizada nos cursos de Pedagogia.
Dessa forma, são fatos significativos nessa reflexão:
o início da obrigatoriedade da orientação nas escolas e a formação desse
profissional, só realizada posteriormente;
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
Conclusão
Nesta aula, foram estudadas a origem e a evolução histórica da orienta-
ção educacional; foram descritos os pontos mais importantes dessa história, seus
percursos e as lutas iniciais para implantar a orientação e desenvolvê-la em uma
concepção pedagógica. Como fechamento, utilizam-se as palavras que o doutor
Gildásio Amado (1960, p. 31), Diretor do Ensino Secundário/MEC, proferiu na
abertura do II Simpósio sobre Orientação Educacional, realizado em 1958 em
Porto Alegre (RS):
A Orientação Educacional é o eixo da moderna educação do adolescente. Por seu inter-
médio, especialmente, a escola assume a grande função de ajudar na formação de perso-
nalidades... A evolução da Orientação Educacional acompanha o movimento pedagógico
contemporâneo... A Orientação é o fio condutor, o instrumento ordenador, articulador
dentro e uma escola.
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
1. A partir da leitura do texto, destaque três fatos que lhe pareceram significativos na história da
orientação educacional, argumentando sobre os motivos de sua escolha.
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
4. Leia e analise a lei que dispõe sobre o exercício da profissão de orientador educacional e redija
um pequeno texto comentando essa lei:
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Origem e evolução histórica da orientação educacional
Em 1924, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, começou um trabalho de orientação edu-
cacional cujo objetivo era selecionar e orientar alunos para a escola profissional de mecânica
daquela instituição.
O que nota é que, nos seus primórdios no Brasil, a orientação educacional estava muito ligada
à escolha profissional do educando.
a) A resposta do aluno poderia indicar que o orientador educacional é um profissional de edu-
cação comprometido com os alunos, os professores, o currículo e a escola – em si mesma e
em sua relação com a sociedade.
b) Aqui a resposta vai depender do contato do aluno com os profissionais de orientação educa-
cional de sua cidade, das informações que irá obter ao conversar com esses profissionais.
c) O aluno pode responder, por exemplo, que a Lei 5.564/1968 define a orientação educacional
basicamente como uma atividade de aconselhamento, com vistas ao desenvolvimento inte-
gral e harmonioso do educando. Além disso, é possível relacionar essa ideia com situações
concretas que o aluno conhece, se os orientadores que ele conhece correspondem ou não ao
profissional descrito pela Lei 5.564.
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Ação orientadora e seus
períodos de evolução histórica
na Educação brasileira
Mírian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
[...] não se pode identificar pura e simplesmente a Psicopedagogia com a Orientação Educacional. Esta envolve,
com efeito, objetivos mais amplos, enquanto a orientação do educando não se esgota em seus aspectos psicológicos [...]
Parecer 491/67
N
esta aula destacamos os períodos pelos quais passou a orientação educacional ao longo do
desenvolvimento da Educação no Brasil. Dessa forma, procura-se mostrar a estreita relação
entre o momento histórico e a caracterização da orientação educacional, e como ela – da
mesma forma que a Educação – está comprometida com certas linhas do pensamento pedagógico e
com certas ideologias.
Assim, o objetivo desta aula é mostrar a estrutura da orientação educacional nos diferentes pe-
ríodos por que passou, e quais as expectativas que dela se tinha em termos de objetivos e atividades
com os alunos.
A seguir, são apresentados os períodos históricos da orientação educacional, identificados e ca-
racterizados a partir dos principais eventos que os marcaram. A classificação segue alguns princípios
de ordem, como as leis e os dados significativos dos momentos assinalados, que serão vistos em sua
explicação.
Período Data
1. Período implementador 1920 a 1941
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Ação orientadora e seus períodos de evolução histórica na Educação brasileira
Objetividade Subjetividade
Criatividade
c) Que características você destacaria, hoje, como mais importantes para que um orientador
educacional possa realizar um bom trabalho, seja na Educação Infantil, Fundamental, Edu-
cação de Jovens e Adultos ou Ensino Médio?
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Ação orientadora e seus períodos de evolução histórica na Educação brasileira
d) Para atender à tendência integradora, que material você disponibilizaria para promover a
criatividade?
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Ação orientadora e seus períodos de evolução histórica na Educação brasileira
3. Assista ao filme Forest Gump, em que um jovem americano participa, quase que por acaso, de
um grande evento da história no seu país, e verifique o papel da educação na vontade e no inte-
resse do indivíduo.
No filme Sociedade dos Poetas Mortos, a relação entre professor e aluno é muito destacada
para o desenvolvimento da aprendizagem. Reflita sobre o seu posicionamento nessa questão e o
papel que representa para a educação.
1.
a) O aluno pode ter sua atenção mais estimulada, por exemplo, pelo Período Questionador.
Nesse caso, sua resposta deve mencionar que, como na década de 1980 o Brasil passava por
um período de renovação política, com muita agitação nessa área – o que se manifestou em
situações como o movimento pelo retorno das eleições diretas para presidente da república
(campanha pelas Diretas Já) –, a orientação educacional assumiu também um cunho político
acentuado, sendo questionadora. Feito isso, o aluno deve comparar o que aprendeu acerca
do período com o que conhece do trabalho dos profissionais de orientação educacional que
atuam na sua cidade atualmente.
b) O texto apresenta o Período Orientador como iniciado em 1990 e vindo até os nossos dias.
Durante a gestão de Fernando Collor (1990-1992), houve as manifestações dos caras-pinta-
das, jovens que foram às ruas protestar, pedindo a destituição do presidente da república,
já que havia sérias suspeitas de corrupção no governo. O texto da aula questiona se essas
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Ação orientadora e seus períodos de evolução histórica na Educação brasileira
manifestações representaram uma real consciência por parte dos jovens ou se aquelas mani-
festações não eram apenas fruto do espírito coletivo da juventude, a vontade de se reunir
– qualquer que seja o pretexto. Segundo o texto, a escola não fez uma reflexão sobre essas
manifestações.
c) O aluno pode responder, por exemplo, que, além do trabalho de aconselhamento dos edu-
candos – que é inerente à função em qualquer época –, o orientador educacional precisa
acompanhar as discussões atuais, sobre Educação Infantil, Educação de Jovens e Adultos,
Educação Indígena, Inclusão e Ensino a Distância.
d) O aluno pode responder, por exemplo, que usaria filmes em DVD. Esses filmes seriam se-
lecionados entre títulos que integrassem várias áreas do conhecimento, apresentando temas
que atravessam as várias áreas.
e) O aluno pode responder que, na atualidade, o orientador educacional, como todos os profis-
sionais da educação, dever ser alguém atento às várias modalidades do ensino e também à
transversalidade dos temas, de modo a atender à integração dos aspectos da educação e às
variadas demandas do mundo contemporâneo.
2.
Período Fato histórico
Implementador (1920-1941) A Revolução de 1930 e o início do Estado
Novo (1937)
Institucional O fim da Segunda Guerra Mundial (1939-
a) Funcional (1942-1950) -1945)
b) Instrumental (1951-1960) A morte do presidente Getúlio Vargas
(1954)
Transformador (1961-1970) O golpe militar de 1964
Disciplinador (1971-1980) Com o sufoco político e cultural, a
juventude foi muito marcada pelo
consumo de drogas
Questionador (1980-1990) A campanha das Diretas Já
Orientador (1990-) Os governos Collor, FHC e Lula
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A orientação educacional e
os valores no desenvolvimento
institucional da escola
Mírian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
[...] a escola democrática não apenas deve estar permanentemente aberta à realidade contextual de seus alunos,
para melhor compreendê-los, para melhor exercer sua atividade docente, mas também disposta a aprender de suas re-
lações com o contexto concreto. Daí, a necessidade de, professando-se democrática, ser realmente humilde para poder
reconhecer-se aprendendo muitas vezes com quem sequer se escolarizou.
Paulo Freire
E
sta aula trata da escola, mas não de uma escola qualquer; a epígrafe de Paulo Freire sobre a es-
cola democrática foi escolhida para salientar desde já que não importa a escola da qual se fala,
pois implicitamente está se falando de valores que são instituídos em sua organização e em sua
dinâmica.
O objetivo desta aula é analisar o papel da orientação educacional no atual contexto da escola,
verificando suas funções e atividades, assim como as expectativas que dela se pode ter, levando-se em
conta suas atribuições perante a legislação que profissionalizou o orientador educacional, as ativida-
des que podem e devem ser desenvolvidas no ambiente escolar, assim como as próprias expectativas
da escola, com seus principais protagonistas: professores, alunos e sociedade. No momento em que
se discute esse papel, identifica-se a questão dos valores como prioritária no processo da orientação;
nesse contexto, sobressai a dimensão da ética, tanto em relação às exigências que a ela são feitas no
mundo atual como à intervenção que dela se espera em termos da escola e da sociedade.
Assim, o fio condutor do presente estudo é a orientação educacional – de um lado com a fun-
damentação devida, e de outro com o seu processo de desenvolvimento na escola, onde a intervenção
ética deve ser analisada, assim como seu desdobramento na e para a sociedade.
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
A vida humana está fundada em valores; estes não são absolutos, nem são
qualidades objetivas das coisas em si. Os valores surgem das atividades sociais
dos indivíduos, na medida em que agem, vivenciando diferentes situações. Assim,
todos os indivíduos e instituições possuem valores.
A escola, sendo também uma instituição, possui determinados valores que
elege e são descritos em seus regulamentos ou regimentos, e convive e interfere
nos valores de seus alunos, oriundos de diferentes contextos sociais. Deve-se ter
em mente que os valores acompanham a história, o tempo em que foram criados
e escolhidos e, portanto, podem mudar com o tempo.
A Ciência busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo
as relações universais e necessárias entre os fenômenos, tornando-se assim indis-
pensável a todas as pessoas, e também à orientação educacional. Os indivíduos
devem ter acesso à Ciência, na medida em que ela utiliza métodos rigorosos para
atingir o conhecimento sistemático, preciso e objetivo. A orientação busca ajudar
o aluno no seu processo de autorrealização, e a investigação da natureza pela
Ciência contribui para esse processo.
Como se disse, são pontos básicos da Educação, objetos fundamentais da
orientação, os valores, e dentre eles destacam-se dois extremamente importantes
para a formação do sujeito: liberdade e autonomia. A liberdade se define nas ações
do indivíduo; para Paulo Freire (1974), ela se apresenta na práxis, na medida em
que se baseia no saber-fazer. Matéria primordial para a orientação, esse saber-
-fazer envolve os aspectos da escolha, da decisão, do exercício da vontade para o
estabelecimento das condições de inserção do homem no mundo.
Da dialética entre liberdade e necessidade nascem os valores que guiarão a
conduta do ser humano: o encontro das possibilidades e necessidades individuais
com as oportunidades e realidades sociais constitui a base da inserção do homem
em seu meio. Nessa nuclearização, na qual se trabalha com o homem real e con-
creto, a Educação delineia suas finalidades e a orientação educacional acompanha
o desenvolvimento do aluno para a consecução desses objetivos. A autonomia, por
sua vez, é adquirida na medida em que se assumem responsabilidades e atitudes.
A orientação, enquanto atividade relacionada à Educação, trabalha com ca-
tegorias pedagógicas no que diz respeito a suas finalidades e objetivos gerais.
Portanto, há especificidades da orientação educacional que estão voltadas para o
aluno em seu processo pedagógico. Assim, elegem-se aqui três campos com os
quais a orientação trabalha e nos quais essas relações são evidenciadas. São eles:
a dúvida, a escolha e o autoconhecimento.
A dúvida é um ato de liberdade e de responsabilidade, pelo qual o indivíduo
retoma a situação na qual vive, tornando-se sujeito da mesma. A dúvida causa o
rompimento com o que existe, retirando a pessoa de uma posição passiva e sub-
missa, para ir em busca de outra resposta. A dúvida envolve uma atitude existen-
cial em que se deve tomar determinadas atitudes e posições; frente a uma situação
nova, ela inspira certo medo no indivíduo, pois é preciso se desfazer do conhecido
e assumir outra posição nesse contexto.
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
Gadotti (1991, p. 17) diz que a dúvida: “[...] opera-se a passagem à consci-
ência crítica ou simplesmente à consciência que significa o que eu renuncio a me
submeter ao julgamento de outrem, a toda autoridade exterior qualquer que seja
o seu valor.”
Com a dúvida instalada, podem surgir outros elementos dentro do indivíduo,
como a angústia e o conflito. Gadotti (1991) diz que a dúvida opera uma ação liber-
tadora em diferentes níveis, como a própria existência e o distanciamento para se
perceber a situação na qual se está envolvido. Assim, a orientação ajuda o aluno a
refletir sobre seus valores no momento em que a dúvida e a angústia surgem.
A dúvida também remete à questão do indivíduo e do coletivo: até que ponto
determinada escolha é feita com o referencial individual, ou é realizada a partir
de uma referência coletiva? A orientação ajuda o aluno a “pensar sua dúvida”,
fornecendo maior esclarecimento sobre os valores que incidem nos seus interesses
e motivações.
Essa questão (a dúvida) é da área da orientação educacional, mas também
da Filosofia da Educação. Ela deve ser trabalhada junto ao aluno não apenas como
reflexão filosófica mas também como reflexão voltada para a prática, no confronto
com a realidade. Por certo, nessa situação complexa, as questões éticas se fazem
presentes.
Outra questão sobre a qual a orientação se debruça no processo de auxílio
ao aluno diz respeito à escolha que ele deve fazer ao longo de sua vida escolar e
pessoal. Uma escolha irrefletida é uma escolha automatizada e condicionada; uma
escolha com reflexão leva o indivíduo a pensar no seu processo decisório. Como
o saber não é neutro, como a ciência não é neutra, não há também uma escolha
neutra. Ela é revestida de um caráter ideológico que envolve as situações em jogo.
Se se entender por ideologia a ligação entre o conhecimento e o interesse, entre
o pensamento e suas origens, verifica-se que toda escolha é também ideológica,
na medida em que estão em jogo questões relacionadas a aspectos econômicos,
políticos e sociais. O ato de escolher é um ato da pessoa humana, mas inúmeras
variáveis estão associadas a esse ato.
A orientação educacional discute com os alunos o que representa a escolha,
e como ela ocorre sob o ponto de vista individual e social. Mais uma vez, nesse
contexto a questão da ética está subjacente no momento da escolha; a decisão
implica a ideia de liberdade para decidir, e esse conceito é muito trabalhado pela
orientação, principalmente no campo da orientação vocacional.
Outra questão que a orientação trabalha junto ao aluno relaciona-se ao
autoconhecimento, o que remete à questão da identidade do eu e ao próprio desen-
volvimento da moral.
O conceito de identidade do eu não tem um sentido apenas descritivo, mas
envolve a complexidade desse eu relacionado à realização no meio social. Para
compreender essa identidade, a orientação deve buscar os conhecimentos neces-
sários nas Ciências, nas diversas abordagens que estudam essa questão, como a
Psicologia Analítica do eu, de Erickson, a Psicologia Cognoscitiva do Desenvol-
vimento, de Piaget, e a Teoria da Ação, definida pelo interacionismo simbólico de
Mead e Goffman.
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
dos valores provém da fonte da qual eles se originam e, assim, torna-se evidente a
relação entre cultura e ética.
A cultura determina os valores que a sociedade elege para seus processos
de desenvolvimento e de mudança; ocorre que a sociedade não é estática, pois é
formada de indivíduos, que nela vivem e convivem, fazendo e vivendo a cultura
de sua época. Da mesma forma, encontra-se na Educação a escolha de valores que
estabelecem a dinâmica da escola.
Apresenta-se a seguir uma síntese representativa desta aula, mostrando que
a cada momento e em cada lugar são vivenciados os valores escolhidos. Ao se
pensar em uma escola, sabe-se que ela possui uma representação na sociedade,
que possui valores, metas e princípios a cumprir, e que possui uma complexidade
específica, entre outros fatores. O trabalho da orientação não é apenas identificar
esses dados, mas torná-los dinâmicos em suas propostas e em seus objetivos.
Projetos
Conclusão
O que se pretendeu nesta aula foi mostrar a estreita ligação daquelas áreas
de conhecimento para o trabalho da orientação educacional, uma vez que esta au-
xilia o aluno em seu processo de desenvolvimento, favorecendo-o na construção
de conhecimentos e na conscientização de seus sentimentos, de forma a torná-lo
um cidadão crítico. A orientação visa a colaborar com o aluno enquanto pessoa,
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
enquanto um ser que pensa, age, constrói, emociona-se e busca uma sociedade
mais justa, igualitária e humana.
A orientação deve colaborar para uma Pedagogia da instigação, da inquieta-
ção, e não para uma Pedagogia da resignação, da acomodação. É preciso formar
pessoas sensíveis, com conhecimento, que sejam capazes de buscar transforma-
ções, adequando-as à realidade e fazendo com que os outros indivíduos também
mudem, para ter uma melhor qualidade de vida. A orientação deve oportunizar a
expressão perante os valores, discutindo e refletindo sobre a violência, as drogas,
as questões de inclusão social, o desemprego, o meio ambiente etc.
1. Escolha três valores importantes e escreva sobre eles. Depois, mostre como, na sua opinião, o
orientador educacional pode desempenhar bem esse papel em prol do desenvolvimento institu-
cional da escola.
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
2. Pesquise a letra da música “Miséria”, da banda Titãs, e assinale qual seriam, hoje, os valores que
estão inseridos na dimensão do que podemos chamar de miséria.
Uma dica para verificar o papel da escola frente às informações veiculadas na mídia é assistir
algum programa de televisão – um capítulo de novela, por exemplo – e assinalar quais valores
estavam sendo transmitidos por aquele programa.
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A orientação educacional e os valores no desenvolvimento institucional da escola
1. O aluno pode escolher falar de valores como convivência, liberdade e autonomia. A convivên-
cia é a maneira como o indivíduo se relaciona com os demais. A boa convivência, a convivência
harmoniosa, promove o desenvolvimento das pessoas, traz crescimento para todos.
No seu trabalho de aconselhamento aos educandos, o orientador discute com esses alunos as
suas escolhas, o que envolve os valores. Trabalhando com os educandos, o orientador está tra-
balhando com os valore da instituição escolar, com a cultura, e desse modo ele muito contribui
para o desenvolvimento institucional da escola a que está ligado.
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Ação da orientação
educacional e a
dinâmica do cotidiano
escolar
Mírian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente.
No mundo da História, da cultura, da política, constato não para
me adaptar, mas para mudar.
Paulo Freire
E sta aula faz uma reflexão sobre as relações de dependência que existem entre a orientação e o
cotidiano escolar, além de apresentar a formação da cidadania.
O compromisso da Educação, revestido de seus objetivos e finalidades, relaciona-se direta-
mente com outras instituições e com o meio social e cultural. O desenvolvimento pedagógico que
ela produz está relacionado ao desenvolvimento socioeconômico do contexto em que ela se realiza.
Pensar e agir sobre Educação extrapola os “limites físicos” de uma sala de aula e há, portanto, um
compromisso para além dos muros da escola. O cotidiano escolar, por sua organização e processo,
tem um significado maior do que aquele que envolve as questões meramente técnico-metodológicas.
Desse modo, a formação do aluno não se restringe a essas questões, pois traz uma dimensão ampla
da própria formação do cidadão. A ideia de um cotidiano escolar teórica e metodologicamente pla-
nejado vai dando lugar à ideia de um espaço amplo de cotidiano, reflexo de um mundo complexo,
dialetizado pelas diferentes injunções que marcam o contexto atual.
Vive-se um momento repleto de complexidades e até uma certa perplexidade. Retomando a
ideia do cotidiano escolar e do que ele representa na formação do sujeito, estamos perante um renas-
cimento de ideias, nos diversos campos sociais e institucionais. Mais do que nunca, é formada – ou
deveria ser formada – uma geração capaz de absorver uma razão crítica respaldada em conhecimen-
tos que envolvem essa formação, e não somente conhecimentos específicos oriundos do elenco das
disciplinas. Essa formação não visa apenas propiciar ao aluno os conhecimentos básicos e indis-
pensáveis no processo de ensino e aprendizagem, mas, também, formar um cidadão crítico, cons-
ciente e participativo do seu tempo e de sua história. Assim, o cotidiano escolar deixa de ser apenas
uma atividade decorrente da escola e voltada para a sociedade para assumir a responsabilidade com
essa própria sociedade (incluindo a escola), estendendo esse compromisso a seu povo e o seu país.
Deve haver um equilíbrio entre a efetividade dos conhecimentos a serem transmitidos na escola e as
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
Cotidiano escolar
Entende-se por cotidiano escolar a “vida cotidiana na escola”. Para Heller
(1998), a vida cotidiana é a vida de todo homem, ou seja, ele participa da vida
cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade e de sua personalidade.
Todos os seus sentidos se fazem presentes bem como todas as suas capacidades
intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, suas paixões, suas
ideias e suas ideologias. Heller, analisando a questão da vida cotidiana, mostra
que ela está carregada de alternativas e escolhas; por outro lado, sua característica
dominante é a espontaneidade.
O cotidiano escolar entrelaça-se com a história e revela como, por que, com
quem e para quem a escola existe. O cotidiano explicita o entendimento da escola
como espaço de transmissão/apropriação do conhecimento organizado e as fina-
lidades dessa conjugação de esforços. Para entender esse conceito, é necessário
analisá-lo à luz dos acontecimentos históricos, políticos e sociais que se traduzem
em alguns dogmatismos de ideias, costumes e normas dentro da escola. O funcio-
namento da escola mostra apenas o aspecto funcional da instituição e dificilmente
considera a transformação que se pretende alcançar, seja em termos sociais ou
pessoais. Há mais uma sujeição a regras preestabelecidas de instâncias superiores
à escola, para organizá-la dentro das exigências legais e formais, do que um es-
tímulo à formação do sujeito crítico que deve saber se posicionar frente a essas e
outras exigências.
O conceito de totalidade, tão abordado nos recentes paradigmas educacio-
nais, é mais encontrado em seus aspectos administrativos e burocráticos do coti-
diano escolar do que no sentido amplo e pedagógico de que o mesmo se reveste na
formação do indivíduo. Com isso, deve-se repensar o cotidiano escolar no enfoque
dos tempos atuais, marcado pela modernidade e por novas tecnologias que apon-
tam para a formação de um novo homem.
O cotidiano escolar, de modo geral, tem a dimensão macrossocial caracteri-
zada pela concepção do que representa a escola na sociedade, em especial no cum-
primento do papel que dela se espera: transmitir conhecimento. Há uma pequena
discussão no que diz respeito à dimensão microssocial do cotidiano escolar, em
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
termos do que fazer e das estratégias que devem ser desenvolvidas para que se
efetive na prática a desejada autonomia do indivíduo em seu próprio contexto.
Sonia Penin (1997) afirma que o conhecimento do cotidiano escolar é neces-
sário por duas razões. Primeiro porque é possível conquistá-lo e planejar ações que
permitem transformá-lo, assim como lutar por mudanças institucionais no sentido
desejado. Segundo porque pode fornecer informações para gestões institucionais
democráticas que queiram tomar medidas adequadas para facilitar o trabalho no
nível cotidiano das escolas, melhorando a qualidade do ensino que ela realiza.
Lefebvre (1992) apresenta conceituações diferenciadas de vida cotidiana,
cotidiano e cotidianidade. A vida cotidiana não se reduz ao conhecimento de si-
tuações circunscritas ao nível da realidade; há uma espécie de “globalização” de
vários níveis que compõem a realidade. Para ele (1992, p. 7), “é na vida cotidiana
e a partir dela que se cumprem as verdadeiras criações, aquelas que produzem os
homens no curso de sua humanização: as obras”.
Na mesma obra, o autor analisa a cotidianidade a partir de fatores de homo-
geneidade, fragmentação e hierarquização do cotidiano. Observa-se entre os fa-
tores homogeneizantes a questão das representações; nos fatores de fragmentação,
o contraste entre os momentos fortes do cotidiano – a que se refere como sagrados
– e os momentos fracos desse mesmo cotidiano; nos fatores de hierarquização, são
focalizados pontos como a questão da hierarquia do saber, diferenciando o funda-
mental do essencial e do particular.
Portanto, pesquisar o cotidiano de uma escola é pesquisar uma “determi-
nada obra” que, embora pertença a uma instituição, é construída por diferentes
protagonistas e diferentes funções que mantêm ou transformam essa obra. O que
permanece é a ideia de que a vida cotidiana está impregnada de valores, ritos e
mitos que regem o seu desenrolar. A esse desenvolvimento dá-se o nome de co-
tidianidade, que é o que prevalece naquela vida, tornando-a repetitiva em suas
ações e detalhes. O cotidiano representa o que está programado para se efetivar no
interior de sua realidade, nesse caso, a escola. Ao projetar uma escola com deter-
minados objetivos e metas, o cotidiano revela os pontos principais desse projeto,
ou dessa ação.
Em um exercício de análise, percebe-se que esses três momentos, embora
distintos, implicitamente são conjugados na prática. A vida cotidiana representa
para a escola a totalidade das ações e dos significados que ela ou os seus agentes
produzem. A cotidianidade é o conhecimento das características e das manipula-
ções da escola por meio das representações dos sujeitos cotidianos. O cotidiano
– foco central da linha de pesquisa – constitui-se na essência do ato pedagógico,
cujas tendências correspondem a uma determinada Filosofia de Educação e, por
outro lado, respondem às questões metodológicas que a configuram no cenário
educacional. Nessa análise, caracterizam-se também os enfoques que dimensio-
nam esses momentos: na vida cotidiana, a tendência filosófica; na cotidianidade, a
tendência psicossocial; e no cotidiano, a tendência pedagógica. O cotidiano esco-
lar é a junção e a integração dessas dimensões e tendências.
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
Cidadania
A cidadania é uma categoria implícita no cotidiano da vida e extremamente
significativa para a orientação educacional. Para refletir sobre esse conceito, é
necessário reportar-se a seu significado dentro da própria concepção de Estado e
do sentido que é emprestado ao termo educação. Ao longo da história, notam-se
concepções diferenciadas de cidadão, tomando como base aqueles significados.
A partir do pensamento e das ideias expostas por Patrice Canivez (1991),
a cidadania define a pertença a um Estado. Para esse autor, a cidadania, e sobre-
tudo o acesso a ela, depende da adesão a uma maneira de viver, de pensar ou de
crer. Ele evidencia alguns pontos principais na Educação do cidadão, como o do
papel da escola na questão da disciplina e da organização escolar, da Educação
social, da solidariedade das funções sociais e a questão dos direitos humanos, da
política e da cultura. Aborda também a questão da democracia na formação do
cidadão, uma vez que Educação e democracia são processos interligados e com-
plementares como ação humana. Para chegar à tão desejada Educação, entendi-
da como formadora da cidadania e da pessoa livre e consciente, a democracia é
o caminho básico e indispensável.
O importante na cidadania, em uma visão democrática, é discutir as questões
políticas, éticas, epistemológicas e metodológicas da Educação em uma prática
convertida ao projeto político pedagógico. Por não ser uma tarefa fácil, constitui-se
um desafio permanente, em especial, na luta pela construção de uma sociedade
democrática.
Outro fator significativo nessa busca refere-se à formação do sujeito con-
temporâneo, marcado por inúmeros acontecimentos históricos que se transfor-
mam em diferentes realidades. A busca da qualidade nos diferentes setores da
sociedade – e a Educação não está fora desse cenário –, a busca da globalização no
competitivo mercado internacional, a busca do acompanhamento e do desenvol-
vimento científico e tecnológico com as devidas ações do mundo contemporâneo,
dentre outras buscas, faz com que a formação do cidadão, hoje, seja extremamente
complexa e desafiadora.
A vida cotidiana é vivida mesclando os momentos de modernidade – ou de
pós-modernidade – com valores conservadores e tradicionais, como uma educa-
ção castradora e voltada para o conhecimento e o positivismo das ideias científi-
cas. A formação do cidadão requer ousadia e esperança para construir relações
sociais desejáveis que caracterizam uma cidadania efetiva.
A cidadania que se almeja é a que busca a justiça, o respeito às diferenças
individuais, e que garanta o acesso aos bens sociais, à participação democrática,
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
O que se pretende não é um novo fazer para a Educação, mas, sim, procurar
entender e relacionar esse novo com a formação de um cidadão crítico e consciente.
Além dos aspectos enfatizados anteriormente, alguns pontos são necessá-
rios na continuidade dessa reflexão. O início do texto mostrou a estreita relação da
área do cotidiano escolar com a formação da cidadania. Esses são pontos signifi-
cativos para a orientação educacional, que deve trabalhar com tais aspectos para
análise e desenvolvimento nas escolas, como os descritos a seguir.
Face às mudanças ocorridas no cotidiano, três dimensões éticas são bási-
cas para a formação desse cidadão: a liberdade, os direitos humanos em
toda sua plenitude e realização e a responsabilidade, como analisada por
Karl Otto Appel (1998), que fala de uma responsabilidade solidária, rela-
cionando os fatos da intersubjetividade dos argumentos do cotidiano, di-
retamente condicionados à noção de objetividade no campo das ciências
formais lógico-matemáticas, ou das ciências reais empírico-analíticas.
Em outras palavras, onde está a responsabilidade da Educação: nas lógi-
cas formais ou na intersubjetividade do cotidiano?
Nos tempos atuais, em que a mídia exerce enorme influência na formação
do cidadão, a partir dos valores que ela veicula, explícita ou implicita-
mente, o currículo deve ser preparado e planejado levando em conta essa
interferência, pelo menos para que ela possa ser refletida e analisada em
diferentes aulas/disciplinas sobre a temática que ela engloba, de diferentes
formas, em diferentes momentos. Nesse sentido, o cotidiano escolar tem
que ser cúmplice da modernidade e não um alienado da transformação
ou, em outras palavras, não podemos e não devemos desconsiderar esse
cotidiano, do qual a mídia faz parte, nem sempre de forma direta, mas na
sua maioria de forma indireta, para que ele não ocorra voltado apenas para
as disciplinas e conteúdos, mas para todo o saber e conhecimento dispo-
nível em todos os meios de comunicação. Trabalhando par a par com e
na modernidade, o currículo deve se predispor sempre a ser um agente de
mudança, um aliado da transformação.
Os eixos propostos para a dimensão do cotidiano escolar dizem respeito à
organização do currículo que a escola estrutura, de modo a garantir os objetivos
propostos, tendo o trabalho e a pesquisa como dois elementos básicos em seu de-
senvolvimento; ao conhecimento da realidade, no qual atuam os protagonistas da
Educação e a formação do sujeito será realizada em diferentes níveis e momentos;
à interdisciplinaridade, que deve existir entre os saberes produzidos na e pela
escola, para que ela atinja suas reais finalidades.
O cotidiano escolar faz parte da formação da cidadania, não só em termos
da subjetividade do indivíduo como também da construção coletiva do cidadão.
Este não se forma distante de sua própria realidade, de seu contexto e de seu coti-
diano, mas atua, interfere, participa e transforma essa realidade.
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
A ação do orientador no
projeto político pedagógico
A orientação educacional colabora no projeto político pedagógico da escola
para que as vivências dos indivíduos caminhem no sentido da consciência refle-
xiva. Portanto, não significa mostrar ao aluno o que é certo ou errado, se o seu
desempenho é bom ou ruim: o importante é levá-lo a pensar, refletir e analisar
o significado e a prática desses valores, sejam próprios ou relativos à escola, à
família, à sociedade ou ao mundo em geral. Se a dimensão da pós-modernidade
é exatamente o fim das certezas assinaladas durante a modernidade, há que se
pensar nesse aluno e em seu contexto, pois o cotidiano do educando terá reflexos
importantes, valorizando emoções, valores, afetos e sentimentos.
A professora Vera Placco (1994, p. 30) diz que:
O orientador educacional, um dos educadores da escola, deverá participar de uma ação
educacional coletiva assessorando o corpo docente no desencadeamento de um processo
em que a sincronicidade é desvelada, torna-se consciente, autônoma e direcionada para
um compromisso com uma ação pedagógica competente e significativa para os objetivos
propostos no projeto pedagógico da escola.
A partir dessa definição, deve-se tomar dois pontos básicos: a noção de su-
1 A educação tem a sua
origem nos verbos latinos jeito em seu sentido amplo e os campos de abrangência que essa noção envolve,
educāre e educĕre. Educāre
expressa os sentidos de ali-
tanto no sentido psíquico como no sentido social.
mentar, amamentar, criar, re-
presentando algo que se dá ou Para que a noção de subjetividade seja alcançada, devem ser buscados novos
proporciona para alguém. Já
educĕre representa a ideia de paradigmas na Educação que possibilitem entender a complexidade que se vive nes-
conduzir para fora, fazer sair,
tirar de, representando um
se momento, do ato de educar – tanto no sentido de educare, como no de educere1.
ato de desenvolver de dentro
para fora algo que o indiví- Desse modo, não se dá ênfase à disputa entre cientificismo, objetividade e
duo já traz dentro de si, libe-
rando as suas forças latentes, conhecimento, ou à questão da afetividade, da emotividade e da subjetividade,
que vêm à tona por meio dos
estímulos recebidos. mas, sim, ao trabalho que favorece as partes de um todo, como uma orquestra, em
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
que a orientação pode ser chamada para ajudar os seus membros: a beleza do som,
a sincronia do conjunto, depende de todas as partes.
A ação do orientador educacional se faz necessária na medida em que ele
trabalha como mediador e articulador entre os alunos e os professores, procurando
atuar em quatro campos específicos, conforme a seguir.
Reflexão/pensamento – ajuda o aluno a pensar, a refletir sobre todo e
qualquer assunto por meio de técnicas específicas.
Argumentação – oferece a possibilidade para que o aluno fale, argu-
mente sobre sua fala no sentido menos casual e mais pontual, isto é, não
se expõe apenas o ocorrido, mas justifica-se, posiciona-se, esclarecendo
e defendendo seu ponto de vista. Nesse sentido, a orientação concede um
espaço para que o aluno desenvolva sua argumentação, procurando veri-
ficar até que ponto sua lógica condiz com a realidade, ou se a realidade é
apenas uma posição de sua lógica.
Relação – proporciona a vivência do sujeito em suas relações, em espe-
cial nas relações interpessoais, de uma forma não dogmática – por serem
colegas de uma turma, de série ou de escola –, mas pelas possibilidades
que essas relações abrem para desenvolver o conhecimento do outro.
Criatividade – estimula, incentiva e propicia condições para os alunos
criarem – dentro de suas possibilidades ou atendendo a estímulos –, for-
necendo meios para vencer desafios e para a conquista de seus objetivos
e ideais. A criatividade está em mostrar aos alunos as estratégias de que
precisam lançar mão para alcançar seus objetivos na vida.
Esse é o cenário da orientação no contexto atual: ele se aprofunda nas ques-
tões do dia a dia, ao colaborar com o aluno e em especial com a escola, para com-
preender o momento, mas não se detêm na casualidade desse momento, buscando
compreendê-lo à luz das implicações que estruturam esse contexto.
1. No cotidiano de uma escola faz-se uso de diferentes tipos de linguagem. Que linguagens seriam
essas? Descreva uma dessas formas encontradas no cotidiano.
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
3. O texto da aula propõe um trabalho para além dos muros da escola. Como você vê esse tipo de
trabalho? De que maneira ele pode ser realizado?
4. Pesquise a linguagem utilizada pelos jovens na internet – o internetês. Reflita e discuta, poste-
riormente, se essa linguagem prejudica ou não a nossa língua erudita.
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Ação da orientação educacional e a dinâmica do cotidiano escolar
3. O trabalho para além dos muros da escola tem a ver justamente com a formação do cidadão,
que é feita no cotidiano. Assim, é preciso que os profissionais da escola estejam comprometidos
com os educandos, que tenham uma ligação com a comunidade, que estejam presentes para
além dos aspectos técnicos do seu trabalho.
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Desafio do currículo e
do cotidiano escolar
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira*
Mírian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
O currículo tem significados que vão muito além daqueles aos quais as teorias tradicio-
nais nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação de poder. O
currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum
vitae: no currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso, documento.
O currículo é documento de identidade.
E
sta aula considera um dos desafios mais significativos que o orientador edu-
cacional enfrenta no dia a dia de seu trabalho: a construção do currículo.
Todavia, antes de se falar da atuação desse profissional, conceitua-se o termo
currículo, cuja polissemia é notória.
Um conceito clássico é apresentado por Zabalza (1992, p. 12):
É o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se desejam alcançar e dos passos
que se dão para as alcançar; é o conjunto dos conhecimentos, habilidades, atitudes etc.,
que são considerados importantes para serem trabalhados na escola, ano após ano. E, su-
postamente, é a razão de cada uma dessas opções.
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
Mais adiante, Pacheco (1996, p. 18) apresenta a seguinte definição: “[...] cur-
rículo corresponde a um conjunto de intenções, situadas no continuum que vai
da máxima generalidade à máxima concretização, traduzidas por uma relação de
comunicação que veicula significados social e historicamente válidos.”
Por fim, o autor acaba por traduzir a realidade curricular por meio dos ter-
mos projecto, interacção e práxis (PACHECO, 1996, p. 20).
No final dos anos 1940, Tyler (1949) definiu as quatro questões básicas que
qualquer currículo deveria responder.
Que objetivos educacionais a escola deve atingir?
Como selecionar as experiências de aprendizagem úteis para alcançar
esses objetivos?
Como organizar as experiências de aprendizagem para uma instrução
eficaz?
Como ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcançados?
Ao compreender o currículo como processo, Sacristán (1998) destaca as
cinco instâncias que seguem.
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
Como diz o autor (2006, p. 5), isso implica a busca de “condições objetivas
para que a escola reinvente seus espaços na perspectiva pedagógica”.
Dessa forma, o currículo assume uma das dimensões descritas por Bento
(2001, p. 146-147):
fator de controle social, político, cultural ou religioso dos poderes insta-
lados e hegemônicos;
medida de legitimação compensatória, tendo a escola como “redentora”
de desigualdades sociais;
oportunidade emancipatória, apontando para a construção da ideia de
cidadania plena.
O esquema a seguir mostra trabalhos que contribuíram para a reconceitua-
ção do termo currículo.
Estudos atuais sobre currículo
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
realizar pesquisas junto aos alunos, para traçar o perfil daqueles que es-
tão matriculados, em termos de escolaridade, de moradia, de atividades
que realizam fora da escola, de trabalho (formal ou informal) etc., com o
objetivo de socializar as informações junto aos demais professores;
coordenar atividades que possibilitem ao aluno o desenvolvimento de
ações e manifestações que ultrapassem a aquisição do saber apreendido
em sala de aula;
realizar atividades que promovam a troca de experiências entre a escola
e a família, realizando um trabalho conjunto e contínuo em termos dos
objetivos pretendidos pela Educação;
realizar um levantamento na comunidade para que se possa promover
atividades que contribuam para o entrosamento com a mesma, possibili-
tando a efetivação de atividades além dos muros da escola;
discutir, analisar e refletir com os alunos sobre os problemas, os desafios
e os conflitos que eles encontram na escola, tanto no sentido de sua orga-
nização e dinâmica como no sentido de seus interesses, suas expectativas
e necessidades;
discutir com os alunos as dificuldades apresentadas no processo de en-
sino e aprendizagem, levantando estratégias para superá-las por meio de
grupos de estudo;
verificar junto aos alunos quais saberes eles gostariam que fossem anali-
sados e refletidos na escola, promovendo encontros que atendam a essas
necessidades;
incentivar e promover, junto com os professores, projetos que possibili-
tem trabalhar as potencialidades dos alunos em todas as suas manifesta-
ções;
formar grupos com os alunos para desenvolver as qualidades do trabalho
e do espírito de equipe, inserindo questões relativas à liderança e à com-
petitividade;
desenvolver projetos que possibilitem ajudar na formação da cidadania e
no exercício da construção da subjetividade;
trabalhar junto à equipe escolar em todos os momentos, informando, co-
laborando e articulando todas as funções desenvolvidas na escola;
conhecer os problemas que afetam o aluno em seu desempenho, não em
termos de aluno-problema, mas para – no que for possível – ajudá-lo a
vivenciar os seus próprios problemas;
apresentar e desenvolver na escola – junto a professores e alunos – pro-
jetos que integrem a arte e a cultura, como cinema, teatro, exposições
etc.;
oferecer no currículo discussões e análises que privilegiem a questão dos
valores e seus significados no contexto atual.
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
Integração dos
saberes com os
fazeres dos alunos.
1. Identifique os pontos que devem ser analisados durante a implantação de um currículo, levando
em consideração os indicadores a seguir.
a) Disciplinas que serão oferecidas.
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
b) Procedimentos de avaliação.
2. Escreva um pequeno texto caracterizando uma atividade ligada ao currículo, uma ação especí-
fica da supervisão e da orientação educacional. Por exemplo: um projeto de incentivo à leitura,
de novos talentos etc.
3. Algumas escolas possuem no seu currículo disciplinas e/ou atividades em período integral.
Qual a sua opinião sobre essa proposta? Justifique sua resposta e aponte os principais pontos
para sua operacionalização nas escolas.
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
4. Para conhecer a realidade do cotidiano escolar na sua região, faça duas investigações:
a) Analise o currículo de uma escola considerada entre as melhores da rede pública ou privada
e verifique o que ela enfatiza em seu currículo.
b) Pesquise o currículo de, no mínimo, duas escolas e verifique se estas possuem, explicitamen-
te, atividades relacionadas à ação supervisora e orientadora.
Faça um texto para cada pesquisa e, posteriormente, discuta em grupo os resultados obtidos.
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Desafio do currículo e do cotidiano escolar
1.
a) Por um lado, verificando condições legais e institucionais e por outro, verificando “junto aos
alunos quais saberes eles gostariam que fossem analisados e refletidos na escola”.
b) Conforme o texto da aula, “discutir com os alunos as dificuldades apresentadas no processo
de ensino e aprendizagem, levantando estratégias para superá-las”.
2. Aqui a resposta é eminentemente pessoal, com o aluno escrevendo a partir da sua realidade
cotidiana.
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O sistema de avaliação,
suas modalidades e
complexidades
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Mírian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
Quanto vale o homem?
Menos, mais que o peso?
Hoje, mais que o ontem?
Vale menos, velho?
Vale menos, morto?
Só o valor do homem
É medida de homem.
E
sta aula inicia-se com um trecho do poema “Especulações em torno da palavra homem”, de um
dos maiores poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade. A leitura cuidadosa desse verso
conduz à reflexão sobre a avaliação, o ato de atribuir conceitos a objetos ou fatos a partir de
critérios estabelecidos.
A primeira característica dessa área – determinada pelos estudiosos – reside na diferença entre
medir e avaliar. Segundo Popham (1983), o processo de avaliação inclui a medida, mas vai além dela:
a medida diz o quanto o aluno possui de determinada habilidade, enquanto a avaliação informa o va-
lor dessa habilidade. A medida descreve os fenômenos com dados quantitativos e a avaliação descreve
esses fenômenos e os interpreta, também utilizando dados qualitativos.
Assim, relaciona-se avaliação e medida conforme a seguir:
Avaliação
(GRONLUND,
1976)
Hoffman (2006, p. 13) diz que a avaliação é um “fenômeno indefinido”, pois tantas serão as
definições obtidas quantos forem os indivíduos consultados – e nenhuma dessas definições é “neu-
tra”. No que se refere à avaliação educacional, os conceitos ganham “cores”, ou “matizes teóricas e
ideológicas”, influenciadas pela tendência pedagógica que a define.
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
Como
avaliar?
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
Por fim, o conceito apresentado por Haydt (1988, p. 10): “Avaliar é julgar ou
fazer uma apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo como base uma escala de
valores [ou] interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter um parecer
ou julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios.”
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
Etapas Procedimentos
1.ª Definir o propósito ou objetivo da atividade avaliativa.
3.ª Escolher a estratégia (atividade por meio da qual a avaliação será realizada).
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
A ação do orientador
escolar no processo de avaliação
Observa-se que a ação do orientador se aproxima muito da ação do su-
pervisor no que diz respeito à análise e à discussão da avaliação – dada a sua
importância no processo de ensino e aprendizagem –, tanto em termos de sua
proposta quanto nas representações que ela produz nos setores e nas pessoas
que são avaliadas.
No contexto educacional, a avaliação tem sido objeto de análise e discus-
são, com toda a sua problematização e seus desdobramentos, seja no campo da
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
Logo, a ação do orientador educacional nas escolas deve ocorrer com essa
visão ampla da avaliação. Seu trabalho precisa estar inserido na discussão, na
participação e nos procedimentos que conduzem à melhoria da qualidade da Edu-
cação, pretendida por todos os atores da escola. Essa análise precisa ser realizada
a partir dos objetivos determinados.
A ação do orientador – em especial junto aos professores e aos alunos – deve
ser aquela voltada para a reflexão crítica e aprofundada sobre a questão da ava-
liação, sem deixar de participar de todas as instâncias, critérios e atividades que
envolvem o ato de avaliar.
Para discussão e reflexão com alunos e professores, no que concerne à ava-
liação, a análise da ação orientadora deve pontuar os seguintes aspectos.
É um juízo de valor – portanto, está sempre presa a critérios, normas,
objetivos e significados.
É subjetiva e indireta, enquanto a medição é objetiva e direta (por exem-
plo, um aparelho para medir a pressão). Após a expressão de uma medida,
segue-se uma determinada avaliação. Por exemplo: um aluno tirou nota
sete e foi aprovado no curso, e outro tirou três e foi reprovado – as notas
sete e três representam a medida da aprovação e da reprovação, enquanto
conceitos e categorias representam a avaliação. Na escola, deve-se sempre
observar se não está valorizando-se mais a medida do que a avaliação.
Faz parte do cotidiano, na medida em que se elaboram juízos de valor,
expressam-se opiniões, tomam-se atitudes etc., a partir dos valores pró-
prios ou impostos pelo grupo do qual se faz parte.
A avaliação institucional envolve dados não só da aprendizagem em si,
mas, também, da avaliação dos professores, dos planos, dos programas
de estudo, dos recursos didáticos e dos projetos, em vista dos objetivos
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
Enfim, a orientação educacional deve ter a sua ação voltada para a avaliação
tanto em termos de participação em seus critérios e condições como na reflexão
crítica junto aos alunos e professores, no desenvolvimento de seus objetivos e fi-
nalidades, nas etapas e na análise dos resultados obtidos.
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
1. A avaliação institucional implica a presença de fatores, da escola e na escola, que podem e de-
vem ser avaliados. Relacione alguns desses fatores e os procedimentos que deverão ser tomados
nessa situação.
2. Dentre as práticas de avaliação da aprendizagem, com qual você tem mais afinidade? Justifique
sua resposta.
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
3. Dentre as avaliações a que você já foi submetido na vida escolar, qual foi mais significativa?
Justifique sua resposta.
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
4. A última atividade desta aula é a partir de um texto de Celso Vasconcellos (1993). Ele situa a
avaliação dentro de uma “lógica do absurdo”, falando da prática da mesma, em certas situa-
ções, como uma verdadeira “perversão”. Lista 25 teses, confirmando o que diz, e delas esco-
lhemos três, que se referem diretamente à avaliação da aprendizagem escolar, realizada pelo
professor.
Tese 5 – Tem sua lógica o professor fazer toda uma supervalorização na avaliação quantitativa, pois, caso contrá-
rio, não consegue dominar a classe. O professor deve dar muita nota no começo do ano, senão perde o controle da
turma.
Tese 6 – Tem sua lógica o aluno ir mal no quarto bimestre, tirando só a nota que precisa, pois está interessado em
passar e não em aprender. Trata-se da Síndrome do Quarto Bimestre: “Não quero deixar pontos para a secreta-
ria...
Tese 7 – Tem sua lógica o professor só valorizar a resposta certa, pois, na sociedade, é isso que importa. O professor
respeitado por pais, alunos e direção, o bom professor, não é aquele que dá boa aula, mas aquele que é “durão”...
Depois de ler essas três teses, procure lembrar se você teve professores que se aproximam
desses tipos e reflita se você não os reproduz.
1. Entre os fatores para a avaliação institucional, podemos mencionar estruturas, processos, fluxos
e resultados: missão da instituição, qualidade do ensino, relações externas da escola, qualifi-
cação dos professores e da equipe técnico-administrativa, perfil dos educandos, estrutura orga-
nizacional, controle da inserção social e empregatícia dos egressos. Os procedimentos para se
operacionalizar esses fatores devem incluir visão crítica, metodologia definida democratica-
mente.
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O sistema de avaliação, suas modalidades e complexidades
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Intervenção no processo
de ensino e aprendizagem
e no clima institucional
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Mírian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
Ser utópico não é apenas ser idealista ou pouco prático, mas também efetuar a denúncia e a anunciação. Por
isso, o caráter utópico de nossa teoria e prática educativa é tão permanente como a educação em si que para nós é uma
ação cultural. [...] No entanto, conforme uma visão utópica, a esperança não quer dizer cruzar os braços e esperar. A
esperança só é possível quando cheios de esperança procuramos alcançar o futuro anunciado que nasce do marco da
denúncia por meio da ação reflexiva... a esperança utópica é um compromisso cheio de riscos.
Paulo Freire
A
discussão desse processo engloba fatos relacionados aos termos ensinar e aprender, conside-
rando todos os elementos de quem ensina e de quem aprende, além das características especí-
ficas do aluno em se tratando de tempo, idade, escolaridade etc. Neste tópico, faz-se referência
aos diferentes procedimentos que o professor utiliza, seja em relação às metodologias e seus desdo-
bramentos, seja em termos da avaliação que deverá ser apresentada aos alunos. No processo de ensino
e aprendizagem, lida-se com os componentes da Psicologia, da Pedagogia e da Didática, enquanto são
utilizados recursos que possibilitam e favorecem a aprendizagem.
Toda a gama de recursos está inserida nesse tópico, pois o processo de ensino e aprendizagem
não diz respeito somente a seus atores principais mas também às formas e procedimentos para se
alcançar os objetivos pretendidos pelos professores e pela escola. Por exemplo, quando se escolhe al-
fabetizar em uma proposta construtivista é preciso considerar, além do procedimento em si, os meios
para se alcançar a finalidade pretendida, deixando ficar claro o porquê dessa escolha e que objetivos
se pretende alcançar. Não basta escolher o método e utilizá-lo: inicialmente deve-se aprender sobre
esse método.
Esta aula utiliza uma abordagem diferenciada, levando em consideração que a escola possui um
orientador que, juntamente com os demais professores, age na busca de melhores resultados para os
alunos. Nesse sentido, focalizam-se três pontos desse tópico, com uma direção para os orientadores e
supervisores, sem olhar somente para uma especificidade do processo de ensino e aprendizagem.
Princípios norteadores
Os orientadores devem pensar no processo de ensino e aprendizagem a partir de sua estrutura,
de sua dinâmica e de seus objetivos; dessa forma, os princípios norteadores desse processo são des-
critos a seguir.
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Intervenção no processo de ensino e aprendizagem e no clima institucional
Objetividade
Trata-se da organização, da estrutura do processo de ensino e aprendizagem,
fundamentado em uma teoria e em uma lógica adequadas ao campo em que será
aplicado e desenvolvido. A objetividade engloba, além da escolha de um determi
nado caminho, o desenvolvimento pelo qual o processo passa ao longo das séries
ou anos, dos tempos e espaços escolares. Além da estrutura em si, responde por
todas as escolhas, como a utilização dos recursos (livro didático, material escolar)
que fazem parte do processo. Em outras palavras, não é apenas a identificação
de um método em detrimento de outro, mas toda a série de procedimentos, sem
esquecer que a objetividade não deve excluir a subjetividade dos protagonistas
que fazem parte do processo. Os orientadores devem procurar saber, ajudar e co-
laborar com os dados que incidem sobre a questão da objetividade do processo de
ensino e aprendizagem.
Contextualização
Relaciona os conteúdos e metodologias ao contexto sociocultural dos alu-
nos. Se os alunos dominam determinada realidade, em vez de ignorá-la deve-se
aproveitá-la para a partir dela se chegar aos objetivos pretendidos. Na contex-
tualização, não se traz para a escola apenas a realidade em que o processo está
inserido – priorizando-se as questões externas que influenciam o contexto, como
a globalização, as novas tecnologias e os valores pertinentes a uma sociedade
pós-moderna, entre outros –, como também as questões do contexto e do cotidia-
no escolar. É papel fundamental do especialista resgatar esse contexto, a fim de
ampliar e aproveitar as oportunidades que este lhe oferece, assim como para se
conscientizar dos desafios que o mesmo apresenta.
Flexibilidade
Diz respeito à operacionalização do processo de ensino e aprendizagem,
para que este não seja colocado em uma camisa de força, e sim para adequá-lo às
reais necessidades desse processo. Sobre isso, diz Veiga Neto (2005, p. 48):
[...] Não tenho dúvida de que a flexibilidade pode trazer para o campo do currículo algumas
contribuições expressivas de modo a torná-lo mais dinâmico e com isso levar a educação
escolarizada a se afinar mais com as transformações do mundo contemporâneo. Tal afina-
ção não significa, necessariamente, submetê-la aos ditames do mercado; ao contrário, tal
afirmação pode contribuir para que se possa trabalhar no sentido de melhorar esse mundo e
até mesmo ir contra os seus aspectos e práticas que consideramos indesejáveis.
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Intervenção no processo de ensino e aprendizagem e no clima institucional
Transversalidade e interdisciplinaridade
Esses dois princípios dizem respeito à forma como os conteúdos devem ser
trabalhados: em uma dimensão transversal e interdisciplinar. A interdisciplina-
ridade é a forma como os conteúdos serão confeccionados, utilizando-se recur-
sos de diferentes campos do saber. As diretrizes curriculares da Educação apon-
tam para os eixos transversais, e a grande preocupação do profissional da área é
pensar de que forma os conteúdos podem ser desenvolvidos não justapondo-os e
sim colocando-os em redes de entrosamento com seus diferentes saberes.
A transdisciplinaridade diz respeito ao encaminhamento dos conteúdos, da
discussão das experiências e dos valores, para além do exigido pelo programa, ou
seja, além da matéria da prova. Portanto, é o eixo, o caminho que permite integrar
as informações com a formação do sujeito, em um sentido amplo e pedagógico.
Veiga Neto (2005, p. 43) assim afirma:
[...] estou entendendo pensamento transdisciplinar no sentido de um pensamento que se
coloca para além do enquadramento de qualquer disciplina, que não se deixa aprisionar
pelos limites e imposições de qualquer disciplina, sejam de tipo metodológico, objetal,
instrumental. Isso não significa negar os saberes disciplinares, mas, sim, valer-se deles e
ultrapassá-los, mantendo-os em tensão e transação permanente entre si.
Pontos principais
Em todo processo de ensino e aprendizagem, certos pontos devem ser ob-
servados para que esse processo corresponda aos objetivos que pretende alcançar.
O processo se vincula à Educação e a uma filosofia em termos de princípios,
valores e procedimentos que serão utilizados, além de atender às características
básicas dos alunos a serem alcançados.
Os pontos gerais são:
tendência pedagógica que fundamenta o processo;
objetivos;
metodologias e procedimentos utilizados;
avaliação.
Entretanto, o processo de ensino e aprendizagem não pode perder de vista
os pontos que direcionam o seu desenvolvimento, tais como:
a quem se destina o processo (idade, características, nível de escolari-
dade etc.);
recursos básicos disponíveis (questões físicas e ambientais);
recursos disponíveis (biblioteca, sala de informática, atividades fora da
sala de aula etc.);
identificação das etapas a serem alcançadas;
critérios de avaliação.
Enfatiza-se que, no processo de ensino e aprendizagem, mais importante
que ensinar e aprender é levar o aluno a aprender a aprender, dando importância
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Intervenção no processo de ensino e aprendizagem e no clima institucional
Informações contidas
na mídia.
Processo de
ensino e aprendizagem:
O que ensinar?
Como ensinar?
Por que ensinar?
Clima institucional
Outro fator importante diz respeito ao clima institucional da escola, uma vez
que nela convivem atores de diferentes meios e formações, propostas de diferentes
campos e situações, interesses e expectativas diversas, além das próprias relações
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Intervenção no processo de ensino e aprendizagem e no clima institucional
que nela se manifestam. É comum ouvir que o “clima” na escola é agradável, sem
especificar o que se entende por esse “clima”, mas, de modo geral, sabe-se que em
determinado lugar existe um local agradável, prazeroso, sem que isso signifique
necessariamente lazer ou descanso.
O clima é resultante da natureza objetiva dos componentes de uma insti-
tuição, como suas dimensões, seus objetivos, seus níveis hierárquicos, sua pro-
dutividade esperada, seus interesses manifestados, seus resultados obtidos, e o
espaço-tempo de seu trabalho.
Dessa forma, o clima institucional escolar depende de três fatores:
a estrutura;
a organização;
as características comportamentais.
Na estrutura, encontra-se a dimensão, as questões relacionadas ao poder, os
graus hierárquicos, a centralização ou descentralização dos poderes, o programa
a ser cumprido, a disponibilidade de tempo e espaço, a caracterização e a modali-
dade de ensino que se irá fornecer e os recursos possíveis.
Na organização está implícita a forma de gerenciar as atividades que ocor-
rem no interior da escola, analisando as questões relacionadas à liderança, às for-
mas de comunicação, à resolução de conflitos, à formação de grupos, à dinâmica
interna, aos estímulos e incentivos dados e recebidos etc.
As características comportamentais devem ser observadas tanto individu-
almente quanto na formação dos grupos. Elas compõem-se de atitudes, competên-
cias, capacidades, normas, valores, papéis e espírito participativo, além dos dados
referentes à idade e às características pessoais.
O clima é importante para promover a realização das atribuições e das ta-
refas planejadas, o bem-estar em geral e, acima de tudo, para promover novas
propostas para a escola – em qualquer condição –, uma vez que se percebe certa
cumplicidade entre seus participantes. Fox (apud BRUNET, 1995, p. 127) assim
descreve o clima escolar:
O clima de uma escola resulta do tipo de programa, dos processos utilizados, das condi-
ções ambientais que caracterizam a escola como instituição e como um agrupamento de
alunos, dos departamentos, do pessoal e dos membros da direção. Cada escola possui o
seu clima próprio. O clima determina a qualidade de vida e a produtividade dos docentes
e dos alunos. O clima é um fator crítico para a saúde e para a eficácia de uma escola. Para
os seres humanos, o clima pode ser um fator de desenvolvimento.
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Intervenção no processo de ensino e aprendizagem e no clima institucional
2. Da natureza objetiva dos componentes de uma instituição, como suas dimensões, seus objeti-
vos, seus níveis hierárquicos, sua produtividade esperada, seus interesses manifestados, seus
resultados obtidos, e o espaço-tempo de seu trabalho.
3. Para promover a realização das atribuições e das tarefas planejadas. O bem-estar em geral, e
acima de tudo para promover novas propostas para a escola – em qualquer condição –, uma vez
que se percebe certa cumplicidade entre seus participantes.
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20 mar. 2007.
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Referências
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Orientação
Educacional
Orientação
Educacional
Orientação Educacional
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Fundação Biblioteca Nacional MÍrian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
ISBN 978-85-387-3631-8
9 788538 736318