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O grande desafio era transformar leitores semânticos em leitores críticos. Não bastava
apenas fazer com que os alunos decifrassem o que estavam lendo: era necessário que eles
fossem capazes de identificar a construção, a ideologia e a intertextualidade de cada obra.
Para isso, a professora Suzana Borges da Fonseca Bins, finalista do Prêmio RBS de
Educação na categoria Escola Particular, fez uma reforma completa no programa de
Literatura do Ensino Médio do Centro de Ensino Pastor Dohms, em Porto Alegre.
- Recorri a uma série de livros que abordam o que se espera do ensino da literatura.
Peguei tudo isso e mais algumas convicções, além de coisas que já vínhamos fazendo, e
fiz o projeto - conta Suzana.
Com seus roteiros de leitura, aulas inteiras incentivando a participação e a discussão dos
temas entre os alunos, e dicas sobre clichês e formas de se descobrir as qualidades
literárias em um texto, Suzana ajudou a desenvolver o senso crítico em alunos como Sofia
Fatur Kauffmann, de 15 anos.
- Sempre gostei bastante de ler, mas eu não lia muitos livros literários. Depois que tive
aula com a Suzana, mudei totalmente meu gosto e aprendi a ler os livros bons, os
clássicos - diz Sofia.
"Eu sempre me imaginei professora. Dava aula para as minhas bonecas, cada uma
tinha o seu boletim. Como gostava muito de ler, me imaginava professora de português
e, quando entrei na faculdade e tive realmente aula de literatura, vi que era aquilo que
eu queria fazer. O que eu tento fazer aqui no Ensino Médio é instrumentalizar os alunos
para lerem literatura, que é diferente de ler jornal ou outros textos.
Porque literatura não é uma ideia. Literatura é linguagem. Se fosse só uma ideia, todos
nós seríamos escritores, porque temos ideias maravilhosas. O problema da literatura
é como apresentar essa ideia numa linguagem diferente, inovadora, cativante. A
proposta é trabalhar com textos de diferentes épocas, tanto brasileiros quanto
estrangeiros, mostrando como esse texto se constrói, para que, quando a gente entrar
nas escolas literárias, no terceiro trimestre do segundo ano, os alunos já tenham mais
maturidade como leitores.
Algumas provas são feitas com consulta, eles podem usar as anotações, os comentários
em sala, e são estimulados a serem autores do pensamento deles, a refletirem: 'o que
eu, aluno, com tudo o que foi discutido, o que eu tenho para dizer sobre esse livro'. É
importante eles saberem que o texto literário conversa com a realidade de sua época,
ou concordando com ela ou criticando-a. Essa é a ideia, e a gente espera que dê certo."
MODO DE FAZER
- No início do Ensino Médio, priorize a abordagem dos textos literários com um enfoque
temático: amor e outros sentimentos, pátria e identidade.
- No 2º ano, utilize textos que abordem a temática das sociedades urbana e rural e, a
partir do 2º semestre, dê início ao estudo das escolas literárias.
- Crie um blog e estabeleça um rodízio em forma de sorteio para que os alunos elaborem
conteúdos online, sejam eles dissertativos ou narrativos.
- Permita que algumas das avaliações sejam feitas com consulta ao livro e ao caderno,
mas crie perguntas que valorizem as anotações feitas pelos próprios alunos em classe.
Fonte:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2013/11/professora-de-
porto-alegre-renovou-a-forma-de-ensinar-literatura-no-ensino-medio-
4332024.html#:~:text=Para%20isso%2C%20a%20professora%20Suzana,P
astor%20Dohms%2C%20em%20Porto%20Alegre.