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Prefeitura Municipal de Americana

Secretaria de Educação
Atendimento Educacional Especializado

Coordenação Motora
Fina
Texto Elaborado pela equipe de Professoras de Educação Especial
da rede Municipal de Americana – São Paulo

Autoras:

Fátima Cristina de Paulo

Giuseppina Antonia Sandroni

Colaboradoras:

Fabrine Mara Fernandes

Fatima Souza

Rosenilda Gomes da Silva

AMERICANA 2020
Prefeitura Municipal de Americana
Secretaria de Educação
Atendimento Educacional Especializado
Sugestão de atividades para a semana de 01 a 05 de Junho de 2020
Sala de Recursos Multifuncional- Profª Rosenilda Gomes da Silva

Coordenação Motora Fina


A mão, transformou-se no melhor e mais eficaz meio de exploração do mundo exterior e,
também do próprio corpo, permitindo o reconhecimento dos objetos por textura, peso,
forma, temperatura, etc. Também, tornou-se um instrumento de preensão, que
possibilitou a manipulação de pequenos objetos com os quais o homem criou utensílios e
ferramentas, meios que transformaram a natureza e a própria natureza do homem.

A coordenação motora fina é o tipo de coordenação que precisa do uso dos músculos
pequenos e movimentos das mãos e dedos para realizar atividades que requerem maior
precisão e refinamento. Essas habilidades se desenvolvem progressivamente ao longo
dos anos. O início do seu desenvolvimento se dá com a descoberta das mãos pelo bebê.

No início do desenvolvimento, as informações visuais funcionam como motivadoras das


primeiras tentativas de tocar e pegar os objetos, na falta da visão, essa motivação se
dará pelo tato. Mais adiante a motricidade fina auxiliará a criança a confirmar os dados
percebidos pela visão (ou pelo tato no bebê cego), por meio dela, a criança
compreenderá, entenderá e confirmará os limites, contornos, formas, posições, direções
e funções dos objetos observados anteriormente pela visão. Mas para que isso aconteça
será necessário que haja também um controle ocular, isto é, a visão acompanhando os
gestos da mão. Chamamos isto de coordenação óculo-manual ou visomotora.
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No decorrer do desenvolvimento, a criança se engaja


em diferentes papéis, cada vez mais complexos, que
requerem o uso unimanual (com apenas uma mão)
ou bimanual (com as duas mãos) de forma eficiente.
Sempre que as crianças utilizam as mãos para fazer
tarefas, a coordenação entre as mãos e a visão se
aperfeiçoa, isso é especialmente necessário para
que, posteriormente, a criança possa aprender a
desenhar, colorir, ler e escrever.

Desenvolvimento da função motora fina de 0 a 5 anos:


O quadro a seguir resume os principais indicadores relacionados ao desenvolvimento da
função manual em crianças de zero a 5 anos.

IDADE INDICADOR DE DESENVOLVIMENTO

1 mês Mãos comumente fechadas; Presença do reflexo de preensão palmar/ aperta


firmemente um dedo que lhe é oferecido. Este movimento é reflexo, ou seja, são
respostas automáticas, e não voluntárias, como resposta a um estímulo.
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2° Abre e fecha as mãos espontaneamente


mês

3° Descoberta das mãos; leva as mãos à boca, podem ocorrer as primeiras


mês tentativas de alcance dos objetos, transição entre a preensão reflexa
(automática) e voluntária. Por exemplo: agarra o lençol e puxa-o para si.

4° Preensão voluntária, tipo Cúbito Palmar (envolvimento principalmente da


mês região ulnar da palma da mão, sem oponência do polegar). Pega objetos e leva-
os à boca. Aqui, o bebê usa os três últimos dedos contra a palma da mão para
segurar por um curto período de tempo algum objeto.

5° Preensão Cúbito Palmar.


mês

6° Preensão Palmar Simples ou de Aperto Amplia exploração dos objetos: bate,


mês balança, puxa (com mais intencionalidade), transfere objetos de uma mão para
outra. Neste período, são utilizados os quatro últimos dedos e a palma da mão
com a aproximação do polegar. Quando o bebê quer pegar um objeto pequeno,
ele raspa a superfície da mesa como os quatro últimos dedos como se fosse um
rastelo.

7° Preensão rádio-palmar, permitindo a pinça inferior ou em chave (preensão


mês fina). Derruba os objetos voluntariamente. Segura pequenos objetos na palma
da mão, os dedos em “forquilha”. Consegue segurar um objeto em cada mão.
Neste momento o polegar entra em ação pela primeira vez! o polegar se
aproxima do indicador e inicia o que conhecemos como movimento pinça!

8° Pinça inferior: inicia o soltar.


mês
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9° Preensão Radio-Digital ou em pinça superior; segura pequenos objetos entre


mês o polegar e dígito de outros dedos. Começa a aprender a dar o objeto quando
solicitado.

10° Dissocia movimento do indicador (“dedo tateador”). Retira e coloca objetos de


mês um recipiente, inicia uso do copo.

11° Preensão digital Aprimora o movimento de segurar objetos menores com os


mês dedos. Os movimentos de encolher e esticar os dedos começam a ficar
coordenados. A criança abre e fecha a mão voluntariamente, consegue dar um
objeto; colocá-lo numa caixa.

12° Pinça fina (preensão entre o dígito do polegar e indicador) solta os objetos
mês quando solicitado, realiza encaixes amplos, lança a bola em uma direção.

de 1 a Segura copo, inicia uso da colher. Empilha objetos


2 anos

dos 2 Consegue carregar um copo cheio de água sem derramá-lo. Imita linhas e
a 3 círculos, arremessa bola, enfia contas grandes em um cordão, vira maçanetas
anos em portas, vira uma página por vez de um livro, manuseia brinquedos de
encaixe por pressão, segura lápis entre o polegar e o indicador, apoiando-o
sobre o dedo médio.

dos 3 A preensão com 4 dedos aparece entre 3 e 4 anos. A criança começa a usar os
a4 4 dedos para segurar o lápis. Ombro e cotovelo ficam mais estáveis e vemos o
anos movimento vindo do punho e dos dedos.

dos 4 A partir dos 4 anos e meio aparece a preensão trípode ou com três dedos
a5 (dedos médio, polegar e indicador) para segurar lápis. Este tipo de preensão se
anos aperfeiçoa até os 7 anos

Embora tenhamos marcos no desenvolvimento da coordenação motora fina, é importante


termos claro que nem todas as crianças desenvolvem essas habilidades da mesma
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forma e no mesmo tempo. O desenvolvimento dos movimentos mais delicados das mãos
está associado não só a interação e estimulação, mas as condições físicas e
neurológicas. O que importa saber é que independentemente das diferentes condições,
toda criança tem potencial para aprender e evoluir.
Compreender que o desenvolvimento da coordenação motora fina acontece de forma
gradual e por etapas, nos ajuda a identificar em que fase do desenvolvimento desta
habilidade a criança está. A observação de como a criança explora o espaço, as
atividades e brincadeiras é fundamental para adequarmos e propormos vivências, jogos,
brincadeiras ou ajustes que a estimulem ainda mais, bem como nos ajuda a evitar de
fazer exigências que ainda estão muito além das suas possibilidades.

Quando devo estimular a escrita na criança?

Pelo menos, até os 3 anos, o desenvolvimento grafomotor (expressão gráfica da criança:


desenhos, escrita), deve ser mais voltado para aspectos livres como: manipulação de
objetos, atividades exploratórias, garatujas (rabiscos), garatujas em espiral, círculos e
desenhos circulares. Nesta fase também pode se começar a induzir os pequenos a
desenhos de formas geométricas, figuras humanas (a partir dos 3 anos, a criança
começa a fazer aquele círculo que corresponde à cabeça, e puxar os tracinhos que darão
forma ao esboço de um corpo), animais, desenhos livre, etc.
É importante ressaltar que a grafia não deve ser ensinada aos 3 anos, mas sim por volta
dos 4 ou 5 anos de idade e ainda, dependendo de como está o desenvolvimento
cognitivo, da coordenação motora ampla e fina da criança. Como acabamos de estudar
durante todo este texto, o desenvolvimento das mãos, exige bastante tempo e é
trabalhoso. Sendo assim, não se preocupem, pois o desenvolvimento do desenho da
escrita pode ocorrer sem prejuízos até os 6, 7 anos de idade.

Atividades simples para fazer em casa e que ajudam a criança a


desenvolver a função motora fina

Seguem exemplos de atividades que podem ser propostas para a criança, de acordo com
sua fase de desenvolvimento e potencial neurológico:
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1. Pinça Superior (Encaixe amplo) - A criança inicia novos descobrimentos
tridimensionais através do reconhecimento tátil dos objetos. Com as mãos, ela
explora a profundidade, a proporção e o tamanho enquanto brinca de colocar e
retirar brinquedos de um recipiente maior.

Colocar e retirar objetos de uma caixa antecede a realização de encaixes mais


precisos, que exige maior seletividade do movimento e integração de informações
sensoriais. O encaixe amplo simples, bimanual, pode ser estimulado a partir de
objetos do dia a dia, como:

• copos ou caixas de tamanho variado, encorajando a criança a colocar um dentro


do outro;
• encaixes no plano vertical, que irá exigir da criança outra amplitude dos
movimentos dos braços;
• Guardar brinquedos em caixas;
• Empilhar blocos, latas, entre outros
• Abrir e fechar tampas de potes

2. Pinça em chave - Brincadeiras envolvendo o manuseio de objetos menores, de


formas e pesos variados com ajuda de alguns utensílios, podem ajudar a criança a
expandir e experimentar diferentes estratégias neuromotoras, contribuindo para o
desenvolvimento da coordenação motora fina. O uso das pontas dos dedos amplia
as formas de exploração dos brinquedos e melhora a performance da criança na
execução de atividades funcionais como o manuseio de talheres, abotoar, zipar,
entre outros. Veja algumas dicas:

• Atividades com pregador de roupa;


• Colocar chaves em fechaduras;
• Brincar de transpor objetos de um recipiente para outro usando pegadores de
macarrão.

3. Pinça Fina ou digital - O movimento de pinça é o movimento que envolve os


dedos polegar e indicador para pegar pequenos objetos. É graças a essa
habilidade motora fina que podemos segurar um lápis para rabiscar e desenhar,
fechar um zíper ou segurar uma agulha ou tocar um instrumento. As estas são
atividades para estimular o movimento de pinça, são simples e podem ser
realizadas com materiais que provavelmente já tem em casa. Aqui vão algumas
dicas:
• Dê alguns papéis para ela rasgar e picar usando o polegar e o indicador;
• Corte os alimentos em pedaços pequenos, para que ele possa pegá-los e levá-los
à boca usando um palito;
• Coloque uma garrafa com objetos pequenos na frente do seu filho (a), e ajude-o
(a) a tirar os objetos da garrafa e, em seguida, colocá-los de volta.
• separar grãos (feijão, grao de bico, etc) misturados
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Serrano e Luque (2015) exemplificam como as tarefas em casa podem proporcionar
várias oportunidades para o desenvolvimento da motricidade fina como amassar a
massa para fazer um biscoito ou pizza, mexer bolo com uma colher, descascar uma
fruta, abrir caixas de plástico, abrir tampas de garrafas, estender a roupa utilizando os
pregadores, são inúmeras as possibilidades.

4. Pinça Trípode: tipo de pinça que a criança usa os três dedos (dedos médio,
polegar e indicador) para escrever. É o movimento mais refinado do ser humano,
inicia-se por volta dos 4 anos e meio e aperfeiçoa-se até os 7 anos. Com
pequenos truques é possível estimular a criança, em casa, a usar pinça trípode:

Dicas para desenvolver a pinça trípode:

Coloque um prendedor ou pregador de o roupas na base


lápis; isso fará com que a criança segure o prendedor
com os dedos mínimo e anelar, forçando- a segurar o
lápis com ou outros três dedos

Coloque uma bolinha (pode ser bolinha feita com papel


toalha) para que a criança segure com os dedos mínimo
e anelar, forçando-a a segurar com os outros três dedos.

Faça três furos em uma meia, de modo que somente o


polegar, indicador e dedo médio fique de fora
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De início use lápis jumbo e triangular depois. O lápis


triangular auxilia a acomodar os dedos na posição
correta.

Lembre-se apenas de supervisioná-lo (a) sempre que ele estiver manipulando objetos
pequenos. A seleção de brinquedos para manipulação deve ser adequada ao interesse e
fase de desenvolvimento da criança. Uma mesma atividade pode ter níveis diferentes de
complexidade. Durante as brincadeiras pode-se oferecer ajuda gradual à criança,
considerando as dificuldades que está enfrentando.

E agora links para sugestões de atividades

https://www.youtube.com/watch?v=Ij3KV5229bM

https://www.youtube.com/watch?v=o4LoFNqS5T4

https://www.youtube.com/watch?v=Eh-TPZxRgeY

Referências:

FONSECA, Vitor. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos


fatores psicomotores. 2 ed. Rio de Janeiro. WaK Editora. 328p. 2012.

MEYERHOF, P. G. O Desenvolvimento Normal da Preensão. Rev. Bras. Cresc. Des.


Hum., Sao Paulo, IV(2) 1994.

https://lagartavirapupa.com.br/10-atividades-para-coordenacao-motora-fina/

https://neurosaber.com.br/o-que-e-a-grafomotricidade-na-escrita/

https://www.reab.me/atividades-em-casa-ajudam-a-desenvolver-a-coordenacao-motora-
fina/

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