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2. TIPIFICAÇÃO DO FÁCTICO
Direito que é e o Direito que deveria ser, para ser mais justo.
Somente, tomando estas duas atitudes vemos que, para ambas,
o Direito positivo está aquém de um ponto de referência, fac-
tual, num caso; deontológico, no outro. Nas duas perspectivas,
o sistema do Direito positivo é insuficiente.
Nada mais legítimo que investigar o subsolo de processos
sociais, que estão a sustentar a teoria da completude do orde-
namento jurídico. Não é em qualquer época que surge a teoria
da completude, mas na fase de racionalização do processo
social, através de normas jurídicas provenientes do centro de
poder, que é o Estado. Sobretudo a partir do Direito legislado.
Toma sua expressão maior no Estado-de-Direito, onde não é
qualquer juridicidade positiva que legitima o poder, mas o
Direito de certo conteúdo e produzido segundo certo método:
o Direito advindo do poder legislativo, como órgão represen-
tante do povo-órgão ou da nação, sem desvio dos direitos e
garantias fundamentais do homem e do cidadão, direitos e
garantias concebidos como preconstitucionais ou supracons-
titucionais (a legalidade constitucional de que fala Hauriou é
grau imediato, produto da operação constituinte e do poder
constituinte, que sobre si encontra as normas-limites da De-
claração dos Direitos, 1789; M. Hauriou, Précis de Droit Cons-
titutionnel, págs. 246-256).
Que o ordenamento seja completo, exaustivo da realidade
social subjacente, importa: a) em excluir qualquer direito além
do Direito estatal, elaborado, sobretudo, por órgão legislativo
independente, isto é, importa em expulsar do sistema qualquer
outra fonte de normas; b) na atitude racionalista que vê na
legislação (e seu produto mais expressivo, a codificação) um
método programado de ação social; c) na ideologia conserva-
dora segundo a qual o movimento social se faz dentro das vias
pré-traçadas pelas normas, ou que a mudança social é tão len-
ta que o ordenamento tem sempre resposta solucionadora aos
casos ocorrentes e que o controle normativo da evolução evita
a revolução. Poderíamos, nisso, dizer com G. Gurvitch, seguin-
do teses de Max Weber e de E. Ehrlich (Georges Gurvitch,
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9. A NECESSIDADE DA CONSTRUÇÃO
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