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LUTAR Cota PALAúRAS: COESAO E COERENCIA

favoreceni 0 contato cons passajens que eluciclalli


tanto 0 uso bem-suceclido cla elipse quanto aquele
colilplotlictetlol'o sclittdo.
lu[«s vale a pena considerar que a inclusélo da
elipse entre os elenientos que pocleni ter uma func;io
CAPlTULO 7
coesiva clã a esse recurso unia dinlensão cliferente;
concíetalnente, uma cliniensão cle relevância maior, COESAO PELA ASSOCIACAO
A
dentro daquilo que se precisa fazei'ata J3101llovcl'
SEMÂNTICA ENTRE AS PALAVRAS
contlliu1(laclc c a coei êlicla cio texto.
Va 1110s a gorél a u Ill qu '1 (11 0 I e c'p I t I lia(101 (10s
recursos (la substituiç,io.
0 procedimento da associação scniântica entre
Belaqôes Procedimento Recursos palavras constitui, mais propriamente, a ch«macia
coesão Indic((1 do icvto, pois atinge as relações setilânti-
textu'ais'eiteraqáo Substituição gramatical cas (as 1'I'.liições cle sijnlficado) que se cri«tn entre «s
5ubstitui5áo 5ubstituiqão lexical: por sinônimos, uniclades cio léxico (subst«ntivos, acljctivos e verbos,
hiperônimos,
sohíetuclo).
caracterizadores.situacionais.
Unia vcz que, como jã foi ressaltado aqui, todo
Retomada por elipse texto nianténl urna uni(l«ele temãtic«, pocle-se prevel.
QUADRO 6.1:,RECURSOS DO PROCEDIMENTO DA SUBSTITUICAO
~
.I qllc 0 plocccllnlclito da 'aproztni tção selilâllttc'I clittc
I

«s p il lvl ts ícpíesclita 0 'I'( cl(r so Ill(l És 'pr csz'.I/i(.' I Il 10(fo


q(:Ii(ro (le (crio, desde que níio sejani aqueles "textos
I

niíninios" conipostos apenas de duas, tres ou pouco


lliíils 13alaví«s (conlo alguns avisos c anllllclos).
Em outros termos, partindo-se cio pl.essuposto de
que to(io texto é niarcado pela unidade cle telna
— essa
é uma das coliclicões de sua coerência —, í natural es-
perar que haja tanibém Itlliéi colivclgência d«s palavras
quanto ao sclitl(10 qrlc cxpressatil c sc cllc, Hssltli, uliia
verdadeira recle (le relações. H previsível, portanto,
que nenhuma palavra esteja inteiranlente solta, não
vinculada a nenhuma outra, próxima ou distante.

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LUTAR COM PALAVRAS: COESAO E COERENCIA A coEsÁo PELA ASsocIAJÁO sEIIANTIcA ENTRE As PALAvRAs

Assini, cacla palavra no texto está ligacIa, est;í Esse piincípio pníle parecer clernasiaclanient»
enlaí,acla a, pelo menos, unia outra. É cl» se esperar, evidente e, cle fato, o é. Nn entanto, airicla surpreen-
iio entanto, que quanto mais uina palavra se insere cl»1110s, na escola, propost'is I Lais cle atividades que
no níícleo ten7ático cio texto, isto é, no eixo de seu o contrariain inteiraniente e, clessa forma, só fazem
senticlo principal, mais essa palavra entra em cacleia iriibir a coiiipreensão cle como se faz itm bom texto.
com Outras e í, lieste texto, «ma ocol iêniin iílcinrr.- Vejanios um exemplo clessas atividacles . Talvez, anali-
re. En7 contraparticla, entre as ororrêlrcicis perifclicas sando-o, possamos cnrnpreencler melhor pnr qu», pela
estariam aquelas palavras que se ligam a subtópicos vida afora, algumas pessoas senteni tanta clificulclacle
nienores nu secuiidários. cle escrever textos coesos, i.elevantes, coeientes e,
Aquilo que cletermina, pois, a escolha cio voca- clessa. forma, com uniclade cle tema e com propósitos
bulário é o assunto, 0 tenia, o tópico cio texto. Ouer claios. Talvez possainos conipieencler inelhor, enfilT1,
dizer, a teiuática do texto é seu elenientn unificaclnr, por que o ensino cia língua aincla não está nrientaclo
o ho conclutor que governa a Sel»r;ã0 elas palavras e para clesenvolver cnmpetencias textuais. Certamente,.
que tein, por isso, uina iniportância capital. Por. isso nns falta a conipreeiisão elas "leis" c1o texto, quer
é que a fortnaçã0 cle frases soltas representa uni sa- c1izer, daquilo que é preciso ser feito paia que um

ber niuito limitaclo e pouco relevante na llola cle se conjunto cle palas Ias nu cle frases possa funcionar
c 0 ni o tr'X.t 0.
escrever e ler textos, por exemplo,
Vamos ao exeniplo.
A. niotii!acã0 que prevalece para a escolha das
palavras etn.um texto é, portanto,'le ordeni socincog-. A7ÍVIDADE; DE PRODU(ÁO ÓE,TEXTÓ

iiitiva, quer clizer, está presa aos senticlos e, aos propó- ,-.trivente,uma, pequena'istória .em 'qué'.apareciam':as'paÍavras.':-'i

sitos que partilhamos eni cacla situacã0 cle int»tacão.. ;,', ; ';:;:-:.'..::::
"':,.':::;:;::: a),víagem:",';:::. :,':,:.::-'e) '.terri''"'.,'- „":,
: ; .'"; ';:-.'-':.',
„,.',,,
;:.;:::;.',

; ::.:-') .vem
.;,"„'."; '."-" ',',,:.:::,',::;;f)
veem ;;-,","
'
-
Escolhemos as palavras confornie elas nos pareçanT ;

.-.;:;:c)viajem.':,:--'-, :."...',".',:;,"'- -"g).têrri,'::. ::,';,."'" .,"-':::.:::::-'.".,


:"':..:::;:
ailequadas para expressarem o que queremos clizer» "
fazei. coni elas. Ninguéin, ao falar ou ao escrever nas
;: : ',.:;',''-''
- ':: :';.';:
;:d) :vêm",,:: ':,:.'::::::::,'.."..':..':-':h) "veeríl :;,":,:::;,".:.:::.:..'-:,-::,:i ;

ativiclacles sociais do clia a clia, faz escolhas aleat:ói ias A "pequena história" criacla por unia das alunas
ou seleciona as palavras pelo tamanho que elas têm, resultou no seguinte texto:
pela classe gramatical a que pertencem ou pela letra
';Ayiagem.",;fói"múito,'.:loriga :.'e'eu'.fiquei enjóar3a."",:,',.'::,':.''';,'; -:-';,'-,:: .''.:

ou fonema com que se iniciain.


No tocante a essa questão, o niais significativo
e, pois, reconhecer o óbvio: quenT "maneia" na hora
de escolher as palavras é o sentido e a intenr;ã0 pre-
'm exemplar rlesta otividade une loi cedido pelo professor
Eduardo Calil (UFAL), que se rledica a pesquisas em torno das
tencliclos na interaI;ã0, condiI;ães da reescrita de textos na escola.

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LUTAR CO(i) PALAVRAS: COESAO E COERÉ.NCIA A COESAO PELA ASSOCIA(AO SEI1ÁNTICA ENTRE AS PALAVRAS

E preciso que ele viage-para.a.cidade. '.' llislsto ncssí1 lillélllsc polc[uc scl c[uílnto éi c(.)nl-
os irmãos 'dele vêm'de cario de boi :":.''..': -
'" „:-' pleensâo ciessas questões aincla í i)is«f)cie)ite entre as
Meu tio, tem'24 anos de idade, '-.::;:. pessoas clc uln moclo gera[. E, aí, professores, alunos, pais
quatio mi[ reais;",-,';:.
".'eus:irmáos.déeiji
-,
; aceitam essas e outlas propostas silnila)es seul cail néI
As meninas, têrfi'cabelos loiios.",'" .': conta cle que os princípios fl(I)cl lnientais cia textí(aliclaclc:
Elas,:veem de:camirihão'.de:cáçarnba.':.;:,— :,',:;,':,,',,",,:,,'',, estão senclo vioIaclos. Por i ezes, cliante de tarcÍas conio
essa, até há queni fic[uc confnrtaclo, traliquilo, porque
Conio se pode constatar, é inipossível reconhecer. "se está estuciando a língua portuguesa".
aí unia unicfaclc cle sentido. Sâo frases soltas. Urna néio
A vcl'c[ac[e í cil.lc licio se él[)lclic1('l c':scl.cvcl textos
tclil liéida 'I vel colii cl Ou tia.. A scgulicl;.l liélo lctoliia a
assini. Neni se poc[c i(nprovisar, quancio for liecessál io,
pl lliicll a, Ou lilclliol', liclillluna. lctoliia quéilc[ucl outra, ulli'l colil[3L tclicl'I p il'1 cscl cvcí. Esséi, se clcscnl ol ve aos
Ap,'ll ccc ulli ele! quc ninguéill sa13c a qllcnl sc lcfelc. poucos, cac1a vez que somos soiicitaclos n rli=(') a[ o. As
licfe).ências clefiliidas (As ))lani»ris) são introduziclas concliLões eni que as soiicitaLõcs sâo feitas é qLIC sã0
seln ligLacâo com outras anteriores. Preclic:anões novas, decisivas para.que ess;I conipetencia vá c(.escenclo:..
também, apalecem seni uma contcxtu;Ilizciçâo prévia Vcjanios ago(a 0 inverso: uni texto criaclo ã i 01ta
([)or que r( idnrlerlo tío? Por que a niencão'ios crli?elos clc u(ll tenlíl) colii 0 [310[?Oslto dc tlciz(!I L(lilél íllléi[lsc
lc)ul(?s rín ele»í»n'?). Enfiln, tudo nâo passa de Lllii . acerc'1 dc «nl fato e cle sí(as Icpe(cussões na vida l[as
aglolneraclo de ti.ises desconexas, como clisse, c[ue pessoas. Nesse texto, as palavras fora»i escolhicias
serveni exatanicnte pala isso: ní?) «)Icici cl fil:-r.) f)r(scs; (?011forllle 'i pci'spcctiva qUc í) Iiu.tol'[uls ('liiplcshl)'
o inverso, portanto, do que acontece na vida quanclo Suíi cillcillSC (0 quL ÍOI C1CStaCcid0 [)CII'lllli C0nl O

alguéni fala, oilve, lê e escreve.,o inverso, portanto, 'liso cio negrito c cio itálico). Vcjan?os:
cio que a crialica .já faz, nlesnin nos limites de sua ACABOU A FESTA :::'::;:-,",
'
competência «incla. i ncipiente. goúernó,'ésperou o.,Carnava[ passar parva,botar::seii'bloco
0 texto cia aluna nâo pocleria ser cliferente, luiia vez 'na rua;::Na'semana:::pcassada, enquanto'a comissão de,
f lente
'-

que o critério claclo para seu clesenvolvimento nâo foi uni fecvhacya os,úftimõs detalhesc do'acordó corii :o:Fundo
ten)a, nâo foi uni propósito coniunicahvo qualquer, eni '. boné tário'/ri terí)aéic)nal (F M I); em'Washing a; turma : da
ton
fLulÇã0 cio ql.lc cas palavras sel lalii esco[hidas. Foi o apare- -bacteiia',,:acei tou ;o:.ritmo :.do : ajúste. fiscal,-:No rioyó,'samba,

cimento dc ulii guloso c1e palavras, selecionadas conforliie "quem'ançou:::primeiio':foi á: 'ala::ds sei;yidoiesc públicos',
"514.":mil 'integrarites. :Foram, suspénsas :.:até;o,;f)nái'o,, ':,com

cleteriniliaclas dificuldades oitográficas que ap l esentani.


arío-promoções'eaj ustés'."e,contiótações,".'o''q(ué-'promete:'(i(erãr';-
Então, o que vai ser clito nâo importa. 0 que iinporta
l
;
- uma ecóííomi a."'de,:,peÍo"menõs" Á$ "::1,5':bilJjão;,.',No',:.bréqlle"
c', que aparcqaiil as palavras. 0 resultado niostra bens: :- támbém.-fói ;extinto':;o,:.adicional
pai tempo'-,'dL" seíviço::
as palavras apareceram, mas nâo se fez um texto, ou págo'o'.

fú ncíonalismo,(:;,':Vamos'..yol tár a'.fazéi coites:lins'dëspesas; 'com"-.


Inelhor, nao se inventou uma "pequena história".

12S 129
LUTAR COM PALAVRAS: COESAO E COERENCIA A COESAO PELA ASSOCIAÇAO SEhlANTICA ENTRE AS PALAVRAS

Essa associação das palavras, clesde os significaclos b) i elações cle co-liiponímia, conio ai(i ill r(l., 1(;(/et((l,
quc expressani, htnciona, claraniente, conio um I cc(il»0 Ít iliiilezcil; fio(((, fc(i(1(n; ca»a(lo, »Oltciio, i iií1'0,
c(ic»ii'0 (l0 ic.ito, uma vez que cria ligações ou rle»ci((iiaclo, di 1'oi cinrlo; pc»»oa fí»i(ri, pc»»ocl
laços
enti.e seus cliferentcs segnieiitos, além cle emprestar ao ji(11'ri(ca; Tel ia, z'rfa.l te, f(i/2iit,'I; Izioi(tc(l(/ir(»,
texto interesse, relevância c, por vezes, graça. Vejanios /)lc(i((ci e», /)lazzalr0; ii(i cl i(0, /Iii iizai'Cia, ei cio, 1

o efeito dessa relação nos clois exeniplos seguintes: OiiiOilo Ctc.";


c) relações cle partonímia, como eni I (0, Ilz((i.g(.'izz,
: -a) 0 :,joirlal';que,:, liiaj»"sé::.compió.
lz(Í»cezztc, f()-, c((l so; lai'0((z.n., f(i.ti li="ai(i(,', i il»eti ci-
da, ci(lti i:0, colhei tn; eli li(a,, c/z((tr(t, r( nl pci a tzti a;
'': ". ;.'-"'::',,":
;-::;.''-: clcicnn, cniil p(ililzn, i'ota(cio, n/)il(n((10; 1)alal((o,
;:,(Anúncio'.do.',Óóvéínó',:,jéderal,':icriádolpela'.A(iênclá:.Ciiáttva);:: :;

col/ta, 1'(,'l(I I 01'10; cl (cioi; rll i'((I(I; /)n(/a(li(;Il l o,


S'io liliiitos 0» tip0» c/0 I clcfgÕc»»(,'lllclli tl(Y(s c[Lic /71 n'OCOzirnjrllllll('110 /JOIICIQC111)ICy IIE(/11(1110/
pocleni estar na base cIcsscs laços por associac1o e (I'(ill»lio, 1'cl ci(10, »(Izliaf(710; /7101ilc»»a, (Ozlz/71 0-
que se manifestani quer em /2c(zc» clc palai I a» quei eni ziií»»o; civ(ii'n, (/otci, cícpia; zi(.'1'e, floco; i idi n(a,
»('I I(» ll?aiol e», coiiio vciciiios iii,'iis ;icli;iiitc. c»tilh((ç:0 e muito niais. De fato, ha iníimeras
iVIcrcccill
destaque, no palavras cujo senticlo iiao pocle ser especifica-
entanto, 1s associações entre palavras
do se não se estabelece uina telacão qualquer
antôniinas e, sobretuclo; entre palavras que clesignani
clc parte(toclo (Lyons, 1980, p. 252).
a relação partel toclo (tainbéni chamada cle pc(i.r.oliíniin
Como se sabe, qualquer unia das três rcl1ções
ou lilclol(ílzzia), Essas relacões são míiltiplas, como
apresentaclas acinia teni seus iniensos clesdobranien-
veienios a seguir, e motivam a maioria cios,'nexos
tos, o que as torna bastaiite comple':as e, por vezes,
coesivos que promovein a continuiclade cio texto. coni liniites inuito pouco claros, Por exemplo, quase
Assiin, e em geral, as uniclacles lexicais de um senipre, palavras co-hipôniinas (/)cs»oa fí»ica, pc»»oa
texto pocleni estai. associadas devido a: ji(iíclicn; ni(izizal, 1'c(/cia/) poclem ser. interpretadas
a) iclacÕcs dc antonínlia, Con10 zilaxzllzo, l(ill(ill(0; como palavras antônimas.
zlzr(/017a, li(li(0( ia; Pcz ci(c, (clllPol 0170; 1111P01ragÕ0, E por essas associações qtie é praticanicnte im-
cii)oz.tn'(o; 1(i balio, 17(z al; 1:ei ticc(l, hozi'oi(tal; i~ci— prov1vel encontrarmos em um texto unia palavra que
»0, pi o»a; z(ce(ta, rle»pesa; czérlito, debito ctc., esteja totalniente desvinculacla de outra. Ou seja, o

" Cl., em L@ous A relação de co-hiponimia é da(la por rlois hiponimos, como
(1980). entre outros, os diferentes tipos clc
arltoliímia, todus, sob algum aspecto, instauradores de ]acos asso- 'gato' 'rato', ou seja, ctois merrlhros dilelentes da mesma classe de
ciativos, inclusive desde o conhecimento que se tem cia organiz;ição seres. Couro lembrei, os nomes co-hiponimos muitas vezes funcionaln
'
cultural do mundo. em tentos como antónirnos.

g~ g4<QU~C'gQ
rnpus cte pA Qcll'll Ca 1rtl« ~«
g/BI IOTECr4
LUTAR CO(I PALAVRAS: COESAO E COERENCIA COESAO PELA ASSOCIA/AO
A SEIIANTICA ENTRE AS PALAVRAS

raio atingido pela relação de parte/todo e pela li.lação I cstl ltos 0 cs clc scl cs 11unlllnost conlo
LlssoclzlçÕ
cle co-hiponímia é demasiado amplo, por conta cia si(zrlicnto, lícl»i; nic(izbios; tribo, rr(ciry((i,, r((rlirr;
Qnlplitucle nlesma dos contextos físicos e culturais oirli((st(n, rrznesir'o, ri(risico», piz(riiz(rn,, i((st(z(-
que esses tipos de relação envolvem. Basta lenlblar. a nze((tos; Jan((7in, pr(i, rnã», lilho; tirizc, trc((ico,
quanticlade clifelente de associacões que se pode fazer tiz'iiiarlo(; capítz(.o, jogr(rio(; i:lcnit ca(cl»al, bispo,
enl um texto por conta da relação de parte/toclo. 1)n(lr n(ri((ipr.'l.n(go, ilha; câirrn(n, clepizinclo;
z.',

Lcinbremos, com alguns poucos exemplos, as e nomes cle coleções e cle seus constituintes
relações enlbutidas entre: — os qll,'1ls I'cIIlctcnl p,'lia seles tlplc;ln1cntc
e nonles cle seres ou objetos que cliviclem o inanimados, conlo em 1)ibliotrca, lil»o; piiin-
mesmo espaço físico, como em boi, n(nclo, corecn, q(zaclio; l)nico, fiotn.;
cniizpo; biblioteca, estarzie, lil ro; iizérlico, ci(fw- IIII nomes cle elenlentos quc entram na colnposi-
incii o, pn.cieizr.r.; cão cle outros materiais, como em (rita e vinho;
nonlcs de eventos, como enl inar(gzz(ni:c(o, ton(c(tc, cr lroln., p»pi((o r'ei l an n; cl((w~ asco, crw i(c
concci.to, rlrfcsn rl» tece, lança(i(ento cl» lil»o, c espeto; c(cine, le(,te e fr(r.r.(ihiz.,
leilão; Esta llst'1 alncla poclcl ill 'ILlnlcnfal I nl nlLllto.
IIII nonlcs clc atlvlclaclcs ploflss10nllls, colllo cnl Trata-se Qpcnlls cle Lln1Q pccJLlcn'1 anlostra, Llnl pcclLlcno
niaryistér'zo, rrz»clirirzrl, r(ri vocczcia, conrci cio; levantanlento. Mas hca a ideia de que as associações
. m nomes cle. unidacles cle nleclida ou de posicão, semânticas entre Qs palavras são de muitos tipos, são
conlo em i(i»tio, cl(iilônzetito, ryailo; lntitz(rl», praticanlente incontáveis e concorrem significativa-
io(z(g(ti(cle; izoi t», s(il; cl»cata, esrlzieirla; mente para criar. os laços que promovem a continui-
nomes de unia sequência: cle tempo (nr(o, clade e Q progressão cio texto coc,rente. A.s palavras
sz'n(estr e, (izês, rlin, se((irma) ; de etapas (i(nsci- cm uni texto não estão apenas j«stapostas.
zizen to, c( (sei iz(»n to, (zzor.tc) ; cle escalas (f»tl»inl., Os exenlplos apresentaclos tênl contelnplaclo,
zstarlz(nl., inizrzici pal; zspecralistn, nzestr r., rlozi.- preferencialnlentc, os substantivos, De fato, essa classe
toi", cle clima (ri(z»i(tc, zí»ziclo, .seco, tc(n pez acto) ; cle palavra tem a proprieclacle c1e se evidenciar mais
cle ciclos (i((fe(ncia., adolescência., iclacle aciz(lta., que outras. Isso nao quer clizer que os verbos ou os
l'elhice; crrsirio fiwlcla»z»(Ital, erzsirzo»zénio, adjetivos tanlbénl não possam cliar laços de sentido CI11
ensiiio sripci ror); de séries (~.éis, c(I(. erros, uln texto e, assim, funcionarem tambénl coesivamente,
cr z(=.arlos, i eczis; nn oio, baía, cabo, »risca»la, fo-., No exemplo em que analiso o texto A festa. acabo(i
rlolfo, ill(a.) ; — que tens conlo tema questões cia econolnia nacional
nomes de grupos e de seus respectivos consti- — pocle-se constatar esse aspecto: os verbos dirrzir(z(ii;

ill

tuintes —
hierárquicos ou não 'argamente air(neiztar; (ecl((:"ii; elevar, subir; eycrar; parlar, ctzzebrc(i;

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LUTAR Col!I PALAVRAS: COESAO E COERENCIA A COESAQ PELA ASSOCIAQAO SEI1ANTICA ENTRE AS PALAVRAS

(olr/i«11; ri«'p«1»ii«1) corno Ji»c«LI., prí,bl)'cr),


e adjetivos, 11)«ti» I.l i«l»)z»i<1 a» Jilrrr«1»» r(n» rr)rir(«rr1«» lr.'.Ti««ri» I 111

firrarrcciro, «rib))t«íl ro, »corr«)111)co, sustentan1 uma rede r)rr) (c.r(r),


de relações que vai deixando o texto articulado. Por causíI dessas relacões é que, depois ele se
Ainda se poderia destacar que toda essa rede ele falar enI car.rra) «rl, se pode usar ulna expressão de-
associacoes é possível por conta de un1a espécie de finida, como I) bloco; ou seja, exataInente pelo fato
orc1enamento ou de inclusão em que os fatos da reali- de que essa coisa jé é dada con)o conhecida pelos
dade física e cultural se arrumam. Alguns desses fatos A intetlocutores, ¹0
é preciso, pois, introduzi-l;l pot.
estão mais sistematicamente hierarquizados que outros, luna expIcss;Io indcfinida (Iz))l 610»0), conlo f"Iz qucnl
I

derivando daí urna também n)aior ou n1enor hierarquia I»


precisa apresentar algo Llesconhecido.'.
das palavras (ha menos hierarquia na relação parte/todo, Fica evidente, pois, que a função das palavras
poI'xenIplo, do que na hipol)ímia), De qualquer forma, que aparecem en1 un1 texto não se resume apenas
o texto se tece também, e muito relevantelnente, pelos ''I dimensão daquilo que se pretende !dizer'; não é,
'nós'ue todas essas relacões possibilitiln. .portanto, son)ente un)a questão .de."signific;ic1o'. As
Pot. vezes, esses laços se devem a motivaçoes palavras de uLIl t(xto CLLn1131cnl téltnbénl, c de for n11
próprias de un1 determinado grupo cultural, nun1 nlulto f uncilo
slgnlflca tlva> a dc uldlcéll. dc 'stnílllzil
>
L's

certo n)omento de sua história, a partir daquilo . ligações quc se qLLcl cstabélccer, pétla. qLlc 0 texto

que é usual ou típico desse grupo. Lembremos, por tet)ha a devida continuidade e unida(le e, assin1, pos-
ca)ra)- sa fLIncionar como ativiclade.verbal. Daí por quc é1
exenIplo, a associação qLie se criou no Brasil atual
entre as expressões.' escolhél das ])'Ilé)vias é d cxtrcIlza illlpol'tãncla p'1ra
par ir«lv do PSDB, e c) t)tc«L))rito, a quali(lade'o texto,
a»r lcr«ro br asilei)«L «lc fiz tel~«11, e a»r;lejã o No entanto, o tempo destinado Llíl escola '10
ir)haa, estudo do léxico, ao estudo do vocabul'írio ain([a
~ :o i r)z po»t«1 c)Ida. e o len.o,
«ic r
ocuf)a un1 lugar insi nificante, reduzido, na n)nioria
e «lr I)!(0» c »Orztú» e)71. »cl 1)leIh0, das vezes, a lIsta de palavras 1 ctr)'a«(«rs j/0 tt,'.1 (0 ('»-
(«111«()res" e, pozque estanques, "1)))ri/«1»"), destituídas
Como se pode ver, o conhecin1ento dos esquemas
assim de seu sentido contextualizado e de sua fun(',ão
de organização da realidade, dos episódios, em nosso
dia. a dia, o chamado co)zbeci»zelzto «fe )lz)l)zdo, é um
princípio organizador dos conceitos e constit«i 11))z«z "A estratéf>i:1 de u»la r«ton)ada seln um referente explicito rio
Llecllo antelior cio texto, mas intcrpretlivel pela atival;.ão cle nossos
base b«tsta))te.~i«()zific«zti»a par a rrzui tas «la» associ«Leões
conhecimentos dc; Illundo, colno ;I que exemplificamos aqui (0 Inl r>ni nl
«(Ize»» f«1-:c»z )ele»a))tes er)z rll)I test«1. — o b(oro) Lem siclo «hamacla cle a>lríjor n associa)il a (cf., entre outros,
Dessa forma, esse é o tipo «le ) ec))rs«) ))z«tis d)s- lvfarcusclli, 200l; Koch, 2002). Os textos que vimos mostranclo acfui
tclnI revelado que sou empre«o é bastante frequente e relevante.
»errrirradO r)IZ»Z te);tO «le ))Z«tiO) eXie)ZS«ZO e a«(1«ele «(II»

1,'3G
LUTAR COM PALAVRAS: COESAO E COERENCIA
A COESAO PELA ASSOCIAÇAO SEI!A(<TICA ENTRE AS PALAVPAS

na aiticulaç'io e organizaç'io das diferentes subpartes


Enl sulna, '1 coes'10 11ltlapQssa '1 s1111ples
cio texto'. 111111.'c'-1
superficial cio texto ou Q. sinlples justiposição
tvlaisuina. vez, poclíamos lembrar que o corthe- cle
palavras ou frases. Os cliversos tipos cle
ci»teltto cin. ti(ct(tinticct, npettns, t.'i(t~t(Jiciettte. E muito iecursos
cocsivos, pelos quais sc cspcla clllc 11 ija ;.1 Ilcccss',1lia
niais, o conhecinicnto cle sua nomenclatura.
Entretanto, uma observacão eleve ser. feita: o continuiclade e articulação elas subpai tes,
têni cie
fato cle aparecer um conjunto cle palavras associaclas estar en1 interação e vinciilaclos a senticlos
globais
I' intenções coniunica.tivas, o que, cle fato, cl irá
n'10 garalltc pol sl quc 0 texto cstcjQ coeso c tcnll;1 Qo
unidade. Eni um dos exemplos rnostraclos atrás,
'texto' estatuto de sua uniclade.

:; A :via g et'.';foi:.,muitO:: iongLa'.:.e,'eu':fjquéi.,'ét1joadcá:: ::;;-;'.';:„-


":,:.:;::-'-;:":;-:;;;.-:,:."';

: É:;preciso::quce:.,eie,:úiage",.'para:;:a."cidade:.',":, :,,".;,:.:::".,-".:,'::.:I;'.,:,;.„:
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irmãos.'.,'de)e",.vem:.,"de'-carro .;=- ':: "',," ;:,


de'boi;::"-;-',".„" '::::,;,',
.',;É':os"

Meu, tio
Meiis'rmáos'déém:.qúatró"mil;,reais'. :::.'::,:,",:.::::-'::-.',.:.';::;:";,",:,';:.'..',:,"., : :-,:;-.
: AS mzetjirtáS-,têm';CabelóS'.:iOirOS 'I,".,'; ', :",', ...:;-,.;,':,::-.:,
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"-.''laS.Veeim'dé.rãmitjhãO':de.':Catrámba::.:'.:.':,,,'.:,,I'.,:,;:;.":,:

pode-se constatar a associação sen<ântica entre j>incytn,


cnt.tr!, cnrl.o tle bOi, cnjnitthno, cnl;ntnbn; tios, it-(j(nos,
e, no entanto, não podemos clizei que exista Qli a
continuidacle e progiessão ten1áticas que distingueni
uni texto coerente de um conjunto cle frases soltas.

" tosse trecho entre pareinteses remetc ao


poeta JUão Cabral, ea!
soei betissimo poema I(ii>s se»t ilisc«zso. Vejamos Unz trecho:
Et>t sin(ni rio rli: t>oro, a. ri(t((n «ri((ii al«
n»iiirr l>alnl'ta e»t sirttnir(o rlicir>ttrítia:
isolarln, c.'sta((ri((e iio t>oro (l(in»(es»za,
e t>or(t(tc.'ssiiii is(a(til(te, estr(>tcarlrt;
(r li(ais: t>o(itt(e «ssi»t. esra»carla, li(a(la,
(i (lit((lri l>(l((ll(t! Co»l »ci(l(»i>ia cv»ti(»ica,
i>t» rl»e cv( Ei>tt-se r(. si(((ct>re riessi! i io,
o fio rle ali(ta i>or cy»e ele rlisc(znia.
tJoão Cabral de tVlelo Neto, 1975).

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