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Eu, Edilton Hilário Buque, declaro, por minha honra, que o presente trabalho é da minha
autoria e nunca foi anteriormente apresentado para avaliação em alguma Instituição de Ensino
Superior, nacional ou de outro País.
________________________________
i
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DO SUPERVISOR
Trabalho a ser submetido a Universidade Joaquim Chissano (UJC), como cumprimento parcial
dos requisitos necessários para a conclusão do grau de licenciatura em Administração Pública.
O candidato O supervisor
_______________________ _______________________
(Edilton Hilário Buque) (Dr. Eduardo Dzeco)
ii
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA ................................................................................................................ i
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DO SUPERVISOR .................................... ii
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................. v
DEDICATÓRIA...................................................................................................................................... vi
EPÍGRAFE............................................................................................................................................ vii
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS .................................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS .................................................................................... ix
RESUMO ............................................................................................................................................... ix
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
1.1 Delimitação Espacial-Temporal .............................................................................................. 1
1.2 Contextualização ..................................................................................................................... 2
1.3 Justificativa ............................................................................................................................. 3
1.4 Problematização ...................................................................................................................... 3
1.5 Objectivos de estudo ............................................................................................................... 4
1.5.1 Objectivo Geral ............................................................................................................... 4
1.5.2 Objectivos específicos..................................................................................................... 4
1.6 Questões de Pesquisa .............................................................................................................. 5
1.7 Hipóteses ................................................................................................................................. 5
1.8 Metodologia ............................................................................................................................ 5
1.8.1 Quanto à natureza do estudo ........................................................................................... 5
1.8.2 Quanto à Forma de Abordagem ...................................................................................... 6
1.8.3 Quanto aos Objectivos .................................................................................................... 6
1.8.4 Procedimentos Técnicos ................................................................................................. 6
1.8.5 Técnica de Recolha de Dados ......................................................................................... 7
1.8.6 Métodos de Pesquisa ....................................................................................................... 7
1.8.7 Teoria de Amostragem .................................................................................................... 8
1.9 Estrutura do Trabalho.......................................................................................................... 8
CAPÍTULO II: ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL ............................................... 10
2.1 Enquadramento Teórico .............................................................................................................. 10
2.1.1 Teoria Contingencial ............................................................................................................ 10
2.1.2 Teoria Geral de Sistemas .............................................................................................. 12
2.1.3 Aplicabilidade e complementaridade das teorias .......................................................... 13
2.2 Debate conceptual ................................................................................................................. 14
iii
2.2.1 Governo......................................................................................................................... 14
2.2.2 Governo Electrónico ..................................................................................................... 15
2.2.4 Serviços Públicos .......................................................................................................... 17
2.2.5 Qualidade ...................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3: GOVERNO ELECTRÓNICO E A MELHORIA DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS
PÚBLICOS ........................................................................................................................................... 19
3.1 Génese Governo Electrónico ...................................................................................................... 19
3.1.1. Governo Electrónico na Administração Pública ..................................................................... 20
3.1.2. Categorias de Relacionamentos no Governo Electrónico ....................................................... 22
3.1.3. Governo Electrónico em Moçambique ................................................................................... 23
3.1.4. Desafios do Governo Electrónico ........................................................................................... 24
3.2.1. Necessidades Colectivas ......................................................................................................... 25
3.2.2. Serviços Públicos .................................................................................................................... 26
3.2.3. Qualidade ................................................................................................................................ 27
3.2.4. Qualidade em Serviços ........................................................................................................... 29
3.2.5. Modelos para Avaliação da Qualidade em Serviços ............................................................... 30
3.3 Governo Electrónico na Melhoria da Qualidade dos Serviços Públicos ..................................... 33
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA .. 35
4.1. Breve Caracterização do Projecto e-BAÚ e do BAÚ da Cidade de Maputo ............................. 35
4.2. Caracterização da Amostra ........................................................................................................ 36
4.3. Procedimentos Adoptados no Processo de Melhoria da Qualidade dos Serviços Públicos,
Resultantes da Implementação do Projecto e-BAÚ no BAÚ da Cidade de Maputo ........................ 37
4.4. Desafios do Projecto e-BAÚ na Melhoria da Qualidade dos Serviços Prestados no BAÚ da
Cidade de Maputo ............................................................................................................................. 40
4.5. Impacto do Governo Electrónico na Melhoria da Qualidade dos Serviços Prestados no BAÚ da
Cidade de Maputo ............................................................................................................................. 43
CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 51
RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 53
APÊNDICES......................................................................................................................................... 59
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida, e por ter me iluminado durante a minha jornada até a este
momento histórico.
Em seguida agradecer aos meus pais Hilário Henrique Buque e Rosalina Joaquim Cuna por
cuidarem de mim a ponto de criarem esta chance de frequentar o ensino superior e pelo
incentivo durante a minha carreira estudantil.
Meus infinitos sentimentos de gratidão pelo Supervisor Eduardo Dzeco por ter me mostrado a
luz em momentos sombrios da minha carreira estudantil e da vida como um ser humano, pela
paciência e pelos ensinamentos por ele dados desde o meu primeiro ano no ensino superior, foi
um prazer.
Agradeço as minhas irmãs Catarina Buque, Albertina Buque e Shirley Buque pelo apoio
incondicional em todos os momentos que precisei.
Agradecer também aos meus colegas de turma, em especial a Dércio Otílio Zitha, Inácio
Xerinda, Vando Chicamba, Amélia Tiane, Ancha Momade, Dácia Simões, Laura Vuia, Mércia
Eunito por terem tornado esta longa caminhada surpreendentemente curta e alegre.
Agradeço também aos docentes da UJC pelos ensinamentos que sempre nos ofereceram de
todo coração mesmo não conhecendo maior parte de nós, que esse amor pela profissão continue
intacto até ao fim dos tempos.
v
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a duas pessoas especiais, para que nunca desistam da sua busca pelo
conhecimento e para que sirva como incentivo para seguirem em frente independentemente das
dificuldades, Shirley Hilário Buque e Erica Henriques Bernardo.
vi
EPÍGRAFE
Thomas Fuller
vii
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS
viii
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS
Tabelas
Gráficos
Figuras
ix
RESUMO
Numa Era caracterizada pela busca da Melhoria na Prestação dos Serviços Públicos, as
organizações estatais precisam estar, minimamente, prontas para responder a demanda em
tempo útil e, em consequência disto, satisfazer as necessidades colectivas. A presente pesquisa
objectiva reflectir em torno do Impacto do Governo Electrónico na melhoria da qualidade dos
serviços públicos, com o intuito de aferir se as estratégias traçadas e implementadas no âmbito
da política de informática e da Estratégia do Governo electrónico estão ou não a ter resultados
positivos. A pesquisa é de natureza aplicada, quanto à forma de abordagem é qualitativa e
quanto aos objectivos é explicativa. De forma a alcançar os objectivos prescritos usou-se os
métodos hipotético-dedutivo e monográfico e aplicou-se a técnica bibliográfica, documental,
entrevista para a recolha de dados. A pesquisa foi elaborada à luz da teoria contingencial e da
teoria geral de sistemas. Com esta pesquisa pode-se afirmar que a iniciativa de Governo
Electrónico (GE) implementada no Balcão de Atendimento Único (BAÚ) da cidade de Maputo
denominada e-BAÚ, que preconiza o uso da Tecnologias de informação e comunicação (TIC)
para melhorar a qualidade dos Serviços Públicos, responde positivamente as expectativas, em
resultado da simplificação dos procedimentos para o licenciamento das empresas.
x
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
Os Governos no mundo estão a abraçar o GE para lidar, de forma eficaz, com as mudanças
próprias da Era da Informação: os efeitos e consequências da globalização, da Revolução
Digital e da Internet (EGEM, 2006:1).
O conceito de GE pressupõe o uso das TIC’s para fornecer serviços públicos, o que permite ao
cidadão aceder os serviços a qualquer hora e em qualquer lugar, como também torna acessível
a participação do cidadão no processo de governação.
A pesquisa foi realizada no BAÚ da cidade de Maputo, a escolha desta instituição deve-se ao
facto de ser a instituição responsável pela implementação do projecto e-BAÚ; aliando-se ainda
ao facto da sua acessibilidade para o pesquisador em relação ao tema em estudo.
1
1.2 Contextualização
As TIC’s são uma nova forma de ver o mundo. Os Governos no mundo estão implementando
o GE para lidar, de forma eficaz, com as mudanças próprias da Era da Informação: os efeitos e
consequências da globalização, da Revolução Digital e da Internet (EGEM, 2006:3).
A EGRSP orienta o conjunto das instituições públicas a melhorar a qualidade de serviços e das
respostas do Estado a sociedade, através da adequação do funcionamento das instituições
públicas aos desafios internos e externos que requerem uma cultura pública virada à
integridade, transparência, eficiência e eficácia (EGRSP, 2011). A Fase II da EGRSP
estabelece seis componentes, nomeadamente:
Para apoiar a segunda fase da Reforma do Sector Público foi implementada a Estratégia do
Governo Electrónico de Moçambique (EGEM) em Julho de 2006. De acordo com o Plano
estratégico de desenvolvimento da Administração Pública 2011-2025 (PEDAP), a aprovação
da EGEM foi um dos principais marcos de modernização tecnológica na Administração
Pública.
A EGEM trouxe consigo os Projectos Âncora como uma inovação. De acordo com a EGEM
(2006:15) “os Projectos Âncora são uma oportunidade e um fundamento para a EGEM se
consolidar e, de forma pró-activa, a partir dos projectos de informática e da Reforma do Sector
Público existentes”.
2
Política de Informática, os quais poderão ser efectivamente resolvidos através da sinergia entre
a Reforma do Sector Público e a Estratégia de Informática (EGEM 2006:17). No total são seis
(6) Projectos Âncora, e um deles é o sistema de registo e facilitação empresarial. Um dos
objectivos do sistema de registo e facilitação empresarial era de “Estabelecer um Balcão de
Atendimento Único Electrónico numa província para aprovação instantânea do registo
empresarial e licenciamento instantâneo de actividades turísticas” (EGEM 2006:28), neste
contexto, é introduzida a plataforma integrada de prestação de serviços ao cidadão designada
e-BAÚ.
O PEDAP 2011-2025 (2011:88), olha para acções como facilitar a prestação de serviços,
agilizando e simplificando processos e procedimentos como uma estratégia para superar os
desafios que o GE enfrenta, com a finalidade de atingir o lema adoptado para a Estratégia de
Governo Electrónico “Colocar os Serviços Públicos junto do cidadão”. A implementação do
Projecto e-BAÚ ocorreu no âmbito da EGEM que foi introduzida como auxílio para Fase II da
EGRSP. É neste contexto que o tema em questão será estudado.
1.3 Justificativa
A escolha do tema em questão foi motivada pela curiosidade de aprender mais acerca do GE e
o seu desenvolvimento no País, mas principalmente pelo facto do autor ter realizado um estágio
pré-profissional em uma organização que lida directamente com aspectos ligados ao GE. Esta
pesquisa irá ajudar a conhecer os desafios que esperam a sociedade Moçambicana no que tange
a GE, bem como ajudar a conhecer o que é o GE e como a sociedade pode ajudar no seu
crescimento.
1.4 Problematização
Segundo a Gartner Group (citado na EGEM 2006:31), o uso das tecnologias de informação e
comunicação para promover maior eficiência e eficácia governamentais facilita o acesso aos
serviços públicos e a comunicação entre os cidadãos e os seus governantes, e contribui
positivamente nas áreas da educação, saúde, combate à corrupção, promoção da imagem de
países, atracção de investimentos, melhoria do ambiente de negócios e do nível competitivo.
De facto, a Administração Pública (AP) precisa obrigatoriamente modernizar-se para poder
fornecer serviços públicos mais eficientes e de melhor qualidade, mas para o efeito, é preciso
1
Gartner Group é uma empresa de consultoria fundada por Gideon Gartner em 1979.
3
aproveitar as oportunidades que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) oferecem.
Mateus, (2008) em seu estudo argumenta que o GE tem se assumido como um processo vital
para a modernização da AP com ênfase na melhoria da qualidade dos serviços públicos através
do uso das TIC’s.
Por seu turno, Moraes (2001) fala da necessidade de adequação do uso das tecnologias de
informação e comunicação, uma vez que dependendo do enfoque dado, qualquer recurso
tecnológico pode ser apenas instrumento reprodutor de velhos erros e vícios.
Todavia, a introdução do projecto e-BAÚ visa melhorar a prestação dos serviços públicos
através da criação de uma plataforma integrada de prestação de serviços ao cidadão, criando
praticamente um Balcão de Atendimento Único electrónico. Isto pressupõe que o cidadão não
terá mais que esperar muito tempo para resolver assuntos como o licenciamento de empresas e
poderá ter acesso a estes serviços através do uso das tecnologias de informação e comunicação.
Tendo em conta que a plataforma e-BAÚ é electrónica, esta pode não tomar o rumo desejado
dependendo do enfoque dado a estes recursos tecnológicos, deixando assim de proporcionar
melhorias na qualidade dos serviços. É nesta vertente que o problema de pesquisa será
estudado, com o intuito de perceber em que medida o GE tem contribuído para melhorar a
prestação de serviços ao cidadão. Dai que surge a questão: Qual é o impacto do Governo
Electrónico na melhoria da qualidade dos serviços públicos?
4
1.6 Questões de Pesquisa
• Quais são os procedimentos adoptados no processo de melhoria da qualidade dos serviços
públicos, resultantes da implementação do projecto e-BAÚ no BAÚ da cidade de Maputo?
• Quais são os desafios do projecto e-BAÚ na melhoria da qualidade dos prestados no BAÚ
da cidade de Maputo?
• Qual é o impacto do GE na melhoria da prestação dos serviços públicos no BAÚ da cidade
de Maputo?
1.7 Hipóteses
• Os desafios que se colocam ao Projecto e-BAÚ na melhoria da qualidade dos serviços
prestados no BAÚ da Cidade de Maputo prendem-se a capacitação dos colaboradores
no uso das TIC e a interligação de vários sistemas governamentais que estão cada vez
mais complexos.
• O GE tem um impacto positivo na melhoria da qualidade dos serviços públicos, através
da prestação de serviços online que antes o cidadão precisava fazer-se presente a
instituição para obtê-los.
1.8 Metodologia
A metodologia nos indica como chegar a determinado conhecimento, é o caminho que nos leva
ao conhecimento científico. Segundo Bruyne (1991), a metodologia é a lógica dos
procedimentos científicos em sua génese e em seu desenvolvimento, não se reduz, portanto, a
uma “metrologia” ou tecnologia da medida dos fatos científicos.
Pode-se assim afirmar que a metodologia é o procedimento racional e sistemático usado para
alcançar o resultado de uma pesquisa.
5
1.8.2 Quanto à Forma de Abordagem
Quanto a forma de abordagem a pesquisa é qualitativa. A abordagem qualitativa considera que
há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre
o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa
qualitativa, este tipo de pesquisa não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O
ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento chave.
É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu
significado são os focos principais de abordagem (Silva & Menezes, 2005:20). Este método foi
útil na medida em que ajudou a perceber o comprometimento dos membros da organização e
suas ideias e experiências em relação ao tema.
Segundo Gil (2002:45) […] a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda
um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objectos da
pesquisa. A pesquisa documental permitiu usar para a pesquisa documentos da instituição onde
a pesquisa ocorreu e outros documentos relacionados também a pesquisa.
6
1.8.5 Técnica de Recolha de Dados
No que tange a recolha de dados, será usada a entrevista, o questionário. Segundo Cervo &
Bervian (2002, citado por Maxwell 2011:352), a entrevista é uma das principais técnicas de
colectas de dados e pode ser definida como conversa realizada face a face pelo pesquisador
junto ao entrevistado, seguindo um método para se obter informações sobre determinado
assunto. As entrevistas podem ser classificadas em três tipos principais: entrevistas estruturadas
ou padronizadas, não estruturadas ou despadronizadas, semiestruturadas ou semi-padronizadas
(Ibid:36).
Foi usada a entrevista semi-estruturada para a pesquisa em questão. As entrevistas semi-
estruturadas podem ser definidas como uma lista das informações que se deseja de cada
entrevistado, mas a forma de perguntar (a estrutura da pergunta) e a ordem em que as questões
são feitas irão variar de acordo com as características de cada entrevistado (Ibid). Esta técnica
permitiu a recolha de informação mais detalhada perante os funcionários da instituição
estudada, baseando-se na forma de abordagem e do comportamento de cada um deles.
O questionário foi também útil para a pesquisa. Segundo Silva & Menezes (2005:33) é uma
série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. O
questionário deve ser objectivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. As
instruções devem esclarecer o propósito de sua aplicação […]. Esta técnica foi útil a pesquisa
na medida em que ajudou a recolher dados que provavelmente os entrevistados não se sentiam
confortáveis em dialogar sobre eles. Foi igualmente útil na recolha de informação clara e
exacta.
2
. Cervo, A. L. & P. A. Bervian, (2002) Metodologia científica. 5.ed. Prentice Hall: São Paulo.
7
• Métodos de Abordagem
O método de abordagem a ser usado nesta pesquisa é o método hipotético-dedutivo, este
método para Lakatos & Marconi (1992:106), se inicia pela percepção de uma lacuna nos
conhecimentos acerca da qual se formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva,
testa a predição de fenómenos abrangidos pela hipótese. Com o uso deste método foi possível
se fazer a verificação das hipóteses da pesquisa com base nos dados recolhidos em campo.
A população para este estudo, é constituída por todos funcionários e utentes do BAÚ, onde
foram inqueridos trinta e cinco (35) utentes e entrevistados sete (7) colaboradores do BAÚ.
Para a selecção da amostra foi usada a amostragem por tipicidade ou intencional e a
amostragem por acessibilidade. De acordo com Gil (2008:94), a amostragem por tipicidade ou
intencional […] constitui um tipo de amostragem não probabilística e consiste em seleccionar
um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado
representativo de toda a população. A principal vantagem da amostragem por tipicidade está
nos baixos custos de sua selecção. A amostragem por tipicidade ou intencional foi usada nesta
pesquisa considerando o forte conhecimento do pesquisador em relação a população em
questão devido ao estágio profissional realizado na instituição pesquisada. Foi útil pois ajudou
na escolha de uma amostra representativa e com grande valor no que tange ao fornecimento de
informação. De acordo com Vargara (2010) na amostragem por acessibilidade selecciona-se
elementos pela sua facilidade de acesso. A amostragem por acessibilidade consiste em
seleccionar uma amostra da população que seja acessível. Este tipo de amostragem ajudou na
selecção dos indivíduos que estavam prontamente disponíveis para contribuir na pesquisa.
A presente pesquisa encontra-se estruturada em quatro (4) capítulos. O Capítulo 1, onde são
apresentados aspectos introdutórios tais como a delimitação espacial-temporal, a
contextualização, a justificativa, a problematização, os objectivos de estudo e aspectos
metodológicos que nortearam a pesquisa; O capítulo 2 apresenta o enquadramento teórico da
8
pesquisa, onde são arroladas as teorias que serviram de base para a pesquisa e que têm grande
influência na compreensão do conteúdo abordado na pesquisa. Apresenta-se também neste
capítulo o debate conceptual, onde são apresentados os conceitos chave para a compreensão da
pesquisa em questão; O capítulo 3,onde é apresentada a revisão da literatura, a começar pela
génese do GE, em seguida GE na Administração Pública, categorias de relacionamento no GE,
GE em Moçambique, desafios do GE, necessidades colectivas, serviços públicos, qualidade,
génese da qualidade em serviços, modelos para avaliação da qualidade em serviços e por fim
GE na melhoria da qualidade em serviços; E o Capítulo 4, onde faz-se uma breve apresentação
do BAÚ, instituição que constituiu o marco espacial deste trabalho. Faz-se, também, uma
apresentação, análise e interpretação dos dados colhidos no campo de forma a responder os
objectivos e hipóteses do trabalho.
9
CAPÍTULO 2: ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL
Consta do presente capítulo o enquadramento teórico da pesquisa, onde são arroladas as teorias
que serviram de base para a pesquisa e que têm grande influência na compreensão do conteúdo
abordado na pesquisa. Apresenta-se também neste capítulo o debate conceptual, onde são
discutidos os conceitos chave para a compreensão da pesquisa.
Essas pesquisas foram contingentes, pois segundo procuram compreender e explicar o modo
como as empresas funcionavam em diferentes condições que variam de acordo com o ambiente
ou contexto que a empresa escolheu como seu domínio de operação. Ou seja, podemos dizer
que essas condições são ditadas de fora da empresa, isto é, do seu ambiente. Essas
10
contingências externas podem ser consideradas oportunidades e imperativos ou restrições e
ameaças que influenciam a estrutura e os processos internos da organização (Chiavenato
1983:552).
A teoria contingencial teve como precursores Lawrence e Lorsch, Alfred Chandler, Joan
Woodward, Tom Burns e G.M. Stalker, Shein e outros, que contribuíram com seus estudos
para o desenvolvimento da teoria (Ibid:2003).
Nas palavras de Chiavenato (1999), a teoria da contingência conta com três pressupostos
básicos, que são:
11
abordados em diferentes situações e circunstâncias, sobretudo, em diferentes graus de
variação;
• Ênfase no ambiente-A teoria contingencial focaliza as organizações de fora para
dentro, deslocando o eixo de atenção para fora delas. A teoria da contingência enfatiza
a necessidade de consonância entre a organização e seu ambiente;
• Ênfase na tecnologia- A visão contingencial focaliza a organização como um meio de
utilização racional da tecnologia. Não restam dúvidas de que a tecnologia impacta
fortemente as características organizacionais;
• Compatibilização entre as abordagens de sistema fechado e sistema aberto- A
teoria da contingência mostra que as abordagens mecanicistas se preocuparam com os
aspectos internos e íntimos da organização, enquanto as abordagens orgânicas
voltaram-se para os aspectos da periferia organizacional;
• Carácter ecléctico e integrativo- A abordagem contingencial é ecléctica e integrativa,
absorvendo conceitos das diversas teorias administrativas no sentido de alargar
horizontes e mostrar que nada é absoluto. É a mais ecléctica e integrativa de todas as
teorias administrativas.
A Teoria Geral de Sistemas surgiu pelo facto do esquema mecanicista das séries causais
isoláveis e do tratamento por partes terem se mostrado insuficientes para atender aos problemas
teóricos, especialmente nas ciências bio-sociais. A viabilidade resultou de várias novas criações
(teóricas, epistemológicas, matemáticas, etc.) que embora ainda no começo, tornaram
progressivamente realizável o enfoque dos sistemas. O enfoque mecanicista prevalecente na
década de 1920, parecia desprezar ou negar de todo exactamente aquilo que é essencial nos
fenómenos da vida. O autor advoga uma concepção organísmica na biologia, que acentuasse a
consideração do organismo como totalidade ou sistema e visse o principal objectivo das
ciências biológicas na descoberta dos princípios de organização em seus vários níveis
(Bertalanffy, 1968:31-32).
De acordo com Chiavenato (2003:512) “a Teoria Geral de Sistemas (T. G. S.) surgiu com os
trabalhos do biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, publicados entre l950 a 1968.’’
12
2.1.2.3 Pressupostos Básicos da Teoria
De acordo com Bertalanffy, (1968:384 citado por Motta 1971:17-18) constituem pressupostos
e orientações básicas da Teoria Geral de sistemas os seguintes:
A Teoria Geral de Sistemas (TGS), apresenta uma abordagem recente. Assim sendo, uma das
críticas feitas é o facto de esta defender uma visão do mundo em sistema, ou seja, divisão de
áreas, partes e princípios das ciências sociais, uma única tendência para integração das ciências
e ênfase exagerada no ambiente (Chiavenato, 2004:419).
Por outro lado, a Teoria Geral de Sistemas, foi também relevante para a pesquisa pois ajudou,
a demostrar a importância das partes no todo. O GE no âmbito da sua aplicação envolve vários
4
Bertalanffy, L. (1968), Gen.ra. syst.in theory. New York, George Braziller.
13
factores que influenciam no seu sucesso ou insucesso. Estes factores são as partes que
influenciam directamente no todo, caso exista algum problema nas partes, se não superado
poderá de alguma forma influenciar a implementação do GE, comprometendo a qualidade dos
serviços públicos.
De modo a permitir uma melhor compreensão da pesquisa, são apresentados e debatidos nesta
secção os conceitos-chaves inerentes ao trabalho, nomeadamente: o Governo, o GE, a AP e os
serviços públicos.
2.2.1 Governo
A expressão governo vem sofrendo alterações de conteúdo ao longo dos tempos. A concepção
clássica dispunha que governo era sinónimo de Estado, somatória dos três poderes.
Actualmente, porém, governo é definido em sentido subjectivo e na concepção objectiva ou
material. Dessa forma, o governo é elemento formador do Estado, não se confundindo com ele.
Pode-se dizer que o governo é a cúpula directiva do Estado que se organiza sob uma ordem
jurídica por ele posta (Carvalho 2018:35).
5
Meirelles, H. L. (2009), Direito administrativo brasileiro, Malheiros: São Paulo.
14
assevera Salomão (2015:51) “é a autoridade que exerce, de forma efectiva e estável, o poder
político sobre a população no território do Estado, observando os parâmetros legais.”
Por sua vez Rodrigues (2010, citado por Athayde, s/d:26) afirma que por Governo entendemos
o conjunto de indivíduos que orientam os rumos da sociedade, pois ocupam posições na cúpula
do Estado.
A Gartner Group (2002, citado por Dias, 2006:377) define o GE como “a transformação das
relações internas e externas do sector público por meio de operações possibilitadas pela Internet
e pela tecnologia de informação e comunicação para optimizar a prestação de serviços
governamentais, a participação dos cidadãos e os processos governamentais internos.”
Na concepção de Barbosa, Faria e Pinto (2004, citado por Santos 2009:628) o GE é o “[…]
aproveitamento das tecnologias de informação e comunicação para a prestação de serviços
públicos, reconfigurando a interactividade entre o governo e o cidadão, entre o governo e as
empresas e entre os próprios organismos pertencentes ao governo.”
6
Rodrigues, M. A. (2010), Políticas Públicas, PubliFolha: São Paulo.
7
Baum, C.; Di Maio (2000), A. Gartner’s four phases of E-government model. Stamford, CT: Gartner Group.
8
Barbosa, A. F.; Faria, F. I. de; PINTO, S. L. Governo electrónico: um modelo de referência para a sua
implementação. In: Congresso Anual de Tecnologia de Informação (CATI), 2004. Anais. São Paulo:
FGV/EAESP.
15
Conforme corrobora Calmon (2007) GE é a utilização das tecnologias da informação e
comunicação para dinamizar o relacionamento do governo com a sociedade, reduzindo custos,
melhorando processos e diminuindo desigualdades.
9
Carvalho filho, J. (2013) Manual de Direito Administrativo. Atlas: São Paulo.
10
Marienhoff, S. M. (1997) Tratado de derecho administrativo. Abeledo Perrot: Buenos Aires.
16
Nem todos autores concebem o conceito desta forma. Como é o caso de Pierre (1995, citado
por Ibid.11) que concebe a Administração Pública como a ligação entre o Estado e a sociedade
civil. Todavia, a interface entre a AP e a sociedade civil é um caminho com duas direcções,
incluindo a implementação das políticas públicas e as pressões (demands) dos actores privados
direccionadas para os decisores políticos.
[…] A noção de serviço público funda-se nas actividades que a Administração Publica exerce
com o intuito de suprir as necessidades, quer individuais, quer colectivas dos cidadãos que são
emergentes da vida comunitária. Assim, […] mesmo que prestados por organizações privadas
através de concessão, entre outras formas de privatização, os serviços não perdem o seu caracter
público (Pinto 2002 citado por Silvestre 2010:2812).
Os serviços públicos são todas acções organizacionais que visam a satisfação de necessidades
colectivas, individualmente sentidas, através do fornecimento de bens e/ou serviços
distribuídos: 1) gratuitamente (sem cobrança de um preço directo), 2) a preço inferior ao custo
de produção ou 3) a preço superior ao custo de produção, mas inferior ao que seria praticado
no mercado (Ibid:29). Em sua óptica, Caetano (2004:1067), considera como serviço público o
modo de actuar da autoridade pública a fim de facultar, por modo regular e contínuo, a quantos
11
Pierre, J. ed. 1995. Bureaucracy in the modern state: An Introduction to Competitive Public administration.
Aldershot: Edward Elgar.
12
Pinto J. (2002) Sociedade da informação, accauntability e democracia delegativa. FGV: São Paulo.
17
deles careçam, os meios idóneos para satisfação de uma necessidade colectiva individualmente
sentida.
Por sua vez, Figueredo (2003:78-79, citado por Cezne 2005:31813), considera “Serviço público
é toda actividade material fornecida pelo Estado, ou por quem esteja a agir no exercício da
função administrativa se houver permissão constitucional e legal para isso, com o fim de
implementação de deveres consagrados constitucionalmente relacionados à utilidade pública,
que deve ser concretizada, sob regime prevalente de Direito Público”.
Tomando em consideração as definições dos autores supracitados, o serviço público pode ser
definido como a actividade realizada por uma organização com permissão constitucional e
legal para o fazer, com a finalidade de satisfazer as necessidades da colectividade,
individualmente sentidas sem o objectivo de produzir lucro.
2.2.5 Qualidade
A definição de qualidade varia de pessoa para pessoa, definindo cada um segundo suas
expectativas em relação a determinado produto/serviço. Conforme afirma Margato (2014)
qualidade é uma palavra familiar a todos e tem uma enorme variedade de utilizações e
significados, não havendo, portanto, uma definição universalmente aceite. Em sentido
linguístico, a palavra qualidade tem origem na palavra latina qualis, que significa “a coisa tal
como ela é realmente”.
Por sua vez, a ISO (International Standardization Organization), define qualidade como a
adequação e conformidade dos requisitos que a própria norma e os clientes estabelecem.
Por fim, Juran (1988) famoso por seu trabalho com qualidade e gestão da qualidade olha para
a qualidade como a “adequação ao uso através da percepção das necessidades dos clientes.”
13
Figueredo, L. V. (2003) Curso de direito administrativo. 6. ed. Malheiros: São Paulo
14
Deming, W. E. (1990), Qualidade: a revolução da administração, Marques Saraiva: Rio de Janeiro;
18
CAPÍTULO 3: GOVERNO ELECTRÓNICO E A MELHORIA DA QUALIDADE
DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Este capítulo apresenta a revisão literária, a começar pela génese do GE, em seguida GE na
Administração Pública, categorias de relacionamento no GE, GE em Moçambique, desafios do
GE, necessidades colectivas, serviços públicos, qualidade, génese da qualidade em serviços,
modelos para avaliação da qualidade em serviços e por fim GE na melhoria da qualidade em
serviços.
Em consonância, Dias (2012, citado por Fernando 2016:22) afirma que, oficialmente a ideia
do GE foi lançada por Al Gore em Janeiro de 1999 na abertura, em Washington, do “Fórum
Global sobre Reinvenção do Governo”. Este Fórum, foi organizado pelo Governo dos EUA,
em parceria com organizações multilaterais (Banco Mundial, Banco Interamericano de
Desenvolvimento) e instituições não governamentais (Fundação Ford e a Escola de Governo
Kennedy) […]. Acrescenta ainda Mateus (2008) que GE visa ser um governo informatizado,
mais aberto e ágil capaz de receber, responder e criar interacção com vista a uma sociedade
Braman, S. (2006), Change of State – Information, Policy and Power. The MIT Press: London.
15
19
melhor. Com isto amplia-se a cidadania, reduz-se a burocracia, aumenta-se a transparência na
gestão e apropria-se a participação dos cidadãos na fiscalização do poder público.
Fica aqui claro que o GE ficou formalmente conhecido em 1999 por intermédio do vice-
presidente da época Al Gore com a abertura do fórum global sobre a reinvenção do governo,
em parceria com organizações multilaterais e instituições não governamentais.
O termo GE pode também ser encontrado na literatura como e-Gov e e-Government, que
conforme afirma Okot-uma (2001, citado por Oliveira 2006:10616) são também utilizados para
denominar GE e referem-se a processos e estruturas relacionadas ao fornecimento electrónico
de serviços governamentais ao público.
A integração do GE na gestão da coisa pública é defendida por vários autores que acreditam
ser este, um meio para o alcance da eficiência ou melhoria da prestação dos serviços públicos.
As mudanças que ocorrem nos últimos anos foram atribuídas aos computadores, à
automatização e o processamento de dados trazidos por eles; depois para as comunicações e
telecomunicações, encurtando distâncias e reduzindo o tempo; recentemente elas foram
associadas à informação e ao seu poder de geração de valor; um recurso reutilizável que pode
ser compartilhado, distribuído e trocado sem perda; com isso verifica-se o fascínio pela
informação, conhecimento e capital intelectual, que aparecem como recursos críticos das
organizações; é a evolução da era industrial para a era da informação (Davenport 2004, citado
por Oliveira 2006:5117).
As facilidades oferecidas pela internet actualmente, tais como a compra e venda de produtos e
serviços e até pagamento de contas pela internet, têm levado cidadãos, governos e organizações
a optarem pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) para diversas actividades.
Conforme afirma o autor (Ibid.:102) […] observa-se que negócios electrónicos estão se
alastrando por diversas áreas. Este desenvolvimento origina-se principalmente dos avanços das
TIC’s que introduziram uma série de conceitos e ferramentas que impulsionaram e viabilizaram
as transacções electrónicas através da internet. Neste sentido, é fundamental a participação
efectiva dos governos, funcionando de forma integrada e cooperativa, em rede, na busca de
16
Okot-uma, R. (2001) Electonic Governance: Re-inventing Good Governance. Commonwealth Secretariat
London: Londres.
17
Davenport, T. H. (2004) Resgatando o “I” da “TI”.
20
maior eficácia e eficiência do sector público; é o ambiente onde nasce o conceito de Governo
Electrónico, sendo uma nova forma de empregar as TIC’s na Administração Pública.
Em consonância Mateus (2008) afirma que a AP dado o seu cariz estruturante, não podia ficar
de fora perante as mudanças ocorridas. Aliás, o GE é um tema que está intimamente ligado à
modernização da Administração Pública. Podemos dizer que o GE tem assumido uma
importância crescente na sociedade actual, assumindo-se como um processo vital para a
modernização da Administração Pública. A sua grande prioridade é a melhoria da qualidade
dos serviços públicos prestados pela AP através do uso das TIC’s.
A internet pode também trazer algumas vantagens políticas. Gomes e Maia (2008:307-313,
citado por Santos 2009:6118) destacam sete pontos importantes dos “novos” meios de
comunicação para a democratização, que são:
O GE, ou a utilização das TIC para melhorar a prestação dos serviços públicos, melhora a
forma como o governo se relaciona com o cidadão, com as empresas e com os servidores
públicos. A isto, Barbosa (2008) chama categorias de relacionamento entre o governo e a
sociedade.
18
Gomes, W.; Maia, R. C. M. (2008) Comunicação e democracia: problemas e perspectivas. Paulus: São Paulo.
21
3.1.2. Categorias de Relacionamentos no Governo Electrónico
Categorias de Descrição
Relacionamento
Relação entre o […] incluem tanto a venda de bens do governo, na modalidade de leilão
governo e as electrónico, quanto a aquisição de bens e serviços comuns, pelo governo,
empresas (G2B) por meio de um processo de adjudicação realizada em sucessão pública na
internet, denominado pregão electrónico. Podem ainda ser realizadas troca
de informação e processamento de transacções electrónicas com empresas
do sector privado, buscando reduzir ao máximo as barreiras para se fazer
negócios com o governo (Dias 2006:42).
Relação entre o Para Prado et. al (2010:7) G2C contempla a relação do governo com a
governo e os cidadãos sociedade pela prestação de serviços, disponibilização de informações e
(G2C) transacções que permitem a interacção do cidadão com o governo, com o
objectivo prover serviços satisfatórios aos cidadãos para aprimorar o
relacionamento entre governo e os cidadãos.
Relação entre o Conforme certifica: Barbosa et. al (2004:174) a relação entre o governo e
governo e os os servidores públicos é caracterizada pela interacção do governo com os
servidores públicos funcionários do serviço público, provendo informações e prestação de
(G2E) serviços necessários para o desenvolvimento de suas actividades
profissionais e benefícios decorrentes da sua relação com o governo;
Relação do governo São iniciativas destinadas a atender as crescentes e dinâmicas necessidades
com suas agências de coordenação e integração entre diversas e diferentes instituições
governamentais e públicas intergovernamentais ou intragovernamentais. Isso para propiciar
outros governos a troca de informação entre vários processos que controlam e coordenam
(G2G) acções em diversas áreas através da correlação de dados (Oliveira
2006:118).
Fonte: Adaptado de Barbosa (2008).
22
A relação que perfeitamente encaixa na presente pesquisa é a G2C, que trata da relação entre
o governo e a sociedade pela prestação de serviços, envolvendo acções que permitem a
interacção do cidadão com o governo. Um claro exemplo deste tipo de relação é a concessão
de alvarás, licenças e o registro de veículos.
Com a introdução dos projectos âncora foi possível criar a GovNet que de acordo com a EGEM
(2006) é uma rede electrónica do governo que interliga Todos os Ministérios e instituições do
Governo do nível central ao Local e Central até ao Distrital e Municipal.
Assim, Macuane (2007:102-103) deixa ficar também seu ponto de vista, mencionando que a
falta de infra-estruturas básicas, tais como electricidade e telecomunicações na maior parte dos
distritos constituirá também um obstáculo à implementação da estratégia de GE. Aponta
também a falta de conhecimentos de informática entre os funcionários públicos como outro
desafio. Para além disso, havendo uma integração dos sistemas de informação existentes no
governo gerindo múltiplos serviços implicaria um redesenho das políticas sectoriais existentes
no sector público, sem mencionar que seria necessário uma boa capacidade de gerência de base
de dados que estariam a se tornar cada vez mais complexas com o redesenho das politicas
sectoriais e com a integração de vários sistemas de informação.
Em sua abordagem sobre os desafios do GE Lenk (1997, citado por Fernando 2016:3719),
considera que os elementos de informação de que a administração deve-se preocupar numa
situação de introdução de GE são: a introdução de várias aplicações de TIC’s, a fim de (re)
19
Lenk, K. (1997). Business Process Reengineering in the Public Sector: Opportunities and Risks: IOS Press
Amsterdam.
24
modelar partes importantes de meios de comunicação de processamento de informação, tal
como Macuane no paragrafo anterior menciona; a introdução de conhecimentos especializados
(administradores, departamentos e organizações com tarefas e responsabilidades explícitas) na
área das relações de informação; o desenvolvimento de políticas de informação dentro e entre
organizações; o redesenho das estruturas de organização interna e externa e processos de
trabalho que estão relacionados com a introdução das TIC’s.
Todos estes autores, ao falarem dos desafios do GE enfatizam o redesenho das políticas que a
administração usa até então, para que se possa superar maior parte dos desafios enfrentados na
implementação do GE.
Actualmente, tem se notado uma crescente preocupação por parte das organizações no geral,
em fornecer mais qualidade. Para uma melhor percepção, vamos perceber antes os serviços
públicos e a sua génese, incluindo as necessidades colectivas, uma vez que elas são as
responsáveis pela existência dos serviços públicos.
Conforme afirma Caetano (1991:2) nos grupos sociais onde decorre necessariamente a
convivência dos indivíduos e das famílias tais como a povoação, a freguesia, o concelho, e o
Estado, surgem necessidades colectivas. Destas necessidades existem aquelas inerentes à vida
em sociedade que são chamadas necessidades colectivas essenciais. As necessidades essenciais
somente afectam os indivíduos na medida em que eles pensem nos problemas da vida colectiva,
a sua satisfação não implica necessariamente a produção de bens para serem prestados aos
particulares. São exemplos de necessidades essenciais as necessidades de segurança,
comunicação e diplomacia. Além das necessidades essenciais, existem as necessidades
instrumentais. As necessidades instrumentais derivam da criação no seio dos grupos sociais de
processos na tentativa de substituir os indivíduos na procura de bens úteis para a satisfação de
necessidades individuais por todos sentidas, isto é, necessidades primárias sentidas no dia a dia
25
(Caetano, 2004:1066). Significa então que as necessidades instrumentais surgem da criação de
entidades para satisfazer necessidades do dia a dia que normalmente o indivíduo teria que
procurar pessoalmente. O indivíduo habitua-se de tal modo a contar com os meios
proporcionados por essas entidades que a existência delas passa a corresponder a uma
necessidade colectiva, embora instrumental. Quer dizer que a vida social deixa de decorrer
normalmente sem a existência e a possibilidade de utilização desses meios ou instrumentos
colectivos de satisfação de necessidades individuais (Ibid., 1991:4). Poderíamos citar como
exemplo de necessidades instrumentais a necessidade de água e luz às quais o indivíduo as
satisfaz por intermédio de instituições.
Com isto, pode-se afirmar que os serviços públicos existem para suprirem as necessidades
colectivas, necessidades estas que derivam da existência do ser humano em sociedade. Tal
como assevera Simão (2014) existindo e manifestando-se com suficiente intensidade uma
necessidade colectiva, deverá existir ou ser criado um serviço público destinado a satisfaze-la,
em nome e no interesse da colectividade.
A expressão serviço público apareceu antes da sua inserção numa teoria, sua emergência tem
como condição essencial a distinção público-privado, que se afirma no curso da fase absolutista
(séculos XVII a XVIII, sobretudo). Antes disso, o serviço não se concebe em relação aos
particulares ou usuários, mas em relação ao rei; falava-se em serviço do rei (Medauar,
1992:101).
Em suas palavras Cretella (s/d:201) afirma que “cabe com justa razão a Léon Duguit a primazia
de haver elaborado, na França, a Teoria do Serviço Público e de ter sido o primeiro a introduzir
tal noção no conceito jurídico de Estado”. Medauar (1992:103) sustenta este posicionamento
afirmando que “a expressão foi trabalhada como teoria, como concepção, por Léon Duguit e
Gaston Jeze, surgindo então a Escola do Serviço Público, também chamada Escola de
Bordeaux.” Por seu turno Caetano (2004:1068 citando Hauriou 1921:2520) assevera que foi
sobretudo Hauriou quem, na escola francesa do começo do século XX, pôs em relevo a
importância do serviço público como serviço prestado ao público de maneira regular e contínua
para satisfazer a ordem pública e por uma organização pública. Na mesma época e no mesmo
País Léon Duguit hipertrofiou a importância do serviço público com sua percepção de que o
20
Hauriou, M. (1921) Précis de droit Administratif, 10a edição.
26
Estado é apenas uma cooperação de serviços públicos organizados e controlados por
governantes.
3.2.3. Qualidade
Já a American Society for Quality considera a qualidade um termo subjectivo para o qual cada
pessoa ou sector tem sua própria definição. No uso técnico, qualidade pode ter dois
significados: 1) as características de um produto ou serviço que influenciam sua capacidade de
satisfazer necessidades declaradas ou implícitas; 2) um produto ou serviço livre de deficiências
[…] (https://asq.org)21.
Não se pode deixar de lado o conceito do considerado pai do conceito qualidade total Edwards
w. Deming que assevera que qualidade é “atender continuamente às necessidades e
expectativas dos clientes a um preço que eles estejam dispostos a pagar”. (Deming 1990:125
citado por Silva 200622)
Por outo lado, a ISO (International Standardization Organization), define qualidade como a
adequação e conformidade dos requisitos que a própria norma e os clientes estabelecem.
Em seu turno Juran (1988) famoso por seu trabalho com qualidade e gestão da qualidade olha
para a qualidade como a adequação ao uso através da percepção das necessidades dos clientes.
21
Quality Glossary-Q, American Society for Quality, https://asq.org/quality-resources/quality-glossary/q,
consultado em 24 de Novembro de 2020;
22
Deming, W. E. (1990), Qualidade: a revolução da administração, Marques Saraiva: Rio de Janeiro;
23
Feigenbaum, A.V. (1961) Total Quality Control. McGraw-Hill, London.
27
com a excelência. Mais do que uma técnica de eliminação de defeitos nas operações industriais,
tem por base a orientação para o cliente.
Com o objectivo de articular as diversas perspectivas do conceito, Garvin (1984 citado por
Silva 2018:17-1824) desenvolveu oito categorias da qualidade, nomeadamente: desempenho,
conformidade, características, confiabilidade, durabilidade, atendimento, estética e qualidade
percebida.
Reeves et al (1994:441) acrescenta ainda que a busca por uma definição universal de qualidade
e declaração de relacionamentos legais não teve sucesso. o espaço de construção de qualidade
é tão amplo e inclui tantos componentes que haveria pouca utilidade em qualquer modelo que
24
Garvin, D. A. (1984) What does product quality means? Sloan Management Review.
25
Ibid.
28
tentasse englobá-los todos. consequentemente, o desafio não é formular uma definição ou
modelo que tente dar conta de todas as variáveis possíveis. Em vez disso, o desafio é
desenvolver modelos e definições que sejam comparáveis, até mesmo cumulativos, e que sejam
responsáveis por muitos dos componentes negligenciados até agora.
De acordo com Loureiro (2006 citado por Margato 2014:326), as origens da preocupação com
a qualidade, no sentido da aptidão ao uso e funcionalidade, remontam à idade média por meio
dos artesãos. Estes identificavam as necessidades dos clientes, concebiam, fabricavam e
vendiam o produto, prestando ainda assistência pós-venda.
Por seu turno, Pires (2007, citado por Margato 2014:327) afirma que, o termo qualidade ocorreu
por volta da década de 1950, após a 2ª Guerra Mundial. Na sua origem, esteve a racionalização
da produção, caracterizada pela produção em grandes quantidades e pela execução das tarefas
de forma rápida e eficiente. Com a produção em massa, aumentou o risco no que respeita à
conformidade dos produtos relativamente às suas especificações e, por esta razão, surge, como
primeira e significativa actividade da função qualidade, a inspecção. Por outro lado, como a
procura era superior à oferta, o foco era nos preços e na quantidade, de modo a que os preços
fossem acessíveis a todos os clientes. Deste modo, a análise da qualidade como valor surge
com a necessidade de mercantilização, em que os bens passam a ter valor de troca. Assim, um
produto de qualidade é aquele que proporciona desempenho a um preço aceitável, ou
conformidade a um custo aceitável.
Entre os finais dos anos 60 até aos anos 80 o controlo da qualidade tinha em conta toda a
organização, deixando de ser considerada uma tarefa que competia apenas à inspecção. Era
necessário considerar o mercado e realizar estudos que o compreendessem. Também nesta fase
se torna essencial reduzir custos e controlar a variabilidade dos processos. Em alternativa ao
modelo de Gestão da Qualidade tradicional, nos anos 80 a Qualidade passa a ser vista como a
Gestão da Qualidade Total. Esta começa por reduzir os níveis de hierarquia na organização,
26
Loureiro, S. M. (2006). Gestíon de la Calidade en el Turismo Rural. Tese de Doutoramento em Marketing e
Comercio Internacional.
27
Pires, A.R. (2007). Qualidade: Sistemas de Gestão da Qualidade. Lisboa: Edições Sílabo.
29
passando muitas das decisões a serem tomadas pelos trabalhadores, enquanto equipa, no seu
dia-a-dia (Löffler, 2001 citado em Silva 2018:1628). Actualmente este conceito não se preocupa
apenas com a detecção dos defeitos, mas sim com a satisfação das necessidades e expectativas
do cliente, garantia e controlo de qualidade. Numa época em que a oferta é bastante superior à
procura, as organizações podem, e devem diferenciar-se dos seus concorrentes, a fim de
fidelizar os clientes (Silva 2018:16).
Gonçalves (1997) propõe que “para entender o impacto nos negócios e avaliar as acções do
mercado resultantes do nível de satisfação em relação ao serviço fornecido, uma organização
deve utilizar um modelo que possui oito elementos básicos’’, nomeadamente: atributos da
qualidade do serviço, serviço esperado, factores de influência, serviço percebido:, qualidade
do serviço recebido, nível de satisfação, novas atitudes, e novo comportamento.
28
Loffler, E. (2001), Quality awards as a public sector benchmarking concept in OECD member countries:
some guidelines for quality award organizers.
30
receber. É influenciada também pelo grau de importância que o utente estabelece para
cada atributo;
• Nível de satisfação: da qualidade do serviço recebido deriva então o nível de satisfação;
• Novas atitudes: e o nível de satisfação do utente gera novas atitudes;
• Novo comportamento: as novas atitudes geram um novo comportamento. O utente
poderá então frequentar mais a instituição ou até menos, sem contar com a divulgação
que ele fará para outras pessoas;
Sheth et al (2004, citado por Albernaz & Freitas 2010:429) realizou uma pesquisa na qual
analisa modelos de mensuração de qualidade tais como o modelo da qualidade de Serviço
percebida em serviços, 5 Gaps, SERVQUAL, SERVPERF, Serviços em TI, Qualidade em e-services
e alinhamento de TI, evidenciando suas principais falhas e limitações.
29
Sheth, J. et al (2004), Costumer behavior: A managerial perspective, Nortorp Boulevard.
31
consumidor. Considera dez dimensões:
confiabilidade, segurança, agilidade, acesso,
comunicação, tangíveis, cortesia,
credibilidade, competência,
conhecimento ou saber.
SERVQUAL Propuseram a redução das 10 dimensões do Modelo é exploratório, e não
(Parasuraman et modelo dos 5 GAPs para 5 dimensões: explica claramente o processo
al, 1988) tangibilidade, confiabilidade, receptividade, de mensuração.
segurança e empatia. Busca medir a
qualidade do serviço pela diferença (gap)
entre as expectativas do consumidor em
relação a algum serviço específico e o
desempenho real do serviço.
SERVPERF Utiliza as dimensões e itens do Necessita ser generalizado para
(Cronin e SERVQUAL, mas argumenta que a todos os tipos de definição de
Taylor, 1992) qualidade dos serviços é melhor mensurada serviços. Deve ser estabelecida a
considerando apenas as medidas da relação quantitativa entre a
percepção dos consumidores acerca do satisfação do consumidor e a
desempenho do serviço. Os autores o qualidade do serviço
consideram mais eficiente uma vez que
reduz directamente à metade o número de
itens a avaliar.
Serviços em TI Integra as dimensões dos serviços conforme No estudo, concluem que
(Zhu et al. ,2002) o SERVQUAL, os constructos que Serviços baseados em TI têm um
representam a qualidade dos serviços impacto directo sobre a
baseados em TI, as preferências em serviços confiabilidade, capacidade de
tradicionais, experiências baseadas no uso de resposta e as dimensões de
serviços de TI e políticas de TI percebidas. garantia e impacto indirecto na
satisfação do cliente e qualidade
do serviço percebida.
Qualidade em e- Fornece uma melhor compreensão de Estudo exploratório. Utiliza
services (Santos, qualidade do e-service. Pode ser útil a dimensões incubadas ou activas,
2003) empresas que se dedicam ao comércio mas não fornece escalas de
electrónico ou planejam fazê-lo, visando medição específicas e não foi
atingir alta de retenção de clientes, satisfação realizada nenhuma análise
do cliente e lucratividade. estatística.
32
Alinhamento de Apenas destaca o impacto da TI sobre a O modelo é omisso sobre o nível
TI (Berkley e qualidade do serviço. Não oferece uma de uso de TI para as definições
Gupta, 1994) maneira de medir e monitorar a qualidade do de serviço específico.
serviço.
Fonte: Adaptado de Albernaz & Freitas 2010:4.
Em seus estudos Albernaz & Freitas (2010) propõe um modelo para a mensuração da qualidade
em serviços com base nas dimensões mais utilizadas na literatura científica, tais como a
tangibilidade, confiabilidade, receptividade, garantia, empatia, flexibilidade e custo, tomando em
consideração as lacunas existentes nos modelos da tabela acima.
Tabela 4: Modelo de mensuração da qualidade em serviços proposto por Albernaz & Freitas.
Modelo Características Dimensões
Específico para avaliar a qualidade dos serviços de suporte de Tangibilidade,
Proposta de TI a partir da mensuração do grau de satisfação dos avaliadores Confiabilidade,
Albernaz & à luz dos critérios considerados, avalia os serviços prestados Receptividade,
Freitas segundo a percepção do usuário medindo sua satisfação, amplo Garantia, Empatia,
(2010) para ser aplicável a qualquer ambiente que possua uma estrutura Flexibilidade e
de TI, independente desta ser grande ou pequena. Custo.
Fonte: Adaptado de Albernaz & Freitas 2010:8.
A expressão GE pressupõe o uso das TIC’s por parte do governo, e esta intimamente ligada a
prestação de serviços ao cidadão. Conforme afirma Dias (2006:37), em uma abordagem
abrangente, encara-se o GE como a automatização da prestação de serviços de governo ao
cidadão.
Em Oliveira (2006:103) percebe-se que mesmo com o encargo de prestar um serviço público
com mais qualidade, o cidadão não tem escolha nem da oferta nem do fornecedor, ele tem
sempre que procurar uma repartição pública. Conforme corrobora Dias (2006:46) […] “muitos
dos clientes do governo são “clientes involuntários”, cujo relacionamento como o governo,
durante a prestação do serviço, deriva de suas obrigações como cidadãos, com isso não se
verifica a presença de incentivos naturais para a implementação de novas formas de prestar
serviços ao cidadão. São ainda poucas as iniciativas na busca de soluções que provocam
redução de prazos, custos e outros benefícios. Assim para o autor, a introdução de novos
33
Sistemas de Informação para informatizar e automatizar procedimentos pode ser um passo
nesta direcção.
Por seu turno, Mateus (2008, citado por Merina 2014:2130), considera a implementação do GE
como uma medida importante para promover a cidadania e impulsionar a mudança,
melhorando deste modo a vida dos cidadãos nos serviços, tais como a entrega de várias
declarações por via electrónica, o passaporte electrónico, o documento único automóvel, a
informação empresarial simplificada, o sistema de criação de empresas na hora e o
processamento maciço, por via electrónica, das declarações às Finanças e à Segurança Social,
contribuindo para a desburocratização da maioria dos serviços públicos.
De acordo com a pesquisa da Organização das Nações Unidas (2018:33-34) intitulada Estudo
Sobre GE 2018, uma grande ênfase está a ser dada aos serviços de governo móvel na oferta de
educação, saúde e outros serviços sociais remotos, o que tem um impacto positivo no
quotidiano das pessoas. Isto é particularmente verdadeiro para aqueles que vivem em áreas
rurais e que se encontrem em desvantagem em comparação com as regiões urbanas. Em
especial, o governo móvel proporciona a mesma oportunidade de interagir com autoridades
públicas e, potencialmente, limita também a corrupção.
Mateus, J. C. (2008). “O Governo Electrónico, a sua aposta em Portugal e a importância das Tecnologias de
30
Comunicação para a sua estratégia.” Revista de Estudos Politécnicos, Kekhne 2008, Vol. 6, No. 9.
34
CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA
PESQUISA
No presente capítulo, faz-se uma breve apresentação do BAÚ, instituição que constituiu o
marco espacial deste trabalho. Faz-se, também, uma apresentação, análise e interpretação dos
dados colhidos no campo de forma a responder os objectivos e hipóteses do trabalho.
O Projecto e-BAÚ foi implementado no BAÚ da cidade de Maputo em Agosto de 2014, mas
por motivos técnicos somente ficou totalmente operacional no início do ano 2015.
35
Abreviadamente designados por BAÚ, os Balcões de Atendimento Único são unidades
concentradas de prestação de serviços públicos, onde o cidadão, em geral, beneficia-se de
vários serviços, obtendo respostas às suas preocupações. Estes, têm por objectivo melhorar os
serviços públicos, através da simplificação, flexibilização e celeridade dos procedimentos
administrativos, relativos aos pedidos que lhes são apresentados pelos cidadãos. Os serviços
essenciais do BAÚ são: serviços de licenciamento (licenciamentos sob regime simplificado,
industrial e comercial), serviços de cobrança de impostos e taxas e serviços complementares
aos licenciamentos. O BAÚ da cidade de Maputo está localizado na cidade de Maputo, na
Avenida Josina Machel; número 157 rés-do-chão. O BAÚ é tutelado pelo Ministério da
Indústria e Comércio, e é constituído pelos seguintes órgãos: Direcção executiva, colectivo de
direcção e Serviços. A área de serviços corresponde ao Licenciamento e prestação de serviços,
a Administração, Finanças e Recursos Humanos; Planeamento, Estatística e Cadastro; e a
Informática, conforme ilustra o organograma na página seguinte.
Foram inqueridos no total trinta e cinco (35) utentes e foram feitas sete (7) entrevistas aos
colaboradores no BAÚ da cidade de Maputo. A amostra é composta por utentes com formação
superior no que tange ao nível de escolaridade. Vinte e um (21) correspondente a 60% têm
36
nível superior, doze (12) correspondentes a 34,3% têm nível médio e dois (2) correspondentes
a 5,7% têm nível básico conforme ilustrado:
25
21
20
15
12
10
0
Básico Médio Superior
Fonte: Elaborado pelo pesquisador com base nos dados recolhidos no BAÚ.
Com a implementação das TIC’s muitas práticas organizacionais têm sido optimizadas e os
processos associadas à estas passaram, em muitos casos, por uma reengenharia completa. Um
exemplo desta mudança de processos é a forma como as organizações passaram a transaccionar
e se comunicar, seja em organizações privadas, públicas ou do terceiro sector (Martins &
Ramos 2008:1). Em consonância, Fernandes (2007:16) afirma que esta implementação implica
necessariamente, a transformação da AP em direcção a níveis de integração de seus processos
e estruturas, que não podiam ser alcançados anteriormente à irrupção31 das TIC’s. Acrescenta
ainda que, não há determinismo tecnológico, mas abertura de possibilidades de mudança
organizacional em direcção a estruturas e formatos de maior flexibilidade.
31
Irrupção - surgimento inesperado e vigoroso
37
No BAÚ da cidade de Maputo não foi diferente. De acordo com Fumo (202032), houve uma
reengenharia nos processos e estrutura organizacionais, com foco na optimização dos serviços
prestados pela instituição. Com a introdução da plataforma integrada de prestação de serviços
ao cidadão foram adoptados novos procedimentos tais como a criação do portal do cidadão;
desconcentração do poder de decisão final nos processos de licenciamento, com excepção das
licenças de representação comercial estrangeira; simplificação dos procedimentos de
licenciamento e a desmaterialização dos processos33 (de máquinas de dactilografar para
computadores).
32
Fumo, Rosa (2020) Funcionária do BAÚ (Técnica de execução orçamental), entrevistada
a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
33
A desmaterialização dos processos é a passagem dos processos para o formato electrónico.
34
Mahumana, Lorena (2020), Funcionária do BAÚ (Técnica de comunicação e imagem), entrevistada
a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
38
entidades competentes para que elas pudessem aprovar e devolve-las ao BAÚ. Com a
introdução do e-BAÚ, houve uma desconcentração do poder de decisão final nos
processos de licenciamento, neste sentido, os alvarás passam a ser assinados no BAÚ,
com excepção dos processos de representação estrangeiras (que vão para o MIC)
(Mahumana (202035).
• Simplificação dos procedimentos de licenciamento- A simplificação dos
procedimentos de licenciamento, consiste em eliminar todas actividades e tarefas
desnecessárias que não contribuem para a realização dos objectivos e resultados
preconizados. Antes da introdução da plataforma e-BAÚ, para o licenciamento decorria
primeiro a fase da triagem (feita na secretaria para verificar se os documentos estão em
ordem), dai passava para a fase do licenciamento (o processo era distribuído entre os
técnicos para verificação), depois passava por uma verificação pelo chefe de
licenciamentos, em seguida passava para o director, depois desta fase, dependendo do
tipo de licenciamento precisava ser enviado ao MIC ou ao Conselho Municipal para
posterior avaliação e assinatura (BAÚ, 2020). As fases do licenciamento actualmente,
segundo informações colhidas no BAÚ, são: entrada, feita através do front-office;
instrução, onde se efectua a verificação da informação através do back-office;
autorização que compete ao chefe de licenciamentos; e o despacho, após passar pelo
director do BAÚ.
• Desmaterialização dos processos- A desmaterialização dos processos consiste na
automatização dos processos de licenciamento nas áreas de indústria e comércio. Os
processos no BAÚ da cidade de Maputo eram tramitados em papel, usando uma
máquina de dactilografar. Com a desmaterialização dos processos, a informação em
formato físico torna-se facultativa, sendo digitada em computadores e tramitada
electronicamente, neste sentido, todo e qualquer interveniente no processo de
licenciamento a qualquer momento pode ter acesso a informação com facilidade.
35
Mahumana, Lorena (2020), Funcionária do BAÚ (Técnica de comunicação e imagem), entrevistada
a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
39
forma de tramitação dos documentos foi redesenhada em função das alterações ambientais
ocorridas com a irrupção das tecnologias de informação e comunicação.
Neste sentido, chega-se ao entendimento de que com a introdução da plataforma e-BAÚ, que
preconiza a melhoria da qualidade dos serviços públicos através das TIC’s, houve alterações
nos processos e infra-estruturas do BAÚ da cidade de Maputo, no que se refere ao
licenciamento industrial e comercial, conforme assevera Fernandes (2007:16), a
implementação do GE implica necessariamente, a transformação da AP em direcção a níveis
de integração de seus processos e estruturas, que não podiam ser alcançados sem à irrupção das
TIC’s.
O GE é uma ferramenta que possui imensas vantagens no que respeita ao acesso a informação,
flexibilidade, redução do dispêndio de determinados recursos e muito mais. Todavia, o GE não
produz resultados de per si, o envolvimento e comprometimento dos actores em todos os
processos desta causa é uma condição sine qua non.
Citando Snellen (200736), Fernando diz ainda que, essas barreiras são do âmbito técnico,
organizacional e institucional e têm muito a ver com o crescimento da interdependência das
redes organizacionais no GE pois envolve mais do que simples introdução de aplicações de
TIC dentro da Administração Pública.
36
Snellen, I. Th. M. (1998). “Street level Burocracy in an Information Age”. In Snellen and Van de Donk,
1998: 497-505.
40
implementação da estratégia de GE. Aponta também a falta de conhecimentos de informática
entre os funcionários públicos como outro desafio. Para além disso, havendo uma integração
dos sistemas de informação existentes no governo gerindo múltiplos serviços implicaria um
redesenho das políticas sectoriais existentes no sector público, sem mencionar que seria
necessária uma boa capacidade de gerência de base de dados que estariam a se tornar cada vez
mais complexas com o redesenho das políticas sectoriais e com a integração de vários sistemas
de informação.
Para o caso do BAÚ da cidade de Maputo, Fumo (202037) afirma que um dos desafios que a
plataforma e-BAÚ apresenta é o factor da interoperabilidade38. Deve-se melhorar a plataforma
para que ela possa ter a capacidade de aceder informações dos utentes provenientes de outras
instituições governamentais onde ele possa ter frequentado. Salienta ainda que esta não é uma
tarefa fácil no nosso contexto, sobretudo porque algumas instituições dificultam o processo de
interoperabilidade, isto é, não dão na totalidade a informação necessária, trabalhando
separadamente mesmo que todos tenham a finalidade de aproximar o serviço ao cidadão.
Por seu turno, Massingana (202039) afirma que um dos grandes desafios advindos da
implementação do e-BAÚ, é a formação dos colaboradores do BAÚ em relação ao uso das
TIC’s. Argumenta ainda que alguns colaboradores não estão inteiramente preparados para lidar
com TIC’s. Ainda na perspectiva do entrevistado, é necessário se fazer uma troca de
experiências outras instituições governamentais, principalmente as que trabalham directamente
com TIC’s, desta forma os colaboradores poderão aprender mais sobre o GE e sai integração
na Administração Pública.
37
Fumo, Rosa (2020) Funcionária do BAÚ (Técnica de execução orçamental), entrevistada
a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
38
Capacidade de um sistema se comunicar com outro. Para este caso, capacidade dos sistemas do governo se
comunicarem entre si.
39
Massingana, Michel (2020) Funcionário do BAÚ (Técnico de serviços de planificação, cadastro e estatística),
entrevistado aos 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
40
Entrevistado B (2020) Funcionária do BAÚ (Técnica), entrevistada a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de
Maputo.
41
de escolher o serviço ao qual deseja ter acesso no BAÚ e os respectivos detalhes sobre os
requisitos.
Massangale (2020)41 afirma por seu turno que, o desafio que se coloca actualmente ao BAÚ da
cidade de Maputo no que tange ao GE é a criação de serviços online. Estes serviços devem
conferir aos utentes a prerrogativa de requisitar electronicamente os serviços fornecidos pelo
BAÚ, de qualquer lugar, a qualquer hora. Isto evitaria longas bichas e dispêndio de recursos
financeiros e tempo, dirigindo-se o utente ao BAÚ para levantar seu expediente.
Pode-se então perceber que, conforme afirmam Macuane (2007) e Fernando (2016), os maiores
desafios do GE são: a formação dos colaboradores para que possam ser capazes de operar as
tecnologias introduzidas pelo GE, a interligação de sistemas cada vez mais complexos. Estas
são barreiras que podem influenciar no sucesso ou insucesso da introdução do GE, e sem a
colaboração de todos os actores envolvidos neste processo não será possível ultrapassar estes
obstáculos.
Neste sentido, é necessário recorrer ao princípio da TGS que advoga que o todo é a soma das
partes, há que se considerar o todo ao se estudar as partes, uma vez que foi evidenciado que os
desafios do GE envolvem a todos intervenientes no processo de implementação do GE, sendo
que cada um tem sua forma de contribuir. Caso haja um colapso em uma destas partes, o todo
é afectado.
Em suma, não obstante as vantagens que o GE oferece, sua simples implementação não é factor
determinante para a melhoria da qualidade em serviços, pois existem ainda desafios por
superar, tais como a disponibilização de serviços online, a formação dos colaboradores com o
intuito de capacitá-los para o uso das TIC’s, a interligação dos sistemas governamentais, com
o intuito de partilhar informações que facilitem no preenchimento de formulários e confiram
celeridade aos processos e o redesenho das políticas sectoriais para que possam albergar o GE.
Sem a participação dos actores envolvidos (utentes, colaboradores, instituições, Governo), o
GE pode se apresentar apenas como uma nova forma de reproduzir os mesmos erros.
41
Massangale, Carlos (2020) Utente do BAÚ da cidade de Maputo, entrevistado a 12 de Outubro de 2020 na
Cidade de Maputo.
42
de Maputo, o GE pode se tornar um fracasso e reproduzir as irregularidades já existentes. É
necessário que estes desafios sejam superados para que se logre êxito na implementação do
GE.
Segundo Cota (2006, citado por Margato 2014:12-1342), a qualidade de serviço é actualmente
uma das principais formas de uma organização se diferenciar dos seus concorrentes e obter
vantagem competitiva. Neste sentido, a qualidade de serviço é indispensável para o sucesso de
qualquer organização de prestação de serviços.
Mateus (2008) afirma que, o GE tem assumido uma importância crescente na sociedade actual,
assumindo-se como um processo vital para a modernização da Administração Pública. A sua
grande prioridade é a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados pela AP através
do uso das TIC’s.
Por seu turno José (2014:23), adverte que não se pode pensar que o GE pode transformar um
Estado de falhas em um Estado eficiente e credível, orientado para o desenvolvimento. A
tecnologia deve ser colocada como uma ferramenta para o programa com recurso à utilização
das TIC’s, quando e onde necessário. Contudo, existe um sentimento global de os Governos
melhorarem o seu desempenho e minimizar os custos de transacções, cada um de acordo com
a sua realidade, mediante a implementação do GE, rumo ao desenvolvimento sustentável,
aproveitando-se das oportunidades que as TIC’s oferecem e melhorar a qualidade de vida dos
cidadãos.
42
Cota, B. (2006). Manual e Marketing de Serviços. Lisboa, Universidade Lusíada Editora.
43
Mahumana, Lorena (2020), Funcionária do BAÚ (Técnica de comunicação e imagem), entrevistada a 12 de
Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
43
Chabane (202044) ressalva que, com a redução do tempo de espera em fila, o volume de utentes
atendidos diariamente aumentou, já se atende em média 100 (cem) utentes por dia, o dobro do
que conseguiam fazer sem a plataforma e-BAÚ. A média dos utentes atendidos diariamente
está associado a muitos factores, mas o principal é a flexibilidade com a qual o colaborador
consegue atender os utentes. Com a redução de determinadas etapas do processo de
licenciamento e a introdução das TIC’s tornou-se mais fácil e rápido atender as necessidades
dos utentes.
Dos dados fornecidos pelo BAÚ (2020) chega-se ao entendimento de que, quanto ao impacto
do GE na melhoria da qualidade dos serviços prestados no BAÚ da cidade de Maputo o tempo
de resposta reduziu consideravelmente com a introdução da plataforma e-BAÚ. Para o
licenciamento comercial, o tempo de resposta era em média sete (7) dias, mas actualmente pode
ser realizado em 24 horas. Para o licenciamento industrial, o tempo de resposta era em média
dez (10) dias, mas actualmente pode ser realizado em três (3) dias. Importa referir que, esta
redução do tempo de resposta está também associada à desconcentração de assinaturas para
44
Chabane, Bernardo (2020) Funcionário do BAÚ (Gestor de transportes), entrevistado a 12 de Outubro de
2020, na Cidade de Maputo.
45
Massingana, Michel (2020) Funcionário do BAÚ (Técnico de serviços de planificação, cadastro e estatística),
entrevistado aos 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
44
aprovação das licenças e também à redução das etapas de licenciamento. Corroborando,
Mahumana (2020)46 afirma também que, o tempo de resposta melhorou muito com a
introdução do e-BAÚ, pois antigamente o processo demorava entre sete (7) a dez (10) dias,
mas agora são apenas vinte e quatro (24) horas.
A seguir é apresentada a tabela com a síntese das melhorias mencionadas pelo BAÚ da cidade
de Maputo no que diz respeito ao impacto do GE na melhoria da qualidade dos serviços
públicos.
Fonte: Adaptado pelo autor com base nos dados colhidos no BAÚ da cidade de Maputo.
46
Mahumana, Lorena (2020), Funcionária do BAÚ (Técnica de comunicação e imagem), entrevistada
a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
45
Gráfico 2: Total de licenciamentos no BAÚ da cidade de Maputo no período 2015-2018
respectivamente.
7000 6503
6000
5297
4974 5046
5000
4000
3000
2000
1000
0
Categoria 1
Fonte: Elaborado pelo pesquisador com base nos dados recolhidos no BAÚ.
Em 2015, o número total de licenciamentos foi de quatro mil novecentos e setenta e quatro
(4974), em 2016 o total de licenciamentos foi de cinco mil e quarenta e seis (5046)
licenciamentos, o que representa uma diferença de setenta e dois (72) licenciamentos em
relação ao ano de 2015. No ano de 2017 o total de licenciamentos foi de cinco mil duzentos e
noventa e sete (5297) licenciamentos, tendo assim uma diferença de 251 licenciamentos
comparativamente ao ano 2016. Em 2018 o total de licenciamentos foi de seis mil quinhentos
e três (6503) licenciamentos, tendo uma diferença de mil duzentos e seis (1206) licenciamentos
se comparado com o ano 2017. Conforme afirma Mahumana (2020)47 estas subidas estão
aliadas aos esforços por parte dos colaboradores em melhorar suas habilidades no uso da
plataforma e-BAÚ e também pelos esforços associados à divulgação dos serviços prestados
pelo BAÚ.
47
Mahumana, Lorena (2020), Funcionária do BAÚ (Técnica de comunicação e imagem), entrevistada a 12 de
Outubro de 2020, na Cidade de Maputo.
46
Tabela 06: Diferenças do número total de licenciamentos efectuados no BAÚ da cidade de Maputo em
anos.
Conforme ilustra a tabela acima, do ano 2015 ao ano 2016 houve uma diferença de setenta e
dois (72) licenciamentos, correspondente a 1,45% de aumento percentual. Do ano 2016 ao ano
2017 a diferença foi de duzentos e cinquenta e um (251) licenciamentos, equivalente a um
aumento percentual de 4,97%. Do ano 2017 ao ano 2018, a diferença foi de mil duzentos e seis
(1206) licenciamentos, o que corresponde a um aumento percentual de 22,76%. Conclui-se
com isto que, o número de licenciamentos tende a aumentar do o ano 2015 ao ano 2018.
47
Gráfico 3: Percepção dos inquiridos em relação ao impacto do GE na melhoria da qualidade
dos serviços públicos
18 48,6%
16
40%
14
12
10
4
5,7% 5,7%
2
Fonte: Elaborado pelo pesquisador com base nos dados recolhidos no BAÚ.
Por seu turno, o entrevistado A (202049) afirma que o impacto que o GE tem é satisfatório, mas
ainda é preciso melhorar muita coisa, como por exemplo a interoperabilidade50. A
interoperabilidade permitiria que no acto do preenchimento de dados no e-BAÚ, fosse possível
48
Entrevistado B (2020) Funcionária do BAÚ (Técnica), entrevistada a 12 de Outubro de 2020, na Cidade de
Maputo.
49
Entrevistado A (2020) Funcionário do BAÚ (Chefe de informática), entrevistada a 15 de Outubro de 2020, na
Cidade de Maputo.
50
Capacidade de um sistema informático se comunicar com outro.
48
buscar informações do utente a partir de outras instituições que o utente tenha frequentado, isso
facilitaria o preenchimento dos formulários e melhoraria a flexibilidade, uma vez que campos
similares seriam preenchidos automaticamente.
Dois (2) dos utentes correspondentes a 5,7% inquiridos responderam que o GE não melhora
em nada a qualidade dos serviços públicos, pois apesar das TIC’s fornecerem uma boa base
para a melhoria da qualidade dos serviços públicos, os colaboradores da instituição não
possuem a destreza necessária para lidar com os utentes e precisam de uma formação nesse
sentido, neste sentido, os efeitos das melhorias não se fazem sentir. Os restantes dois (2)
correspondentes a 5,7% afirmam que não sabem qual é o impacto do GE na melhoria da
qualidade dos serviços públicos.
Dos dados aqui arrolados e interpretados notou-se que a introdução da plataforma e-BAÚ no
BAÚ da cidade de Maputo trouxe consigo melhorias em aspectos como o tempo de espera, o
tempo de execução dos processos, o tempo de resposta, o tempo de espera em fila, o volume
de utentes atendidos diariamente e a modernização do equipamento usado. Portanto, pode-se
concluir que o GE tem um impacto positivo na melhoria da qualidade dos serviços públicos,
uma vez que a sua implementação conferiu celeridade ao processo de licenciamento do BAÚ
da cidade de Maputo, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que se tenha bons
resultados, pois apesar dos seus resultados positivos ainda é possível fazer melhorias e tornar
o processo de licenciamento cada vez mais célere.
Com isto, é validada a terceira hipótese segundo a qual o GE tem um impacto positivo na
melhoria da qualidade dos serviços públicos, através da prestação de serviços online que antes
51
Entrevistado C (2020) Funcionária do BAÚ (Técnica em Administração), entrevistada a 12 de Outubro de
2020, na Cidade de Maputo.
52
Chabane, Bernardo (2020) Funcionário do BAÚ (Gestor de transportes), entrevistado a 12 de Outubro de 2020,
na Cidade de Maputo.
49
o cidadão precisava fazer-se presente na instituição para obtê-los, pois nota-se que o cidadão
pode obter toda informação sobre o processo de licenciamento por meio da internet, sem ter
que se dirigir às instalações físicas do BAÚ.
50
CONCLUSÃO
Durante a realização desta pesquisa, foi possível perceber que, como consequência da
implementação do GE no Baú da cidade de Maputo, tanto os procedimentos para licenciamento
quando as estruturas da organização passaram por um redesenho. Os procedimentos para
licenciamento foram reduzidos, deixando apenas o que é realmente essencial, etapas como o
envio do pedido de licença para o MIC e envio para o Conselho Municipal foram removidas,
pois foi conferido ao BAÚ a competência de assinar licenças sem a necessidade de passar pelo
MIC ou município para uma avaliação. desde que não sejam de representação estrangeira.
Contudo, o GE tem um impacto positivo na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo
BAÚ da cidade de Maputo, na medida em que confere mais celeridade aos processos de
licenciamento, melhorando aspectos como o tempo de espera em fila, o tempo de execução e
o tempo de resposta. Estas melhorias têm sido a causa das subidas dos totais anuais de
licenciamento nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018, sendo que a cada ano a diferença tende a
crescer cada vez mais.
51
RECOMENDAÇÕES
Durante a realização da pesquisa, foram constatados determinados aspectos que podem ser
melhorados, para que se possa fornecer serviços electronicamente com mais qualidade, o que
tornou pertinente avançar com algumas recomendações:
• Formar os colaboradores no uso das TIC’s para que o processo seja executado da forma
mais célere possível;
• Criação de um canal electrónico pelo qual o utente pode expor suas dúvidas, reclamações
e sugestões com a finalidade de tornar abrangente a satisfação dos anseios dos cidadãos;
• Criação de um inquérito de forma regular com a finalidade de aferir a satisfação dos utentes
em relação aos serviços prestados pelo BAÚ;
• Alargamento da base de divulgação dos serviços prestados pela instituição, para que não
seja necessário aproximar a instituição para obter informações, pois mesmo com a base de
divulgação actual ainda se nota enchentes apenas para a obtenção de informação;
• Melhorar a plataforma para que se possa fazer licenciamento online, assim o utente
aproximará a instituição para levantar o documento final, evitando enchentes.
• Avançar com a componente da interoperabilidade nas instituições estatais, assim será
possível obter os dados dos utentes a partir de instituições onde o utente já esteja cadastrado,
isso evitará o preenchimento de longos formulários.
52
REFERÊNCIAS
A. LIVROS
• Awortwi, N.; Sitoe, E. & J. Macuane (2007) Perspectivas Africanas sobre a Nova
Gestão Pública: Implicações para a Formação de Recursos Humanos, Edição
Portuguesa: Maputo;
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• Caetano M. (2004) Manual de Direito Administrativo, Almedina: Coimbra;
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Salvador;
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• Chiavenato, I. (2004), Introdução à Teoria Geral da Administração, 7ᵃed. Elsevier: Rio
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• Gil, A. (2002), Como Elaborar Projectos de Pesquisa, 4ª edição, Atlas Editora: São
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• Gil, A. (2008), Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 6ª edição, Atlas Editora: São
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• Juran, J. M., & Godfrey, A. B. (1998). Juran's quality handbook. New York: McGraw
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53
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• Silvestre, H. C. (2010) Gestão Pública: Modelos de prestação no serviço público,
Escolar editora: Lisboa;
54
• Salomão, F. H. (2015), “Breve estudo sobre Estado, Governo e Administração
Pública”, Águia: Revista Científica da Fenord, Vol. 5, No. 3, 39-72;
• Santos, J. (2009), “Governo Electrónico e Participação Política nos websites dos
Deputados da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia”, Brazilian Journal of
Information Science: Research Trends,Vol. 3, No. 1, 59-72;
C) Monografias e dissertações
D) Publicações Oficiais
55
• Organização das Nações Unidas (2018), Estudo Sobre Governo Electrónico da
Organização das Nações Unidas. Nova Iorque
F) Portais ou Páginas da Internet
56
https://www.qsp.org.br/biblioteca/medindo_qualidade.shtml consultado em 22 de
Novembro de 2020;
• ISO 9000 (2015) Quality management systems — Fundamentals and vocabulary,
disponível em https://www.iso.org/obp/ui/#iso:std:iso:9000:ed-4:v1:en, consultado aos
24 de Novembro de 2020;
• Margato, K. C. A. (2014), A Qualidade de Serviço: Um estudo sobre a Satisfação do
Cliente do Intermarché de Cantanhede, disponível em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/34828 consultado em 22 de Novembro de
2020;
• Martins, D. & Ramos, A. S. M. (2008), Conceito de Governo Electrónico e
Governança Electrónica: Confrontação e Complementaridade. Disponível em
anpad.org.br consultado em 03 de fevereiro de 2021;
• Nyakada, V. P. (2008), Lógica Administrativa do Estado Moçambicano (1975 -
2006),(Dissertação de Mestrado em Administração),Universidade de Brasília –
UNB,https://core.ac.uk/download/pdf/33530538.pdf, Consultado em 7 de Fevereiro de
2020;
• Oliveira, J. B. F. (2006), Governo Electrónico: Uma proposta para o provimento de
recursos da Tecnologia de Informação e Comunicação em Prefeituras, (Dissertação
de Mestrado em Administração), Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS,
São Leopoldo, http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/2679,
Consultado em 10 de Março de 2020;
• Reeves, C., & Bednar, D. (1994). Defining Quality: Alternatives and Implications. The
Academy of Management Review, 19(3), 419-445. disponível em
http://www.jstor.org/stable/258934 Consultado em 24 de Novembro de 2020.
• Silva, J. R. A .R (2006), Gestão da qualidade: Estudo conceitual, disponível em
https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/123456789/702/2/20179274.pdf,
consultado em 24 de Novembro de 2020.
• Simão, J. R. (2014), Manual de Direito Administrativo,
https://www.jorgerodriguessimao.com/direito-administrativo/544-i-introducao.html,
consultado em 27 de Julho de 2020;
• Simão, J. R. (2014), Manual de Direito Administrativo,
https://www.jorgerodriguessimao.com/direito-administrativo/544-introducao.html,
consultado em 27 de Julho de 2020;
57
G) Fontes Primárias
58
APÊNDICES
59
Apêndice 1
O presente questionário visa recolher colher informações com vista a auxiliar a elaboração do
Trabalho de Conclusão de Licenciatura em Administração Pública, cujo tema é: “Impacto do
Governo Electrónico na melhoria da prestação dos serviços públicos: Caso do projecto e-
BAÚ (2014-2018)”. O pesquisador solicita e agradece a colaboração dos funcionários desta
instituição. Importa salientar que o trabalho é de finalidade científica, desse modo serão
observados os princípios éticos com vista a garantir anonimato se necessário no acto das
respostas.
Dados pessoais
60
5. Quais são os mecanismos adoptados pela instituição para a divulgação dos serviços
prestados?
6. Quais são os constrangimentos encontrados no uso das tecnologias de informação
e comunicação?
7. Em sua opinião que melhorias/mudanças devem se fazer para um melhor
fornecimento de serviços ao público?
8. Quais são os desafios que o BAÚ enfrenta no âmbito da melhoria da prestação dos
serviços públicos?
9. Gostaria de acrescentar algo que não tenha sido abordado ao longo da entrevista?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Pesquisador:
61
Apêndice 2
O presente questionário visa recolher colher informações com vista a auxiliar a elaboração do
Trabalho de Conclusão de Licenciatura em Administração Pública, cujo tema é: “Impacto do
Governo Electrónico na melhoria da prestação dos serviços públicos: Caso do projecto e-
BAÚ (2014-2018)”. O pesquisador solicita e agradece a colaboração dos funcionários desta
instituição. Importa salientar que o trabalho é de finalidade científica, desse modo serão
observados os princípios éticos com vista a garantir anonimato se necessário no acto das
respostas.
Dados pessoais:
62
4 Os serviços prestados pela instituição ajudam a
melhorar a prestação dos serviços públicos?
5 Recomendaria estes serviços para algum conhecido
seu?
6 Existem meios de divulgação dos serviços prestados
pela instituição?
7 Já participou de alguma formação em relação ao uso de
tecnologias de informação e comunicação?
8 Sente-se satisfeito com a qualidade actual dos serviços
públicos prestados pela instituição?
2. Marque com X a alternativa mais adequada e justifique se necessário.
2.1 Como soube da existência destes serviços?
a) Televisão____ b) Rádio____ c) Internet____ d) outros utentes____ e) Publicações
oficiais____ f) outros____
2.2 Em sua opinião, o que pode ser feito para melhorar a qualidades dos serviços
prestados pela instituição?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Pesquisador:
63