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Ficha de Leitura

Nome do Estudante: Saide Assane Saide Curso: Licenciatura em ensino do Português


Nível: 4 com habilitações em ensino do Inglês
Cadeira: Estudos Literários II
Docente: MA Cristiano Adalberto Paipo
Mavangu
Referencias Bibliográficas
FRANCO, Jeferson Luiz e OLIVEIRA, Silvana. Teoria Literária I. Pota Grossa – Paraná.
2009

ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Sousa. São Paulo: Abril Cultural, 1979

ADORNO, Theodor W. Notas de Literatura. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro. 1973

ALVES, C. M. F. & ANTUNES, P. A criação dramática: o fazer e o pensar – um estudo


com futuros professores do 1º Ciclo do Ensino Básico. Braga: Universidade do Minho. 2005

Conteúdo
Modo Dramático

1. Conceito

O modo dramático é entendido como aquele que se integra na forma literária do drama e
implica uma comunicação directa das personagens entre si e com os receptores do
enunciado. O modo dramático privilegia a dinâmica do conflito, tentando representar as
acções e reacções humanas, pela tragédia, pela comédia e pelo drama (propriamente dito),
graças à presença das personagens.

Para esse autor, o modo dramático serve-se, com frequência, o teatro, que tem como
objectivo específico a representação e o espectáculo. Por isso o texto teatral obriga à
concentração dos elementos essenciais do texto dramático em linhas de força que garantam
um ritmo vivo e uma progressão capaz de prender a atenção do espectador. O teatro permite
uma comunicação específica entre autor, actor e público; entre as personagens da obra; entre
o palco e a plateia. O conflito ou o drama oferece-se à contemplação do espectador.
O modo dramático, historicamente, vincula-se ao teatro. Neste caso, o modo dramático
refere-se à “representação de um conflito, uma acção em que há interesses divergentes que
passam por uma evolução”.

2. Géneros
Como refere Aristóteles, os imitadores imitam homens que praticam alguma acção, e estes,
necessariamente, são indivíduos de elevada ou baixa índole (porque a variedade dos
caracteres só se encontra nestas diferenças [e, quanto a carácter, todos os homens se
distinguem pelo vício ou pela virtude), necessariamente também sucederá que os poetas
imitam homens melhores, piores ou iguais a nós. Sendo assim, Aristóteles distingue os
géneros dramáticos: a tragédia, onde a acção é realizada por homens de carácter elevado; e a
comédia, onde a acção é realizada por homens ignóbeis, de carácter inferior.

.2. Tragédia

A tragédia é a forma mais elevada do modo dramático para Aristóteles. O objectivo deste
género dramático é provocar a catarse do terror e da piedade, ou seja, a purificação destes
sentimentos. Para construir um drama que conseguisse alcançar este objectivo, são retratados
os homens melhores comumente observados, e que, por acção da fortuna ou do acaso,
incorriam em algum desafortunado erro. E, segundo Aristóteles, esse homem há-de ser
algum daqueles que gozam de grande reputação e fortuna, como Édipo e Tiestes ou outros
insignes representantes de famílias ilustres.

1. Comédia

Por imitar homens piores do que realmente são – portanto homens caracterizados por vícios,
por falhas morais –, a comédia não era um género elevado como a tragédia.
A comédia, apesar de imitar homens inferiores, não imitava todos os seus vícios, mas apenas
o ridículo, que era entendido por Aristóteles como “certo defeito, torpeza anódina e
inocente” conforme refere o autor que bem o demonstra, por exemplo, a máscara cómica,
que, sendo feia e disforme, não tem expressão de dor. Considerava a comédia anódina pois
esta não pretendia provocar dor ou ferir o espectador, não sendo, portanto, como a sátira que
tinha por objecto alguma personalidade específica.

2. Subgéneros
1. A farsa - este tipo pretende provocar o riso sem intenção didáctica ou moralizante;
mas sim, a partir de exageros tirados da observação da vida quotidiana. A farsa
depende mais da acção do que do diálogo; mais dos aspectos externos (cenários,
roupas, gestos, etc.) do que do conflito dramático. É simples, não usa alegorias; é
maliciosa, grosseira e directa (vai directamente as coisas). A princípio consistia numa
breve peça cómica, apresentada, a modo de intervalo, no meio dos mistérios (peça de
longa duração sobre a história da religião), mais tarde passou a desenvolver
existência autónoma. Por sua origem cómica, a farsa tende para a comédia de
costumes e de caracteres. Distingue-se da comédia propriamente dita por não
observar regras de verossimilhança e difere da sátira ou da paródia por não pretender
questionar valores. Também é possível definir a farsa como o oposto da fábula, na
medida em que a farsa, ao contrário da fábula, apresenta o que se pode denominar de
uma falsa moral.
2. O Auto – auto é uma peça de teatro curta comumente em um ato (auto), cujo assunto
pode ser religioso ou profano, sério ou cómico. Os autos tinham a finalidade de
divertir, de moralizar ou difundir a fé cristã.
3. A Tragicomédia - tragicomédia é um dos subgéneros mais importantes e difundidos
do teatro clássico, caracterizado pela presença e combinação de elementos dramáticos
e cómicos. Na maioria das vezes, o aspecto cómico que apresenta uma tragicomédia
está dominado, por um lado, pelo sarcasmo, que consiste em uma brincadeira
ofensiva que quer dar a entender o contrário ou até mesmo expressar o profundo
desagrado com algo. Está intimamente relacionada com a ironia, por acaso, é
considerado uma crítica indirecta e exposta. Por outro lado, na tragicomédia,
podemos encontrar a paródia, que evidencia esse lado cómico. Normalmente é
recriado um personagem ou um fato para ridicularizar ou ressaltar suas principais
características, só que de maneira grotesca e muito evidente.

3. Estrutura do texto dramático

A estrutura do texto dramático é composta “por um texto principal, as réplicas – que são
actos linguísticos realizados pelas personagens que comunicam entre si –, e por um texto
secundário – formado pelas didascálias e as indicações cénicas.”
A acção do texto dramático é vista como a sucessão e o desenrolar dos acontecimentos e
apresenta uma estrutura externa e uma estrutura interna.
A estrutura externa corresponde à divisão em actos e em cenas. Estes correspondem à
mudança de cenário e pressupõem uma interrupção visível indicada por uma pausa que
propicia uma reflexão do espectador. As cenas equivalem a divisões do ato, cujo princípio e
fim são determinados por uma entrada o saída das personagens.
A estrutura interna da acção dramática divide-se em exposição, conflito e desenlace. Na
exposição, dá-se a apresentação das personagens e dos antecedentes da acção. É aqui que
o(s) protagonista(s) expõe(m) o problema e resolve(m) procurar a solução do mesmo. A
dimensão do problema apresentado na exposição define a gravidade do conflito, que
corresponde a um conjunto de acontecimentos que constituem a acção teatral, conduzindo ao
clímax, que resulta da progressão da acção. Por fim, surge o desenlace, que corresponde ao
desfecho da acção dramática.

5. Características do texto dramático

O texto dramático caracteriza-se por:


• Omissão do autor (dramaturgo);
• Ausência de narrador;
• Decurso no espaço real (palco ou estúdio);
• Presença de personagens principais (protagonistas) e secundárias (comparsas);
• Recurso ao diálogo e ao monólogo.

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