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continuou rapidamente e novos antibióticos foram descobertos e menos tóxico ao paciente do que um outro agente com o índi-
um após o outro. ce quimioterápico 1.
A introdução da penicilina e das sulfonamidas na década de Para drogas que contenham arsênico, mercúrio e antimônio,
1930 pode ser considerada como o marco do início da medicina a dosagem deve ser calculada de maneira muito precisa, porque
moderna. Como o escritor médico Lewis Thomas disse: "Os estas substâncias são altamente tóxicas aos hospedeiros huma-
médicos podiam agora curar as doenças, e isto era espantoso, nos e a outros animais, tanto quanto aos patógenos. O tratamen-
principalmente para os próprios médicos." to das infecções por vermes é especialmente difícil, porque o que
causa dano ao parasita também causará dano ao hospedeiro.
Contrariamente, os patógenos bacterianos podem freqüentemente
ser tratados pela interferência nas vias metabólicas não compar-
Propriedades Gerais dos Agentes tilhadas pelo hospedeiro. Por exemplo, a penicilina interfere na
síntese da parede celular; não é toxica às células humanas, as
Antimicrobianos quais carecem de paredes, embora alguns pacientes sejam alér-
Os agentes antimicrobianos compartilham determinadas propri- gicos à penicilina.
edades comuns. Podemos aprender muito quanto ao modo de
funcionamento destes agentes e por que eles às vezes não funci-
onam, considerando propriedades tais como a toxicidade seleti- Espectro de Atividade
va, o espectro de atividade, o mecanismo de ação, os efeitos A gama de diferentes micróbios contra os quais um agente anti-
colaterais e a resistência dos microrganismos a eles. microbiano atua é chamada de espectro de atividade. Os agentes
que são eficazes contra um grande número de microrganismos de
uma ampla extensão de grupos taxonômicos, incluindo tanto bac-
Toxicidade Seletiva térias Gram-positivas como Gram-negativas, são considerados
Algumas substâncias químicas com propriedades antimicrobia- possuidores de um ainplo espectro de atividade. Os que são efi-
nas são tóxicas demais para serem ministradas internamente, cientes apenas contra um pequeno número de microrganismos ou
sendo usadas apenas em aplicação tópica - aplicação na super- um único grupo taxonômico possuem um estreito espectro de
fície da pele. Para uso interno, uma droga antimicrobiana deve atividade (~ Fig. 13.1). Alguns antibióticos comuns são classifi-
ter toxicidade seletiva - quer dizer, deve causar danos aos cados de acordo com o seu espectro de atividade no Quadro 13.1.
micróbios sem causar dano significativo ao hospedeiro. Algu- Uma droga de amplo espectro é particularmente útil quando
mas drogas, tais como a penicilina, têm um amplo alcance entre um paciente está seriamente doente com uma infecção causada
o nível de dosagem tóxica, que causa danos ao hospedeiro, e o por um organismo não identificado. O uso desta droga aumenta
nível de dosagem terapêutica, que elimina com sucesso o or- a chance de que o organismo será susceptível a ela. Entretanto,
ganismo patogênico, se o nível for mantido por um certo perío- se a identidade do organismo for conhecida, deve ser usada uma
do de tempo. A relação entre a toxicidade de um agente ao cor- droga de estreito espectro. O uso de tal droga reduz ao mínimo a
po e sua toxicidade a um agente infeccioso é expressa em ter- destruição da microbiota do hospedeiro, ou microbiota normal
mos de seu índice quimioterápico. Para um determinado agente, - os micróbios nativos que ocorrem naturalmente dentro ou
o índice quimioterápico é definido como sendo a dose máxima sobre o hospedeiro, os quais às vezes competem com os orga-
tolerável por quilo de peso do corpo dividida pela dose mínima, nismos infecciosos e ajudam a destruí-los. O uso de drogas de
por quilo de peso do corpo, que vai curar a doença. Deste modo, estreito espectro também diminui a probabilidade de os organis-
um agente com um índice quimioterápico 8 seria mais eficiente mos desenvolverem resistência às drogas.
Bactérias Bactérias
Micobactérias Clamídias Rickétsias
Gram-negativas Gram-positivas
Tobramicina Penicilinas
. I_I
Estreptomicina
.
Sulfonamidas
Cefalos orinas
Tetraciclinas
. ,
Isoniazida Polimixinas
»> Fig. 13.1 Espectro de atividade dos antibióticos. Drogas de amplo espectro, tais como as tetraciclinas, afetam uma variedade de organismos
diferentes. As drogas de estreito espectro, tais como a isoniazida, afetam somente poucos tipos específicos de microrganismos.
'1'llIlAl'IA AN'I'nm;nOIHANA
4. Inibição da síntese de
ácidos nucléicos 3. Inibição da síntese
de proteínas
Exemplos: rifamicina
Exemplos: tetraciclina,
(transcrição), quinolonas
eritromicina,
(replicação do DNA)
estreptomicina,
cloranfenicol
5. Ação como
antimetabólitos
Exemplos: sulfonilamidas,
trimetoprim
> Fig. 13.2 Mecanismos de ação. São mostrados aqui os cinco principais mecanismos de ação pelos quais as drogas exercem seus efeitos anti-
microbianos sobre as células das bactérias.
'1'llltAl)IA AN'I'UIICUOIUANA
••
(a)
Ação como Antimetabólitos
Os processos metabólicos normais das células microbianas en-
volvem uma série de compostos intermediários denominados
metabólitos, que são essenciais para o crescimento e a sobrevi-
vência celular. Os antimetabólitos são substâncias que prejudi-
cam a utilização de metabólitos e que, portanto, impedem uma
célula de realizar as reações metabólicas necessárias. Os antime-
tabólitos funcionam de duas maneiras: (1) inibindo competiti-
vamente as enzimas e (2) sendo erroneamente incorporados em
moléculas importantes, tais como os ácidos nuc1éicos. Os anti-
metabólitos são estruturalmente similares aos metabólitos nor-
mais. As ações dos antimetabólitos são às vezes denominadas
mimetismo molecular, porque eles imitam a molécula normal,
impedindo que uma reação ocorra ou vá em outro sentido.
Na inibição competitiva, uma reação enzimática é inibida
por um substrato que se liga ao sítio ativo da enzima, mas não
(b)
~ Fig. 13.3 Inibição da síntese da parede celular pela penicilina. Quando voluntários humanos submetem-se a uma dieta com
SEM da bactéria (a) antes e (b) após a exibição à penicilina (aumento alimentos esterilizados, o número de bactérias resistentes em
de 785 X). Observe a distorção da forma da célula, devido à quebra, pela suas fezes diminui 1.000 vezes.
penicilina, das ligações cruzadas entre os tetrapeptídios na camada de
peptidoglicano da parede celular.
'fEllAl'IA AN'I'HIICIlOlUANA _
NH2
A Farmácia do Futuro: Drogae Antl-eeneo
-:;:?' As drogas do futuro farão muito mais do que tratar sintomas
- elas atacarão os genes causadores da doença. Muitas
empresas de biotecnologia que investiram seu futuro no
~ desenvolvimento destas terapias estão usando ácidos nucléicos
sintéticos a fim de impedir a expressão de genes específicos
COOH envolvidos com AIDS, câncer e doenças inflamatórias.
Pensou-se que, devido à alta especificidade do 'alvo, as drogas
(a)
anti-senso produziriam poucos efeitos colaterais tóxicos.
Entretanto, estudos toxicológicos mostraram que as drogas
NH2 NH2 anti-senso podem produzir diminuição na contagem de células
sangüíneas em vários roedores e extrema hipotensão em
macacos. Existem três tipos básicos de drogas anti-senso.
-:;:?' -:;:?'
Os compostos anti-senso clássicos são oligonucleotídios
específicos para genes pequenos que se ligam a regiões
complementares no RNAm e impedem a tradução das
~ ~ proteínas. O segundo tipo de droga anti-senso utiliza
HO
ribozimas, enzimas feitas pelo RNA, para destruir RNAm
S02NH2 COOH específicos ligados aos oligonucleotídios anti-senso. A terceira
classe de drogas anti-senso oligonucleotídicas tem como alvo
(b) (c) tecidos e órgãos específicos.
H~I
N I
O~N
H
C
N -:::/ "'--CH
I II
HC~ /CH
HO H N HO H
~ Fig. 13.5 Análogos de bases. Bases dos ácidos nucléicos e seus análogos: moléculas tão similares em estrutura que podem ser incorporadas no
lugar da molécula correta, agindo assim como antimetabólitos. (a) Estrutura básica de unia purina. (b) Vidarabina, análogo da purina. (c) Estru-
tura básica de uma pirimidina. (d) Idoxuridina, análogo da pirimidina.
_ 'l'IIUAI)1A AN'I'UIICUOUIANA
Tipos de Efeitos Colaterais perturbada, outros organismos não sensíveis ao agente antimi-
crobiano, tais como o fungo Candida, invadem as áreas não ocu-
Os efeitos colaterais dos agentes antimicrobianos sobre as pes- padas e se multiplicam rapidamente. A invasão pela substitui-
soas infectadas (hospedeiros) se classificam em três categorias ção da microbiota é chamada superinfecção. As superinfecções
gerais: (1) toxicidade, (2) alergia e (3) destruição da microbiota são difíceis de tratar porque os microrganismos são susceptíveis
normal. O desenvolvimento da resistência aos antibióticos pode a poucos antibióticos.
também ser considerado como um efeito colateral sobre os mi- Embora o uso da penicilina por um curto período de tempo
crorganismos. Como explicado posteriormente, a resistência geralmente não destrua de maneira severa a microbiota normal,
produz infecções que podem ser difíceis de tratar. a ampicilina oral às vezes permite o desenvolvimento excessivo
de clostrídios produtores de toxinas. O uso da penicilina ou de
Toxicidade arninoglicosídios por um longo período pode abolir a microbio-
Por sua toxicidade seletiva e mecanismo de ação, os agentes ta normal e permitir a colonização do intestino com bactérias
antimicrobianos matam os micróbios sem causar sérios danos às Gram-negativas e fungos resistentes, como a Candida. O iogur-
células do hospedeiro. Entretanto, alguns antimicrobianos exer- te com cultura viva (que contém lactobacilos) ou um preparado
cem realmente efeitos tóxicos nos pacientes que os receberam. denominado Lactinex (que contém microbiota normal) pode ser
Estes efeitos tóxicos serão discutidos mais tarde juntamente com administrado para contrabalançar os efeitos dos antibióticos. As
os agentes específicos. superinfecções orais e vaginais com espécies de Candida são
comuns após uso prolongado de agentes antimicrobianos tais
como as cefalosporinas, as tetraciclinas e o cloranfenicol. Um
Alergia antigo medicamento para este problema é lavar com suspensões
Uma alergia é uma condição em que o sistema imunológico do diluídas de culturas vivas de iogurte. O risco de superinfecções
organismo responde a uma substância estranha, geralmente uma graves é muito maior em pacientes hospitalizados que estão re-
proteína. Por exemplo, produtos de degradação da penicilina se cebendo antibióticos de amplo espectro, por duas razões. Pri-
combinam às proteínas nos líquidos do organismo para formar meiro, porque os pacientes estão freqüentemente debilitados e
uma molécula que o corpo considera como estranha. As reações menos capacitados a resistir à infecção. Segundo, porque es-
alérgicas podem ser limitadas a moderados exantemas e cocei- tão em um ambiente onde prevalecem os patógenos resistentes
ras na pele, ou podem ameaçar a vida. Um tipo de reação alérgi- às drogas.
ca ameaçadora da vida denominada choque anafilático (Cap. 18)
ocorre quando um indivíduo é submetido a uma substância es-
tranha à qual o seu organismo já se tomou sensibilizado - quer
dizer, uma substância à qual o indivíduo foi exposto e contra ela
Resistência dos Microrganismos
Resistência de um microrganismo a um antibiótico significa que
desenvolveu anticorpos.
um microrganismo antes susceptível à ação de um antibiótico não
é mais por ele afetado. Um fator importante no desenvolvimen-
Destruição da Microbiota Normal to de cepas de microrganismos resistentes a drogas é que muitos
Os agentes antimicrobianos, especialmente os antibióticos de antibióticos são bacteriostáticos em vez de bactericidas. Infeliz-
amplo espectro, podem exercer seus efeitos adversos não somente mente, os micróbios com maior capacidade de recuperação es-
sobre os patógenos, mas também sobre a microbiota nativa - capam das defesas (Cap. 14) e desenvolvem resistência aos an-
os microrganismos que habitam normalmente a pele e os tratos tibióticos.
digestivo, respiratório e urogenital. Quando esta microbiota é
frutos. Os macacos colobus vivem em grupo de dois até quinze ou tornou-se um animal muito fraco por um longo período. Ela
mais. Os machos são um tanto solitários, mas as fêmeas têm uma perdeu o filhote que estava gerando e também abortou nos dois
sociedade altamente estruturada, com muitas regras. períodos seguintes de gravidez. Este ano, entretanto, ela teve um
Observei Emily um pouco mais. Aqui os veterinários fazem filhote saudável.
visitas diárias, mas eu estava preocupado com Emily e não quis Schumaker: Não obstante soubéssemos qual o microrganismo
esperar que eles viessem até nós. E, mesmo que pudesse ser muito que estava tornando Emily tão doente, estávamos ainda muito
penoso para ela, decidimos colocá-Ia em uma jaula de transporte e preocupados com ela. Sua separação do grupo familiar poderia ser
levá-Ia ao hospital. Tínhamos que descobrir qual era a sua doença. muito estressante tanto para ela como para o seu grupo, e esse
Nossos grupos tinham sido sempre de bons colaboradores; até estresse poderia ser a diferença entre recuperá-Ia ou não. Estar em
aquele momento, tínhamos escapado de dificuldades que outras um hospital é também estressante para os pacientes animais -
colônias de macacos haviam experimentado. eles não conseguem compreender onde estão ou por quê. Os
Dr. Richard Montali: Estas outras dificuldades foram surtos tratadores do hospital são muito bons, mas os animais não os
de disenteria causada pela bactéria Shigella. Ela é um problema conhecem. E eles nem sempre sabem como falar com os animais
em muitas colônias de primatas, e, mesmo em bons zoológicos, individualmente, ou quais são as suas necessidades específicas.
macacos e micos são freqüentemente portadores. Eu sou o Dr. Assim, os tratadores de primatas vão aos hospitais e visitam seus
Richard Montali, o veterinário patologista do Zoológico Nacional. pacientes doentes. Eles lhes dão o alimento na boca, se necessário.
Nosso zoológico não havia tido problemas com Shigella até 1984. Montali: Os tratadores e a equipe de veterinários do zoológico
Agora, eu e o Dr. Mitchell Bush, o veterinário clínico do trabalham em conexão íntima. É importante que a equipe seja
zoológico, estamos fazendo um estudo intensivo de infecção por educada e esteja consciente dos problemas potenciais. Por
Shigella. Duas vezes por ano examinamos cultura de fezes de exemplo, aprendemos a evitar exposições misturadas de diferentes
cada animal durante três dias consecutivos. Encontramos aS. espécies de animais, porque alguns podem ser prejudicados pelo
flexneri e a S. sonnei. Encontramos animais portadores. Até o alimento dos outros. Observamos algumas perdas na casa dos
presente, nenhum dos tratadores a contraiu - embora um dos pequenos mamíferos por causa de situação semelhante. Alguns
veterinários a tivesse. sagüis morreram de infecção pelo Streptococcus zooepidemicus,
A Shigella poderia ter sido introduzida por seres humanos ou Grupo C. Esta bactéria é um patógeno oportunista em seres
por um novo animal. Realmente não sabemos. Entretanto, humanos e é transmitida por cavalos. Está presente, normalmente,
estamos considerando a possibilidade de usar a vacina humana em nos tratos respiratório e genital dos cavalos e pode algumas vezes
animais. Estamos em contato com o Johns Hopkins a respeito de causar sérias infecções até neles mesmos. Em um pequeno
uma vacina contra Shigella, que eles estão desenvolvendo, e que mamífero, como o sagüi, a infecção começa nos linfonodos e, em
poderia ser aplicável aos nossos primatas. O Centro Médico do seguida, se desenvolve em septicemia.
Exército Walter Reed tem também sido bastante prestimoso. Nós Como os sagüis adquiriram uma infecção eqüina?
identificamos a bactéria da disenteria em nossos próprios Provavelmente, dos alimentos dados aos tatus com os quais
laboratórios, mas agora eles fazem culturas especiais para nós, conviviam. Alimentamos os tatus com um produto cru preparado
para caracterizar os organismos por espécie e mesmo por cepas. É com carne de cavalo, vendido comercialmente congelado. Em
uma felicidade ter estes centros médicos próximo de nós. uma exibição mista, tal como a que estamos falando, o sagüi deve
Nós também identificamos outros patógenos nos animais do ter-se aproximado da comida do tatu e provado do alimento. Ou
zoológico em nossos laboratórios: Salmonella e Campylobacter, pode ser que ele tenha apenas tocado a carne com as mãos e
parasitas. A adaptação ao tempo é muito importante. Por exemplo, colocado os dedos na boca. Embora o patógeno não afete os tatus,
para isolar Yersinia pseudotuberculosis e Y. enterocolitica, ele mata alguns sagüis.
transmitidas por ratos, temos que fazer culturas durante 3 a 5 dias É fácil entender como a carne de cavalo podia estar
seguidos. Mesmo assim, podemos encontrar o patógeno em contaminada desta maneira. Vão muitos cavalos saudáveis para o
apenas um destes dias. matadouro? Provavelmente não. E o controle de qualidade sobre
É terrível quando a população de um zoológico é vitimada por os alimentos destinados ao consumo animal é muito menos
uma doença como esta. Perdemos dois gibões (macaco do gênero rigoroso do que naqueles usados para consumo humano. Nossa
Hylobates) por causa da Shigella. Um era velho, o outro tinha solução foi mudar a alimentação para carne de vaca e reorgariizar
outros problemas subjacentes. Mas, mesmo que a mortalidade seja as exposições mistas.
baixa, ela abate a equipe e os outros animais - toda sua estrutura
pode ser destruída.
Uma vez diagnosticado que Emily tinha uma infecção por
Shigella, o tratamento era evidente. Os macacos colobus possuem
estômago do tipo ruminante, semelhante ao da vaca. Isto é, o
estômago tem vários compartimentos e é habitado por bactérias
simbióticas, que ajudam a decompor a celulose encontrada nas
plantas que os macacos comem. [Ver Capo 2.] Estes
microrganismos gastrintestinais muito especiais são adquiridos
pouco tempo depois do nascimento, pela manipulação de fezes de
outros animais e são essenciais para a vida. Um macaco colobus
desprovido de micróbios próprios não pode obter nutrientes
suficientes de seus alimentos para que sobreviva.
Quando estes animais recebem antibióticos, as populações
bacterianas que os ajudam a digerir seus alimentos são
destruídas. Salvá-Ios de uma possível morte por infecção
envolve expô-los a uma possível doença provocada pela má
nutrição. Assim, logo que a infecção pela Shigella esteja curada,
tentamos repopular o intestino com sucos estomacais, aspirados Rob Schumaker no
de outros animais sadios. Infelizmente, esta técnica nem sempre Zoológico Nacional
dá resultado. No caso de Emily, ela provou ser eficiente. Emily em Washington, D.e.
'1'llllAl)IA AN'I'Hm:UOIJlANA _
--~------------------------------------
_ '1'lmAI'IA AN'I'nIIc:JUmIANA
o
S 3
II H-n=r
R-C-N CH
CH3
HOOC N
H COOH
Penicilina ativa Penicilina inativada
j3-lactamase
;;..-Fig. 13.7 Efeito da p-lactamase sobre a penicilina. Muitas bactérias (estafilococos, estreptococos e gonococos) produzem esta enzima que
inativa a penicilina. A enzima pode '~ertransmitida por plasrnídios. As cefalosporinas, embora semelhantes em ação à penicilina, têm um anel
cíclico com estrutura diferente e são mais resistentes aos efeitos da enzima.
TERAPIA ANTIMICROBIANA __
Dia
O
Organismos
,,
, intermediários
,,
,, ,,
,, ,,
Organismos altamente, ,Organismos altamente
sensíveis ' I resistentes
(a)
Dia
3
(b)
Dia Dia
Se o curso
6 10
completo do
tratamento
com os antibióti-
cos terminou
Organismos
altamente
resistentes
Se os antibióticos
*
(c) (e) Recorrência com organismos resistentes
. forem interrompidos
prematuramente
Dia
10
:» Fig. 13.8 Efeitos da paralisação prematura do tratamento antibiótico. (a) Os organismos presentes antes de o tratamento se iniciar têm
diferentes sensibilidades ao antibiótico que será usado. (b) e (c) À medida que o tratamento continua, aqueles organismos mais sensíveis ao an-
tibiótico morrem primeiro, deixando os organismos mais resistentes como sobreviventes. (d). Terminando todo o curso do tratamento, morrem
também os organismos mais resistentes. (e) Se os antibióticos são interrompidos muito cedo, os organismos resistentes remanescentes sobrevive-
rão e se multiplicarão, levando a uma infecção que será difícil ou impossível de curar usando-se o mesmo antibiótico. Os microrganismos podem
então se disseminar para outros hospedeiros.
__ 'l'IlUAI)IA AN'I'nIWItOlUl\NA
quantidade suficiente do organismo para controlar a infecção. Um ciente agente quimioterápico quanto uma concentração apropri-
agente bactericida é, freqüentemente, necessário para eliminar ada para controlar uma infecção. Esta concentração deve ser
um organismo infeccioso, e o método de difusão em disco não mantida nos locais da infecção, pois é a concentração mínima
garante que o agente bactericida será identificado. Ainda mais, que vai curar a doença.
resultados obtidos in vivo (em um organismo vivo) diferem com
freqüência dos que são obtidos in vitro (em recipiente de labora-
tório). Os processos metabólicos no corpo de um organismo vivo Poder de Destruição do Soro
podem inativar ou inibir um composto antirnicrobiano. Ainda um outro método para determinar a eficiência de um agente
o
quimioterápico é o de medir seu poder de destruição no soro.
Este teste se executa obtendo-se uma amostra de sangue do pa-
Método da Diluição ciente enquanto o mesmo está recebendo um antibiótico. Adicio-
o método da diluição para testar a sensibilidade antibiótica foi na-se uma suspensão bacteriana a uma quantidade conhecida do
praticado, pela primeira vez, em tubos de caldos de cultura; ele soro do paciente (plasma sangüíneo menos os fatores da coagu-
é agora realizado em orifícios rasos ou placas padronizadas (>- lação). O crescimento (turvação) observado no soro após a in-
Fig. 13.9b). Neste método, uma quantidade constante de inóculo cubação significa que o antibiótico não é eficiente. A inibição
bacteriano (espécime) é introduzida em uma série de caldos de do crescimento sugere que a droga está agindo e que outras de-
cultura contendo concentrações decrescentes de um agente qui- terminações quantitativas devem ser feitas para identificar a mais
mioterápico. Após incubação (16 a 20 horas), os tubos ou os baixa concentração que ainda proporciona ao soro um poder
orifícios são examinados, e é observada a mais baixa concentra- destrutivo.
ção do agente que impede o crescimento visível (indicado pela
turbidez ou depósitos em pontos dos organismos em crescimen-
to). Esta concentração é a concentração inibitória mínima Métodos Automatizados
(MIe) para um determinado agente atuando sobre um micror- Os métodos automatizados (>- Fig. 13.10) são atualmente dis-
ganismo específico. Este teste pode ser feito para di versos agen- poníveis para identificar organismos patogênicos e determinar
tes simultaneamente, usando-se diversos conjuntos de tubos ou quais os agentes antimicrobianos que os combaterão com efici-
orifícios, mas ele gasta tempo e, portanto, é dispendioso. ência. Um destes métodos faz uso de bandejas dotadas de peque-
Encontrar um agente inibidor pelo método da diluição não é nos orifícios nos quais uma quantidade medida de inóculo é au-
mais comprobatório de que ele matará o organismo infeccioso tomaticamente distribuída. Até 36 organismos oriundos de dife-
no paciente do que encontrá-lo pelo método de difusão em dis- rentes pacientes podem ser inoculados na mesma bandeja. Es-
co. Entretanto, o método de diluição dá um segundo teste para tão disponíveis bandejas contendo diversas espécies de meios
fazer a distinção entre agentes bactericidas que matam micror- apropriados para identificar membros de diferentes grupos de
ganismos e agentes bacteriostáticos que apenas inibem seu cres- microrganismos, tais como bactérias Gram-positivas, Gram-ne-
cimento. Amostras provenientes dos tubos onde não houve cres- gativas, anaeróbias e leveduras. As bandejas estão também à
cimento, mas que podem conter microrganimos inibidos, podem disposição para se determinar a sensibilidade dos organismos a
ser usadas para inocular meios que não contenham agente qui- uma variedade de agentes antimicrobianos.
mioterápico. Neste teste, a concentração mais baixa do agente As bandejas são introduzidas em uma máquina que mede o
quirnioterápico que não permita qualquer crescimento na segunda crescimento microbiano. Algumas máquinas fazem isto usando
inoculação ou subcu/tura constitui a concentração bactericida um raio de luz para medir a turvação. Outras usam meios que
mínima (MBC). Assim, podem ser determinados tanto um efi- contêm carbono radioativo. Os organismos que se desenvolvem
(a) (b)
~ Fig.13.10 Sistema automatizado para identificar microrganismos e determinar sua sensibilidade a vários agentes antimicrobianos. (a)
Uma amostra contendo o(s) organismo(s) é automaticamente inoculada nos orifícios de uma fina placa de plástico, cada um contendo um reagen-
te químico específico. (b) São realizados testes em uma câmara de inoculação, e os resultados são lidos e registrados por computador. Estão dis-
poníveis bandejas para uma grande variedade de testes de identificação e determinação da sensibilidade antimicrobiana.
_ TERAPIA AN'fIMICROBIANA
em tais meios liberam dióxido de carbono radioativo no ar, e um 6. Resistência pelos microrganismos não facilmente adqui-
dispositivo selecionador o detecta automaticamente. As máqui- rida. Deve haver poucos (ou nenhum) microrganismos
nas variam em grau de automação e na velocidade com que os com resistência ao agente.
resultados se tomam disponíveis. Algumas necessitam de técni- 7. Vida longa em prateleiras. O agente deve manter suas
cos para executar algumas etapas; outras fornecem um resulta- propriedades terapêuticas por um longo período de tempo
do computadorizado impresso que é transmitido ao quarto do com um mínimo de procedimentos especiais, tais como
paciente. Algumas máquinas fornecem resultados entre 3 e 6 refrigeração ou proteção contra a luz.
horas, e a maioria os fornece no dia seguinte, embora os orga- 8. Custo razoável. O agente deve ser accessível aos pacien-
nismos de crescimento lento necessitem de 48 horas. tes que o necessitam.
Os métodos de automação tomam a identificação laboratori-
Muitos agentes antimicrobianos se adaptam razoavelmente
al dos organismos e suas sensibilidades aos antimicrobianos mais
. bem a estes critérios. Mas poucos, se é que há algum, vão ao
eficientes e menos dispendiosas. Com os resultados dos testes
encontro de todos os critérios para os agentes antimicrobianos
de laboratório à mão, o médico pode então escolher uma droga
ideais. À medida que melhores drogas forem sendo descobertas,
apropriada, com base na natureza do patógeno, a localização da
a busca por elas continuará.
infecção e outros fatores como, por exemplo, as alergias do pa-
ciente. Os métodos de automação permitem aos médicos pres-
crever um antibiótico apropriado mais cedo em uma infecção,
em vez de prescrever um antibiótico de amplo espectro, eriquanto Agentes Antibacterianos
estão aguardando os resultados do laboratório.
Muitos dos agentes antimicrobianos são agentes antibacterianos;
assim, começaremos com eles o nosso "catálogo" de agentes
antimicrobianos, chamando a atenção para o fato de que alguns
Atributos de um Agente são também eficientes contra outros micróbios. Os agentes anti-
bacterianos podem ser classificados de diversas maneiras; esco-
Antimicrobiano Ideal lhemos usar seus mecanismos de ação. Um outro meio de grupar
os antibióticos é pelos microrganismos que os produzem (Qua-
Tendo examinado as várias características dos agentes antimi- dro 13.2).
crobianos e dos métodos de determinar as sensibilidades dos
microrganismos, podemos agora listar as características de um
agente antimicrobiano ideal:
1. Solubilidade nos fluidos do corpo. Os agentes devem se Seja um Deeoobridori
dissolver nos líquidos orgânicos para que sejam transpor- Os micróbios do solo são boas fontes de antibióticos.
tados pelo corpo e alcancem os organismos infecciosos. Companhias farmacêuticas pagam pessoas para trazer
Mesmo os agentes usados de forma tópica devem se dis- amostras de solo de todas as partes do mundo na esperança de
solver nos fluidos do tecido lesado para que sejam efica- encontrar micróbios produtores de antibióticos novos e úteis.
zes; não devem, entretanto, se ligar com firmeza demasi- Velhos cemitérios, refugos de vida selvagem, pântanos e
pistas de campo de aviação têm sido vasculhados. Tente
ada às proteínas do soro.
coletar amostras de solo de alguns lugares que lhe interessem.
2. Toxicidade seletiva. Os agentes devem ser mais tóxicos Usando técnicas assépticas, semeie a superfície de uma placa
para os microrganismos do que para as células do hospe- de Petri com ágar nutriente com um caldo de cultura contendo
deiro. De maneira ideal, deve haver uma grande diferen- um microrganismo tal como a E. coZi. Faça estrias
ça entre a concentração tóxica para os microrganismos complementares de maneira que toda a superfície seja
e a concentração que causa danos às células do hospe- inoculada igualmente como um gramado. Você pode tentar
deiro. diferentes microrganismos em diferentes placas. Então,
3. Toxicidade não facilmente alterada. O agente deve man- pulverize pequenas quantidades de sua amostra de solo sobre
ter uma toxicidade padrão e não se tomar mais ou menos cada placa inoculada. Incube as placas ou deixe-as à
temperatura ambiente e examine-as diariamente.
tóxico por interações com alimentos, outras drogas ou con-
Desenvolveram-se áreas claras em torno de algumas das
dições anormais tais como diabetes e doença renal no hos- colônias que tenham crescido a partir das partículas de solo?
pedeiro. Se assim for, estas áreas correspondem aos locais onde os
4. Não-alergênico. O agente não deve provocar uma reação antibióticos naturais se difundiram para o ágar e impediram as
alérgica no hospedeiro. bactérias da "relva" de fundo de se desenvolver. Parabéns,
5. Estabilidade: manutenção de uma concentração terapêu- você encontrou um antibiótico!
tica constante no sangue efluidos tissulares. O agente deve
ser suficientemente estável nos fluidos do corpo para ter
atividade terapêutica durante muitas horas; deve ser degra-
dado e eliminado vagarosamente.
Inibidores da Síntese da Parede Celular
Penicilinas
Aproximadamente 40% dos antibióticos fabricados nos As penicilinas naturais, tais como a penicilina G e a penicilina
Estados Unidos são administrados a animais. Embora alguns
V, são extraídas de cultura do mofo Penicillium notatum. A des-
sejam usados para combater infecções, a maioria é misturada
no alimento a fim de promover o crescimento. coberta, por volta dos anos 50, de que certas variedades de Sta-
phylococcus aureus eram resistentes à penicilina despertou o
impulso para que se desenvolvessem penicilinas semi-sintéticas.
'1'llUAI'IA AN'I'HllnUmll\Nll __
Estreptomicetos Cefalosporinas
Streptomyces nodosus Anfotericina B As cefalosporinas naturais, derivadas de diversas espécies do
Streptomyces venezuelae Cioranfenicol fungo Cephalosporium, possuem ação antimicrobiana limitada.
Streptomyces erythreus Eritromicina
Sua descoberta levou ao desenvolvimento de um grande núme-
Streptomyces griseus Estreptomicina
Streptomyces kanamyceticus Canamicina
ro de derivados semi-sintéticos bactericidas da cefalosporina C
Streptomyces fradiae Neomicina natural. O núcleo de uma cefalosporina é bastante semelhante
Streptomyces noursei Nistatina ao da penicilina; ambas contêm anéis 13-lactâmicos (~ Fig.
Streptomyces antibioticus Vidarabina 13.11). As cefalosporinas semi-sintéticas, do mesmo modo que
as penicilinas semi-sintéticas, diferem na constituição de suas
Actinomicetos cadeias laterais. As cefalosporinas freqüentemente usadas inclu-
Espécies de Micromonospora Gentamicina em a cefalexina (Keflex), a cefradina e o cefadroxil, todas as
quais são bastante bem absorvidas pelo intestino e, deste modo,
Outras bactérias
podem ser administradas por via oral. Outras cefalosporinas, tais
Bacillus licheniformis Bacitracina
Bacillus polymyxa Polimixinas como a cefalotina (Keflin), a cefapirina e a cefazolina, devem
Bacillus brevis Tirocidina ser administradas por via parenteral, geralmente nos músculos
ou nas veias.
Embora as cefalosporinas não sejam geralmente a primeira
droga considerada no tratamento de uma infecção, elas são fre-
qüentemente usadas quando alergias ou toxicidade impedem o
A primeira destas foi a meticilina, que é eficiente contra orga-
uso de outras drogas. Mas, pelo fato de as cefalosporinas serem
nismos resistentes à penicilina, pelo fato de não ser degradada
estruturalmente semelhantes à penicilina, alguns pacientes que
pela enzima 13-lactamase. Outras penicilinas semi-sintéticas, in-
são alérgicos à penicilina podem também ser sensíveis às cefa-
cluindo a nafcilina, a oxacilina, a ampicilina, a amoxicilina, a
losporinas. Não obstante, as cefalosporinas respondem por um
carbenicilina e a ticarcilina, surgiram em rápida sucessão. Cada
quarto a um terço das despesas de farmácia em hospitais ameri-
uma é sintetizada pela adição de uma cadeia lateral especial a
canos, principalmente porque elas apresentam um espectro de
um núcleo de penicilina (~ Fig. 13.11). Tanto as penicilinas
atividade bastante amplo, raramente causam efeitos colaterais
naturais como as semi-sintéticas são bactericidas.
graves e podem ser usadas profilaticamente em pacientes sub-
A penicilina G, a penicilina natural mais freqüentemente uti-
lizada, é administrada por via parenteral- quer dizer, por uma metidos a cirurgias. Infelizmente, elas são às vezes usadas quando
via diferente da entérica, tal como por via intramuscular ou en- um agente menos caro e de espectro menos amplo seria tão efi-
dovenosa. Quando administrada por via oral, a maior parte dela ciente quanto elas.
é degradada pelos ácidos estomacais. A penicilina é rapidamen- O desenvolvimento de novas variedades de cefalosporinas
te absorvida pelo sangue, atinge sua concentração máxima e é parece ser uma corrida contra a capacidade das bactérias de ad-
excretada, a menos que se combine com um agente tal como a quirir resistência a variedades mais antigas. Quando os organis-
procaína, que toma a excreção mais vagarosa e prolonga a sua mos se tomaram resistentes às cefalosporinas iniciais "de primei-
atividade. ra geração", foram produzidas cefalosporinas "de segunda gera-
A penicilina G é o medicamento de escolha para o tratamento ção", incluindo a cefuroxima e o cefaclor ()õ> Fig. 13.11). Ago-
de infecções causadas por estreptococos, meningococos, pneumo- ra, cefalosporinas "de terceira geração", tais como a ceftriaxona
cocos, espiroquetas, clostrídios e bastonetes aeróbios Gram-posi- e a cefalexina, são usadas contra organismos resistentes a dro-
tivos. É também apropriada para tratar infecções causadas por al- gas mais antigas. Estas drogas são particularmente eficientes (por
gumas variedades de estafilococos e gonococos que não sejam a enquanto) quando se trata de infecções hospitalares resistentes a
ela resistentes. Pelo fato de conservar sua atividade na urina, é muitos antibióticos. Elas estão sendo experimentadas em paci-
apropriada para o tratamento de algumas infecções do trato uriná- entes com AIDS e outras imunodeficiências. (Não confunda es-
rio. As infecções causadas por organismos resistentes à penicilina tas com as drogas de segunda e terceira linhas anteriormente
G podem ser tratadas com penicilinas semi-sintéticas tais como a descritas, as quais não derivam umas das outras.)
nafcilina, a oxacilina, a ampicilina ou a amoxicilina. A carbenici- Os efeitos adversos provocados pelas cefalosporinas tendem
lina e a ticarcilina são especialmente úteis no tratamento de infec- a ser reações locais, tais como irritação no local da injeção ou
ções por Pseudomonas. A alergia à penicilina é rara entre crian- náusea, vômitos e diarréia, quando a droga é administrada por
ças, mas ocorre em I a 5% dos adultos. As penicilinas são geral- vial oral. Dos pacientes alérgicos à penicilina, 4 a 15% também
mente não-tóxicas, mas grandes doses podem ter efeitos tóxicos o são às cefalosporinas. Ainda mais, as cefalosporinas mais re-
sobre os rins, fígado e sistema nervoso central. centes têm pouco efeito sobre os organismos Gram-positivos, os
Além de seu uso no tratamento de infecções, as penicilinas quais podem causar superinfecções durante o tratamento das
são também usadas profilaticamente - quer dizer, para evitar infecções por Gram-negativos.
__ '1'EUAPIA AN'I'nIlCU08lANA
Penicilina Cefalosporina
o
S
R-C-N
II HJ=!=:t CH 3
3
N
O ~ COOH
~ Anel 13-
lactâmico
Estrutura básica Estrutu ra básica
\\· o
11 H 0- 1 ~ H s
Cefalotina
(cocos Gram-positivos)
O 'I _ ~ CH2-C-N~
O
Penicilina G
(cocos Gram-positivos) S
CH2-C-N--r-T~
O
)-N,
O
11
CH2-O-C-CH3
\\ o COONa
0
IIH S
'I _ ~ O-CH2-C-N~ Penicilina V Cefazolina
(ácido-resistente) (cocos Gram-positivos)
O
O
N\ II H s
I /N-CH2-C-N--r-T~ N-N
~
v » C-N~
Meticilina
(penicilinase-resistente)
pCH3
Cefuroxima
o-
O-CH3 O N O
O 11 II H S (amplo espectro)
C-C-N--r-T~
o I I j-N, ~O
O
H 11 H S Ampicilina O CH2-O-C,
~ ;} ?-C-N~ (amplo espectro, COONa NH2
ácido-resistente)
NH2 O
NH
2 O Cefaclor
O
O~ ;}
H
?-C-N~
COONa
11 H
O
S
Carbenicilina
(amplo espectro)
0
'I _ ~
\\1 I1H
~-C-Nn-I
O ~CI
S (amplo espectro)
COONa
HO
0 ~ ;}
1
~-C-N~
11 H s
Amoxicilina
\\
NH2 O
s
0
(amplo espectro) I II H
O 'I _ ~ ~-C-Nn-I
Cefalexina
O ~CH3
COONa
(amplo espectro)
Ceftriaxona
(amplo espectro)
~ Fig. 13.11 Penicilinas. Comparação das moléculas de penicilina e cefalosporina com anéis j3-lactâmicos (azul). A cefalosporina difere ligei-
ramente no anel ligado (vermelho) e tem dois sítios para ligação da cadeia lateral (púrpura), em vez do que ocorre na molécula da penicilina.
TERAPIA ANTIMICROBIANA _
Outros Agentes Antibacterianos que Atuam sobre as bastante tóxica, causando perda da audição e danos renais, espe-
cialmente em pacientes mais velhos, se a droga não for cuidado-
Paredes Celulares samente monitorada.
Os carbapenens representam um novo grupo de antibióticos
bactericidas com estrutura de duas partes. A primaxina, um
carbapenem típico, é constituída de um antibiótico [3-lactâmico
(imipenem), que interfere na síntese da parede celular, e da ci- Desintegradores das Membranas
lastatina sódica, um composto que impede a degradação da droga
nos rins. Como grupo, os carbapenens possuem um espectro de
Celulares
atividade extremamente amplo.
A bacitracina, um pequeno polipeptídio bactericida, derivado Polimixinas
da bactéria Bacillus licheniformis, é usada somente em lesões e Cinco polimixinas, designadas A, B, C, D e E, foram obtidas da
ferirnentos da pele ou das membranas mucos as porque é fracamen- bactéria do solo Bacillus polymyxa. As polimixinas B e E são
te absorvida e tóxica para os rins. A vancomicina é uma molécula clinicamente as mais comuns. São geralmente aplicadas de ma-
grande e complexa, produzida pelo actinomiceto do solo Strep- neira tópica, freqüentemente com bacitracina, para tratar infec-
tomyces orientalis. Pode ser usada para tratar infecções causadas ções da pele causadas por bactérias Gram-negativas, tais como
por estafilococos e enterococos resistentes à meticilina -.É também as Pseudomonas. Usadas internamente, as polimixinas podem
a droga de escolha contra colites pseudomembranosas induzidas causar entorpecimento das extremidades, sérios danos renais e
por antibióticos (enterites com formação de uma falsa membrana parada respiratória. São administradas por meio de injeção quan-
no intestino). Por ser fracamente absorvida pelo trato gastrintesti- do o paciente está hospitalizado e quando a função renal pode
nal, deve ser administrada por via endovenosa. A vancomicina é ser monitorada.
Papel do Clostridium difficile nas Doenças Intef>tinaif> ambiente, o C. difficile é difícil de ser removido. Pode persistir em
Aeeoctedee a Antibióticof> enfermarias de hospitais ou em asilos por meses ou anos, apesar
dos vigorosos esforços para a sua erradicação. Os organismos
A terapia antibiótica algumas vezes tem seu lado negativo. Hoje, podem ser recolhidos de chão, "comadres", roupas de cama e
o Clostridium difficile é um dos mais importantes patógenos mesmo de paredes dos quartos de pacientes infectados.
bacterianos intestinais no mundo desenvolvido, em termos de A clindarnicina é o antibiótico mais freqüentemente associado
prevalência e gravidade da doença. Entretanto, o C. difficile causa a infecções por C. difficile, seguida pela ampicilina e as
doença intestinal em pacientes aos quais os antibióticos foram cefalosporinas. Estas drogas são freqüentemente administradas a
administrados. (Algumas exceções a esta regra existiram na era pacientes que vão sofrer cirurgia abdominal, com a finalidade de
pré-antibiótica, e explicações, não completamente convincentes, diminuir a microbiota normal. O C. difficile é normalmente muito
são apresentadas para elucidar esses casos.) sensível a estes antibióticos, mas sobrevive formando esporos.
Este patógeno é um bastonete anaeróbio Gram-positivo. O C. Depois que a droga é interrompida, eles se regeneram e podem
difficile foi originalmente descrito em 1935, mas não foi apresentar supercrescirnento no trato intestinal, mas eles não
definitivamente associado com doenças até 1978. Durante a invadem os tecidos.
década de 1950, especialmente, o Staphylococcus aureus foi Virtualmente todas as cepas de C. difficile produzem duas
acusado de causar infecções que hoje sabemos serem devidas ao toxinas, mas as cepas variam grandemente quanto à quantidade de
C. difficille. O C. difficile é agora conhecido como o principal toxina produzida. A toxina A, freqüentemente chamada
patógeno hospitalar e é reconhecido como a causa comum de enterotoxina, tem efeito citotóxico (mata as células) e é
colite associada a antibióticos. O C. difficile é encontrado em 15 a responsável pela maioria dos sintomas observados. A toxina B,
25% dos pacientes com diarréia associada a antibióticos; 50 a chamada citotoxina, é consideravelmente mais citotóxica, mas não
75% dos pacientes com colite; e mais de 90% dos pacientes com é ativa no trato gastrintestinal. O mecanismo de ação destas
colite pseudomembranosa (PMC). Nos indivíduos com PMC, uma toxinas não está ainda completamente esclarecido.
pseudomembrana fibrosa cobre a mucos a do cólon, devido ao Os sintomas da colite incluem cólicas abdominais, diarréia,
líquido contendo fibrina que ali se acumula. febre (até 106°P ou 41,1 "C), desequilíbrio eletrolítico, megacólon
O organismo é raramente encontrado em pessoas saudáveis, tóxico (uma aguda dilatação do cólon) e mesmo perfuração do
com exceção dos recém-nascidos, entre os quais ele ocorre cólon. O 'antibiótico vancomicina é o mais eficiente no tratamento
freqüentemente, mas sem causar danos. Estes recém-nascidos e é quase 100% eficaz enquanto a perfuração não ocorrer. A febre
podem atuar como reservatórios para o C. difficile e podem desaparece em intervalos de 24 a 48 horas e a ação intestinal
facilmente disseminá-lo a outros, em hospitais ou em casa. Ele normal é recuperada em 5 a 7 dias. Entretanto, a recidiva é
desaparece à medida que as crianças se aproximam dos 6 a 12 freqüente, devido às formas esporuladas. A vancomicina custa 4
meses de idade. Crianças mais velhas raramente desenvolvem vezes o seu peso equivalente em ouro. O preço do tratamento
problemas com o C. difficile, apesar do freqüente uso de varia de 200 a 600 dólares. O metronidazol é também usado,
antibióticos. Adultos mais velhos são mais propensos a devido às suas propriedades antianaeróbicas.
desenvolver a doença, mas o fator idade não foi ainda explicado. A observação endoscópica das pseudomembranas no cólon é
A PMC pode se desenvolver em pacientes que sofreram cirurgias considerada diagnóstico para uma grave doença por C. difficile. A
abdominais ou intestinais e naqueles cuja microbiota confirmação normalmente necessita o isolamento do organismo a
gastrintestinal foi alterada pelo uso de antibióticos. partir de amostras de fezes e a identificação das toxinas por
O C. difficile é um anaeróbio estrito moderado. É largamente ELISA e ensaios em cultura de tecidos. A toxina A é tão potente
distribuído na natureza, sendo encontrado no solo e nas fezes de que uma molécula é suficiente para causar as mudanças
animais como vacas e cavalos. Um vez estabelecido em um observadas nas células cultivadas.
__ l'llUAI'IA AN'IUIICUOIUANA
Isoniazida
A isoniazida é um antimetabólito de duas vitaminas, a nicotina-
mida e o piridoxal. Ela se liga e inativa a enzima que converte a
vitamina em moléculas úteis. Este agente bacteriostático sintéti-
co, que tem pouco efeito sobre a maioria das bactérias, é efici-
sos efeitos é que a rifampina estimula o fígado a produzir maio- ente contra a micobactéria que causa tuberculose. A isoniazida
res quantidades de enzimas que estão envolvidas no metabolis- é completamente absorvida no trato digestivo e alcança todos os
mo de uma diversidade de drogas. tecidos e fluidos do corpo. Pelo fato de as micobactérias presen-
tes em qualquer infecção normalmente incluírem alguns orga-
nismos isoniazida-resistentes, ela é geralmente administrada jun-
Quinolonas to com um outro agente como a rifampina ou o etambutol (a ser
As quinolonas, um novo grupo de bactericidas sintéticos, aná-
discutido na seção seguinte). Suplementos dietéticos de nicoti-
logos do ácido nalidíxico, são eficientes contra muitas bactérias
narnida e piridoxal também devem ser dados com a isoniazida.
Gram-positivas e Gram-negativas. O mecanismo de ação das
quinolonas é o de inibir a síntese do DNA bacteriano pelo blo-
queio da DNA girase, a enzima que desenrola a dupla hélice do Etambutol
DNA, etapa preparatória para a sua replicação. São exemplos O agente sintético etambutol é eficiente contra determinadas
deste grupo de antibióticos a norfloxacina, a ciprofloxacina e a cepas de micobactérias que não respondem à isoniazida. O etam-
enoxacina. São especialmente eficientes no tratamento da diar- butol é bem absorvido e alcança todos os tecidos e fluidos do
réia dos viajantes e em infecções do trato urinário causadas por corpo. Contudo, as bactérias adquirem resistência ao mesmo com
microrganismos multirresistentes. bastante rapidez, e, assim, ele é usado com outras drogas, tais
Um processo recente produziu uma classe de antibióticos hí- como a isoniazida e a rifampina.
bridos. Um destes, uma combinação da quinolona com a cefa-
losporina, está atualmente sendo testada. Quando a enzima 13-
Nitrofuranos
lactamase atua sobre o componente cefalosporina, a quinolona
Os nitrofuranos são drogas antibacterianas que penetram nas
é liberada da molécula híbrida e fica disponível para matar os
células susceptíveis e, aparentemente, danificam os sistemas
organismos resistentes à cefalosporina. O uso destes antibióti-
respiratórios microbianos. Centenas de nitrofuranos foram sin-
cos sinergísticos de ação dupla pode também impedir ou retar-
tetizados desde que o primeiro foi obtido em 1930. Apenas al-
dar o desenvolvimento de resistência aos antibióticos.
guns destes são usados atualmente. Doses orais de nitrofuranto-
ína (Furadantin) são bacteriostáticas em pequenas doses, facil-
mente absorvidas e rapidamente metabolizadas. Esta droga é
Antimetabólitos e Outros Agentes especialmente usada no tratamento de infecções urinárias agu-
Antibacterianos das e crônicas. A baixa incidência de resistência a toma um agente
profilático ideal para evitar recaídas. Infelizmente, 10% dos pa-
cientes apresentam náuseas e vômitos como efeito colateral e
Sulfonamidas devem, então, ser tratados com um antibiótico. Um outro
As sulfonamidas, ou sulfas, constituem um grande grupo de agen- nitrofurano, o nifuratel, possui as mesmas vantagens clínicas da
tes bacteriostáticos inteiramente sintéticos. Muitos são derivados nitrofurantoína, com uma incidência mais baixa de efeitos cola-
dasulfanilamida, uma das primeiras sulfonarnidas (l> Fig. 13.4b). terais gastrintestinais. Infelizmente, esta droga barata e eficien-
Em geral, as sulfonarnidas administradas oralmente são pronta- te não se apresenta disponível atualmente.
mente absorvidas e se distribuem amplamente pelos tecidos e flui-
dos corporais. Agem bloqueando a síntese do ácido fólico, o qual As estruturas químicas, os usos e os efeitos colaterais dos
é necessário para fabricar as bases nitrogenadas do DNA. As sul- agentes antibacterianos estão resumidos na l> Fig. 13.13.
Método
Comum de
Agente Usado para Tratar Administração* Efeitos Colaterais
HC~
D-t"P I
I o-Phe-r-r+lia-r-+Asp o-oju
CH3 I I I
Imipenem lIe-D-Om-Lys-lIe
(um carbapenem) Bacitracina
Agentes que interferem na função da membrana celular
___ Leu _
Om D-Phe
Vai
I \ Pro
( )
Tyr Phe
\ Gin
/
D-Phe
----- Asn-----
Tirocidina
.rr
Q
CH20H C2H5
N02 o CH=N o
I I
Q H-C-NH-(CH) -NH-C-H I Ii
I 22 I N-C
C2H5 CH20H
I ~NH
Estreptomicina Tuberculose (usada com isoniazida e rifampina) IM,O Danos renais e ao ouvido
interno
Gentamicina e outros Infecções antibiótico-resistentes e infecções 1M, T (queimaduras) Graus variados de danos
aminoglicosídios hospitalares (usada sinergisticamente com renais e ao ouvido interno
outras drogas)
Tetraciclinas Infecções bacterianas de amplo espectro o Manchas nos dentes; causa
e algumas infecções fúngicas sintomas gastrintestinais;
pode levar à superinfecção
Cloranfenicol Infecções bacterianas de amplo espectro; abscessos o Pode danificar a medula
cerebrais e infecções penicilina-resistentes óssea e causar anemia
aplástica
Eritromicina Infecções por bactérias Gram-positivas, o Um dos antibióticos menos
algumas infecções penicilina- tóxicos comumente
resistentes e doença dos legionários usados
OH
I
NH
OH
HO
CH3
HO
O o
HO NH2
o
HO
CH2
=r) 2
o
NH2
o CH OCH3 ?~OH .
~3C~~OH
VNH-CH3
NH
"
H2:~r):C-NH O~0:Q=HN-CH;H
H2N-C-NH OH o OH/H o OH
"
NH OH CH3
c"", o CHpH
Cloranfenicol Estreptomicina
HO
o
HOOC~F
l~~Nl
1\ CH I NH
CH=N-N N-CH3 HC~CH
2 2
~
0-----4---'.;
"-J
Ciprofloxacina
(uma quinolona)
Rifampina
./ Por que o antibióticocom a maior zona de inibiçãonão até 3 semanas após a interrupção do tratamento, mas não se sabe
necessariamenteé o melhor para ser usado em determinadopaciente? onde a droga é retida durante este intervalo.
./ Que efeitos colaterais prejudiciais podem aparecer quando da A anfotericina B é a droga de escolha no tratamento da mai-
administração da tetraciclina? Quais os cuidados que devem ser oria das infecções sistêmicas provocadas por fungos, especial-
tomados quando se está ingerindo esta droga? mente criptococose, coccidioidomicose e aspergilose. Embora
./ O que é um anel B-lactâmico? Onde ele é encontrado? Qual a sua não se saiba se os fungos tenham desenvolvido resistência ao
importância? agente, os efeitos colaterais são numerosos e, às vezes, graves .
./ Que organismos sofrem ação da isoniazida e do etambutol? Eles Incluem sensações cutâneas anormais, febre e calafrios, náuse-
são antibióticos? Qual é o mecanismo de ação da isoniazida? as e vômitos, dores de cabeça, depressão, lesões renais, anemia,
ritmos cardíacos anormais e mesmo cegueira. Pelo fato de algu-
mas infecções causadas por fungos serem fatais sem tratamen-
to, os pacientes, especialmente os imunocomprometidos ou os
Agentes Antifúngicos que têm AIDS, têm pouca chance, a não ser arriscar-se a estes
terríveis efeitos colaterais.
Os agentes antifúngicos estão sendo usados com maior freqüên-
cia, devido ao surgimento de cepas resistentes e ao aumento do
número de pacientes imunossuprimidos, especialmente aqueles Nistatina O polieno antibiótico nistatina (Micostatin) é produ-
com AIDS. Pelo fato de os fungos serem eucariontes e, desse zido pelo Streptomyces noursei. Esta droga apresenta o mesmo
modo, serem similares às células humanas, o tratamento com mecanismo de ação que a anfotericina B, mas é também eficien-
antifúngicos freqüentemente causa efeitos colaterais tóxicos. Em te em aplicações tópicas no tratamento das infecções por
níveis menos tóxicos, muitas infecções sistêmicas por fungos são Candida. Pelo fato de não ser absorvida pela parede intestinal,
lentas na resposta. Ainda mais, não há testes de laboratório dis- pode ser ministrada por via oral para tratar superinfecções fún-
poníveis para determinar a susceptibilidade e os níveis terapêu- gicas no intestino, que freqüentemente ocorrem após tratamento
ticos apropriados. A despeito destas dificuldades, numerosas prolongado com antibióticos. A nistatina recebeu seu nome do
drogas eficazes estão se tornando disponíveis, muitas delas sem Departamento de Saúde do Estado de Nova York, onde ela foi
receita médica. descoberta.
A terbinafina (Lamisil), um fungicida relativamente novo, foi ribavirina tem mostrado atividade contra uma ampla variedade
aprovado para uso tópico em infecções da pele e candidíase eu- de vírus não relacionados, gerando esperanças de se encontrar
tânea. Pelo fato de ser absorvida diretamente pela pele, ela al- um agente antiviral de amplo espectro.
cança níveis terapêuticos em muito menos tempo que os agen- O aciclovir (Zovirax), um análogo da guanina, é muito mais
tes administrados oralmente, tais como a griseofulvina. rapidamente incorporado nas células infectadas por vírus do que
nas células normais. Assim, é menos tóxico do que os outros
análogos. Pode ser aplicado de maneira tópica ou administrado
Agentes Antiprotozoários
Embora muitos protozoários sejam organismos de vida livre, amebas e pela Giardia. Embora o metronidazol (Flagil) contro-
alguns são parasitas dos seres humanos. O parasita que causa a le estas infecções, ele não impede o crescimento excessivo de
malária invade os glóbulos vermelhos e faz com que o paciente Candida. Pode também causar defeitos congênitos e câncer e
sofra de febre alternando com calafrios. Outros protozoários pode ser passado às crianças pelo leite matemo. O metronidazol
parasitas causam infecções intestinais ou do trato urinário. Fo- às vezes provoca um efeito colateral fora do comum denomina-
ram descobertos diversos agentes antiprotozoários que são bem- do "língua pilosa preta" ou "língua com pelagem marrom", por-
sucedidos no controle ou mesmo na cura da maioria das infec- que degrada a hemoglobina e deixa depósitos nas papilas (pe-
ções por protozoários, mas alguns apresentam efeitos colaterais quenas saliências) na superfície da língua (> Fig. 13.14).
um tanto desagradáveis.
Outros Agentes Antiprotozoários
Quinina Uma diversidade de outros compostos orgânicos foi considera-
A quinina, proveniente da casca da chinchona (nativa do Peru e da como eficiente no tratamento de determinadas infecções cau-
da Bolívia, mas agora cultivada exclusivamente na Indonésia), sadas porprotozoários. A pirimetamina interfere na síntese do
foi usada durante séculos para tratar a malária. Um dos primei- ácido fólico, que os protozoários patogênicos necessitam em
ros agentes quimioterápicos a aparecer com uso difundido, é atu- maiores quantidades do que as células do hospedeiro. É usada
almente usada apenas para tratar a malária causada por cepas de juntamente com a sulfanilamida para tratar algumas infecções
parasitas resistentes a outras drogas. por protozoários, tais como a toxoplasmose. A pirimetamina
(Daraprim) também pode ser usada profilaticamente para evitar
a malária.
Cloroquina e Primaquina A suramina sódica, um composto contendo enxofre, pode ser
Atualmente, os agentes antimaláricos mais comumente usados administrada por via endovenosa para tratar a doença do sono
são os agentes sintéticos c1oroquina (Aralen) e primaquina. A africana (tripanossomíase) e outras infecções por tripanossomas.
cloroquina parece interferir na síntese de proteínas, especialmente O nifurtimox, um nitrofurano, é usado contra os tripanossomas
nos glóbulos vermelhos, onde penetra mais prontamente do que que causam a doença de Chagas. Compostos de arsênico e anti-
o faz em outras células. A droga pode se concentrar em vacúo- mônio, embora muito tóxicos, têm sido usados com algum su-
los no interior do parasita e impedi-l o de metabolizar a hemo- cesso contra infecções amebianas e por leishmânias refratárias.
globina. A cloroquina é usada para combater infecções ativas. O isotionato de pentamidina é usado para tratar a tripanossomí-
O parasita da malária se mantém nos glóbulos vermelhos e pode ase africana e como droga de segunda escolha para a pneumonia
provocar recaídas quando se multiplica e é liberado no plasma por Pneumocystis, uma complicação fúngica da AIDS.
sangüíneo. Uma combinação de cloroquina e primaquina pode
ser usada profilaticamente para proteger pessoas que visitem ou
trabalhem em regiões do mundo onde a malária ocorre e que,
assim, correm o risco de ser infectadas. Entretanto, as drogas Agentes Anti-helmínticos
devem ser administradas tanto antes quanto depois de se entrar Diversos helrnintos podem infectar os seres humanos. Uma va-
em uma zona afetada pela malária. Um novo agente profilático, riedade de agentes anti-helmínticos está disponível para ajudar
a mefloquina (Lariam), provou ser eficiente contra variedades o corpo a se livrar destes parasitas indesejáveis.
resistentes.
Niclosamida
Metronidazol A niclosamida interfere no mecanismo dos carboidratos e, em
O irnidazol sintético metronidazol é eficiente no tratamento das conseqüência, faz com que o parasita libere grande quantidade
infecções por Trichomonas, que causam secreção e coceira va- de ácido lático. A droga pode também inati var produtos fabrica-
ginal. É também eficaz contra infecções intestinais causadas por dos pelo verme para resistir à digestão pelas enzimas proteolíti-
---------
_ '1'llllJU'IJl AN'I'UnnWnIANJl
cas do hospedeiro. É eficaz principalmente no tratamento das ponível, mas logo estreptococos penicilino-resistentes foram
infecções por tênias. encontrados.
Esta cadeia de acontecimentos se observou repetidamente. À
medida que novos antibióticos se desenvolviam, surgiam cepas
Mebendazol de estreptococos resistentes a muitos deles. Acontecimentos se-
O imidazol mebendazol (Vermox) bloqueia a captura de glico- melhantes levaram à emergência de cepas antibiótico-resisten-
se pelos nematódios parasitas. É útil no tratamento de infecção tes de muitos outros organismos, incluindo estafilococos, gono-
por triquiúros, oxiúros e ancilóstomos. Entretanto, pode causar cocos, Salmonella, Neisseria e especialmente Pseudomonas. As
danos aos fetos e, portanto, não deve ser administrado a mulhe- infecções por Pseudomonas são atualmente um dos grandes pro-
res grávidas. blemas em hospitais. Muitos destes organismos são agora resis-
tentes a diversos antibióticos diferentes, e novas cepas resisten-
Outros Agentes Anti-helmínticos tes estão constantemente sendo encontradas.
A piperazina (Antepar), um composto orgânico simples, é uma Por que os organismos resistentes estão sendo mais freqüen-
poderosa neurotoxina que paralisa os músculos da parede do temente encontrados em pacientes hospitalizados do que em
corpo dos nematódios e é útil no tratamento de infecções por pacientes externos? Esta pergunta pode ser respondida observan-
Ascaris e oxiúros. Embora a piperazina exerça seu efeito nos ver- do-se o ambiente hospitalar e os pacientes com probabilidade de .
mes no intestino, se absorvida, pode alcançar o sistema nervoso serem hospitalizados. Primeiro, apesar dos esforços para se man-
humano e provocar convulsões, especialmente em crianças. terem as condições sanitárias, um hospital proporciona um am-
O composto ivermectina, desenvolvido originalmente para o biente onde as pessoas doentes vivem em contato íntimo e onde
tratamento de nematódios parasitas em cavalos (e amplamente muitas diferentes espécies de agentes infecciosos estão constan-
usado para evitar infecções por vermes do coração em cães), foi temente presentes, espalhando-se facilmente. Segundo, os paci-
considerado como sendo extremamente eficiente contra a entes hospitalizados tendem a estar mais gravemente doentes do
Onchocerca volvulus em seres humanos. As infecções provoca- que os pacientes externos; muitos apresentam resistência dimi-
das por este nematódio, disseminado em muitas partes da Áfri- nuída à infecção devido à sua doença ou porque receberam dro-
ca, causam perda progressiva da visão, conhecida como gas imunossupressoras. Finalmente, e mais importante, os hos-
oncocercíase ou cegueira do rio. pitais caracteristicamente fazem uso intensivo de uma varieda-
de de antibióticos. Pelo fato de muitas infecções estarem sendo
A );>- Fig. 13.15 apresenta as estruturas químicas, os usos e os tratadas e de diferentes antibióticos estarem sendo usados, os
organismos resistentes a um ou mais antibióticos têm probabili-
efeitos colaterais dos agentes antifúngicos, antivirais, antiproto-
zoários e anti-helmínticos. dade de emergir. As cepas resistentes podem se espalhar rapida-
mente entre os pacientes.
O tratamento das infecções resistentes cria um ciclo vicioso.
.I A maioria dos agentes antifúngicos também mata bactérias, ou Se pode ser encontrado um antibiótico para o qual o microrga-
vice- versa? nismo é sensível, a droga passa a ser usada para tratar a infec-
.I Que dificuldades resultam do fato de os protozoários parasitas e ção. Entretanto, algumas cepas do organismo que são resisten-
os helmintos terem muitas das vias bioquímicas dos seres tes ao novo antibiótico podem proliferar e necessitar tratamento
humanos? com uma outra droga nova. Estabelece-se um ciclo recorrente
em que novos antibióticos são usados e os organismos
susbseqüentemente desenvolvem resistência a eles.
Problemas Especiais com Infecções A prevenção de infecções causadas por cepas de microrga-
nismos resistentes a antibióticos é uma tarefa difícil, mas di-
Hospitalares Resistentes a Drogas versas linhas de orientação devem ser seguidas. Primeiro, o uso
de antibióticos deve ser limitado a situações em que o paciente
Tão logo os agentes antibacterianos se tornaram disponíveis, não tenha possibilidade de se recuperar sem tratamento por an-
organismos resistentes começaram a aparecer. Um dos primei- tibióticos. Segundo, testes de sensibilidade devem ser realiza-
ros sucessos no tratamento das infecções bacterianas foi o uso dos e os pacientes devem receber somente um antibiótico ao
da sulfonamida para tratar infecções causadas por estreptococos qual se saiba ser o organismo sensível. Terceiro, quando são
hemolíticos. Foi então descoberto que a sulfadiazina é útil na usados antibióticos, eles devem ser continuados até que os or-
prevenção de febre reumática oriunda de infecções estreptocó- ganismos estejam completamente erradicados do corpo do pa-
cicas recorrentes. Logo surgiram cepas de estreptococos resis- ciente. O uso de dois antibióticos em conjunto, como foi des-
tentes às sulfonamidas. Epidemias (principalmente em instala- crito anteriormente no capítulo referente às quinolonas, é es-
ções militares durante a Segunda Guerra Mundial) causadas por pecialmente proveitoso ();>- Fig. 13.16). Finalmente, qualquer
cepas resistentes provocaram muitas mortes. Estas epidemias paciente com uma doença infecciosa deve ficar isolado dos
foram mantidas sob controle quando a penicilina se tornou dis- outros pacientes.
l'llRAI>IA AN'I'nIlCUOIUANA __
Método
Comum de
Agente Usado para Tratar Administração* Efeitos Colaterais
Agentes antifúngicos
o N HO
CH3
o -oOH NH2
CH3
ao
::r ::r ::r ::r ::r ::r
OLO o
OH OH
OH
I COOH
o OH OH OH OH o OH
Clotrimazol Miconazol
Anfotericina B
HO
CH3
CH3
CH3
::r ::r ::r ::r
OH
::r ::r
OH
0-0 CH3
OH
o
COOH
o OH OH OH OH o OH CI
Agentes anti-helmínticos
Método
Comum de
Agente Usado para Tratar Administração* Efeitos Colaterais
Agentes antivirais
I'(NH
I o 0:'> H2N-C
Ií N>
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N'~O N'N
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I
2
Amantadina Aciclovir
Agentes antiprotozoários
CH30~
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NH
I
CH3CH(CH,)3NH2
Pirimetanima Metronidazol
~ Fig.13.15 (Cont.)
'1'llIllU'IA AN'I'HllfIlOlnANA __
(a) Um único antibiótico 13-lactâmico contra (b) Terapia antibiótica dupla contra bactérias (c) Terapia antibiótica dupla contra bactérias
bactérias produtoras de 13-lactamase produtoras de 13-lactamase não-produtoras de 13-lactamase
"'\!!!l"~!M;~-r.i:L\V13-lactamase
O anel A quinolona
13-lactâmico permanece "<,
é quebrado, inativa. ""
e quinolona ativa
é liberada.
o anel se quebra,
inativando o
antibiótico
13-lactâmico.
Os organismos são
mortos ou suprimidos;
a quinolona não é
liberada, assim não se
Os organismos desenvolvem cepas
são mortos ou resistentes à quinolona.
suprimidos.
Os organismos se multiplicam;
a infecção continua.
>- Fig. 13.16 Uso de terapia com dois antibióticos para erradicar infecções resistentes a cepas.
Recapitulação
Acontecimentos subseqüentes incluíram o desenvolvimento das
Quimioterapia Antimicrobiana sulfas, da penicilina e de muitos outros antibióticos.
o Quimioterapia é o uso de qualquer agente químico no tratamento
de doenças.
o Um agente quimioterápico,
mico usado na prática médica.
ou droga, é qualquer agente quí-
Propriedades Gerais dos Agentes
o Um agente antimicrobiano é um agente químico usado para Antimicrobianos
tratar uma doença causada por um micróbio. Toxicidade Seletiva
o Um antibiótico é uma substância química produzida por micror- o Toxicidade seletiva é a propriedade dos agentes antimicrobia-
ganismos que inibe o crescimento ou destrói outros microrganis- nos que lhes permite exercer maiores efeitos tóxicos sobre os
mos. micróbios do que sobre os hospedeiros.
o Uma droga sintética é aquela produzida em laboratório. O nível de dosagem terapêutica de um agente antimicrobiano
o Uma droga semí-sintética é uma droga feita parcialmente pelo
é a concentração durante um período de tempo necessário para
microrganismo e parcialmente por síntese em laboratório. eliminar um patógeno.
o O índice quimioterápico é uma medida da toxicidade de um
agente para o corpo em relação a sua toxicidade para um orga-
História da Quimioterapia nismo infeccioso.
Os primeiros agentes quimioterápicos foram preparados de mis-
turas de plantas usadas por sociedades primitivas. Espectro de Atividade
o A pesquisa de Paul Ehrlich por "balas mágicas" foi a primeira o o espectro de atividade de um agente antimicrobiano se refere
tentativa sistemática para descobrir agentes quimioterápicos. à variedade de microrganimos sensíveis ao agente. Um agente
'I'I;UAI'IA AN'l'mWUOIUANA