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AULA 2 – TEXTO 1

"ADMINISTRAÇÃO: CIÊNCIA, TÉCNICA OU ARTE?"

Professor Ilacyr Luiz Gualazzi

I- INTRODUÇÃO

            A fim de conduzir o raciocínio com clareza e objetividade, é necessário, antes,


esclarecer os resultados desejados. Qual a finalidade de saber se administração é
ciência, técnica ou arte?

            A  Administração, como procedimento, permeia todos os  espaços da atividade


humana, mas ao profissional dessa área interessa apenas conhecê-la enquanto meio para
obter determinados resultados, pouco  importando se está empregando técnica com arte
ou fazendo ciência.  Na verdade,  o profissional está sempre às voltas com eventos
factuais que dele exigem técnica, sensibilidade e criatividade. Para ele, a administração
deve  fornecer o ferramental para o enfrentamento dos fatos  administrativos, em cuja
extremidade está o superávit, sem o que os empreendimentos não sobrevivem e sua
intervenção torna-se destituída de sentido.

            Como tema de estudo e aprendizado, é na escola que a administração encontra


seu espaço, onde interessa conhecê-la em sua totalidade, enquanto história, teoria,
técnica e ciência. Assim, pode-se afirmar que a  discussão sobre esse assunto seja de
natureza epistemológica, tendo por escopo seu ensino nos cursos de Administração e
afins. 

II - CONCEITOS BÁSICOS

CIÊNCIA: Fazer ciência é produzir conhecimentos relativos a um  objeto


delimitado, obtidos através de métodos racionais. Entendem os doutos que, para ser ciência,
deve ter método, gerar previsibilidade, permitir reprodução e propiciar a formulação de
princípios gerais aplicáveis a casos semelhantes. Entretanto, sucintamente e para nossa
finalidade, pode-se afirmar que fazer ciência também é produzir conhecimento novo.
TÉCNICA: A técnica corresponde ao "como fazer". É o meio empregado para
operar crítica, rigorosa e objetivamente a realidade, conforme os princípios gerados pela
ciência.
ARTE: Arte subentende a sensibilidade, a percepção, a capacidade de sentir e
interpretar, ainda que num plano pessoal, a realidade vivenciada. Pode-se afirmar que está
manifestando seu lado artístico, o administrador que, sensível às solicitações sociais,
políticas, psicológicas do momento histórico vivido, aplica sua inventividade na busca de
novas aplicações para o conhecimento velho.

III - ANÁLISE

A ciência gera a técnica que é usada, nos meios empresariais, em situações


concretas, visando resultados específicos. O técnico conhece, por antecipação, os possíveis
resultados de sua aplicação, numa quase relação causa-efeito. Esse conhecimento é
adquirido na escola através do  estudo da história e da teoria da administração. Salvo
raríssimas exceções, não se faz ciência na empresa mas, sim nas academias. E lá, o que
pesquisa o administrador-cientista? Como ele faz ciência?

Igual que outros cientistas, ele cria modelos através dos quais procura explicar fatos.
Pesquisa novos modelos de intervenção  sobre os fatos administrativos, buscando novos
padrões de eficiência para aumentar  o ganho empresarial. Portanto, nesse sentido, a
administração-ciência não é neutra. Ela está a serviço do capital!

E a arte? Podemos entender arte, no campo profissional, como a sensibilidade, a


capacidade de sentir, perceber e interpretar a realidade vivida. Dessa forma, a arte estaria
relacionada com certos aspectos da ética, da cidadania, que dariam ao administrador  a
percepção dos limites do oportuno e do adequado.

No mundo ocidental, salvo raríssimas exceções, o estudo da Administração tem sido


apenas:

- o estudo da história das empresas e teorias que deram certo no âmbito das economias
capitalistas;

- o ensino da administração continua sendo um repasse de técnicas adequadas à condução


da empresa capitalista;

- o administrador tem sido "formado" e treinado para atender as expectativas e ditames do


capitalismo e sua manutenção.

Tais aspectos talvez estejam distorcendo o perfil profissional do administrador, se


este não possuir, de base, aquela sensibilidade para o trato do material com que
primordialmente trabalha - o ser  humano, que é, ao mesmo tempo, agente e beneficiário da
ação administrativa.

IV - CONCLUSÕES

1. A administração deve ser estudada e praticada segundo seus momentos ciência, técnica e
arte, através dos quais o futuro profissional poderá desenvolver sua sensibilidade,
capacidade e conhecimento atinente a cada uma deles;
2. a decisão é o fulcro da função administrativa. Para isso, o profissional vale-se do
conhecimento teórico, da técnica apurada pela prática e de referenciais filosóficos,
políticos, econômicos e históricos.  Assim, a decisão se alicerça na técnica e na ciência,
mas se orienta por paradigmas éticos;

3. o estudo e o ensino da Administração deve permitir orientar o futuro profissional para os


perfis, concomitantes ou não,

                        - do PESQUISADOR,  que faz ciência, que investiga e busca o


conhecimento, a compreensão e, principalmente, o espírito crítico e inquiridor dos fatos
testemunhados, que pense novos modelos de desenvolvimento;

                        - do TÉCNICO, capaz de operar rigorosa, crítica e objetivamente a


realidade, conforme os princípios exarados da Administração-ciência;

                        - do CIDADÃO, capaz de sentir, perceber e interpretar, ainda que num


plano pessoal, a realidade vivenciada, gerando os subsídios que irão alimentar o fazer
ciência e o praticar a técnica, conforme as conveniências da comunidade em que habita.

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