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Distinção de como se dá o conhecimento em David Hume e John Locke

As idéias

Ao tratar das idéias, tanto Locke quanto Hume concordam que não é da natureza humana o inatismo.
Para ambos os autores, a mente humana é como uma folha de papel em branco e é a experiência que se
encarregará, ou é o meio, de rabiscá-la, ou seja, não há nada na mente e é através da experiência que
será posto alguma coisa lá.

Considerando que todo homem pensa, têm idéias, pois estas são o objeto do pensamento. Daí que
segue a argumentação acerca das idéias. As principais questões discorridas por estes autores são: Como
o homem as obtém e quais são os meios?

É a partir da resposta destes autores que é feita esta análise que pretende mostrar onde estes autores se
encontram e se afastam nesta argumentação.

Conhecimento em Hume

…a idéia se dá através da impressão. Ao entrar em contato com o objeto, ou seja, através da experiência
o ser terá a sensação que irá impressionar a mente, isto é, terá a impressão e posteriormente a idéia,
que é uma imagem mais fraca da impressão. Assim, estas duas se distinguem quanto ao grau de força e
vividez na mente.

Uma idéia existente na mente pode ser o elemento para o aparecimento de outra idéia. Isto se dá
através da reflexão, ou seja, uma idéia já existente na mente, que já proveio de uma impressão, através
da reflexão irá gerar uma nova impressão (impressão de reflexão) que posteriormente gerará uma nova
idéia.

Assim, Hume faz uma distinção entre sentir e pensar; as idéias encontram-se no âmbito do pensar
enquanto que as impressões no do sentir.

Conhecimento em Locke
…há uma pequena diferença, mas que é mister saber. Para este autor as idéias provêm diretamente da
sensação, isto é, ao entrar em contato com o objeto sensível, os sentidos vão ter a sensação que irá
retirar dos objetos sensíveis o que as percepções produziram e levam para a mente, esses dados geram
as idéias. Então, a distinção que há entre Locke e Hume é que no segundo há a impressão que antecede
a idéia, enquanto que no primeiro não há essa separação, ou seja, o que impressiona é a própria idéia. A
idéia está no âmbito do pensar.

Em Locke também há um segundo meio provedor de idéias, que no caso também é a reflexão. No
entanto, a reflexão, que são operações internas da mente, irá gerar diretamente outras idéias
(diferentemente do conceito de Hume) que não se poderiam ser obtidas das coisas externas. Isto se
inicia quando a alma começa a refletir acerca das idéias existentes na própria mente, ou seja, há um
sentido interno.

Assim, vemos que na essência o conceito de idéia para estes dois autores são idênticos, pois as idéias
são representações figurativas, imaginativas dos objetos sensíveis e que posteriormente geram outras
idéias que não podem ser obtidas através destes, com a idéia de anjo por exemplo. A distinção entre os
dois conceitos se encontra no modo como elas irão aparecer na mente, ou seja, no percurso percorrido
para elas aparecerem na mente. Neste caso, para Hume o percurso é mais longo, pode-se dizer inclusive
que há uma hierarquia de aparecimento e nesta a idéia está em um patamar secundário.

Por fim, é visível que, em Locke a idéia tem um grau de força e vividez na mente mais elevado que em
Hume, já que elas aparecem num segundo plano, no entanto este cita que em dadas situações as idéias
encontram-se num grau de força tal que chegam a se confundir com as impressões. De certo tem que se
considerar que no que diz respeito ao aparecimento na mente, em Locke as idéias aparecem num grau
mais elevado de força.

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