6.1 Introdução
Pkm ≈ k1 · θkm
1
≈ · (θk − θm )
xkm
I A distribuição dos fluxos de potência ativa pelos ramos de uma rede pode ser
estimada a um baixo custo computacional com precisão aceitável para uma
série de aplicações (desde o planejamento até a operação).
–1–
I O fluxo de carga c.c. é baseado no acoplamento das variáveis P e θ (potência
ativa/ângulo).
Este acoplamento é tanto maior quanto maiores forem os nı́veis de tensão da
rede.
Para redes de distribuição (baixa tensão) esse acoplamento é mais fraco (os
fluxos de potência ativa dependem significativamente das magnitudes das
tensões).
6.2 Linearização
(
Pkm = Vk2 gkm − Vk Vm (gkm cos θkm + bkm sen θkm)
Pmk = Vm2 gkm − Vk Vm (gkm cos θkm − bkm sen θkm )
–2–
I Considere as seguintes aproximações:
Vk ≈ Vm ≈ 1 pu
θkm pequeno sen θkm ≈ θkm
cos θkm ≈ 1
1
rkm xkm bkm ≈ − xkm
gkm ≈ 0
θk − θ m
Pkm = −Pmk = x−1
km θkm =
xkm
PSfrag replacements
I Analogia com a lei de Ohm:
θk θm
xkm
Pkm = (θk − θm ) /xkm
Pkm
Vk rkm
Vm
Ikm = (Vk − Vm ) /rkm
c.a.
Ikm
c.c.
xkm ⇐⇒ rkm
Pkm ⇐⇒ Ikm
θkm = (θk − θm ) ⇐⇒ Vkm = (Vk − Vm )
–3–
6.2.2 Transformador em fase
(
Pkm = (akm Vk )2 gkm − (akm Vk ) Vm (gkm cos θkm + bkm sen θkm)
Pmk = Vm2 gkm − (akm Vk ) Vm (gkm cos θkm − bkm sen θkm)
(
Pkm = Vk2gkm − Vk Vm [gkm cos (θkm + ϕkm) + bkm sen (θkm + ϕkm )]
Pmk = Vm2 gkm − Vk Vm [gkm cos (θkm + ϕkm ) − bkm sen (θkm + ϕkm )]
–4–
I A expressão do fluxo de potência pode ser reescrita como:
θk θm
1 : ejϕkm xkm
Pk Pm
k Pkm = (θkm + ϕkm ) /xkm m
1 1 1
Pk = Pkm = (θkm + ϕkm ) = θkm + ϕkm
xkm xkm xkm
1 1 1
Pm = −Pkm =− (θkm + ϕkm ) = − θkm − ϕkm (1)
xkm xkm xkm
–5–
I O termo x−1km ϕkm da expressão do fluxo de potência não depende do estado da
rede (ângulos de fase).
θk θm
xkm
Pk + Pkc Pm + Pmc
k Pkm = θkm /xkm m
–6–
I Aplicando a lei das correntes de Kirchhoff para os nós k e m na nova situação:
1
Pk + Pkc = Pkm = θkm
xkm
1
Pm + Pmc = −Pkm =− θkm
xkm
ou:
1
Pk = θkm − Pkc
xkm
1
Pm = − θkm − Pmc (2)
xkm
1 1 1
θkm + ϕkm = θkm − Pkc
xkm xkm xkm
1 1 1
− θkm − ϕkm = − θkm − Pmc
xkm xkm xkm
1
Pkc = −Pmc = − ϕkm
xkm
–7–
I Se ϕkm for positivo, a inserção das injeções de compensação equivale a
conectar uma carga adicional na barra k (Pkc < 0) e uma geração adicional na
barra m (Pmc > 0).
Se ϕkm for negativo, a inserção das injeções de compensação equivale a
conectar uma geração adicional na barra k (Pkc > 0) e uma carga adicional na
barra m (Pmc < 0).
Essas observações são válidas para o modelo do transformador defasador que
foi adotado, ou seja, 1 : ejϕkm conectado à barra k.
Pkm = x−1
km θkm
I A aplicação da lei das correntes de Kirchhoff para um nó k da rede resulta em:
X X
Pk = Pkm = x−1
km θkm
m∈Ωk m∈Ωk
–8–
Da equação acima:
X
Pk = x−1
km θkm
m∈Ωk
X
= x−1 (θ
km k − θ m )
m∈Ωk
X
= x−1 −1
km θk − xkm θm
m∈Ωk
X X
= x−1
km θk + −x−1
km θm
m∈Ωk m∈Ωk
!
X X
= x−1
km θk + −x−1
km θm
m∈Ωk m∈Ωk
!
X X
Pk = x−1
km θk + −x−1
km θm k = 1, . . . , NB
m∈Ωk m∈Ωk
–9–
I O sistema de equações referente às potências nodais pode ser colocado na
forma matricial:
P = B0 · θ
em que:
θ vetor dos ângulos de fase das tensões nodais (dimensão [NB × 1])
P vetor das injeções nodais lı́quidas de potência ativa (dimensão [NB × 1])
B0 matriz do tipo admitância nodal (dimensão [NB × NB]) cujos elementos
são:
P
0 −1
Bkk = m∈Ωk xkm
0
Bkm = −x−1
km
B 0 = −x−1
mk km
X
0 0
Bkk =− Bkm
m∈Ωk
I Deve-se adotar uma das barras da rede como referência angular. Esta barra
terá seu ângulo de fase conhecido (normalmente igual a 0).
– 10 –
A equação de injeção de potência ativa referente à barra de referência é
eliminada e o valor da injeção é determinado através da aplicação da lei das
correntes de Kirchhoff após o estado da rede (vetor θ) ter sido obtido.
Exemplo
P1 P2 P3
1 2 3
x12 x23
x15 x25 x34
x45
5 4
P5 P4
Inicialmente deve-se aplicar a lei das correntes de Kirchhoff para todas as barras
da rede, como por exemplo:
P1
PSfrag replacements P12
1
P15
– 11 –
Resultando em:
P1 = P12 + P15
P2 = P21 + P23 + P25
P3 = P32 + P34
P4 = P43 + P45
P5 = P51 + P52 + P54
Utilizando:
Pkm = x−1
km (θk − θm ) = bkm (θk − θm )
P1 (b12 + b15) −b12 0 0 −b15 θ1
P2
−b12 (b12 + b23 + b25) −b23 0 −b25
θ2
P3 =
0 −b23 (b23 + b34) −b34 0 ·
θ3
P4 0 0 −b34 (b34 + b45) −b45 θ4
P5 −b15 −b25 0 −b45 (b15 + b25 + b45) θ5
P = B0 · θ
– 12 –
Os ângulos de fase das barras devem obtidos através de:
θ = (B0)−1 · P
No entanto, verifica-se que não é possı́vel obter a inversa de B0, pois ela é
singular.
Deve-se atribuir a uma das barras a função de referência angular, como por
exemplo a barra 5 (conforme o enunciado do problema). Assim, o ângulo de fase
da barra 5 torna-se conhecido, não sendo mais uma incógnita do problema.
P1 b12 + b15 −b12 0 0 θ1
P2 −b12 b12 + b23 + b25 −b23 0 θ2
P3 =
·
0 −b23 b23 + b34 −b34 θ3
P4 0 0 −b34 b34 + b45 θ4
P5 = − (P1 + P2 + P3 + P4 ) (3)
ou:
– 13 –
A equação (3) é válida para este exemplo pois não há perdas de potência ativa na
transmissão (ramos têm resistências desprezı́veis). A equação (4) é sempre válida.
O procedimento para consideração das perdas de transmissão será mostrado
adiante.
b12 + b15 −b12 0 0 −b15
−b12 b12 + b23 + b25 −b23 0 −b25
B0 =
0 −b23 b23 + b34 −b34 0
0 0 −b34 b34 + b45 −b45
−b15 −b25 0 −b45 ∞
× × × × 0
× × × × 0
B0−1 =
× × × × 0
× × × × 0
0 0 0 0 0
– 14 –
I De acordo com o modelo adotado, linhas de transmissão, transformadores em
fase e transformadores defasadores são modelados como reatâncias entre duas
barras.
Exemplo
P1 P2 P3
1
ϕ12
2 3
x23
ϕ15 x15 x12
x25 x34
x45
5 4
P5 P4
P1 = P12 + P15
P2 = P21 + P23 + P25
P3 = P32 + P34
P4 = P43 + P45
P5 = P51 + P52 + P54
– 15 –
em que, agora:
Utilizando a expressão Pkm = x−1 km (θk − θm ) = bkm (θk − θm ) para os fluxos nos
demais ramos, considerando os termos relativos aos ângulos de defasagem como
injeções de potência e rearranjando os termos, obtém-se o seguinte sistema de
equações:
P1 −b12ϕ12 − b15ϕ15
P2 b12ϕ12
P3 + 0 =
P4 0
P5 b15ϕ15
(b12 + b15) −b12 0 0 −b15 θ1
−b12 (b12 + b23 + b25) −b23 0 −b25 θ2
0 −b 23 (b 23 + b 34 ) −b 34 0 · θ3
0 0 −b34 (b34 + b45) −b45 θ4
−b15 −b25 0 −b45 (b15 + b25 + b45) θ5
– 16 –
ou, em uma forma compacta:
P + P c = B0 · θ
Exemplo
x12 = 1/3 pu
P3 = −1,0 pu
P1 ∞ −3,0 −2,0 θ1
−0,5 = −3,0 5,0 −2,0 · θ2
−1,0 −2,0 −2,0 4,0 θ3
– 17 –
que resulta em:
T
θ= 0 −0,250 −0,375 rad
P12 = x−1
12 · θ12 = 0,75 pu
P13 = x−1
13 · θ13 = 0,75 pu
P23 = x−1
23 · θ23 = 0,25 pu
− x112 · ϕ12 0,3
P c = x112 · ϕ12 = −0,3 pu
0 0
P12 = x−1
12 · (θ12 + ϕ12) = 0,675 pu
−1
P13 = x13 · θ13 = 0,825 pu
P23 = x−1
23 · θ23 = 0,175 pu
– 18 –
O ajuste da posição do tap em ϕ12 = −0,1 radianos resultou em um alı́vio de carga
no ramo 1-2. Em consequência, o carregamento do ramo 1-3 aumentou:
0,750 0,675
replacements
1 2 1 2
3 3
Fluxo de carga
linearizado Circuito c.c.
P = B0 · θ
P I
θ V
I = G·V B0 G
xkm rkm
– 19 –
PSfrag replacements
P2
1 2 3
x12 x23
P1 P3
x15 x34
x25
x45
5 4
θ5 = 0
P4
PSfrag replacements
Ek Em
k j xkm m
Pg ∼ Pc
Pkm
Considere que:
as magnitudes das tensões nodais são iguais a 1 pu (Vk = Vm = 1 pu)
a linha não consome potência ativa (rkm = 0), logo, Pg = Pc = Pkm
1
Ikm = (Ek − Em )
jxkm
– 20 –
O fluxo de potência complexa é:
∗
Skm = Ek∗Ikm
1
= Ek∗ · (Ek − Em )
jxkm
1 1
= | E k |2 − Ek∗ Em
jxkm jxkm
Considerando Vk = Vm = 1 pu tem-se:
∗ 1 1 −j(θk −θm)
Skm = −j +j e
xkm xkm
1 1
= −j +j [cos (θk − θm ) − j sen (θk − θm)]
xkm xkm
O fluxo de potência ativa no ramo k-m (modelo c.a.) é igual a:
1
Pkm = < {Skm } = sen θkm
xkm
resultando em:
1
Pkm = θkm
xkm
– 21 –
As curvas [Pkm × θkm ] correspondentes aos modelos c.a. e c.c. são:
Modelo c.c.
Pkm = Pc
P3
Modelo c.a.
P2
PSfrag replacements
P1
Análise:
A solução fornecida pelo modelo c.c. é errada, porém, pode dar uma
indicação de quanto o limite da linha foi excedido
O modelo c.a. não dá informação alguma pois não há solução viável e o
processo iterativo de cálculo de fluxo de carga diverge
– 22 –
O fato do fluxo de carga c.c. sempre fornecer uma solução, mesmo que o
fluxo de carga c.a. não a forneça, é muito importante em etapas
preliminares do planejamento da expansão de sistemas elétricos
p
Pkm = Pkm + Pmk = gkm Vk2 + Vm2 − 2Vk Vm cos θkm
– 23 –
I São feitas as seguintes considerações:
Vk ≈ Vm ≈ 1 pu
2
θkm
cos θkm =1−
2
sen θkm = θkm
p 2
Pkm = gkm θkm (5)
X
Pk = V k Vm (Gkm cos θkm + Bkm sen θkm)
m∈K
X
Pk = Gkk + (Gkm cos θkm + Bkm sen θkm )
m∈Ωk
I Considerando:
Gkm = −gkm
X
Gkk = gkm
m∈Ωk
Bkm ≈ x−1
km (desprezando as resistências)
– 24 –
obtém-se:
X X
Pk = gkm + −gkm cos θkm + x−1
km sen θkm
m∈Ωk m∈Ωk
X X
= [(1 − cos θkm ) gkm ] + x−1
km sen θkm
m∈Ωk m∈Ωk
1 X 2
X
Pk − gkm θkm = x−1
km θkm
2
m∈Ωk m∈Ωk
1 X p X
Pk − Pkm = x−1
km θkm
2
m∈Ωk m∈Ωk
P P
m∈Ωk x−1
km θkm m∈Ωk Pkm
ag replacements
k k
P P
− 12 m∈Ωk
2
gkm θkm Pk − 21 m∈Ωk
p
Pkm Pk
– 25 –
I A injeção adicional corresponde à metade das perdas de potência ativa de
todos os ramos conectados à barra k.
PSfrag replacements
1 2
Pk Pm
− 21 g12θ12
2
− 21 g12θ12
2
2
g12θ12
Modelo c.a.
Modelo c.c.
P + P p = B0 · θ
– 26 –
O problema de fluxo de carga usando o modelo linearizado é então resolvido
em duas etapas:
P = B0 · θ 0
P + P p = B0 · θ
I Observações:
– 27 –
PSfrag replacements
Exemplo
Vθ PQ
∼ P2 + j Q 2
r12 + j x12
1 j bsh
12 2
Barra Tipo P Q V θ
Linha r x bsh
1 Vθ – – 1, 0 0, 0
1-2 0,20 1,00 0,02
2 PQ −0,30 0,07 – –
– 28 –
No caso desta rede, tem-se:
θ = θ2
P = P2 = −0,30
B0 = 1/x12 = 1,0 (escalar)
Logo:
De outra forma:
θ1 P1
θ= P =
θ2 P2
1/x12 −1/x12 1,0 −1,0
B0 = =
−1/x12 1/x12 −1,0 1,0
∞ −1,0
B0 =
−1,0 1,0
θ1 0 0 P1 0
θ= = (B0 )−1 · P = · = rad
θ2 0 1,0 −0,30 −0,30
– 29 –
O fluxo de potência pela linha de transmissão vale:
1 1
P12 = · (θ1 − θ2) = · (0 + 0,30) = 0,30 pu
x12 1,0
r12 0,20
g12 = 2 + x2 = = 0,1923 pu
r12 12 0,202 + 1,002
1 2
P1 − 2 g12θ12
P = +
−0,30 − 21 g21θ21
2
P1 −0,0087
= +
−0,30 −0,0087
P1 − 0,0087
= pu
−0,3087
– 30 –
Para este novo vetor das potências nodais, o estado da rede considerando as
perdas na transmissão será:
θ1 0
θ= =
θ2 −0,3087
1 1
P12 = · (θ1 − θ2) = · (0 + 0,3087) = 0,3087 pu
x12 1,0
Pp = P 1 + P 2
= 0,0174 pu
– 31 –
Comparação:
θ1 = 0 (referência) θ1 = −0,3302
1 2
Newton
eplacements P1 = 0,3193 P2 = 0,30
P p = 0,0193
θ1 = 0 (referência) θ2 = −0,30
1 2
P p = 0,00
θ1 = 0 (referência) θ2 = −0,3087
1 2
P p = 0,0174
– 32 –