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I

JANAÍNA NICHOLLS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA SECRETARIA DE


ESTADO DA FAZENDA DE MINAS GERAIS PARA AUXILIAR NO PLANEJAMENTO FISCAL

Belo Horizonte
Fundação João Pinheiro
2005
II

JANAÍNA NICHOLLS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NA SECRETARIA DE


ESTADO DA FAZENDA DE MINAS GERAIS PARA AUXILIAR NO PLANEJAMENTO FISCAL

Monografia para aprovação do curso de pós graduação apresentada ao


Curso de Gestão Estratégica da Informação na Escola de Governo de
Minas Gerais (EGMG) da Fundação João Pinheiro (FJP).
Área de Concentração: Gestão da Informação
Orientação: Carlaili Rodrigues da Silva

Belo Horizonte
Fundação João Pinheiro
2005
III

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

DPI : Departamento de processamento de imagens

ICMS: Imposto sobre operação relativas à circulação de mercadorias e sobre prestação


de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.

IMPA: Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada

INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Ministério da Ciência e


Tecnologia

IPTU: Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana

GIS: Geographic Information Systems

GPS: Global Positioning System

MCT: Ministério da Ciência e Tecnologia

SEF-MG: Secretaria Estadual da Fazenda do Estado de Minas Gerais

SIG: Sistemas de informações geográficas


IV

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 Definição da situação problemática ............................................................................ 2
1.2 Justificativa ................................................................................................................... 4
1.3 Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais ................................................... 5
1.3.1 Aspectos históricos da SEF ............................................................................................ 5
1.3.1.1 Visão da SEF .................................................................................................................. 6
1.3.1.2 O Modelo de Regionalização da SEF/MG ..................................................................... 6
1.3.2 Planejamento Estratégico – SEF................................................................................... 12
1.3.2.1 O modelo de gestão da SRE ......................................................................................... 13
1.3.2.2 Acordos orientados para receita ................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 15
2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 15
2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 15
3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 16
3.1 Planejamento ............................................................................................................... 16
3.1.1 Planejamento estratégico .............................................................................................. 16
3.1.1.1 Características ............................................................................................................... 17
3.1.1.2 Objetivo do Planejamento ............................................................................................ 18
3.1.2 Gestão Estratégica ........................................................................................................ 19
3.1.3 Sociedade da Informação.............................................................................................. 19
3.2 Cultura e Informação ................................................................................................. 20
3.2.1 Cultura organizacional .................................................................................................. 21
3.2.2 Informação .................................................................................................................... 24
3.2.3 Diferenciação entre cultura e informação ..................................................................... 25
3.3 Gestão da informação ................................................................................................. 26
3.3.1 Importância da gestão da informação ........................................................................... 28
3.3.2 Conhecimento e Gestão do conhecimento.................................................................... 29
3.4 Geoprocessamento no Contexto Informacional ....................................................... 31
3.4.1 Tipos de dados em Geoprocessamento ......................................................................... 33
3.4.1.4 Imagens ........................................................................................................................ 38
3.4.1.5 Modelos numéricos de terreno .................................................................................... 40
3.4.2 Evolução Tecnológica do Geoprocessamento .............................................................. 41
3.4.3 Sistema de Informação Geográficas ............................................................................. 43
3.4.4 Sensoriamento Remoto ................................................................................................. 45
3.4.5 Global Positioning System ........................................................................................... 48
3.4.6 Tecnologias relacionadas com o geoprocessamento .................................................... 48
3.4.7 Utilização do geoprocessamento na administração pública ......................................... 49
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 55
5 ESTUDO DE CASOs: órgãos públicos que utililizam o geoprocessamento .................. 59
5.1 Prefeitura de Belo Horizonte ..................................................................................... 59
5.1.1 Primeiras ações ............................................................................................................. 59
5.1.2 O uso do GPS ............................................................................................................... 63
5.1.3 O geoprocessamento no gerenciamento fiscal.............................................................. 65
5.1.4 Resultados da utilização do geoprocessamento e novas perspectivas .......................... 66
5.2 Prefeitura de Curitiba ................................................................................................ 68
5.3 Secretaria da Fazenda de Goiás ................................................................................ 72
5.4 Prefeitura de Petrópolis ............................................................................................. 76
6 O CASO DA Polícia Militar do Estado de Minas Gerias (PMMG) ................................ 84
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 89
V

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 93


1

1 INTRODUÇÃO

O poder tributário de um Estado sempre foi entendido como um dos conteúdos


essenciais da soberania deste. Há de se entender a relação tributária como uma relação de
poder centrada no único objetivo de permitir a arrecadação de recursos para a manutenção
deste mesmo poder.

Dentro deste contexto o planejamento seja ele tributário ou fiscal é a atividade que,
feita de maneira proativa, prevê, coordena e projeta atos e negócios com objetivo de
determinar qual o meio menos oneroso para realização destes mesmos atos e negócios.

Em síntese, o objetivo do planejamento é promover economia. Antevendo as diversas


situações jurídicas que podem se ligar a um determinado ato ou negócio, o administrador pode
procurar a forma menos onerosa do ponto de vista fiscal, orientando, assim, suas decisões
administrativas.

São fatores que determinam a importância de qualquer planejamento no atual contexto


organizacional a convicção dos empresários de que a carga tributária incidente representa um
custo muito grande para as organizações, e também a consciência organizacional do
significativo grau de sofisticação e complexidade da legislação pertinente. Esses fatores
fundamentam-se num processo de informação avançada.

Sabe-se que a carga tributária no Brasil representa uma importante parcela dos custos
nas organizações, por esta questão, tornou-se essencial para a sobrevivência organizacional a
correta administração do ônus fiscal que em média representa 34% do produto interno
bruto.(RECEITA FEDERAL, 2004)

É evidente a importância de se falar do planejamento e de sua evolução de uma forma


geral, de suas características, do objetivo, também da cultura organizacional e da diferença
entre cultura e informação. Este trabalho é uma tentativa de abordar os itens citados sob a
ótica da ecologia da informação de DAVENPORT (1998), traçando o ambiente informacional
no qual poderia estar arraigado no ambiente mais amplo que o envolve – o organizacional –
da SEF/MG.

Nestes itens, tacitamente, estão os componentes críticos da abordagem da ecologia da


informação que são: estratégia, política, comportamento / cultura e staff.
2

Com relação aos dois últimos componentes de DAVENPORT (1998), que são os
processos e a arquitetura, estão implícitos nos conceitos de gerenciamento da informação, do
conhecimento, geoprocessamento e sua utilização por outros órgãos públicos; sugerindo uma
nova ferramenta para SEF/MG, no sentido da construção de um modelo mais adaptado ao
cumprimento de sua missão institucional.

1.1 Definição da situação problemática

MARINS (2002) expõe com maestria o conceito de planejamento fiscal:

"Denomina-se planejamento fiscal ou tributário, lato senso, a análise do


conjunto de atividades atuais ou dos projetos de atividades econômico-financeiras do
contribuinte (pessoa física ou jurídica), em relação ao seu conjunto de obrigações fiscais com
o escopo de organizar suas finanças, seus bens, negócios, rendas e demais atividades com
repercussões tributárias, de modo que venha a sofrer o menor ônus fiscal possível”.

Com efeito, o planejamento tributário comporta uma infinidade de formas para


se alcançar à economia de impostos, como por exemplo: o emprego de meios administrativos
próprios, a reorganização contábil e reestruturação societária, a utilização de mecanismos
fazendários de elisão induzida ou permitida, o aproveitamento de incentivos fiscais, dentre
outras.

MARINS (2002) anota que:

"Integra-se também ao conjunto de medidas relacionadas com o planejamento


fiscal a recuperação de possíveis créditos fiscais, escriturais ou em moeda, ou mediante
pedidos de repetição ou mesmo compensação de tributos pagos a maior ou indevidamente, e
até mesmo a administração e a redução do passivo tributário por meio do aproveitamento de
remissões, anistias e parcelamento. Também o manejo dos instrumentos processuais, como a
discussão judicial ou administrativa de tributos que estejam onerando indevidamente o
contribuinte se inclui entre as medias de planejamento lato sensu."

Portanto, compõe o plexo de providências de planejamento buscar o


aproveitamento dos campos de não-incidência tributária e a identificação das possíveis
lacunas que possibilitem ao contribuinte redução, eliminação ou postergação de tributo.
3

Não obstante, a arte de planejar comporta uma infinidade de elementos


(acontecimentos, circunstâncias, casos, condições, negócios, motivos, etc.) que influenciam
direta e incisivamente na elaboração do plano de ações a ser executado por um contribuinte,
em uma determinada localidade, para o desempenho de dada atividade ou negócio, em certo
momento.

Neste sentido, as ações ou omissões idealizadas e, portanto, passíveis de execução ou


abstenção, se for o caso, podem ser classificadas em dois grandes grupos: o da licitude e o da
ilicitude.

O planejamento fiscal pode ser compreendido como instrumento de eficiência


empresarial. As ações que visam reduzir, anular ou postergar o pagamento de impostos podem
ser classificadas em dois grupos: o da licitude (ações elisivas) e o da ilicitude (ações
evasivas).

A evasão, a sonegação, a fraude e a elisão fiscal são, no mundo de hoje, no “Estado


Social Tributário de Direito” traçado pela Constituição Federal de 1988, manobras anti-
sociais que atentam ao interesse individual e personalista de alguns poucos abastados, em
detrimento da coletividade, e necessitam sofrer um combate acirrado, em prol do interesse
público e do bem comum. (BATISTA JÚNIOR, 2002).

Desta forma faz-se necessário a busca de uma ferramenta para tratamento das
informações para um melhor estudo de combate à “fuga de tributos”.

Com o aparecimento de computadores capazes de gerenciar dados e gráficos tornou-se


possível o desenvolvimento de dados cartográficos possibilitando ao usuário interferir nas
fases do processamento desses dados, por isso pode se definir o geoprocessamento como um
conjunto de tecnologias voltadas para a coleta, tratamento e representação de informações
espaciais para um objetivo específico.

Neste contexto podemos identificar o problema de pesquisa: “ O Geoprocessamento


pode ser uma ferramenta adequada para auxiliar o planejamento fiscal da Secretaria de Estado
de Fazenda de Minas Gerais no sentido da Gestão Institucional Inteligente?
4

1.2 Justificativa

O tema escolhido discute a viabilidade da implantação do Geoprocessamento na


Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais com a finalidade de gerenciamento de
informações para dar suporte à tomada de decisões que constituem uma nova proposta de
planejamentos das ações fiscais.

Algumas empresas efetivamente centralizam o controle das informações; outras


empregam técnicas similares para promover o acesso as informações e envolver
mais pessoas na tomada de decisões. É uma questão de escolha, baseado em
inúmeros fatores idiossincráticos (...), mas a essência da política da informação é
formada por que faz as escolhas e pelas consequências que esta escolha determina.
(Davenport, Thomas H. Ecologia da informação, 1998:91).

Hoje, na Secretaria da Fazenda, o planejamento é feito de forma centralizada.


Todas as informações relevantes sobre os contribuintes são trabalhadas com ferramentas
especiais por um grupo centralizado que elabora o planejamento fiscal, o qual é adotado em
todas as regionais. Os resultados deste planejamento são relatados pelas regionais e enviados
ao grupo central, que não retorna um feedback de reelaboração de planejamento, mas apenas
valores alcançados ou não por este planejamento centralizado.

Podemos perceber, portanto, neste tipo de administração, uma burocracia


mecanizada, que é característica da organização burocrática de Weber (apud BOWDITCH &
BUONA, 1992), ou seja, existem atividades de linha e de staff, uma rotinização de
procedimentos, regras e regulamentos muito formalizados.

A proposta vem de encontro com a formação de uma burocracia profissional,


que tem características da burocracia mecanizada, em particular a formalização e a
padronização, porém ao invés de padronizar os processos de trabalho, esta forma utiliza a
padronização das habilidades de coordenação, ou seja, o trabalho complexo é executado por
indivíduos com conhecimentos e habilidades bem desenvolvidos. A burocracia profissional é
caracterizada pela tomada de decisões descentralizada e uma formalização menor que a
burocracia mecanizada.

Esta estrutura, de acordo BOWDITCH & BUONA (1992), parece mais


adequada a organizações prestadoras de serviços do que para as que tenham produtos
tangíveis.
5

A questão do Geoprocessamento é apresentada de forma que atrela todos os


bancos de dados que contenham informações a respeito dos contribuintes e de interesse da
fiscalização de forma a se constituir uma ferramenta a ser utilizada por todas as regionais e
em particular por seus coordenadores, que terão em suas mãos as especificidades de sua
regional e desta forma poderão influenciar na elaboração do planejamento de sua região. Os
resultados serão enviados para a central como informativo das realizações das metas e para
compor um histórico de contribuintes.

O Geoprocessamento está sendo proposto, tendo em vista o sucesso em


trabalhos envolvendo impostos como o IPTU. Além disto, este sistema possibilita inúmeras
possibilidades de filtros, relatórios, apresentações, que dependem das habilidades de seus
usuários e atende às necessidades específicas dos coordenados.

Nossos depósitos de conhecimento e informações corporativos, vastos e sem


aplicação, têm pouco poder quando entopem relatórios, arquivos e banco de dados.
Hoje em dia, informações não faltam. Faltam ferramentas para entregar a
informação certa às pessoas certas no tempo certo. (Davenport, Thomas H. Ecologia
da informação, 1998:173).

1.3 Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais

1.3.1 Aspectos históricos da SEF1

As primeiras Secretarias Estaduais de Finanças surgiram há mais de 100 anos com a


instauração da República.

A Secretaria dos Negócios das Finanças de Minas Gerais foi criada com a publicação
da Lei n.º 6, de outubro de 1891 tendo como primeiras funções a arrecadação, fiscalização,
contabilidade e estruturação da receita e da despesa do Estado, e os movimentos de fundo e
operações de crédito.

Em fevereiro de 1963, a Secretaria de Finanças passou a ser denominada Secretaria de


Estado da Fazenda de Minas Gerais.

1
Minas Gerais. Secretaria de Estado da Fazenda. Relatório Interno. Disponível em www.fazenda.mg.gov.br, jan
/ 2005
6

1.3.1.1 Visão da SEF2

Reconhecimento como instituição de excelência no cumprimento da sua missão


através de:

a) Um fisco reconhecido como justo, eficaz e com ações transparentes;


b) Um quadro de funcionários qualificados, motivados e comprometidos com
o seu trabalho;
c) Respostas às mudanças agindo com flexibilidade diante da variação dos
cenários políticos, econômico e social;
d) Alcance do equilíbrio estrutural das contas públicas;
e) Contribuição na transformação de Minas Gerais no melhor Estado para
viver, trabalhar e investir.

1.3.1.2 O Modelo de Regionalização da SEF/MG

Segundo FRANÇA et al (1997) foi realizado um novo estudo para um modelo de


regionalização da SEF/MG, tendo em vista que o modelo que estava sendo seguido remontava
à década de setenta e encontrava-se esgotado, uma vez que a base da economia mineira era
eminentemente agrícola e se distribuía por um eixo viário muito limitado se comparado com o
existente atualmente.

A modernização da ação fiscal passou a exigir a delimitação cada vez mais precisa das
unidades geoeconômicas, já que a distribuição espacial dessa atividade é fator preponderante
para o planejamento dessa ação.

O relatório “Estrutura Espacial do Estado de Minas Gerais” (Fundação João Pinheiro –


FJP, 1998) foi tomado como referencial para o trabalho que surgiu como uma proposta de
estudo de alternativas que harmonizasse as questões expostas e atendesse, entre outros, aos
seguintes objetivos:

2
Minas Gerais. Secretaria de Estado da Fazenda. Relatório Interno. Disponível em www.fazenda.mg.gov.br, jan
/ 2005
7

a) Redesenhar o modelo de regionalização da SEF tendo em vista a atual


distribuição geográfica da atividade econômica, incorporando os novos
polos regionais, bem como a homogeneidade de suas áreas de influência;
b) Adequar a estrutura regional da SEF às regiões administrativas,
considerando a manutenção da unidade geoeconômica como fundamental
para o planejamento e execução da ação fiscal em conformidade com as
orientações do plano de modernização, tornando mais eficiente e produtivo
o controle fiscal e tributário;

Quando se considera a atividade econômica no espaço geográfico, constata-se que há


centros dominantes, não uniformes que polarizam e condicionam determinadas funções em
uma região específica. O domínio de influência de um determinado centro depende de dois
fatores, o tamanho do centro urbano ou o seu poder de atração e a distância entre este e suas
zonas de influência.

O tamanho do centro urbano é definido pela sua posição econômica, pelos serviços
disponíveis e pelas suas condições sócias e demográficas. Assim, as unidades urbanas se
organizam em torno desses centros dominantes, consoante o poder de atração que o pólo
exerce sobre os mesmos e de sua distância relativa.

Desta forma, a identificação dessas células urbanas com grau mínimo de organização
social, econômica, cultural, política e de serviços num determinado espaço territorial constitui
o que ora se denomina de microrregião geoeconômica. A aglomeração de microrregiões sob a
ascendência de um pólo de maior grau de organização, direcionando os fluxos de população,
bens e serviços, comunicações e tráfego, forma uma região geoeconômica. A conjunção de
regiões e microrregiões em torno de um pólo de, ainda, maior poder de atração consubstancia
a macrorregião econômica.

Ao se desenvolver este estudo com base na análise da atividade econômica para o


Estado de Minas Gerais, foi possível estabelecer, em primeiro lugar, a classificação dos
centros urbanos em grupos relativamente regionais existentes e, como consequência, a
delimitação geográfica do alcance da influência desses centros urbanos. Ou seja, definiu as
áreas de influência dos centros urbanos nos diferentes graus de complexidade de demanda por
bens e serviços.
8

O primeiro resultado da metodologia da FJP para a divisão do espaço geográfico no


Estado foi a possibilidade de se definir uma estrutura regional em quatorze regiões
geoeconômicas que é justamente a aglutinação das cinquenta e nove microrregiões, pelos
critérios de identidade, homogeneidade e polarização.

Entretanto, existem algumas restrições para a SEF em relação a adoção integral do


modelo baseado nas quatorze regiões geoeconômicas, que, entre outras, são:

a) áreas com influência simultânea de mais de um pólo;


b) pólos emergentes que ainda não tinham delineado bem a extensão de sua área de
influência;
c) a Lei 9.520/87 que dispõe sobre a atual divisão regional da SEF e que resultou na
implantação de doze Superintendências Regionais da Fazenda (SRF).

A adequação preliminar do modelo de regionalização da SEF à Lei 11.962/95 não


pôde ser feita de maneira absolutamente harmônica, resultando, assim, na identificação de
municípios em conflito entre as divisões regionais.

Para proceder a análise desses conflitos foi necessário complementar as informações


contidas no relatório da FJP levando-se em consideração os seguintes critérios:

a) o fluxo de passageiros entre municípios diretamente envolvidos e os pólos


microrregionais mais próximo;
b) comparação da malha viária e suas condições de uso entre os anos de 1987 e 1998.

A partir da análise dos conflitos e das recomendações indicadas na solução dos


mesmos, foi possível realizar um primeiro ajuste no modelo base.

Depois de vários ajustes no modelo base, a organização atual da Secretaria de Estado


de Fazenda está disposta como no quadro (1):
9

Quadro 1 – Microrregiões Fazendárias

SRF Sede Microrregiões Fazendárias


I Belo Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ibirité, Nova Lima, Congonhas, Diamantina,
Horizonte Matozinhos, Vespasiano, Lagoa Santa, Ribeirão das Neves, Sabará, Sete Lagoas,
Conselheiro Lafaiete, Ouro Preto, Curvelo, Pedro Leopoldo e Santa Luzia
II Divinópolis Divinópolis, Oliveira, Cláudio, Lagoa da Prata, Santo Antônio do Monte, Arcos, Piumhi,
Mateus Leme, Pitangui, Cássia, Divinópolis, Passos, Formiga, Itaúna, Pará de Minas, São
Sebastião do Paraíso e Nova Serrana
III Governador Governador Valadares, Conselheiro Pena, Mantena, Águas Formosas, Araçuaí,
Valadares Itambacuri, Itaobim, Resplendor, Teófilo Otoni, Almenara, Nanuque, Pedra Azul e
Aimorés
IV Ipatinga Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo, Guanhães, Inhapim, Barão de Cocais,
Manhumirim, Mutum, Rio Casca, Manhuaçu, Caratinga,Itabira, João Monlevade, Ponte
Nova e Timóteo
V Juiz de Fora Juiz de Fora, Bicas, Santos Dumont, São João Nepomuceno, Andrelândia, Rio Pomba,
Visconde do Rio Branco, Barbacena, Ubá, Além Paraíba, Cataguases, Leopoldina,
Muriaé, São João Del Rei, Carangola e Viçosa
VI Montes Montes Claros, Bocaiúva, Brasília de Minas, Francisco Sá, Januária, Salinas, São
Claros Francisco, Taiobeiras, Espinosa, Manga, Várzea da Palma, Montes Claros, Janaúba e
Pirapora
VII Uberaba Uberaba, Conceição das Alagoas, Sacramento, Ibiá, Araxá, Frutal e Iturama
VIII Uberlândia Uberlândia, Campina Verde, Prata, Tupaciguara, Capinópolis, Santa Vitória, João
Pinheiro, Carmo do Paranaíba, São Gotardo, Coromandel, Patos de Minas, Unaí,
Araguari, Ituiutaba, Paracatu, Patrocínio e Monte Carmelo
IX Varginha Varginha, Boa Esperança, Paraguaçu, São Gonçalo do Sapucaí, Três Pontas, Andradas,
Camanducaia, Cambuí, Extrema, Santa Rita do Sapucaí, Campos Gerais, Machado, Monte
Santo de Minas, Muzambinho, Paraisópolis, Campo Belo, Perdões, Caxambu, Itanhandu,
Jacutinga, Monte Sião, Varginha, Poços de Caldas, Pouso Alegre, Alfenas, Guaxupé,
Itajubá, Lavras, São Lourenço, Três Corações e Ouro Fino.
FONTE: www.fazenda.mg.gov.br, jan/ 2005

Com relação a divisão das Delegacias Fiscais e denominação, a classificação e a


subordinação técnica dos Postos de Fiscalização. (quadro 2)
10

Quadro 2 – Delegacias Fiscais

Delegacias Fiscais de 1º Município


nível
DF/BH-1 Belo Horizonte
DF/BH-2 Belo Horizonte
DF/BH-3 Belo Horizonte
DF/BH 4 Belo Horizonte
DF/BH-5 Belo Horizonte
DF/Contagem Contagem
DF/Juiz de Fora Juiz de Fora
DF/Uberaba Uberaba
DF/Uberlândia Uberlândia
DV/Barbacena Barbacena
Delegacias Fiscais de 2º Município
nível
DF/Divinópolis Divinópolis
DF/Ipatinga Ipatinga
DF/Governador Valadares Governador Valadares
DF/Manhuaçu Manhuaçu
DF/Montes Claros Montes Claros
DF/Passos Passos
DF/Patos de Minas Patos de Minas
DF/Poços de Caldas Poços de Caldas
DF/Pouso Alegre Pouso Alegre
DF/Sete Lagoas Sete Lagoas
DF/Teófilo Otoni Teófilo Otoni
DF/Ubá Ubá
DF/Unaí Unaí
DF/Varginha Varginha
FONTE: www.fazenda.mg.gov.br, jan / 2005
11

FIGURA 1
Mapa da atual divisão regional da SEF/MG
FONTE: www.fazenda.mg.gov.br, jan / 2005

FIGURA 2
Divisão Regional da SEF/MG com localização das Delegacias e Postos Fiscais.
FONTE: www.fazenda.mg.gov.br , jan / 2005
12

Com base no modelo de regionalização da época, em 2001, a SEF/MG iniciou


trabalhos com o geoprocessamento. Nos carros da instituição foram instalados computadores
com tecnologia wireless3 e sistema de GPS.

Através dos computadores instalados nos carros, os fiscais tinham acesso aos sistemas
internos que possuem o banco de dados dos contribuintes do Estado, a Internet,e também os
aplicativos comuns aos computadores pessoais.

Desta forma os fiscais que estavam em diligência podiam realizar todas as consultas
necessárias para fiscalização sem retornarem às repartições públicas, portanto, agilizando os
trabalhos fiscais.

Através do GPS instalados nos carros, foi possível mapear na carta rodoviária de
Minas Gerais vários desvios (locais não convencionais que transportadores costumam usar
para desviar dos Postos de Fiscalização da SEF/MG para que sua carga e ou sua
documentação sobre a mesma não fosse fiscalizada).

Estes foram os primeiros passos para implantação do geoprocessamento na instituição.


O geoprocessamento tem inúmeras aplicações além do GPS utilizado, porém não houve um
projeto de ampliação de sua utilização na SEF e por motivos não divulgados este projeto foi
abandonado no início de 2002.

1.3.2 Planejamento Estratégico – SEF

O governo que tomou posse em janeiro de 2003 apresentou como opção estratégica
para estruturar as iniciativas e suas ações a reorganização e modernização da administração
pública estadual.

O Planejamento Estratégico da SEF foi iniciado em março de 2004, através dos


estudos de FERREIRA et al (2005), tendo como ponto de partida a redefinição da identidade
organizacional e dos objetivos estratégicos para melhor cumprimento de sua missão
institucional.

3
A palavra Wireless, provém do inglês: Wire (fio, cabo); Less (sem); ou seja: sem fios.
Wireless então caracteriza qualquer tipo de conexão para transmissão de informação sem a utilização de fios ou
cabos. Fonte: http://mobilelife.com.br/artigos/introducao.asp
13

A Alta Administração estabeleceu 13 estratégias com a finalidade de alcançar os


objetivos globais da SEF, sendo as mesmas delegadas a igual número de responsáveis
encarregados de desdobrá-las em projetos e ações a serem implementados no período de 2004
a 2007. Uma delas é definir o modelo de Gestão de Recursos da Tecnologia da Informação e
dotar a Secretaria da Fazenda de uma base tecnologia moderna em constante e permanente
atualização.

Outro ponto a destacar no Plano é a Superintendência de Arrecadação e Informações


Fiscais - SAIF tem os seguintes objetivos :

a) Dotar o processo de gestão de arrecadação das receitas gerais do Estado de Minas


Gerais de maior confiabilidade, racionalidade, eficiência, agilidade e segurança;
b) Aperfeiçoar, simplificar e racionalizar os processos relativos ao controle do universo
das informações administrativo tributárias.

Na implementação do PAFE (Plano Anual do Fisco Estadual) / Fiscalização destacam-


se os Projetos Estaduais de Fiscalização (sob gestão estadual), por meio dos quais as
atividades de fiscalização são organizadas de forma programática ( planejamento e
programação) e desenvolvidas, prioritariamente, em segmentos de relevância real ou potencial
de arrecadação.

1.3.2.1 O modelo de gestão da SRE

A execução do PAFE está diretamente associada ao novo modelo de gestão


implementado pela Subsecretaria da Receita Estadual (SRE). Neste modelo, todas as ações da
SRE de caráter finalístico devem se orientar e convergir para os resultados esperados de
receita, fixados como metas, estabelecendo integração e sinergia entre as atividades das
Superintendências Centralizadas e as Superintendências Regionais, e ainda, com as demais
unidades da SEF que colaboram com os resultados.

O modelo traz como estratégia metodologia o estabelecimento de "pactos de trabalho",


instrumentalizados na forma de "Acordos-contrato" focados na "gestão para receitas"
(tributárias e não tributárias). Os "pactos" ou "acordos" trazem como pressuposto o
estabelecimento de receita desejados (metas), onde o seu alcance deve ser planejado,
programado, induzido, gerido e supervisionado.
14

1.3.2.2 Acordos orientados para receita

Os Acordos estão distribuídos em três processos básicos: Acordo Estadual de Metas


(AEM), Acordos Gerenciais de Trabalho (AGT) e, Acordos de Trabalho (AT).

O Acordo Estadual de Metas é o processo e instrumento de negociação e pactuação


consensual de metas financeiras de receita entre a Subsecretaria da Receita Estadual e as
Superintendências Centralizadas e Regionais da Fazenda para um determinado exercício.
Uma vez estabelecido o Acordo, este será desdobrado para todas as unidades administrativas
subordinadas à SER (Delegacias, Postos Fiscais e Administrações Fazendária) que irão
executá-lo, mediante conversão das metas financeiras estabelecidas em metas tarefa,
pactuadas em Acordos Gerenciais de Trabalho, que por sua vez se desdobram em Acordos de
Trabalho.

O Acordo Gerencial de Trabalho é o processo e instrumento de negociação e


pactuação consensual do plano de atividades de cada Delegacia Fiscal a ser executado num
período determinado, orientado pelo PAFE e pelo Acordo Estadual de Metas, firmado entre a
Delegacia Fiscal e o Superintendente Regional.

O Acordo de Trabalho é o processo de negociação e pactuação consensual dos


compromissos de trabalho firmados pelo Delegado Fiscal com o corpo fiscal da unidade.

O Acordo de Resultados é o processo institucional específico que guarda correlação


com o Acordo Estadual de Metas relativamente às metas e receita realizada. Desta forma, é
instrumento de avaliação de desempenho institucional que direciona o Governo para a busca
de resultados. Ele constitui-se num instrumento de gestão governamental no qual metas
institucionais a serem cumpridas e resultados a serem alcançados são pactuados.
15

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é verificar se o geoprocessamento como uma nova


tecnologia de informação, pode auxiliar a SEF/MG na tomada de decisões com relação ao
planejamento fiscal, atendendo as especificidades de cada unidade.

2.2 Objetivos específicos

O referencial teórico deste trabalho que tem como objetivos específicos:

discutir a evolução do planejamento à gestão estratégica e os pontos essenciais


para se alcançar os objetivos de uma instituição;
exemplificar implantações anteriores de geoprocessamento na Administração
Pública, que estão funcionamento com sucesso;
colocar à disposição dos coordenadores de cada Delegacia Fiscal, informações
referentes a utilização do geoprocessamento na administração pública como
ferramenta de descentralização do planejamento fiscal;
visualizar a extensão da aplicação do geoprocessamento nas atividades da
SEF/MG, tendo em vista exemplos de outras instituições da administração
pública.
16

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Planejamento

O planejamento é a função que tem por objetivo fixar o curso concreto de ação que se
deve seguir, estabelecendo os princípios básicos que deverá orientar na sequencia para se
realizar operações e determinar o tempo e números necessários para sua realização. Tavares
(2000) menciona que a progressiva turbulência ambiental

começou a exigir novos arranjos organizacionais e novos tipos de liderança.


Criaram-se sistemas internos de apoio a estratégia e surgiram novos métodos de
planejamento. (...) As medidas para a sua adoção gravitavam entre as crises, os
problemas e conflitos internos e o aumento das incertezas ambientais ditadas por um
mercado cada vez mais competitivo e pela busca de um desempenho excelente pela
organização. (Tavares, 2000: 22)

Pode-se considerar o planejamento como uma função administrativa que permite a


fixação de objetivos, políticas, procedimentos e programas para exercer a ação planejada. É
fazer com que aconteçam coisas que de outro modo não ocorreriam.

Segundo DAVENPORT (1998), as rigorosas observações de Mintzberg mostram


como o planejamento acontece nas empresas, para o bem ou para o mal. E como ele, o autor
argumenta que:

a estratégia é um processo contínuo, em desenvolvimento, de definir e redefinir


as diretrizes de uma organização;
a estratégia não deve ser elaborada ou detalhada, porque não podemos
antecipar o futuro;
a estratégia é mais um diálogo do que um documento;
a estratégia e o planejamento devem ser feitos por gerentes administrativos,
não por „planejadores de estratégias‟.

3.1.1 Planejamento estratégico

É um planejamento de tipo geral, está orientado para o sucesso de objetivos


institucionais dentro da organização e tem como objetivo geral guiar as suas ações; é o
17

processo que consiste em decidir sobre uma organização, sobre os recursos que serão
utilizados e as políticas que se orientam para alcançar seus objetivos.

Ainda que o conceito de planejamento estratégico e sua aplicação tenha sido


modificada com o passar do tempo, a idéia de "Organização e Negócio" como parte inicial do
processo de planejamento se transformou em "Missão". Os conceitos de "Objetivos,
Estratégias e Táticas" se observam agora como as conseqüências operativas da “Missão” e a
formulação do plano estratégico se têm feito cada vez mais completo.

O planejamento estratégico nasceu e se desenvolveu voltado basicamente para o setor


privado, cujos objetivos, características e condição de atuação são bem diferentes do setor
público. Muitas das premissas válidas para o mundo dos negócios não se aplicam ao setor
público. (MOTTA, 1979).

No âmbito das organizações públicas, o planejamento estratégico começou a merecer


especialização, principalmente com a acentuação das cobranças por ampliação e melhoria na
qualidade dos serviços prestados e com a intensificação do processo de vigilância política,
econômica e social (comissões legislativas, auditorias, competição, competição por recursos e
com outras organizações do setor público e privado, a mídia, a opinião pública, entre outros).
(GIACOBBO, 2005).

3.1.1.1 Características

É conduzida ou executada pelos altos níveis hierárquicos, estabelece um marco de


referência para toda a organização, afronta maiores níveis de incerteza com respeito a outros
tipos de planejamentos. Geralmente cobre amplos períodos.
18

EVOLUÇÃO DA GESTÃO ESTRATÉGICA


ANOS 50 E 60 ANOS 70 ANOS 80 ANOS 90

Gestão Estratégica

Flexibilidade
ABRANGÊNCIA

Planejamento Estratégico Ênfase na


Pensamento estratégico informação
Análise das mudanças Conhecimento como
Planejamento a Longo Prazo no ambiente recurso crítico
Análise das forças e Integração de
Planejamento Financeiro fraquezas da processos, pessoas e
Projeção de organização
Orçamento Anual tendências recursos
Análise de lacunas

ÊNFASE Cumprimento Projetar o futuro Definir a estratégia Integrar estratégia e


do orçamento organização

PROBLEMA Orientado pela Não previsão de Dissociação entre Maior Complexidade de


disponibilidade mudanças planejamento e abordagem
financeira implementação

FIGURA 3
Do planejamento à Gestão Estratégica
FONTE: Tavares, 2000:23

3.1.1.2 Objetivo do Planejamento

O objetivo central do planejamento estratégico é alcançar o maior proveito dos


recursos internos selecionando o local de onde se pode retirar tais recursos e realocá-los onde
se pode otimizar seu uso. Por exemplo, trata-se de encontrar um nicho de mercado que a
organização possa atender melhor que seus possíveis competidores, onde, portanto, a
aplicação dos recursos resulte mais lucro que em outras circunstâncias.

No caso das organizações públicas, os fatores mais importantes estão ligados à missão
institucional, ao processo de planejamento e à gerência da mudança. (MOTTA, 1979).

A missão institucional das organizações públicas, geralmente expressa em dispositivos


legais ou constitucionais, muitas vezes é concebida de forma utópica, completamente
19

divorciado da realidade, o que a forma ampla demais, ambígua e até intangível. Essa
característica dificulta a sua operacionalização e a definição dos objetivos, propicia e
incentiva o desvirtuamento e o inchaço da organização, bem como a prática do
corporativismo. Aos poucos, os obstáculos estruturais impedem a consecução dos objetivos
finais, os quais, para ser concretizados, passam a demandar reformas estruturais.
(GIACOBBO, 2005)

3.1.2 Gestão Estratégica

A gestão estratégica surgiu com o sentido de superar um dos principais problemas


apresentados pelo planejamento estratégico: o de sua implementação.

Ela procura reunir planejamento estratégico e administração em um único processo.


Assegura as mudanças organizacionais necessárias para sua implementação e a participação
dos vários níveis organizacionais envolvidos em seu processo decisório. Corresponde assim
ao conjunto de atividades planejadas e intencionais , estratégicas e organizacionais que visa
integrar a capacidade interna ao ambiente externo. (TAVARES, 2000)

3.1.3 Sociedade da Informação

Ainda segundo TAVARES, o modelo organizacional que deverá fazer face à


sociedade da informação será baseado na coleta e tratamento da informação que terá maior
impacto no processo decisório. Sua estrutura organizacional será desenhada de acordo com o
tipo de informação de que o gerente ou líder precisa para decidir.

É o uso da informação, não sua simples existência, que permite aos gerentes tomar
decisões melhores sobre produtos e processos, aprender com os clientes e com a
concorrência, monitorar resultados de seus atos. Essa vantagem não deve depender
da sorte e não pode ser alcançada sem que se administrem os aspectos humanos da
informação (Davenport, Thomas H. Ecologia da informação,1998: 113)

As diferentes tarefas que se desenvolverão dentro da nova moldura organizacional


exigirão informações especializadas e seletivas. Os dados deverão ser escolhidos com
relevância e propósito e, em alguns casos, deverão ser obtidos imediatamente após sua
ocorrência, para orientar, por exemplo aplicações financeiras. Em outros casos, deverão ser
aprofundados e coletados com menor urgência para orientar, por exemplo, a substituição de
uma tecnologia de processo. Cada pessoa na organização, deverá assumir a responsabilidade
20

pela informação prestada e por sua utilização. As organizações tradicionais, ao tentarem


infundir os conhecimentos vindos do alto, correrão sérios riscos: seus empregados não se
sentirão satisfeitos, porque suas contribuições estarão sempre aquém de suas potencialidades,
e as empresas poderão perder sua vantagem competitiva quando esta depender de informações
de colaboradores.

Ainda segundo o autor, no novo modelo organizacional, os padrões de liderança serão


diferentes. O líder tradicional, que se afirmava pelos seus conhecimentos técnicos, cederá
lugar ao líder com habilidades interpessoais. As bases deterão o conhecimento e vão querer
participar dos destinos da organização. As equipes de aconselhamento serão cada vez mais
especializadas.

Pessoas ainda são os melhores „meios‟ para identificar categorizar, filtrar e integrar a
informação. (...). A mais importante equipe informacional de uma organização lida
com as mais valiosas modalidades de informação, como o conhecimento
organizacional e os melhores métodos de trabalho. (Davenport, Thomas H. Ecologia
da informação, 1998: 53).

Algumas consequências desses tipos de tendências podem ver vislumbradas nas


organizações:

menor interferência, com redução da supervisão, nas atividades das várias


áreas;
necessidades de maior sincronia das áreas funcionais;
necessidade de outros tipos de motivação que não a ascensão profissional, uma
vez que a organização terá poucos níveis hierárquicos;
necessidade de canais desobstruídos de comunicação, para que todos estejam
sintonizados com uma missão comum;
maior importância à coordenação;
questionamento, não do tipo “se poderíamos fazer melhor”, voltado para a
eficiência, mas “se é isso mesmo que deveríamos estar fazendo”, voltado para
eficácia.

3.2 Cultura e Informação

Todos os povos, mesmo os mais primitivos, tiveram e têm uma cultura, transmitida no
tempo, de geração a geração. Mitos, lendas, costumes, crenças religiosas, sistemas jurídicos e
21

valores éticos refletem formas de agir, sentir e pensar de um povo e compõem seu patrimônio
cultural.

Em antropologia, a palavra cultura tem muitas definições. Coube ao antropólogo


inglês Edward Burnett Tylor, nos parágrafos iniciais de Primitive Culture (1871; A cultura
primitiva) oferecer pela primeira vez uma definição formal e explícita do conceito: "Cultura
... é o complexo no qual estão incluídos conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e
quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade."

Já o antropólogo americano Melville Jean Herskovits descreveu a cultura como a parte


do ambiente feita pelo homem; Ralph Linton, como a herança cultural, e Robert Harry Lowie,
como o conjunto da tradição social. No século XX, o antropólogo e biólogo social inglês
Ashley Montagu a definiu como o modo particular como as pessoas se adaptam a seu
ambiente. Nesse sentido, cultura é o modo de vida de um povo, o ambiente que um grupo de
seres humanos, ocupando um território comum, criaram na forma de idéias, instituições,
linguagem, instrumentos, serviços e sentimentos.

3.2.1 Cultura organizacional

Duas coisas definem a justificativa da mudança cultural de uma organização que


deseja participar do processo global:

 A cultura afeta o desempenho de uma organização


 Os antigos hábitos não são novos

As organizações terão de desaprender muito sobre o seu passado – e também


esquecê-lo! O futuro não será uma extrapolação do passado. Assim como um
foguete a caminho da lua, a organização tem de estar disposta a abrir mão de
partes do seu passado, que não mais contêm o combustível para a viagem e que
estão se tornando, na verdade, excesso de bagagem. Isso é particularmente difícil
para os gerentes de nível mais alto – aqueles que criaram o passado, no qual ainda
têm muito interesse emocional investido. (PRAHALAD, 1998:50)

Está claro que funcionários que participam de uma mesma cultura tendem mais a se
unificar em suas ações, e tal unidade afeta o desempenho. Ajuda mais uma organização a
enfocar seus recursos, penetrar seus mercados, atender requisitos do cliente e realizar metas
estratégicas. Em geral, quanto mais inteiramente uma cultura é partilhada mais provável o
sucesso da organização; a curva do consenso cultural e do desempenho, contudo, é mais
complexa que uma mera relação linear.
22

Uma organização pode ter uma cultura sólida, unificada e, no entanto, apresentar uma
queda de desempenho, enquanto uma outra organização com uma sólida cultura assiste ao
crescimento de seu desempenho. Esses diferentes rumos ilustram que não basta ter um
consenso cultural, é necessário que seja a cultura correta. As organizações com mais consenso
e desempenho inferior – podem ter erroneamente concentrado sua cultura no respeito e
manutenção de tradições, em vez de mudanças para novas normas; podem ter se concentrado
demais em processos internos e estimulado uma abordagem do tipo tamanho único para as
necessidades do cliente. Organizações com mais consenso, mais desempenho podem ter
concentrado sua cultura na receptividade, atendendo expectativas variáveis dos clientes,
valorizando a diversidade, reinventando sua constituição e reformulando constantemente sua
cultura. É fácil rotular e desqualificar organizações presas ao seu passado e fracassadas no
processo de renovação para o futuro. Por outro lado empresários que vão com muita pressa,
são consumidos pela renovação, pela mudança e pela criação de novas culturas.

A unidade cultural também afeta o desempenho porque concentra a atenção dos


funcionários nas questões corretas. Unidade cultural em torno de valores errados atrasa o
crescimento da organização e desmotiva os funcionários.

Enquanto o comportamento envolve atos individuais, a noção de cultura abrange


grupos ou organizações – em particular os valores e as crenças de um grupo.
(Davenport, Thomas H. Ecologia da informação, 1998: 110).

Quando uma organização adota uma cultura que se ajusta às expectativas do cliente,
seus funcionários se concentram nas questões corretas, e o desempenho comercial melhorará.

Devido à unidade fornecida por uma cultura sólida, esta cultura pode se tornar a
impressão digital de uma organização. Essas impressões digitais se tornam o meio pelo qual
clientes, fornecedores, funcionários e investidores identificam uma organização e conferem a
esta reconhecimento e aceitação no mercado. No setor de computadores esses diferenciadores
culturas têm sido chamados „capital de marca‟.

Como as impressões digitais, culturas são exclusivas, e propicia aos funcionários


identidade, um sentimento de orgulho pelo modo como trabalham para suas organizações.
Concorrentes que tentam imitar ou copiar culturas organizacionais geralmente acabam
perdendo sua própria identidade
23

Só o homem é portador de cultura; por isso, só ele a cria, a possui e a transmite. As


sociedades animais e vegetais a desconhecem. É um complexo, porque forma um conjunto de
elementos, inter-relacionados e interdependentes, que funcionam em harmonia na sociedade.
Os hábitos, ideias, técnicas, compõem um conjunto, dentro do qual os diferentes membros de
uma sociedade convivem e se relacionam. A organização da sociedade, ou da instituição,
como um elemento desse complexo, está relacionada com a organização econômica; os dois
entre si relacionam-se igualmente com as ideias religiosas. O conjunto dessa inter-relação faz
com que os membros de uma sociedade atuem em perfeita harmonia.

A cultura é uma herança que o homem recebe ao nascer. Por isso a premissa de que
“Os antigos hábitos não são novos” tem consequências tanto para as relações internas ou
externas de uma organização. As organizações existem em mundos cada vez mais complexos
e dinâmicos. Por isso as culturas que correspondiam a antigas necessidades organizações
devem dar lugar a novas culturas que reflitam tendências globalizadas, este é o maior desafio
que as organizações vivenciam no momento, adaptarem-se as tendências atuais do mercado.

Todas as pessoas da organização têm de mudar lá no fundo de seus corações e


mentes para que elas próprias passem a centrar-se em princípios. Você tem de atuar
no indivíduo, começando de preferência com a cúpula. (COVEY, 1998:22)

É certo que essa mudança não abrange toda a cultura do outro mercado. Somente
alguns traços se transmitem e se incorporam à cultura receptora. Esta, por sua vez, se torna
também doadora em relação à cultura introduzida, que incorpora a seus padrões hábitos ou
costumes que até então lhe eram estranhos. É o processo de transculturação, ou seja, a troca
recíproca de valores culturais, pois em todo contato de cultura as sociedades são ao mesmo
tempo doadoras e receptoras. Dessa forma, a organização adquire novos elementos culturais, e
enriquece seu tipo cultural.

Esses elementos, que compõem o conceito de cultura, permitem mostrar que ela está
ligada à vida do homem, de um lado, e, de outro, se encontra em estado dinâmico, não sendo
estática sua permanência neste ou naquele grupo. A cultura se aperfeiçoa se desenvolve, se
modifica, continuamente, nem sempre de maneira perceptível pelos membros do próprio
grupo. É justamente isso que contribui para seu enriquecimento constante, por meio de novas
criações da própria sociedade e ainda do que é adquirido de outros grupos.

Um segredo para a mudança de cultura é reconhecer que a nova cultura deve se


adequar a requisitos durante a transformação nos negócios. Novas culturas organizações não
24

são fáceis de implantar, primeiro deve se convencer aos funcionários que a nova cultura é
melhor do que a velha, que apesar de confortável, está ultrapassada e prejudica inclusive a
estabilidade de seus empregos. As organizações precisam aprender a se livrar de velhas
culturas quando as novas se tornam necessárias e os seus funcionários precisam conviver com
as mudanças de forma tranquila e confortável.

Comportamentos positivos como compartilhar informação e obter conhecimento


duradouro a partir dela são fundamentais e não podem ficar apenas a cargo da
iniciativa de cada um. Ao contrário esses comportamentos devem se transformar em
um objetivo administrativo básico, sem se conservar o território exclusivo de gerente
ou de um chefão da TI. (Davenport, Thomas H. Ecologia da informação,1998: 52)

3.2.2 Informação

Conceitos-chave na ontologia e epistemologia da palavra informação foram


determinados, segundo CAPURRO E HJORLAND (2003), desde as traduções de várias
palavras gregas em informatio ou informo. Para os autores, a transição do uso do conceito de
informação da Idade Média para a Modernidade, de "dar uma forma substancial à matéria"
para "comunicar alguma coisa a alguém", foi determinada pela „doutrina de ideias‟ de
Descartes que colocou o pensamento como um processo funcional, capaz de operar em uma
parte do cérebro – "penso, logo existo" (cogito, ergo sum).

Esta premissa cartesiana fomentou desde a "Teoria Matemática da Comunicação" de


SHANNON E WEAVER (1975), até a exploração do conceito informação, proposta por
BUCKLAND (1991) em seus três aspectos: (1) informação-como-processo, isto é, o ato de
informar; (2) informação-como-conhecimento, sendo o conhecimento comunicado e (3)
informação-como-coisa, funcionando como atributo para objetos, dados ou documentos.

Estas teorias da informação nada mais são do que distinções frente às propriedades
transcendentais da informação. SHANNON E WEAVER não asseguram a construção do
saber pela quantificação da informação, assim como BUCKLAND atrela sua proposta às
premissas de se medir e processar a informação, o tangível, ou representar o conhecimento e
estar informado, o intangível. Estes quadros conceituais, auxiliados pelas teorias e técnicas da
Biblioteconomia em relação à eficácia da seleção, coleta, armazenagem, representação,
identificação, localização e acesso físico de dados, textos, documentos e objetos,
fundamentam o pensamento dos que estudam, desenvolvem e desenham sistemas de
informação, armazenagem e sistemas de recuperação de dados, tendo a informação como
25

objeto físico passível de quantificação, padronização, classificação, controle e certificação.


Mas, não a informação construída como prática social.

CAPURRO E HJORLAND (2003) afirmam que o significado epistemológico da


palavra informação foi transformado pela Modernidade em uma propriedade do homem. Seus
sinais e símbolos, sendo algo objetivo, foram considerados pelos racionalistas como algo a ser
estocado e processado – o pequeno passo para se ver a informação como mercadoria ou algo a
ser vendido. O significado epistemológico da informação, como „instruir‟ e „providenciar
conhecimento‟ – to instruct e to furnish with knowledge, tem prevalecido no lugar do
significado ontológico de dar forma a alguma coisa – giving form to something (CAPURRO,
1992).

DAVENPORT (1998) resiste a fazer a velha distinção entre dados, informação e


conhecimento. Para o autor esta distinção é nitidamente imprecisa, uma vez que envolvem
todos os três conceitos, além de servir como conexão entre dados brutos e o conhecimento.

3.2.3 Diferenciação entre cultura e informação

É preciso mais do que nunca saber reconhecer uma cultura ou informação de uma
poluição informativa, nem tudo que se lê ou que se ouve, pode ser considerado uma
informação concreta, precisamos filtrar, saber escolher as informações que recebemos a todo
minuto dos meios de comunicação. Com a informação designamos a medida de uma
possibilidade de escolha na seleção de uma mensagem. Com ela reduzimos incertezas e
eliminamos certas possibilidades de erros.

Já a cultura é um instrumento de adaptação do homem ao ambiente. Sem valores


culturais o homem se perde não se integra a seu meio. A princípio, como indivíduo,.depois
transformando-se em personalidade que se incorpora a seu grupo, os hábitos, os usos e os
costumes da sociedade a que pertence, passam a fazer parte do seu cotidiano de forma a
adaptar-se inteiramente a ela. Enfim, o ser humano é o ator principal da informação ou da
cultura, sem ele nada acontece, com sua potencialidade, se torna peça fundamental na
formatação destes novos tempos e definitivamente pode fazer a diferença na hora de construir
ou modificar qualquer coisa que seja: um país, uma cidade ou mesmo organizações ágeis e
lucrativas.
26

O comportamento, em relação à informação, positivo ou negativo, forma a cultura


informacional de uma empresa. Essa cultura determina se os envolvidos valorizam a
informação, se a compartilham através das barreiras organizacionais, trocam-na
interna e externamente, capitalizam-na nos negócios. (Davenport, Thomas H.
Ecologia da informação, 1998: 52).

3.3 Gestão da informação

Gerir a informação é, assim, decidir o que fazer com base em informação e decidir o
que fazer sobre informação. “É ter a capacidade de selecionar de um repositório de
informação disponível aquela que é relevante para uma determinada decisão e, também,
construir a estrutura e o design desse repositório” (ZORRINHO, 1995).

A gestão da informação tem como objetivo apoiar a política global da organização, na


medida em que torna mais eficiente o conhecimento e a articulação entre os vários
subsistemas que a constituem; apóia os gestores na tomada de decisões; torna mais eficaz o
conhecimento do meio envolvente; apóia de forma interativa a evolução da estrutura
organizacional, a qual se encontra em permanente adequação às exigências concorrenciais; e
ajuda a formar uma imagem da organização, do seu projeto e dos seus produtos, através da
implantação duma estratégia de comunicação interna e externa.

Segundo WILSON (1989), a gestão da informação é entendida como a gestão eficaz


de todos os recursos de informação relevantes para a organização, tanto de recursos gerados
internamente como os produzidos externamente e fazendo apelo, sempre que necessário, à
tecnologia de informação.

Na gestão de uma unidade econômica, que tem por base a obtenção e utilização de
recursos de forma eficiente, para se atingir os objetivos organizacionais, é necessária
informação em três níveis: estratégico, operacional e táctico. Neste sentido, à medida que
descemos na pirâmide hierárquica organizacional a especificidade aumenta, pois é necessário
resolver problemas mais específicos de determinada tarefa, enquanto que ao nível de topo as
preocupações são mais gerais, afetando a generalidade das funções da organização
(ANTHONY, 1965 apud OLIVEIRA, 1994).

Nível Estratégico: São tomadas decisões estratégicas; são complexas e exigem


informação bastante variada e ao nível das relações da organização / meio envolvente, não se
exige muita especificidade. Estão incluídas nela a definição dos objetivos e a elaboração de
27

políticas gerais da organização. A informação provém de fontes externas à organização e


também dos outros níveis hierárquicos.

Nível Táctico: Onde têm lugar as decisões tácticas e que exigem informação
pormenorizada, com alguma triagem, havendo responsabilidades na interpretação da
informação, que provém de fontes internas e sendo obtida com alguma frequência.

Nível Operacional: Aqui são tomadas as decisões operacionais. Decisões para


problemas bem definidos cuja resolução é, muitas vezes, baseada em dados factuais
programáveis e através da aplicação de rotinas informáticas. São necessárias informações
pormenorizadas e bem definidas, provenientes essencialmente do sistema interno, com vista a
ações imediatas.

A gestão da informação deve assentar em Sistemas de Informação desenvolvidos à


medida das necessidades da organização, desempenhando um papel de apoio na articulação
dos vários subsistemas que a constituem (entendida como um sistema global) e os sistemas
envolventes, na medida em que efetua o processamento de dados provenientes de múltiplas
fontes, gerando informação útil e em tempo real à gestão e à tomada de decisão na
organização por forma a criar vantagens competitivas do mercado.

A gestão da informação, sendo uma disciplina relativamente nova que tenta fazer a
ponte entre a gestão estratégica e a aplicação das Tecnologias de Informação nas
organizações, procura, em primeiro lugar, tentar perceber qual a informação que interessa à
organização, para em seguida, definir processos, identificar fontes, modelar sistemas. E as
novas Tecnologias de Informação são os instrumentos que vieram permitir gerir a informação
em novos moldes, agilizando o fluxo das informações e tornando a sua transmissão mais
eficiente (gastando menos tempo e menos recursos) e facilitando, por sua vez, a tomada de
decisão.

Os administradores precisam, na verdade, de uma perspectiva holística, que possa


assimilar alterações repentinas no mundo dos negócios e adaptarem-se às sempre
mutantes realidades sociais. Essa nova abordagem, que chamo de ecologia da
informação, enfatiza o ambiente da informação em sua totalidade, levando em conta
os valores e as crenças empresariais sobre informação (cultura); como as pessoas
realmente usam a informação e o que fazem com ela (comportamento e processos de
trabalho); as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de informações
(política); e quais sistemas de informação já estão instalados apropriadamente (sim,
por fim a tecnologia). (Davenport, Thomas H. Ecologia da informação, 1998: 12).
28

3.3.1 Importância da gestão da informação

A tecnologia da informação tem como função principal a conexão de grupos


profissionais através da troca de informações, seu maior desafio é identificar, desenvolver e
implementar tecnologia e aplicações que apoiem a comunicação organizacional. Essa troca de
informações influencia a união entre os colaboradores aumentando o conhecimento de cada
um sobre a organização dessas informações.

A questão é que o valor econômico advindo da geração, do uso e da venda da


informação está crescendo muito mais depressa que o valor agregado pela produção
tradicional de bens e de serviços. (Davenport, Thomas H. Ecologia da informação,
1998: 65).

Numa organização, seja ela municipal, estadual, federal ou privada existe uma troca de
informações necessárias ao exercício da função, através da gestão da informação essas
pessoas podem compartilhar recursos valiosos, como mudar de opinião através da informação
recebida ou mesmo tomar decisões importantes. Este tipo de relação interpessoal toma
aspecto importante assumindo a forma de padrões ou redes de interdependência.

Nessa nova Sociedade a Gestão da Informação, em suas múltiplas nuances, é


facilitada pela Tecnologia da Informação, que permite capturar, categorizar,
armazenar e distribuir informação com grande facilidade pelos atores
organizacionais responsáveis pela produção de bens e serviços. Podemos afirmar
que hoje não temos problemas de falta de informação, muito pelo contrário, temos
dificuldade de recuperar uma determinada informação no mar de dados armazenados
pela organização. (EVANGELISTA, 2002:24)

O uso efetivo da informação, muito mais do que qualquer tecnologia, pode alterar os
rumos da organização.

O gerenciamento da informação pode ser utilizado tanto para distribuir o poder como
para centralizá-lo.

Segundo DAVENPORT (1998) existe diversos modelos viáveis para governar a


informação.

Os modelos – federalismo, feudalismo, monarquia e mesmo a anarquia – podem ser o


ideal para um determinado tipo de organização. Eles formam a evolução do controle local em
contraposição ao controle centralizado do ambiente informacional.
29

A forma favorita de governo para o autor é o federalismo não só para informação.


Envolve uma democracia representativa, um governo central fraco e um alto nível de
autonomia local. Em relação à informação, esse modelo enfatiza que apenas poucos
elementos precisam ser definidos e administrados centralmente, enquanto o restante pode ser
administrado pelas unidades locais. O federalismo trata a política – inclusive a informacional
– como atividade legítima e necessária, pela qual, pessoas com diferentes interesses buscam
definições coletivas de objetivos e meios para alcançá-los.

Ainda segundo o autor, os federalistas da informação reconhecem o valor do


universalismo informacional (no qual um termo significa a mesma coisa em toda a
organização) e do particularismo informacional (no qual uma pequena unidade pode definir
„cliente‟ da maneira que melhor lhe convier).

As melhores organizações federativas administram uma saudável tensão entre o


controle central e o disperso, e esse controle se desloca continuamente.

3.3.2 Conhecimento e Gestão do conhecimento

A distinção entre tipos de conhecimento é básica para atual discussão sobre


conhecimento na teoria administrativa. NONAKA (1994) explica que a distinção primária se
dá entre dois tipos de conhecimento – “conhecimento tácito” e “conhecimento explícito”. O
conhecimento explícito refere-se ao conhecimento que é transmissível em linguagem formal
sistemática, enquanto o conhecimento tácito possui uma linguagem pessoal, o que o faz difícil
de formalizar e comunicar.

GRANT (1996) identifica “knowing how como conhecimento tácito e knowing about
como conhecimento explícito” e afirma que a distinção crítica entre os dois tipos de
conhecimento se dá entre relação à transferibilidade e os mecanismos para sua transferência.

O conhecimento coletivo é desenvolvido em interação entre indivíduos que pertencem


a grupos externos, mas também entre empresas, e é, portanto criado e revelado na prática e
compartilhamento em grupos de trabalho.

Quando o conhecimento coletivo ajuda a empresa a criar valor, será a base de suas
competências essenciais.
30

As competências essenciais da empresa são baseadas, principalmente, em conjuntos de


know-how coletivo (conhecimento tácito) desenvolvido por meio de processos de
aprendizagem que “cruzam” conjuntos de conhecimento individuais, unidades individuais
isoladas e parcerias com outras organizações, que são ganhos e aperfeiçoados pela prática de
trabalho. (FLEURY, 2001).

É possível distinguir diversos níveis de interação social por meio dos quais o
conhecimento é criado na organização, e é importante que a organização seja capaz de
integrar aspectos relevantes do conhecimento desenvolvido a partir dessas interações. Como
forma de apresentar uma melhor compreensão sobre a criação do conhecimento e o
gerenciamento desta criação, NONAKA E TUKEUCHI (1995) propõem um Modelo de
Conversão de conhecimento.

Por socialização, os autores entendem a conversão que surge da interação do


conhecimento tácito entre indivíduos, principalmente por meio da observação, da imitação e
da prática, e a chave para adquirir conhecimento desta forma é a experiência compartilhada.
Combinação é uma forma de conversão do conhecimento que envolve diferentes conjuntos de
conhecimento explícito controlado por indivíduos e o mecanismo de troca pode ser reuniões,
conversas por telefone e sistemas de computadores, e torna possível a reconfiguração da
informação existente, levando a novo conhecimento. Internalizarão é a conversão de
conhecimento explícito em conhecimento tácito, no qual os autores identificam alguma
similaridade com a noção de “aprendizagem”, e externalização é a conversão de
conhecimento tácito em explícito, apesar de este não ser um conceito bem desenvolvido,
segundo entendimento dos autores.

Ainda segundo os autores os quatro modelos de conversão de conhecimento devem ser


gerenciados de forma articulada e cíclica e denominam o conjunto dos quatro processos de
“Espiral de Criação de Conhecimento”. Na espiral, conhecimento começa no nível individual,
move-se para o nível grupal e então para o nível da empresa. À medida que a espiral de
conhecimento sobe na empresa, ela pode ser enriquecida e estendida, seguindo a interação dos
indivíduos uns com os outros e com suas organizações. A criação de conhecimento
organizacional requer o compartilhamento e a disseminação de experiências individuais.

A gestão do conhecimento está interligada com a gestão da informação que é o


processo de gerar valor á partir do ativo intelectual que possui, segundo EVANGELISTA JR
31

(2002), “Para implantar uma Gestão do Conhecimento efetiva, a organização deve conhecer e
estruturar o seu capital intelectual em toda a sua linha administrativa”. Com utilização
adequada deste, é possível administrar a informação, criando meios que permitam capturar,
armazenar, recuperar, consultar e analisar os dados obtidos na Gestão do Conhecimento e
aproveitando-os na criação de comunidades no âmbito interno da organização.

O Conhecimento é “criado” na mente dos profissionais na tentativa de solução de


problemas de sua área de atuação. O Conhecimento é a concretização das ideias e do
engenho humano (Davenport, Thomas H. Ecologia da informação, 1998: 65).

Vários teóricos organizacionais se apropriam de contribuições de estudos advindos de


pesquisas laboratoriais sobre a gestão do conhecimento, quando essas ultrapassam as
fronteiras dos laboratórios. KANTER (1997), referindo-se à história da General Motors,
conclui que algumas das principais inovações introduzidas pela organização não estão
relacionadas a produtos e processos, mas às decisões.

CHAPARRO (1998) também chama a atenção para o fato de que a "Gestão do


Conhecimento" vai além da gestão da inovação de produto e processo, incluindo, a gestão do
conhecimento sobre mercados, sobre tendências nos processos de desenvolvimento
tecnológico, sobre legislação relacionada à organização e outros fatores que determinam a
vantagem competitiva da organização.

Desta forma pode se concluir que a gestão do conhecimento está intimamente ligada
com a gestão da informação. Que com seu avanço tecnológico tem facilitado a vida de muitas
organizações.

3.4 Geoprocessamento no Contexto Informacional

Segundo vários autores estudados, como ROCHA (2002), Davenport (1994) Rosa
(1996) o avanço da tecnologia da informação, trouxe ao mercado um sistema que pode ser
definido como um conjunto de tecnologias voltadas à coleta e tratamento de informações
espaciais para um objetivo específico: o geoprocessamento.

Antes de conhecer qualquer tarefa, temos de aprender a fazer a pergunta: “De que
tipo de informação eu necessito, sob que forma e quando?” (...) As perguntas
seguintes que as pessoas precisam aprender a fazer é: “A quem devo que tipo de
informação? Quando e onde:” (Davenport, Thomas H. Ecologia da informação,
p.43).
32

O geoprocessamento é um conjunto de técnicas e de conceitos sobre representação


computacional no espaço.

A definição tradicional é que o geoprocessamento é um conjunto de ferramentas


usadas para coleta e tratamento de informações espaciais com a finalidade de armazenar
informações geográficas em formato digital; gerar saídas de informação na forma de mapas e
relatórios e manipular dados para geração de novas informações.

Geoprocessamento é uma tecnologia transdisciplinar, que, através da axiomática da


localização e do processamento de dados geográficos, integra várias disciplinas,
equipamentos, programas, processos, entidades, dados, metodologias e pessoas para
coleta, tratamento, análise e apresentação de informações associadas a mapas
digitais georreferenciados. (ROCHA, 2000)

As primeiras tentativas de automatizar informações espaciais aconteceram na


Inglaterra e Estados Unidos na década de 1950, com o objetivo de diminuir os custos e
aumentar a produção de mapas. A ideia inicial de GIS nasceu na Suécia, entretanto os
primeiros Sistemas de Informações Geográfica (SIG) surgiram em 1962 no Canadá, mas eram
difíceis de manejar e excessivamente caros.

Segundo CÂMARA E DAVIS (2005), ao longo dos anos 70 foram desenvolvidos


novos e mais acessíveis recursos de hardware, tornando viável o desenvolvimento de sistemas
comerciais. Foi também nesta época que a expressão Geographic Information System foi
criada.

A década de 80 representa o momento quando a tecnologia de sistema de informação


geográfica inicia um período acelerado de crescimento. Os GIS se beneficiam da massificação
causada pelos avanços da microinformática e do estabelecimento dos centros de estudos sobre
o assunto. Nos Estados Unidos, a National Centre for Geographical Information and Analysis
(NCGIA, 1989) marca o estabelecimento do geoprocessamento como disciplina científica
independente.

As principais fontes de coleta da informação geográfica são:

Sistema de Informações Geográficas – GIS (“Geographic Information


System”).
Sensoreamento Remoto; e
Sistema de Posicionamento Global – GPS (“Global Positioning System”);
33

Existem diversos conceitos de SIG, pelo que se pode deduzir é um sistema de


automação de informações onde são armazenados, manipulados e analisados dados
geográficos. Segundo RAFAELI NETO (2003) a diferença entre o geoprocessamento e o SIG
está na forma de processar os dados: o geoprocessamento tem um conceito mais amplo e
representa qualquer tipo de dados georeferenciados enquanto o SIG processa dados gráficos e
não gráficos (alfanuméricos) com ênfase a análises espaciais e modelagens de superfícies.

Informação pode ser entendida como algo que contribui para a redução do grau de
incerteza sobre as coisas. Neste sentido, um SIG trata-se de um conjunto integrado
de componentes com a função de fornecer informação, na forma de dado, aos
processos decisórios. Em certa medida, um SIG é um SADE, ou seja, um Sistema de
Apoio à Decisão Espacial (RAFAELI NETO:2003).

3.4.1 Tipos de dados em Geoprocessamento4

Um sistema de geoprocessamento armazena a geometria e os atributos dos dados, que


estão georeferenciados, ou seja, localizados na superfície terrestre numa projeção cartográfica.
Os dados tratados em geoprocessamento têm como principal característica a diversidade de
fontes geradoras e de formatos apresentados.

Uma característica básica e geral num SIG é sua capacidade de tratar as relações
espaciais entre os objetos geográficos. Denota-se por topologia a estrutura de relacionamentos
espaciais (vizinhança, proximidade, pertinência) que podem se estabelecer entre objetos
geográficos.

O requisito de armazenar a geometria dos objetos geográficos e de seus atributos


representa uma dualidade básica para SIGs. Para cada objeto geográfico, o SIG necessita
armazenar seus atributos e as várias representações gráficas associadas.

3.4.1.1 Mapas temáticos

Segundo relatório do DPI/ INPE/ MCT os mapas temáticos contêm regiões


geográficas definidas por um ou mais polígonos5. Exemplos são o uso do solo e a aptidão

4
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Relatório do Departamento de Processamento de Imagens.
Disponível em www.dpi.inpe.gov.br, jan / 2005
5
Linha poligonal ou polígono é formado por um conjunto de pontos interligados por segmentos de reta que
começam e terminam em um nó. A diferença entre uma poligonal e um arco está no fato de uma linha
poligonal nunca definir uma área (polígono). É utilizada para modelar feições lineares como por exemplo linhas
que representam fraturas geológicas, rios, estradas, e outros elementos geográficos que possam ser observados
como feições lineares na escala de trabalho adotada.
34

agrícola de uma região. Estes dados, obtidos a partir de levantamento de campo, são inseridos
no sistema por digitalização ou, de forma mais automatizada, a partir de classificação de
imagens.

Para permitir uma representação e análise mais acurada do espaço geográfico, a maior
parte dos sistemas armazena estes tipos de mapas na forma de arcos (limites entre regiões),
incluindo os nós (pontos de intersecções entre arcos) para montar uma representação
topológica. A topologia construída é do tipo arco-nó-região: arcos se conectam entre si
através de nós (pontos inicial e final) e arcos que circundam uma área definem um polígono
(região).

Um mapa temático também pode ser armazenado no formato matricial (raster). Neste
caso, a área correspondente ao mapa é dividida em células de tamanho fixo. Cada célula terá
um valor correspondente ao tema mais frequente naquela localização espacial.

A escolha entre a representação matricial e a vetorial para um mapa temático depende


do objetivo em vista. Para a produção de cartas e em operações onde se requer maior precisão,
a representação vetorial é mais adequada. As operações de álgebra de mapas são mais
facilmente realizadas no formato matricial. No entanto, para um mesmo grau de precisão, o
espaço de armazenamento requerido por uma representação matricial é substancialmente
maior.

FIGURA 4
Representação vetorial e matricial de um mapa temático
FONTE: Departamento de Processamento de Imagens adaptado de Câmara Neto
(1995), p.2-9

FONTE: http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/edicao_v.htm#area
35

FIGURA 5
SIG VETORIAL
FONTE: César Cândido Xavier - Mestrando CG pela COPPE/UFRJ/LCG. Sistemas de
Informações Geográficas. Trabalhos em desenvolvimento pelo IMPA e INPE: Apresentação,
2005

A tabela a seguir apresenta uma comparação entre as vantagens e desvantagens de


armazenamento matricial e vetorial para mapas temáticos. Esta comparação leva em conta os
vários aspectos: relacionamentos espaciais, análise, armazenamento.

Tabela 1 – Comparação entre armazenamento matricial e vetorial

COMPARAÇÃO ENTRE FORMATOS PARA MAPAS TEMÁTICOS


Aspecto Formato Vetorial Formato Varredura
Relações espaciais Relacionamentos topológicos Relacionamentos espaciais devem
entre objetos entre objetos disponíveis ser inferidos
Ligação com banco de Facilita associar atributos a Associa atributos apenas a classes
dados elementos gráficos do mapa
Representa melhor fenômenos com
Representação indireta de
Análise, Simulação e variação contínua no espaço
fenômenos contínuos
Modelagem Simulação e modelagem mais
Álgebra de mapas é limitada
fáceis
Adequado tanto a grandes Mais adequado para pequenas
Escalas de trabalho
quanto a pequenas escalas escalas (1:25.000 e menores)
Problemas com erros Processsamento mais rápido e
Algoritmos
geométricos eficiente.
Por coordenadas (mais
Armazenamento Por matrizes
eficiente)
FONTE: Departamento de Processamento de Imagens adaptado de Câmara Neto (1995), p.2-9.
36

3.4.1.2 Mapas cadastrais (mapas de objetos)

Ainda segundo relatório do DPI um mapa cadastral distingue-se de um mapa temático,


pois cada um de seus elementos é um objeto geográfico, que possui atributos e pode estar
associado a várias representações gráficas. Por exemplo, os lotes de uma cidade são elementos
do espaço geográfico que possuem atributos (dono, localização, valor venal, IPTU devido,
etc.) e que podem ter representações gráficas diferentes em mapas de escalas distintas.

A parte gráfica dos mapas cadastrais é armazenada em forma de coordenadas vetoriais,


com a topologia associada. Não é usual representar estes dados na forma matricial.

FIGURA 6
Exemplo de mapa cadastral, mostrando alguns países da América do Sul com seus respectivos
atributos descritivos.
FONTE: Adaptada de INPE/DPI (1997)

3.4.1.3 Redes

Em Geoprocessamento, o conceito de "rede" denota as informações associadas a:


(MCT, 2005)

Serviços de utilidade pública, como água, luz e telefone;


Redes de drenagem (bacias hidrográficas);
Rodovias.
37

No caso de redes, cada objeto geográfico (e.g: cabo telefônico, transformador de rede
elétrica, cano de água) possui uma localização geográfica exata e está sempre associado a
atributos descritivos, presentes no banco de dados.

As informações gráficas de redes são armazenadas em coordenadas vetoriais, com


topologia arco-nó: arcos tem um sentido de fluxo e “nós” tem atributos (podem ser fontes ou
sorvedouros).

As redes formam um capítulo à parte na tipologia de SIGs, pois - à diferença dos


outros tipos de dados - são o resultado direto da intervenção humana sobre o meio-ambiente.
Cada aplicação de rede tem características próprias e com alta dependência cultural (p.ex., a
largura das auto-estradas nos EUA é distinta das usadas em São Paulo).

No caso de aplicações em redes, a ligação com banco de dados é fundamental. Como


os dados espaciais têm formatos relativamente simples, a maior parte do trabalho consiste em
realizar consultas ao banco de dados e apresentar os resultados de forma adequada. A área de
redes é ainda um grande motivador para inovações em SIG, merecendo destaque:

integração de dados
segmentação dinâmica
linguagem de visualização
capacidade de adaptação

A integração de dados é necessária para aplicações como redes, onde se deseja gerar
uma base cartográfica contínua a partir de informações dispersas em vários mapas.
Usualmente, as redes (elétrica, de telefonia e de água e esgoto) estão interligadas em toda a
malha urbana. Poucos sistemas conseguem armazená-las de forma contínua, dando origem a
particionamentos que não refletem a realidade e que dificultam a realização de análises e
simulações.

Outro aspecto necessário para aplicações de redes é a capacidade de definir diferentes


cortes lógicos de uma rede sem ter de duplicar (ou repetir) a estrutura topológica da rede. Por
exemplo, ao se asfaltar parte de uma estrada de terra, será preciso atualizar esta informação,
sem ter de redigitalizar todas as coordenadas de localização da estrada. Esta capacidade,
38

usualmente denotada por segmentação dinâmica, permite separar os diferentes níveis de


informação relativos a uma mesma rede.

Como as características dos elementos da rede são armazenadas como atributos, em


bancos de dados, torna-se necessário dispor de meios para visualizar esta informação. Para
tanto, os SIGs devem dispor de linguagem de apresentação, que permita controlar a
simbologia associada aos componentes da rede, que varia conforme a escala de plotagem.

O pacote mínimo disponível nos sistemas comerciais consiste tipicamente de cálculo


de caminho ótimo e crítico. Este pacote básico é insuficiente para a realização da maioria das
aplicações, pois cada usuário tem necessidades completamente distintas. No caso de um
sistema telefônico, uma questão pode ser: "quais são todos os telefones servidos por uma dada
caixa terminal?". Já para uma rede de água, pode-se perguntar: "Se injetarmos uma dada
percentagem de cloro na caixa d'água de um bairro, qual a concentração final nas casas?”.

Deste modo, um sistema de modelagem de redes só terá utilidade para o cliente depois
de devidamente adaptado para as suas necessidades, o que pode levar vários anos. Isto impõe
uma característica básica para esta aplicação: os sistemas devem ser versáteis e maleáveis.

3.4.1.4 Imagens

Obtidas por satélites, fotografias aéreas ou "scanners" aerotransportados, as imagens


representam formas de captura indireta de informação espacial. Armazenadas como matrizes,
cada elemento de imagem (denominado "pixel") tem um valor proporcional à refletância do
solo para a área imageada. (MCT, 2005)
39

FIGURA 7

Imagem de satélite - LandSat 5 -


Dezembro de 2002
Imagem satélite LandSat 5, de parte da região
metropolitana de Belo Horizonte incluindo o
município de BH e os municípios limítrofes,
gentilmente cedida, em dezembro de 2002, pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe,
localizado em São José dos Campos - São
Paulo. A imagem foi capturada em setembro de
2001 por meio de composição das bandas 3,4 e
5 do satélite LandSat 5.

FONTE: Prodabel . Disponível em http://


portal1.pbh.gov.br, jan / 2005

Pela natureza do processo de aquisição de imagens, os objetos geográficos estão


contidos na imagem e para individualizá-los, é necessário recorrer a técnicas de foto-
interpretação e de classificação automática.

Características importantes de imagens de satélite são: o número de bandas do


espectro eletromagnético imageadas (resolução espectral), a área da superfície terrestre
observada instantaneamente por cada sensor (resolução espacial) e o intervalo entre duas
passagens do satélite pelo mesmo ponto (resolução temporal).

Tabela 2 – Características gerais dos principais satélites (com seus sensores)


disponíveis no Brasil

CARACTERÍSTICAS DE SATÉLITES RECEBIDOS NO BRASIL


Satélite (familia) Instrumento Num. bandas Resolução espacial Resolução temporal
LANDSAT MSS 4 80 m 18 dias
TM 7(1) 30 m 18 dias
SPOT XS 3 20 m 27 dias(2)
PAN 1 10 m 27 dias
TIROS/NOAA AVHRR 5 1100 m 6 horas
METEOSAT MSS 4 8000 m 30 minutos
ERS(3) SAR banda-C 1 25 m 25 dias
FONTE: Departamento de Processamento de Imagens. Disponível em www.dpi.inpe.gov.br , jan / 2005
40

3.4.1.5 Modelos numéricos de terreno

Ainda segundo MCT (2005) o termo modelo numérico de terreno (ou MNT) é
utilizado para denotar a representação uma grandeza que varia continuamente no espaço.
Comumente associados à altimetria, também podem ser utilizados para modelar unidades
geológicas, como teor de minerais ou propriedades do solo ou subsolo (como
aeromagnetismo).

Entre os usos de modelos numéricos de terreno, pode-se citar (Burrough, 1986):

Armazenamento de dados de altimetria para gerar mapas topográficos;


Análises de corte-aterro para projeto de estradas e barragens;
Cômputo de mapas de declividade e exposição para apoio a análises de
geomorfologia e erodibilidade;
Análise de variáveis geofísicas e geoquímicas;
Apresentação tridimensional (em combinação com outras variáveis).

O processo de aquisição de uma grandeza com variação espacial produz usualmente


um conjunto de amostras pontuais. A partir destas amostras, podem-se construir dois tipos de
representação:
a) grades regulares: matriz de elementos com espaçamento fixo, onde é associado o valor
estimado da grandeza na posição geográfica de cada ponto da grade. As grades regulares são
obtidas por interpolação das amostras ou, alternativamente, geradas por restituidores com
saída digital.

b) malhas triangulares: a grade é formada por conexão entre amostras, utilizando a


triangulação (sujeita a restrições). A grade triangular é uma estrutura topológica vetorial do
tipo arco-nó, que forma um conjunto de recortes irregulares no espaço.

Os procedimentos de interpolação para geração de grades regulares a partir de


amostras variam de acordo com a grandeza medida. No caso de altimetria, é comum o uso de
funções de ponderação por inverso do quadrado da distância. Já para variáveis geofísicas,
41

procedimentos de filtragem bidimensional ou de geoestatística (como a krigeagem 6) são


utilizados.

As grades triangulares são normalmente melhores para representar a variação do


terreno, pois capturam a complexidade do relevo sem a necessidade de grande quantidade de
dados redundantes. As grades regulares têm grande redundância em terrenos uniformes e
dificuldade de adaptação a relevos de natureza distinta no mesmo mapa, por causa da grade de
amostragem fixa.

Para o caso de variáveis geofísicas e para operações como visualização 3D, as grades
regulares são preferíveis, principalmente pela maior facilidade de manuseio computacional.

Tabela 3 - Vantagens e desvantagens de grades regulares e triangulares.

COMPARAÇÃO ENTRE GRADES REGULARES E TRIANGULARES PARA


REPRESENTAR MODELOS NUMÉRICOS DE TERRENO
Grade triangular Grade regular
1. Melhor representação de relevo
1. Facilita manuseio e conversão.
complexo.
Vantagens 2. Adequada para geofísica e
2. Incorporação de restrições como linhas
visualização 3D
de crista
1. Complexidade de manuseio. 1. Representação relevo complexo.
Problemas
2. Inadequada para visualização 3D 2. Cálculo de declividade
FONTE: Departamento de Processamento de Imagens. Disponível em www.dpi.inpe.gov.br , jan / 2005

Os modelos numéricos de terreno também podem ser convertidos para mapas


temáticos e para imagens. Em ambos os casos, a grandeza numérica é quantizada, seja para
um número pequeno de valores (caso de mapas temáticos) seja para a variação associada a
imagens (valores discretos).

3.4.2 Evolução Tecnológica do Geoprocessamento

Segundo CÂMARA e DAVIS (2005), a primeira geração (“CAD cartográfico”)


caracteriza-se por sistemas herdeiros da tradição de Cartografia, com suporte de bancos de
dados limitado e cujo paradigma típico de trabalho é o mapa (chamado de “cobertura” ou de

6
O termo krigeagem é derivado do nome Daniel G. Krige, que foi o pioneiro a introduzir o uso de médias
móveis para evitar a superestimação sistemática de reservas de mineração (Delfiner e Delhomme, 1975). Fonte:
http://www.dpi.inpe.br/spring/usuario/krigeagem.htm
42

“plano de informação”). Desenvolvidos a partir da início da década de 80 para ambientes da


classe VAX e - a partir de 1985 - para sistemas PC/DOS, esta classe de sistemas é utilizada
principalmente em projetos isolados, sem a preocupação de gerar arquivos digitais de dados.
Esta geração também pode ser caracterizada como sistemas orientados a projeto (project-
oriented GIS).

A segunda geração de SIGs (banco de dados geográfico) chegou ao mercado no início


da década de 90 e caracteriza-se por ser concebida para uso em ambientes cliente-servidor,
acoplado a gerenciadores de bancos de dados relacionais e com pacotes adicionais para
processamento de imagens. Desenvolvida em ambientes multiplataforma (UNIX, OS/2,
Windows) com interfaces baseadas em janelas, esta geração também pode ser vista como
sistemas para suporte à instituições (“enterprise-oriented GIS”).

No final da década de 90, tivemos o aparecimento de uma terceira geração de SIGs


(“bibliotecas geográficas digitais” ou “centros de dados geográficos”), caracterizada pelo
gerenciamento de grandes bases de dados geográficos, com acesso através de redes locais e
remotas, com interface via WWW (World Wide Web).

Para esta terceira geração, o crescimento dos bancos de dados espaciais e a


necessidade de seu compartilhamento com outras instituições requer o recurso a tecnologias
como bancos de dados distribuídos e federativos. Estes sistemas deverão seguir os requisitos
de interoperabilidade, de maneira a permitir o acesso de informações espaciais por SIGs
distintos.

A terceira geração de SIG pode ainda ser vista como o desenvolvimento de sistemas
orientados para troca de informações entre uma instituição e os demais componentes da
sociedade (society-oriented GIS).

O compartilhamento de dados e procedimentos entre bancos de dados geográficos


baseados em SIGs distintos é um desafio considerável. Como não existe um modelo de dados
geográficos universalmente aceito - ao contrário do modelo relacional para aplicações
convencionais - os diversos SIG do mercado apresentam diferenças significativas na maneira
de operar e nos formatos internos de armazenamento.

Para tentar remediar estes problemas, vários países têm estabelecido padrões
cartográficos de transferência de dados, que almejam preservar a riqueza da informação
43

geográfica (topologia e atributos). Estes padrões buscam uma “neutralidade” com relação aos
diferentes fabricantes, e incluem o SDTS (Spatial Data Transfer Standard) nos EUA e o SAIF
(Spatial Archive and Interchange Format) no Canadá.

Alcançar a interoperabilidade não é tarefa simples devido a complexidade da


informação geográfica, e esta missão está em desenvolvimento na comunidade, pelo
desenvolvimento de SIG baseados em ontologias.

A ontologia é uma disciplina filosófica que vem desde o estudo feito por Aristóteles
sobre as categorias e a metafísica, e pode ser definida como o estudo do Ser e de suas
propriedades. Para a comunidade de inteligência artificial, ontologias são teorias que
especificam um vocabulário relativo a um certo domínio;

O uso de ontologias no desenvolvimento e uso de sistemas de informação leva ao que


chamamos de Sistemas de Informação baseados em ontologias.

3.4.3 Sistema de Informação Geográficas

O termo sistemas de informação geográfica (SIG) é aplicado para sistemas que


realizam o tratamento computacional de dados geográficos. Devido a sua ampla gama de
aplicações, que inclui temas como agricultura, floresta, cartografia, cadastro urbano e redes de
concessionárias (água, energia e telefonia), há pelo menos três grandes maneiras de utilizar
um SIG (MCT, 2005):

como ferramenta para produção de mapas;


como suporte para análise espacial de fenômenos;
como um banco de dados geográficos, com funções de armazenamento e
recuperação de informação espacial.

Estas três visões do SIG são antes convergentes que conflitantes e refletem a
importância relativa do tratamento da informação geográfica dentro de uma instituição. Para
esclarecer ainda mais o assunto, apresentamos a seguir algumas definições de SIG:

“Um conjunto manual ou computacional de procedimentos utilizados para armazenar e


manipular dados georeferenciados” (Aronoff, 1989).
44

Conjunto poderoso de ferramentas para coletar, armazenar, recuperar, transformar e


visualizar dados sobre o mundo real” (Burrough, 1986).

Um sistema de suporte à decisão que integra dados referenciados espacialmente num


ambiente de respostas a problemas” (Cowen, 1988).

Um banco de dados indexados espacialmente, sobre o qual opera um conjunto de


procedimentos para responder a consultas sobre entidades espaciais” (Smith et al., 1987)

Estas definições de SIG refletem a multiplicidade de usos e visões possíveis desta


tecnologia e apontam para uma perspectiva interdisciplinar de sua utilização.

Numa visão abrangente, pode-se indicar que um SIG tem os seguintes componentes:

Interface com usuário;


Entrada e integração de dados;
Funções de processamento gráfico e de imagens;
Visualização e plotagem;

Armazenamento e recuperação de dados (organizados sob a forma de um banco de


dados geográficos).

Estes componentes se relacionam de forma hierárquica. No nível mais próximo ao


usuário, a interface homem-máquina define como o sistema é operado e controlado. No nível
intermediário, um SIG deve ter mecanismos de processamento de dados espaciais (entrada,
edição, análise, visualização e saída). No nível mais interno do sistema, um sistema de
gerência de bancos de dados geográficos oferece armazenamento e recuperação dos dados
espaciais e seus atributos.
45

FIGURA 8
Sistema de Informação Geográficas
FONTE: César Cândido Xavier - Mestrando CG pela
COPPE/UFRJ/LCG. Sistema de Informações Geográficas.Trabalhos em desenvolvimento
pelo IMPA e INPE: Apresentação, 2005

3.4.4 Sensoriamento Remoto

A origem do sensoriamento remoto está ligada às experiências de NEWTON (1672)


que constatou que um raio luminoso (luz branca), ao atravessar um prisma, desdobrava-se
num feixe colorido - um espectro de cores. (MCT, 2005)

Desde então os cientistas foram ampliando os seus estudos a respeito de tão fascinante
matéria. Verificou-se que a luz branca era uma síntese de diferentes tipos de luz, uma espécie
de vibração composta, basicamente, de muitas vibrações diferentes. Prosseguindo,
descobriram ainda que cada cor decomposta no espectro correspondia a uma temperatura
diferente, e que a luz vermelha incidindo sobre um corpo, aquecia-o mais do que a violeta
(MCT, 2005).

Além do vermelho visível, existem radiações invisíveis para os olhos, que passaram a
ser ondas, raios ou ainda radiações infravermelhas. Logo depois, uma experiência de Titter
revelou outro tipo de radiação: a ultravioleta. Sempre avançando em seus experimentos os
cientistas conseguiram provar que a onda de luz era uma onda eletromagnética, mostrando
46

que a luz visível é apenas uma das muitas diferentes espécies de ondas eletromagnéticas.
(MCT, 2005).

Alguns autores colocam a origem do Sensoriamento Remoto ligada ao


desenvolvimento de sensores fotográficos, quando as fotografias aéreas eram tiradas por
balões. Fica evidente que o Sensoriamento Remoto é fruto de um esforço multidisciplinar que
envolveu e envolve avanços na física, na físico-química, na química, nas biociências e
geociências, na computação, na mecânica, etc... (MCT, 2005).

Uma definição, segundo MCT, 2005, para sensoriamento remoto pode ser: "É a
utilização de sensores para aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que
haja contato direto entre eles"

Sensores : são equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto,


convertê-la em sinal passível de ser registrado e apresentá-lo em forma adequada à extração
de informações.

Energia : na grande maioria das vezes refere-se a energia eletromagnética ou radiação


eletromagnética.

Um conceito mais específico pode ser: "É o conjunto das atividades relacionadas com
a aquisição e a análise de dados de sensores remotos", onde:

Sensores remotos: sistemas fotográficos ou óptico-eletrônicos capazes de detectar e


registrar, sob a forma de imagens ou não, o fluxo de energia radiante refletido ou emitido por
objetos distantes.

Um fluxo de radiação eletromagnética ao se propagar pelo espaço pode interagir com


superfícies ou objetos, sendo por estes refletido, absorvido e mesmo reemitido. As variações
que essas interações produzem no fluxo considerado, dependem fortemente das propriedades
físico-químicas dos elementos na superfície. Mais a frente discutiremos com mais detalhes as
interações da radiação com a matéria (MCT, 2005).

Tudo na natureza está em constante vibração, emitindo ou modificando ondas


eletromagnéticas (energia) e apresentando "perturbações" dos campos magnéticos e
gravimétricos da Terra. Todos os instrumentos que captam e transformam essa energia
47

poderiam ser classificados como sensores: rádio, televisão, máquina fotográfica, etc... Durante
a fase de aquisição de dados pelos sensores, podemos distinguir os seguintes elementos
básicos: energia radiante, fonte de radiação, objeto (alvo), trajetória e sensor (sistema de
imageamento óptico e detector). A figura a seguir apresenta estes elementos e exemplifica os
vários caminhos que a radiação eletromagnética pode tomar antes de atingir o sistema sensor
(MCT, 2005).

Segundo relatório do MCT, 2005, uma câmara fotográfica com flash poderia ser
tomado como exemplo de um sistema sensor: "quando o sistema da câmara é ativado, o flash
é acionado e emite radiação. A radiação flui para o alvo e é refletida deste para o sistema
óptico da câmara. Então, a radiação refletida é focalizada sobre o plano do filme, que constitui
um detector fotoquímico de radiação. Uma imagem latente do padrão de radiação é formada
no filme e depois desenvolvida quimicamente".

Landsat 7 faz pouco mais de 14 órbitas por dia,


Fonte: sendo sua órbita sincronizada pelo sol. Em 16 dias completos,
é coberto todas as áreas entre os intervalos acima.

FIGURA 9
Sensoriamento Remoto
FONTE: César Cândido Xavier - Mestrando CG pela COPPE/UFRJ/LCG
Sistemas de Informação Geográficas – Trabalhos em desenvolvimento pelo IMPA e INPE:
Apresentação, 2005.
48

3.4.5 Global Positioning System

Sistemas de posicionamento por satélite permitem a determinação precisa e acurada da


posição de entes espaciais no espaço geográfico. A tecnologia GPS (Global Positioning
System) destaca-se pela sua popularidade junto aos mais diversos setores usuários. Em
Geoprocessamento o GPS abriu fronteiras antes difíceis de serem exploradas. Determinar a
posição precisa e acurada em curto espaço de tempo, baixo custo relativo e a disponibilidade
de programas amigáveis de pós-processamento tornaram os trabalhos de mapeamento e
atualização cartográfica bem mais fáceis e rápidos. (MCT, 2005)

FIGURA 10
Global Positioning System
FONTE: César Cândido Xavier - Mestrando CG pela COPPE/UFRJ/LCG
Sistemas de Informação Geográficas – Trabalhos em desenvolvimento pelo IMPA e INPE:
Apresentação, 2005.

3.4.6 Tecnologias relacionadas com o geoprocessamento

O geoprocessamento pode ser considerado como uma ciência multidiciplinar que


possui contribuições de muitas áreas. De uma forma geral, as tecnologias que mais
contribuem são: (MCT, 2005)

a) Cartografia : contribui com técnicas de confecção de mapas;


b) CAD (Computer Aided Drafting) e Computação Gráfica: contribui com software,
hardware, técnicas para entrada de dados, exibição, visualização representação em
2D e 3D, manipulação e representação de objetos gráficos;
49

c) Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD ou DBMS): constituem


modelos de dados, estrutura de dados, segurança e processos de manipulação de
grandes volumes de dados;
d) Sensoriamento Remoto: possui técnicas de aquisição e processamento de imagens,
com facilidades para obtenção de dados sobre qualquer lugar do globo terrestre, seja
através de sensores orbitais (satélites) ou sensores fotográficos (aerotransportados);
e) Inteligência Artificial: tecnologia que usa o computador para emular a inteligência
humana. O computador atua como um especialista nas funções de desenho,
mapeamento, classificações, generalização de características de mapas, etc. Assim a
inteligência artificial provê modelos e técnicas de sistemas de desenho e análise;
f) Estatística: provê modelos e métodos de análise dos dados, sejam gráficos ou não
gráficos. As técnicas de estatística são utilizadas para verificação da qualidade
durante o pré-processamento, para resumir um arquivo como um relatório de
gerência dos dados, para criar dados derivados durante análises;
g) Informática: além de cobrir alguns dos itens já citados, a ciência da informática
ainda contribui com técnicas de desenvolvimento de sistemas, evolução da
tecnologia de hardware para suportar grandes cargas de processamentos de dados e a
tecnologia de redes de computadores que permite a troca de informações entre
equipamentos de forma local ou remota.

3.4.7 Utilização do geoprocessamento na administração pública

Ainda conforme o Relatório do Departamento de Processamento de Imagens, a


principal particularidade do GIS ou SIG, é a utilização de uma tecnologia que utiliza recursos
computacionais para digitalizar imagens associando informações geográficas com banco de
dados convencionais tornando possível recuperar informações através de sua localização
espacial. A administração pública tem sido forçada a se atualizar no contexto global da nova
realidade mundial. Vários órgãos já estão colocando à disposição do cidadão informações via
internet.

Nesse sentido, da transparência, alguns passos estão sendo dados. Alguns órgãos
públicos colocam à disposição da sociedade, pela Internet, informações sobre o que
estão fazendo, como, por exemplo, planos de governo e suas realizações. Outro
passo importante é o que está sendo dado pelo Tribunal de Contas da União, por
meio da IN 28, de 5/5/99, que estabelece regras para a implementação da homepage
Contas Públicas, de que trata a Lei nº 9.755/99, que obriga os órgãos responsáveis a
divulgar dados e informações referentes a sua gestão.(GEF:99)
50

São inúmeras as possibilidades de utilização do geoprocessamento pela administração


pública, pois essas abrangem várias áreas. Qualquer setor que trabalhe com informações que
possam ser relacionadas a pontos específicos do território pode, em princípio, valer-se de
ferramentas de geoprocessamento. As principais aplicações do geoprocessamento na
administração pública segundo Vaz, 1997, são:

a) Ordenamento e gestão do território: sendo uma aplicação básica, permite a


constituição de uma base cartográfica geoprocessada que servirá às demais
aplicações setoriais.
b) Otimização de arrecadação: a atualização da base cartográfica dos municípios para a
implantação da base geoprocessada fornece um volume significativo de informações
para a revisão da planta genérica de valores.
c) Localização de equipamentos e serviços públicos: a partir de uma base cartográfica
que inclua informações socioeconômicas e sobre equipamentos públicos é possível
identificar áreas com maior nível de carência e os melhores locais para instalação de
equipamentos e serviços públicos.
d) Identificação de público-alvo de políticas públicas: à medida que se possua uma
base de dados que incorpore dados socioeconômicos, é possível utilizá-la para
desenhar políticas públicas.
e) Gestão ambiental: o geoprocessamento é útil para monitorar áreas com maior
necessidade de proteção ambiental.
f) Gerenciamento do sistema de transportes: a base cartográfica é indispensável para a
gestão do sistema de transportes dos municípios.
g) Comunicação com os cidadãos: ao se constituir uma base de dados mais elaborada,
podem-se incorporar a ela informações que permitam identificar necessidades e
oportunidades de contato com os cidadãos.
h) Gestão da frota: com recursos de geoprocessamento é possível obter informações
sobre os tipos de usos da frota, conhecendo os trajetos mais comuns e sua
intensidade.
51

GEOMINAS7

O GeoMINAS foi o fruto do desejo político e do consenso técnico na busca da


minimização de esforços, recursos e investimentos para a produção sistemática de
informações digitais geográficas e georeferenciadas sobre o nosso Estado. Significa o Estado
gerando e gerenciando as informações primárias (sócio econômico político culturais) sobre os
vários aspectos de seu território geográfico, tendo melhor compreensão si próprio e se
mostrando ao mundo, através da integração e ação conjunta dos técnicos de diversos órgãos, a
partir do ano de 1995.

Objetivos:

Minimizar a duplicidade de dados, esforços, recursos e investimentos.


Prover informações básicas confiáveis e permanentes sobre o espaço geográfico do
Estado.
Integração dos órgãos do Governo na produção / utilização de informações
geográficas.

Premissas tecnológicas

As premissas tecnológicas para operacionalizar a proposta são:

Base de dados comum.


Formato de dados padrão.
Liberdade na escolha das plataformas de hardware e software.
Comunicação de dados via INTERNET

FIGURA 11- GeoMinas


FONTE: http://www.geominas.mg.gov.br , 2005

7
Relatório Interno GEOMINAS. Disponível em http://www.geominas.mg.gov.br , 2005
52

A Base de Dados Comum será segmentada em:

Base de dados Desktop Mapping8: Esta base de dados está disponível no site
GeoMINAS. Contém mapas diversos de MG em escalas de origem 1:1.500.000 para uso de
aplicativos desktop mapping e dados sócio-econômico-culturais georreferenciados. Esta base
é atualizada a partir das aplicações desenvolvidas nos próprios órgãos através da equipe
responsável pelo seu gerenciamento.

Base de dados SIG: Base de dados contendo dados alfanuméricos de interesse e mapas
diversos de MG (escala de origem 1:50.000 e 1:100.000 correspondendo as cartas oficiais
existentes), voltadas às aplicações SIG. Esta base poderá estar distribuída. Cada instituição
provedora é responsável em manter o segmento extraído de sua base de dados local, o qual
pode ser acessado através da aplicação Internet central, o Catálogo de Metadados 9 do
GeoMINAS.

Base de dados Imagens: conterá imagens de satélite, fotografias aéreas,


ortofotocartas10 para utilização em sensoriamento remoto, SIG's e outros.

Os dados nas bases de dados SIG e Desktop Mapping estarão no formato padrão de
intercâmbio a ser adotado pelo GeoMINAS. Futuramente as bases de dados Desktop Mapping
e SIG poderão ser integradas. Estarão disponíveis somente as informações oficiais do Estado.

Hoje o GEOMINAS possui 42 instituições integrantes e é denominado Programa


Integrado de Uso da Tecnologia de Geoprocessamento pelos Órgãos do Estado de Minas
Gerais.

8 Desktop Mapping é uma categoria de software de geoprocessamento de baixo custo baseado em


microcomputador, que permite a visualização e análises espaciais de pequeno porte, tanto para dados gráficos
como convencionais, de uma forma relativamente simples.
FONTE: http://www.geominas.mg.gov.br/kit_desktop/kit2/paginas/geral/kit2.htm#INTRO

9 Metadados = Informação estruturada sobre recursos de informação (artefatos ou serviços)


FONTE: http://metadados.bn.pt/

10 Uma ortofotocarta é um documento com uma precisão geométrica comparável a uma carta, contendo, no
entanto todo o imenso detalhe inerente a uma fotografia aérea
FONTE: http://snig.igeo.pt/mercado/Revista/n3/html/ORTOFOTOCARTAS3.htm
53

DPI

A Divisão de Processamento de Imagens (DPI) faz parte da Coordenação Geral de


Observação da Terra (OBT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

As atividades da DPI envolvem pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico


em processamento digital de imagens de satélites e sensores remotos, e em geoprocessamento,
visando assegurar o domínio tecnológico neste segmento, fundamental para a plena utilização
do sensoriamento remoto.

Os principais objetivos da DPI são:

Especificar, projetar e desenvolver sistemas para processamento de imagens e


geoprocessamento, adequados às necessidades brasileiras.
Fomentar a criação de competência em processamento de imagens,
geoprocessamento e tecnologias associadas em universidades e empresas de
serviço e usuários, visando a ampla utilização da tecnologia de sensoriamento
remoto no país.
Participar de projetos de interesse nacional, em sua área de competência.

Em 1974, o INPE comprou, por US$ 1 milhão, um sistema de processamento de


imagens da GE, chamado "IMAGE-100. Por muito tempo, foi o único sistema de
processamento digital de imagens de satélite em operação no País.

Os projetos SITIM (Sistema de Tratamento de Imagens) e SPRING (Sistema


Integrado de Geoprocessamento e Processamento de Imagens) deram ao INPE um
entendimento dos aspectos-chave da tecnologia de geoinformação e uma capacidade de
projetar soluções inovadoras. A tecnologia de geoinformação está em processo de forte
mudança. A disponibilidade de uma nova geração de SGBDs objetos-relacionais que
permitem incorporar tipos de dados espaciais permite a construção de bancos de dados
geográficos onde tanto os atributos como as geometrias de dados espaciais sejam gerenciados
pelo SGBD. Esta integração tem o potencial de mudar complementarmente a tecnologia de
geoinformação, permitindo uma transição dos atuais sistemas monolíticos (com suas centenas
de funções) para uma geração de aplicativos geográficos, sistemas pequenos voltados para
atender necessidades específicas.
54

Com esta motivação, o INPE iniciou em 2000 o desenvolvimento da TerraLib,


biblioteca de código aberto para suportar aplicações inovadoras em Geoprocessamento. A
TerraLib tem por meta permitir o desenvolvimento de ambientes GIS que incorporem os mais
recentes avanços da Ciência da Geoinformação, com ênfase no uso de SGBD para armazenar
todos os tipos de dados geográficos.

Atualmente a ambição da instituição é constituir a TerraLib como o Linux do GIS,


rompendo no mundo geográfico com o paradigma tecnológico atual: ambientes de
desenvolvimento de aplicativos geográficos todos baseados em sistemas proprietários.

FIGURA 12 - TerraCrime - Software Livre para Segurança Pública baseado na TerraLib


FONTE: Departamento de Processamento de Imagens.Disponível em www.dpi.inpe.gov.br,
55

4 METODOLOGIA

Segundo VERGARA (1997:12) “Método é um caminho, uma forma lógica de


pensamento”. Para LAKATOS e MARCONI (1985:15), o conceito de pesquisa é:
“procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos
ou dados, relações ou leis em qualquer campo do conhecimento”. A metodologia é importante
no trabalho cientifico, pois fornece as diretrizes e orientações de como proceder, como
pesquisar, qual a sequencia correta a seguir, quais técnicas utilizar, com o objetivo de que a
confiabilidade dos resultados seja a maior possível.

A pesquisa exploratória é vista como o primeiro passo de todo o trabalho científico.


Este tipo de pesquisa tem por finalidades: proporcionar maiores informações sobre
determinado assunto; facilitar a delimitação de uma temática de estudo; definir os objetivos
ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo
que se pretende realizar.11

Pode-se dizer que a pesquisa exploratória tem como objetivo principal o


aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Na maioria dos casos, ela envolve: a)
levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com
o problema pesquisado; e c) análise de exemplos que estimulem a compreensão do fato
estudado.12

A pesquisa exploratória tem ainda, como objetivo proporcionar maior familiaridade


com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. De um modo geral, esta pesquisa
constitui um estudo preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa. Embora o

11
UNILESTE MG – Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Manual de Normas Técnico-Científicas
do Programa de Iniciação Científica Disponível em http://www.unilestemg.br/pic/manual_de_normas.html,
2005.

12
idem
56

planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, geralmente ela assume a forma
de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso.13

Entendendo por pesquisa a busca sistemática de solução de um problema, ainda não


resolvido ou resolvível, há a considerar várias opções. Se o problema está situado no passado,
usa-se a pesquisa histórica. Se o estudo é do presente, pode-se utilizar o estudo de caso.
(BOAVENTURA, 2003).

O desenvolvimento deste trabalho se baseia em uma pesquisa exploratória, por ser um


assunto, que apesar de já se ter estudos relevantes, se encontra em um contexto ambiental
extremamente instável pelo desenvolvimento de novos conhecimentos na área de forma muita
rápida e com muita amplitude. O resultado esperado é o aprofundamento do nível de
conhecimento relacionado à solução de problemas para implantação da gestão estratégica da
organização que aborde temas atuais que constituem a evolução do próprio planejamento.
Estes temas são: informação, conhecimento, integração de pessoas e recursos e flexibilidade.
Portanto, foi escolhido o estudo de caso.

O método de estudo de casos é um instrumento didático que surgiu na Escola de


Direito da Universidade de Harvard (EUA) por volta de 1870. Seu objetivo era introduzir
modificações nos padrões de ensino, a fim de que novas formas de aprendizagem fossem
experimentadas. A crença que parecia existir implicitamente era a de que, na medida em que o
aluno estudasse casos concretos, sua experiência no mundo real seria substancialmente
aumentada, diminuindo a defasagem entre o grau esperado de sua experiência e sua “bagagem
teórica”. (BOAVENTURA, 2003).

O método de estudo de casos escolhido foi com técnicas de coleta de dados em fontes
primárias (PMMG) com uso de entrevista, e secundárias (Prefeitura de BH, Curitiba,
Petrópolis e Secretaria da Fazenda de Goiás).

Os dados recolhidos são qualitativos, que segundo BOGDAN e BUKLEN (apud


BOAVENTURA, 2003), significa ricos em pormenores, descritivos relativamente a pessoas,

13
UNILESTE MG – Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Manual de Normas Técnico-Científicas
do Programa de Iniciação Científica Disponível em http://www.unilestemg.br/pic/manual_de_normas.html,
2005.
57

locais e conversas. As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização


de variáveis, sendo formuladas com o objetivo de investigar os fenômenos em toda a sua
complexidade e em contexto natural.

Segundo AAKER et al (1995), dados primários são coletados especificamente para o


problema da pesquisa em questão. Em pesquisas exploratórias o autor cita o método
qualitativo como o mais adequado para obtenção de dados primários. Já os dados secundários,
para o autor, são dados já disponíveis porque foram coletados por algum outro propósito.

No presente trabalho, foram coletados dados de aplicação do geoprocessamento em


órgãos públicos, tanto para dados primários, quanto para secundários.

Nestes estudos de casos foram escolhidos casos que refletiram mudanças;


particularmente neste trabalho foram mudanças com relação ao aumento de arrecadação de
tributos após a implementação do geoprocessamento nas instituições, melhor planejamento
das ações da instituição e também a expansão da utilização desta tecnologia para outros
setores da instituição criando uma Gestão Inteligente que diminui os gastos dos recursos para
sua administração.

Em dos estudos de casos foi realizada uma entrevista do tipo não diretiva, que segundo
AAKER et al (1995) neste tipo de entrevista é dado ao entrevistado o máximo de liberdade
para responder dentro dos limites dos tópicos de interesse deste trabalho através de um roteiro
básico. O sucesso deste método depende: (1) do estabelecimento de um relacionamento de
relaxamento e empatia entre entrevistador e entrevistado; (2) da habilidade de sondagem para
esclarecer e elaborar respostas interessantes sem distorcer o conteúdo da resposta; (3) da
habilidade de guiar a discussão de volta ao tópico de interesse e sempre buscando as razões
que estão por trás dos comentários.

Para a entrevista individual, o profissional entrevistado foi escolhido devido a sua


experiência na área de geoprocessamento, pois participou da pesquisa e implantação desta
tecnologia na Polícia Militar de Minas Gerais e até a presente data deste trabalho, gerencia
esta área. Seu cargo é o de Adjunto de Estatística e Geoprocessamento do Comando de
Policiamento da Capital – CPC em Belo Horizonte – MG.

Para o desenvolvimento deste trabalho, conforme citado anteriormente, serão relatados


os casos de utilização do geoprocessamento na Prefeitura de Belo Horizonte, Curitiba e
58

estudos para implantação do mesmo na Prefeitura de Petrópolis e Secretaria Estadual da


Fazenda de Goiás. A escolha destes casos específicos se deu pela relativa semelhança da
utilização deste método nas repartições públicas ou seu estudo para implementação do
geoprocessamento; considerando questões como o regionalismo para auxiliar no planejamento
das ações da instituição, aumento da eficiência nas operações de fiscalização de tributos com
consequente aumento de arrecadação e diminuição de custos.

Além disso, apresenta-se a ampliação das aplicações do Geoprocessamento para


outros órgãos da Prefeitura de Belo Horizonte e Curitiba que puderam se beneficiar desta
tecnologia de informação após a sua implantação e os novos projetos que puderam ser
estruturados através desta tecnologia.
59

5 ESTUDO DE CASOS: ÓRGÃOS PÚBLICOS QUE UTILILIZAM O


GEOPROCESSAMENTO

5.1 Prefeitura de Belo Horizonte

5.1.1 Primeiras ações

FIGURA 13
Histórico
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005.

De acordo com o portal da prefeitura de Belo Horizonte, em 1989 a prefeitura realizou


estudos para a automatização da cartografia do município, que era o seu objetivo geral, esses
estudos apontaram algumas soluções entre elas a mais moderna foi o geoprocessamento que
permitia além do armazenamento e da produção de mapas, permitia também a utilização de
informações georeferenciadas com base em dados cadastrais do município.

A reconstrução da cartografia municipal pela Prodabel S/A deu início a introdução da


tecnologia de Sistemas de Informação Geográficos em Belo Horizonte. Entre 1996 e 1997
esta organização realizou para o município um trabalho de coleta de dados denominado
Percurso Urbano, visando retratar a realidade dos imóveis e logradouros da cidade. Neste
trabalho a Prodabel coletou itens sobre a infra-estrutura urbana dos logradouros, tipos de uso e
60

ocupação dos imóveis, mas somente em 1990 começou a implantar o geoprocessamento com
o intuito de reforçar o Cadastro Técnico Municipal, dando subsídios à retratação da realidade
As primeiras ações começaram com o planejamento e culminaram com a produção do banco
de dados em 1992 com o início do desenvolvimento das aplicações, este histórico pode ser
observado na figura 13 e 14.

FIGURA 14
Histórico consolidado
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005.

O primeiro banco de dados (BD) da PBH continha dados vetoriais com 97 tipos de
informações (ver figura 15), apesar de bastante detalhado não continha referencias para
informações segundo o endereçamento. Com a evolução do sistema foram obtidas imagens
das plantas cadastrais e formado um BD com base em endereços (Figura 16).
61

FIGURA 15
Primeiro Banco de Dados Geográfico da PBH
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005.

FIGURA 16
Endereços lançados.
FONTE: Prodabel.Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005
62

Belo Horizonte tem diversos órgãos para atendimento à população, portanto para um
melhor atendimento ao cidadão, cada órgão tinha o seu próprio cadastro, provocava uma
duplicação de esforços na manutenção dos mesmos. Uma integração destes cadastros trouxe
economia para os cofres públicos e uma racionalização no uso do pessoal. Estes foram,
portanto, os objetivos específicos da utilização do geoprocessamento.

No cadastro, a numeração de endereços é o principal identificador dos imóveis, e é


representada in loco por placas indicativas com uma legislação especifica para a sua
regulamentação. O endereço é a chave para todos os cadastros de firmas prestadoras de
serviços públicos, portanto, uma integração entre os mesmos, possibilita um maior
intercâmbio entre os órgãos.

Para que este cadastro seja eficiente, foi utilizado um sistema de informação projetado
para automatizar processos existentes, sistemas de banco de dados independentes que podem
ser utilizados por diversos departamentos ao mesmo tempo, onde é utilizado um dado de
entrada que processado através de uma série de programas que se servi de dados armazenados
gera informações na saída que são gravadas em discos ou impressas conforme a necessidade
do momento.

O sistema utilizado pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) tem como principal
ferramenta o endereço do contribuinte como forma de referencia do contribuinte, é através do
endereço que se utilizam os bancos de dados para manipulação dos cadastros, registros de
propriedade, e dados sobre qualquer ocorrência urbana (ver figura 17 abaixo) tendo como
parceiros as organizações: Prodabel, Cemig, Copasa, ECT, PMMG e Telemar.

Criação de Modernização da
base de manutenção do
endereços banco de
em favelas endereços

Estabeleciment Compatibiliz Construção Estabelecime


o de parcerias ação de inicial do nto de rotina
para criação e códigos de banco de de
manutenção das logradouro endereços manutenção
bases de do banco de
endereços endereços

FIGURA 17
Forma de endereçamento utilizado pela PBH
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005
63

O objetivo da PBH para a utilização do geoprocessamento era desenvolver recursos


para localizar geograficamente endereços de acordo com a informação popular ou
representação contida nos sistemas de informações de forma a poder utiliza-los a partir de
qualquer departamento. Á partir desta integração de sistemas a PBH, informações foram
fornecidadas através dos seus balcões, da intranet e Internet. Através de sua parceria com
órgãos como a COPASA,CEMIG, ECT,TELEMAR e PMMG, a Prodabel fez o lançamento
destes endereços no banco de dados, a opção pelo georeferenciamento de endereços
individuais evita problemas com numeração irregular. Com outras parceiras a PBH fez um
levantamento também dos endereços das favelas e vilas. Com este processo a PBH definiu o
espaço geográfico e o espaço político, isto ...

...torna-se importante na medida em que a implementação de qualquer ação no


território do município passa pelos interesses estabelecidos por esse “espaço
político”, que tem como um de seus principais componentes a luta pelo poder. No
município essa “teia” começa pelo Prefeito, passa pela câmara de vereadores e
estende-se até o barraco miserável localizado nos confins do território municipal. O
que caracteriza o espaço político do município, portanto, é a proximidade com que
os nós dessa teia se encontram uns com os outros (Francisco Filho, 1999:27).

Com estes procedimentos a PBH abriu caminho para que outras instituições públicas
também fizessem o uso do geoprocessamento nas suas atividades.

5.1.2 O uso do GPS

De acordo com DAVIS JR (1997) um dos problemas clássicos da ciência da


computação tem sido a determinação de pontos de um mapa que tenha o menor custo, mas
esse problema pode ser resolvido com a introdução do SIG:

O problema do caminho mínimo se adapta a diversas situações práticas. Em


roteamento, por exemplo, pode-se modelar os nós do grafo como cruzamentos, os
arcos como vias, e os custos associados aos arcos correspondem a tempo de trajeto
ou distancia percorrida, e a solução será o caminho mais curto ou o caminho mais
rápido entre dois pontos. Em redes de computadores, os nós poderão representar
equipamentos diversos, os arcos correspondem a trechos de cabeamentos, e os
custos poderão estar associados à taxa máxima de transmissão de dados.

Segundo o autor a PBH em 1997, adota o software APIC que conta com 35.500 nós e
89.000 arcos disponível em seu banco de dados, otimizando a rede viária da cidade.
Atualmente as atividades de coleta de dados da equipe de campo da Prodabel vêm utilizando
o GPS para captura das informações referentes a infra-estrutra urbana, ocupação e numeração
dos imóveis de BH. A partir da elaboração de um dicionário de dados contendo as
64

informações que são coletadas em campo (de acordo com os componentes da base) e do
desenvolvimento de rotinas para o lançamento dos dados na base digital, os dados são
lançados na base com segurança, agilizando os processos de trabalho das equipes de campo,
agregando qualidade às informações e ainda proporcionando aos profissionais a oportunidade
de contato com novas tecnologias no setor. Para elaboração do dicionário de dados e carga na
base, estão sendo utilizados os softwares Pathfinder, Autocad e Mapinfo. As atividades de
atualização destes dados da base geográfica do município foram, portanto automatizadas,
proporcionando ganhos significativos em qualidade, precisão e rapidez. O formato desses
dados pode ser visualizado na figura 18, que mostra a imagem de parte da malha viária do
Bairro Tupi com a localização dos endereços de porta, mapeados para carga de dados na base
geográfica do município. A coordenada de cada ponto de endereço foi captura em campo,
com o GPS e os dados foram lançados automaticamente na base. Isto permitiu a atualização e
da base de endereços de BH, mantida pela Prodabel.

FIGURA 18
Base de endereços da PBH
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005
65

FIGURA 19
Representação gráfica das passarelas, muros, viaduto, linha e estação Floramar,
cujos dados foram capturados com GPS.
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005

5.1.3 O geoprocessamento no gerenciamento fiscal

A prefeitura de BH utiliza o geoprocessamento para mapear atividades econômicas


segundo a sua potencialidade em determinadas regiões, podendo assim exercer uma melhor
fiscalização. (ver figura 20)
66

FIGURA 20
Mapa de atividade econômica
FONTE: Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, 2005

Juntamente com essas ações a PBH trabalha com seus parceiros na organização da
criminalidade da cidade.

5.1.4 Resultados da utilização do geoprocessamento e novas perspectivas14

Com tal acervo de informações em mãos, a Prefeitura de Belo Horizonte registrou


como resultado uma vasta gama de aplicações listadas a seguir:

Educação: o aplicativo geográfico permite determinar a escola mais adequada


para cada aluno da rede pública.

14
Conforme Relatório interno PBH. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br
67

Saúde: utilizando a base de endereços, os eixos dos logradouros, e todas as


informações socioeconômicas disponíveis, a Secretaria Municipal da Saúde
utiliza o geoprocessamento e desktop mapping para combater a mortalidade
infantil na cidade.
Saneamento: totalidade das redes de água e esgoto mapeadas no SIG, com
possibilidade de realização de análises de conectividade e estudos para
expansão.
Planejamento Urbano: os estudos para elaboração do Plano Diretor e para
construção do Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU), um importante
instrumento de acompanhamento e avaliação, foram apoiados pelo SIG.
Transportes e trânsito: conhece-se a localização de cada placa de trânsito e
cada semáforo, os sentidos de circulação, as conversões permitidas, os pontos
de parada e os itinerários de ônibus.

Além das aplicações listadas acima, cabe ressaltar que praticamente todos os órgãos da
PBH puderam se beneficiar do geoprocessamento, através de demandas específicas. Desta
forma foram utilizadas técnicas de geoprocessamento também em áreas como esportes, lazer,
cultura, desenvolvimento social, meio ambiente, indústria e comércio e regularização de
loteamentos clandestinos.

Ainda na época da implantação do geoprocessamento na PBH, foram propostos novos


projetos listados a seguir:

Coleta de lixo: desenvolvimento das aplicações para apoiar a operação da


coleta de lixo no município, incluindo, também as rotinas de coleta seletiva
, coleta especial, capina, varrição e manutenção de cestos de coleta em
áreas públicas.
Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo: apoio aos processos de
licenciamento de atividades, aprovação de projetos de construção e
parcelamento territorial.
Tributação: com a nova legislação de uso e ocupação do solo, deverão
ocorrer sensíveis mudanças na valorização dos imóveis em determinadas
regiões do município. A utilização do SIG e da base de dados geográficos
68

será de fundamental importância para que se consiga vencer esta fase de


transição sem maiores sobressaltos na arrecadação.
Atendimento de emergência: hoje é perfeitamente viável utilizar as
informações e os recursos de geoprocessamento no despacho de viaturas,
em especial as unidades de regate/pronto atendimento e do Corpo de
Bombeiros, dando um importante apoio logístico a estas atividades
essências.
Acesso público à informação: desenvolvimento de interface que permita o
acesso à base geográfica através da Internet, comercialização de
informações geográficas para uso profissional e organizacional, de modo
fortemente apoiado em um novo padrão de intercâmbio de informações
geográficas.

O incremento do nível de investimentos em geoprocessamento depende apenas da


percepção política da administração tem a respeito dos benefícios advindos do uso desta
tecnologia.

O projeto de geoprocessamento de Belo Horizonte solidifica o uso da informação


como ferramenta da administração pública, permitindo o uso adequado dos recursos do
município, inibindo os desvios de verbas por interesse pessoal ou eleitoreiro.

Reforça, também, a certeza de que a distribuição democrática da informação é


obrigação dos órgãos de informática pública, que devem não só liberá-los, como também criar
mecanismos de acesso, tornado-os disponíveis para todos os cidadãos. Esta postura favorece o
relacionamento do cidadão com os órgãos públicos e com o ambiente urbano.

5.2 Prefeitura de Curitiba

A Revista FATOR GIS (1997) publicou uma entrevista com o então prefeito de
Curitiba, Cássio Taniguchi, a respeito da implantação do geoprocessamento na prefeitura.

Segundo o prefeito a afirmação de que o geoprocessamento é uma das mais


importantes tecnologias para distribuição de informações se consolidou em Curitiba, na
medida em que com a implantação desta tecnologia, a prefeitura foi capaz de ampliar ao
cidadão o acesso as informações, diminuindo os inconvenientes causados pela procura, tempo
69

em filas e balcões, irritação pela informação inadequada e muitos contratempos. A


municipalidade pôde também acompanhar a opinião pública sobre a qualidade de seus
serviços.

Esta tecnologia também se afirmou como altamente produtiva e de significativos


ganhos com a ampliação de sua aplicação em outros setores, como nas Secretaria de
Urbanismo, Meio Ambiente, Saneamento, Obras e outras.

Ainda segundo o prefeito, a cultura do geoprocessamento deve se consolidar em todos


os níveis funcionais da Prefeitura de Curitiba, com integração de todas as áreas através de
treinamento e palestras que suportados tecnologicamente por softwares, equipamentos, rede
de comunicação e por equipe técnica especializada nesta tecnologia garantirão a implantação
de soluções informatizadas, que pela sua própria utilização e benefícios assegurará sua
continuidade.

Neste sentido é que o projeto de geoprocessamento para a prefeitura está definido


como solução completa.

Técnicos da prefeitura e cidadãos tem acesso a uma informação atualizada,


contextualizada e analisada para fazer um melhor planejamento de atividades sociais,
ambientais e de infra-estrutura no espaço urbano.

Um planejamento com base em informações técnicas e sociais seguras é fundamental


para elaborar políticas municipais adequadas.

O geoprocessamento como tecnologia de informação usa a informática como meio. Ou


seja, a informática é que parte do geoprocessamento. A informática no geoprocessamento
responde pelos principais aspectos de gerenciamento de informações, que são:
descentralização e acesso aos dados.

Os convênios da prefeitura com empresas de fornecimento de luz, telefone, água e


outros ajudam na formação da base cartográfica digital com a divisão dos gastos. Os
convênios são atraentes para todas as partes envolvidas, porque cada parte levanta dados de
sua área de atuação e a integra com os dados de outros parceiros, ficando responsável pela sua
manutenção.
70

A implantação de geoprocessamento não é inacessível aos municípios. É um


investimento do município em produção de informação que gera, por sua vez, um retorno
bastante rápido em termos de receitas e de políticas públicas.

As novas tecnologias de coleta e manuseio da informação espacial impactam a


gestão municipal, pois subsidiam o processo de tomada de decisão com informações
acuradas sobre o território. O Mix das tecnologias de Sensoriamento Remoto, GPS
(Global Positioning System), Levantamentos Aerofotográficos e Geoprocessamento
permitem a criação de Sistemas de Informações Espaciais, ambiente de respostas a
perguntas que envolvem o fator localização como variável primordial (LOBO:sd).

Segundo LOBO (2005), mesmo aquelas regiões mais difíceis de serem mapeadas,
através do geoprocessamento de imagens via satélite, passam a fazer parte do cadastro
imobiliário do município, se integrando ao sistema de arrecadação e podendo ser monitoradas
aumentando a arrecadação de tributos (figura 21).
71

FIGURA 21
Projeto de Integração do sistema de Administração de receitas ao controle
Espacial. Diagrama de contexto
FONTE: A Gestão Municipal e as novas tecnologias. LOBO, Mirna Cortopassi, sd. (2005)
72

5.3 Secretaria da Fazenda de Goiás

Em 1999 o DFIS (Departamento de Fiscalização) de Goiás, preocupado em


sistematizar o acompanhamento da produção agrícola, criou um grupo de especialista em
agronomia para monitorar as grandes áreas de plantio, principalmente o irrigado. Inicialmente
os trabalhos em 2000, o grupo constatou ser impossível, usando métodos tradicionais,
fiscalizar todo o contingente de produtores agrícolas cadastrados.

Isto suscitou estudos para solução do problema. Os estudo de SILVA, et al, tiveram
como objetivo geral, sistematizar o acompanhamento da produção do setor agrícola, que
representava cerca de 90% da arrecadação do ICMS.

Os objetivos específicos foram:

- Definir, através das ferramentas disponíveis do geoprocessamento, um SIG (Sistema


de Informações Geográficas) para obtenção de informações gerais e específicas sobre
produtores rurais inscritos no cadastro de contribuintes do Estado de Goiás, de interesse para a
fiscalização e arrecadação de tributos, tais como: inscrição da propriedade, nome do
proprietário, área da propriedade, área plantada, tipo de cultura plantada, volume da produção
e técnicas utilizadas;

- Identificar os limites das propriedades mais representativas do Estado na formação


do tributo sobre a produção agrícolas, com suas respectivas inscrições estaduais, por meio de
coordenadas geográficas e através da plotagem destes pontos nas imagens de satélite;

- Discriminar as culturas implantadas no terreno nas diversas épocas de plantio e


colheita, de acordo com o calendário agrícola de cada região, para numa etapa seguinte poder
exigir o tributo devido através do cruzamento de informações da DIR (Declaração de
Informações Rurais, documento interno da SEFAZ-GO, por meio do qual os produtores rurais
do Estado prestam informações acerca de suas atividades à Secretaria da Fazenda do Estado
de Goiás) com as imagens adquiridas;

- Usar como meio de aferição dos resultados a comparação do estado vegetativo das
lavouras observado na imagem de satélite e a produtividade média de cada cultura para as
diversas regiões do Estado;
73

- Desenvolver o monitoramento agrícola do Estado de Goiás, diferenciando o


potencial de desenvolvimento econômico das diversas regiões e suas respectivas aptidões
agrícolas, através da distinção dos diferentes níveis e emprego de tecnologias como:
maquinário novo e adequado às operações, conservação de solos por terraceamento e
irrigação;

- Criar um laboratório com banco de dados da produção agropecuária do Estado,


envolvendo a aptidão agrícola dos solos, com determinação dos tipos de solos e potencial
agrícola das regiões através da interpretação de imagens e levantamento de campo, para
servirem aos propósitos da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás;

- Interagir com órgãos nacionais e locais, de pesquisa, planejamento, estatística,


agricultura ou controladores e financiadores da safra da região, no sentido de troca de
informações (EMBRAPA, UFG, IBGE, SEAGRI, BANCO DO BRASIL etc.);

- Subsidiar projetos de investimentos do dinheiro público, tanto para regiões com


maior capacidade de geração de divisas quanto para regiões em processo de desenvolvimento
e totalmente carentes de infraestrutura para escoamento da produção, colaborando, assim,
para o aumento da arrecadação dos tributos estaduais e para o desenvolvimento econômico
das regiões menos favorecidas e com grande potencial agrícola ainda inexplorado.

Segundo CÂMARA e MEDEIROS (1996), o termo Geoprocessamento denota uma


disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o
tratamento de informações geográficas. A influência crescente dessa tecnologia em várias
áreas (Agricultura,Cartografia, Análise de Recursos Naturais etc.), principalmente em regiões
de grandes dimensões e com carência de informações adequadas para tomadas de decisão,
apresenta um enorme potencial no caso da SEFAZ-GO, fundamentalmente por permitir
monitorar um grande número de produtores com um custo relativamente baixo. Ainda
segundo os autores, os instrumentos computacionais do Geoprocessamento, chamados de
Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), permitem a realização de análises complexas ao
integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados.

A utilização de dados orbitais de Sensoriamento Remoto para o levantamento e


quantificação da ocupação agrícola de município, microrregião ou estado, dentre outros, tem-
se tornado frequente no Brasil nos últimos anos.
74

Este tipo de produto fornece informações atualizadas a um custo relativamente baixo


(ASSAD e SANO, 1998).

A operacionalização do monitoramento agrícola para fins de controle tributário em


Goiás se dará pelo acompanhamento da ocupação agrícola em nível de propriedade,
contribuinte do ICMS, pela quantificação e classificação das áreas plantadas e tipo da cultura
nessas propriedades, além da perspectiva da estimativa de produtividade das culturas. Citados
por ASSAD e SANO (1998), os trabalhos de Moreira (1990), que estimou as áreas plantadas
para milho e soja no Distrito Federal, utilizando imagens LANDSAT/TM, RUDORFF (1985),
que desenvolveu um ensaio metodológico para estimar a produtividade da cana-de-açúcar a
partir de imagens LANDSAT no Município de Lençóis Paulista (SP), e Assad (1987), que,
combinando modelos agroclimáticos e imagens de satélites meteorológicos METEOSAT e
NOAA, estimou a produtividade do milho em toda a região Centro-Norte do Senegal,
permitem deduzir que a atualização tecnológica e a compatibilizarão dos métodos então
desenvolvidos atendam os objetivos propostos pela SEFAZ-GO.

Nesse sentido, a extensão territorial estabelecida como objeto de controle


(determinadas regiões de Goiás, com o acompanhamento de apenas alguns produtores) em
conjunto com a associação das interpretações das imagens de satélite a um sistema de
informações geográficas (SIG), permitirá o acompanhamento visual e quantitativo da
evolução das áreas controladas. Um dos efeitos secundários esperados do monitoramento é a
possibilidade de descobrir outras áreas cultivadas, não controladas inicialmente, que possam
atrair o interesse da ação fiscal.

A viabilização do projeto apoia-se em uma estrutura com arquitetura mista: a


descentralização das tarefas de campo, como levantamentos de limites das propriedades,
identificação in situ de culturas, cálculo de áreas, de produtividade e a própria ação
fiscalizadora deverão ser realizadas por Regionais localizadas no interior do Estado, em áreas
de grande concentração da produção agrícola. Já a aquisição e registro de imagens, criação e
manutenção dos bancos de dados e de imagens, plotagem das propriedades, previsão de safras
e outras tarefas de caráter gerencial e com abrangência territorial estadual, deverão ser
realizadas por uma Central, localizada em Goiânia.

Serão necessários os seguintes passos:


75

I) Criação da Central

A aquisição e registro de imagens, digitalização dos limites das propriedades, criação e


manutenção dos banco de dados e de imagens, georreferenciados, alimentação das Regionais
com bases cartográficas prontas, previsão de safras e outras tarefas de caráter gerencial e com
abrangência territorial estadual, deverão ser realizadas por uma Central, localizada em
Goiânia.

II) Criação de Regionais

A produção agrícola no Estado de Goiás tem as fronteiras bem definidas, com sua
localização geográfica concentrada em 6 (seis) regiões de plantio, de sequeiro ou irrigado,
caracterizadas pela alta densidade de determinadas culturas: soja, milho, sorgo, arroz e
algodão, no caso de sequeiro, e feijão, tomate, batata, cevada, trigo e algodão, no caso das
irrigadas.

O interesse precípuo da SEFAZ para o monitoramento agrícola se aplica às culturas de


grãos, em primeiro lugar, e secundariamente, àquelas que apresentam alto índice de
sonegação fiscal. Exclui-se, nesse primeiro momento, o monitoramento de pastagens. Assim,
serão criadas 6 (seis) regionais para o monitoramento agrícola por Sensoriamento Remoto:
Catalão, Goiás, Luziânia e Morrinhos, todas com grande concentração de culturas irrigadas, e
Jataí e Rio Verde, com grandes áreas de culturas de sequeiro.

Uma vantagem operacional considerável é a possibilidade da Regional poder atender


solicitações específicas da Central e, inversamente, solicitar informações à Central.

A Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás chegou a conclusão sobre a eficiência da


utilização do geoprocessamento na eficiência da arrecadação:

O aumento vertiginoso da área plantada e da produtividade levou à constatação de


que o uso de tecnologias avançadas de monitoramento seria imprescindível para um
controle eficiente, que não se dessincronizasse com o real desempenho do segmento.
A escolha da tecnologia do Geoprocessamento, com a utilização do Sensoriamento
Remoto, que possibilita a observação simultânea de grandes áreas, surgiu como
alternativa inovadora e solução para a manutenção da sincronia entre produção e
arrecadação (SILVA, et al,2000:4).
76

5.4 Prefeitura de Petrópolis

FIGURA 22
FONTE: Adaptado da tese de mestrado de FRANCICO FILHO, 1999

O modelo apresentado acima por FRANCISCO FILHO (1999) apresenta uma direção
a seguir para uma integração consistente dos avanços tecnológicos atuais com os da cultura de
planejamento municipal.
77

A incapacidade administrativa dos municipais, uma das sequelas mais comuns, tem
sua gênese na estrutura política vigente no país, em que a figura do clientelismo, arraigada
culturalmente na sociedade brasileira, permite a ocupação desordenada de funções chaves nos
quadros administrativos por pessoas sem a mínima qualificação, emperrando todo o processo
deles dependentes.

O uso de tecnologias baseadas no geoprocessamento tem se mostrado um elemento


valioso na gestão de problemas que envolvam o território, na esfera governamental ou não.

Na proposição do trabalho foi usado como exemplo o município de Petrópolis,


observando-se suas características físicas, sociais e econômicas.

As grandes empresas, públicas e privadas, e os laboratórios vinculados a institutos de


pesquisa, têm gerado uma infinidade de sistemas geográficos de informação voltados para o
gerenciamento de dados territoriais e, junto com a popularização da informática, permitindo
que o uso dessas ferramentas esteja cada vez mais presente na vida de quem tem como ofício
a tomada de decisões.

O objetivo do trabalho de FRANCISCO FILHO foi de buscar e ordenar esses


caminhos, criando condições para que o município adote, implante e se utilize do
geoprocessamento como uma ferramenta auxiliar na gestão, colocando nas mãos do Prefeito,
instrumento adequado para que a tomada de decisão seja feita da maneira mais segura e
objetiva.

A adoção de uma nova tecnologia, no entanto, significa uma mudança na estrutura


organizacional: novas e diferentes habilidades se tornam mais importantes, baseando
procedimentos que se destacam nas unidades organizacionais, exigindo um treinamento
prévio do pessoal envolvido, tornando-o mais importante que o pessoal mais antigo.
(SUSSMAN, SUSAN; 1995)

A metodologia proposta no trabalho do autor, para implantação do Geoprocessamento


como apoio à gestão do município, estabelecerá outro módulo, denominado “componente
político” que, paralelamente ao módulo técnico, será responsável pela implantação do
processo em qualquer prefeitura, independente de sua condição, ambiente físico ou realidade
política. A estratégia para implantação de SIGs em administrações municipais brasileiras
proposta por FERRARI e NETO (1994), que estabelecem uma série de ações voltadas
78

especificamente para a implantação do Geoprocessamento no ambiente municipal, em três


fases distintas: persuasão, familiarização e globalização.

A fase de Persuasão tem como objetivo principal estabelecer meios de convencer o


staff envolvido na gestão municipal a experimentar o uso do Geoprocessamento como
ferramenta de auxílio. Para tanto é fundamental que se estabeleça um plano de aplicação a
uma área restrita, territorial e administrativa, no sentido de se estabelecer uma linha entre o
problema apresentado e sua solução através do uso da ferramenta proposta.

Segundo FERRARI e NETO esta fase deve compreender:

O diagnóstico de uma situação considerada inadequada;


A identificação de uma condição desejada, sob a qual surgiram claros
benefícios compatíveis com os objetivos da organização;
Previsão dos reflexos de tais benefícios nos âmbitos político e financeiro;
A identificação dos requisitos necessários para a concretização da evolução
desejada, incluído aqui os requisitos informacionais, e eventuais nas rotinas de
trabalho;
Elaboração de cenários alternativos para a implantação efetiva da proposta, um
dos quais incluindo um SGI. Devem ser previstas consequências operacionais e
custos de cada alternativa.

Esta fase está ligada diretamente ao módulo técnico, uma vez que depende de
equipamentos, softwares e pessoal capacitado para a identificação de um problema
representativo e a elaboração da proposta para resolução do mesmo, usando o
Geoprocessamento.

A fase de Familiarização busca difundir o uso da ferramenta estabelecendo uma


relação direta entre problema / resolução através de técnicas de abordagem gradativa de
situações reais que não tenham uma implicação extensiva, pois assim podem-se estabelecer
planos enxutos com soluções rápidas.
79

Ainda segundo FERRARI e NETO os objetivos para essa fase são:

Familiarizar gradualmente os usuários com SIGs e com novos métodos de


trabalho, capacitando-os para participar na concepção e uso de aplicações mais
complexas de SIGs, e treinando-os para participar sob novos métodos;
Aumentar o comprometimento de usuários e dirigentes sob novos métodos
com SIGs, diminuir resistências a mudanças, facilitar sustentação e o
crescimento do projeto;
Definir essas condições a todos os departamentos e instituições que compõem
a estrutura de administração municipal local.

A estrutura municipal é refratária a mudanças, e essa fase busca sedimentar a alteração


introduzida pelo uso do Geoprocessamento na instituição, quebrando a inércia existente,
estabelecida por uma rotina das funções que se desenvolvem por um longo período,

A fase de Globalização, segundo, FERRARI e NETO é estabelecer o


Geoprocessamento como uma ferramenta institucional, permeada pelos diversos órgãos que
compõem a administração municipal de forma integrada. Para tanto essa fase deve
compreender:

A identificação de necessidades setoriais de todas as unidades da administração


municipal, a partir da suposição de condições ideais de trabalho e
produtividade;
Concepção de um sistema integrado (mesmo com componentes distintos
homogêneos) envolvendo todas as unidades com interesses comuns.
Planejamento da base de dados integrada, do compartilhamento de
informações, e da distribuição de funções de atualização dessas informações;
Planejamento integrado também do processo de aquisição de dados;
Planejamento cronológico de execução das demais tarefas relacionadas à
implantação (como aquisição de produtos e contratação de serviços), baseado
em prioridades e na disponibilidade de recursos. A implantação propriamente
dita pode ocorrer de forma gradual, obviamente.

O termo globalização tem a conotação fortemente pregada nos dias de hoje, segundo
FRANCISO FILHO, mas está relacionado ao ambiente municipal, considerando sua
80

totalidade. Portanto o autor adotou o termo “integração”, pois é essa a condição final
desejada, que haja uma integração da ferramenta com seus usuários e que se estabeleça uma
rede onde os dados estejam estruturados de forma consistente, sem redundância, par que as
informações daí extraídas representem o elemento motor do sistema.

Este modelo proposto por FERRARI e NETO, é o “componente político” dentro da


metodologia deste trabalho, pois da mesma forma que não se pode pensar apenas no
componente técnico para a implantação do Geoprocessamento, o componente político deverá
estar ancorado numa série de processos consistentes para obtenção, entrada e tratamento dos
dados, sem os quais não haverá condições de persuadir o administrador e a instituição a adotar
o Geoprocessamento como ferramenta de planejamento e auxilio a gestão.

No componente técnico teremos os procedimentos diagnósticos que englobam os


levantamentos ambientais e as prospecções ambientais. No primeiro caso estão estabelecidas
as etapas de inventário, planimetrias, assinaturas e monitorias e no segundo as avaliações
ambientais diretas e as complexas. Os inventários se constituem numa etapa delicada para a
implantação de qualquer sistema de Geoprocessamento, pois aí reside a elaboração das bases
de dados gráficos e tubulares, envolvendo custos elevados por parte do município. A base de
dados gráficos (B.D.G) é representada pela cartografia , onde todas as entidades geográficas
deverão estar representadas e georreferenciadas. Essas entidades deverão agregar os dados
ambientais básicos, relativos aos componentes físicos, bióticos e socioeconômicos.

A base de dados tabular, ou BDC, já é mais conhecida pelos municípios, uma vez que
o IPTU se constitui numa fonte de arrecadação expressiva e, por conta disso, todo município
mantém um banco de dados com informações acerca dos contribuintes e, mesmo que não seja
digital, se constitui numa base tabular de grande importância, sendo facilmente agregada a
qualquer sistema de Geoprocessamento que se venha a adotar.

Neste trabalho de FRANCISCO FILHO foram analisadas três situações


problemáticas, nas quais o autor buscou trabalhar com situações crescentes que tinham como
abrangência uma pequena área urbana até o território do município. Cada caso foi tratado de
forma direta, buscando, se não uma solução, uma forma mais consistente de apoio à decisão.

No primeiro caso foi demonstrada a possibilidade de melhor gerir os recursos


disponíveis para uma atividade específica, a duplicação de um trecho de rodovia dentro da
81

área urbana. O uso das técnicas oriundas do Geoprocessamento forneceram todas as


possibilidades para que o município pudesse atingir o objetivo proposto obtendo o máximo de
rendimento com o mínimo possível de recursos.

No segundo caso foi demonstrada a possibilidade de se proceder a uma análise


consistente de uma situação que envolve diretamente o uso adequado da ocupação do solo.

No terceiro caso foi feita uma extrapolação dos métodos utilizados na aquisição e
tratamento dos dados para todo o município, mostrando a viabilização da metodologia, tanto
em uso restrito a pequenos ares como em todo o território. A geração de um Modelo Digital
de Terreno – MDT – a partir da base cartográfica digital possibilitou a elaboração do mapa de
declividades de todo o município e, a partir daí, uma série de avaliações quantitativas sobre a
ocorrência de faixas de declividades conforme estabelece a Lei de Uso, Parcelamento e
Ocupação do Solo – LUPOS – de Petrópolis.

Todo o processo observou o que estabeleceu a metodologia proposta, gerando


produtos que responderam a situações problemáticas específicas e crescentes, tendo em vista
que cada etapa deveria fornecer resultados concretos e que estes seriam o elemento de
persuasão para que houvesse o aceite do gestor e a integração gradual e crescente da
metodologia com a estrutura administrativa do município.

Segundo o autor certamente há um longo caminho a ser percorrido até que haja uma
integração consistente dos avanços tecnológicos atuais com os da cultura de planejamento
municipal. Se há uma direção a seguir, sem dúvida, ela encontra no Geoprocessamento uma
opção lógica e segura.

Ainda segundo o autor esse trabalho tratou da questão básica, onde a principal
preocupação foi absorção e uso de métodos baseados em Geoprocessamento como forma de
criar um processo cultural do uso dessa tecnologia. Cada etapa tem um vínculo com a
viabilização técnica de entrada e tratamento dos dados e com a persuasão do uso dessas
técnicas baseada em resultados concretos, ao alcance do administrador e da equipe técnica.

A evolução desse trabalho seria uma integração cada vez maior das ações
administrativas para que se alcance uma gestão inteligente do município, baseado em:
82

Quebra de Inércia Cultural do corpo administrativo municipal, com a adoção


de procedimento simples que ofereçam resultados imediatos;
Iniciar a implantação de qualquer procedimento baseado em
Geoprocessamento através da utilização de softwares amigáveis e que já seja
familiar ao corpo técnico;
Elaborar uma base de dados gráfica e tabular, que seja consistente e use da
forma mais extensa possível os dados disponíveis e familiares ao município, na
forma análoga e digital;
Iniciar aplicativos que, de preferência, incrementem a receita do município,
como a adoção de procedimentos automatizados para uma gestão mais
eficiente do cadastro técnico;
Ter uma equipe de vários profissionais envolvidos com o desenvolvimento do
sistema em áreas vitais para o município;
Procurar repassar os conhecimentos e a metodologia logo após a mesma ter
sido desenvolvida para o maior número possível de pessoas do corpo
administrativo;
Desenvolver sistemas que possam ser operados pela equipe técnica do
município, evitando adquirir soluções prontas de empresas ou institutos, que
demandem pessoal altamente especializado e exijam um volume muito grande
de dados iniciais;
Fazer das pequenas soluções um elemento de persuasão dos responsáveis pela
gestão através de uma ligação direta entre os problemas, as soluções e os
benefícios obtidos;
Implementar uma nova etapa somente após a anterior provar sua validade e
estar sedimentada como ferramenta familiar ao corpo técnico e administrativo;
Incentivar o maior número possível de pessoas da estrutura administrativa a
absorver o utilizar o Geoprocessamento na resolução dos problemas de sua
área de atuação;
Identificar os indivíduos mais aptos e interessados a fornecer treinamento
através de cursos em instituições que desenvolvam atividades com tecnologias
voltadas para o uso do Geoprocessamento;
Eliminar os velhos métodos de trabalho tão logo a nova metodologia for
implantada, não permitindo que haja possibilidades de volta ao processo
83

anterior por falhas que venham a ocorrer no novo processo. Se não há opção,
resolve-se o problema da forma mais rápida possível, caso contrário, sempre se
optará pela volta aos velhos métodos;
Manter convênios com instituições que se dediquem ao desenvolvimento e uso
do Geoprocessamento;
Manter atualizada a estrutura de suporte, principalmente os equipamentos
necessários à operação de todo o sistema, deslocando aqueles menos potentes
para as pontas, ou usuários finais, e inserindo os mais modernos no início,
junto aos desenvolvedores;
Finalmente, estabelecer uma estrutura piramidal, em que a capacitação dos
recursos humanos seja feita, enviando os técnicos mais qualificados para
cursos e treinamentos em instituições externas e que esses, ao voltar,
promovam treinamento do extrato imediatamente abaixo, numa corrente de
transmissão de conhecimento até que chegue ao usuário da ponta.
84

6 O CASO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS (PMMG)

Em setembro de 2004, através de uma visita às instalações, foi realizada uma


entrevista com o Adjunto de Estatística e Geoprocessamento do Comando de Policiamento da
Capital em Belo Horizonte. Ele participou de todo estudo e implantação do geoprocessamento
na PMMG.

Na entrevista, o informante falou sobre sua experiência na implantação deste projeto.


Depois, tentando estabelecer semelhanças no objetivo geral deste trabalho que é a verificação
da implementação do geoprocessamento par auxiliar na tomada de decisões da instituição e
também com enfoque nos objetivos específicos deste trabalho, foram feitas as perguntas
abaixo, no sentido de se obter maiores detalhes:

1. Como surgiu a necessidade de se implantar um sistema de gestão que oferecesse


ferramentas de acompanhamento e avaliação contínua dos direcionamentos
estratégicos da organização?

2. Quais foram os itens que direcionaram para o novo modelo de sistema de gestão?

3. Qual a tecnologia de informação escolhida para atender o novo sistema de gestão da


instituição?

4. Qual a expectativa da organização com relação a esse novo sistema de gestão com a
implantação do geoprocessamento?

As respostas do entrevistado resultaram no texto abaixo apresentado.

A necessidade de buscar e implantar um sistema de gestão que oferecesse ferramentas


de acompanhamento e avaliação contínua das atividades policiais surgiu da preocupação em
se fazer uma polícia eficiente / eficaz que se evidenciasse perante a sociedade pelos seus
métodos límpidos, transparentes, morais, profissionais e legais de “fazer polícia”, e pelos
resultados alcançados.

Os pilares de sustentação Ideológica da Polícia por Resultados foram: a regionalização


das atividades de Polícia Ostensiva, valorização das unidades básicas de policiamento e a
interação comunitária.

Baseado nestas premissas o planejamento e preparação da organização para


implantação do novo modelo de gestão destacou os seguintes itens:
85

Valorização das companhias:

Os melhores recursos humanos e logísticos foram alocados nas companhias;


As Unidades Especializadas potencializaram as de área com base nas
necessidades por elas traçadas.

Interação Comunitária:

A ação policial descentralizada viabiliza uma reação aos problemas locais em


função das peculiaridades de cada um;
A polícia aproxima-se mais da comunidade a que serve;

Regionalização:

Estabelecer programas e métodos que permitam diagnosticar o movimento e


comportamento da violência e criminalidade por regiões específicas;
Planejar e executar com maior especificidade e de acordo com as demandas
peculiares;
Avaliar de forma constante os resultados alcançados pelas ações e operações
policiais militares.
A célula básica de produção de segurança foi o espaço geográfico da
companhia;
As atividades de polícia ostensiva foram desencadeadas com um enfoque e
perspectiva local;
Os policiais militares passaram a compreender e solucionar os problemas onde
eles surgem;

Para atender estes princípios cada gerente de polícia ostensiva terá informações
precisas do que ocorre ou caracteriza o espaço geográfico de sua responsabilidade.

Com o objetivo de organizar e dispor no espaço urbano os serviços de proteção que


atendam a população, a Polícia Militar, numa forma de melhor gerenciar a criminalidade,
passou a utilizar-se de meios tecnológicos de informação desde o ano 2000, regionalizando as
atividades e estabelecendo programas e métodos que permitam diagnosticar o movimento da
violência e criminalidade em regiões específicas, permitindo um melhor planejamento das
86

operações policiais (Figura 23) em união com a PBH e a UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais).

FIGURA 23
Mapa de Hot Spots (Zonas quentes
FONTE: PMMG/CRISP apud PBH/Prodabel. Disponível em http://portal1.pbh.gov.br, jan / 2005
87

Como? Em que
mês?

Fatores
onde? objetivos Em que dia
da semana?

A que Existe um
horas? padrão?

Mapa temático com visualização das Zonas Quentes


de Criminalidade (ZQC)

FIGURA 24
Mapa temático de geoprocessamento da criminalidade e violência
FONTE: Polícia por resultados - uma nova forma de se fazer polícia. Apresentação em Power
Point. Agosto de 2002

Para conseguir resultados eficientes a Polícia Militar escolheu como tecnologia de


informação o geoprocessamento e os bancos de dados georreferenciados pela PBH,
alcançando uma otimização operacional e funcional dos órgãos; redefinição de um novo
modelo de “fazer polícia”; incorporação e compartilhamento de novas tecnologias; Sistema de
Gestão aberto; Integração (banco de dados, comunicações, tecnologias, procedimentos);
preservação, adaptação e integração dos sistemas existentes; desenvolvimento de novos
produtos e serviços; Utilização de Internet, mapeando ocorrências segundo pontos
selecionáveis (figura 24) por tipo de evento e periodicidade, através desses mapas ela sabe
onde estão as concentrações de cada tipo de atividade criminosa, além das variáveis
socioeconômicas relacionadas a esses lugares podendo assim desenvolver estratégias de
prevenção das ocorrências

Com este sistema a Polícia Militar objetiva uma união entre os órgãos específicos de
praticar justiça, com acompanhamento do ciclo policial e criminal pelo cidadão, localização
das viaturas; Monitoramento do evento – do atendimento à execução penal; Medidas de
emergência; Padronização de procedimentos; Centro de Análise Criminal (figura 25). Sendo
algumas aplicações:

a) Uso dos resultados obtidos para discussão com a comunidade;


88

b) Uso de imagens para apoiar a ação policial no local;


c) Comparação de resultados a dados sócio-econômicos;
d) Localização automática de viaturas integrada ao sistema de despacho;
e) Integração da ação de agentes públicos para o atendimento a emergências (polícia,
bombeiros, defesa civil, resgates, etc.

FIGURA 25
SISTEMA INTEGRADO DE DEFESA SOCIAL - SIDS
FONTE: Polícia por resultados - uma nova forma de se fazer polícia. Apresentação em
Power Point. Agosto de 2002

A indicação de endereços do banco de dados da PBH é o principal identificador


utilizado pela PMMG para a circunscrição de seus próprios dados no seu programa.

Além das entidades públicas acima citadas, de acordo com Alkimim (2004),
organizações como a Eletropaulo, TIM, Gás Natural, Relliant Energy, El Paso, entre outras,
também utilizam essa tecnologia.

“Qualquer corporação que gerencie um território é potencial usuária de GIS


Corporativo, inclusive órgãos públicos, como prefeituras e governos estaduais”,
explica Covre. Ele cita como exemplo uma cidade em que grande parte dos recursos
sociais provém do IPTU. "A utilização do GIS para o cadastro imobiliário e
mobiliário servirá para aprimorar o gerenciamento dos imóveis urbanos e
proporcionará um melhor conhecimento da cidade e de suas reais necessidades para
assegurar qualidade de vida aos moradores. (ALKIMIM,2004)
89

CONCLUSÃO

Visando a modernização das metodologias de gestão de ação fiscal e auditoria fiscal,


no corrente ano iniciaram-se os trabalhos de desenvolvimento de sistemas informatizados de
suporte do PAFE / Fiscalização. Uma das estratégias que tem a finalidade de alcançar os
objetivos globais da SEF é definir o modelo de Gestão de Recursos da Tecnologia da
Informação e dotar a SEF de uma base tecnológica moderna em constante e permanente
atualização.

Este trabalho é uma tentativa de estudar o ambiente informacional da SEF / MG,


visando sua missão institucional, como intuito de sugerir o geoprocessamento como uma nova
tecnologia para auxiliar no planejamento fiscal, com base nos estudos da evolução do
planejamento estratégico, com a ótica da ecologia da informação de DAVENPORT (1998).

Segundo TAVARES (2000), a gestão estratégica surgiu para implementar o


planejamento estratégico e que o modelo organizacional que deverá fazer face à sociedade da
informação, será baseado na coleta e tratamento da informação que terá maior impacto no
processo decisório.

O planejamento fiscal da SEF / MG é feito de forma centralizada configurando uma


burocracia mecanizada (BOWDITCH & BUONA, 1992). Assim, a proposta vem de encontro
com a formação de uma burocracia profissional caracterizada por decisões descentralizadas.

O tipo de planejamento que hoje a SEF / MG possui não atende as especificidades


regionais e muitas vezes a região deixa de trabalhar os problemas mais relevantes para poder
atender as metas fixadas pelo planejamento central. A descentralização do planejamento é a
proposta de descentralização de conhecimento, informações e ideias, portanto o
geoprocessamento é uma potente ferramenta tecnológica que pode viabilizar o estudo
regionalizado destas informações para dar suporte à tomada de decisões pelos coordenadores
regionais e delegados fiscais que poderão melhor pactuar o Acordo de Gerencial de Trabalho
com a Superintendência Regional que por sua vez terá informações mais precisas para o
Acordo Estadual de Metas, segundo o PAFE 2005.

Baseado no citado acima e nas afirmações de TAVARES, nas quais as consequências


da atual forma de gestão são entre outras: redução de supervisão, maior sincronia das áreas
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funcionais, maior importância à coordenação; a proposta do geoprocessamento sugere maior


participação dos coordenadores regionais na estruturação do planejamento fiscal para melhor
consideração das especificidades de cada regional.

Neste ponto é imprescindível se falar do correto selecionamento e treinamento dos


coordenadores e delegados fiscais que serão os líderes de cada regional e que promoverão a
gestão do conhecimento e da informação em suas unidades. São eles que farão o
questionamento em suas unidades de “se é isso mesmo que deveríamos estar fazendo” voltado
para a eficácia. Este questionamento será o feedback necessário para adequação dos projetos
centrais da instituição.

A regionalização é um ponto fundamental para escolha do geoprocessamento. A SEF /


MG fez o primeiro estudo de regionalização em 1997 (FRANÇA et al) e vem atualizando e
modificando este modelo conforme a influência sócia política econômica cultural. A questão
do regionalismo foi enfatizada pela Polícia Militar de Minas Gerais como um dos fatores que
influenciaram na escolha do geoprocessamento para atender os objetivos da instituição.

A ideia das informações dos contribuintes trabalhadas regionalmente através do


geoprocessamento vem de encontro a ideia de governar a informação na forma favorita de
DAVENPORT, que é o federalismo, com ênfase em administração informacional local
valorizando o particularismo informacional.

O regionalismo também traz a ideia da criação do conhecimento e gerenciamento do


mesmo, que segundo NONAKA e TAUKEUCHI, que propuseram o Modelo de Conversão do
Conhecimento, deve ter a participação de todos para a conversão do conhecimento tácito em
explícito e vice-versa. EVANGELISTA JR corroborando com a ideia, afirma a interligação da
gestão do conhecimento com a gestão da informação pelo processo de gerar valor a partir do
ativo intelectual que cada organização possui.

A conversão do conhecimento com a participação de todos os funcionários do


planejamento fiscal cria a ideia de cultura organizacional que começa com comportamentos
individuais, geram procedimentos grupais, que por sua vez geram os organizacionais.

Segundo os autores KANTER e CHAPARRO, as principais inovações nas


organizações, muitas vezes estão relacionadas às decisões e não aos produtos.
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Além disso, a PMMG conseguiu alcançar a eficiência do planejamento de suas ações


com o uso do geoprocessamento e destacou o alcance da eficácia com o objetivo da união dos
órgãos específicos de praticar justiça com a apresentação do SIDS – Sistema Integrado de
Defesa Social. O alcance da eficácia, segundo TAVARES (2000) é consequência da
implantação de um modelo organizacional que faz face à sociedade da informação e que tem
maior impacto no processo decisório da instituição.

Não só a PMMG, como as prefeituras apresentaram a importância dos convênios com


outras instituições para implementação do geoprocessamento em suas unidades. Os convênios
promovem a redução de custos para implementação do mesmo e propiciam trocas de
informação de interesse para cada unidade.

As prefeituras citadas neste trabalho utilizaram, de maneira efetiva, o


geoprocessamento para aumentar a arrecadação do município com informações mais precisas
e possibilidades infinitas de planejamento das ações de fiscalização.

Conforme visto a Prefeitura de Belo Horizonte e de Curitiba expandiram a aplicação


do geoprocessamento para outros setores no sentido da gestão inteligente de seus recursos.

No caso da Secretaria de Estado de Goiás, os estudo de SILVA et al mostram de


maneira efetiva que o geoprocessamento surgiu como uma alternativa inovadora e solução
para manutenção da sincronia entre produção e arrecadação.

Os estudos de FRANCISCO FILHO na Prefeitura de Petrópolis apresentaram o


geoprocessamento como direção a seguir para integração dos avanços tecnológicos com os da
cultura de planejamento municipal. Segundo o autor, o componente político apresentado no
trabalho se baseia na proposta de FERRARI e NETO deve ter tanta importância quanto o
componente técnico para apresentação do geoprocessamento para auxílio na tomada de
decisões pelos dirigentes da organização.

Este trabalho é uma tentativa de realizar a primeira fase do componente político


proposto por FERRARI e NETO, que é a fase de persuasão, a qual tem como objetivo
principal estabelecer meios de convencer a Alta Administração a experimentar o uso do
geoprocessamento como ferramenta de auxílio ao planejamento fiscal; diagnosticando os
problemas do planejamento centralizado, apresentando casos que conseguiram mudanças no
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âmbito político e financeiro com a implantação desta ferramenta e a previsão destas mesmas
mudanças para a instituição estudada.

Com relação ao componente técnico, que segundo DAVENPORT é denominado


arquitetura do sistema, foi relatado neste trabalho que a SEF / MG já teve contato com esta
tecnologia e já havia começado os primeiros trabalhos com esta ferramenta, porém por
motivos não divulgados, não houve continuidade aos trabalhos, talvez por não ter visualizado
o alcance do uso desta tecnologia.

Além de auxiliar no planejamento fiscal da instituição, esta tecnologia poderá ser


utilizada também para avaliação de outras receitas como IPVA, ITCD, TFJ, Taxa de Incêndio;
subsidiar ações do Núcleo de Trânsito que poderá programar melhor sua atuação no trânsito
de mercadorias e diligências com informações precisas de focos regionais de sonegação ou
outras informações resultantes do cruzamento das mesmas proporcionadas pelo
geoprocessamento; estreitamento de parceria com órgãos que já realizou trabalhos, como
PROCON, IMA, IBAMA, ANVISA E ANP e outros que por sua atividade tem relação direta
com a SEF como a Junta Comercial, Receita Federal, Ministério Público, PMMG e outros.
Com ajuda do geoprocessamento poderão ser feitos vários cruzamentos de informações,
mapas temáticos, relatórios, apresentações que poderão auxiliar o planejamento da instituição
e a troca de informações com todas as outras instituições que tenham interesse direto com os
dados levantados dos contribuintes, de determinadas regiões, etc.

Os trabalhos de DPI e GEOMINAS confirmam que o geoprocessamento está se


firmando como uma ferramenta inovadora da coleta, tratamento, manutenção e troca de
informações nos órgãos públicos que os colocam na era da Gestão Estratégica, com ênfase na
informação, no conhecimento como recurso crítico, na integração das pessoas e processos da
organização e na flexibilidade.

Esta é a proposta para a Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais; estar no


patamar da Sociedade da Informação, utilizando a tecnologia à serviço da justiça social para
promoção de Estado Tributário de Direito, através da Gestão Inteligente de recursos.
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