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FACULDADE MARIA MILZA

BACHARELADO EM ODONTOLOGIA

LILIA SILVA DE MORAES

MATERIAIS ODONTOLÓGICOS

CRUZ DAS ALMAS – BA


2017
1. CIMENTO DE FOSFATO DE ZINCO

O fosfato de zinco é o mais antigo dos agentes cimentantes e, como tal, é


o que mais foi pesquisado ao longo do tempo. Ele serve como padrão em relação
aos novos sistemas, quando se trata de fazer uma comparação. O cimento de
fosfato de zinco é apresentado na forma de pó e líquido, em dois recipientes
separados.

1.1. Composição

Os principais componentes do pó são o óxido de zinco (90%) e o óxido de


magnésio (10%). O líquido é essencialmente ácido fosfórico, água, fosfato de
alumínio e, em alguns casos, o fosfato de zinco. A quantidade de água presente é
um fator para o controle da ionização do líquido e constitui um componente
importante, uma vez que ela influencia a velocidade e o tipo de reação pó/líquido.
Quando o pó é misturado com o líquido, o ácido fosfórico ataca a superfície das
partículas de óxido de zinco, dissolvendo-as e liberando íons de zinco para o
líquido. O alumínio, que forma um complexo com o ácido fosfórico, reage com o
zinco, produzindo um gel de fosfato de alumínio e zinco sobre a superfície da
porção remanescente das partículas.

1.2. Tempo de trabalho e presa

O tempo de trabalho é o tempo medido desde o início da espatulação, quando a


viscosidade da mistura é tal que ela pode fluir rapidamente sob pressão, de modo a
formar uma película fina. Por outro lado, o tempo de presa significa que a formação
da matriz atingiu um ponto onde distúrbios físicos externos não causarão alterações
dimensionais permanentes. Ele pode ser medido com uma agulha de Gillmore
menor, sendo definido como o tempo que vai desde o início da manipulação até o
momento em que a agulha não mais penetra na superfície e ele varia de 5 a 9
minutos. É este o tempo em que o excesso de cimento deve ser removido das
margens da restauração. Alguns fatores interferem nesse tempo de presa do
material, como a relação de pó e líquido, a velocidade de incorporação do pó ao
líquido, tempo de espatulação e a temperatura da placa de manipulação

1.3. Vantagens e desvantagens

As vantagens principais dos cimentos de fosfato de zinco são que eles podem ser
misturados facilmente e que eles formam uma massa relativamente forte a partir de
uma massa de consistência fluida. Porém, desvantagens distintas do cimento de
fosfato de zinco incluem irritação de polpa, falta de ação anti-bacteriana,
fragilidade, falta de adesão, e solubilidade em fluidos orais.
2. CIMENTOS DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL

Estes cimentos são normalmente apresentados na forma de um pó e um líquido,


ou algumas vezes como duas pastas. Uma grande variedade de formulações de
óxido de zinco e eugenol está disponível para uso como restaurações temporárias e
intermediárias, como forradores cavitários, como bases para isolamento térmico e
para cimentação temporária. Eles também podem ser utilizados para a obturação de
canais radiculares e como cimentos periodontais. Apresentando um pH de
aproximadamente 7, no momento em que está sendo inserido no dente. Sendo
assim, é um dos menos irritantes entre todos os materiais dentários, além de
proporcionar um excelente selamento contra a microinfiltração.

2.1. Composição
Os principais componentes dos cimentos são o óxido de zinco e o eugenol.
Materiais comerciais podem conter quantias pequenas de cargas, como a sílica.
Aproximadamente 1% de sais de zinco, como acetato ou sulfato, podem estar
presentes para acelerar a presa. Um por cento ou menos de álcool ou ácido acético
pode estar presente no líquido para acelerar a presa junto com quantias pequenas de
água, que é essencial à reação de presa.
Há um outro tipo de cimento de óxido de zinco que é chamado de
reforçado.Estes têm sido baseados em dois sistemas. Um deles é o da adição de
alumina ao pó e o ácido ortoetoxibenzóico ao líquido do eugenol. O segundo é
baseado no uso de um polímero. O pó consiste de óxido de zinco com 10% a 40% e
resinas naturais ou sintéticas junto com aceleradores. O líquido é eugenol que pode
conter resinas também dissolvidas e aceleradores como ácido acético, além de
agentes antimicrobianos como timol ou 8-hidroxiquinolina.

2.2. Manipulação

Para cada indicação, uma consistência do material deve ser obtida. Quando o
material será colocado como restauração temporária, ele deve apresentar um aspecto de
“massa de vidraceiro”. Assim, será mais fácil a aplicação no preparo cavitário, as
propriedades físicas e mecânicas serão melhores e o efeito obtundente sobre a polpa
será o mais favorável. O óxido de zinco é lentamente molhado pelo eugenol; então, é
necessária espatulação prolongada e vigorosa, especialmente para uma mistura grossa.
Uma relação pó/líquido de 3:1 ou 4:1 deve ser usada para um máximo de resistência.

2.3. Vantagens e desvantagens

A vantagem principal destes materiais é o suave e obtundente efeito deles nos


tecidos da polpa, junto com a boa habilidade de selamento e resistência à penetração
marginal. E apresenta como desvantagens a baixa resistência, solubilidade e
desintegração em fluidos orais, e pouca ação anticariogênica.
3. CIMENTOS DE IONÔMERO DE VIDRO

Ionômero de vidro é o nome genérico de um grupo de materiais que usam pó de


vidro de silicato e uma solução aquosa de ácido poliacrílico, que contém grupos
carboxílicos. Estes materiais foram formulados nos anos 70 reunindo propriedades
dos cimentos de silicato e de policarboxilato. O uso de um pó de vidro que reage ao
ácido junto com solução ácida poliacrílica conduz a um cimento translúcido, mais
forte que pode ser usado para cimentação e restauração.

3.1. Aplicações

Cimentos de ionômero de vidro são usados para a cimentação de fundições


metálicas, restaurações de porcelana e bandas ortodônticas; como forramento de
cavidade ou materiais de base; como materiais restauradores, especialmente para lesões
de erosão e como materiais para a construção de núcleos de preenchimentos.

3.2. Classificação
Os cimentos de ionômero de vidro podem ser classificados quanto à sua natureza
em 3 categorias principais:

 Convencionais: composto de pó de partículas vítreas e líquido de ácidos


polialcenóicos.
 Reforçados por metais: constituído de líquido semelhante ao dos
ionômeros convencionais e pó composto de mistura convencional com
partículas de liga de amálgama ou partículas de ligas de prata
sinterizadas com as partículas de vidro.
 Modificados por resina: parte do líquido do ácido polialcenóico é
substituído por hidroxietil metacrilato. Esses materiais podem apresentar
duas ou três presas.

Uma outra classificação sugerida por TAY & LINCH (1989) divide os cimentos
de ionômero de vidro em 4 grandes grupos:

Tipo Função
Tipo I Cimentação
A Restaurador sem reforço
Tipo II B Restaurador com reforço

A Proteção Pulpar (quimicamente ativados)


Tipo III B Selante de fóssulas e fissuras

A Proteção Pulpar (resino-modificados e


fotopolimerizáveis)
Tipo IV B Restauradores (resino-modificados e
fotopolimerizáveis)
3.3. Propriedades

Para os materiais de cimentação, o tempo de presa é em torno de 6 a 9 minutos.


Os materiais de forramento em 4 a 5 minutos, e os materiais restauradores em 3 a 4
minutos. Os materiais de forramento têm resistências à compressão e à tração na mesma
intensidade que alguns materiais fotopolimerizáveis Os materiais fotopolimerizáveis são
significativamente mais duros em algumas marcas, com um módulo mais baixo.

3.4. Manipulação

O material deve ser proporcionado cuidadosamente e os componentes recém


dispensados aglutinados rapidamente em 45 segundos a 1 minuto. A relação pó/líquido
3:1 em peso (1 porção de pó para 1 gota do líquido) para os tipos convencionais de
cimento de ionômero de vidro. Melhores resultados são obtidos misturando o pó
resfriado com o líquido em uma placa de vidro resfriada. A mistura para forramento é
um pouco mais viscosa, dependendo da marca. A mistura restauradora deve ter uma
consistência de massa e uma superfície lustrosa. As superfícies do dente devem estar
limpas e devem estar livres de saliva mas não devem estar desidratadas. As superfícies
da restauração devem estar livres de resíduos e contaminação. O cimento endurece
lentamente e deve ser protegido de perda ou ganho de umidade quando endurecido
clinicamente.

3.5. Vantagens e desvantagens

As vantagens dos cimentos de ionômero de vidro incluem manipulação fácil,


alta resistência e dureza, liberação de fluoreto, boa resistência à dissolução ácida,
características potencialmente adesivas, e translucência. As desvantagens incluem
colocação inicial lenta e sensibilidade à umidade, pouca diversidade de cores para
materiais restauradores e possível sensibilidade pulpar.

4. CIMENTOS DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

Tem sido reconhecido há muito tempo o valor do hidróxido de cálcio como um


material protetor da polpa que facilita a formação de dentina reparadora. Esta ação
parece ser largamente atribuível a seu pH alcalino e conseqüente efeito
antibacteriano. Embora vários materiais a base de hidróxido de cálcio estarem
disponíveis, a manipulação deles não é fácil e os filmes depois da presa tendem a
rachar.

4.1. Aplicações

Este material é usado como um forrador de cavidades profundas, para limpeza


de cavidades, capeamento pulpar e para cimentação provisória.

4.2. Formas de apresentação

Os cimentos de hidróxido de cálcio podem ser apresentados comercialmente em


diversas formas:
 Pó ou Pasta: Normalmente na característica de pró-análise, quando
misturado com água destilada em pequena quantidade, até obter-se uma
pasta, pode ser utilizada nos casos de proteção pulpar direta para
diminuir o sangramento.
 Solução: Obtida pela mistura de 10g de pó de hidróxido de cálcio pa
(pró-análise) em 200 mL de água destilada. Após a mistura, o pó é
decantado no fundo do vidro e, para sua utilização, não de deve agitar o
frasco. Utilizada para limpeza de cavidades.
 Suspensão: Obtida pela mistura de pó de hidróxido de cálcio em
metilcelulose. Esta é uma mistura mais viscosa e deve ser utilizada para o
forramento de cavidades médias e em casos de proteção pulpar direta.
 Pasta/Pasta: Utilizada para casos de proteção pulpar indireta em casos
de cavidades médias a profundas. Uma pasta contém o hidróxido de
cálcio e é chamada de pasta base. A outra, tem os componentes que vão
interagir com o anterior produzindo uma reação de presa e conseqüente
endurecimento da mistura. Esta é chamada de pasta catalisadora.

4.3. Manipulação

Para a manipulação desse sistema, as pastas devem ser dispensadas em pequenas


quantidades, em comprimentos iguais. São misturados com espátula 22,
rapidamente, até obter uma cor uniforme. Devem ser aplicados em pequena
espessura no fundo da cavidade e deve-se aguardar a presa final do material para a
colocação do material restaurador sobre o material protetor. Caso contrário, o
material de forramento será deslocado e perderá sua finalidade, devido à sua
fragilidade .

4.4. Vantagens e desvantagens

As vantagens destes materiais incluem a manipulação fácil, presa rápida em


camadas finas, boas características de selamento, e efeitos benéficos em dentina cariosa
e polpas expostas. As desvantagens são que eles mostram baixa resistência até mesmo
quando completamente endurecidos, exibem deformação plástica, são fracos à
exposição à umidade e, sob condições ácidas dissolve-se ocorrendo infiltração marginal.
Os dados em propriedades físicas e experiência clínica sugerem que sejam requeridas
melhorias adicionais nestes materiais antes que eles possam ser utilizados como o
forrador de cavidades exclusivo em preparos cavitários profundos.
PASSO A PASSO

 CIMENTO FOSFATO DE ZINCO

1. Instrumentais Utilizados:
 Bloco de Espatulação
 Espátula 24

2. Proporção Pó/Líquido:

Para cimentação: 1 medida de pó menor e 4 gotas de líquido

3. Técnica de Manipulação:
 Distribuir o pó sobre a placa e dar-lhe a forma retangular
 Dividir o pó como mostra o esquema:

6ª Porção 4ª Porção
¼ ¼
15 seg 15 seg

5ª Porção 3ª Porção 2ª Porção


¼ 1/8 1/16
15 seg 10 seg 10 seg

1ª Porção
1/16
10 seg

 Colocar o líquido necessário ao lado das porções menores (1/16)


 Iniciar a espatulação misturando as porções pela ordem indicada na figura
acima.
 Observar o tempo de espatulação para cada porção
 Continuar a mistura espatulando a massa com movimentos circulares da face da
espátula, ocupando grande área do bloco
 Tempo de espatulação total: 1 minuto e 30 segundos
 Consistência final: A massa, para cimentação, deve apresentar-se na viscosidade
de “fio”.

 ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL

1. Instrumentais Utilizados:
 Bloco de manipulação
 Espátula 24
 Hollemback 3S

2. Proporção Pó/Líquido: De acordo com a finalidade de uso.

 3 gotas de líquido e uma quantidade de pó que seja adequada para a obtenção


da consistência desejada

3. Técnica de Manipulação:

 Iniciar a mistura incorporando pequenas porções de pó ao líquido


 Continuar a mistura espatulando a massa com movimentos circulares da
face da espátula
 Consistência final: Massa semelhante à “massa de vidraceiro”, sendo que
seja possível rolar a massa sobre a placa de vidro sem aderência à placa.

 IONÔMERO DE VIDRO

1. Instrumentais Utilizados:
 Bloco de manipulação
 Espátula 22
 Espátulas Thompson para inserção de resina composta

2. Proporção Pó/Líquido: Recomendado pelo fabricante

 1 porção de pó para 1 gota de líquido.

3. Técnica de Manipulação:
 O cimento não é espatulado. É aglutinado.
 Proporcionar o pó e o líquido e dividir o pó ao meio
 Iniciar a manipulação pela incorporação de metade do pó ao líquido com
espátula 22.
 Aglutinar as partículas do pó ao líquido, produzindo o “molhamento” do pó.
Não imprimir força à espátula nem espatular o material.
 Continuar a manipulação pela incorporação do restante do pó.
 Tempo de manipulação: 45 segundos a 1 minuto

 HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

1. Instrumentais Utilizados
 Bloco de manipulação fornecido pelo fabricante
 Espátula 22
 Aplicador de hidróxido de cálcio

2. Proporção pasta/pasta: Quantidades iguais


3. Técnica de Manipulação:
 Depositar no bloco de espatulação quantidades iguais da pasta base e da
pasta catalisadora
 Misturar as duas pastas por 10 segundos com espátula 22

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