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11
Um Esboço Fenômeno-Estrutural
1,
94
m
m
GUILHERME PERES MESSAS
Psicopatologia eTransformação
Um Esboço Fenômen(}-Estrutural
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Casa do Psicólogos
© 2004 Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda.
É proibida a reprodução tota.l ou parcial desta publicação, para qualquer
fina lidade, sem autorização por escrito dos editores.
J" edição
2004
Editores
lngo Bernd Giintert e Myriam China/li
Assistente Editorial
Sheila Cardoso da Silva
Capa
William Eduardo Nahme
Revisão
Adriane Schirmer
Bibliografia.
ISBN 85-7396-3 19-0
04-3!!14 CDD-150.1
Índices pa•·a catálogo sistemático:
I . Psicopatologia e transfom1ação: Psicologia 150. I
Impresso no Brasil
Printed in Bra=il
Filiações críticas
"A divisão entre dois grandes grupos de fenômenos patoló-
gicos, os processos e os desenvolvimentos, mostra a importân-
cia que Jaspers conferiu à dimensão evolutiva, temporal, da
patologia psíquica". Situando assim em Jaspers o momento
metodológico inaugural do paradigma da transformação em
Guilbtrmt Pucs Mcssas 11
[. . .]
Terapêutica do interespaço
À lu z dos corolários que Messas extrai do círcu lo
hermenêutica j as periano, pudemos te ntar esboçar o modo co m
que nosso autor subverte o paradigma científico de Aristóteles ao
considerar o indi vi dual único não somente objeto de ciência, mas,
bem mai que isso, motor primordial da ciência c·embrião e
aríete,.) - posição cuja centralidade é patenteada a mancheias.
Por exemplo:
Messas re ponde:
Eugeoe Minkowski
0 EIXO DA ESfABUJDADE
Cada instinto atua sobre o psiquismo sustentado por uma base dinâ-
mica de oposições:
Referências
1
Jaspers, K. Psicopatología General. Fondo de Cultura
Económica. Mexico, 1993.
~ Associação Psiquiátrica Americana. Critérios Diagnós ficos do
DSM-IV. Referência Rápida. Editora Artes Médicas. Porto Ale-
gre, 1995.
3
KendelJ R, Cooper J, Gourlay A, Copeland J, Sharpe L ,
Gurland B . Diagnostic criteria of american and british
psychiatrists. Are h Gen Psychiatry (25), p. 123-1 30, 197 I. A
partir deste artigo, no qual demonstrou-se a. consi tentes dife-
renças na realização do ato diagnóstico entre americanos e ingle-
ses, iniciaram-se esforços de universalização de critérios.
Guilhcrm~ Pues Mruas 73
4
Messas G. Análise do papel do polimorfismo Bal f (Ser9GI;~
do gene do receptor dopaminérgico subtipo 3 (DRD3) na de-
pendência de cocaína. Tese (doutorado). Faculdade de Meclicina
da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2001. Na introdução
desta tese apresentamos os diferentes papéis sugeridos para o
polimorfismo deste receptor.
s Kinney D, Holzman P, Jacobsen B, Jansson L, Faber B,
Hildebrand W, KaseJI TI, ZimbaJi t M. Thought disorder in
schizophrenic and control adoptees and their relatives. A.rch
Gen Psychiatry (54), p. 475-479, 1997.
6 Wahlberg K-E, Wynne L, Oja H, Keskitalo P, Pykalainen L, Lahti
I, Moring J, Naarala M, Sorri A , Seitamaa M, Uisky K., Kolassa J,
Tienrai P. Gene-environment interaction in lhe vulnerability to
schizophrenia: findings Jrom the .flnnish adoptive family study
of schizophrenia. Am J Psychiatry (I 54), p. 355-362, 1997.
7
Knoblich G, Faustman W, Zarcone V, Curtis D, Stewart S,
Mefford I, King R. fncreased CSF HVA with craving in
long-term abstinent cocaine abusers. Biol Psychiatry (32),
p. 96-100, 1992.
8
Krueger R. The structure of common mental disorders. Arch
Gen Psychiatry, (56), p. 921-926, 1999.
9
Svrakic N, Svrakic O, Cloninger R. A general quantitative
theory of personality development: fundamentais of a self-
organizing psychobiological complex. Development and
Psychopathology, (8), p. 247-72, J996.
10
Lain-Entralgo P. La Medicina Hipocrática. Alianza Editorial.
Madrid, 1987.
11 Jaspers K. op. cit. p. 743-780.
12
Idem, p. 753-754.
13
Idem, p. 37.
14
Idem, p. 772.
74 Psioopatologia eTransformação: um Esboço Fenômeno-Estrutural
15
Associação Psiquiátrica Americana. Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais. Texto revisado. 4a edição.
Artmed. São Paulo. 2002.
1
6 Jaspers K. op. cit. p. 361.
17
Idem, p. 383.
18
Idem, p. 384.
19
Idem, ibidem.
20 Idem, ibidem.
SEGUNDA PARTE
Guilherme Pao: Mews 77
Referência
1
Minkowski E. Traité de Psychopatologie. PUF, Paris, 1966.
Guilherme Peres Mesw 79
Referências
1Minkowski E. Le temps vécu. PUF, 1995. A frase citada situa-se
na página 216.
2A citação de Viktor von Weizsacker, assim como uma análise de
seus fundamentos, está pre ente na página 142 de: Mishara A. A
Phenomenologica/ Critique of Commonsensical Assumplions in
DSM-111-R, in Sadler J, Wiggins O. and Schwatz M. Philosophical
Perspectives on Psychiatric Dignostic Classification. The Johns
Hopkins University Press. Baltimore, 1994.
122 Psullj»Lolopa eTransformação: um Esboço Ftn61!1(oo-futruturtl
desta escolha possa ser afirmada e que, por fim, outras ancoragens
poderiam ser escolhidas. E, com modéstia, observar que não tere-
mos explicação para a constatação de que haja uma completude e
uma incompletude habitando nossas pesquisas, a todo o momento e
por toda parte.
Estas dificuldades, entretanto, não colocam óbice intransponíveis
ao desenvolvimento do bom pensamento investigativo. Pelo contrá-
rio, fustigam-lhe para o mergulho nas complexidades da realidade
móvel. Deveremos, assim, retomar a análise dupla que acabamos de
encerrar. Pesquisaremos a consciência desde um ângulo da
interpessoalidade, redescobrindo-a como consciência. Igualmente,
reconvocaremos o movimento para, renovado pela interpessoalidade,
desvelar recônditos insuspeitos e novas obscuridades. Com uma di-
ferença. Centrados na interpessoalidade, toparemos freqüentemente
com zonas de interdigitação entre os dois campos estudados. A
interpessoalidade, como nova síntese, não mais permite que cons-
ciência e movimento sejam reciprocamente impermeáveis. Pelo olhar
da interpes oalidade descobriremos a delgada película permeável que
separa os dois compartimentos, apenas aparentemente isolados.
Característica iniludível da realidade móvel que uma totalidade nova,
ao emergir, crie um diálogo onde antes havia silêncio.
lnterpessoalidade e Consciência
A consciência é, por definição, uma experiência do "para si".
Capacidade de identificar-se consigo mesma, a consciência reconhe-
ce-se como portadora ou receptora de objetos que possuem uma vali-
dade à medida que se dirigem a ela. Unificada por uma totalidade
mínima têmporo-espacio-vital, consubstanciada no eu consciente, a
consciência é unitária por excelência. Um fechamento em si mesmo
com uma ampla fronte de abertura para o mundo definiria também a
consciência. Deste modo, consciência e indivíduo obrepõem-se. In-
concebível uma consciência sã sem a idéia de indivíduo e, igualmente,
um indivíduo são desprovido de consciência. A integridade do indiví-
duo, empiricamente óbvia, faz pensar a composição arquitetônica da
consciência como um tecido inconsútil, completo ontologicamente, e
Guilherme Peres Mesw 147
lnterpessoalidade e Movimento
A interpessoalidade investe-se de uma função ainda mais rele-
vante no que concerne ao estudo do movimento psíquico. Esta im-
portância central foi por nós anunciada ao iniciarmos a investigação
do movimento. Naquele momento, havíamo sustentado a in-
dis ociabilidade do movimento à interpessoalidade, remetendo a uma
análise posterior mais detida, já que àquela altura apenas o movi-
mento psíquico em seus princípios nos interessava. É chegada a hora
Guilherme Peres Messas 155
Referências
Jaspers K. op. cit. p. 30.
Goldstein K. La structure de I 'organisnze. Gallimard, 1983.
Idem. p. 21-22.
4
Minkowski E. Le temps vécu. Esta noção se encontra de-
senvolvida entre as páginas 207 e 254.
Goldstein K. op. cit. p. 313.
6
Idem. p. 21.
7
Idem. p. 23-24.
Na avareza,
marcado pela
"(. ..) sua fixidez, sua irredutibilidade, sua cronicidade ( ..) •os.
Em ambas as condições, a incapacidade para a transformação,
para o fluir das formas, para a renovação e geração de conteúdos.
Nesta análi e magistral (lamentavelmente de pouca influência sobre
as gerações de psicopatoJogistas que lhe sucederam), Minkowsld
interessa-se primordialmente pela imobilização formal da con ciên-
cia, entendendo a emergência de conteúdo como secundárias à
anquilo e fundamental As alterações por imobilização (preferi-
mos o termo alteração ao transtorno, utilizado por Minkowsld, em
virtude das acepções que este acabou por receber, e que examina-
mos na primeira parte deste Livro) compreenderiam, portanto, as ob-
servações p icopatológicas da ausência de movimentação e tran -
formação, variando a presença ponderaJ de elementos da consciên-
cia ou da interconsciência.
As alterações por enrijecimento não excluem a movimentação,
não obstruem as metamorfose da consciência e interconsciência Sua
nocividade re ide pontualmente na perda da plasticidade da campo i-
ção trinária. A consciência move-se, projeta- e na interconsciência,
condensa novo conteúdos sem, no entanto, a fluidez natural destas ope-
rações. Como se a cada nova emergência de um conteúdo houvesse
uma excessiva Lração da arquitetônica da consciência. perigosamente
recrutando elementos desnecessários à geração daquele conteúdo e apro-
ximando-se de efetivas imobilizações. Talvez o exemplo mai ilustrativo
dessa perda de plasticidade venha dos quadro endógenos motivado
Guilherme Peres Messas 187
Referências
Minkowski E. Traité. p. 706-729.
2 Idemp. 706.
3 Idem p. 710-71 I.
4
Idem p. 718.
Idem p. 720.
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J.
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ISBN 85-7396-319-Q
GUILHERME PERES MESSAS
m essas@netpoint.c om.br
A históri• d• psicop•tologi> é •
sucessão da busca por paradigmas.
D esde suas primeiras formulações
nos moldes contemporâneos, em fins
do século :xiX. até a composição dos
manuais diagnóticos e estatísticos
presentes em inícios deste século, o
que temos assistido é mais a um
embate entre uma diversidade de
paradigmas do que a um linear avanço
por meio de posições consensuais.