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séculos XIX e XX, Mario Perniola aborda no livro “Do Sentir” questões sobre como é/está
O livro “Do Sentir” está dividido em três partes quais organizam as ideias do já
sentido (I), de uma arqueologia do sentir (II) e do fazer-se sentir (III). Durante tais
passagens podemos citar que a relevância da reflexão está principalmente nos conceitos
de: forma, vida, sujeito, indivíduo, estética, sentir, sentimento, comum, arrebatamento,
filosofia Kantiana) um modo de sentir ocidental, percebe-se que o plano qual o autor traz a
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Pesquisadora, bailarina e educadora. Doutoranda em Artes Cênicas pelo PPGAC – USP, mestre em Dança
pelo PPGD – Programa de Pós-Graduação em dança, UFBA – Universidade Federal da Bahia e graduada em
Dança pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná.
discussão é o da aisthesis2, afirmando que vivemos numa época estética em que o poder
Jaques Rancière3, é um sistema das formas a priori que vão determinando o que se dá a
sentir. Em “Do Sentir” a estética orienta-se “não por ter uma relação privilegiada e directa
com as artes, mas mais essencialmente porque o seu campo estratégico não é cognitivo,
É nessa direção que o autor abre a discussão em torno do sentir e já pontua como
ele foi transformado em “já sentido”: na sensologia, em razão de operar por meio do que
comum construído, mas se faz em operar a partir de a prioris dados com efeito de
próprios do sentir, não podem serem aceitos como forma de sentir na “época da
podemos entender como a busca pela forma em detrimento de uma forma resultante de
buscas.
É como se a primeira experiência do sentir fosse deslocada para fora de nós, para
aquilo que reflectimos, tateamos, ecoamos, enquanto para nós estaria reservado um
sentir substituto (PERNIOLA, 1993). Este modo de sentir apresenta passado e futuro com
2
Estética: palavra que vem do grego "aisthesis" que significa faculdade de sentir ou compreensão pelos
sentidos.
3
RANCIÈRE, Jaques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: Editora 34, 2009.
caráter de já sentido, daquilo que já conhecemos os modos de funcionamento e
possibilidades de sensações.
pensar em virar o espelho em diferentes direções e ver à nossa frente ou nosso rastro do
como o sentir externo ao indivíduo, como reflexo de algo exterior que vem em direção ao
Ponty4 que: o sentir não é o pensar sobre o sentir. E como Perniola salienta:
que o livro parece revelar, o sublime (Kantiano)5 e paganismo seriam escapes para o
(já sentido). Esse modo de sentir, nos faz abrir portas e cruzar pontes para se acessar
novos caminhos que lidam com as noções de união e separação juntas; tal qual já
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DREYFUS, H. L. The Current Relevance of Merleau-Ponty’s Phenomenology of Embodiment. In: MARZANO,
Michela (org.). Dicionário do Corpo. São Paulo: Edições Loyola, 2012 (p. 39-41).
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“Para Kant a validade universal e necessária do sentimento de sublime não necessita de legitimação, porque
é fundada a priori na natureza humana: ao contrário do gosto do belo.” (PERNIOLA, 1993, p.78)
refletimos na ideia de partilha do sensível: uma partilha é sempre uma união e uma
divisão.
No que data o século XVII, o sentir não está no indivíduo, mas sim no corpo
conversa, Perniola enfatiza o sentir privado, advindo do sentir que vem de dentro: a
paixão. Enquanto em Gracián nasce o sentir mundano que vem de fora em forma de
arrebatamento.
Apesar das colocações feitas pelo autor no sentido de evidenciar uma tentativa de
querer unir estas entidades, percebe-se como o filósofo estava antes as vendo como
meridional em seu transe. Mas como nos alerta Perniola, estes dois topos funcionam
revogar o sentir sensológico, mesmo embora pensar e sentir nem sempre sejam
atividades opostas para aqueles que nos transmitiram, em grande parte o conhecimento
filosófico – os gregos.
simultâneo, acolhendo o que vem de fora. Ao que parece, este texto vem nos trazer a
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“Não nos devemos deixar arrebatar pelo impulso exterior e devemos reflectir com tempo e deixar que o
repouso acalme completamente a emoção!” (PERNIOLA, 1993, p. 94).