Você está na página 1de 7

56 Qualidade da água utilizada em indústrias...

QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA EM INDÚSTRIAS DE


ALIMENTOS LOCALIZADAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

GASPAR DIAS MONTEIRO RAMOS1


ARLENE GASPAR2
CARLOS ALBERTO GUERRA3
VANESSA REGINA SILVA CHAGAS4

1. Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Departamento de Tecnologia de Alimentos, IT, UFRuralRJ. BR 465,
Km 07 – DTA – IT – Campus Universitário – Seropédica – RJ - 23890-000. E-mail: gaspardias@ufrrj.br.
2. Professora Dra. do Departamento de Tecnologia de Alimentos, IT, UFRuralRJ. BR 465, Km 07 – DTA – IT – Campus
Universitário – Seropédica – RJ - 23890-000. E-mail: arlene@ufrrj.br.
3. Eng. de Alimentos, Departamento de Tecnologia de Alimentos, IT, UFRuralRJ. Avenida k, nº 241 - Boa Esperança –
Seropédica – RJ - 28850-000. E-mail: carlos_rural@hotmail.com.
4. Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Departamento de Tecnologia de Alimentos, IT, UFRuralRJ. BR 465,
Km 07 – DTA – IT – Campus Universitário – Seropédica – RJ - 23890-000. E-mail: vaneschagas@yahoo.com.br.

RESUMO: RAMOS, G.D.M.; GUERRA, C.A.; CHAGAS, V.R.S.; GASPAR, A. Qualidade da água utilizada
em indústrias de alimentos localizadas no Estado do Rio de Janeiro. Revista Universidade Rural:
Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 27, n. 1, p. 56-62, jan.-jun., 2007. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a qualidade físico-química e microbiológica da água distribuída pela rede de distribuição
pública às indústrias de produção de alimentos de origem animal, visando atender aos padrões determinados
pelo RIISPOA no artigo 62 (BRASIL, 1997) e comparar aos padrões determinados pela Portaria nº 518 da
ANVISA (BRASIL, 2004). Em relação aos parâmetros físico-químicos e microbiológicos, baseado no
RIISPOA, apenas 6,7% das amostras atendiam a esta legislação, sendo a maioria reprovada principalmente
quanto aos teores de sulfato e cloro residual livre (CRL). Comparando os parâmetros acima com os da
ANVISA 58,3% das amostras atendiam a esta legislação, entretanto, o item que mais contribuiu para a
reprovação das amostras foi o teor de CRL e em relação ao teor de sulfato nenhuma amostra foi reprovada.
Palavras-chave: qualidade; sulfato; água; cloro residual livre.

ABSTRACT: RAMOS, G.D.M.; GUERRA, C.A.; CHAGAS, V.R.S.; GASPAR, A. Quality of the water
used in food industries localized in the Rio de Janeiro State. Revista Universidade Rural: Série
Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 27, n. 1, p. 56-62, jan.-jun., 2007. The aim of this work was
to evaluate the physiochemical and microbiologic quality of the water distributed by the public distribution
system to the industries for the production of the food animal origin, taking care of the standards of
RIISPOA, artigo 62 (BRASIL, 1997) and to compare to the standards of ANVISA, Portaria nº 518 (BRAZIL,
2004). According to RIISPOA in relation to the physiochemical and microbiologic parameters only 6,7% of
the samples were approved, being the most of the samples were reproved for the sulfate and free
residual chlorine levels. According to ANVISA (BRAZIL, 2004), 58,3 % of the samples were approved in
relation to of these parameters, however, the most of the samples were reproved in relation to the f ree
residual chlorine levels, in relation to the sulfate levels no sample was reproved.
Key words: quality; sulfate; water; free residual chlorine.

INTRODUÇÃO Agência Nacional de Vigilância Sanitária -


ANVISA (BRASIL, 2004) para água de
A água é essencial aos seres vivos e é consumo e pelo art. 62 do Regulamento
utilizada para inúmeras finalidades. Em da Inspeção Industrial e Sanitária de
função de seu uso, deve apresentar Produtos de Origem Animal (RIISPOA)
determinadas características, como para águas de indústria de produtos de
potabilidade, que é definida através de um origem animal (BRASIL, 1997).
conjunt o de parâmetros e padrões A água é um dos principais
estabelecidos pela Portaria n o 518 da componentes nas operações industriais

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.
RAMOS, G.D.M.; et al. 57

de alimentos. É usada como veículo para usado no tratamento. Das 280 toneladas
aquecimento, resfriamento, limpeza e diárias, passa-se para 840 toneladas. Se
sanificação de equipamentos e áreas de o rio Guandu fosse tecnicamente limpo, a
processo, como ingrediente ou veículo quantidade de sulf ato de alumí nio
para incorporar outros ingredientes às necessário seria de apenas 28 toneladas
formulações (PALUMBO et al, 1997). por dia (TRIGUEIRO, 2003).
São considerados critérios de Em água de abastecimento público,
qualidade de água os aspectos físico- substâncias como o cloro gasoso,
químicos e microbiológicos. hipoclorito de sódio e hipoclorito de cálcio
Segundo o RIISPOA a água das têm sido largamente utilizadas no
indústrias deve ser incolor, de sabor processo de desinfecção. O que tem
próprio agradável e sem cheiro, e com contribuído para o controle das doenças
aspecto límpido sem partículas em de origem hídrica e das toxinfecções
suspensão (BRASIL, 1997). A água pura ali mentares de origem microbi ana
não produz sensação de odor ou sabor (MACÊDO, 2004).
aos sentidos humanos. Os produtos que Em relação à qualidade microbiológica,
conferem odor ou sabor à água são a água pode atuar como veículo de
usualmente origi nados de matéria transmissão de agentes patogênicos e
orgânica ou da atividade biológica de deterioradores, constituindo um risco à
microrganismos, ou ainda de fontes qualidade do alimento e à saúde do
industriais de poluição (MACÊDO, 2004). consumidor (ANDRADE & MACÊDO,
O pH é outro parâmetro importante na 1996; MACÊDO, 2004).
qualidade de água, pois águas com O presente trabalho objetivou avaliar
valores baixos de pH tendem a ser a quali dade f ísi co-química e
corrosiva, o que acarretaria danos aos microbiológica da água distribuída pela
equipamentos, enquanto águas com valor rede de distribuição pública às indústrias
elev ado de pH tendem a f ormar de produção de alimentos de origem
incrustações o que na indústria poderá animal, visando atender aos padrões
acarretar danos em caldei ras (DI determinados pelo RIISPOA no artigo 62
BERNARDO et al, 2002). (BRASIL, 1997) e comparar aos padrões
As águas duras constituem sérios determinados pela Portaria nº 518 da
ônus, pelos transtornos que causam aos ANVISA (BRASIL, 2004).
produtos e equipamentos. Os sais de
cálcio e magnésio tendem a formar
incrustações, provocando deterioração de MATERIAL E MÉTODOS
equipamentos, perda da eficiência na
transmissão de calor em caldeiras As amostras de água foram coletadas
(ANDRADE & MACÊDO , 1996; nas indústrias, seguindo os
MACÊDO, 2004). procedimentos de coletas determinados
Os sulfatos têm interesse sanitário pelo Laboratório Nacional de Referência
para águas de abastecimento público por Animal – LANARA (BRASIL, 1981).
sua ação laxativa, como o sulfato de Coletou-se 60 amostras de água que
magnésio e o de sódio. Os Sulfatos de representaram 16,7% do Sul Fluminense,
cálcio e magnésio têm importância quanto 31,7% do Grande Rio, 51,6% da cidade
à promoção da dureza (MACÊDO, 2004). do Rio de Janeiro. Em relação a rede
Nos dias de chuva forte, a estação de distribuidora 3,3% foram distribuídas pela
tratamento do Guandu - Companhia ESAMUR (Empresa de Saneamento do
Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) Município de Resende), 6,7% pela SAAE
triplica a quantidade de sulfato de alumínio (Serviço Autônomo de Água e Esgoto),

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.
58 Qualidade da água utilizada em indústrias...

85,0% pela CEDAE, 5,0% por Águas de Quanto ao aspecto, observou-se que
Niterói. 16,7% das amostras estavam límpidas,
Foram realizadas análises físico- entretanto apresentavam partículas em
químicas referentes à cor, sabor, odor, suspensão. Essas partículas podem ser
aspecto, pH, sólidos totais e sulfato por f alta de limpeza adequada nos
segundo metodologia da American Public reservatórios de água das indústrias que
Health Association (APHA, 1998). As manipulam al iment os, bem como
análises de dureza, cloretos, matéria tubulações inadequadas.
orgânica seguiram metodologias do Em relação ao pH 1,7% das amostras
LANARA (BRASIL, 1981). Para estavam abaixo de seis (6,0), fora da faixa
determinação do teor de cloro residual recomendada que varia de seis (6,0) a
livre (CRL) foi utilizado um Kit da Merck, nove e meio (9,5) (BRASIL, 2004). Em
Microquant cloro livre (0 – 15 mg/L), indústrias que utilizam caldeiras o controle
colorimétrico, Código - artigo 1149760001, do pH é de extrema importância, pois
Alemanha. Foram realizadas análises de valores baixos de pH poderão ao longo
NMP (Núm eros Mais Prov áv el) de do tempo prov ocar corrosões que
coliformes a 35C e a 45C, e contagem prejudicaria seu funcionamento e podendo
de bactérias heterotróficas aeróbias até causar acidentes mais sérios, como
mesófilas, segundo a APHA, 1998. explosões.
Os produtos clorados são agentes
sanitizantes utilizados nas águas para
RESULTADOS E DISCUSSÃO garantir sua qualidade microbiológica,
requerendo um teor mínimo em CRL para
Os percentuai s de amost ras garantir essa segurança. A falta ou a baixa
reprovadas quanto aos parâmetros físico- concentração do mesmo poderia acarretar
químicos estão demonstrados na Tabela crescimento e contaminação microbiana
1. aos produtos, equipamentos e utensílios.
Um percentual de 35,0% das amostras foi
Tabela 1. Percentual das amostras reprovado por apresentar teor zero ou
reprovadas quanto aos parâmetros físico- abaixo da concentração mínima exigida
químicos baseando-se no RIISPOA. pelo art. 62 do RIISPOA (BRASIL, 1997)
que é de 0,5 a 1,0 ppm de CRL, e 31,7%
Amostras das amostras foram reprovadas por
Análises
reprovadas (%) excesso de CRL. Dependendo do uso a
qual a água se destina, é aconselhável
Aspecto 16,7
concentrações acima da faixa de 1 ppm,
Odor e Sabor 0 sem que, no entanto, acarrete problemas,
Cor 0 pois essa água pode ser destinada a
higienização das áreas de processo,
pH 1,7
equipamentos e utensílios.
Sólidos Totais 0 Apenas 1,7% das amostras foram
Cloro Residual Livre 66,7 reprovadas quanto ao teor de matéria
Matéria Orgânica 1,7 orgânica. Teores elevados de matéria
orgânica nas águas podem ser oriundo de
Dureza 0 reservatórios que não são lav ados
Cloreto 0 f reqüentemente, ou mesmo mal
Sulfato 81,7 tampados.
Quanto aos parâmetros de dureza e
cloretos todas as amostras atenderam a

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.
RAMOS, G.D.M.; et al. 59

legislação, entretanto, 5,0% das amostras O teor de sulfato tem muita influência
apresentaram dureza moderada. De na maioria das amostras reprovadas
acordo com a classificação da água em quando se compara ás legislações da
função dos níveis de dureza: água mole ANVISA (Portaria nº 518) e do CONAMA
com teores < 50 mg de CaCO3/ L; água (Resolução nº 357), visto que, a maioria
de dureza moderada com teores entre 50 das indústrias de pequeno porte utiliza
e 150 mg de CaCO3/ L; água dura com água f orneci da pelas empresas
teores entre 150 e 300 mg de CaCO3/ L e distribuidoras que são fiscalizadas pela
água muito dura com teores > 300 mg de ANVISA e tem seus parâmetros por ela
CaCO3/ L (MACÊDO, 2004). det erminados, e estes dif erem
O art. 62 do RIISPOA preconiza que o significativamente dos parâmetros do
grau de dureza deve ser inferior a 20 graus RII SPOA, sendo necessário essas
franceses (BRASIL, 1997), que representa indústrias implementarem sistemas de
200 mg de CaCO3/L de H2O, permitindo, tratamento adequados, o que muitas
no entanto, águas com dureza moderada vezes não seria viável para as indústrias
e alta serem aprovadas. De acordo com de pequeno porte.
Macêdo (2004), águas com sais de cálcio Observou-se que quanto ao teor de
e magnésio, causadores da dureza, são dureza o RIISPOA preconiza um teor
responsáveis pelos maiores problemas de acima do citado pela literatura em relação
incrust ação, e as pri ncipais à água classi f icada com o mol e a
conseqüências dessas incrustações são: moderadamente dura. Entretanto, o teor
dificuldade na transferência de calor, pois estabelecido para sulfato ficou em limites
a condutividade térmica dos depósitos muito abaixo do preconizado pelas
minerais é muito baixa; superaquecimento legislações nacionais, visto que esse
de tubulações, com possibilidade de parâmetro não se torna critico em níveis
rompimento; perda de rendimento de até 250ppm.
combustível; ataque cáustico; restrição de Os coliformes fazem parte do grupo de
f luxos de água; m aior custo na microrganismos indicadores da qualidade
manutenção e risco de explosão de microbiológi ca da água e m ais
caldeiras. recentemente de alimentos. O grupo
Quanto ao teor de sulfato 81,7% das coliforme é formado por um número de
amostras não atendiam ao art 62 do bactérias que inclui os gêneros Klebsiella,
RIISPOA, que prevê um teor máximo de Escherichia, Citrobacter e Enterobacter.
10mg/L, entretanto a Portaria nº 518 da Todas as bactérias coliformes estão
ANVISA e a Resolução nº 357 do associadas com as fezes de animais de
Conselho Nacional de Meio Ambiente – sangue quente e com o solo (CETESB,
CONAMA prevêem um teor de 250mg/l. 2007).
Essas águas estão em conformidade com O uso das bactéri as colif ormes
a legislação da ANVISA quanto aos termotolerantes (coliformes a 45ºC –
padrões de potabilidade para água de “fecais”) para indicar poluição sanitária
consumo. Não a uma justificativa maior mostra-se mais significativo que o uso das
para que o RIISPOA preconize teores de bactérias coliformes a 35ºC – “totais”,
sulfato tão baixo. Provavelmente esse fato porque as bactérias fecais estão restritas
se deve pelo uso excessivo de sulfato de ao trato intestinal de animais de sangue
Alumínio. O sulfato de alumínio é utilizado quente (CETESB, 2007).
no tratament o químico das águas, A pesquisa de coliformes a 35ºC
entretanto, essas estão cada vez mais assume importância como parâmetro
turvas devido à poluição dos rios. indicador da possibilidade de existir
microorganismos patogênicos, os quais

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.
60 Qualidade da água utilizada em indústrias...

são responsáveis pela transmissão de conjunto os parâmetros microbiológicos


doenças de veiculação hídrica, tais como representaram 10,0% das amostras
febre tifóide, febre paratifóide, desinteria reprov adas, sendo que estas não
bacilar e cólera (CETESB, 2007), e com continham CRL ou estavam abaixo do
a provável existência de microrganismos lim ite m ínimo, dem onstrando sua
potencialmente deteriorantes de alimentos importância para a qualidade da água.
(FRANCO & LANDGRAF, 2003). O cloro tem sido utilizado em processo
A contagem padrão em placas (PCA) de sanificação da água, contribuindo para
é comumente empregada para indicar a o controle de microrganismos patógenos
qualidade sanitária dos alimentos e da e deteriorantes, minimizando o risco de
água. Mesmo que os patógenos estejam contaminação dos alimentos através da
ausentes, um número el ev ado de água adicionada nas formulações, dos
microrganismos pode promov er a equipamentos e utensílios (MACÊDO,
deterioração de alimentos (FRANCO & 2004).
LANDGRAF, 2003). Em relação a todos os parâmetros
Os percentuai s de amost ras f ísico-quími cos e microbiológicos,
reprovadas quanto aos parâmetros baseando-se no RIISPOA (BRASIL,
microbiológicos estão demonstrados na 1997), apenas 6,7% das amost ras
Tabela 2. estavam dentro dos parâmetros legais,
sendo que a m aiori a não atendia
Tabela 2. Percentual das amostras principalmente quanto aos parâmetros de
reprovadas quanto aos parâmetros sulf ato e CRL. Se, porém , f ossem
microbiológicos baseando-se no baseados nos parâmetros da ANVISA
RIISPOA. (BRASIL, 2004), 58,3% das amostras
estariam dentro dos padrões legais, sendo
Amostras
Análises que a maioria das reprov ações f oi
reprovadas (%) principalmente quanto aos teores de CRL
Coliformes a 35ºC 5,0 que é preconizado em 0,2 a 2,0 ppm.
A Tabela 3 apresenta o percentual das
Coliformes a 45ºC 1,7
a
amostras aprovadas relacionadas a região
PCA 6,7 na qual as indústrias se localizavam
a
Contagem padrão em plac as de bac térias baseando-se no RIISPOA e na ANVISA.
heterotróficas aeróbias mesófilas.
Tabela 3. Percentual das amostras
O grupo de microorganismos avaliados aprovadas correlacionando as regiões
são indicadores das condições higiênica onde as indústrias se localizavam.
e sanitária. Podemos observar que 5,0%
Amostras Amostras
das amostras foram reprovadas por
apresentarem crescimento de coliformes Região Aprovadas Aprovadas
a 35ºC; 1,7% apresentaram crescimento RIISPOA (%) ANVISA (%)
de coliformes a 45ºC e 6,7% crescimento Sul
de bactérias heterotróficas aeróbias 0 8,3
Fluminense
mesóf ilas. Esses parâmetros são
Grande Rio 1,7 18,3
importantes para indicar a qualidade
higiênica e sanitária da água, pois a Cidade do
mesma entra em contado direto ou Rio de 5,0 31,7
indireto com os alimentos, podendo se Janeiro
tornar um v eículo de contaminação
microbiana. Quando observados em

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.
RAMOS, G.D.M.; et al. 61

Baseando-se no RIISPOA, do total de CONCLUSÕES


6,7% das amostras aprovadas, 1,7%
foram coletadas na região do Grande Rio O teor de sulfato estabelecido pelo
e 5,0% na cidade do Rio de janeiro. RIISPOA apresenta-se muito inferior aos
Baseando-se na ANVISA das 58,3% das demais legislações como o CONAMA
amostras aprov adas, 8, 3% f oram e a ANVISA.
coletadas em indústrias situadas no Sul Há necessidade de se fazer uma
Fluminense, 18,3% no Grande Rio e avaliação mais abrangente quanto aos
31,7% na cidade do Rio de Janeiro. teores de sulfato nas águas utilizadas
A Tabela 4 apresenta o percentual das pelas indústrias, bem como seus efeitos
amostras aprovadas em relação à rede deletérios, para que o Ministério da
distribuidora de água baseando-se no Agricultura possa se embasar e rever esse
RIISPOA e ANVISA. parâmetro.
Quanto ao teor de CRL o RIISPOA,
Tabela 4. Percentual das amostras sem prejuízo a qualidade da água, poderia
aprovadas em relação à rede distribuidora aumentar seu limite superior de maneira
das águas. que este não conflitasse com o teor
preconizado pelo ANVISA.
Amostras Amostras
Quanto à dureza da água o limite
Rede Aprovadas Aprovadas determinado pelo RIISPOA pode ser
Distribuidora RIISPOA ANVISA considerado elevado, pois permite a
(%) (%)
utilização de água dura na indústria.

ESAMUR 0 1,7
SAAE 0 6,7 AGRADECIMENTOS
CEDAE 5,0 48,3
Os autores agradecem a W ilson
Águas de Pereira de Andrade (in memorian) e Ediná
1,7 1,7
Niterói Rodrigues ambos técnicos do
Departamento de Tecnologia de Alimentos
- IT - UFRuralRJ pela colaboração nas
Baseando-se no RIISPOA 1,7% das análises da água.
amostras aprovadas provinham da rede
de distribuição Águas de Niterói e 5,0%
da CEDAE. Baseando-se na ANVISA APOIO E AUXÍLIO FINANCEIRO
1,7% prov inham da distribuidora
ESAMUR; 6,7% da SAAE; 48,3% da Bol sas de Ini ciação Ci entíf ica
CEDAE e 1,7% de Águas de Niterói. concedida pelo CNPq / UFRuralRJ
Apesar de representar somente 6,7% do (PIBIC).
total das amostras analisadas, a rede Este trabalho foi realizado em parceria
distribuidora SAAE foi a única que obteve com o Laboratório Analítico de Alimentos
todas as suas amostras aprovadas nos e Bebi das – LAAB-Rural, e com a
parâmet ros f ísico-quí micos e Secretaria de Estado de Agricultura,
microbiológicos estabelecidos pela Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento
ANVISA. do Interior (Superintendência de Defesa
Sanitária – Serviço de Inspeção Estadual).

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.
62 Qualidade da água utilizada em indústrias...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Resolução CONAMA nº 357, de


17 de março de 2005, Dispõe sobre a
ANDRADE, N.J.; MACÊDO, J.A.B. classificação dos corpos de água e
Higienização na Indústria de Alimentos. diretri zes ambientai s para o seu
São Paulo: Varela, 1996. 182p. enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de
AMERICAN PUBLI C HEALTH efluentes, e dá outras providências. Diário
ASSOCIATION. Microbiologi cal Oficial da República Federativa do Brasil.
Examination. In: Standard Methods for the Brasília, DF, 04 mai. 2005.
Examination of Water and Wastewater. 20
ed. APHA, AWWA, WEF, Washington, CETESB - Companhia de Tecnologia de
1998. Saneamento Ambiental do Estado de São
Paulo. Variáveis de qualidade das águas.
BRASIL. LABORATÓRIO NACIONAL DE Disponí v el em: < http://
REF ERÊNCIA ANI MAL (LANARA). www.ceteb.sp.gov.br/agua/rios/variaveis>.
Métodos analíticos oficiais para controle Acesso em: 26 jun. 2007.
de produtos de origem animal e seus
ingredientes. v. II, Métodos físicos e DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO, A.;
químicos. Brasília, DF, 1981. CENTURIONE FILHO, P. L. Ensaios de
tratabilidade de água e dos resíduos
BRASIL, Ministério da Agricultura, do gerados em estações de tratamento de
Abastecimento – Secretaria Nacional de água. São Carlos: RiMa, 2002. 237p.
defesa Agropecuária. Regulamento da
Inspeção Industri al e Sani tária de FRANCO, D.G. M.; LANDG RAF, M.
Produtos de Origem Animal (Aprovado Microbiologia dos Alimentos. São Paulo:
pelo Decreto nº 30.691, de 29-03-52, Atheneu, 2003. 182p.
alterado pelos Decretos nºs 1.255 de 25-
06-62, 1.236 de 02-09-94, nº 1.812 de 08- MACÊDO, J.A.B. Águas & Águas. 2. ed.
02-96 e nº 2.244 de 05-06-97). DIPOA – Juiz de Fora: Ortofarma, 2004, 977p.
MAPA, Brasília, DF, 1997, 241p.
PALUMBO, S.A.; RAJKOWSKI, K.T.;
BRASIL. Portaria ANVISA nº 518, de 25 MULLER, A.J. Current approaches for
de março de 2004, Estabelece os reconditioning process water and its use
procedimentos e responsabilidades in food manufacturing operations. Trends
relativas ao controle e vigilância da in food Science &Technology, v.8, p. 69-
qualidade da água para consumo humano 74, 1997.
e seu padrão de potabilidade e dá outras
providências. Portaria no 518 de. Diário TRIGUEIRO, A. A química da água.
Oficial da República Federativa do Brasil. Publicado no Jornal o Globo em 6 de maio
Brasília, DF, 26 mar. 2004. de 2003, Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://www.recicloteca.org.br/agua/trig-
quim.htm>. Acesso em: 22 mar. 2007.

Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, n. 1, jan.-jun., 2007. p. 56-62.

Você também pode gostar