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Elementos acidentais dos negócios Jurídicos

Conceito, Natureza e importância da estipulação condicional

As noções de condição suspensiva e de condição resolutiva constam no artigo 270 subordinação


pelas partes a um acontecimento futuro e incerto, ou de produção dos efeitos do negócio jurídico
(condição suspensiva) ou da resolução dos mesmos efeitos (condição resolutiva).

Natureza da estipulação condicional: trata se de uma vontade hipotética, embora actual e


efectiva e exteriorizada numa declaração única e incindível.

Razão de ser e importância prática da condição: superação da incerteza objectiva do futuro, através
de um regulamento de interesses apto a, em qualquer hipótese, realizar a representação que os
sujeitos tem do seu interesse. Numa especial modalidade (condição potestativa “a parte creditoris”
permite influir sobre o comportamento de outrem.

As chamadas condições impróprias

Noção geral

Não reúnem todas as qualidades que caracterizam a condição verdadeira e própria

1º - Evento futuro, ao qual está subordinada a eficácia do negócio

2º- Carácter incerto do evento

3º - Subordinação resultante da vontade das partes e não directamente ex lege

Diversas figuras de condições impróprias

Condições referidas ao passado ou ao presente, visto que o evento condicionante não é futuro,
não existe. Portanto, incerteza objectiva (nem consequentemente, o período de pendência que nela
se baseia) acontece apenas que a circunstância da verificação ou não verificação está subtraída ao
conhecimento das partes no momento do negócio, os efeitos de negócio ou se produzem logo ou
não se produzem.

Condições necessárias (Por exemplo a condição de o declarante ou um terceiro morrerem), visto


que o evento não é incerto; trata se antes de um termo” Certus na Incertus quando”

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Condições impossíveis: visto que a não verificação do evento é, desde logo, certa.

Condições legais: (condiciones júris) por exemplo, a condição legal de premoriência ou predecesso
do testador em relação ao herdeiro instruído ou ao legatário nomeado, sob pena de caducidade da
disposição testamentária ( art.2317 al a) a “conditio juris” da realização do casamento projectado
dentro de um ano (conditio si nuptiae sequuntur), para a eficácia das doações para casamento e das
convenções antenupciais (arts 1760º no 1, ala), e 1716º ), são circunstâncias posteriores a um
negócio, que a lei exige ( não a vontade das partes ) como requisito de eficácia do mesmo negócio.

A anteriormente chamada condição resolutiva tácita ou resolução por inadimplemento- Resulta,


quanto ao inadimplemento definitivo (impossibilidade de cumprimento), do artigo 801 no 2, e,
quanto à mora, do artigo 808, no 1, que permite a aplicação das normas sobre a falta de
cumprimento e portanto, daquele artigo 801 no 2. É evidente que aqueles artigos têm em vista o
inadimplemento (impossibilidade de cumprimento) e a mora imputável ao devedor, a título de
culpa.

A condição resolutiva tácita tem um regime diverso do da condição resolutiva verdadeira e própria,
quanto aos aspectos seguintes:

1º É faculdada pela lei e não convencionada pelas partes;

2º Não pera ipso iure (automaticamente), pois apenas dá direito a que, em caso de inadimplemento
de uma parte , a outra parte a invoque (art 801, no 2 : “o credor pode resolver ”), não sendo,
contudo, necessário intentar uma acção judicial (art. 436 “ a resolução pode fazer-se mediante a
declaração a outra parte ).

3º Não tem efeito retroactivo em relação a terceiros (art. 435º ), ao contrário do que sucede com a
condição resolutiva verdadeira e própria. (art.274).

A aponibilidade da condição

Princípio geral

A cláusula condicional é um elemento acidental , susceptível de ser inserido na generalidade dos


negócios , por força do princípio da liberdade negocial (consagrado quanto aos contratos, no art.
405º).

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Certos negócios são, porém incondicionáveis , por razões ligadas ao teor qualitativo (pessoal) dos
interesses respectivos ou por motivos de certeza e segurança jurídica. Assim, o actual código Civil
expressamente, exclui a aponibilidade da condição nas disposições seguintes: artigos 848º
(declaração de compromisso), 1618º, no 2 (casamento), 1852º(perfilhação), 2054º no 2(a aceitação
da testamentária). São óbvios os fundamentos de tal regime para cada uma das hipótese ; por
identidade de razão com os restantes negócios familiares pessoais deve ter –se por incondicionável
a adopção.

Devem ter se, igualmente por incondicionável os negócios unilaterais , resultantes do exercício de
um direito potestativo que atinge a esfera de outrem com uma eficácia não vantajosa( por exemplo
a resolução, a revogação, o resgate, o despedimento). Trata se de não permitir a incerteza que
resultaria da cláusula condicional.

Valor de condição oposta a um negócio incondicionável

Em conformidade com o princípio da incindibilidade do negócio condicional , a consequência da


oposição de uma condição a um negócio incondicionável é a nulidade do negócio. Tal solução, na
falta de disposição expressamente a preceitue (por exemplo: art. 848.º ), resultará da aplicação
analógica do artigo 271.º (efeitos das condições ilícitas ou impossíveis) e até genericamente do
artigo 294.º . A lei sanciona, por vezes, porém, uma solução diversa. Assim, quando ao casamento,
dado o artigo 1618.º , n.o 2 (considera se não escrita a cláusula pela qual as partes queiram
submeter o casamento a uma condição), é válido o negócio, sendo nula apenas a condição
estipulada.

Classificação das condições

I – Condições suspensivas e resolutivas

O critério da distinção, nos termos do artigo 270.º, do novo código, é o da influência que a
verificação do evento condicionante tem sobre a eficácia do negócio: Se a verificação da condição
importa a produção dos efeitos do negócio, não tem estes lugar doutro modo, trata –se duma
condição suspensiva ; se a verificação da condição importa a destruição dos efeitos negociais
aquela diz-se resolutiva.

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Saber se uma condição é suspensiva ou resolutiva é um problema de interpretação do negócio
jurídico, não formulado a nova lei qualquer presunção geral, nem sendo legítimo propor qualquer
presunção natural ou de facto com validade geral. Excepcionalmente a lei estabelece uma
presunção: art. 2234.º ( a herança ou o legado fôr deixado sob condição de o herdeiro ou o legatório
não dar certa coisa, ou não praticar certo acto, a disposição considera se feita sob condição
resolutiva).

Condições Potestativas, casuais e mistas

O critério é o da natureza do evento condicionante, segundo a sua causa produtiva, isto é, segundo
o evento condicionante procede da vontade de uma das partes ou consiste num acontecimento
natural ou de terceiro ou é de caracter misto.

Exemplos: Condição potestativa ( A faz uma doação a B, se este o visitar no Brasil, ou se B


escrever um livro); condição casual (se não chover, se o donatário falecer sem herdeiro, se se
verificar um certo resultado eleitoral, se um terceiro fôr ao Brasil); condições mistas ( se B casar,
visto casar não depende só da sua vontade).

A condição potestativa pode ser arbitrária ou não arbitrária. É arbitrária se o evento condicionante
é um puro querer ou um facto completamente insignificante ou frívolo (dou te X se quiseres ou se
levantares a mão). É não arbitrária se o evento condicionante não é um puro querer, mas um facto
de certa seriedade ou gravidade em face dos interesses em causa ( se fores ao Brasil).

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