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A concepção de fundações é, na realidade, um misto de ciência e arte.

Assim, procurou-se abordar os principais aspectos que devem ser enfocados


pelo projetista na solução do problema de fundação.

1. Elementos necessários para o projeto


1.1 Topografia da área;
1.2 Dados Geológicos-Geotécnicos;
1.3 Dados da Estrutura a construir;
1.4 Dados sobre construções vizinhas.
2. Ações nas fundações
As solicitações a que uma estrutura está sujeita podem ser classificadas de
diferentes maneiras.
2.1. No exterior é comum separá-las em:
• Cargas vivas: operacionais, ambientais e acidentais;
• Cargas mortas ou permanentes
2.2. No Brasil, a Norma 8681/84, classifica as ações nas estruturas em:
• Ações permanentes: peso próprio, equipamentos fixos, empuxos,
esforços devidos a recalques de apoios;
• Ações variáveis: ações devidas ao uso da obra;
• Ações excepcionais: explosões, colisões, incêndios, enchentes,
sismos.

A Norma 8681/84 estabelece critérios para combinações destas ações na


verificação dos estados limites de uma estrutura (estados-limites últimos e
estados-limites de utilização), assim chamados os estados a partir dos quais a
estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da obra.

3. Requisitos básicos de um projeto de fundação


3.1. Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho;
3.2. Segurança adequada ao colapso do solo de fundação (estabilidade
externa);
3.3. Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais (estabilidade
interna).
4. Alternativas de fundação

Nas zonas urbanas, as condições dos vizinhos constituem, frequentemente,


o fator decisivo na definição da solução de fundação. E quando fundações
profundas ou escoramentos de subsolos são previstos, o projetista deve ter uma
ideia da disponibilidade de equipamentos na região da obra.

No caso de fundações de pontes, dados sobre o regime do rio são


importantes para avaliação de possíveis erosões e escolha do método executivo.

As fundações são convencionalmente separadas em 2 grandes grupos:

4.1 Fundações superficiais


4.1.1 Bloco:
4.1.2 Sapata:
4.1.3 Viga fundação:
4.1.4 Grelha;
4.1.5 Sapata associada;
4.1.6 Radier.

4.2 Fundações profundas

A Norma 6122 estabeleceu que fundações profundas são aquelas


cujas bases estão implantadas a mais de 2 vezes sua menor dimensão, e
a elo menos 3m de profundidade.

4.2.1 Estaca;
4.2.2 Tubulão;
4.2.3 Caixão.

4.3 Fundações mistas

São aquelas que associam fundações superficiais e profundas.

4.3.1 Sapatas sobre estacas;


4.3.2 Radiers estaqueados.
5. A escolha da alternativa de fundação

Algumas características da obra podem impor certo tipo de fundação


outras, podem permitir uma variedade de soluções, o que deve se ter como
base o menor custo e menor prazo de execução.

As sapatas e os blocos são os elementos de fundação mais simples e


quando é possível sua adoção, os mais econômicos. Os blocos são mais
econômicos que as sapatas para cargas reduzidas. Quando a área total de
fundação ultrapassa metade da área da construção, o radier é indicado.

A execução de estacas é uma atividade especializada da Engenharia, e o


projetista precisa conhecer as firmas executoras e seus serviços para projetar
fundações dentro das linhas de trabalho destas firmas. Na escolha do tipo de
estaca é preciso levar em conta os seguintes aspectos:

• Esforços nas fundações;


• Características do subsolo;
• Características do local da obra;
• Características das construções vizinhas.

Passamos nos próximos itens, discutir a concepção ou escolha de


solução de fundação inicialmente quando:

5.1.1. Não há condicionantes especiais:


5.1.1.1. Edifícios sem subsolo e afastados das divisas:
• A primeira alternativa é constituída por fundações
superficiais isoladas (blocos ou sapatas);
• A segunda alternativa é constituída por fundação
superficial combinada (radier, p. ex.);
• A terceira seria adoção de fundações profundas
(estacas ou tubulões).
5.1.1.2. Edifícios sem subsolo e com pilares na divisa:
É necessário um tratamento especial dos pilares junto às
divisas uma vez que ali o elemento de fundação (sapata ou
estaca) não poderá ter seu centro de gravidade coincidente
com o do pilar. Nestes pilares há que se prever vigas de
equilíbrio que os ligarão a pilares internos próximos. A
fundação associada que resulta tem carregamento
centrado em relação aos elementos de fundação.
• A primeira alternativa é constituída por fundações
superficiais isoladas (blocos ou sapatas);
• Quando as duas sapatas que serão ligadas pela
viga de equilíbrio se aproximam muito, é preferível
adotar uma fundação combinada (sapata associada
ou viga de fundação). O caso extremo será a
fundação em radier;
• A terceira alternativa será fundações profundas
(estacas e tubulões, onde serão necessárias
também as vigas de equilíbrio.
5.1.1.3. Edifícios em zona urbana e com subsolos
Neste caso, há que se prever um sistema de escoramento
da escavação para execução dos subsolos. Os tipos de
escoramentos são:

Sistema de escoramento vertical (paredes)

Tipo contínuo

• Paredes diafragmas;
• Paredes de estacas-pranchas de concreto (inviável
se vizinho já construído);
• Paredes de estacas-pranchas de aço (pouco
utilizadas devido ao custo elevado);
• Paredes de estacas justapostas;
• Paredes de estacas secantes.

Tipo descontínuo

• Paredes de perfis e pranchões;


• Paredes de estacas escavadas com concreto
projetado ou colunas de jet-grout entre elas.
Sistema de escoramento horizontal

• Tirantes ou ancoragens;
• Estroncas;
• Lajes da estrutura.

Método executivo

• Direto ou convencional:
Escavação avança até a cota final, com o
escoramento horizontal promovido por tirantes. A
estrutura do prédio começa de baixo para cima e os
escoramentos passam a ser substituídos por lajes.
• Invertido:
É executada uma laje para permitir a escavação até
a cota de outra laje num nível abaixo. Não há
necessidade de escoramentos horizontais
provisórios, mas sim de apoios provisórios para as
lajes que são normalmente providas por estacas.
5.1.1.4. Edifícios em encostas
O grande problema da fundação de edifícios em encostas e
o da estabilidade da encosta onde ele será construído. Se a
encosta for estável, as questões a resolver serão:
• Cálculo da capacidade de carga a superfície inclinada
do terreno;
• Sapatas vizinhas não devem ser implantadas em
níveis muito diferentes;
• Profundidade mínima de implantação das fundações
para proteção dos movimentos das camadas
superficiais;
• Variações sazonais de volume do solo;
• Ações de raízes de árvores;
• Erosões.
5.1.1.5. Edifícios industriais
Alguns problemas típicos:
• Grandes vãos: dificulta utilização de cintas e vigas de
equilíbrio;
• Pilares altos: sujeitos a momentos;
• Máquinas que provocam vibrações permanentes
• Máquinas sensíveis a deformações.
5.1.1.6. Pontes e Viadutos
Os viadutos, assim entendidos como as obras de arte em
região urbana que não transpões rios ou outras massas de
água, dessa forma não apresentam problemas de fundação.
Já as pontes, que têm pelo menos parte de sua extensão
cruzando massas d’água, apresentam problemas especiais
de execução de suas fundações.
• Um dos primeiros aspectos a considerar é a erosão.
Também aqui, como nas fundações de encostas, o
engenheiro deve consultar um geólogo de
engenharia. Frequentemente a fundação será
profunda já que uma solução em fundação superficial
é afastada pelo risco de solapamento de sua base.
• Outro aspecto a considerar é o tipo de acesso à
ponte.
• Outro aspecto é a questão do método executivo, este
poderá restringir as opções de fundação pois ele está
intimamente ligado à disponibilidade de
equipamentos.

Os tubulões a ar comprimido continuam a ser uma das


soluções mais adotadas na fundação de pontes no Brasil.
Isto se explica em parte pelo baixo custo dos equipamentos
utilizados nesta solução.
Bibliografia

Fundações: Teoria e Prática. - - 2. ed. - - São Paulo: Pini, 1998.

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