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Volume 5 Nº 51 BEPA Boletim Epidemiológico Paulista ISSN 1806-423-X

Artigo de Revisão

Paracoccidioidomicose: histórico, etiologia, epidemiologia, patogênese, formas


clínicas, diagnóstico laboratorial e antígenos
Paracoccidioidomycosis: historical, etiologic agent, epidemiology, pathogenesis,
clinical forms, laboratory diagnosis and antigens
Adriana Pardini Vicentini Moreira

Laboratório de Imunodiagnóstico das Micoses


Seção de Imunologia do Serviço de Microbiologia e Imunologia
Divisão de Biologia Médica
Instituto Adolfo Lutz (IAL)
Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD)
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP)

Resumo
No centésimo aniversário da publicação do primeiro caso de paracoccidioidomicose,
são apresentadas informações relacionadas ao histórico, agente etiológico,
epidemiologia, patogênese, formas clínicas, diagnóstico laboratorial e antígenos. Apesar
do expressivo avanço em diversas áreas do conhecimento, a micose descrita por Adolpho
Lutz em 1908 ainda demonstra altas taxas de mortalidade e letalidade e baixa
visibilidade, configurando-se como oitava causa de mortalidade por doença
predominantemente crônica ou repetitiva entre as infecciosas e parasitárias, e a maior
taxa de mortalidade entre as micoses sistêmicas.

Palavras-chave: Paracoccidioides brasiliensis; epidemiologia; patogênese; formas


clínicas; diagnóstico; antígenos.

Abstract
In the 100th birthday of the first published case of paracoccidioidomycosis this review
summarizes some knowledge about historical, etiologic agent, epidemiology,
pathogenesis, clinical forms, laboratory diagnosis and antigens. Despite the significant
advances in many areas of knowledge, the mycosis described by Adolpho Lutz in 1908,
showed high mortalily and lethality rates and low visibility representing the eighth most
common cause of death from predominantly chronic or recurrent types of infectious and
parasitic diseases.

Key words: Paracoccidioides brasiliensis; epidemiology; pathogenesis;


paracoccidioidomycosis diagnosis; P. brasiliensis antigens.

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Histórico autor do primeiro estudo abrangente sobre a doen-


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Há 100 anos, Adolpho Lutz1,2, no Instituto ça . Porém, a oficialização do termo paracoccidioi-
Bacteriolígico de São Paulo, descreveu pela primei- domicose foi estabelecida em 1971, em Medellín,
ra vez a paracoccidioidomicose (PCM), ao verificar Colômbia, durante reunião de micologistas do con-
em lesões bucais de dois pacientes a existência tinente americano, sendo mundialmente aceita
4
de fungos de natureza dimórfica distintas do desde então .
Coccidioiddes immitis3,4.
1
Em 1º de abril de 1908, o periódico Brazil-Médico Agente etiológico
publicava a primeira parte dos resultados, fruto de Paracoccidioides brasiliensis é o agente etiológico
minuciosos estudos iniciados em 19055 por Adolpho da PCM, micose de alta endemicidade na Améri-
Lutz. No artigo “Uma mycose pseudococcidica 7
ca Latina .
localisada na bocca e observada no Brazil. Taxonomicamente encontra-se no Reino Fungi,
Contribuição ao conhecimento das hyphoblastomico- Filo Ascomycota, Classe Pleomycetes, Ordem
ses americanas”, Lutz descreveu a paracoccidioido- Onigenales, Família Onygenaceae, Gênero
micose como uma doença que se caracterizava por
Paracoccidioides e Espécie brasiliensis8,9.
apresentar lesões muito graves, com presença de
úlceras que tomavam conta da boca e destruíam a P. brasiliensis apresenta dimorfismo termo-
mucosa da gengiva e o véu palatino e dolorosa dependente, crescendo à temperatura ambiente sob
repercussão ganglionar, qualificando-a como micose a forma de colônias brancas, aderentes ao meio.
pseudococcídica após identificar seu agente causal, Microscopicamente, observa-se hifas delgadas,
bem como seu modo característico de reprodução. hialinas, septadas, multinucleadas e ramificadas com
Ao verificar semelhanças morfológicas com micoses produção de clamidósporos terminais ou intercalares,
anteriormente descritas na Argentina e nos Estados conídios e ausência de corpo de frutificação, sendo
7 10
Unidos, incluiu-a em um grupo por ele denominado denominada de saprofítica ou micélio . Quando
de hifoblastomicoses americanas .
3 cultivado a 35ºC-37ºC, em meios enriquecidos
desenvolve colônias de coloração creme, chamadas
Após a descrição da doença, fatal na ocasião pela
cerebriformes ou leveduriformes. Ao microscópico
inexistência de terapia específica, seguiu-se longo
verifica-se a presença de células arredondadas ou
período de análise e estudo das lesões cutâneas e
ovais, multinucleadas, com paredes celulares espes-
mucosas, freqüentemente relatadas pelos pacientes
sas, birrefringentes, rodeadas por multibrotamentos,
acometidos pela enfermidade, na tentativa de isola-
constituindo a variante L (levedura). Esta fase é
mento do agente causal. Em 1912, Alfonso Splendore
conhecida também como parasitária, pois é encontra-
classificou o agente etiológico da paracoccidioidomi-
da causando lesões nos tecidos do hospedeiro
cose dentro do gênero Zymonema, propondo a
3,4 humano ou animal10.
denominação de Zymonema brasiliensis .
A classificação definitiva e consensualmente
aceita foi feita por Floriano Paulo de Almeida, Epidemiologia
graças a estudo comparativo realizado entre o A PCM é micose sistêmica, de natureza granulo-
granuloma coccidióico nos Estados Unidos e no matosa crônica, que acomete freqüentemente os
Brasil, demonstrando que eram indiscutíveis e pulmões, o sistema fagocítico macrofágico e tecidos
notáveis as diferenças entre ambas as patolo- mucocutâneos, podendo disseminar-se por via linfo-
gias6,3,4. Nesse estudo, confirmou os achados hematogênica para tecidos e órgãos adjacentes11.
anteriormente descritos por Lutz1,2, estabelecendo, Indivíduos do sexo masculino com idade entre
assim, as diferenças entre o agente etiológico da 30 a 50 anos, ou seja, em fase produtiva, são os
paracoccidioidomicose e o C. immitis, com o qual mais acometidos pela doença, principalmen-
6
era freqüentemente confundido . Em 1930, após te aqueles que exercem atividades relacionadas
diversos estudos, criou o gênero Paracoccidiodes à agropecuária .
12

dentro do reino Fungi, revalidando também a Até o momento, não foram totalmente esclareci-
espécie brasiliensis, criada por Splendore3,4,5,6. dos o hábitat natural e as condições de vida soprofí-
4
Segundo Lacaz , com a observação e o relato de tica de P. brasiliensis13. Em função das característi-
casos isolados da doença em outros países da cas ecológicas das regiões endêmicas acredita-se
América do Sul, a mesma passou a ser chamada de que o patógeno habite preferencialmente ambiente
blastomicose sul-americana, doença de Lutz, úmido, com temperaturas médias anuais entre 18ºC
doença de Lutz-Splendore-Almeida, pois Splendore o
a 24 C e índices pluviométricos elevados (900 mm a
foi o primeiro a cultivar o patógeno e Almeida, o 1.800 mm) .
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A micose apresenta distribuição geográfica restrita Segundo Franco e cols.20, a combinação dos
a países da América Latina, apresentando maior métodos micológicos e moleculares na análise de 81
14,9,13
incidência no Brasil, Venezuela e Colômbia . tatus investigados permitiu aos autores, em seu
A PCM não é doença de notificação compulsória, conjunto, êxito na obtenção de 29 amostras com
portanto, sua real prevalência não pode ser calcula- características macro e micromorfológicas compatí-
da. No entanto, estima-se que a taxa anual de inci- veis com P. brasiliensis. Segundo os autores, a
31
dência entre a população brasileira seja de 1-3 por demonstração da patogenicidade/virulência inocu-
100.000 habitantes e a de mortalidade, de 0,14 por lando-se células fúngicas isoladas das vísceras de
100.000 habitantes .
15
tatus em animais susceptíveis; a produção de antíge-
Coutinho e cols15 estudaram 3.181 óbitos por PCM nos e avaliação de seu potencial antigênico, pela
no Brasil, por um período de 15 anos, demonstrando reação de imunodifusão dupla frente a soros de
a grande magnitude e baixa visibilidade da doença, pacientes com PCM confirmada; a demonstração da
destacando-a como oitava causa de mortalidade por imunoreatividade de frações antigênicas, como a
doença predominantemente crônica ou repetitiva glicoproteína de 43.000 daltons ou gp43, pela técnica
entre as infecciosas e parasitárias, superior à leish- de immunoblotting; a extração e amplificação de DNA
maniose, e a mais elevada taxa de mortalidade entre fúngico e a detecção pela técnica de PCR do gene
as micoses sistêmicas. que codifica a gp4332 conferiram grau de certeza
inques-tionável aos resultados obtidos, demonstran-
Estima-se que nas regiões endêmicas existam,
do-se capazes de atender aos requisitos de confiabili-
aproximadamente, 10 milhões de pessoas infectadas
por P. brasiliensis. No entanto, a maioria não apresen- dade para o isolamento de P. brasiliensis a partir de
vísceras de tatus.
ta sintomas clínicos13.
Esses resultados comprovam a presença de P.
No Brasil é encontrada em quase todas as regiões
brasiliensis no solo em razão da constatação da
do território nacional: Sul, Sudeste, Centro-Oeste e
ocorrência do mesmo, em alta freqüência, em tatus
Norte, sendo que casos esporádicos da doença têm 26-32
sido relatados no Nordeste. No Estado de São Paulo da espécie D. novemcinctus , animais de hábito
tem sido relatada principalmente na região central .
16 escavatório, cuja distribuição geográfica coincide
com a observada na PCM13. O fato de tatus de nove
A enfermidade é considerada um grave problema bandas não apresentarem hábito migratório, visto
de saúde pública devido à existência de extensas que não costumam distanciar-se de sua toca, abre
áreas endêmicas associadas às importantes perspectivas para que se delimite com maior precisão
repercussões econômico-produtivas dos indiví- a reservárea do patógeno, possibilitando, conse-
12,16
duos acometidos . qüentemente, determinar a região ou área na qual o
Apesar de existirem áreas endêmicas bem defini- homem é infectado. Pode-se dizer, portanto, que o
das, o caráter casual e não repetitivo das observa- contato com tatus está intimamente relacionado com
ções, aliado às dificuldades de isolamento do agente maior risco de infecção, principalmente nos indiví-
etiológico, dificulta a exata localização do patógeno duos que residem nas áreas endêmicas33.
no ambiente. Além disso, a falta de surtos epidêmi-
Recentemente foram relatados casos da doença
cos, o prolongado período de latência da doença e as 34-37
em cães , sendo obtida cultura fúngica apenas
freqüentes migrações das populações de áreas 36
endêmicas tornam praticamente impossível a identifi- para um caso. Ono e cols avaliaram a presença de
anticorpos anti-gp43 de P. brasiliensis em amostras
cação do local onde a infecção foi adquirida7.
de soro de 305 cães das regiões urbana, periurbana
O isolamento desta espécie fúngica tem sido e rural de Londrina, Paraná, usando o ELISA,
17
descrito a partir de fezes de pingüins da Antártida , observando índices de positividade de 14%, 48,8%
18-23
em amostras de solo , ração de cachorro e 89,5%, respectivamente. Quando submetidos à
contaminada com solo24, trato intestinal de morcegos avaliação da resposta imunológica do tipo tardio
frugívoros25 e também de tatus26-32. (HTT), empregando gp43 como antígeno, verificou-
A literatura tem relatado o sucesso obtido no se que os cães da área periurbana apresentaram
isolamento de P. brasiliensis a partir de vísceras 13,1% de positividade e os da rural, 38,1%. A
(fígado, baço, linfonodos e pulmões) do tatu de nove detecção de altos títulos de anticorpos anti-gp43,
26-32
bandas (Dasypus novemcinctus) . Para tanto, tem- associada à forte positividade na intradermoreação,
se utilizado, além das técnicas micológicas tradicio- levou ao sacrifício de seis cães, na tentativa de
nais (cultivo e isolamento de células leveduriformes), isolamento do agente etiológico. Apesar da utiliza-
métodos moleculares, como a técnica de reação de ção de metodologia semelhante àquela descrita
polimerase em cadeia (PCR), visando à amplificação para o isolamento em tatus, nesses cães a investi-
do DNA empregando-se primers específicos. gação foi negativa.

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Fagundes37 avaliou a presença de anticorpos anti-P. em exames de autopsias41; e o isolamento de P.


brasiliensis, empregando as técnicas de ELISA e brasiliensis em amostras de escarro e lavado
imunodifusão dupla, frente a soros de 282 cães da zona brônquico de pacientes portadores de lesões pul-
rural de Botucatu (SP). A reatividade por ELISA foi de monares inaparentes41,42,11.
35% e as amostras com altos títulos de anticorpos Uma vez inalado, o fungo pode ser destruído no
avaliadas por immunoblotting revelaram a presença de parênquima pulmonar por células fagocíticas inespe-
frações antigênicas bem definidas e específicas, cíficas ou multiplicar-se e produzir foco de infecção, o
embora com padrões de intensidade variável. Não se qual é drenado para o linfonodo regional localizado
observou reatividade ao P. brasiliensis pela imunodifu- no hilo pulmonar, caracterizando, assim, o complexo
são dupla. Os animais que apresentaram reatividade primário na PCM. No entanto, essas lesões podem
de forte intensidade frente ao antígeno fúngico foram regredir espontaneamente em indivíduos imunocom-
avaliados clínica e radiologicamente, não evidencian- petentes, com destruição total ou parcial do fungo43,
do, contudo, sinais de PCM-doença. caracterizando a forma subclínica da doença .
44

A implantação, a implementação e o avanço das Eventualmente, os fungos contidos no complexo


técnicas moleculares têm auxiliado de forma expressi- primário podem disseminar-se por via hematogênica
va no isolamento de P. brasiliensis a partir de amostras e/ou linfática, atingindo outros órgãos, causando a for-
de solo, principalmente daquelas coletadas de áreas ma juvenil ou aguda45. No entanto, muitos indivíduos
sabidamente endêmicas para a doença13,20,22,23. permanecem com o complexo primário cicatricial
21
Neste sentido, Ono e cols. avaliaram a interferên- contendo fungos viáveis, denominados de lesões
cia de produtos químicos utilizados na agricultura no quiescentes, que podem evoluir para PCM crônica
desenvolvimento de P. brasiliensis. Os autores avalia- muitos anos após a infecção11. Nos tecidos a reativi-
ram seis fungicidas, dois herbicidas e dois inseticidas dade do hospedeiro induz reação inflamatória, que
frente a cinco amostras de P. brasiliensis isoladas do culmina na formação de granuloma, o qual foi inicial-
meio ambiente e cinco isoladas de pacientes, demons- mente descrito por Motta46. O granuloma representa
trando que o cultivo destes isolados a 35ºC em ágar uma resposta do hospedeiro ao agente agressor, ou
Sabouraud-dextrose, acrescido de concentrações seja, o P. brasiliensis, na tentativa de bloquear e
distintas de cada um dos compostos químicos, impediu restringir seu desenvolvimento, impedindo sua
o desenvolvimento in vitro de P. brasiliensis. Estes multiplicação e disseminação para órgãos e tecidos
11
resultados podem explicar parcialmente a dificuldade adjacentes . A evolução do granuloma parece estar
muitas vezes observada no isolamento de P. brasilien- intimamente relacionada ao tipo de resposta imune
sis a partir de amostras de solo20. desencadeada pelo hospedeiro, bem como aos
componentes de parede liberados pelo patógeno47.
Patogênese Fatores relacionados ao P. brasiliensis, como virulên-
cia, patogenicidade e composição antigênica, e ao
Durante muito tempo acreditou-se que o mecanis- hospedeiro, como suscetibilidade genética, faixa
mo de infecção humana ocorria pela via oral, visto etária, sexo, tabagismo, etilismo, desnutrição e
que grande número de pacientes que relatavam deficiência do sistema imunológico, estão associados
hábito de mascar capins apresentava lesões em às manifestações clínicas da doença .
48

mucosa da cavidade oral. 49


San-Blas e San-Blas , verificaram que polissaca-
Gonzáles-Ochoa38 consolidou a hipótese de que o
rídeos como α -(1,3) glucana e β-(1,3) lucana estão
mecanismo de infecção da PCM ocorria pela via área
superior, por meio da inalação de formas fúngicas relacionados ao dimorfismo fúngico e à virulência
diminutas denominadas de conídeos. Uma vez deste patógeno. Os autores, ao estudarem diferentes
inalados, sob os efeitos da temperatura corpórea do isolados de P. brasiliensis, sugeriram que a α -1,3
hospedeiro, alguns sistemas enzimáticos do patóge- glucana proteje o fungo contra enzimas digestigas
no são ativados, permitindo a transformação da produzidas pelos leucócitos e macrófagos do hos-
50
forma infectante em parasitária39,11. Segundo o autor, pedeiro. Segundo San-Blas , o parasitismo por
as manifestações em mucosa oral e cutânea seriam P. brasiliensis ocorre quando este se transforma em
secundárias e resultantes da disseminação linfo- levedura no início do processo infeccioso, evadindo-
hematogênica do fungo, a partir do tecido pulmonar. se, assim, da ação de enzimas fagocíticas, uma vez
que os fagócitos humanos são capazes de produzir
Desde então esta via de infecção é a mais aceita,
sendo evidenciada por vários aspectos, destacan- apenas β -glucanases, as quais digerem somente a
do-se: as tentativas infrutíferas de isolamento de α -(1,3) glucana.
P. brasiliensis a partir de gramíneas e outros vege- Dentre os fatores próprios do fungo capazes de
40
tais ; o freqüente achado de lesões pulmonares aumentar sua patogenicidade, os mais freqüentes
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são os lípides e os polissacarídeos50 e, mais recente- a forma de micélio, apresentando colônias brancas
57,58
mente, a glicoproteína de 43 kDa, antígeno imunodo- ou amarronzadas, cotonosas ou glabrosas .
minante de P. brasiliensis 51-52. Na maioria das vezes, as leveduras de P. brasilien-
sis podem ser facilmente visualizadas ao microscópio
Formas clínicas óptico. Normalmente, empregam-se secreções do
trato respiratório, raspado e crostas de lesões ulcera-
A classificação adotada leva em consideração as
das, tecidos de biópsia, pus de gânglios, urina e LCR,
manifestações clínicas e os parâmetros imunológicos
entre outros. Em material de punção ganglionar, por
da patologia, apresentando três diferentes formas:
exemplo, visualizam-se células globosas, ovais ou
PCM-infecção, PCM-doença e PCM-residual53-56. elípiticas com 5µm a 25µm de diâmetro, inclusões
A PCM-infecção é observada em indivíduos que citoplasmáticas e multibrotamentos com parede de
apresentam positividade em testes cutâneos frente à duplo contorno refringente.
paracoccidioidina, sendo considerada a forma Nos casos em que a biópsia é possível e menos
assintomática da doença. Nestes indivíduos a lesiva para o paciente, colorações especiais como o
imunidade celular encontra-se preservada, obser- Gomori-Groccott ou ácido periódico de Schiff po-
vando-se intensas reações intradérmicas11. dem auxiliar no diagnóstico, por meio da observação
A PCM-doença pode manifestar-se sob duas nos granulomas de células típicas multibrotantes.
formas: a aguda (tipo juvenil) e a crônica (tipo adulta). As células em múltiplo brotamento são esféricas
A forma aguda representa menos de 10% da casuísti- (10µm a 20µm de diâmetro) e os brotos esféricos ou
ca geral desta patologia, sendo a mais grave e a que em forma de limão encontram-se dispostos ao redor
afeta jovens de ambos os sexos, os quais apresen- da célula-mãe .
57

tam acentuada depressão da resposta imunocelular Importante salientar que a PCM, principalmente
e elevados títulos de anticorpos11. Normalmente, é em sua forma pulmonar, deve ser diferenciada de
originada de uma infecção primária, disseminando-se outras micoses e da tuberculose. Os achados clínicos
rapidamente por meio das vias linfáticas para o sistema e radiológicos são inespecíficos; no entanto, calcifica-
monocítico-macrofágico, causando hepatoesple- ção extensa, efusão pleural e localização apical são
nomegalia e possível disfunção medular. As lesões em indicativas de histoplasmose e tuberculose. O
mucosas são pouco freqüentes, ocorrendo em 15% a diagnóstico diferencial com leishmaniose também
20% dos casos; o acometimento pulmonar é raro, assume grande importância, uma vez que as regiões
estando presente em apenas 5% a 11 % dos pacien- endêmicas para esta patologia coincidem muitas
tes11,54,55. A crônica representa 90% dos casos e acome- vezes com as da PCM, sendo que as lesões orais,
te, freqüentemente, adultos do sexo masculino em cutâneas e de fossas nasais são bastante semelhan-
idade produtiva, ou seja, entre 30 a 50 anos. A doença tes. O comprometimento do sistema linfático simula
55
surge a partir de um foco quiescente , caracterizando- doença de Hodgkin e outras doenças malignas .
57

se por apresentar curso de evolução lento, podendo


comprometer um único órgão (unifocal) ou disseminar-
se para outros órgãos (multifocal)11. Sorológico
A residual constitui forma clínica importante pela É evidente o fato de que o diagnóstico de certeza
freqüência com que se manifesta, mesmo após de processos infecciosos derive da demonstração do
tratamento eficaz. As principais seqüelas relacionam- agente etiológico em preparados histológicos, exame
se ao comprometimento pulmonar, adrenal, laríngeo, a fresco ou cultivo3,57,58. No entanto, em algumas
digestivo, encefálico e tegumentar. situações o estado físico ou clínico dos pacientes
impossibilita o acesso ao local da lesão, impedindo
59
assim a coleta do material biológico .
Diagnóstico laboratorial
Historicamente, na PCM a pesquisa de anticor-
59-64 66-67
pos e antígenos específicos no soro de pacien-
Micológico tes empregando-se técnicas sorológicas, além de
Na PCM, como em outras micoses, o diagnóstico importante auxílio diagnóstico, tem a função de
considerado como padrão-ouro é o isolamento do monitorar o curso da doença durante e pós-
61,65-68
agente etiológico em cultura. Para o isolamento de P. tratamento , permitindo a obtenção de resultados
brasiliensis recomenda-se o emprego de meios de mais rápidos, quando comparados aos exames de
3,57
cultura enriquecidos com extrato de levedura, con- cultura e histopatológico , sendo que em alguns
tendo antibióticos ou, ainda, ágar infusão de cérebro casos se traduz na primeira indicação da natureza
e coração (BHI). O material semeado é incubado a micótica da doença, principalmente naqueles indiví-
25ºC-30oC, crescendo lentamente (15 a 30 dias), sob duos com sinais clínicos inaparentes3. A técnica
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utilizada, portanto, há que aliar sensibilidade à Segundo Siqueira69, os resultados da ID podem


69,70 71
especificidade , para que o valor preditivo seja variar devido a diferentes parâmetros, entre os quais
máximo e reprodutível. a preparação antigênica utilizada, a forma da doença
Apesar de técnicas sorológicas como imunodifu- e o início do tratamento.
59,60,62,68 72
são dupla (ID) , imunofluorescência indireta , O teste de ELISA tem sido utilizado para a detec-
61,64,69 73-78,60-62,65-68
contraimunoeletroforese , ELISA e ção de anticorpos em quase todas as micoses
immunoblotting79-83,60,62,73 serem empregadas para o sistêmicas, senão em todas. Apesar disso, em rela-
diagnóstico confirmatório da PCM, visando à pesqui- ção ao imunodiagnóstico da paracoccidioidomicose a
sa de anticorpos e/ou antígenos, os índices de técnica ainda oferece grandes porcentagens de
resultado falso-positivos e falso-negativos ainda são reatividade cruzada, principalmente frente a soros de
muito elevados, estando a especificidade e sensibili- pacientes com histoplasmose, candidíase, doença
dade da técnica diretamente relacionadas ao antíge- de Jorge Lobo e, recentemente, frente a soros de
no empregado62. pessoas aparentemente sadias, residentes em áreas
60,62,78
84
Segundo Fava-Netto , o primeiro teste amplamente endêmicas para PCM .
utilizado no diagnóstico e acompanhamento de O teste de ELISA para o sorodiagnóstico da PCM
89
pacientes com PCM foi a fixação de complemento, foi utilizado primeiramente por Arango e depois,
desenvolvido por Moses85, empregando como antí- 74
simultaneamente, por Camargo e cols. e Mendes-
geno extrato de P. brasiliensis em salina, obtendo Giannini e cols.90, que comprovaram a existência de
sensibilidade de 80%. Posteriormente, o emprego de reatividade cruzada frente a soros heterólogos.
antígeno polissacarídico de P. brasiliensis elevou a Entretanto, os autores demonstraram que a absorção
sensibilidade da técnica para 90%86. Contudo, devido dos soros de pacientes com PCM com células de
a sua baixa especificidade e às dificuldades Candida albicans ou Histoplasma capsulatum
metodológicas envolvidas, como a instabilidade das tornava a reação mais específica62.
hemáceas e do complemento, esta técnica agora é 68
Del Negro e cols. avaliaram pelo método clássico
raramente utilizada60. de ELISA o perfil de reatividade de 43 amostras de
A ID foi primeiramente utilizada no diagnóstico da soro de pacientes com doença ativa, verificando que
PCM por Ferri87 e permanece há 47 anos como soros de pacientes com a forma crônica unifocal
método de escolha, empregado rotineiramente pelos apresentaram baixa densidade óptica, com três
laboratórios clínicos devido ao seu fácil pacientes apresentando valores próximos ao cut off,
procedimento, baixo custo operacional, sensibilidade observando ainda a existência de reatividade cruza-
entre 65% a 100%, especificidade e valor preditivo de da frente a soros de pacientes com doença de Jorge
100%. Além disso, esta técnica consente que os Lobo e histoplasmose.
clínicos realizem o acompanhamento sorológico dos
Visando minimizar os altos índices de reatividade
pacientes, verificando a diminuição dos títulos de
cruzada e, conseqüentemente, otimizar a especifici-
anticorpos anti-P. brasiliensis, permitindo também
dade da técnica de ELISA para o diagnóstico da PCM,
avaliar a eficácia da terapia antifúngica62.
Albuquerque e cols.78 empregaram como antígeno a
Na ID, quando se utiliza como antígeno filtrado fração de 43 kDa de P. brasiliensis tratada com
de cultura obtido a partir de leveduras de P. diferentes concentrações de metaperiodato de sódio,
brasiliensis frente a soros de pacientes com avaliando-se parâmetros como: a pré-absorção dos
suspeita clínica de PCM, é possível detectar até três sorotestes com antígenos de C. albicans e/ou
linhas de precipitação: linha 1 (perto do orifício do H. capsulatum e a diluição dos soros de pacientes
antígeno), linha 2 (posição intermediária) e linha 3 com PCM com galactose. Entretanto, os autores
(perto do orifício do soro). A linha 1 é detectada em obtiveram especificidade máxima de 84%, sugerindo
aproximadamente 95% a 98% dos soros de que nenhum dos procedimentos adotados foi sufi-
pacientes portadores de doença ativa, sendo a
ciente na eliminação da reatividade cruzada.
última a desaparecer após a instauração da
88
terapia antifúngica . A linha 2 tem sido identificada Técnicas imunoenzimáticas do tipo Western-Blot
em 60% a 65% dos casos, sendo a segunda a de- ou immunoblotting (IB) possuem alta sensibilidade
saparecer após o início do tratamento específico, e foram empregadas originalmente para caracte-
enquanto a terceira linha tem sido observada em rizar a resposta imune humoral aos antígenos de
apenas 30% a 35% dos casos, sendo a primeira a P. brasiliensis62.
79
desaparecer. O número de bandas observadas no Camargo e cols. avaliaram por IB a capacidade
ensaio de ID está intimamente relacionado à discriminatória de exoantígeno obtido a partir de
severidade da doença60,69. filtrado de cultura da amostra B-339 de P. brasiliensis

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frente a 97 soros de pacientes com PCM (25 soros de reatividade pelas provas de ID e contraimunoele-
pacientes antes do tratamento antifúngico e 72 soros troforese. Entretanto, quando isto ocorre e os soros
de pacientes na vigência de terapia específica) e a são avaliados por immunoblotting os mesmos
frente a soros heterólogos, bem como de indivíduos reagem frente à gp43.
saudáveis residentes em zona endêmica para esta Da Silva e cols.83 avaliaram por immunoblotting 23
patologia. A análise dos resultados demonstrou que soros de pacientes com confirmação clínica e micoló-
anticorpos anti-P. brasiliensis da classe IgG reagiram gica de PCM e com ausência de anticorpos anti-P.
preferencialmente frente a quatro frações antigêni- brasiliensis, pela ID, frente a duas preparações
cas: 70, 52, 43 e 20-21 kDa, sendo observado que a antigênicas distintas, observando que 95,4% dos
fração de 43 kDa (gp43) foi reconhecida por 100% soros reconheceram de forma específica a gp43 e
dos soros de pacientes com PCM e a de 70 kDa 100%, gp70, descritas como marcadores sorológicos
(gp70), por 96%. da doença.
64
Mendes-Giannini e cols. detectaram por Vidal e cols.92 relatam o caso de um paciente com
immunoblotting a presença da gp43 em 28 soros resposta sorológica atípica, ou seja, o não reconheci-
de pacientes com PCM, divididos em três grupos. mento por immunoblotting da gp43; reagindo, contu-
Grupo 1, constituído de 12 soros de pacientes do, frente à fração antigênica de 70 kDa, descrita na
portadores da forma juvenil, avaliados em três literatura como sendo reconhecida por aproximada-
diferentes períodos: antes, 10 e 24 meses pós- mente 96% dos soros de pacientes com PCM79.
tratamento. Grupo 2: cinco soros de pacientes 92 83
Os resultados de Vidal e cols. e Da Silva e cols.
com a forma crônica, que não se encontravam na
podem ser explicados, talvez, pelos achados de
vigência de tratamento. Grupo 3: seis soros de
Berzaghi e cols.93, sendo que a ausência de reativida-
pacientes considerados clinicamente curados há
de à gp43 pelas provas de ID e IB se deva a não
mais de um ano. Soros de indivíduos saudáveis
secreção/expressão desta molécula pela amostra
foram utilizados como controle da reação. Em
fúngica responsável pela infecção dos pacientes; ou
relação aos pacientes com PCM juvenil, verificou-
ainda pelos achados de Campos e cols.94, relaciona-
se que 100% das amostras obtidas antes do início
dos à existência de diferentes isoformas da molécula
do tratamento reconheceram de forma específica
de 43 kDa.
a gp43 e que a partir do décimo mês de quimiote- 95
rapia a detecção da mesma acontecia com menor Chamou a atenção de Neves e cols. o fato de
freqüência, tornando-se indetectável após 24 pacientes com PCM ativa apresentarem ausência de
meses de tratamento. Observou-se que 100% dos reatividade frente a antígenos de P. brasiliensis pela
soros de pacientes com PCM crônica reagiram ID. Os autores observaram que estes pacientes
frente à fração de 43 kDa e que a mesma não foi continham baixos níveis de IgG e IgG1 específicas,
detectada por soros de pacientes considerados quando comparados aos elevados níveis de IgG2 de
clinicamente curados. pacientes com ID positivas. Os mesmos sugerem que
a ausência de reatividade na ID pode estar relaciona-
Blotta e Camargo80 avaliaram por IB 60 soros de
da à produção de IgG2 de baixa afinidade direciona-
pacientes com PCM, observando que 100% dos
da a epítopos glicídicos.
soros reconheciam de forma específica a gp43. Ortiz
81
e cols. demonstraram que o antígeno recombinante
de 27 kDa era reconhecido por IB por 91% dos soros Molecular
com PCM avaliados, não sendo observada reativida- 8
Bialek e cols. utilizaram a técnica de Nested PCR
de cruzada frente a soros heterólogos. Este achado é para detectar fragmentos de DNA de P. brasiliensis,
de considerável interesse, visto que proteínas empregando uma seqüência do gene da gp43 como
recombinantes fornecem uma fonte altamente alvo. A PCR foi realizada com DNA obtido de homoge-
reprodutível de antígenos definidos. nato de pulmão de 23 camundongos infectados com
82
Takahachi e cols. avaliaram por immunoblotting conídios de P. brasiliensis, DNA de camundongos não
78 soros de pacientes com suspeita clínica de PCM, infectados e de camundongos infectados com H.
que apresentaram ausência de reatividade pela ID. capsulatum. Os autores observaram que os 23
Os autores empregaram como antígeno filtrado de homogenatos foram positivos pela técnica de Nested
cultura da amostra B-339 de P. brasiliensis, obser- PCR, sugerindo que, pelo fato de ser uma metodolo-
vando que das 78 amostras, 51 (65,4%) reagiram de gia sensível e específica, poderá ser utilizada no
forma específica frente à gp43. diagnóstico da PCM em amostras de tecido.
96
Segundo Del Negro e cols.91, são raros os casos Gomes e cols. relataram o emprego da PCR para
de pacientes que apresentam ausência de a detecção de DNA de P. brasiliensis na saliva de 11

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pacientes com a forma crônica da PCM. Segundo os os quais podem ser citados: a natureza química,
autores, 100% das amostras analisadas foram posi- bem como diferentes concentrações dos nutrientes
tivas, apresentando uma banda de 0,6 kb. utilizados no preparo de meios sintéticos, pH,
Devido a sua alta sensibilidade e especificidade, é temperatura, período de incubação, amostras
inevitável que a identificação molecular de fragmen- fúngicas utilizadas, condições de aeração e proces-
104-108
tos de DNA de P. brasiliensis pela PCR, com aplicabi- samento do antígeno obtido .
lidade diagnóstica, seja brevemente implantada para Um dos mais importantes avanços e contribuições
o diagnóstico da paracoccidioidomicose. ao estudo e caracterização de antígenos de P.
brasiliensis foi a identificação e purificação da glico-
Antígenos de P. brasiliensis proteína de 43 kDa, descrita como antígeno exocelu-
lar e imunodominante88. A gp43, porém, não é total-
P. brasiliensis apresenta em sua constituição
97 mente específica, visto que sua fração glicídica
uma multiplicidade de componentes antigênicos ,
contém epítopos capazes de serem reconhecidos por
alguns próprios da espécie e outros comuns aos
98 soro heterólogo, principalmente os que contêm
demais fungos. Segundo Restrepo e cols. , estes
anticorpos anti-H. capsulaum100,101.
antígenos podem ser extraídos da parede celular
do fungo, do conteúdo citoplasmático ou, ainda, Dados da literatura indicam que a preparação
do filtrado de cultura. Contudo, dados da literatura antigênica adequada e com aplicabilidade no soro-
demonstram variabilidade na metodologia diagnóstico deve conter, em sua composição, a
utilizada pelos diferentes laboratórios com o molécula de 43.000 daltons80. Neste sentido, há ne-
objetivo de produzir antígenos de P. brasiliensis58. cessidade de escolher adequadamente a amostra a
Entre estas, pode-se citar: a escolha da amostra ser utilizada para este propósito, pois, conforme
94
fúngica, tamanho do inóculo, meio de cultura, demonstrado por Campos e cols. , existem amostras
período, forma e temperatura de incubação. A de P. brasiliensis que não expressam gp43.
grande heterogeneidade destes parâmetros Berzaghi e cols.93 relataram que as culturas de
muitas vezes interfere no produto final e P. brasiliensis seriam compostas por diferentes
compromete a especificidade, estabilidade e clones, e por alguma razão apenas alguns destes
reprodutibilidade dos antígenos, características expressariam a molécula de 43 kDa. Para avaliar esta
de vital importância no imunodiagnóstico da PCM hipótese, obtiveram clones de três diferentes amos-
e de outras micoses99,58,70. A reatividade cruzada, tras de P. brasiliensis (113, B-339 e 18), avaliando-os
comumente observada nestes casos, pode ser quanto à capacidade de expressar gp43. Os autores
explicada pela grande similaridade antigênica verificaram por immunoblotting que os exoantígenos
entre os fungos dimórificos, particularmente produzidos a partir de clones das amostras 113 e 339
H. capsulatum e Lacazia loboi100,101. apresentavam gp43 e que dos 26 clones obtidos da
Pesquisas visando à obtenção de antígenos de P. amostra 18, quatro não secretavam esta molécula.
brasiliensis vêm sendo realizadas desde o início do Avaliando os clones não secretores de gp43 verifica-
século passado. Na década de 1920, Arêa Leão
102 ram que após dez subcultivos, estes clones voltaram
obteve antígenos com o objetivo de utilizá-los na a expressar, de maneira extremamente variável, a
avaliação da imunidade humoral de pacientes com glicoproteína de 43 kDa. Segundo os autores, este
PCM. Lacaz103 os obteve com a mesma finalidade; fenômeno pode ser possivelmente explicado por
contudo, os antígenos não se conservaram. Fava algum problema molecular no mecanismo de expres-
Netto86 relatou a obtenção de antígeno polissacarídi- são da molécula de 43 kDa.
co, empregando-o em ensaios de fixação de comple-
mento e precipitação em tubos. Este mesmo antíge- Considerações finais
no foi utilizado para ensaios de intradermorreação, Mesmo após ter sido descrita há 100 anos, e
objetivando analisar a hipersensibilidade do tipo apesar dos expressivos avanços que permitiram a
tardio (HTT). melhor compreensão da epidemiologia, patogênese,
A partir de 1960, as pesquisas relacionadas à diagnóstico clínico e laboratorial, a paracoccidioido-
caracterização de antígenos de P. brasiliensis micose ainda apresenta no Brasil alta prevalência,
apresentaram aumento significativo. Estudos foram altas taxas de mortalidade e letalidade, podendo ser
realizados testando-se diferentes parâmetros, entre considerada uma doença negligenciada.

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Correspondência/Correspondence to:
Adriana Pardini Vicentini Moreira
Instituto Adolfo Lutz – Laboratório de Imunodiagnóstico das Micoses – Seção de Imunologia
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Te.: (+55) 11 3068-2899/2900
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