CONTEÚDO DO CURSO “OS 4 TEMPERAMENTOS” DO SITE PADRE PAULO RICARDO.ORG TEMPERAMENTOS FRENTE A HUMILDADE
A primeira virtude que todos os temperamentos têm de
adquirir e exercitar, em ordem à santificação, é a humildade, que consiste no real conhecimento de si mesmo e de Deus.
Vejamos o que, na prática, deve fazer cada um dos
temperamentos.
Colérico. — Deve, antes de tudo, combater a fixação por suas
próprias ideias e opiniões. Deve também se esforçar por não dissimular mais suas faltas, para si e para os outros, reconhecendo-as humildemente. Por isso, deve parar de justificar-se por ter feito algo errado: sa saber ter-se equivocado ou agido mal, há de reconhecê-lo com toda franqueza. Por isso, tem de procurar reconhecer a própria imperfeição e não ficar criticando as dos outros. Deve imprimir no coração as palavras de Nosso Senhor: “Quem quiser ser o primeiro, seja o último de todos” (Mt 20, 27), e as da Virgem Maria: “Ele olhou a humildade de sua serva” (Lc 1, 48). Ele, com efeito, não olhou as boas obras, a virgindade ou a piedade da sua serva, mas a sua humildade. E ainda: “Quem se humilha será exaltado, mas quem se exalta será humilhado” (Lc 18, 14); “Quem dissimula suas faltas, não há de prosperar; quem as confessa e as detesta, obtém misericórdia” (Pr 28, 13). O colérico, numa palavra, deve buscar o último lugar, assim como fez o Rei dos reis.
Melancólico. — Deve, em primeiro lugar, reconhecer a grande
soberba que é ter medo das humilhações. No fundo, acomete- o uma vaidade oculta, inconfessada: enquanto o sanguíneo é vaidoso porque quer que os outros vejam coisas que ele fez de bem, o melancólico é vaidoso porque não quer que os outros vejam defeitos ou incapacidades que ele sabe possuir. Por isso, o melancólico deve gravar no coração as palavras do Eclesiástico (4, 25): “Pois há uma vergonha que conduz ao pecado, e há uma vergonha que atrai graça e glória”. Deve também combater ferrenhamente o hábito de criticar o próximo e julgá-lo no coração, dizendo com São Paulo: “A caridade tudo perdoa, a caridade tudo cobre” (1Cor 13, 7); “Aquele que dissimula faltas promove amizade; quem as divulga, divide amigos” (Pr 17, 9).
Sanguíneo. — O sanguíneo, por sua vez, deve chegar à
humildade pelo combate à vaidade. Nunca deve falar de si, nem das coisas boas que fez, nem das coisas más, como ensina S. Francisco de Sales. Deve, por isso, seguir o conselho de S. João da Cruz, contrariando o gosto de aparecer: “Queira, pelo silêncio, fazer-te esquecer”. Há de repetir continuamente no seu interior aquela máxima do evangelho: “Já receberam a sua recompensa” (Mt 6, 2). Ou aquela: “Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem só de Deus?” (Jo 4, 44). Além disso, deve considerar como é ridícula e vã a glória do mundo e os elogios dos homens, e buscar a verdadeira glória, que consiste em ser agradável a Deus.
Fleumático. — O fleumático, por fim, precisa combater a
vaidade, mas não a de ser o centro das atenções como o sanguíneo, mas, sim, a vaidade ontológica, ou seja, um ideal de vida vazio. Tem de combater em si os pensamentos fúteis e ociosos, além de gravar no coração as palavras do Evangelho: “O reino dos céus é dos violentos” (Mt 11, 12). Ou aquelas: “Servo mau e preguiçoso” (Mt 25, 26). Deve ainda meditar com frequência, a fim de conhecer quem é Deus e a sua grandeza, e assim entender a futilidade de suas naturais inclinações. “Os olhos não viram, o coração não sentiu […] o que Deus tem preparado para os que o amam” (1Cor 2, 9). Por último, deve combater a inclinação ao sarcasmo e à fanfarronice, sempre fruto da despreocupação com as coisas verdadeiramente importantes da vida. MORTIFICAÇÃO DOS TEMPERAMENTOS
A segunda coisa, após a humildade, que devem adquirir todos
os quatros temperamentos, como meio imprescindível para chegar à santidade, é a mortificação, que nada mais é do que o conjunto de renúncias e sacrifícios pelo qual a alma se dispõe melhor para o desenvolvimento da graça.
Vejamos na prática como hão de mortificar-se os quatro
temperamentos.
Colérico. — O colérico deve mortificar ativamente a ira,
inclinando-se para a doçura. Assim como a irritação vai gerando nele um coração orgulhoso (pois o que o colérico quer, no fundo, é que tudo seja feito segundo a sua vontade), a mansidão vai gerando um coração humilde, que sabe não ser Senhor do céu e da terra e que as contrariedades fazem parte da vida. Quando palpitar-lhe a irritação, o colérico deve encomendar- se imediatamente a Deus e calar-se, pois certamente, se não souber conter-se, fará estragos, em si e nos outros. Se a situação exigir uma resposta, só deverá responder ou agir depois de ter dominado a cólera. No entanto, a parte mais importante é a aceitação das humilhações e contrariedades. O colérico deve abandonar a lógica do “isso não é justo”, “eu não merecia ser tratado assim”, “eu não fiz nada”. Seus olhos hão de estar sempre fixos no Filho de Deus, que, sendo inocente, foi acusado, escarnecido e desprezado, mas tudo suportou com rosto sereno e olhar compassivo para aqueles mesmos que o maltratavam. O colérico deve, pois, olhar para o Sagrado Coração e contemplá-lo na ocasião da bofetada do soldado, diante de Caifás: era Deus, e uma de suas criaturas deu-lhe uma bofetada. O que de mais injusto pode haver do que isto? Cristo, porém, se manteve em perfeito domínio, respondendo racionalmente: “Se respondi mal, mostra em quê; mas se respondi bem, por que me bates?” (Jo 18, 23). É precisamente isso que a mansidão traz: a possibilidade de agir racionalmente, de “cabeça fria”. Sem isso, ninguém pode agir com prudência (que radica na inteligência, e não na vontade) e, ainda que albergue boas intenções, causará estragos, por se deixar levar pelo furor das paixões. Ao colérico é recomendável ler com frequência as páginas de Tanquerey, do Pe. Royo Marín e da Escola de Perfeição Cristã, nos pontos em que ensinam a chegar à mansidão.
Sanguíneo. — Ele deve mortificar ativamente os sentidos,
sobretudo os olhos, o paladar e a língua (essa é o principal alvo). O sanguíneo deve entender, antes de tudo, o quanto lhe é necessária essa mortificação, pois a sua tendência é começar e logo depois desistir diante da primeira dificuldade. S. Afonso é muito recomendável, pois, além de falar sobre a mortificação, sua necessidade etc., ele também traz muitos exemplos de santos que muito se mortificaram, o que pode servir de grande incentivo para o sanguíneo, sobretudo para motivá-lo a perseverar na luta. Graças à sua natural inconstância, é importante que o sanguíneo faça propósitos específicos, bem concretos e acessíveis, de mortificação dos sentidos: se ele percebe, por exemplo, que a língua é o mais problemático, deve fazer um propósito claro e objetivo (por exemplo, não falar coisas más), além de fazer todos os dias, sem falta, um exame de consciência sobre esse propósito. Assim, uma vez arrancado o hábito de falar coisas más, deverá fazer-se um propósito mais generoso (por exemplo, não falar coisas frívolas ou fúteis), examinando-se diariamente e, é claro, arrependendo-se e confessando-se com o firme propósito de deixar essas faltas, ainda que sejam veniais. Vencida esta meta, ele poderá crescer ainda mais em generosidade, comprometendo-se a falar apenas coisas úteis, para chegar enfim a imitar o exemplo heróico de S. Domingos de Gusmão, cuja boca só se abria para falar a Deus ou sobre Deus. Melancólico. — Por temperamento, o melancólico não tem grandes dificuldades para guardar a temperança dos sentidos, já que ele é, em princípio, pouco estimulável. Pode dar-se o caso, no entanto, de um melancólico que, por pecados pessoais ou como efeito de uma má educação, é muito sensual e proclive à intemperança. Nesse caso, ele deve dedicar-se com afinco à mortificação dos sentidos, mas sempre com prudência, visto que, por ser naturalmente inclinado à temperança, é fácil que ele acabe desviando-se do termo médio e causando dano à própria saúde. Seja como for, a mortificação própria e mais exigente do melancólico “puro”, por assim dizer, é a da imaginação. É daí, do seu fluxo quase incontrolável de pensamentos e imagens interiores, que lhe nasce o pessimismo, os juízos temerários, as críticas internas ao próximo etc. É aí que lança raízes sua tendência à solidão e à reflexão. Se essa solidão, porém, não for cheia da presença de Deus, tornar-se-á egoísmo, puro e simples. Por isso, na prática o melancólico deve estar sempre bem ocupado. Eis por que é muito proveitoso o trabalho manual (pequenas atividades, como cuidar de um jardim, algum artesanato, etc., que ocupam a mente). Mas cuidado: não se trata de ativismo, mas de organizar o tempo, para assim fugir da ociosidade, que, quase por si mesma, o leva a reflexões e mais reflexões, a voltar-se sobre os próprios pensamentos etc. É claro, o melancólico deve, sim, refletir sobre si mesmo, sobre a condição de sua alma, sobre suas ações etc; o que ele não deve fazer é limitar-se a isso: do contrário, quando ele começará a amar a Deus e ao próximo, já que só pensa em si mesmo? Siga, pois, o que diz S. João: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade” (1Jo 3, 18).
Fleumático. — A mortificação, na verdade, é uma vivificação e,
portanto, um excelente remédio para a tendência do fleumático à inação, ao descanso, a terminar as coisas rapidamente, só para poder descansar e se divertir o quanto antes, ao tédio, à falta daquela “paixão” boa e interessada por algum assunto. O ponto positivo do fleumático, como vimos já, é a prudência e a capacidade de resolver as coisas com calma, sem correria. Mas isso, no mais das vezes, se degenera em vício, ou seja: o fleumático se move tão devagar, tão devagar, que não chega nunca a lugar nenhum. É como diz S. João da Cruz: “Existem, no entanto, pessoas que, em seu desejo de progresso espiritual, andam com muito mais paciência do que Deus quereria ver nelas” (Noite Escura, I, imperfeição da ira). Ora, falando da acídia, S. Tomás nos recorda que, quanto mais pensamos nos bens espirituais, mais eles vão se tornando agradáveis, e é assim que o tédio vai desaparecendo (cf. STh II-II 35, 1 ad 4). Por isso, o fleumático deve: Ler muito as vidas dos santos, para, motivados por elas, sair da mediocridade e exercitar a magnanimidade, alimentando grande desejo das coisas espirituais. Vendo, pois, os feitos heróicos e a grande pressa dos santos em amarem a Deus, o fleumático irá se motivar a “arrebatar o Reino dos céus com violência”. A própria S. Teresa recomenda isso no Castelo Interior (III, 2, 12): “Parece que, com o seu voo, nos atrevemos a voar, como acontece com os filhotes das aves quando o aprendem. Ainda que não possam dar grandes voos, eles pouco a pouco imitam seus pais. É de grande proveito, posso afirmá-lo”. Fazer amizades espirituais, tão recomendadas pelo Pe. Royo Marín. Aqui, porém, Santa Teresa adverte o seguinte, com grande sensatez e profunda psicologia: “Não devem procurar uma pessoa do seu temperamento, como se diz, que faça tudo com demasiado cuidado, devendo buscar quem esteja muito desenganado das coisas do mundo” (idem). Empenhando, assim, em combater o tédio espiritual (acídia), o fleumático deverá lutar também contra a ociosidade. Por isso, faça seu o lema de S. Afonso Maria de Ligório: “Não perder tempo jamais”. CARIDADE FRATERNA E OS TEMPERAMENTOS
A última, embora não menos importante, das virtudes que
têm de praticar os quatro temperamentos é a caridade fraterna, que poderíamos definir como um santo esquecimento de si que nos permite amar sinceramente a Deus na pessoa do próximo.
Como nas últimas duas aulas, vejamos como devem portar-se
na prática os quatro temperamentos no exercício desta virtude tão preciosa:
Colérico. — Pela prática da humildade e da doçura, o colérico
irá, quase por necessidade, começar a enxergar nos outros uma pessoa, e não como aquele indivíduo aborrecido que, aqui e agora, me está me incomodando e sendo “a razão última da minha infelicidade”. Nesta matéria, o mais importante para o colérico é o olhar que sai da própria individualidade para se fixar na dignidade do outro, um filho de Deus a quem podemos e devemos amar como tal. Além disso, o colérico deve prestar atenção para não praticar a caridade por mera satisfação pessoal, isto, é, para sentir-se caridoso e bom. Antes, ouvindo a recomendação de Cristo diga sempre, após ter feito um ato de amor ao próximo: “Sou um servo inútil, não fiz mais do que a minha obrigação” (Lc 17, 10).
Sanguíneo. — A grande facilidade do sanguíneo é, de fato, a
prática da caridade fraterna, pois se trata de um temperamento que se comove facilmente com as dores alheias, ao ponto de padecer muita vez com a outra pessoa. O problema, contudo, é que o sanguíneo tende a ser “exageradamente apostólico”, a cair no ativismo imoderado, como se a santidade consistisse tão-somente nas obras externas. Ora, já vimos que o sanguíneo deve lutar para adquirir vida interior e profundidade na meditação, e essa inclinação para as obras externas pode, com efeito, ser um grave obstáculo à aquisição dessa interioridade. É S. João da Cruz que o diz: “Considerem aqui os que são muito ativos, e pensam abarcar o mundo com suas pregações e obras exteriores: bem maior proveito fariam à Igreja, e maior satisfação dariam a Deus além do bom exemplo que proporcionariam de si mesmos, se gastassem ao menos a metade do tempo empregado nessas boas obras, em permanecer com Deus na oração”. (Cântico Espiritual, Canção 29, n. 3). Vale lembrar ainda que, como dissemos antes sobre a humildade, o sanguíneo deve ter muito cuidado de não praticar suas obras para ser visto e elogiado. Talvez o “evangelho do sanguíneo” seja o capítulo 6, 1-6 e 16-18 de São Mateus.
Melancólico. — Aqui, não há segredo, pois o melancólico é, por
via de regra, retraído e centrado em si mesmo: deve, portanto, lançar-se pronta e empenhadamente ao amor ao próximo. Deve tomar consciência de que, por natureza, há nele uma “correnteza” que o puxa para dentro de si mesmo o tempo todo, “correnteza” que, não raro, desemboca num mar profundíssimo de egoísmo, no qual nem mesmo o melancólico percebe estar-se afogando. E, ainda que ele fosse um contemplativo de clausura, deverá aprender que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). S. Teresinha do Menino Jesus, jovem melancólica que se tornou a Padroeira das Missões, é uma grande mestra, porque o grande progresso espiritual dela começou tão logo ela se deu conta, naquela decisiva noite de Natal, do que realmente queria dizer amor ao próximo, que sempre exige que saiamos de nós mesmos. Mas cuidado! Ninguém amará o próximo de verdade se não cultivar, antes e acima de tudo, um verdadeiro amor a Deus. Santa Teresinha, por exemplo, não era uma “filantropa” moderna nem uma benfeitora das irmãs: se ela sorria e se lhes doava sempre, é porque via nelas o seu Jesus, com o qual se encontrava todos os dias na oração e na Santa Comunhão. O ponto forte do melancólico é justamente o recolhimento, o amor ao silêncio, que lhe favorecem o cultivo da vida interior, não há por que perder isso. Mas, uma vez que se tenha firmado na vida de oração, ele não fará avanços se não se lançar ao amor fraterno, porque é aí, neste dar-se aos outros e negar-se a si que ele aprenderá a se esquecer dos próprios problemas, sempre tão “graves” e “profundos”. Em resumo, deve o melancólico cultivar a vida interior, mas sem ter medo de “deixar Deus por Deus” para se entregar aos irmãos, a exemplo do beato Henrique Suso, que o aprendeu do próprio Senhor Jesus. Estando o beato em devotíssima oração, um dos irmãos veio avisá-lo de que um mendigo o esperava à porta, tencionando confessar-se. O beato, porém, dispensou o irmão, pois queria ficar a sós com Deus; mas, quando retornou à oração, toda a devoção que até aquele momento o enchia de gozo desapareceu-lhe da alma, deixando-o perturbado e clamando pelo Senhor. Foi assim que ele entendeu que o abandonara Deus porque também ele abandonou o mendigo. O beato, então, mandou o irmão buscar o mendigo preterido, a quem atendeu com todo o zelo e amor. Quando enfim pôde retornar à oração, a devoção de antes voltou a encher-lhe a alma, que a partir daquele dia aprendeu a “deixar Deus por Deus”.
Fleumático. — Considerando a tendência do fleumático a
buscar sempre o mais fácil, bem como a sua desmotivação ou tédio natural, ele deve, antes de mais nada, reconhecer de si para si que é a Deus que o seu coração anela, e é só nele que encontrará verdadeiro descanso. Recolhido em oração, coloque de um lado da balança seus próprios desejos e, do outro, a sede, às vezes inconsciente, que todas as almas têm de Deus; depois, coloque de um lado os seus sofrimentos e problemas e, do outro lado, a quantidade interminável de almas que se perdem pela nossa falta de santidade! Isso o motivará e fará dizer com S. João Maria Vianney: “É necessário trabalhar neste mundo, é necessário combater. Teremos toda a eternidade para descansar.” Motivado pela consideração das misérias alheias, o fleumático pode tornar-se um homem apostólico extraordinário, até mais mais do que um colérico. Sua perseverança e serenidade naturais, se cultivadas devidamente, podem levá-lo a construir pouco a pouco uma “catedral” monumental de obras de amor a Deus e ao próximo. O fleumático, numa palavra, deve motivar-se sempre, para um dia amar a Deus até a loucura, aquela loucura santa que faz o homem esquecer a si mesmo para pensar só em Deus, como confessava Santa Teresa: “E, pois, que ao escrever isto não estou fora desta santa loucura celestial — de que tão sem méritos meus e por Vossa bondade e misericórdia me fazeis mercê — eu Vos suplico, meu Rei, que tenhais agora por bem que todos aqueles com quem eu tratar estejam ou loucos de Vosso amor ou permiti que eu não trate com ninguém” (Livro da Vida, 16, 4).