O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das competências que lhe
são conferidas pelos arts. 6º, inciso II, e 8º, inciso I, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o
disposto em seu Regimento Interno, resolve:
Capítulo I
V - Estudo de Viabilidade de Queima - EVQ: estudo teórico que visa avaliar a compatibilidade do
resíduo a ser coprocessado com as características operacionais do processo e os impactos ambientais
decorrentes desta prática.
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VII - forno rotativo de produção de clínquer: cilindro rotativo, inclinado e revestido internamente
de material refratário, com chama interna, utilizado para converter basicamente compostos de cálcio,
sílica, alumínio e ferro, proporcionalmente misturados, em um produto final denominado clínquer.
VIII - monitoramento ambiental: avaliação das emissões provenientes dos fornos de produção
de clínquer que coprocessam resíduos, bem como da qualidade ambiental na área de influência do
empreendimento.
IX - Plano do Teste de Queima - PTQ: plano que contempla dados, cálculos e procedimentos
relacionados com as operações de coprocessamento propostas para o resíduo.
XII - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a
proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d'água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
XIV - resíduos explosivos: resíduos compostos por substâncias que por ação de causa externa
como calor, choque, carga elétrica, entre outros, são capazes de gerar reação química caracterizada pela
liberação em breve espaço de tempo e de forma violenta, de calor, gás e energia mecânica por explosão.
XX - zona de combustão primária: região do forno rotativo onde ocorre a queima do combustível
de forma a proporcionar a temperatura do material em clinquerização na ordem de 1400°C-1500°C.
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XXI - zona de combustão secundária: região do sistema forno onde ocorre a queima do
combustível, na faixa de temperatura da ordem de 850°C a 1200°C, objetivando a pré-calcinação.
XXIII - resíduos equivalentes: resíduos cuja carga poluidora seja menor ou igual ao
originalmente licenciado.
Art. 5º Estão excluídos dos critérios de licenciamento desta resolução os materiais listados no
ANEXO II.
Art. 6º O coprocessamento de resíduos deverá atender aos critérios técnicos fixados nesta
Resolução, complementados, sempre que necessário, pelo órgão ambiental competente, de modo a
atender as peculiaridades regionais e locais.
Art. 7º As solicitações de licença ambiental para fornos rotativos de produção de clínquer para
atividades de coprocessamento de resíduos em fábricas de cimento já instaladas somente serão
analisadas se essas estiverem devidamente licenciadas e ambientalmente regularizadas.
Art. 10. Os clínqueres e cimentos importados deverão obedecer ao disposto no art. 9º desta
Resolução.
Capítulo II
Dos Procedimentos
Seção I
Art. 11. São permitidos, para fins de coprocessamento em fornos de produção de clínquer,
resíduos ou misturas de resíduos passíveis de serem utilizados como substituto de matéria-prima e/ou de
combustível, desde que as condições do processo assegurem o atendimento às exigências técnicas e aos
parâmetros fixados na presente Resolução, comprovados a partir dos resultados práticos do Plano do
Teste de Queima proposto.
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Seção II
Do Licenciamento Ambiental
§ 1º Para as fontes novas, poderão ser emitidas Licenças Prévia, de Instalação e de Operação
que englobem conjuntamente as atividades de produção de cimento e o coprocessamento de resíduos
nos fornos de produção de clínquer.
Art. 13. Para a inclusão de resíduos à Licença de Operação, fica dispensada a apresentação do
Estudo de Viabilidade de Queima (EVQ), Plano de Teste em Branco (PTB), Relatório de Teste em Branco
(RTB), Plano de Teste de Queima (PTQ) e Relatório de Teste de Queima (RTQ), desde que devidamente
comprovado que se tratam de resíduos equivalentes aos licenciados.
Art. 14. O processo de licenciamento será tecnicamente fundamentado com base nos estudos a
seguir relacionados, que serão apresentados pelo interessado:
Seção III
Art. 15. O EVQ será apresentado ao órgão ambiental devendo conter, no mínimo, as seguintes
informações:
I - dados referentes à fábrica de cimento como nome, endereço, situação com relação ao
licenciamento ambiental;
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V - em relação à matéria-prima:
VI - em relação ao combustível:
a) caracterização dos combustíveis como tipo, poder calorífico inferior e teor de enxofre, e
consumo (t/h); e
Seção IV
Do Teste em Branco
Art. 16. Após a aprovação do Estudo de Viabilidade de Queima - EVQ, o órgão ambiental
analisará o Plano de Teste em Branco e aprovará a realização do Teste em Branco visando avaliar o
desempenho ambiental da fábrica de cimento sem o coprocessamento de resíduos.
Art. 17. Previamente à realização do Teste em Branco, a empresa interessada apresentará para
aprovação do órgão ambiental, o Plano de Teste em Branco, contemplando os requisitos mínimos para
execução do teste, abrangendo os seguintes itens:
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Art. 18. Após a realização do Teste em Branco, a empresa apresentará ao órgão ambiental o
relatório conclusivo do teste, contemplando a verificação dos itens previstos no Plano de Teste em Branco.
Art. 19. Caso a instalação não atenda às exigências previstas no Teste em Branco, fica proibido o
prosseguimento do licenciamento até que seja realizado e aprovado um novo teste, após a realização de
adequações pelo empreendedor.
Seção V
I - o objetivo do teste;
a) matérias-primas:
2. características físico-químicas;
4. taxas de alimentação.
b) resíduo:
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4. teores de metais;
5. teores de cloreto;
c) combustíveis:
1. tipo;
4. consumo (massa/tempo).
VII - descrição da destinação final ambientalmente adequada dos resíduos gerados no sistema
de controle de emissões atmosféricas. E:
a) no caso de existirem etapas de tratamento deste sistema que gerem efluentes líquidos,
descrever seus equipamentos e operações, seus parâmetros e condições operacionais e sua proposta de
monitoramento para sistemas de tratamento destes efluentes;
Art. 21. Após a aprovação do PTQ o interessado fixará a data para o Teste de Queima, em comum
acordo com o órgão ambiental, que, a seu critério, poderá acompanhar as operações do teste.
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Art. 22. Os resíduos não poderão ter sua composição e suas concentrações de contaminantes
superiores aos valores apresentados no plano.
Art. 23. Poderá ser prevista a realização de um "pré-teste de queima", que deverá ser aprovado
pelo órgão ambiental, a fim de que sejam feitos os ajustes necessários referentes às condições de
alimentação dos resíduos a serem testados.
Art. 24. Para a alimentação de resíduos em regime de batelada (em latões, bombonas, pacotes,
ou sem cominuição prévia de quantidades maiores - como, possivelmente, no caso de pneus), o volume
de cada batelada e a frequência de suas alimentações deverão ser estabelecidos de modo a garantir que
a rápida volatilização dos compostos introduzidos no sistema não promova reduções das concentrações
de O₂ abaixo das quais seja comprometida a eficiência do processo de destruição térmica destes
compostos.
Art. 25. O empreendedor deverá apresentar ao órgão ambiental competente estimativa dos
níveis de emissão resultantes da adoção da taxa de alimentação pretendida, com base no balanço de
massa, contemplando os dados de entrada de matéria-prima, combustível e resíduos, e de saída de
clínquer, gases da exaustão, material particulado retido no ECP e particulado nos gases emitidos para
atmosfera.
Art. 26. Ao término do período solicitado para o pré-teste, o órgão ambiental deverá ser
comunicado quanto a eventuais alterações no Plano de Teste de Queima.
Seção VI
Do Teste de Queima
Art. 27. No início do Teste de Queima deverá ser testado o sistema de intertravamento para
interromper automaticamente a alimentação de resíduos.
Art. 28. Durante o Teste de Queima, a instalação deverá operar nas mesmas condições
operacionais verificadas durante o Teste em Branco, conforme o inciso V do art. 17.
Art. 29. Deverão ser amostrados no efluente gasoso os mesmos poluentes avaliados no Teste
em Branco.
Art. 30. As coletas deverão ser realizadas em triplicadas e as emissões atmosféricas devem
estar de acordo com os limites máximos de emissão estabelecidos no ANEXO III.
II - o Teste de Queima não deverá apresentar risco significativo de qualquer natureza à saúde
pública e ao meio ambiente;
a) emissão dos poluentes monitorados continuamente, acima dos limites previstos nesta
Resolução, por tempo superior a 300 (trezentos) segundos, quando não respeitado o limite dentro média
horária;
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g) no caso do uso de precipitadores eletrostásticos como ECP, além da observância das alíneas
acima, deverá ser realizado o intertravamento quando o parâmetro operacional CO ultrapassar o limite de
concentração recomendado pelo fabricante do ECP, considerando o histórico de operação do
empreendimento.
Seção VII
Art. 32. Os limites máximos de emissão, em base seca, para a atividade de coprocessamento de
resíduos em fornos de clínquer são fixados no ANEXO III.
Art. 33. Os limites de emissão dos poluentes poderão ser mais restritivos, a critério do órgão
ambiental competente, em função dos seguintes fatores:
Seção VIII
Dos Critérios para Seleção dos Principais Compostos Orgânicos Perigosos - PCOPs
Art. 35. A seleção dos PCOPs deverá ser baseada no grau de dificuldade de destruição de
constituintes orgânicos do resíduo, sua toxicidade e concentração no resíduo.
Art. 36. A Eficiência de Destruição e Remoção-EDR dos PCOPs, deverá ser de no mínimo 99,99%.
Parágrafo único. Em caso de alimentação de PCB, a EDR deverá ser de no mínimo 99,999%.
Art. 37. Para confirmação da EDR, a taxa de alimentação de um ou mais PCOPs selecionados
deverá ser compatível com os limites de quantificação dos métodos de amostragem e análises das
emissões atmosféricas.
Art. 38. O órgão ambiental competente poderá definir o critério para atendimento do limite de
emissão do THC na hipótese em que as características da matéria-prima exercerem influência sobre o
valor total de emissão.
Seção IX
Do Monitoramento Ambiental
Art. 40. A taxa de alimentação do resíduo, deve ser controlada através de avaliação sistemática
do monitoramento das emissões provenientes dos fornos de produção de clínquer que utilizam resíduos,
bem como da qualidade ambiental na área de influência do empreendimento.
Art. 41. Deverão ser monitorados de forma contínua os seguintes parâmetros: pressão interna,
temperatura dos gases do sistema forno e na entrada do precipitador eletrostático, vazão de alimentação
do resíduo, material particulado, O₂ , NOₓ e THC.
Art. 42. Deverão ser monitorados, de forma não contínua, os seguintes parâmetros: HCl/Cl2, HF,
dioxinas e furanos e demais parâmetros constantes no ANEXO III.
Art. 43. O monitoramento de quaisquer outros poluentes com potencial de emissão poderá ser
exigido, a critério do órgão ambiental competente, desde que de forma motivada e fundamentada.
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Art. 44. O controle das características dos resíduos deverá ser feito através de amostragem não
contínua, fundamentado na análise dos seguintes parâmetros: elementos e substâncias inorgânicas,
enxofre, flúor, série nitrogenada e cloro.
Art. 45. O monitoramento dos efluentes líquidos deverá obedecer aos parâmetros fixados na
legislação pertinente.
Art. 46. Os parâmetros MP, NOₓ, SOₓ, O₂ e THC deverão ser monitorados de forma contínua e os
resultados encaminhados ao órgão ambiental competente, podendo ser on-line, conforme critério por ele
definido.
Seção X
Art. 47. O pessoal envolvido com a operação de coprocessamento de resíduos deverá receber
periodicamente treinamento específico com relação ao processo, manuseio e utilização de resíduos, bem
como sobre procedimentos para situações emergenciais e anormais durante o processo.
Seção XI
Art. 48. Os resíduos a serem recebidos pela instalação responsável por sua utilização deverão
ser previamente analisados por meio de metodologia de amostragem para determinação de suas
propriedades físico-químicas e registro das seguintes informações:
Seção XII
Art. 49. Os resíduos deverão ser armazenados de acordo com os dispositivos legais vigentes.
Art. 51. O Estudo de Análise de Risco integrará o processo de licenciamento ambiental, quando
do requerimento da Licença Prévia, e será realizado pelo empreendedor de acordo com os procedimentos
e normas estabelecidas pelo órgão ambiental competente.
Capítulo III
RICARDO SALLES
Presidente do Conselho
ANEXO I
Clordecona 50 mg/kg
Dibenzofuranos policlorados (PCDF) 15 μg/kg
Dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD)
Dicloro-difenil tricloroetano (DDT) 50 mg/kg
Dieldrin 50 mg/kg
Endossulfam 50 mg/kg
Endrin 50 mg/kg
Heptacloro 50 mg/kg
Mirex 50 mg/kg
Pentaclorobenzeno 50 mg/kg
Pentaclorofenol 50 mg/kg
Toxafeno 50 mg/kg
Hexaclorobenzeno 50 mg/kg
Naftalenos policlorados 10 mg/kg
Hexabromobifenil 50 mg/kg
Hexaclorobutadieno 100 mg/kg
Éter tetrabromodifenílico Soma das concentrações = 1000 mg/kg
Éter pentabromodifenílico
Éter hexabromodifenílico
Éter heptabromodifenílico
Ácido perfluoroctano sulfônico e seus derivados 50 mg/kg
ANEXO II
Combustíveis Tradicionais
Carvão Mineral
Gás Natural
Óleos Combustíveis
Briquetes de Carvão
Coque de petróleo e coques residuais da gaseificação de carvão
Metanol, etanol
Moinha de carvão
ANEXO III
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¹ Valores expressos nas condições normais de temperatura e pressão (0ºC e 1 atm), em base
seca.
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