Política de curricularização da extensão na UNIFESP: caminhos, desafios e construções
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Trata-se de uma obra dialógica e reflexiva no conjunto dos textos-capítulos, pois permite ao leitor acompanhar de que forma os marcos normativos nacionais implicaram e tomaram formatos próprios na experiência vivida na UNIFESP – seja no âmbito das diretrizes e normas político-pedagógicas, seja no processo participativo de ensino-aprendizagem vivenciado pela comunidade acadêmica. Assim, o livro traz um convite ao debate e à busca de proposições institucionais frente ao desafio da universidade em estabelecer um diálogo efetivo com a sociedade, de concretizar a indissociabilidade ensino-pesquisa- extensão, de enfrentar a redução orçamentária para o ensino superior e a ciência brasileira e de romper com as limitações burocráticas.
É um livro que apresenta um como fazer a inserção da extensão na matriz curricular dos cursos de graduação – os 10% da carga horária do curso – dialogando com as políticas nacionais de educação e de extensão, com a gestão administrativa e político-pedagógica da instituição, com a missão da universidade frente à sociedade e com a práxis da comunidade acadêmica. O livro é composto por duas partes: uma primeira que apresenta as legislações e normas nacionais estabelecidas e como elas foram lidas e quais as implicações no processo de organização e debate na UNIFESP.
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Book preview
Política de curricularização da extensão na UNIFESP - Simone Nacaguma
Conselho Editorial
Ana Paula Torres Megiani
Andréa Sirihal Werkema
Eunice Ostrensky
Haroldo Ceravolo Sereza
Joana Monteleone
Maria Luiza Ferreira de Oliveira
Ruy Braga
ALAMEDA CASA EDITORIAL
Rua 13 de Maio, 353 – Bela Vista
CEP 01327-000 – São Paulo, SP
Tel. (11) 3012-2403
www.alamedaeditorial.com.br
Copyright © 2021 Simone Nacaguma, Sergio Stoco e Raiane Assumpção (orgs.)
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Edição: Haroldo Ceravolo Sereza / Joana Monteleone
Projeto gráfico, diagramação e capa: Maria Beatriz de Paula Machado
Assistente acadêmica: Tamara Santos
Revisão: Alexandra Colontini
Imagem da capa: Pixabay
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
___________________________________________________________________________
P829
Política de curricularização da extensão na UNIFESP [recurso eletrônico] : caminhos, desafios e construções / organização Simone Nacaguma, Sergio Stoco, Raiane P. S. Assumpção. - 1. ed. - São Paulo : Alameda, 2021.
recurso digital
Formato: ebook
Requisitos dos sistema:
Modo de acesso: world wide web
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-65-5966-078-0 (recurso eletrônico)
1. Extensão universitária - Brasil. 2. Livros eletrônicos. I. Nacaguma, Simone. II. Stoco, Sergio. III. Assumpção, Raiane P. S.
21-75137 CDD: 378.81
CDU: 378(81)
____________________________________________________________________________
A área de extensão vai ter no futuro próximo um significado muito especial. No momento em que o capitalismo global pretende funcionalizar a Universidade e, de facto, transformá-la numa vasta agência de extensão ao seu serviço, a reforma da Universidade deve conferir uma nova centralidade às atividades de extensão (com implicações no curriculum e nas carreiras dos docentes) e concebê-las de modo alternativo ao capitalismo global, atribuindo às Universidades uma participação activa na construção da coesão social, no aprofundamento da democracia, na luta contra a exclusão social e a degradação ambiental, na defesa da diversidade cultural.
Boaventura de Souza Santos (2004)
Sumário
Comissão UNIFESP
Sobre o livro
Introdução
Apresentação
Programa Ciranda: ciência integrada ao nosso dia-a-dia – Programa de Extensão do Curso de Biomedicina da UNIFESP
Programas e desafios para a Extensão Universitária no Curso de História da Arte da UNIFESP
A Curricularização da Extensão nas disciplinas do Curso de Farmácia
A Curricularização da Extensão: a experiência do Curso de Ciências
Enfermagem e Creditação Curricular da Extensão: busca de caminhos para a consolidação das práticas do cuidado
A dimensão extensionista do Curso de Direito da UNIFESP e o papel das Clínicas de Prática Jurídica
Curricularização da Extensão: relato preliminar de experiência e perspectivas de implantação no ICT-UNIFESP
Sobre os autores
Comissão UNIFESP
Prof. Dr. Nelson Sass
Reitor
Profa. Dra. Raiane Patrícia Severino Assumpção
Vice-reitora
Profa. Dra. Taiza Stumpp
Pró-Reitora de Extensão e Cultura
Profa. Dra. Fabiana Schleumer
Pró-Reitora Adjunta de Extensão e Cultura
Profa. Dra. Ligia Azzalis
Pró-Reitora de Graduação
Prof. Dr. Mauricio Lourenção Garcia
Pró-Reitor Adjunto de Graduação
Comissão de Acompanhamento da
Curricularização da Extensão
Profa. Dra. Simone Nacaguma (Coordenadora)
Profa. Dra. Karin Simon (Vice-coordenadora)
Profa. Dra. Ana Maria Santos Gouw (ProEC)
Carina da Silva Lima Biancolin (Secretária)
Luana Maria de Andrade (CPAP/Prograd)
Profa. Dra. Maria Luduina de Oliveira e Silva (CPAP/Prograd)
Monica Alcântara Martins Diniz (CPAP/Prograd)
Regina de Andrade Bellisomi (CPAP/Prograd)
Prof. Dr. Renato Farina Menegon (Titular - Diadema)
Profª Dra. Mariana Lazarini (Suplente - Diadema)
Prof. Dr. Ivaldo Silva (Titular – EPM)
Prof. Dr. Reginaldo Raimundo Fujita (Suplente- EPM)
Karen Mendes Jorge de Souza (Titular EPE)
Prof. Dr. Hugo Fernandes (Suplente - EPE)
Profa. Dra. Edilene Teresina Toledo (Titular - Guarulhos)
Profa. Dra. Carolin Overhoff Ferreira (Suplente – Guarulhos)
Profa. Dra. Liliane Janikian Paes de Almeida (Titular IMar/BS)
Prof. Dr. Ronaldo José Torres (Suplente – IMar/BS)
Profa. Dra. Luciana Togni de Lima e Silva Surjus (Titular – ISS/BS)
Profa. Dr. Juarez Pereira Furtado (Suplente – ISS/BS);
Prof. Dr. Álvaro Pereira (Titular – Osasco)
Prof. Dr. Samir Sayed (Suplente - Osasco)
Profa. Dra. Mariana Motsuke (Titular - São José dos Campos)
Prof. Dr. André Marcorin de Oliveira (1º Suplente - São José dos Campos);
Prof. Dr. Roberson Saravia (2º Suplente - São José dos Campos).
Prof. Dr. Ricardo da Silva Barbosa (Titular - Zona Leste)
Profa. Dra. Silvia Lopes Raimundo (Suplente - Zona Leste)
Publicação da primeira versão deste
Guia de Curricularização da Extensão
(2017-2020)
Profa. Dra. Soraya Soubhi Smaili
Reitora
Prof. Dr. Nelson Sass
Vice-reitor
Profa. Dra. Raiane Patrícia Severino Assumpção
Pró-Reitora de Extensão e Cultura
Prof. Dr. Magnus Régios Dias da Silva
Pró-reitor Adjunto de Extensão e Cultura
Profa. Dra. Isabel Maria Hartmann de Quadros
Pró-Reitora de Graduação
Prof. Dr. Fernando Sfair Kinker
Pró-reitor Adjunto de Graduação
Comissão de Curricularização¹
Profa. Dra. Raiane Patrícia Assumpção
(COEC até Agosto/2017)
Msc. Fabricio Leonardi (COEC a partir de Agosto/2017)
Profa. Dra. Lígia Azzalis (COEC)
Prof. Dr. Luís Fernando Prado Telles (COEC)
Profa. Dra. Simone Nacaguma (CG)
Karin Maria Schoen (CG/CPAP)
Mirian Macieira (Secretária)
Discente Augusto Aigner (CG)
Profa. Dra. Érika Santangelo
(interlocutora campus Baixada Santista)
Prof. Dr. Sérgio Stoco (interlocutor campus Diadema)
Prof. Dr. Clifford Andrew Welch (interlocutor campus Guarulhos até Agosto/2017)
Prof. Dr. Odair Paiva (interlocutor campus Guarulhos a partir de Agosto/2017)
Prof. Dr. Luís Hernan Contreras Pinochet (interlocutor campus Osasco)
Profa. Dra. Denise Stringhini (interlocutora campus São José dos Campos)
Prof. Dr. Cledson Sakurai (interlocutor campus Zona Leste)
Prof. Dr. Anderson Rosa (Núcleo de Extensão do campus São Paulo até maio/2017)
Prof. Dr. Renato Nabas (interlocutor EPM, campus São Paulo)
Profa. Dra. Sonia Vigeta (interlocutora EPE, campus São Paulo)
1 Esta Comissão foi composta por representantes indicados pelo Conselho de Extensão e Cultura (CoEC), pelo Conselho de Graduação (CG) e por representantes dos sete campi da UNIFESP, responsáveis, assim, por estabelecer a interlocução com as Câmaras de Graduação e de Extensão dos campi e foram por elas indicados e/ou referendados. Esse modelo de composição visou a garantir maior capilaridade possível do diálogo com os cursos de graduação e alinhamentos entre a extensão e graduação.
Sobre o livro
Este livro foi elaborado com o propósito de contribuir com as instituições de ensino superior (IES) frente aos desafios e possibilidades apresentadas com a Curricularização das Atividades de Extensão nos Cursos de Graduação, como previsto pelo Plano Nacional de Educação (Meta 12 da Lei 13.005/2014) e nas Diretrizes do Conselho Nacional de Educação para a Extensão na Educação Superior Brasileira (Resolução CNE número 7/2018). A obra aqui apresentada foi construída a partir da experiência vivida na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP): trabalho amplo e participativo, realizado durante o período de 2015 a 2020, promovido pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura e pela Pró-Reitoria de Graduação da UNIFESP, que envolveu várias instâncias e sujeitos da universidade em um processo composto por estudos, debates, formações, formulações, planejamento, elaboração de normativas e concretização/ acompanhamento de experiências.
Trata-se de uma obra dialógica e reflexiva no conjunto dos textos-capítulos, pois permite ao leitor acompanhar de que forma os marcos normativos nacionais implicaram e tomaram formatos próprios na experiência vivida na UNIFESP – seja no âmbito das diretrizes e normas político-pedagógicas, seja no processo participativo de ensino-aprendizagem vivenciado pela comunidade acadêmica. Assim, o livro traz um convite ao debate e à busca de proposições institucionais frente ao desafio da universidade em estabelecer um diálogo efetivo com a sociedade, de concretizar a indissociabilidade ensino-pesquisa- extensão, de enfrentar a redução orçamentária para o ensino superior e a ciência brasileira e de romper com as limitações burocráticas.
É um livro que apresenta um como fazer a inserção da extensão na matriz curricular dos cursos de graduação – os 10% da carga horária do curso – dialogando com as políticas nacionais de educação e de extensão, com a gestão administrativa e político-pedagógica da instituição, com a missão da universidade frente à sociedade e com a práxis da comunidade acadêmica. O livro é composto por duas partes: uma primeira que apresenta as legislações e normas nacionais estabelecidas e como elas foram lidas e quais as implicações no processo de organização e debate na UNIFESP.
O estímulo primeiro para o início do caminho percorrido foi o Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), especialmente os debates realizados pelo FORPROEX e o COGRAD entorno da estratégia 12.7 da meta 12, e as diretrizes estabelecidas no PDI e PPI da universidade, que estabelecem o compromisso da Universidade com a sociedade, com vistas à transformação social. Nesse sentido, o cumprimento desta meta do PNE, que foi reiterada pela Resolução nº 7 de 18/12/2020 do CNE,¹ coadunava com os princípios e diretrizes político-pedagógicas da UNIFESP ao promover e reforçar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão na formação acadêmica nos cursos de graduação da Universidade Federal de São Paulo; como também ao reconhecer a extensão como atividade formativa, a partir da atuação conjunta entre a comunidade universitária e os demais setores da sociedade, e ao estimular a produção do conhecimento levando-se em conta a mediação com a sociedade e suas demandas.
Isso fez com que o processo na UNIFESP fosse desenvolvido por comissões, com representantes da PROEC, da PROGRAD e dos campi da universidade, representando as diferentes áreas do conhecimento: Comissão de Estudo sobre a operacionalização dos 10% de atividades de extensão universitária na matriz curricular (2015), Comissão de Curricularização das Atividades de Extensão nos Cursos de Graduação (2016-2017) e Comissão de Acompanhamento (desde 2017, em andamento) – que realizaram estudos e debates e apresentaram proposições para a implementação e a normativa institucional - Resolução nº 139 do CONSU, de 11 de outubro de 2017, com complementação via resolução 192 do CONSU, de 18 de fevereiro de 2021. A discussão e formulação conjuntas desse processo, lideradas pelas duas Pró-reitorias, permitiu a criação e disseminação de uma cultura institucional sobre o que consideramos por extensão, o que entendemos por currículo, e como essas duas questões poderiam se combinar e se potencializar para oferecer uma formação mais dinâmica e comprometida com a realidade.
A segunda parte do livro é composta por relatos de experiências de coordenadores de projetos/programas de extensão e/ou coordenadores de curso – um relato de cada um dos campi e/ou unidade universitária da UNIFESP - que tiveram a experiência da Curricularização da Extensão. Os textos explicitam o feito, trazem reflexões, anunciam perspectivas e possibilidades, como também reiteram e/ou provocam novos desafios.
Esperamos que os artigos e relatos a seguir provoquem novos debates e ofereçam perspectivas e possibilidades para a implementação da Curricularização da Extensão nos Cursos de Graduação nas IES de todo país. Boa leitura!
1 Esta resolução estabelece as diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira, portanto define os princípios, os fundamentos e os procedimentos que devem ser observados no planejamento, nas políticas, na gestão e na avaliação das instituições de educação superior de todos os sistemas de ensino do país, como também regulamenta as atividades acadêmicas de extensão dos cursos de graduação, na forma de componentes curriculares para os cursos, conforme documentos normativos próprios da instituição - Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDIs), Projetos Políticos Institucionais (PPIs), Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs). Em 12/2020 houve a homologação de novo parecer do CNE prorrogando por mais um ano o prazo para a Curricularização da Extensão nos Cursos de Graduação, isto é, 18/12/2022.
Introdução
A organização destes textos na forma de livro partiu de diálogos, ordenados como questões motivadoras, presentes nos diversos encontros, solicitações de reuniões e falas em diversos eventos extensionistas que passaram a reconhecer a experiência implementada na UNIFESP como ponto de partida para o cumprimento da exigência da estratégia 12.7 do PNE: Como vocês fizeram? Como enfrentaram determinada dificuldade? Que meios mobilizaram?
Assumindo este desafio, de tornar diálogos e experiências particulares em elementos de reflexão e proposições que, como vivências, possam colaborar com outras IES no caminho da curricularização, vimos refletir na ação (organizar este livro), os mesmos princípios ordenadores das ações extensionistas, também representadas no consolidado espaço do FORPROEX.
Não sem razão toda conversa sobre curricularização sempre começa pelos princípios extensionistas, como forma de responder à pergunta: O que é extensão?
Mas a resposta não pode ser catedrática, pois se pretendemos curricularizar a extensão, e não extensionalizar o currículo, não basta adicionar mais uma epistemologia às tradições teóricas e metodológicas representadas nas práticas de ensino de cada unidade curricular, como forma de competir, como se quiséssemos disputar a legitimidade e o valor dos conhecimentos. Temos que exercitar a paciência, o diálogo e a orientação como forma de organizar a instituição universitária, de modo a descobrir o seu papel no século XXI e perceber que cada unidade curricular (disciplina) e cada projeto ou programa de extensão tem uma história, uma prática, uma identidade... que para ser reorganizada por motivos da política institucional, aqui representado na expansão e interação das IES com a sociedade (por isso, a estratégia 12.7 faz parte da meta 12 do PNE 2014-2024), precisa criar laços de auto conhecimento, reconhecimento e, finalmente, coletividade.
Esta concepção e intencionalidade que incluiu a extensão como objetivo institucional e social das universidades brasileiras na sua forma de indissociabilidade (ganhando, no nosso imaginário o formato de tripé,¹ o que pode não ajudar tanto assim na compreensão do papel da extensão) e que agora se articula acadêmica e politicamente no desafio da Curricularização da Extensão.
Não por outra razão, abrimos o livro com o guia de orientação da Curricularização da Extensão na universidade.
Decidimos mantê-lo como registro do processo de diálogo e esforços pensados e implementados por um conjunto significativo de órgãos, setores e pessoas da universidade todas elas dispostas a levar adiante o objetivo de cumprimento da política institucional, que aliás só se institucionaliza, porque existe esse esforço contínuo de elaboração, reelaboração e mediação política, dando conteúdo e verdadeiro sentido àquilo que as regulamentações (leis, decretos e resoluções) exigem.
Os relatos de experiência, na segunda parte do livro, também se apresentam como esta oportunidade contínua de se questionar a formação acadêmica que a universidade oferece aos seus estudantes