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Material 5 - ESTUDO DA RETA – parte 1

Uma reta fica definida quando conhecemos dois de


seus pontos: 𝐴 e 𝐵, ou um ponto: 𝐴 e uma direção que
pode ser definida por um vetor 𝑣⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵, denominado
vetor diretor da reta. No espaço (ℝ3 ) consideremos um
⃗⃗ }
sistema de eixos ortogonais; indicamos: {𝑂, 𝑖⃗, 𝑗⃗, 𝑘

Exemplo 1. sejam os pontos: 𝐴(1,2, −1) e 𝐵(2,3, −2). A equação vetorial da reta 𝒓 definida por
esses dois pontos é dada por: 𝑿 = 𝑨 + 𝝀 (𝑩 − 𝑨), onde 𝝀 ∈ ℝ
Note que (𝐵 − 𝐴) define o vetor ⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐴𝐵, denominado vetor diretor da reta 𝑟 e 𝑋 representa um ponto
qualquer dessa reta. Assim, atribuindo um valor real para 𝜆, obtemos um ponto da reta. Qualquer
ponto dessa reta pode ser definido a partir do ponto 𝐴, somando-se um múltiplo real do vetor diretor.
No exemplo, a reta 𝑟 é definida por: 𝑿 = 𝑨 + 𝝀 (𝑩 − 𝑨) = (1,2, −1) + 𝜆 [(2,3, −2) − (1,2, −1)]
obtemos, então, que a equação vetorial da reta 𝑟 é: (𝑥, 𝑦, 𝑧) = (1,2, −1) + 𝜆 (1,1, −1), ∀𝜆 ∈ ℝ.
Para obtermos um ponto dessa reta, basta atribuirmos a 𝜆, qualquer valor real. Por exemplo, 𝜆 = 2,3,
obtemos que 𝑋 = (1,2, −1) + 2,3 (1,1, −1) = (3,3 ; 4,3 ; −3,3) é um ponto da reta 𝑟.

Para o caso da reta no plano (ℝ2 ), a definição é análoga, limitando-se a duas dimensões.
Exemplo 2. determine a equação vetorial da reta 𝑠 definida pelos pontos: 𝐴(1, −2) e 𝐵(2,0).
𝑋 = 𝐴 + 𝜆 (𝐵 − 𝐴) = (1, −2) + 𝜆 [(2,0) − (1, −2)] = (1, −2) + 𝜆 (1,2), onde 𝜆 ∈ ℝ
Ou, (𝑥, 𝑦) = (1, −2) + 𝜆 (1,2), onde 𝜆 ∈ ℝ
Note que, a partir dessa equação vetorial, podemos obter a equação geral da reta no plano:
𝑥 = 1+𝜆
(𝑥, 𝑦) = (1, −2) + 𝜆 (1,2) ⇒ (𝑥, 𝑦) = (1 + 𝜆, −2 + 2 𝜆) ⇒ {
𝑦 = −2 + 2 𝜆
𝜆= 𝑥−1 𝑦+2
Logo, { 𝜆 = 𝑦+2 . Igualando os valores 𝜆, obtemos: 𝑥 − 1 = 2 ⇒ 2𝑥 − 2 = 𝑦 + 2 ⇒ 𝑦 = 2𝑥 − 4
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Assim, 𝑦 = 2𝑥 − 4 é a equação geral da reta que passa pelos pontos 𝐴(1, −2) e 𝐵(2,0).
A equação geral de uma reta é: 𝒚 = 𝒂𝒙 + 𝒃. Conhecendo dois de seus pontos, podemos determinar
−2 = 𝑎(1) + 𝑏
os valores de 𝑎 e 𝑏, substituindo-se os pontos. Teremos: { . Resolvendo o sistema, vem
0 = 𝑎(2) + 𝑏
𝑎=2
que: { Substituindo os valores de 𝑎 e 𝑏 na equação geral da reta, obtemos a equação geral da
𝑏 = −4
reta definida pelos pontos 𝐴(1, −2) e 𝐵(2,0): 𝑦 = 2𝑥 − 4.

Profa. Dra. Maria Inez Miguel – PUC-SP


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Observação: consideramos que uma reta é um conjunto de infinitos pontos. Dessa forma, deve-se
dizer que um ponto pertence, ou não, a uma reta. É incorreto dizer que um ponto está contido em uma
reta, porque na Teoria de Conjuntos, um elemento pertence, ou não, a um conjunto e, um conjunto
está contido, ou não, em outro conjunto.

Exemplo 3. a equação vetorial da reta r que passa por A  ( 1, 1, 1 ) e tem a direção do vetor v  (2, 3, 4)

é: X  A  v ou X  1,1,1   2,3,4  , com    .

Fazendo   2 , teremos: X  1,1,1  2 2,3,4   1,1,1   4 ,6 ,8    3,5,7  , logo,

 3,5,7  é um ponto da reta, ou, podemos dizer que o ponto  3,5,7  pertence à reta r.
Fazendo   4 ,3 , teremos: X  1,1,1  4 ,3 2,3,4   1,1,1  8 ,6 ; 12,9 ; 17,2  9 ,6 ; 13,9 ; 18,2 ,

logo, o ponto 9 ,6 ; 13,9 ; 18,2 pertence à reta r.


Assim, atribuindo um valor real para  e substituindo na equação da reta, temos um ponto da reta.
O ponto 7 ,9 ,10 não pertence à reta r, porque se o ponto pertencesse à reta r, deveríamos ter algum

valor    , tal que: 7 ,9 ,10  1,1,1   2,3,4 , de onde se teria:

7 ,9,10  1,1,1  2 ,3 ,4   7 ,9,10  1  2 ,1  3 ,1  4  



  3
7  1  2 
  10
  9  1  3      , que é absurdo, porque  é único para cada ponto da reta.
10  1  4   3
  9
  4

Assim, para sabermos se um ponto pertence à reta r, basta substituir o ponto na equação da reta e
verificar se existe um valor real para o parâmetro (  ), que torne a equação verdadeira.
O ponto 4,14 ; 5,71;7 ,28 pertence à reta r, pois: 4,14 ; 5,71;7 ,28  1,1,1   2,3,4 , 

4,14 ; 5,71;7 ,28  1,1,1  2 ,3 ,4   4,14 ; 5,71;7 ,28  1  2 ,1  3 ,1  4  
4 ,14  1  2   1,57
 
5 ,71  1  3    1,57 . Logo,   1,57   tal que 4 ,14 ; 5,71;7 ,28  1,1,1   2,3,4  , ou
7 ,28  1  4    1,57
 
seja, o ponto 4 ,14 ; 5,71;7 ,28 pertence à reta r.

Equações paramétricas
Sejam X  ( x, y, z ) as coordenadas de um ponto qualquer da reta r, A  ( x0 , y 0 , z 0 ) um ponto dado da

reta r e v  (a, b, c) um vetor não nulo de direção paralela à da reta r.

Profa. Dra. Maria Inez Miguel – PUC-SP


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Da equação vetorial de r, X  A   v , com    vem:


( x, y, z )  ( x0 , y 0 , z 0 )  (a, b, c)
( x, y, z )  ( x0 , y 0 , z 0 )  (a, b, c)
( x, y, z )  ( x0  a, y 0  b, z 0  c)

 x  x0  a

Logo,  y  y0  b com    e a, b, c reais, não todos nulos ( v  0 )
 z  z  c
 0

As equações anteriormente definidas são denominadas equações paramétricas da reta r, em relação


ao sistema de coordenadas fixado, e  é denominado parâmetro.

Exemplo 4. da equação vetorial da reta r, X  1,1,1   2,3,4  , com    , temos:

x, y , z   1,1,1   2,3,4  x , y , z   1,1,1  2 ,3 ,4   x , y , z   1  2 ,1  3 ,1  4 


Igualando as coordenadas correspondentes, temos que as equações paramétricas da reta 𝑟 são:
 x  1  2

 y  1  3 , com    . Por exemplo, considerando   2 , obtemos o ponto P  5,7 ,9  r .
 z  1  4

Exemplo 5. Consideremos: A  ( 1, 2 , 3 ) e B  ( 0 ,  1, 5 ) dois pontos de uma reta 𝑠. Portanto,

v  B  A , isto é, v  0 ,1,5   1,2 ,3   1,3,2  . De X  A   v , com    , temos:


x, y , z   1,2,3    1,3,2  x, y , z   1   , 2  3  , 3  2 

x  1  

Assim, as equações paramétricas de s são:  y  2  3 , com   
 z  3  2

Por exemplo, considerando   3 , obtemos o ponto P  4 ,11 ,  3 s .

Cabe observar que: tanto a equação vetorial, quanto as equações paramétricas não são determinadas

de modo único, pois dependem da escolha de A, de v e do sistema de coordenadas, o que significa


que podemos ter equações diferentes para a mesma reta.

Profa. Dra. Maria Inez Miguel – PUC-SP


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Lista 6 – Estudo da reta – Parte 1

1. Determine a equação vetorial da reta 𝑟, que passa por A  ( 1, 2 , 3 ) e B  ( 0 ,  1, 5 )

2. Encontre três pontos distintos pertencentes à reta que passa por A  ( 1, 1, 1 ) e tem a direção do
vetor 𝑣⃗ = (2,3,4). A seguir, verifique se os pontos 𝑃 = (7, −9,10) e 𝑄 = (4,14 ; 5,71 ; 7,28)
pertencem, ou não, à reta.

3. O ponto A  0 ,b, c pertence à reta determinada pelos pontos P  1,2,0  e Q  2,3,1 . Determine
o ponto A.

4. Determine a equação vetorial da reta que passa pelo ponto 𝐴 = (1,5,4) e é paralela à reta
𝑟: 𝑋 = (1,20,0) + 𝜆 (−1,2,1), 𝜆 ∈ ℝ.

5. Encontre a equação vetorial e equação geral da reta que passa pelos pontos: 𝑃(1,1) e 𝑄(2, −2).

6. Ache a equação vetorial e as equações paramétricas da reta que passa pelo ponto A  1,3,0  e é

paralela ao vetor v  3,4 ,1 .

7. Obtenha a equação vetorial e as equações paramétricas da reta determinada pelos pontos


A  1,3,2 e B  5,2,2.

x  3  t

8. Determine o ponto da reta r, dada por:  y  1  t , t   , que tem ordenada 5. Encontre o vetor
z  4  t

diretor de r.

9. Determine a equação vetorial da reta determinada pelos pontos A  ( 2 , 0 , 3 ) e B  ( 6 , 8 , 4 ) .

Encontre um ponto 𝐶 (diferente de 𝐴 e 𝐵) pertencente a essa reta. Verifique se o ponto P  1,2,0 


pertence à reta.

10. Determine as equações paramétricas da reta que passa pelo ponto A  ( 1, 5 , 4 ) e:


a) é paralela à reta de equações paramétricas: x 1   , y  20  2 e z   , com   
b) é paralela à reta definida pelos pontos B e C, sendo B  ( 1, 1, 1 ) e C  ( 0 , 1,  1 )

Profa. Dra. Maria Inez Miguel – PUC-SP

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