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21/08/2021 Idéias políticas perigosas e a derrocada moral do jornalismo no Brasil – Mídia Sem Máscara

Idéias políticas perigosas e a derrocada moral do


jornalismo no Brasil
Por Percival Puggina

Última atualização 20 de agosto de 2021 5:04 am

Foto: Relatório do Departamento de Justiça dos EUA denunciou, meses atrás, que o governo
comunista chinês, por meio do jornal China Daily, pagou grandes jornais ocidentais para
publicarem material que era pura propaganda do regime totalitário que domina a China.
Entre os jornais citados, estava a Folha de São Paulo, o Correio Braziliense, o The New York
Times e o Washington Post.

Não se brinca com a natureza humana.

Por que motivo, tantas vezes tomadas como inspiração no acesso ao poder e ali
chegadas numa corrente de esperança, resultam em fracassos éticos, políticos,
econômicos e sociais?  Qual seu erro essencial?

O erro essencial constatável nestes casos envolve a natureza humana. É um erro


antropológico, sobre quem somos. Aquele que vai lidar com política ou outras
ciências sociais, mas principalmente expor ideias e apresentar propostas para a
organização da vida em sociedade, precisa conhecer o homem e sua natureza
porque ele é o ente indispensável a partir do qual e com o qual se constrói o
pensamento e a ação política. Ao desconhecê-lo, ao subestimá-lo, ao ver o ser
humano apenas como um simples animal racional, ou como uma insigni cância
no conjunto da sociedade, proclama-se a tragédia por vir. Pelo viés oposto, ao
superestimá-lo, tendo-o como deus de si mesmo, cometem-se erros tão terríveis
quanto os que já foram praticados a partir de tais equívocos.

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Somos seres complexos. Convivem em nós múltiplas dualidades e antagonismos


internos inerentes à nossa existência.:

– somos materiais e espirituais;

– somos individuais e sociais;

– somos racionais, intuitivos e emocionais;

– somos capazes do bem e do mal.

E, ainda:

– somos sujeitos da história e objetos da história;

– somos imperfeitos e aperfeiçoáveis;

– estamos vivos e sabemos que vamos morrer;

Muito mais poderia ser dito com igual sentido. De nada vale preferir que fôssemos
diferentes; é assim que somos e é assim que nos defrontamos cotidianamente com
as tensões inerentes a tais características.

Portanto, toda ordem social que desconhecer as realidades acima não estará
apenas predestinada ao insucesso. Estará condenada a se tonar um agelo, uma
tragédia com inscrição funesta nos anais da história.

Não se brinca com a natureza humana. Não se pode descartar de uma cultura, ou
de uma civilização, a fé inerente àqueles que nela se integram. Não se pode fazer
isso com todos, nem com ninguém. Tal a rmação nos transporta, pela mão, para o
caráter simultaneamente individual e social do ser humano.

O dito erro antropológico está presente tanto no individualismo exacerbado


quanto no coletivismo exacerbado porque ambas as dimensões são implícitas à
nossa natureza, desde antes do nascimento até depois da morte. Ele marcou os
coletivismos nascidos no século XX e continua a in uenciar o pensamento e a ação
política contemporânea.

Para agravar o cenário, ressurge, remodelado em forma e conteúdo, nas


articulações do globalismo e uente neste século XXI, tem cadeira no STF e
in uencia o pensamento jus-político em nosso país..

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O jornalismo que enterrou a si mesmo em cova rasa

O sucesso das redes sociais e da mídia alternativa se deve, principalmente, ao


fracasso ético dos grandes grupos de comunicação do país. Se lessem o que
publicam, se assistissem aos próprios programas com olhos de ver e não com olhos
de quem dispara contra um alvo, talvez conseguissem compreender o fenômeno a
que dão causa.

Enterra a si mesmo em cova rasa, à vista de todos, um jornalismo que silencia


perante prisão de jornalistas, constrangimento de veículos e  atos que reprimem a
liberdade de opinião e expressão. Envolto em cortina de silêncio, tudo isso está
acontecendo no país.

Nuvens escuras da incerteza cobrem os céus da pátria, grandes grupos de


comunicação formam nosso mais ativo partido político e compõem bancada ao
lado do STF. Menosprezam a liberdade de expressão de seus leitores, tanto quanto
os ministros alardeiam como mérito sua permanente empreitada
“contramajoritária”. Quem diverge é vilão e toda divergência é vilania.

Esgotam sobre os próprios leitores o vocabulário, os rótulos e os chavões que


servem como carteira de identidade do grupo que foi varrido do poder em 2018.

Aliás, nada é tão parecido com um discurso da tropa de choque petista quanto o
conteúdo de outrora expressivos meios de comunicação.

Eu me criei lendo jornais com enorme tiragem e elevada credibilidade, cujo


conteúdo era enriquecido por opiniões competentes e textos de brilhantes
escritores. Hoje, co entre o riso e a tristeza ao perceber a unânime atenção, o
apoio e a dedignidade que lhes merecem atores bufos da cena política, como os
senadores cha-suja que encabeçam a CPI da Covid e ameaçadores ministros que
nem mutuamente se respeitam.

Hoje, co entre o riso e a tristeza, repito, ao ver como veículos outrora altivos e
independentes cortejam o cesarismo togado da Suprema Corte. E nisso persistem,
mesmo quando ela dilacera a Constituição, mesmo quando faz “justiça” com as
próprias mãos e mesmo que suas convicções durem tanto quanto sirva às
estratégias.

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Viram, há pouco dias, as praças coloridas com as bandeiras da pátria comum,


ocupadas paci camente por famílias, idosos, pais, lhos, jovens. Ouvem-nos
cantar hinos cívicos e rezar pelo bem do país.

Esse bom povo brasileiro esteve ali, com seus apelos e seus cartazes, porque ainda
preserva a crença de que a democracia tem ouvidos para ouvir.

Esse povo sabe que as instituições são “da democracia”, a ela devem servir, mas
não são, em si mesmas, “a democracia”.

Por sua militância porém, veículos que eram oráculos de nossos pais a tudo
retratam com as cores da irracionalidade, do desprezo e do ódio. Dão mais guarida
ao fascismo dos antifas do que à civilizada manifestação dos conservadores!

Na Coreia Do Norte também é assim

Li no jornal O Estado de São Paulo dias atrás (03/8):,

“Investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal, por acusação de


interferência política na Polícia Federal e por suspeita de prevaricação diante de
denúncias de corrupção na compra de vacinas, o presidente Jair Bolsonaro agora é
alvo direto do Tribunal Superior Eleitoral, e não uma, mas duas vezes. Sem falar da
CPI da Covid…”

Parei por aí com o saudável intuito de zelar pelo meu bem próprio estar físico,
mental e espiritual.

Observe a estratégia usada pela pessoa que criou a matéria e veja como conteúdos
dessa natureza se propagam entre os veículos em múltiplos círculos concêntricos
que se interpenetram criando um ambiente social depressivo e nebuloso.

Não acho bom, mas não me oponho a que os grandes grupos de comunicação, ou
seus jornalistas, divulguem o que bem entenderem, cuidem de seus próprios
interesses, disseminem suas ideias e persigam seus propósitos políticos. Cabe ao
público fazer o próprio cardápio informativo e analítico, com liberdade de escolha.
A situação sai dos devidos eixos, porém, quando conteúdos divergentes passam,
como está acontecendo entre nós, a ser tratados como criminosos e se tornam
objeto de censura.

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Observe que o trecho da matéria do Estadão transcrita acima relaciona meras


acusações lançadas contra o presidente com o destampado intuito de “acusá-lo” de
ser acusado!

Já me disseram que na Coreia do Norte também é assim.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,


empresário, escritor, colunista de dezenas de jornais e titular do
site  www.puggina.org, no qual os presentes comentários foram publicados
originalmente. Autor dos livros ‘Crônicas contra o totalitarismo’; ‘Cuba, a tragédia
da utopia’; ‘Pombas e Gaviões’e ‘A Tomada do Brasil’. Integrante do grupo Pensar+.

*
A mídia independente é importante demais para não ser atacada pelas grandes redes de
comunicação servas do establishment. Foi denunciando a aliança criminosa entre a grande
imprensa e as elites políticas , bem como promovendo uma mudança cultural de larga escala,
que o jornalismo independente a rmou sua importância no Brasil.
O Mídia Sem Máscara, fundado por Olavo de Carvalho em 2002, foi o veículo pioneiro nesse
enfrentamento, e nosso trabalho está só começando.
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