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Eid Badr
Organizador
Autores
Carla Thomas | Celso Lins Falcone | Eduardo Terço
Falcão | Eid Badr | Gracireza Azedo de Farias | Juliana
Mayara da Silva Sampaio | Lenice Maria de Aguiar
Raposo da Câmara | Marcelo Augusto Farias de
Souza | Thaisa Carvalho Batista Franco de Moura |
Timóteo Ágabo Pacheco de Almeida | Yamile Viana
de Souza Queiroz
Copyright © Eid Badr, 2017.
Conselho Editorial da Editora Valer para Área do Direito: Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de
Morais * Prof. Dr. Adriano Fernandes Ferreira * Prof.ª Dr.ª Dinara de Arruda Oliveira
368 p 14 x 21 cm
ISBN: 978-85-7512-843-5
2017
Editora Valer
Av. Rio Mar, 63, Conj. Vieiralves – Nossa Senhora das Graças
69053-180, Manaus – AM
Fone: (92) 3184-4568
www.editoravaler.com.br
Autores
PARTE I................................................................................19
Eid Badr
1. INTRODUÇÃO....................................................................21
2. EDUCAÇÃO........................................................................21
2.1 Natureza jurídica.............................................................21
2.2 Educação ambiental........................................................22
PARTE II................................................................................49
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Carla Thomas
Art. 13
1. Da Educação Ambiental Não-Formal..............................240
2. Quadro sinóptico de educação formal e não-formal........244
3. Educação.........................................................................247
4. Educação Ambiental.......................................................247
5. O Poder Público..............................................................253
6. Em níveis federal, estadual e municipal...........................253
7. Incentivo........................................................................254
8. O papel dos meios de comunicação de massa...............254
9. Articulação de escola, universidades e ONG´s na
formação e execução de programas e atividades............259
10. Participação de empresas públicas e privadas no
desenvolvimento de programas...................................262
11. Sensibilização ambiental da sociedade........................265
12. Sensibilização ambiental das
populações tradicionais...............................................269
13. Sensibilização ambiental dos agricultores....................270
14. Incentivo ao ecoturismo...............................................271
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20
Art. 21
REFERÊNCIAS.......................................................................306
PARTE III.............................................................................331
17
de estudos mais aprofundados desse estatuto legal pela Ciência
do Direito talvez explique os motivos pelos quais permanece ca-
rente a inserção da Educação Ambiental em todos os níveis de
ensino como exige a Constituição Federal.
Apesar da grande importância da Lei 9.795/99, ela per-
manece praticamente desconhecida pela maioria dos cidadãos,
comunidades e sociedades civis organizadas, bem como pelos
operadores do Direito.
Com efeito, esperamos que com a publicação desta obra, pos-
samos dar a nossa humilde colaboração para alterar esse cenário.
Agradecemos à editora Valer que realizou uma primorosa
edição e ao conjunto de autores por abrirem mão dos seus di-
reitos de venda relativos à obra, de forma a permitir a sua mais
ampla difusão em prol da Educação Ambiental brasileira, na me-
dida em que, a exemplo das anteriores obras Hermenêutica Cons-
titucional e Hermenêutica Constitucional: decisões judiciais, este
livro estará disponível, com acesso universal e sem ônus, a todos
que dele quiserem fazer uso no Portal do Curso de Mestrado em
Direito Ambiental da UEA, na rede mundial de computadores
e Internet.
O trabalho, que ora vem à lume, é dedicado ao PPGDA–
UEA e a todos aqueles que se dedicam ao estudo e à implemen-
tação da Educação Ambiental em nosso país.
Eid Badr
18
PARTE I
1. INTRODUÇÃO
Eid Badr
2. EDUCAÇÃO
21
mocrático de Direito, que visa o desenvolvimento da nação, me-
diante a erradicação da pobreza e marginalização e redução das
desigualdades sociais e regionais.2
A educação, com efeito, deve utilizar o ensino para concre-
tizar os objetivos do Estado brasileiro delineados na Constitui-
ção Federal. Neste sentido, Sílvio Luís Ferreira da Rocha concei-
tua de forma precisa:
O ensino é a transmissão de conhecimentos, de informa-
ções ou esclarecimentos úteis ou indispensáveis à educa-
ção. Educação, por sua vez, é o nome que damos ao pro-
cesso que utiliza o ensino para, a partir da transmissão do
conjunto de conhecimentos necessários, contribuir efetiva-
mente com o desenvolvimento pleno da pessoa, prepará-la
para o exercício da cidadania e habilitá-la ao trabalho (Art.
205 da CF).3
22
A sua importância no contexto educacional e formas de
execução, também, foram estabelecidos pelo mesmo estatuto
legal:
Art. 2.º A Educação Ambiental é um componente essencial
e permanente da educação nacional, devendo estar presen-
te, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
3. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
4 BRAGA, Adriana Regina. Meio ambiente e educação: uma dupla de futuro. Campi-
nas: Mercado das Letras. 2010, p. 24.
23
realizada em 1972, por proposta do governo sueco no início da
década de 1970.
A Conferência foi a primeira da história a reunir 113 Es-
tados, 250 organizações não governamentais, diversas unidades
ou agências especializadas da própria ONU,5 para debater as
questões atinentes ao meio ambiente.
A Guerra Fria, que marcava aquele período, fez com que
vários Estados socialistas boicotassem a referida Conferência,
como a Albânia, Bulgária, Cuba, Hungria, Polônia, Checoslová-
quia e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em razão da
exclusão da República Democrática Alemã (Alemanha Orien-
tal), que não ocupava um lugar na ONU, à época.6 A China se
fez presente, com numerosa delegação, contudo, absteve-se de
aprovar a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, conhe-
cida como a Declaração de Estocolmo de 1972.7
O Brasil se fez presente e aprovou a declaração final resul-
tante dessa Conferência.
A Declaração de Estocolmo de 1972,8 contém um preâmbu-
lo com sete pontos, vinte e seis princípios, sendo que o último
contém uma declaração contra as armas nucleares. É considera-
da um marco histórico para a Educação Ambiental, uma vez que
esta foi reconhecida como instrumento essencial na solução da
crise ambiental internacional.9
A Conferência de Estocolmo de 1972 também produziu um
Plano de Ação para o Meio Ambiente Humano integrado por
24
109 recomendações, documento de fundamental importância
para o desenvolvimento do Direito Ambiental e a Educação
Ambiental. As recomendações foram reunidas em três grupos:
a) o programa global de avaliação ambiental; b) atividades de
gestão ambiental; c) medidas internacionais para apoiar as ações
de avaliação e de gestão.10
A Recomendação n.º 96 trata expressamente sobre a Edu-
cação Ambiental ao propor para a ONU o estabelecimento de
um programa internacional de Educação Ambiental, interdisci-
plinar, formal e não-formal, em todos os níveis de ensino e dire-
cionado para o público em geral, em particular os cidadãos co-
muns, jovens e adultos, das zonas rurais e urbanas, objetivando a
educá-los sobre medidas simples que podem tomar para geren-
ciar e controlar o meio ambiente.11
A Educação Ambiental, portanto, foi apresentada como
instrumento de efetivação do Direito Ambiental, necessidade e
direito do homem ao desenvolvimento ecologicamente equili-
brado, instrumento indispensável à vida humana com dignidade
às presentes e às futuras gerações, pois somente por intermédio
da educação o homem será conscientizado quanto ao meio am-
biente e às questões ambientais.12
A Declaração de Estocolmo de 1972 expressa a convicção de
que tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhe-
cidas como direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não
degradado e estabelece no seu Princípio 19:
25
Princípio 19. É indispensável um esforço para educação
em questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens
como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da
população menos privilegiado, para fundamentar as bases
de uma opinião pública bem informada, e de uma condu-
ta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspi-
rada no sentido de sua responsabilização sobre a proteção
e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão
humana. É igualmente essencial que os meios de comuni-
cação de massas evitem contribuir para a deterioração do
meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informa-
ção de caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo
e melhorá-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se
em todos os aspectos.
13 ONU Meio Ambiente: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Disponí-
vel em: <https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/>. Acesso em 30 de
maio, 2017.
26
Atendendo a Recomendação n.º 96 da Conferência de Esto-
colmo de 1972, a ONU, em 1975, inicia a estruturação do Progra-
ma Internacional de Educação Ambiental – Piea.
A Unesco e Pnuma iniciam juntos o Piea,14 cujo papel prin-
cipal era promover o intercâmbio de informações, investigação,
formação e elaboração de material educativo, visando a elabo-
ração de estratégias globais para a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais, com base nos seguintes princípios orien-
tadores: a Educação Ambiental deve ser continuada, multidisci-
plinar, integrada às diferenças regionais e voltada para os interes-
ses nacionais.
No âmbito do Piea, a Unesco e Pnuma promoveram juntos
dois importantes eventos que se tornaram os grandes marcos
da Educação Ambiental: o Seminário Internacional de Educação
Ambiental, realizado em Belgrado, na ex-Iugoslávia, em outubro
de 1975; e a Conferência Intergovernamental sobre Educação Am-
biental, realizada em Tbilisi, Georgia, integrante da antiga União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, em outubro de
1977.15
Em 1975, o Seminário Internacional de Educação Ambiental,
em Belgrado, contou com a participação de 65 Estados. A Carta
de Belgrado16 é um dos documentos mais lúcidos e importantes
gerados naquela década, pois refere-se à satisfação das necessi-
dades e desejos de todos os cidadãos da Terra e propõe temas
que tratam da erradicação das causas básicas da pobreza como
a fome, o analfabetismo, a poluição, a exploração e dominação,
devam ser tratados em conjunto.
27
A Carta de Belgrado, de início, faz uma análise das conse-
quências do crescimento econômico e progresso tecnológico às
custas de consequências sociais e ambientais, com repercussão
global. Reclama por um novo conceito de desenvolvimento as-
sociado aos interesses da humanidade na sua totalidade, consi-
derada a sua pluralidade, em harmonia com o meio ambiente,
calcado na ideia de solidariedade entre nações e indivíduos no
sentido de que nenhuma nação cresça ou se desenvolva às custas
de outra e que o consumo feito por um indivíduo não ocorra em
detrimento dos demais.
A Carta propõe uma nova ética global, com distribuição
equitativa dos recursos naturais associada à redução dos danos
ao meio ambiente, por meio de utilização de rejeitos no proces-
so produtivos e incremento de novas tecnologias. Reconhecen-
do a necessidade de recursos para esses fins, indica a redução dos
orçamentos militares. Convém lembrar que a Carta de Belgrado
veio à lume em plena Guerra Fria, período em que a escalada ar-
mamentista, notadamente, a nuclear, gerava grandes preocupa-
ções. Tanto assim, que propôs como meta final “o desarmamen-
to”, similar à declaração contida no princípio 26 da Declaração de
Estocolmo de 1972.
Reconhece como fundamental a reforma dos processos
e sistemas educacionais para alcançar suas metas, de forma a
oferecer aos jovens um “novo tipo de educação”. Nesse sentido,
reitera a posição da Conferência sobre o Meio Ambiente Humano
de Estocolmo (1972) que propôs o desenvolvimento da Educação
Ambiental como um dos elementos fundamentais para a investida
geral contra a crise ambiental do mundo. E propõe os fundamentos
para um programa mundial de Educação Ambiental, cuja meta é
o desenvolvimento de uma consciência de todos os indivíduos,
em escala global, de preocupação com o meio ambiente e seus
problemas por meio de conhecimento, habilidade, atitude, moti-
vação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na
28
busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção
de novos.
A Carta de Belgrado, a exemplo da Recomendação n.º 96
da Conferência de Estocolmo de 1972, indica expressamente que
a Educação Ambiental deve ter como categorias a educação
formal e não-formal, e, ainda, de forma mais pormenorizada,
ao dispor que a educação formal deve ser destinada aos alunos
de pré-escola, primeiro e segundo graus e universitários, bem como
professores e profissionais de treinamento em meio ambiente e não-
-formal voltada para jovens e adultos, individual e coletivamente,
de todos os segmentos da população, tais como famílias, trabalha-
dores, administradores e todos aqueles que dispõem de poder nas
áreas ambientais ou não. E, ainda, indica as diretrizes aos progra-
mas da Educação Ambiental:
1. A Educação Ambiental deve considerar o ambiente em sua to-
talidade – natural e construído pelo homem, ecológico, político,
econômico, tecnológico, social, legislativo, cultural e estético.
2. A Educação Ambiental deve ser um processo contínuo, per-
manente, tanto dentro quanto fora da escola.
3. A Educação Ambiental deve conter uma abordagem interdis-
ciplinar.
4. A Educação Ambiental deve enfatizar a participação ativa na
prevenção e solução dos problemas ambientais.
5. A Educação Ambiental deve examinar as principais questões
ambientais do ponto de vista mundial, considerando, ao mesmo
tempo, as diferenças regionais.
6. A Educação Ambiental deve focalizar condições ambientais
atuais e futuras.
7. A Educação Ambiental deve examinar todo o desenvolvimen-
to e crescimento do ponto de vista ambiental.
8. A Educação Ambiental deve promover o valor e a necessidade
da cooperação em nível local, nacional e internacional, na solu-
ção dos problemas ambientais.
29
serviram de inspiração ao constituinte brasileiro na elaboração
do artigo 225, VI, da Constituição Federal de 1988. Além disso,
vários desses princípios foram assimilados pela Lei n.º 9.795/99,
que instituiu a Política Nacional da Educação Ambiental.
A primeira Conferencia Intergovernamental sobre Educação
Ambiental, como dito, realizada na cidade de Tbilisi, produziu a
Declaração de Tbilisi, contendo quarenta e uma recomendações
que, além das recomendações quanto à cooperação internacio-
nal sobre a Educação Ambiental, tratou de suas finalidades e ca-
racterísticas, considerando-a como:
(...) integrante do processo educativo, devendo ter um cará-
ter interdisciplinar e uma abordagem complexa da questão
ambiental, por intermédio da contextualização das práticas
educativas nas múltiplas dimensões da sustentabilidade,
quer seja, social, cultural, econômica, política, ética, ideoló-
gica; para não se restringir à dimensão ecológica.17
30
país não mantinha relações diplomáticas com o bloco soviético,
o que impediu a participação.19
Em 1979, a Unesco e o Pnuma promovem o Seminário de
Educação Ambiental para América Latina, em San José, na Costa
Rica, tendo como objetivo principal discutir a Educação Am-
biental para a América Latina, tendo por base as recomendações
estabelecidas na Conferência Intergovernamental de Educação
Ambiental em Tbilisi.
Em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento – CMMAD, com o objetivo principal de anali-
sar a equação formada pela questão ambiental e desenvolvimen-
to, para propor um plano de ações.
Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circu-
lou o mundo e encerrou seus trabalhos em 1987, com um
relatório chamado “Nosso Futuro Comum”. E é nesse rela-
tório que se encontra a definição de desenvolvimento sus-
tentável mais aceita e difundida em todo o Planeta: “Desen-
volvimento sustentável é aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras satisfazerem suas próprias necessidades”.
Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações
ambientais para o centro das tomadas de decisões econô-
micas e para o centro do planejamento futuro nos diversos
níveis: local, regional e global (Oficina de Educação Ambien-
tal para Gestão, p. 5).
31
década de 1990, reiterou-se os conceitos em relação à Educação
Ambiental debatidos na Conferência de Tbilisi.
Nessa Conferência foi elaborado um documento, dividido
em duas partes: na primeira havia proposições sobre a indispen-
sabilidade e elementos que deveriam ser levados em considera-
ção para o crescimento da Educação Ambiental e, na segunda
parte, a elaboração de um plano de ação internacional sobre o
tema para a década de 1990.
A Organização das Nações Unidas declara o ano de 1990
o Ano da Educação Ambiental. A partir de então, tem início uma
série de atos preparatórios para a Rio–92.
Em 1992, foi realizada a Conferência Geral das Nações Uni-
das realizada no Brasil, na Cidade do Rio de Janeiro, conhecida
como Rio–92, com a participação de delegações de 178 Esta-
dos. Nela, é destacada novamente a necessidade de concessão
de acesso adequado ao conhecimento sobre o meio ambiente
como pressuposto indissociável à sustentabilidade do processo
de evolução na implantação de uma política global e efetiva na
solução das questões ambientais.
A Carta do Rio sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente,
dispõe em seu artigo 10 que:
Art. 10. O melhor modo de tratar as questões ambientais
da participação de todos os cidadãos interessados no nível
correspondente. No plano nacional, qualquer pessoa deve-
rá ter acesso adequado à informação sobre o meio ambiente
de que disponham as autoridades públicas, inclusive a in-
formação sobre os materiais e as atividades que ocasionem
perigo as suas comunidades, assim como a oportunidade
de participar nos processos de adoção de decisões. Os Es-
tados deverão facilitar e incentivar a sensibilização e a par-
ticipação da população, colocando a informação à disposi-
ção de todos. Deverá ser proporcionado acesso efetivo aos
procedimentos judiciais e administrativos, entre os quais o
ressarcimento de danos e os recursos pertinentes.
32
Na Rio–92, a cúpula das Nações Unidas estabelece um con-
junto de ações a serem promovidas pelos 179 Estados partici-
pantes. Em relação à Educação Ambiental, dela resultaram três
documentos: a) Tratado de Educação Ambiental, que reconheceu
os direitos humanos de terceira geração, o direito à vida e a ética
biocêntrica e ressaltou, dentre outros aspectos, a importância da
colaboração da sociedade civil para a construção de um mode-
lo de desenvolvimento mais sustentável; b) Carta Brasileira de
Educação Ambiental, que trouxe instruções para a capacitação
de recursos humanos; c) Agenda 21, assim como no caso dos
dois demais documentos, é assumido o compromisso expresso
de se alcançar o desenvolvimento sustentável no século XXI, daí
o nome, Agenda 21.
A Agenda 21 representa o acordo internacional das ações
que objetivam melhorar a qualidade de vida no planeta, cuja
tarefa não depende somente de órgãos governamentais ou da
“sociedade de mercado”, mas também de cooperações e dos tra-
balhos de cada cidadão. Assim, os temas ambientais não devem
ser considerados um objeto de cada área, isolado de outros fato-
res, mas trazidos à tona como uma dimensão que sustenta todas
as atividades em seus aspectos sociais, culturais, econômicos,
físicos e biológicos.20
Com mais de 600 páginas, dividias em 40 capítulos, a Agen-
da 21 é um roteiro e um desafio para garantir a qualidade de vida
na Terra para o Século XXI. O capítulo 36 é dedicado à “Promo-
ção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento”. Um dos
compromissos da Agenda é que cada país e cada região envolve-
riam suas sociedades visando estabelecer suas próprias “Agendas
21”. No Brasil, em 1997, uma pesquisa demonstrou que somente
33
4% dos brasileiros já tinham ouvido falar deste documento, a in-
dicar um baixo envolvimento da população.21
Assim, o século XX é o período em que inicia e intensifi-
ca-se o reconhecimento internacional da Educação Ambiental
para a efetivação do direito ambiental das presentes e futuras
gerações à vida digna em um meio ambiente sadio, como sendo
fator importante no processo de evolução da relação homem/
natureza, o que somente se alcançará por intermédio da educa-
ção no que se refere às questões ambientais e à necessidade de
mudança da forma de desenvolvimento econômico atual.22
Para tanto, reconheceu-se a necessidade de dispor a Educa-
ção Ambiental, formal, em todos os níveis de ensino, e não-for-
mal, de forma contínua, com a finalidade de trazer subsídios à
discussão e elucidação das questões ambientais deste século, sen-
do a Educação Ambiental princípio fundamental à efetivação do
direito ao meio ambiente sadio às presentes e futuras gerações.
34
Outro instrumento normativo que tratou da Educação
Ambiental, com a denominação de Educação Florestal, foi o
Novo Código Florestal, instituído pela Lei Federal n.o 4. 771, de
15 de setembro de 1965, demonstrando a inquietação da educa-
ção para a preservação do meio ambiente, ainda que numa visão
restrita ao aspecto natural, ao estabelecer a semana florestal a ser
comemorada nas escolas e outros departamentos públicos, obri-
gatoriamente, como forma de conscientização da importância e
necessidade da preservação das florestas.
Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas
para as diversas regiões do País, do Decreto Federal. Será
a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e
estabelecimentos públicos ou subvencionados, através de
programas objetivos em que se ressalte o valor das florestas,
face aos seus produtos e utilidades, bem como sobre a for-
ma correta de conduzí-las e perpetuá-las.
(...)
Artigo III
1. Os Governos Contratantes acordam em que os limites dos parques nacionais não
serão alterados nem alienada parte alguma deles a não ser pela ação de autoridade
legislativa competente, e que as riquezas neles existentes não serão exploradas para
fins comerciais.
2. Os Governos Contratantes resolvem proibir a caça, a matança e a captura de es-
pécimes da fauna e a destruição e coleção de exemplares da flora nos parques na-
cionais, a não ser pelas autoridades do parque, ou por ordem ou sob vigilância das
mesmas, ou para investigações científicas devidamente autorizadas.
3. Os Governos Contratantes concordam ainda mais em prover os parques nacionais
das facilidades necessárias para o divertimento e a educação do público, de acordo
com os fins visados por esta Convenção”
35
um de seus princípios a promoção da Educação Ambiental em
caráter formal, em todos os níveis de ensino, bem como no não
formal, na educação comunitária, com o objetivo de capacitação
para a promoção da defesa do meio ambiente, portanto, inedita-
mente reconheceu a Educação Ambiental como direito, confor-
me tratada em instrumentos internacionais:
Art 2.º – A Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da quali-
dade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos inte-
resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana, atendidos os seguintes princípios:
[...]
X – Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, in-
clusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la
para participação ativa na defesa do meio ambiente.
36
A Educação Ambiental, ainda que localizada topografica-
mente na Constituição Federal, somente no Capítulo VI, re-
ferente ao Meio Ambiente sem qualquer previsão expressa no
Capítulo III da Educação, não afasta a sua dimensão pedagógica,
por exigir o texto constitucional leitura sistemática para a ade-
quada interpretação de suas normas, sendo imprópria a sua per-
cepção restritiva, neste aspecto. Além disso, também é possível
concluir que a Educação Ambiental tenha natureza jurídica de
direito fundamental individual, por ser indispensável à dignida-
de humana e ao exercício da cidadania.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, insti-
tuída pela Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, apesar de
ser posterior à Constituição Federal e a Rio–92, originalmente
não tratou da Educação Ambiental. A única referência ao meio
ambiente consta em seu artigo 32, inciso II, quando dispõe so-
bre os princípios do Ensino Fundamental, referindo à “compreen-
são do meio ambiente natural e social”.
A omissão da LDB em relação à Educação Ambiental
foi parcial e temporariamente suprida com a edição da Lei n.º
12.608, de 10 de abril de 2012, que alterou a sua redação para
incluir ao artigo 26 o parágrafo 7.º para dispor que os currículos
do Ensino Fundamental e Médio devem incluir os princípios da pro-
teção e defesa civil e a Educação Ambiental de forma integrada aos
conteúdos obrigatórios. Esta disposição, em seguida, foi revogada
pela edição da Lei n.º 13.415, de 16 de fevereiro de 2017, que
genericamente trata de temas transversais, excluindo a referência
expressa à Educação Ambiental.
Com efeito, a LDB que, por curto período (menos de 5
anos), contou com a previsão expressa à Educação Ambiental
somente em relação ao Ensino Fundamental e Médio, o que já
representava o desatendimento ao comando constitucional por
não a garantir em todos os níveis de ensino (Art. 225, VI), pois
nunca fez menção ao Ensino Superior, hodiernamente, volta à
37
condição de ser totalmente omissa em relação à Educação Am-
biental, salvo à genérica previsão voltada exclusivamente ao En-
sino Fundamental (Art. 32, II), em evidente retrocesso.
No dia 27 de abril de 1999, com a edição da Lei n.º 9.795,
a ser estudada pormenorizadamente no segundo capítulo desta
obra, o legislador pátrio deu fim ao vácuo normativo infraconsti-
tucional, na medida em que dispôs sobre a Educação Ambiental
e instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental – Pnea.
Em que pese o avanço legislativo, passados quase vinte
anos de edição da Lei 9.795/99, temos que ainda permanece
carente a inserção da Educação Ambiental em todos os níveis
de ensino e o estudo dessa lei pela Ciência do Direito. Tal situa-
ção talvez explique o fato de que esse importante estatuto legal,
ainda nos dias de hoje, permaneça praticamente desconhecido
pela maioria dos indivíduos, comunidades e sociedades civis
organizadas, bem como pelos operadores do Direito. É o cená-
rio atual indesejável que a presente obra objetiva humildemen-
te contribuir para alterar.
No âmbito jurídico interno, também, merece menção as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, es-
tabelecidas por meio da Resolução n.º 2 de 15 de junho de 2012,
do Conselho Nacional da Educação.24
As diretrizes basicamente repetem os conceitos, princípios
e objetivos estabelecidos na Lei n.º 9.795/99 e indica de que for-
ma ela deve ser inserida academicamente:
Art. 16. A inserção dos conhecimentos concernentes à
Educação Ambiental nos currículos da Educação Básica e
da Educação Superior pode ocorrer:
I – pela transversalidade, mediante temas relacionados com
o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental;
II – como conteúdo dos componentes já constantes do
currículo;
38
III – pela combinação de transversalidade e de tratamento
nos componentes curriculares. Parágrafo único. Outras for-
mas de inserção podem ser admitidas na organização curri-
cular da Educação Superior e na Educação Profissional Téc-
nica de Nível Médio, considerando a natureza dos cursos.
39
Obviamente, a Educação Ambiental obrigatória por força
da Constituição Federal e a Lei 9.795/99 não pode nos cursos de
graduação em Direito prescindir do conteúdo Direito Ambiental.
A partir da assinatura do aludido termo de cooperação,
constitui-se no âmbito do MEC uma Câmara Consultiva Temá-
tica – CCT, inclusive com a participação de representantes de
outras instituições, com a finalidade de dar cumprimento aos
objetivos nele estabelecidos. Em seguida, a OAB realizou por
conta própria, no período compreendido entre 28 de junho e 23
de setembro de 2013, 32 audiências públicas, sendo uma pelo
menos em cada unidade da Federação, coordenadas pela CNEJ
com apoio das Seccionais da Ordem, para democratizar o deba-
te sobre o marco regulatório. Abertas ao público em geral, essas
audiências contaram com mais de 4 mil participantes.
A proposta da CNEJ, formulada a partir da sua experiência
em avaliação dos cursos de direito e das contribuições das au-
diências públicas, de inclusão do Direito Ambiental nas diretrizes
curriculares dos cursos de Graduação em Direito foi, incialmen-
te, rejeitada pelo MEC e outras instituições, durante as delibera-
ções da mencionada Câmara Consultiva Temática, mas a sua ine-
gável importância fez com que o MEC incluísse na sua proposta
de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cur-
sos de Direito o conteúdo Direito Ambiental, encontrando-se a
mesma em debate no Conselho Nacional de Educação.
Por força do estabelecido pela Constituição Federal, Lei
9.795/99 e pelo próprio CNE/MEC nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Ambiental, espera-se a inserção não
só do conteúdo de Direito Ambiental, mas também de conheci-
mentos de Educação Ambiental nas novas diretrizes curriculares
para os cursos de Graduação em Direito.
Como visto, a luta pela implementação efetiva da Educação
Ambiental em todos os níveis de ensino, nos seus aspectos for-
mal e não-formal, é absolutamente atual.
40
3.3 Educação Ambiental: diversidade de concepções
41
A corrente naturalista é muito antiga e tem como base a
relação com a natureza, no aprender com a natureza, a partir
da experiência de viver na natureza e aprender com ela, afetivo,
espiritual ou artístico, associando a criatividade à natureza. No
curso do último século, a corrente naturalista pode ser associada
mais especificamente ao movimento de ‘educação para o meio na-
tural’ (...) reconhece o valor intrínseco da natureza, acima e além
dos recursos que ela proporciona e do saber que se possa obter dela.
A corrente conservacionista/recursista tem como objeto a
conservação dos recursos, tanto quanto à sua qualidade e quan-
tidade: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plan-
tas comestíveis e medicinais) e os animais (pelos recursos que podem
ser obtidos deles), o patrimônio genético, o patrimônio construído
etc. Os programas de Educação Ambiental têm como base os
três “r”: redução, reutilização e reciclagem, ou aqueles centrados
em preocupações de gestão ambiental (gestão da água, gestão
do lixo, gestão da energia, por exemplo).
A corrente resolutiva surgiu no início da década de 1970,
diante da percepção da amplitude, gravidade e aceleração cres-
cente dos problemas ambientais. Esta corrente adota a visão cen-
tral de Educação Ambiental proposta pela Unesco no contexto de seu
Programa Internacional de Educação Ambiental (1975–1995)”.
Segundo ela, as pessoas devem estar a par das problemáticas am-
bientais, bem como desenvolver habilidades voltadas para resol-
vê-las. Está associada a um imperativo de ação: modificação de
comportamentos ou de projetos coletivos.
A corrente sistêmica propõe conhecer e compreender ade-
quadamente as realidades e as problemáticas ambientais, de for-
ma a identificar os diferentes componentes de um sistema ambiental
e salientar as relações entre seus componentes, como as relações entre
os elementos biofísicos e os elementos sociais de uma situação am-
biental. Na Educação Ambiental, ela baseada, entre outras, nas
contribuições da ecologia, ciência biológica transdisciplinar, que co-
42
nheceu seu auge nos anos de 1970, e cujos conceitos e princípios ins-
piraram o campo da ecologia humana.
A corrente científica dá ênfase ao processo científico, com o
objetivo de abordar com rigor as realidades e problemáticas ambien-
tais e de compreendê-las melhor, identificando mais especificamente
as relações de causa e efeito. A Educação Ambiental está associada
ao desenvolvimento de conhecimentos e de habilidades relativas às
ciências do meio ambiente, do campo de pesquisa essencialmente in-
terdisciplinar para a transdisciplinaridade. O meio ambiente é ob-
jeto de estudo a partir do qual se escolherá uma solução ou ação
apropriada. Neste processo as habilidades ligadas à observação e
à experimentação são particularmente necessárias.
A corrente humanista dá ênfase à dimensão humana do
meio ambiente, construído no cruzamento da natureza e da cul-
tura. O ambiente não é somente apreendido como um conjunto de
elementos biofísicos, na verdade corresponde a um meio de vida,
com suas dimensões históricas, culturais, políticas, econômicas,
estéticas etc. Não pode ser abordado sem se levar em conta sua
significação, seu valor simbólico. O “patrimônio” não é somente
natural, mas também cultural. Segundo Lucie Sauvé, este enfo-
que do meio ambiente é o preferido pelos educadores que se inte-
ressam pela Educação Ambiental sob a ótica da geografia e/ou de
outras ciências humanas.
A corrente moral/ética tem na relação com o meio am-
biente um fundamento de ordem ética. Alguns autores referem
à uma “moral” ambiental, prescrevendo um código de comporta-
mentos socialmente desejáveis (como os que o ecocivismo propõe);
mas, mais fundamentalmente ainda, pode se tratar de desenvolver
uma verdadeira ‘competência ética’, e de construir seu próprio sis-
tema de valores.
A corrente holística defende que o enfoque exclusivamente
analítico e racional das realidades ambientais é causa de muitos
problemas atuais. Propõe levar em conta não apenas as múlti-
43
plas dimensões das realidades socioambientais, mas também das
diversas dimensões da pessoa que entra em contato com estas
realidades, com a globalidade e da complexidade de seu “ser-no-
-mundo”, no sentido holístico da totalidade de cada ser, de cada
realidade, e à rede de relações que une os seres entre si em conjuntos
onde eles adquirem sentido.
A corrente biorregionalista se pauta na ideia de biorregião,
segundo a qual: é um espaço geográfico definido mais por suas ca-
racterísticas naturais do que por suas fronteiras políticas e no senti-
mento de identidade entre as comunidades humanas que ali vivem, à
relação com o conhecimento deste meio e ao desejo de adotar modos
de vida que contribuirão para a valorização da comunidade natural
da região. Na Educação Ambiental baseia-se na ideia de desenvol-
vimento de uma relação preferencial com o meio local ou regional,
no desenvolvimento de um sentimento de pertença a este último e no
compromisso em favor da valorização deste meio.
A corrente práxica enfatiza a aprendizagem a partir da ação,
pela ação e para a melhora desta. Portanto, baseia-se na “pesqui-
sa-ação”, objetivando a mudança num determinado meio (nas
pessoas e no meio ambiente) e cuja dinâmica é participativa, en-
volvendo os diferentes atores de uma situação por transformar. Em
educação ambiental, as mudanças previstas podem ser de ordem so-
cioambiental e educacional.
A corrente de crítica social se inspira no campo da ‘teoria
crítica’, que foi inicialmente desenvolvida em ciências sociais e que in-
tegrou o campo da educação, para finalmente se encontrar com o da
educação ambiental nos anos de 1980, defende a análise das dinâmi-
cas sociais como causa das realidades e problemáticas ambientais.
A corrente feminista da corrente da crítica social tem como
bases a análise e a denúncia das relações de poder dentro dos
grupos sociais. Entende que há uma correlação entre a domina-
ção das mulheres e da natureza. O objetivo é buscar a harmonia
com a natureza a partir, fundamentalmente, da harmonização
44
das relações entre os seres humanos, especialmente, entre ho-
mens e mulheres. No contexto de uma ética da responsabilidade,
a ênfase está na entrega: cuidar do outro humano e o outro como
humano, com uma atenção permanente e afetuosa.
A corrente etnográfica tem como base o caráter cultural da
relação do homem com o meio ambiente. A educação ambiental
não deve impor uma visão de mundo; é preciso levar em conta a cul-
tura de referência das populações ou das comunidades envolvidas. A
proposta é não somente adaptar a pedagogia às realidades culturais
diferentes, como se inspirar nas pedagogias de diversas culturas que
têm outra relação com o meio ambiente.
A corrente da ecoeducação não busca encontrar soluções
para os problemas ambientais, mas aproveitar a relação com o
meio ambiente como cadinho de desenvolvimento pessoal, para o
fundamento de um atuar significativo e responsável. O meio am-
biente é tido como espaço de interação essencial com vistas à
ecoformação ou para a ecoontogênese.
A corrente da sustentabilidade tem o seu desenvolvimento
a partir da década de 1980 e paulatinamente passou a influenciar a
Educação Ambiental, a ponto de se tornar uma perspectiva domi-
nante, a ponto da Unesco, em resposta às recomendações do Capítu-
lo 36 da Agenda 21, resultante da RIO–92, substituir o seu Programa
Internacional de Educação Ambiental por um Programa de Educa-
ção para um futuro viável (Unesco, 1997), objetivando contribuir
para a promoção do desenvolvimento sustentável.
A Educação Ambiental passa a ser, dentre outras, uma
ferramenta para o alcance do desenvolvimento sustentável, na
perspectiva de se aprender a utilizar racionalmente os recursos
de hoje para que haja suficientemente para todos e se possa assegu-
rar as necessidades do amanhã. A crítica dessa corrente é que a
Educação Ambiental estaria limitada a um enfoque naturalista
e que necessita integrar as preocupações sociais, especialmente,
as considerações econômicas no tratamento das problemáticas
45
ambientais. Nesse sentido, os defensores dessa corrente defen-
dem, desde 1992, uma reforma de toda a educação para se alcan-
çar esse fim. A Educação Ambiental para o consumo sustentável
assume o caráter estratégico para transformar os modos de pro-
dução e de consumo, processos de base da economia das sociedades.
A diversidade de concepções da Educação Ambiental, a
nosso ver, não indica uma evolução ou involução conceitual
da Educação Ambiental, mas formas diversas de estudo de um
mesmo objeto em momentos distintos. E estas a partir da aná-
lise das diversas correntes não são, necessariamente, estanques,
já que é possível identificar uma correlação entre elas, por isto
mesmo não se substituem às outras, obrigatoriamente, no de-
correr do tempo.
Apesar da diversidade de concepções, a ideia de Educação
Ambiental está associada predominantemente, como visto, ao
conceito de desenvolvimento sustentável, como no todo o Di-
reito Ambiental, ainda que tal conceito, desenvolvido a partir da
década de 1980, comporte divergências.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi incorpora-
do como princípio na Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, mais conhecida
como Rio–92, servindo de base para a formulação da Agenda 21.
Contudo, como acentua José Cretella Neto, a expressão vem me-
recendo críticas da doutrina, especialmente, por “ser geral e ines-
pecífica”, sendo considerada como conceito “guarda-chuva”, pois
embora sua concepção pretenda vincular os conceitos de desen-
volvimento e meio ambiente carece de uma vinculação concreta
mais evidente, revelando-se insuficiente para gerar um consenso
sobre as questões teóricas fundamentais relativas à expressão.28
Outros problemas são apontados pela doutrina sobre a
expressão:
28 CRETELLA NETO, José. Curso de Direito Internacional do Meio Ambiente. São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 89-90.
46
... as debilidades básicas do conceito residem na falta de
definições adequadas e universalmente aceitas de pobreza,
degradação, desenvolvimento (e seus objetivos), susten-
tabilidade e participação. Outro ponto ressaltado é sobre
como proceder, tendo em vista a falta de conhecimentos
científicos.
Outro problema apontado pela doutrina para a introdução
do conceito de desenvolvimento sustentável como princí-
pio orientador da proteção ambiental é a inerente contradi-
ção entre os objetivos do desenvolvimento e da proteção ao
meio ambiente. Desenvolvimento sustentável, como con-
ceito de política internacional, claramente implica alguma
medida de responsabilidade internacional. Contudo, como
em geral acontece quando a expressão e empregada, vem
logo acompanhada de uma referência expressa sobre o ne-
cessário respeito à soberania nacional.
Por essa razão, tem sido alegado que, por um lado, o con-
ceito seria ‘inoperante’, justamente em virtude de sua evi-
dente imprecisão, enquanto, por outro lado, ‘a emergência
de uma definição conveniente que fosse do agrado de todos
os intervenientes seria uma indicação de que a definição é
inadequada, já que se trata de um conceito por demais fun-
damental para ser facilmente apreendido.29
47
PARTE II
COMENTÁRIOS À LEI Nº 9.795,
DE 27 DE ABRIL DE 1999
1. CONCEITOS BÁSICOS
51
cação é o processo constante de criação do conhecimento
e de busca da transformação-reinvenção da realidade pela
ação-reflexão humana. Segundo Freire, há duas espécies
gerais de educação: a educação dominadora e a educação
libertadora. A dominadora apenas descreveria a realidade e
transferiria conhecimento; a libertadora seria ato de criação
do conhecimento e método de ação-reflexão para a trans-
formação da realidade.31
2. MEIO AMBIENTE
31 FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2003, p. 80.
52
Tal conceito foi recepcionado pela Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil de 1988 (CRFB), de maneira mais am-
pla. O legislador constituinte estabeleceu no Art. 225, da CRFB,
a tutela ao bem jurídico ambiental, cujo objetivo é a “sadia quali-
dade de vida”, para todos, presentes e futuras gerações.
Sob esse contexto, entende José Afonso da Silva,32 em sua
doutrina, que diante da deficiência do legislador em criar a nor-
ma prevista no Art. 3.º, Inc. I, da Lei n.º 6.938/81, delimitando o
bem jurídico em voga, possibilitou-se apenas com o advento da
Constituição Federal de 1988 outra definição legal, referente a
uma tutela jurisdicional ampla e mais abrangente. Para ele, meio
ambiente é definido como “a interação do conjunto de elemen-
tos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvi-
mento equilibrado da vida em todas as suas formas”.
Para Paulo de Bessa Antunes, meio ambiente é:
um bem jurídico autônomo e unitário, que não se confunde
com os diversos bens jurídicos que o integram. Não é um
simples somatório de flora e fauna, de recursos hídricos e
recursos minerais. Resulta da supressão de todos os com-
ponentes que, isoladamente, podem ser identificados, tais
como florestas, animais, ar etc. Meio ambiente é, portanto,
uma res communes omnium, uma coisa comum a todos, que
pode ser composta por bens pertencentes ao domínio pú-
blico ou privado.33
32 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros,
2002, p. 20.
33 ANTUNES, Paulo Bessa. Direito Ambiental. 7 ed., revista, atualizada e ampliada. Rio
de Janeiro: Lúmen Juris, 2004, p. 240-241.
53
efeito, a doutrina reconheceu, na interpretação do Art. 225, da
CFRB/88, a classificação do meio ambiente em artificial, cul-
tural, natural e do trabalho. Tal classificação é igualmente im-
portante para facilitar o reconhecimento de qual bem jurídico
ambiental está sendo imediatamente degradado e/ou agredido.
Esta classificação não exclui nenhum princípio ambiental
constitucional e nem os princípios e meios de proteção especí-
ficos, trazidos pela Lei de Política Nacional do Meio Ambiente,
havendo apenas uma extensão de proteção, que obviamente se
deu pela evolução social e pela necessidade de proteger o meio
ambiente, como leciona Fiorillo.34
Trata-se, portanto, das seguintes faces do conceituado
meio ambiente:
34 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 20.
35 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2009, p. 582.
54
habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
Art. 5.º, Inc. XXIII, entre diversos outros. 36
36 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo:
Saraiva, 2008, p. 21.
55
cem suas atividades laborais, seja no meio urbano, seja
na localidade rural. Com razão, o Direito Ambiental
não se preocupou somente com a poluição que os lo-
cais de trabalho geram para a população de uma forma
geral, mais especificamente para os próprios empre-
gados, que estão diretamente em contato com esses
ambientes, a exemplo da disponibilização de proteção
individual, a fim de preservar a sua incolumidade físi-
ca e psicológica.
56
entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísi-
cos. A Educação Ambiental também está relacionada com
a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem
para a melhora da qualidade de vida (Conferência Intergo-
vernamental de Tbilisi, 1977).37
A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é ati-
vidade intencional da prática social, que deve imprimir ao
desenvolvimento individual um caráter social em sua rela-
ção com a natureza e com os outros seres humanos, visan-
do potencializar essa atividade humana com a finalidade de
torná-la plena de prática social e de ética ambiental (Dire-
trizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental,
Art. 2.º).38
57
ART. 1º, 2º E 3º
Timóteo Ágabo Pacheco de Almeida
58
Por sua vez, na parte normativa, a Lei n.º 9.795/99 possui
quatro capítulos, apresentando no primeiro destes o título “Da
Educação Ambiental”, o qual abarca seus cinco primeiros arti-
gos. Em complemento, a mesma estabelece, em seu Art. 20, o
dever de o Poder Executivo regulamentá-la, no “prazo de noven-
ta dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio
Ambiente e o Conselho Nacional de Educação”. Tal regulamen-
tação fora levada a efeito somente pelo Decreto n.º 4.281/02,
mais de três anos após a sua entrada em vigor.
Nesse diapasão, há de se ressaltar o verdadeiro liame concei-
tual que o presente ato normativo estabelece. Isso porque, como
cediço doutrinariamente, há na atualidade diversos microssis-
temas que versam sobre os mais distintos temas jurídicos. Dois
desses, em especial, tangenciam o tema tratado nesse trabalho.
Por um lado, tem-se o microssistema do Direito Educacio-
nal, conceituado por Eid Badr como o ramo da ciência jurídica
que estuda, interpreta e sistematiza as normas de Direito Público
e de Direito Privado que regulam a atuação do poder Público em
relação às suas próprias instituições e aos particulares e, destes entre
si, em matéria educacional.40 Tal sistema é formado por diversos
atos normativos, como, v. g., a Lei n.º 9.394/96 (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação).
Por outro lado, tem-se o microssistema normativo ambien-
tal, composto pelo amplo rol de normas ambientais hoje exis-
tentes. Apenas à guisa de exemplo, podem ser citadas a Lei n.º
6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), a Lei
n.º 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), a Lei n.º
9.985/00 (Sistema Nacional das Unidades de Conservação),
dentre várias outras normas.
Dessa forma, em um nítido elo jurídico entre ambos os mi-
crossistemas apresentados, apresentam-se os comandos da Lei
59
n.º 9.597/99, interligando ambas as esferas de estudo e de atua-
ção no singular conceito “educação ambiental”.
Passa-se, doravante, à análise acurada da norma em co-
mento, apreciando-se artigo por artigo, a fim de demonstrar
suas principais nuances.
Processo
Trata-se de um termo plurissemântico, resumido como “se-
guimento, curso. (...) Modo pelo qual se executa algo, seguindo
60
determinadas regras; técnica, método. Sequência de fenômenos
que apresentam certa unidade. As diversas etapas da evolução de
um fenômeno.”41
Nesse esteio, verifica-se a precisão legislativa ao iniciar a
conceituação da Educação Ambiental, não a definindo como
um fato individualizado ou, ainda, um ato humano atomizado
e estanque, mas expressamente conceituando-a como um pro-
cesso; o que remete ao dinamismo que o conceito guarda em si,
haja vista que as múltiplas facetas da Educação Ambiental con-
tinuam a evoluir, inovando seus objetos de estudo, métodos de
execução e, mesmo, nos direitos e deveres que competem a cada
indivíduo, à coletividade e ao poder público.
Indivíduo e coletividade
Indivíduo é o ser humano, a pessoa considerada de modo
isolado em sua comunidade, sociedade ou, ainda, na coletivi-
dade à qual pertença. Noutra esteira, coletividade é termo que
remete ao comando constitucional motriz da tutela ambiental,
insculpido no Art. 225, da CRFB.42
61
A própria norma constitucional já impõe à coletividade o
dever de defender e preservar o meio ambiente. Nesse ponto,
Caroline Ruschel sustenta que “a parceria entre a coletividade
e o Estado pode ser uma alternativa na busca do reequilíbrio
ambiental” e arremata que “tem-se, portanto, mais uma prova
de que um verdadeiro Estado de Direito Ambiental pressupõe
o dever de todos e o trabalho em parceria entre o Estado e a
coletividade.”43
Portanto, cabe igualmente a toda a coletividade, como con-
junto de seres que constituem o corpo coletivo social de um Es-
tado em um determinado momento, ter como foco a execução
conjunta da Educação Ambiental.
62
Não por coincidência, o Art. 5.º, Inc. V, da Lei, traz como
objetivo fundamental da Educação Ambiental o estímulo à coo-
peração nacional e regional, visando à “construção de uma socie-
dade ambientalmente equilibrada.”
No que atine aos valores sociais, Daniel Sarmento e Cláu-
dio Pereira os especificam, retratando-os no contexto do comu-
nitarismo e ressaltando sua relevância, ao afirmarem que:
o comunitarismo sustenta que as normas jurídicas devem
expressar a cultura do povo em que vigoram. O Direito
deve exprimir o ethos do grupo social ao qual se dirige; deve
refletir os seus valores sociais. Uma teoria constitucional
comunitarista enfatiza a singularidade de cada Constitui-
ção como expressão dos valores da comunidade concreta
em que vigora. A interpretação constitucional deixa de se
inspirar, como no liberalismo, por princípios de justiça de
natureza tendencialmente universal, e passa a se nortear pe-
los valores coletivos compartilhados pela sociedade.44
44 SOUZA NETO, Cláudio Pereira de; SARMENTO, Daniel. Direito Constitucional: teoria,
história e métodos de trabalho. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 184.
45 MILARÉ, Édis. Dicionário de Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, p. 214.
63
Por sua vez, ‘habilidade’ representa a capacidade e disposi-
ção para algo. Dentre suas várias espécies semânticas, destaca-se
a noção de habilidade do pensamento, que remete à capacidade
de desenvolvimento de processos mentais que permitam resol-
ver as mais diversas questões, tais como as problemáticas am-
bientais. Logo, a Educação Ambiental disposta na Lei não visa
apenas incutir valores sociais e desenvolver conhecimentos nos
indivíduos e na coletividade; também almeja que estes tenham
conduta proativa, na resolução empírica dos inúmeros questio-
namentos ambientais que rotineiramente nos circundam.
Tal atributo se interliga, ainda, com o seguinte, qual seja, a
‘atitude’. Esta se trata de tendência a responder, de forma positiva
ou negativa, a pessoas, objetos ou ações; (...) de agir de uma maneira
coerente com referência a certo objeto.46 Passa-se, nesse momento,
à fase da execução do que fora devidamente compreendido pela
Educação Ambiental.
Por fim, a norma traz o elemento da ‘competência’. O con-
ceito não se refere à competência legislativa prevista em diversos
comandos – como o Art. 24 da CRFB,47 ou o Art. 16, da própria
Lei –, mas alude a variável semântica da aptidão funcional, ao
designar a qualidade de quem é capaz de resolver determinados
problemas ou de exercer determinadas funções.
Sem embargo, o indivíduo ambientalmente alfabetizado
torna-se competente – hábil, apto – a possuir e exercer, em uma
cidadania plena, direitos e deveres relacionados à Educação Am-
biental, bem como a efetivá-la, inclusive em suas relações coti-
dianas. Nesse diapasão, Luís Paulo Sirvinskas transcreve que há
variadas formas de analfabetismo, podendo se dar nas modali-
64
dades: tradicional, funcional, virtual, numérica, científica e am-
biental. Nesta última, o autor explica:
Analfabetismo ambiental – o cidadão não conhece o ciclo
da vida e dos recursos ambientais. Muitas pessoas têm nível
superior e até pós-doutorado, mas não possuem a mínima
noção do que se passa à sua volta. (...) Precisamos, diante
disso, combater essas modalidades de analfabetismo, em
especial o último, caso contrário, não conseguiremos resol-
ver os grandes problemas ambientais. Não se trata de minis-
trar matéria específica sobre o meio ambiente, mas torná-la
interdisciplinar e transversal, proporcionando uma visão
holística da questão. 48
48 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 15 ed., São Paulo: Saraiva,
2017, p. 87.
65
seu Art. 8.º, § 3.º, Inc. II, “a difusão de conhecimentos, tecnolo-
gias e informações sobre a questão ambiental”, no contexto das
ações de estudos, pesquisas e experimentações.
Finalidade: voltada para a conservação do meio ambiente,
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade.
Embora, etimologicamente, parcela doutrinária entenda
que preservação e conservação são sinônimos, na precisa técnica
ambiental ‘conservar’ significa permitir a exploração econômica
dos recursos naturais de maneira racional e sem causar desper-
dícios, enquanto ‘preservar’ se destina à ideia de vedar qualquer
exploração econômica do recurso natural.
Por conseguinte, pelos dizeres normativos, todos os meios
já citados devem ser utilizados em conjunto a fim de garantir a
sustentável conservação do meio ambiente, com uma explora-
ção mínima e de viés sustentável. Nessa ótica, Milaré prega a
utilização de um conceito amplo de conservação, ponderando a
“conservação da natureza” como:
O manejo do uso humano da natureza, compreendendo a
preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a res-
tauração e a recuperação do meio ambiente natural, para
que possa produzir o maior benefício (...) às atuais gera-
ções, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades
e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevi-
vência dos seres vivos em geral. 49
49 MILARÉ, Édis. Dicionário de Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, p. 221.
66
não dominialidade privada – ou mesmo pública – do meio am-
biente propriamente dito.
Quanto à sua definição, Romeu Thomé afirma que “bens
de uso comum do povo são aqueles que, por determinação legal
ou por sua própria natureza, podem ser utilizados por todos em
igualdade de condições.50 Salienta, ainda, a natureza jurídica de
afetação e indisponibilidade que tais recursos naturais possuem,
citando, dentre diversos outros exemplos, os rios navegáveis, as
águas do mar, as ilhas oceânicas e as praias.
A norma avança, ao consagrar o meio ambiente como “es-
sencial à sadia qualidade de vida”. Nesse espeque, mais uma vez
retoma a ideia do Art. 225 da Carta Magna, que utiliza a mesma
definição. Em sua ideia, guarda nítido elo com o “meio ambien-
te ecologicamente equilibrado”, pois onde há sadia qualidade
de vida, tem-se, em regra, a coexistência de um meio ambiente
também sadio e não poluído.
Desse modo, a Constituinte ampliou, no Art. 225 da CRFB,
o conceito de defesa ao meio ambiente já previsto no Art. 170
da própria Constituição, tendo seu conteúdo alargado para além
de um mero princípio conformador da ordem econômica, ao se
reconhecer que, “além de um fator de produção, é a proteção do
meio ambiente uma condição essencial para o livre desenvolvi-
mento das potencialidades do indivíduo e para a melhoria da
convivência social”.51
Em outro viés, Paulo Affonso Leme Machado cita a relação
constitucional entre a sadia qualidade de vida e a dignidade da
pessoa humana, in verbis:
O direito à vida foi sempre assegurado como direito fun-
damental nas Constituições Brasileiras. Na Constituição
50 SILVA, Romeu Faria Thomé da. Manual de Direito Ambiental. 6 ed., rev., ampl. e
atual. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 121.
51 CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 8 ed., rev. ampl., e atual.
Salvador: JusPODIVM, 2014, p. 599.
67
de 1988 há um avanço. Resguarda-se a dignidade da pes-
soa humana (Art. 1.º, III), e é feita a introdução do direito
à sadia qualidade de vida. (...) A saúde dos seres humanos
não existe somente numa contraposição a não ter doenças
diagnosticadas no presente. Leva-se em conta o estado dos
elementos da Natureza – águas, solo, ar, fauna, flora e pai-
sagem – para aquilatar se esses elementos estão em estado
de sanidade e se de seu uso advêm saúde (...) para os seres
humanos.52
52 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14 ed., rev., ampl. e
atual. São Paulo: Editora Malheiros, 2006, p. 121.
53 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 15 ed. São Paulo: Saraiva,
2017, p. 87.
68
fundamental da Educação Ambiental, sendo igualmente abran-
gida pelo Art. 13, no contexto da Educação Ambiental não-for-
mal, ao versar sobre as “ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade e à sua participação na defesa da
qualidade do meio ambiente”.
A fortiori, a sustentabilidade é expressamente reiterada pela
Lei, em seu Art. 4.º, Inc. II, no diapasão dos princípios básicos
da Educação Ambiental, bem como no Art. 5.º, Inc. V, como um
dos objetivos alicerces daquela.
69
A Resolução n.º 02, de 15/5/2012, do Conselho Nacional
de Educação, estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Ambiental. Sua relevância é tal que se faz neces-
sária breve transcrição do que esclarece, em seus Arts. 2.º e 3.º,
sobre Educação Ambiental, a saber:
70
devendo adotar “a melhoria de todos os aspectos (...) do meio
ambiente”. O Pacto vai além e, no Art. 13, traz diversas dispo-
sições sobre o direito educacional, que abarcam o conceito de
Educação Ambiental.
De similar modo, o Protocolo Adicional à Convenção
Americana sobre Direitos Humanos em matéria de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, “Protocolo de San Salvador”,
foi internalizado pelo Decreto n.º 3.321/99, e traz em seu bojo
os Arts. 11 e 13 que tratam expressamente sobre o direito ao
meio ambiente sadio e à educação, conceitos nitidamente rela-
cionados.
Jurisprudência aplicável – Art. 1.º:
Magistério – atribuição de aula classificação – contagem
de pontos referente ao título de mestre em Ciências Am-
bientais – interdisciplinariedade ligação a todos os níveis
de educação – componente presente à estrutura do ensino
– Educação Ambiental assegurada pela Lei 9.795/99 – pos-
sibilidade de consideração de pontos. Recurso não provido.
(...)
A Educação Ambiental é um processo participativo, no
qual o aluno, com papel central no processo de aprendiza-
gem, participa ativamente identificando os problemas am-
bientais e buscando soluções, de tal forma que se torne um
agente transformador, por meio da estimulação das habili-
dades e atitudes éticas e pelo exercício da cidadania. A Edu-
cação Ambiental tem como valores finais a consecução de
uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais
espécies que habitam o planeta, com o foco certo de que a
natureza não é fonte inesgotável de recursos e como tal de-
vem ser utilizadas de maneira racional. A escola é o espaço
social adequado para a formação de pessoas com atitudes
de cidadania, e com comportamentos ambientalmente cor-
retos contribuindo para a formação de cidadãos responsá-
veis. A temática ambiental atual é de vital importância para
a construção de uma sociedade socialmente justa, em um
ambiente saudável. O conceito de desenvolvimento sus-
tentável abarca a questão econômica, aspecto biológico e
71
sociopolítico, como referenciais interpretativos do mundo
com a intenção de frear a degradação ambiental. Implica a
prevalência de definição de limites, o crescimento e as ini-
ciativas, por meio de práticas educativas e um sentimento
de corresponsabilidade e criação de valores éticos. Assim,
os conteúdos ambientais deverão estar pulverizados em to-
das as disciplinas do currículo e atualizados com a realidade
da comunidade, de forma que dê ao aluno uma visão inte-
gral do mundo em que vive. Por tal razão a Educação Am-
biental deve ser abordada de forma sistemática em todos os
níveis de ensino, garantindo a real dimensão ambiental, por
meio da intercisplinariedade do currículo das atividades
escolares. A Educação Ambiental deverá ser um processo
contínuo e cíclico, atendendo a princípios gerais, como a
sensibilização, compreensão, responsabilidade e cidadania,
todos sob um enfoque social e ambiental direcionados à so-
lução de problemas visando um envolvimento e desenvol-
vimento ativo público, tornando o sistema educativo mais
importante socialmente e realista (...)
72
a Educação Ambiental, deixam margem aos Municípios, na
esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, para
definição de diretrizes, normas e critérios para a Educação
Ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política
Nacional de Educação Ambiental.
73
educação nacional”. No Art. 1.º, trata da abrangência do concei-
to de educação, elemento que abarca “os processos formativos
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimen-
tos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais”.
Em seguida, a norma, em seus Arts. 2.º e 3.º, define os prin-
cípios e fins da educação nacional, detalhando a organização a
ser adotada para a efetivação desta (Art. 8.º) e a sua relação com
a educação profissional (Art. 39).
Nessa trama, o conceito de ‘educação’ pode ser resumido,
no sentido técnico-formal, como o processo contínuo de de-
senvolvimento das diversas faculdades – intelectuais, morais e
físicas – do ser humano, buscando melhor se integrar no seu
grupo social, geralmente por meio de medidas, práticas e mé-
todos curriculares.
Em outra perspectiva, a resultante semântica da expressão
“educação nacional” pode ser extraída diretamente da LDB, que
divide a educação em dois sucintos níveis: a Educação Básica e o
Ensino Superior. A primeira ainda compreende a Educação Infan-
til, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio (Art. 21, da LDB).
Já se torna inicialmente evidente, portanto, que a Educação
Ambiental constitui modalidade componente da educação na-
cional. A própria LDB caminha nesse sentido, como se observa
no seu Art. 32, Inc. II (trata da compreensão do meio ambiente
natural no Ensino Fundamental); Art. 35–A, Inc. III (aborda as
ciências da natureza como área de conhecimento tratada no En-
sino Médio); etc.
Na Lei 9.795/99, o tema é conclusivamente analisado no
Art. 9.º e seguintes, ao versar sobre a inclusão da Educação Am-
biental no ensino formal.
74
Devendo estar presente, de forma articulada, em todos
os níveis e modalidades do processo educativo.
Inicialmente, destaca-se a escolha legislativa do uso do ver-
bo ‘dever’. Logo, a inclusão da Educação Ambiental não se trata
de mera facultatividade das instituições de ensino, como ainda
sustentam algumas entidades. É, com razão, obrigatória sua in-
clusão articulada em todos os níveis de ensino e modalidades do
processo educativo.
Ademais, a forma articulada significa que todos os órgãos e
instituições devem, na efetivação da Educação Ambiental, pro-
ceder de forma harmoniosa, a fim de levar a efeito e execução da
diretriz em comento, sem perder de vista a “perspectiva da inter,
multi e transdisciplinaridade” que possui (Art. 4.º, Inc. III, da
Lei n.º 9.795/99).
Noutro esteio, o conceito legal de modalidade de proces-
so educativo se distingue dos níveis de educação, por reportar-
-se não às espécies do processo educativo, mas às formas pelas
quais tal processo pode ser concretizado. Nesse teor, podem ser
citados como exemplos de modalidades: a Educação Especial, a
Educação no Campo, a Educação de Jovens e Adultos, a Educa-
ção Indígena, a Educação à Distância, a Educação Profissional e
a própria Educação Ambiental.
75
o Art. 8.º, § 2.º, Inc. I, esclarece que a capacitação dos recursos
humanos deve incorporar a dimensão ambiental igualmente em
todos os níveis; ao fim, os Arts. 8.º, § 3.º, Inc. I e 10, repetem a
exigência para as ações de estudos, pesquisas e experimentações,
no âmbito da prática educativa integrada.
76
b) Art. 207: destina às universidades sua autonomia didático-
-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,
esteada no princípio de indissociabilidade entre ensino, pesqui-
sa e extensão. Tal princípio também é destacado na Lei em tela,
como fica claro em seu Art. 8.º, § 3.º e incisos.
c) Arts. 209 e 210: que possibilitam o ensino pela iniciativa priva-
da e fixa conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental, dentre
os quais, como será abaixo destacado, faz-se inclusa a Educação
Ambiental.
d) Arts. 211 e 214: estabelecem um regime de colaboração en-
tre os sistemas de ensino dos entes federativos – conforme tam-
bém apresenta a Lei n.º 9.795/99, em seu Art. 16 – , bem como
um plano nacional de educação, com o objetivo de articular o
sistema nacional de educação em regime de colaboração e de-
finir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
modalidades.
77
Infralegalmente, também há diversos atos normativos que
tangenciam a temática da Educação Ambiental na composição
da educação nacional, considerada em seu sentido amplo. Verbi
gratia, a Instrução Normativa n.º 2, de 27/3/2012, do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
veis (Ibama), fixa as bases técnicas para programas de Educação
Ambiental, apresentados como medidas mitigadoras ou com-
pensatórias, em cumprimento às condicionantes das próprias
licenças ambientais emitidas pelo Ibama.
78
(STF – RE: 594018 RJ, Relator: Min. EROS GRAU, Se-
gunda Turma, Publicação: DJe–148 DIVULG 06–08–
2009 PUBLIC 07–08–2009).
79
sobre as repercussões do processo produtivo no meio
ambiente;
80
da coletividade – melhor inclusa no Inc. VI deste artigo –, ao
descrever que:
A Constituição de 1988 impôs ao Poder Público e à cole-
tividade o dever de defender e preservar o meio ambien-
te para as presentes e futuras gerações. O texto emprega
figuras genéricas – ‘Poder Público’ e ‘coletividade’ – como
sendo aquelas obrigadas a preservar e defender o meio am-
biente. Poder Público não significa só o Poder Executivo,
mas abrange também o Poder Legislativo e o Poder Judiciá-
rio (...). Não vejo como retórica esse envolvimento de todo
o Poder Público no problema ambiental, pois o legislador
infraconstitucional tem elaborado leis para combater a
omissão dos integrantes do Poder Público, tanto no campo
civil como no criminal. À ‘coletividade’ cabe também o de-
ver de preservar e defender o meio ambiente. Entendo que
os constituintes fizeram um chamamento à ação dos gru-
pos sociais em prol do meio ambiente. O termo abrange a
‘sociedade civil’ (expressão acolhida na Constituição – Art.
58, II), não integrando formalmente o Poder Público (...).55
55 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14 ed., rev., ampl. e
atual. São Paulo: Editora Malheiros, 2006, p. 121.
56 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2013. p. 830-831.
81
Desta feita, estas se apresentam como canais ou instrumen-
tos por meio dos quais se procede à administração e tomada de
decisões públicas, visando o interesse público primário. Sem
maiores esforços argumentativos, denota-se que a própria Pnea,
instituída pela Lei em seu Art. 6.º, possui traços nítidos de políti-
ca pública, tanto ambiental quanto educacional, pois concretiza
o comando descrito na norma, ao incorporar a dimensão am-
biental nas grades curriculares do ensino formal e nos progra-
mas do ensino não-formal.
Tal incumbência estatal, pondera o autor legiferante, deve
albergar “todos os níveis de ensino”, além de incentivar “o enga-
jamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria
do meio ambiente”. Destarte, deve o Estado otimizar indireta-
mente a conservação do meio ambiente, por meio de políticas
públicas que estimulem o engajamento da sociedade civil em
prol deste ofício.
As três ideias apresentadas na norma são, contudo, distintas.
Melhoria significa transição para melhor estado ou condi-
ção do que hoje é verificado. Por sua vez, conservação e recu-
peração distinguem-se pela ocorrência ou não de lesão ao meio
ambiente. Enquanto o primeiro remete ao “conjunto de ações
preventivas destinadas a prolongar o tempo de vida de deter-
minado bem”,57 o segundo diz respeito ao “processo artificial de
recomposição de áreas (já) degradadas, de acordo com as condi-
ções fixadas na legislação em vigor, com eliminação de passivos
existentes e restauração das condições ambientais (...)”. 58
57 MILARÉ, Édis. Dicionário de Direito Ambiental. 1 ed. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2015, p. 220.
58 Idem, ibidem.
82
demais órgãos estatais, como o Ministério Público – de “esta-
belecer mecanismos de incentivo à aplicação de recursos priva-
dos em projetos de Educação Ambiental”. É, portanto, um claro
exemplo de incumbência prática do Poder Público quanto à exe-
cução daquela.
Semelhante disposição se observa no Art. 13, parágrafo
único, da Lei n.º 9.795/99, ao exprimir, na Educação Ambiental
não-formal, o papel do poder público de incentivar, em todos os
níveis federativos, diversas ações e práticas educativas.
Ao assim fazer, muniu-se o legislador de técnica apropria-
da com o texto constitucional, que também frisa uma série de
incumbências ambientais de todo o poder público (Art. 225, §
1.º, da CF) e a integração das ações deste, inclusive, no plano do
meio ambiente cultural (Art. 215, § 3.º, da CF) e das obrigações
atinentes ao direito fundamental à educação (Art. 208, §§ 2.º e
3.º e 213, § 1.º, da CF).
Ademais, a dita dimensão ambiental, objeto de abrangência
das políticas públicas em foco, é repisada em diversos dispositi-
vos da Lei, como se observa (a) na obrigação de sua inclusão na
programação dos meios de comunicação de massa (Art. 3.º, Inc.
IV); (b) nas ações de estudos, pesquisas e experimentações da
Pnea (Art. 8.º, § 3.º, Inc. I); (c) na capacitação de recursos huma-
nos, referente aos educadores de todos os níveis e modalidades
de ensino, e aos demais profissionais de todas as áreas (Art. 8.º, §
2.º, Incs. I e II); (d) na sua inclusão obrigatória nos currículos de
formação de professores, em todos os níveis e em todas as disci-
plinas (Art. 11), dentre outros exemplos normativos.
83
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional exempli-
fica, em seus Arts. 16 a 20, os sistemas e as instituições de ensino
presentes no sistema nacional.
Nesse cenário, inicia discorrendo sobre o sistema federal de
ensino, o qual compreende: “I – as instituições de ensino manti-
das pela União; II – as instituições de educação superior criadas e
mantidas pela iniciativa privada e; III – os órgãos federais de edu-
cação” (Art. 16, da LDB). Guarda, assim, sintonia com o teor do
Art. 211 da Constituição da República, que impõe o regime de
colaboração dos entes federativos, bem como aponta uma gama
de preferências prioritárias nas quais cada um daqueles trabalhará.
Em continuação, os Arts. 17 e 18 da LDB trazem um rol
de instituições e órgãos que, nas esferas estadual e municipal,
destinar-se-ão à execução do ensino nas suas áreas de atuação.
Noutra direção, o Art. 19 da LDB fixa a divisão binária dos gê-
neros das instituições de ensino, nas categorias administrativas
de entidades públicas – as criadas ou incorporadas, mantidas e
administradas pelo poder público –, e privadas – aquelas man-
tidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado. Ulteriormente, o Art. 20 finaliza a estrutura do sistema
educacional nacional, organizando as instituições privadas de
ensino em particulares em sentido estrito, comunitárias, con-
fessionais e filantrópicas.
Tais conceitos serão melhor analisados nos comentários do
Art. 9.º da Lei, mas é possível, desde já, concluir que a todos esses
órgãos, instituições e entidades se destina o supracitado coman-
do do Art. 3.º, Inc. II, da Lei n.º 9.795/99. Por consequência, é
dever de todos estes a promoção da “Educação Ambiental de ma-
neira integrada aos programas educacionais que desenvolvem”.
Essa ressalva faz-se necessária ante a ainda existente es-
cusa prática de parte das instituições em fornecer a obrigatória
Educação Ambiental transdisciplinar em suas grades, em clara
afronta aos comandos legais. A própria Lei n.º 9.795/99 itera a
84
ordem de coparticipação das instituições na promoção da Edu-
cação Ambiental, ao relacioná-las à execução da Pnea (Art. 7.º),
englobá-las na Seção da “Educação Ambiental no Ensino For-
mal” (Art. 9.º) e mencionar que a Educação Ambiental, como
prática educativa integrada, será objeto avaliado na fiscalização
e supervisão do “funcionamento de instituições de ensino e de
seus cursos, nas redes pública e privada”, consoante disposto em
seu Art. 12.
Cabe, por fim, relembrar que, ao descrever sobre os “pro-
gramas educacionais que desenvolvem”, a Lei procurou destinar
à Educação Ambiental uma função plena, devendo estar presen-
te nos mais diversos projetos acadêmicos desenvolvidos pelas
instituições de ensino, como nos extracurriculares.
85
No mais, faz-se mister relembrar que as diretrizes curri-
culares da Educação Ambiental encontram suporte jurídico
na Resolução n.º 2, de 15/6/2012, do Conselho Nacional de
Educação, a qual, além de reiterar os objetivos e princípios da
Educação Ambiental, dispõe sobre a organização curricular, os
sistemas – e instituições – de ensino e o regime de colaboração
que devem ser adotados para efetivá-la “em todas as fases, etapas,
modalidades e níveis de ensino” (Art. 18).
86
Notas remissivas. O Art. 7.º, da Lei n.º 9.795/99, reitera
a função dos órgãos do Sisnama, ao inter-relacionar a Política
Nacional de Educação Ambiental, em sua esfera de ação, com
“os órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente”, dentre outras instituições educacionais públicas e
privadas dos sistemas de ensino e organizações não-governa-
mentais com atuação na área.
Na mesma direção, o Art. 17, Inc. II, da Lei, assegura a elei-
ção de planos e programas, para fins de alocação de recursos
públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambien-
tal, estabelecendo como um de seus critérios a “prioridade dos
órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Edu-
cação”. O legislador assim o faz não apenas para prestigiar os ór-
gãos competentes pela gestão ambiental, como também a fim de
munir tais órgãos dos recursos financeiros necessários, para que
cumpram suas incumbências legais.
87
os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade
de se defenderem da propaganda de produtos, práticas e servi-
ços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Comunicação de massa, desse modo, relaciona-se com a
disseminação de informações pelos variados meios técnicos co-
nhecidos – tais como a internet, a televisão, ou rádio, os livros,
o cinema etc. –, formando um conjunto sistemático que, popu-
larmente, é denominado de ‘mídia’. Esse vasto rol de meios tem
como característica principal alcançar uma maior quantidade
de receptores, a partir da informação enviada por um ou mais
emissores.
Esses recursos podem ser classificados como objeto de
atividade comercial, exercida por entes empresariais voltados
à propagação e utilização dos meios de comunicação de massa,
cuja propriedade é tratada pelo Art. 222, da CRFB.
Destarte, apesar de o Constituinte munir-se corretamente
da definição, o legislador infraconstitucional aparenta ter prati-
cado uma imprecisão linguística – ou, no mínimo, uma incom-
pletude –, ao mencionar incumbências aos meios de comuni-
cação de massa, que são os objetos, em vez de remetê-las aos
veículos de comunicação de massa, que são as entidades e insti-
tuições que os utilizam.
Todavia, essa atecnia não gera prejuízo interpretativo ao
escopo normativo, que apresenta como dever dos veículos co-
municativos – no uso dos meios de comunicação de massa – a
colaboração ativa e permanente na disseminação de práticas
educativas ambientais.
Dessa forma, a imposição normativa acaba por abranger am-
bos os conceitos, tanto veículos quanto meios de comunicação.
Ressalta-se que a mencionada disseminação de informa-
ções consta, inclusive, no Art. 5.º, Inc. II, da Lei, que indica ser
um objetivo fundamental da Educação Ambiental “a garantia de
democratização das informações ambientais”. Por óbvio, a ampla
88
abertura democrática almejada pela vontade legiferante somen-
te pode ser alcançada se tais informações forem remetidas por
meios de comunicação de massa, aptos a informarem um maior
número de receptores do ideário educacional.
89
na atividade comercial, além de abranger entidades de classe e
outras instituições.
No que atine às entidades de classe, são sociedades de em-
presas ou pessoas com forma e natureza jurídica próprias, usual-
mente sem fins lucrativos, constituídas para prestar serviços aos
seus associados. Alguns dos principais exemplos de entidades
de classe são as confederações, as federações, as associações, os
sindicatos, as cooperativas e as entidades profissionais, dentre
outros. No mais, as instituições públicas e privadas também são
destinatárias da obrigação legal.
É dever de todos esses entes promover programas desti-
nados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao
controle efetivo sobre o ambiente de trabalho. Por conseguinte,
o legislador apresenta a relação entre Educação Ambiental e o
meio ambiente laboral, tal como já havia procedido o Consti-
tuinte. Doutrinariamente, a respeito do meio ambiente laboral,
Celso Fiorillo expõe que:
(o meio ambiente do trabalho) é o local onde as pessoas
desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas
ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio
e na ausência de agentes que comprometem a incolumida-
de físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente
da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores
ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autô-
nomos, etc).59
59 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro, 4 ed. São
Paulo: Ed. Saraiva, 2003, p. 22-23.
90
A respeito das repercussões do processo produtivo no meio
ambiente, o legislador fixa senso crítico sobre os efeitos tecnoló-
gicos no seio social.
Com efeito, Edgar Morin resume o ideário por trás da
preocupação legislativa, indicando que “a corrida da tríade que
se encarregou da aventura humana, ciência/técnica/indústria,
é descontrolada. O crescimento é descontrolado, seu progresso
conduz ao abismo”60 e, dessa forma:
A questão hoje é saber se as forças de regressão e de des-
truição prevalecerão sobre as de proteção e de criação e se
não ultrapassamos um limite crítico na aceleração/amplifi-
cação, que poderia nos levar doravante ao runaway explo-
sivo. (...) Trata-se portanto de frear o avanço técnico sobre
as culturas, a civilização, a natureza, que ameaça tanto as
culturas quanto a civilização e a natureza. (...) Trata-se de
desacelerar para poder regular, controlar e prepara a muta-
ção. A sobrevivência exige revolucionar o devir. Precisamos
chegar a um outro futuro. Essa é que deve ser a tomada de
consciência decisiva no novo milênio.61
60 MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Pátria. 3 ed. Porto Alegre: Sulina, 2002, p. 97.
61 Idem, ibidem.
91
educação escolar. Nesse prisma, o § 2.º do mesmo dispositivo
disciplina, inclusive, os objetivos a serem alcançados pela capa-
citação em voga.
In fine, o Art. 4.º, Inc. IV, da Lei, apresenta liame jurídico
principiológico entre a Educação Ambiental e o meio ambiente
laboral, ao decretar que é princípio daquela “a vinculação entre a
ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais”.
92
nários em que a problemática ambiental se consuma no mundo
das coisas. Assim, somente com a devida Educação Ambiental
é possível que o homem médio identifique que está diante de
um problema ambiental, bem como, a par disso, consiga buscar
e encontrar soluções hábeis à resolução deste.
Por outro lado, prevenção remete a um conceito técnico-ju-
rídico, com viés principiológico no âmago do Direito Ambien-
tal. Sobre este, Édis Milaré aduz:
62 MILARÉ, Édis. Dicionário de Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, p. 685.
93
competências ambientais entre os entes federativos e dispor so-
bre licenciamento ambiental, dispõe sobre ações administrati-
vas nos três níveis da Federação, visando “promover e orientar a
Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscien-
tização pública para a proteção do meio ambiente” (Inc. XI, dos
Arts. 9.º, 10.º e 11.º).
Exemplo infralegal, que demonstra a tendência norma-
tiva a orbitar e proteger a promoção da Educação Ambiental,
tem-se na Portaria n.º 482/2012, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), que dispõe, no Art. 6.º, Inc.
II, sobre o desenvolvimento de ações de educação continuada
na sua área de atribuição.
Por fim, a citada Lei n.º 9.985/00, ao especificar as unidades
de conservação, cita por diversas vezes a preocupação norma-
tiva com a Educação Ambiental, destacando-se a promoção da
educação e da interpretação ambiental como objetivo do SNUC
(Art. 4.º, Inc. XII) e o desenvolvimento de práticas de Educação
Ambiental como diretriz do Sistema (Art. 5.º, Inc. IV), além de
sua direta relação com as espécies e objetivos das unidades de
conservação, como será infra exposto.
94
acesso à Educação Básica, sem que isso implique ofensa ao
princípio da separação dos Poderes. Precedentes (...).
(STF – ARE: 761127 AP, Relator: Min. ROBERTO BAR-
ROSO, Julgamento: 24/6/2014, Primeira Turma, Publica-
ção: 18/08/2014).
95
VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à
diversidade individual e cultural.
Lenice Maria de Aguiar Raposo da Câmara
63 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro: 24 ed, revista, amplia-
da e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 55.
96
Ambiental e harmonizam a norma infraconstitucional com o
sistema jurídico.
97
da e incentivada com a colaboração da sociedade. Neste sentido,
levando para o plano da Educação Ambiental o poder público,
por intermédio da União, Distrito Federal, Estados e municípios
e da inciativa privada, deve envidar esforços para proporcionar a
toda população oportunidades para desenvolver suas potencia-
lidades em prol do meio ambiente, assim como atuarem como
facilitadores desse processo aprendizagem.
Para que se entenda o princípio da Educação Ambiental
sob o enfoque holístico, devemos primeiramente entender o sig-
nificado da palavra, segundo José Bonilla:66
a palavra holística vem de “holos” ou totalidade, e refere-
-se a um modo de compreender a realidade em função de
totalidades integradas cujas propriedades não podem ser
reduzidas a unidades menores. Esta nova visão da realidade
baseia-se na compreensão de que existe uma interdepen-
dência entre todos os fenômenos ou ocorrências que se
relacionam com a vida humana (sejam físicos, biológicos,
psicológicos, ambientais, sociais ou ainda espirituais).
98
Na lição de Hegli Serpa Kovacic, sob o ponto de vista das
ciências ambientais, o termo holístico é definido como:67
[...] a concepção (ou abordagem) sistêmica e a interdisci-
plinaridade estão diretamente relacionadas. Elas se inter-re-
lacionam, estabelecendo conexões, tendo como ponto de
convergência a ação que se desenvolve num trabalho coo-
perativo para resultados efetivos, tanto em pesquisas, ações
ou tentativas de solução para as questões mais diversas na
área ambiental.
99
perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a
natureza e o universo de forma interdisciplinar”.
A Educação Ambiental traz como princípio básico o enfo-
que democrático. A Constituição Federal e a Lei das Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelecem a educação
como um direito. Assim, esse direito para ser exercido, é imposto
ao Estado o dever de proporcionar de forma democrática o aces-
so à educação formal. No Art. 205 da CRFB/88, está posto que
a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida com a colaboração da sociedade. Sobre este enfoque
também devemos considerar o Art. 206, inciso VI da CRFB/88
e o Art. 3.º, Inciso VIII, da Lei n.º 9.394/96, que estabelece as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ambos dispositivos
apontam um enfoque democrático quando se referem à gestão
democrática de ensino público na forma da lei. Regina Vinhaes
Gracindo70 destaca que:
a democratização da educação não se limita ao acesso à es-
cola. O acesso é, certamente, a porta inicial para o processo
de democratização, mas torna-se necessário também garan-
tir que todos que ingressam na escola tenham condições
para nela permanecerem com sucesso. Assim, a democrati-
zação da educação faz-se com acesso e permanência de to-
dos no processo educativo, dentro do qual o sucesso escolar
é reflexo de sua qualidade.
100
tido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para
protegerem e melhorarem o meio ambiente”. A expressão “todas
as pessoas” significa dizer não excetuou nenhum indivíduo de
obter o conhecimento sobre questões ambientais, e a partir daí
portar-se de maneira responsável com o objetivo de preservar e
conservar o meio ambiente.
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento,72 que aconteceu no Rio de Janeiro em 1992,
buscou estabelecer algumas parcerias globais, mediante a cria-
ção de novos níveis de cooperação entre os Estados e demais
setores da sociedade, com vistas à conclusão de acordos interna-
cionais que respeitem os interesses de todos e protejam a inte-
gridade do sistema global de meio ambiente e desenvolvimento,
e, para tanto, proclamou vários princípios, dentre eles destaca-
mos o Princípio 10, que nos remete a um enfoque democrático
quando afirma que “a melhor maneira de tratar as questões am-
bientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos
os cidadãos interessados. Em nível nacional oportuniza a cada
indivíduo o acesso às informações relativas ao meio ambiente de
que disponham as autoridades públicas, inclusive informações
acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunida-
des”, bem como a oportunidade de participar das discussões de
assuntos referentes ao meio ambiente por audiências públicas
nas esferas dos três poderes: federal, estadual e municipal. Os
Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a parti-
cipação popular, assim como disponibilizar as informações a to-
dos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais
e administrativos. Esse Princípio 10 se confunde com o enfoque
participativo, que também é considerado um princípio da Edu-
cação Ambiental.
101
O enfoque participativo é um princípio da Educação Am-
biental de especial relevância, vez que se encontra presente em
vários ordenamentos jurídicos de cunho ambiental. Além da
CRFB/88 e leis infraconstitucionais, pode ser encontrado em
atos administrativos da administração pública (resoluções, por-
tarias), assim como em Acordos internacionais (tratados, confe-
rências, encontros).
O enfoque participativo como princípio da Educação Am-
biental, encontra amparo no Art. 225, § 1.º, inciso VI final, quan-
do afirma que é necessário promover a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente. Sem a participação da
sociedade como um todo, dificilmente se alcança mudanças de
comportamentos e atitudes. A LDB73 (Lei n.º 9.394/96), em seu
Art. 13, inciso VI, diz que incube aos docentes colaborar com as
atividades de articulação da escola com as famílias e a comuni-
dade. O Art. 14, inciso I e II, do mesmo dispositivo adota, como
princípio, a participação dos profissionais da educação na elabo-
ração dos projetos pedagógicos das escolas e a participação da
comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equiva-
lentes. Essa forma participativa além de proporcionar melhores
resultados, auxilia no inter-relacionamento entre os profissionais
através da troca de conhecimentos e experiências vivenciadas.
A Lei n.º 6.938 de 1981,74 que dispõe sobre a Política Na-
cional do Meio Ambiente, evoca o enfoque participativo em vá-
rios de seus artigos. Vejamos:
No Art. 2.º, inciso X adota, como princípio, a Educação
Ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na
defesa do meio ambiente. No Art. 4.º, inciso V, a Política visa
73 Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394/96. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 12 de abr., 2107.
74 Lei sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – nº 6.938/81. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso 12 de maio, 2017.
102
à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.
Por seu turno, no Art. 6.º trata sobre o Sistema Nacional do
Meio Ambiente – Sisnama, constituído pelos órgãos e entidades
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos territórios e
dos municípios, bem como as fundações instituídas pelo poder
público, em ação conjunta ou separadamente serão responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental.
Considerando a Resolução n.º 2, de 2012,75 do Ministério
da Educação (Conselho Nacional de Educação), que estabelece
as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, em
seu Art. 2.º aponta que a Educação Ambiental é uma dimensão
da educação, é atividade intencional da prática social, que deve
imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em
sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, vi-
sando potencializar essa atividade humana com a finalidade de
torná-la plena de prática social e de ética ambiental.
No Decreto n.º 4.281 de 2002,76 que regulamentou a Lei,
ora em análise, em seu Art. 3.º, dispõe que o Órgão Gestor, que
coordena a Política Nacional de Educação Ambiental deve sis-
tematizar e divulgar as diretrizes nacionais garantido o processo
participativo.
O enfoque participativo em relação à Educação Ambiental,
também se mostra presente quando o cidadão, representantes
de instituições governamentais e não governamentais (ONG’s
nacionais ou internacionais), entidades de classe tomam parte
em audiências públicas realizadas no âmbito do parlamento, das
assembleias legislativas dos Estados ou das câmaras de vereado-
res dos municípios para discutir assuntos relacionados ao meio
103
ambiente como um todo, inclusive diretrizes da Educação Am-
biental. Agindo assim, garante-se à sociedade o direito de não
só usufruir de uma política pública adequada sobre Educação
Ambiental, como também vivenciar medidas efetivas de sua
promoção.
77 Silva, José Afonso da, Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2013, p. 21.
78 Resolução nº 001/86, Art. 6º – Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama.
Disponível em: <www.mma.gov.br/port/Conama/legiabre.cfm?codlegi=313>. Aces-
so em 21 de abr., 2017.
104
de, as relações de dependência entre a sociedade local, os
recursos ambientais e a potencial utilização futura desses
recursos (Art. 6.º, Resolução Conama, n.º 001/86).
105
sa planificação ou ordenamento”. Ainda na Declaração da ONU,82
encontramos o Princípio 8, o qual afirma que “o desenvolvimen-
to econômico e social é indispensável para assegurar ao homem
um ambiente de vida e trabalho favorável e para criar na terra as
condições necessárias de melhoria da qualidade de vida”.
No Decreto n.º 4.281 de 2002,83 em seu Art. 3.º, X, está posto
que compete ao Órgão Gestor, responsável pela coordenação da
Política Nacional de Educação Ambiental, definir critérios, inclusive,
considerando indicadores de sustentabilidade, para o apoio
institucional e alocação de recursos a projetos da área não formal.
No Art. 170, VI da CRFB/88, trata da ordem econômica e
financeira, e observa alguns princípios, dentre eles, no inciso VI,
se encontra “a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tra-
tamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos pro-
dutos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”.
Por fim, na Lei 6.938 de 1981,84 que dispõe sobre a Politica
Nacional do Meio Ambiente, em seu Art. 3.º, inciso I, classifica o
meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências
e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
82 Idem, Princípio 8.
83 Decreto nº 4.282/2002. Disponível em: <www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:federal:-
decreto:2002-06-25;4282.>. Acesso em 15 de abr., 2017.
84 Lei n. 6.938/81 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm.>. Acesso em 12 de maio, 2017.
106
ensino”85 são princípios constitucionais da educação postos no
Art. 206, III, da CRFB/88.
A Lei n.º 9.394 de 96, que estabelece as Diretrizes e Bases
da Educação Nacional em seu art. 3.º, inciso III considera o plu-
ralismo de ideias e de concepções pedagógicas princípios e fins
da Educação Nacional.
No Decreto n.º 4.281, de abril de 99, que regulamentou
a Lei 9.795/99, prevê, no Art. 5.º, a inclusão da Educação Am-
biental em todos os níveis e modalidades de ensino, e recomen-
da, como referência, os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares
Nacionais, observando a integração da Educação Ambiental às
disciplinas de modo transversal, contínuo e permanente, como
também a adequação dos programas já vigentes de formação
continuada de educadores. A fim de que esse Decreto seja cum-
prido criaram, dentre outras medidas, programas de Educação
Ambiental integrados, promovidos por empresas, entidades de
classe, instituições públicas e privadas, objetivando a capacitação
de profissionais (Art. 6.º, inciso IV – Decreto n.º 4.281/2002).
A Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Antiga
União Soviética é considerada um dos principais eventos so-
bre Educação Ambiental do Planeta, e por esta Conferência: “o
processo educativo deveria ser orientado para a resolução dos
problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques
interdisciplinares e, de participação ativa e responsável de cada
indivíduo e da coletividade”.
Considerando o Direito Ambiental como disciplina obriga-
tória, e a Educação Ambiental como prática, esse princípio de-
nota especial importância na medida em que valoriza o magisté-
rio. As instituições de ensino sejam públicas ou privadas devem
considerar que a qualidade de ensino passa necessariamente pelo
107
respeito ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas de
profissionais expressadas de forma inter, multi ou transdisciplinar.
Assim, quando o legislador afirmou como um dos princí-
pios da Educação Ambiental o pluralismo de ideias e concep-
ções pedagógicas na perspectiva inter, multi e transdisciplinar,
quis falar sobre o diálogo aberto entre os profissionais da educa-
ção, incluindo a Educação Ambiental, sem distinção das etapas
de ensino, assim como a intercomunicação entre as disciplinas.
Cada uma baseada em seus pilares, mas agindo de maneira inte-
grativa, sem barreira na união do conhecimento com o objetivo
maior: traçar parâmetros curriculares nacionais.
Na lição de Eid Badr,86 observa-se que “a liberdade admi-
nistrativa, no quadro dos princípios e normas aplicáveis, permite
às instituições de Ensino Superior dispor dos meios humanos e
técnicos necessários ao exercício da liberdade de ensino”.
Quando se fala em pluralismo de ideias não podemos es-
quecer os alunos, os pais e a comunidade escolar. Por esse moti-
vo, encontramos na Lei 9.705/99, que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, no Art. 35, várias finalidades, den-
tre elas, “o aprimoramento do educando como pessoa humana,
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico”, além do seu preparo para o
mercado de trabalho.
Consultando a Resolução 02/2012, do Ministério da Edu-
cação, em seu Art. 8.º, § 1.º, afirma que o currículo deve contem-
plar as quatro áreas do conhecimento, com tratamento metodo-
lógico que evidencie a contextualização e a interdisciplinaridade
ou outras formas de interação e articulação entre diferentes cam-
pos de saberes específicos.
86 BADR, Eid, Curso de Direito Educacional: o Ensino Superior brasileiro. Curitiba: CRV,
2011, p. 67.
108
Ainda sobre as orientações curriculares sob a perspectiva
da inter, multi e transdisciplinar, o Ministério da Educação87
propõe uma organização curricular com alguns componentes,
dentre eles citamos:
– integração e articulação dos conhecimentos em processo per-
manente de interdisciplinaridade e contextualização;
– proposta pedagógica elaborada e executada pelos estabeleci-
mentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as de seu sis-
tema de ensino;
– participação dos docentes na elaboração da proposta pedagógi-
ca do estabelecimento de ensino.
109
No Decreto n.º 4.281 de abril de 2002, que regulamentou a
Lei 9.795/99, prevê, no Art. 3.º, II, este princípio. No momento
em que o Órgão Gestor, exercendo sua competência de observar
as deliberações do Conselho Nacional de Meio Ambiente – Co-
nama e do Conselho Nacional de Educação, o faz de acordo com
os princípios da ética. No inciso VI, do mesmo dispositivo legal,
tem por competência promover o levantamento de programas e
projetos desenvolvidos na área de Educação Ambiental e o inter-
câmbio de informações.
Ainda, considerando este dispositivo, verificamos que no
Art. 6.º, inciso IV, deverão ser criados programas de Educação
Ambiental integrados aos processos de capacitação de profissio-
nais promovidos por empresas, entidades de classe, instituições
públicas e privadas, neste caso, vinculando todos os aspectos de
que trata o princípio acima referendado.
Na Lei n.º 9.394/99, Art. 3.º, inciso XI, encontramos como
princípio e finalidade das Diretrizes e Bases da Educação Nacio-
nal a vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as prá-
ticas sociais. Em seu Art. 4.º, inciso VII, observamos que é de-
ver do Estado a oferta de educação escolar regular para jovens
e adultos, com características e modalidades adequadas às suas
necessidades e disponibilidades, garantindo-lhes ao que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola.
Garantia de extrema importância, pois oportuniza ao aluno con-
cluir os estudos sem prejuízo de seu sustento.
A Conferência Intergovernamental de Tbilisi89 prevê como
um de seus princípios que a Educação Ambiental deve estar
inserida nos currículos escolares como “um processo contínuo
e permanente, começando pelo pré-escolar e continuando por
todas as fases do ensino formal e não formal”. Isso quer dizer que
os projetos pedagógicos das escolas públicas e privadas, assim
110
como os objetivos das organizações não governamentais volta-
das para a preservação do meio ambiente devem estar voltados
para ações e práticas sociais que tenham por objetivo formar
consciência ambiental e ajudar os discentes e/ou o cidadão a
sensibilizar-se por estas questões.
Como exemplo do cumprimento deste princípio, pode-
mos citar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma),90 que tem como missão disseminar, entre seus par-
ceiros e a sociedade em geral, informações sobre acordos am-
bientais, programas, metodologias e conhecimentos em temas
ambientais relevantes da agenda global e regional e, por outro
lado, promover mais intensa participação e contribuição de es-
pecialistas e instituições brasileiros em foros, iniciativas e ações
internacionais. Dentre as várias áreas de atuação, temos a educa-
ção, conscientização e treinamento que são essenciais para que
o Pnuma cumpra seu mandato de inspirar, informar e capacitar
nações e pessoas para alcançar um desenvolvimento sustentável.
90 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma. Disponível em <ht-
tps://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/>. Acesso em 22 de abr., 2017.
111
físico à possibilidade de efetivação da matrícula, de preferência,
em escola próxima da residência do educando. Quanto à garan-
tia da permanência nas instituições de ensino, cabe ao poder
público envidar esforços para o devido cumprimento das dire-
trizes do Plano Nacional de Educação, assim como estimular e
oportunizar aos discentes a participação em práticas educativas
de acordo com o interesse e aptidão de cada faixa etária.
Ainda neste dispositivo legal, em seu Art. 208, inciso I, dis-
põe que o dever do Estado, com a educação, será efetivado me-
diante a garantia de Ensino Fundamental obrigatório e gratuito,
assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele
não tiverem acesso na idade própria. Como forma de ilustrar o
preceito, transcrevemos a jurisprudência:91
Ementa; DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ENSINO PÚBLICO. MATRÍCULA EM PRÉ-ESCOLA.
CRIANÇA COM MAIS DE quatro ANOS DE IDADE.
DISPONIBILIZAÇÃO COMPULSÓRIA PELO ESTA-
DO. ESCOLA BÁSICA OBRIGATÓRIA. FUNDAMEN-
TO CONSTITUCIONAL. ESTATUTO DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE. 1. Constituição Federal estabelece
a garantia do oferecimento de educação básica e obrigatória
somente para as crianças a partir de quatro anos de idade,
ou seja, para pré-escola, nos termos do Art. 228, inciso I.
2. Tratando-se, pois, de pré-escola, cuja disponibilização
compulsória encontra fundamento no Texto Constitucio-
nal, bem como na legislação infraconstitucional (Estatuto
da Criança e do Adolescente e Lei de Diretrizes e Bases da
Educação), impõe-se acolher a pretensão recursal para as-
segurar ao agravante a matrícula na rede de ensino público
ensino público. 3. Nada obstante, o provimento judicial li-
mita-se apenas a garantir ao ora agravante sua matrícula na
pré-escola na rede pública de ensino, preferencialmente em
estabelecimento próximo à sua residência, mas não, neces-
112
sariamente, na escola por ele indicada.4. Agravo de Instru-
mento conhecido e parcialmente provido (Processo AGI
20150020127514. Órgão Julgador 1ª Turma Cível. Publi-
cação: Publicado no DJE: 05/08/2015. Pág 131. Julgamen-
to: 29 de julho de 2015. Relator NÍDIA CORRÊA LIMA).
113
tiva ambiental. (Art. 5.º, caput, incisos I e II e Art. 6.º ambos do
Decreto 4.281/2002).
As bases da Educação Ambiental, adotadas pelo Ministério
do Meio Ambiente são 4: A Política de Educação Ambiental, Co-
municação, Formação e Gestão. A fim de dar cumprimento a essas
diretrizes foi criado o Departamento de Educação Ambiental do
Ministério do Meio Ambiente, o qual possui linhas de ação em
relação à Educação Ambiental, dentre elas o Programa Nacio-
nal de Educação Ambiental (ProNea),92 que possui como uma
de suas referências o planejamento e implementação de ações
em Educação Ambiental para instituições governamentais e não
governamentais. Essa forma de atuação inclui o planejamento,
a execução e avaliação de políticas públicas orientadas ao “en-
raizamento” da Educação Ambiental. O conceito de educação
ambiental encontra-se no Art. 1.º desta Lei, e devidamente ex-
plicitado quando tratamos aquele artigo. Também fazem parte
da Política Nacional de Educação Ambiental a formação con-
tinuada de educadores e da sociedade em geral, seja por meio
de cursos presenciais ou à distância, passando pelo incentivo
da sustentabilidade na agricultura familiar, pela organização de
mostras de vídeos socioambientais, pela promoção de espaços
educadores, por cooperações internacionais e pela produção de
material socioambiental orientador. Em relação à Comunica-
ção, o ProNea criou vários programas, apenas para citar alguns:
Campanhas de consumo sustentável, Sistema Tela Verde, Infor-
mativos I-DE@, Salas Verdes, Educomunicação. O Programa
Comunicação para a Educação Ambiental,93 do Ministério do
Meio Ambiente possui como objetivo:
114
– estimular e difundir a comunicação popular participativa
no campo da Educação Ambiental brasileira, com o fim de
fortalecer a ação educadora coletiva pela sustentabilidade; –
contribuir para a elaboração e a implementação de uma Po-
lítica Nacional de Comunicação e Informação Ambiental.
115
VI – a permanente avaliação crítica do processo
educativo;
116
uma garantia do padrão de qualidade do ensino (Art. 3.º, inciso
IX da LDB).
A avaliação crítica do processo educativo, dada a sua im-
portância, deve ser realizada de maneira contínua e permanente,
seguindo critérios previamente definidos em lei, a fim de que os
resultados possam contribuir para aprimoramentos dos projetos
pedagógicos, dos conteúdos programáticos das disciplinas, para
mudanças no comportamento. É a oportunidade para que se
possa refletir, questionar e transformar a educação em um meio
eficaz ao pleno desenvolvimento do educando.
117
No Decreto n.º 4.281/2002, no Art. 3.º, inciso IX, aduz
que compete ao Órgão Gestor levantar, sistematizar, divulgar as
fontes de financiamento disponíveis no país e no exterior para a
realização de programas e projetos de Educação Ambiental.
Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente, no inciso X, do artigo
2.º, estabelece que a Educação Ambiental deve ser ministrada a
todos os níveis de ensino, objetivando capacitá-la para a partici-
pação ativa na defesa do meio ambiente.
O Conselho Nacional de Educação, por meio da aprovação
do Parecer CNE/CP n.º 8, de 2012, que estabelece as Diretrizes
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, incluindo os
direitos ambientais no conjunto dos internacionalmente reco-
nhecidos, e define que a educação para a cidadania compreen-
de a dimensão política do cuidado com o meio ambiente local,
regional e global.
Ainda a Resolução n.º 2, de 2012, que trata das Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação Ambiental nos Art. 7.º
reafirma-se que a Educação Ambiental é componente integran-
te, essencial e permanente da Educação Nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, nos níveis e modalidades da Edu-
cação Básica e da Educação Superior, para isso devendo as insti-
tuições de ensino promovê-la integradamente nos seus projetos
institucionais e pedagógicos. No Art. 12, V, fixa que a articulação
na abordagem de uma perspectiva crítica e transformadora dos
desafios ambientais a serem enfrentados pelas atuais e futuras
gerações, devem englobar dimensões locais, regionais, nacionais
e globais.
Por fim a Unesco,94 Agencia da ONU, responsável por dar
cumprimento ao artigo 36 da Agenda 21. Este é um programa de
ações recomendado para todos os países nas suas diversas ins-
118
tâncias e setores o qual propõe um esforço global para fortalecer
atitudes, valores e ações que sejam ambientalmente saudáveis e
que apoiem o desenvolvimento sustentável por meio da promo-
ção do ensino, da conscientização e do treinamento.
O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sus-
tentáveis e Responsabilidade Global95 resultou da Jornada In-
ternacional de Educação Ambiental, ocorrido no Fórum Glo-
bal, evento paralelo à Rio–92, e é até hoje uma referência para
a Educação Ambiental. Atualmente incorpora políticas públicas
locais e nacionais. O Tratado é documento de referência para o
Programa Nacional de EA brasileira.
Embora a EA disponha de previsão legal, ainda não faz par-
te da maioria das matrizes curriculares, e uma das formas de in-
troduzir essa abordagem seria por meio de “temas transversais”,
mas para que aconteça de maneira eficaz, deve-se, primeiramen-
te, propiciar a formação, especialização e atualização de profis-
sionais na área do meio ambiente, como postula do Art. 8.º, §2,
IV, desta Lei.
No dizer de Débora Barros Andrade:96
a interdisciplinaridade é proposta pedagógica de difícil exe-
cução. Entre os profissionais que trabalham com EA não
há consenso sobre o que seja essa prática. Não se realizam
encontros para planejamento de projetos interdisciplinares.
Os professores carecem de tempo e de formação específica,
o que dificulta o desenvolvimento do trabalho, consequen-
temente no processo de ensino e aprendizagem. É penosa a
tarefa de promover a inclusão transversal e interdisciplinar
de temas em uma estrutura organizada em torno de disci-
plinas escolares, sem que se tenha como foco uma discipli-
na autônoma e específica que promova a integração.
119
A EA, de acordo com a lei, deve ser oferecida, pelo poder
público, à coletividade de forma obrigatória em todos os níveis
da educação formal e não formal. Como também cada cidadão
brasileiro e estrangeiro tem por dever desenvolver uma cons-
ciência ambiental pautada em conhecimentos, valores pessoais,
éticos e morais, manifestar atitudes e ações com o objetivo de
melhorar a qualidade do meio ambiente em que se convive.
120
mesmo dispositivo legal, legitima os índios, suas comunidades
e organizações partes legítimas para ingressar em juízo em de-
fesa de seus direitos e interesses. Ainda sobre esse princípio, en-
contramos no Art. 216, § 5.º e Art. 68 do ADCT, os grupos dos
quilombolas que mantêm viva sua tradição afro-brasileira e que
ganham proteção cultural constitucional.
A LDB, no Art. 3.º, inciso XII, postula que o ensino será
ministrado com base em princípios, dentre os quais, a conside-
ração com a diversidade étnico-racial. No Art. 4.º, inciso III, as-
segura que é dever do Estado com a educação escolar pública a
garantia do atendimento educacional especializado gratuito aos
educando com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos
os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regu-
lar de ensino.
Ainda na LDB encontramos a inter-relação com o princí-
pio ora analisado nos Arts. 26–A, §§ 1.º e 2.º, quando afirma que
nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Mé-
dio, públicos e privados torna-se obrigatório o estudo da história
e cultura afro-brasileira e indígena. No Art. 33, quanto ao ensi-
no religioso, a matrícula é facultativa, assegurando o respeito à
diversidade cultural religiosa, sendo vedada qualquer forma de
proselitismo.
O Art 4.º e incisos, como vimos, trata dos princípios bási-
cos da Educação Ambiental. São eles que irão nortear os rumos
da Política Nacional de Educação. Uns se mostraram de maneira
clara o objetiva, enquanto outros careciam de maiores explica-
ções porque traziam conceitos, termos, paradigmas de conteúdo
abrangentes. Não se pretendeu esgotar o tema, mas acredito que
tenha sido o início para outras pesquisas mais aprofundadas.
121
ART. 5º – São objetivos fundamentais da Educação
Ambiental:
122
VII – o fortalecimento da cidadania, autodetermina-
ção dos povos e solidariedade como fundamentos para o
futuro da humanidade.
Eduardo Terço Falcão
123
a afirmação de que, entre nós, a definição dos fins estatais,
promana de uma enunciação de princípios, não se esgotan-
do, simplesmente, pela intelecção do Art. 3.º da Lex Mater,
que deve ser analisado em conjunto com os Arts. 1.º, 2.º e
4.º. O certo é que a norma traz os objetivos definidos como
categorias fundamentais, que se instrumentalizam através
dos aludidos princípios.
100 CF, Art. 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à mater-
nidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
101 Badr, Eid. Curso de Direito Educacional: Ensino Superior brasileiro. Curitiba: CRV,
2011, p. 19.
124
n.º 603575 (julgado em 20/4/2010, Dje – 086, pub.
14/5/2010), sob a relatoria do Ministro Eros Grau, verbis:
102 Art. 214. – A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal,
com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colabora-
ção e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para asse-
gurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas
e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes
esferas federativas que conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade do ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do país;
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto.
125
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-so-
cial com a preservação da qualidade do meio ambiente e do
equilíbrio ecológico;
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental
relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo
aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recur-
sos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacio-
nais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente,
à divulgação de dados e informações ambientais e à forma-
ção de uma consciência pública sobre a necessidade de pre-
servação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais
com vistas à sua utilização racional e disponibilidade per-
manente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuá-
rio, da contribuição pela utilização de recursos ambientais
com fins econômicos.
126
luir e pagar e sim imposição de reposição, se é que possível, do
status quo ante.
127
Conforme dito, os objetivos têm de ser conjugados com os
princípios. Dessa maneira, esse inciso I, guarda relação com os
princípios constantes dos incisos II, III e IV, do Art. 4.º, que vem
a ser a concepção do meio ambiente em sua totalidade, consi-
derando a interdependência entre o meio natural, o socioeco-
nômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; o plu-
ralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da
inter, multi e transdisciplinaridade; e a vinculação entre a ética, a
educação, o trabalho e as práticas sociais.
Os aspectos explicitados nesse inciso, quais sejam, ecoló-
gicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, cien-
tíficos, culturais e éticos, “do ponto de vista jurídico, ocasionam
pontos de tensão na aplicação e interpretação das normas am-
bientais, mas que devem ser compreendidos harmonicamente
para o alcance da correta abrangência e plena realização e efi-
cácia do objeto do Direito Constitucional Ambiental. O “meio
ambiente” é objeto de estudo de inúmeras ciências, principal-
mente das ciências naturais, da ecologia, da biologia, geografia,
química, física, áreas de conhecimento às quais se costumam
atribuir o adjetivo de “ciências duras” (ciências exatas e bioló-
gicas), em contraposição às ciências humanas, onde se encon-
tram, entre outras, a sociologia, a economia, a antropologia, a
filosofia e o direito”.105
Dessa forma, um dos objetivos para se obter a Educação
Ambiental é o desenvolvimento de uma compreensão integrada
do meio ambiente, ou seja, partir da ideia de interdependência
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural.
A compreensão de forma integrada do meio ambiente com
outros aspectos sociais envolve grandemente a ética, visto que a
ação desmedida do ser humano pode trazer graves consequên-
cias não somente à fauna, à flora e ao meio natural, como tam-
128
bém ao próprio homem. Importante ressaltar a relação com a
ética, visto que ela pauta a relação humana com os demais seres
vivos e principalmente com as gerações que ainda virão.
Há, portando, a necessidade de se deixar de lado o indivi-
dualismo, zelar pelo meio ambiente, bem como se responsabili-
zar “com as gerações vindouras, na medida em que a humanidade
tem uma “obrigação incondicional de existir”. Não cabe às pre-
sentes gerações decidirem acerca do futuro como se fosse uma
aposta. Assim, percebe-se que a ética por ele defendida lida exa-
tamente com o que ainda não existe, baseada em um princípio da
responsabilidade independentemente da ideia de Direito”.106
A Constituição Federal, em seu Art. 225, integra a ética e a
solidariedade como dever da geração presente às futuras no que
pertine ao respeito ao meio ambiente.
A presente geração, deve, portanto, zelar pelo meio am-
biente ecologicamente equilibrado não só para si, mas também
para as futuras gerações.
O item 36.6, da Agenda 21,107 traz recomendações relativas à
interligação do meio ambiente com a educação e aspectos sociais:
36.3. O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência
pública e o treinamento devem ser reconhecidos como
um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades
podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O
ensino tem fundamental importância na promoção do de-
senvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do
povo para abordar questões de meio ambiente e desenvol-
vimento. Ainda que o ensino básico sirva de fundamento
para o ensino em matéria de ambiente e desenvolvimento,
este último deve ser incorporado como parte essencial do
aprendizado. Tanto o ensino formal como o informal são
indispensáveis para modificar a atitude das pessoas, para
106 Belchior, Germana Parente Neiva. Hermenêutica jurídica ambiental. São Paulo: Sa-
raiva, 2011, p. 186.
107 Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agen-
da-21/agenda-21-global>. Acesso em 2 jun., 2017.
129
que estas tenham capacidade de avaliar os problemas do
desenvolvimento sustentável e abordá-los. O ensino é
também fundamental para conferir consciência ambiental
e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em
consonância com o desenvolvimento sustentável e que
favoreçam a participação pública efetiva nas tomadas de
decisão. Para ser eficaz, o ensino sobre meio ambiente e
desenvolvimento deve abordar a dinâmica do desenvolvi-
mento do meio físico/biológico e do sócio-econômico e do
desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual),
deve integrar-se em todas as disciplinas e empregar méto-
dos formais e informais e meios efetivos de comunicação.
108 Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros
Editores Ltda, 2005, p. 125.
130
é um processo de afirmação do povo e de garantia dos direi-
tos fundamentais que o povo vai conquistando no correr
da história.
131
erradicação da pobreza e marginalização e redução das de-
sigualdades sociais e regionais (EID BADR).109
132
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental é pressuposto consti-
tucional da efetividade do direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado. Tem fulcro no Art. 225, § 1.º, IV, da
Constituição de 1988, que incumbe ao Poder Público exigi-
-lo nas hipóteses de instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente. Prescreve, ainda, que dele se dê publicidade. Mas
já era previsão legal como um expressivo instrumento da Po-
lítica Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 1981, Art.
9.º, III) e pressuposto para o licenciamento de construção,
instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimen-
tos e atividades capazes de causar degradação ambiental.
133
mocracia participativa por violar o Estatuto da Cidade, que
estabelece a realização de audiência pública para a partici-
pação da população e de associações representativas para a
implementação de normas e diretrizes relativas ao desen-
volvimento urbano.
134
em 1986 na Ucrânia,112 cujas partículas de radiação se espalha-
ram pelos países da Europa.
Segundo Norma Sueli Padilha,113
A qualidade de vida na Terra depende da compatibilização
do modelo de produção e consumo com a finitude dos re-
cursos naturais, bem como a manutenção e preservação da
diversidade biológica, a gestão das condições de saúde hu-
mana, a administração dos resíduos tóxicos, o manejo da
biotecnologia, a transferência de tecnologia e a cooperação
internacional para o enfrentamento de tão grandioso e com-
plexo desafio, o da conquista da sustentabilidade ambiental.
135
Sem dúvida que esse Art. 225 é decorrente das diretrizes
traçadas da Conferência de Estocolmo de 1972, convocada pela
ONU e que discutiu os principais problemas ambientais que já
alcançavam dimensão global.
O estímulo ao desenvolvimento de uma consciência críti-
ca sobre problemáticas ambientais e sociais poderá ser percebi-
do nos princípios dos incisos II, III e IV, da Lei n.º 9.394, de 20
de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional:
Art. 3.º O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I – (...);
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
136
e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução
de problemas ambientais”.
É um dos objetivos fundamentais da Educação Ambiental
estimular a participação individual e coletiva na preservação
do meio ambiente. E, observe-se que essa defesa é um exercício
de cidadania.
E, cidadania, conforme explica José Afonso da Silva, “está
num sentido mais amplo do que o de titular de direitos políticos.
Qualifica os participantes da vida do Estado, o reconhecimento
do indivíduo como pessoa integrada na sociedade estatal”.115
Dessa forma, a defesa do meio ambiente é dever de todos, e
ao mesmo tempo um exercício de cidadania.
Além de estar intrínseco nos preceitos fundamentais dos
artigos, 1.º ao 4.º, relativamente à representatividade, participa-
ção popular e cidadania, pode-se também adotar como referen-
cial constitucional o Art. 225, § 1.º e incisos, visto que incumbe
ao poder público e à coletividade defender e preservar o meio
ambiente para as presentes e futuras gerações.
E sem dúvida que a constante luta pelo meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem como sua obtenção, é exercí-
cio de cidadania.
A Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe so-
bre a Política Nacional do Meio Ambiente, no Art. 2.º, e inci-
sos I e X, determina ações governamentais para se garantir a
vida com cidadania:
Art 2.º – A Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da quali-
dade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país,
condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos inte-
resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana, atendidos os seguintes princípios:
115 Silva, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros
Editores Ltda, 2005, p. 104.
137
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecoló-
gico, considerando o meio ambiente como um patrimônio
público a ser necessariamente assegurado e protegido, ten-
do em vista o uso coletivo;
(...);
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusi-
ve a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.
116 CF, Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um
mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redu-
ção das desigualdades regionais.
§ 1º – Lei complementar disporá sobre:
I – as condições para integração de regiões em desenvolvimento;
II – a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os pla-
138
Observa-se que se busca cumprir os fundamentos e os ob-
jetivos insculpidos nos Arts. 1.º e 3.º com a diminuição das desi-
gualdades regionais aliada ao respeito ao meio ambiente.117
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, no Art. 5.º,
prescreve as diretrizes para orientar as ações de governo de cada
ente federativo:
Art 5.º – As diretrizes da Política Nacional do Meio Am-
biente serão formuladas em normas e planos, destinados
a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que
se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e
manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princí-
pios estabelecidos no Art. 2.º desta Lei.
139
Esse inciso está relacionado com os incisos I e II, do § 3.º, do
Art. 8.º, pelos quais “as atividades vinculadas à Política Nacional
de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação
em geral e na educação escolar, por meio do desenvolvimento
de instrumentos e metodologias e a difusão de conhecimentos,
tecnologias e informações sobre a questão ambiental”.
A modernidade impõe que a educação deva acompanhar
os avanços tecnológicos haja vista que vivemos numa sociedade
da informação.
sociedade da Informação designa uma forma nova de or-
ganização da economia e da sociedade que é marcada pelo
avanço tecnológico no tratamento da comunicação, aces-
so, armazenamento e processamento da informação (Adal-
berto Filho; Antonio Rulli Jr.; Antonio Rulli Neto; e Paulo
Siqueira Jr.).
140
formação de recursos humanos nessas áreas do saber (Curso de
Direito Constitucional Positivo, p. 844).
A Constituição Federal, em diversos dispositivos, estimula
o desenvolvimento de tecnologias.118
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, no Art. 2.º,
inciso VI, prescreve o incentivo ao estudo e à pesquisa de tecno-
logias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos
ambientais:
Art 2.º – A Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da quali-
dade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos inte-
resses da segurança nacional e à proteção da dignidade da
vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I – (...);
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orienta-
das para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
118 CF, Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
I – (...);
V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia,
à pesquisa e à inovação;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrente-
mente sobre:
I – (...);
IX – educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvi-
mento e inovação;
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a par-
ticipação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores ru-
rais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transpor-
tes, levando em conta, especialmente:
I – (...);
III – o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesqui-
sa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação.
141
países, em cooperação com as organizações pertinentes
do sistema das Nações Unidas e com os países desenvol-
vidos. A comunidade internacional, nos planos nacional,
sub-regional e regional, assim como as municipalidades,
as organizações não-governamentais, as universidades e
centros de pesquisa e as empresas e outras instituições e
organizações privadas, também podem apoiar esses esfor-
ços. É essencial que cada país determine suas prioridades,
assim como os meios para construir sua capacidade para
implementar a Agenda 21, considerando suas necessidades
ambientais e econômicas. As habilidades, conhecimentos
e know how técnico nos planos individual e institucional
são necessários para o desenvolvimento das instituições,
a análise de políticas e o manejo do desenvolvimento,
inclusive para a avaliação de modalidades de ação
alternativas tendo em vista melhorar o acesso à tecnologia
e a sua transferência e promover o desenvolvimento
econômico. A cooperação técnica, inclusive a que se
refere à transferência de tecnologia e de conhecimentos
técnicos-científicos, engloba toda uma série de atividades
para desenvolver e fortalecer as capacidades individuais
e de grupo. Deve servir do propósito do fortalecimento
institucional e técnica a longo prazo e deve ser gerenciada
e coordenada pelos próprios países. A cooperação
técnica, inclusive a que se relaciona com a transferência
de tecnologia e os conhecimentos técnicos-científicos, só
é efetiva quando é derivada das estratégias e prioridades
ambientais e de desenvolvimento do próprio país e a elas se
relacionam e quando os organismos de desenvolvimento e
os Governos definem políticas e procedimentos melhores e
mais coerentes para apoiar esse processo.
142
de se construir as bases para o desenvolvimento da Educação
Ambiental.
Moacir Gadotti, na obra Pedagogia da Terra,119 cita Fran-
cisco Gutiérrez, que tece os seguintes comentários sobre cha-
ves pedagógicas:
6.ª – Consciência Planetária (sic) que desenvolve a soli-
dariedade planetária. Um planeta vivo requer de nós uma
consciência e uma cidadania planetárias, isto é, reconhecer-
mos que somos parte da Terra e que podemos viver com
ela em harmonia – participar do seu devir – ou podemos
perecer com sua destruição.
119 Gadotti, Moacir. Pedagogia da Terra. São Paulo: Peirópolis, 2000, p. 64.
120 Machado, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14ª ed. São Paulo: Ma-
lheiros Editores Ltda, 2006, p. 123–124.
143
limitar a um nível mínimo. Grandes riscos ambientais, que
possam prejudicar outros recursos, devem ser reduzidos
numa medida calculável e submetida a contrato de seguro.
Esta norma geral, já exigida pela geração atual causa enor-
mes problemas à ordenação atual da sociedade industrial
orientada para o crescimento contínuo” – afirma o Prof.
Helmuth Shultz-Fielitz.
121 CF, Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I – (...);
II – a cidadania;
(...)
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
(...)
Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais
pelos seguintes princípios:
I – (...);
III – autodeterminação dos povos;
Parágrafo Único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.
122 Op. cit, p. 512.
144
A obediência a esses princípios são fundamentos para um
futuro melhor da humanidade.
O direito à autodeterminação, direito alçado a princípio
tem previsão expressa no artigo 1.º, § 2.º da Carta das Nações
Unidas:123
Artigo 1
Os propósitos das Nações unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim:
tomar, coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças
à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer rup-
tura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade
com os princípios da justiça e do direito internacional, a um
ajuste ou solução das controvérsias ou situações que pos-
sam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas
no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de auto-
determinação dos povos, e tomar outras medidas apropria-
das ao fortalecimento da paz universal;
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver
os problemas internacionais de caráter econômico, social,
cultural ou humanitário, e para promover e estimular o res-
peito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais
para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações
para a consecução desses objetivos comuns.
145
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
124 MORAES, Raimundo de Jesus Coelho. Participação política e gestão ambiental: aná-
lise dos processos de licenciamento ambiental das empresas de caulim no nordeste
do Estado do Pará – 1990/1996. Belém: Paka-Tatu, 2003, p. 45.
147
Nesse sentido, para alcançar o objetivo proposto pela
Conferência de Estocolmo – conscientizar a sociedade para uma
melhor relação com o meio ambiente –, fez-se imprescindível a
construção de uma Educação Ambiental. Para Coelho,125 é a di-
mensão pedagógica que “ressalta a dimensão política e o caráter
crítico da educação, os quais exigem um processo permanente
de aprendizagem e de métodos diferentes de criação e compar-
tilhamento de conhecimentos e experiências, essenciais para a
continuidade e consolidação da cidadania planetária”.
A Constituição brasileira de 1988, atendendo às necessida-
des de uma mudança imediata de paradigmas para a construção
de uma nova relação entre o homem e a natureza, incluiu o di-
reito fundamental à Educação Ambiental, seja ele formal seja ele
não formal, ao lado do já consagrado direito fundamental à edu-
cação, com o fim de promover no educando a conscientização
crítica da importância do meio ambiente para a vida no planeta e
da utilização dos recursos naturais com responsabilidade. Dessa
maneira, encontra-se expressamente previsto no Art. 225, § 1.º,
VI, o direito à Educação Ambiental, assim dispondo:
Art. 225.126 Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1º – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe
ao Poder Público:
VI – Promover a Educação Ambiental em todos os níveis
de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente;
148
A Lei de Política Nacional de Educação Ambiental127 vem,
segundo Sibinelli,128 “regulamentar o texto constitucional, pre-
vendo o ensino da Educação Ambiental em instituições formais
e não formais”.
Pode-se definir “Políticas Públicas” como conjuntos de
programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado dire-
tamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos
ou privados, que visam assegurar determinado direito de cida-
dania, de forma difusa ou para determinado seguimento social,
cultural, étnico ou econômico.
As políticas públicas correspondem a direitos assegurados
constitucionalmente ou que se afirmam, graças ao reconheci-
mento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos na
condição de novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou
outros bens materiais ou imateriais.129
Um outro instrumento jurídico de suma relevância para
a proteção do meio ambiente e que assegura a Educação Am-
biental como programa a ser cumprido pelos países é a Agenda
21,130 seu capítulo 36 é inteiramente dedicado a tratar da sua im-
portância para a formação de uma consciência ambiental e traz
como áreas de programas a serem implementados para alcançar
seus fins as seguintes medidas:
a. Reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento
sustentável;
b. Aumento da consciência pública;
127 A Política Nacional de Educação Ambiental – Pnea foi regulamentada pelo Decreto
nº 4.281, de 25.6.2002.
128 SIBINELLI, Taisa Cristina. 10 anos da Política Nacional de Educação Ambiental. Dis-
ponível em: <https://jus.com.br/artigos/12942/10-anos-da-politica-nacional-de-e-
ducacao-ambiental>. Acesso em 20 abril, 2017.
129 Conceito retirado do site: <http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/
coea/ pncpr/O_que_sao_PoliticasPublicas.pdf>. Acesso em 10 abril, 2017.
130 Programa que resultou da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento, também conhecida como ECO/92, Cúpula da Terra, realizada na
cidade do Rio de Janeiro.
149
c. Promoção do treinamento.
131 Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Dispo-
nível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf>. Acesso em
10 maio, 2017.
150
Educação Ambiental, organizada pela Unesco em cooperação
com o Pnuma e realizada na cidade de Tbilisi, em 1977, expon-
do que “mediante a utilização dos descobrimentos da ciência e
da tecnologia, a educação deve desempenhar uma função capital
com vistas a despertar a consciência e o melhor entendimento
dos problemas que afetam o meio ambiente”.132
Dessa forma, essa declaração determina que a Educa-
ção Ambiental deva ser dirigida à comunidade despertando o
interesse do indivíduo em participar de um processo ativo no
sentido de resolver os problemas dentro de um contexto de rea-
lidades específicas, estimulando a iniciativa, e sendo de sua res-
ponsabilidade o esforço para construir um futuro melhor. Por
sua própria natureza, a Educação Ambiental pode, ainda, contri-
buir satisfatoriamente para a renovação do processo educativo.
Para que os objetivos da Educação Ambiental sejam alcan-
çados devem ser realizadas atividades, programas e projetos es-
pecíficos voltados para esse fim, ou seja, políticas públicas. Dessa
forma, a Conferência de Tbilisi convocou os Estados-membros a
incluírem em suas políticas de educação medidas visando incor-
porar um conteúdo, diretrizes e atividades ambientais em seus
sistemas.
Uma ressalva faz-se oportuna, a Coordenação-Geral de
Educação Ambiental – CGEA/Secad/MEC, em sua condição
de integrante do Órgão Gestor da Política Nacional de Educa-
ção Ambiental , em texto133 sugestivo encaminhado ao Con-
selho Nacional de Educação – CNE – para o estabelecimento
de Diretrizes Curriculares Nacionais relacionadas à Educação
Ambiental, afirma que os princípios e objetivos da Educação
Ambiental se coadunam com os princípios gerais da Educação
151
contidos na Lei 9.394, de 20/12/1996 (LDB – Lei de Diretri-
zes e Bases) que, em seu artigo 32, assevera que o Ensino Fun-
damental terá por objetivo a formação básica do cidadão me-
diante: (...) II – a compreensão do ambiental natural e social do
sistema político, da tecnologia das artes e dos valores em que se
fundamenta a sociedade.
Nesse mesmo documento, ressalta que o atributo “ambien-
tal” contido no vocábulo Educação Ambiental, tal qual construí-
do no Brasil e América Latina, não possui uma ingênua função
adjetivante para especificar um tipo particular de educação, mas
se constitui em elemento identitário que demarca um campo de
valores e práticas, mobilizando atores sociais comprometidos
com a prática político-pedagógica contra-hegemônica.
A Educação Ambiental, portanto, deve ser consolidada
como política pública, com fundamento na CF/88, sendo regu-
lamentada por esta lei em comento e encontrando-se assegurada
também em outras leis no ordenamento jurídico, como a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, bem como em documentos fir-
mados pelo Brasil no âmbito internacional, cite-se o documento
resultante da Conferência Intergovernamental de Educação Am-
biental de Tbilisi e que foi promovida no Município da Geórgia
(ex-União Soviética), em outubro de 1977 e o Tratado de Edu-
cação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabili-
dade Global, elaborado pela sociedade civil planetária, em 1992,
durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (Rio–92).
152
e organizações não-governamentais com atuação em
Educação Ambiental.
153
Os órgãos são, segundo Mello,135 “unidades abstratas que sinteti-
zam os vários círculos de atribuições do Estado [...]. De fato, os
órgãos não passam de simples repartições de atribuições, e nada
mais”.
Como se pode observar, não faz a lei restrição quanto aos
órgãos da União, dos Estados e dos municípios que atuarão, con-
juntamente, nesse propósito de concretizar uma política eficien-
te de Educação Ambiental. Sendo assim, não somente as insti-
tuições de ensino estão incumbidas da missão de educar para
uma cidadania ambiental, mas também todo e qualquer órgão
da administração pública.
Por fim, o dispositivo determina como agente desse pro-
cesso de ação conjunta as organizações não governamentais, as
quais desempenham papel imprescindível para essa mudança
cultural e educacional da relação homem e meio ambiente, au-
xiliando nesse processo de forma de consciência, pois, segundo
Soczek,136 “a questão desafiadora das ONG’s está no âmbito do
próprio processo participativo enquanto crítica e controle do
poder público e da esfera de mercado”.
Ainda, nesse sentido, reafirma Soczek137 que:
As ONG’s cumprem seu papel social, por elas autodetermi-
nado em função de demandas sociais diversas, pela ocupa-
ção de espaços na esfera estatal, conquistados e conduzidos
por lideranças dessas organizações. Esse processo se efetiva
pela utilização de instrumentos que atendam às exigências
que originaram e impulsionaram estas organizações em
prol dos fins alcançados, ao lado de outras possíveis formas
de participação fazendo a interface entre o jogo político e a
ordem jurídica.
135 MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malhei-
ros Editores LTDA, 2011, p. 140.
136 SOCZEK, Daniel. ONG’s e democracia: metamorfoses de um paradigma em constru-
ção. Curitiba: Juruá, 2007, p. 160
137 Idem, p. 161
154
A colaboração é, assim, uma medida sem a qual a concre-
tização das políticas de Educação Ambiental não seriam possí-
veis. A defesa e a melhoria do meio ambiente para as presentes
e futuras gerações constituem um objetivo urgente da humani-
dade. Essa colaboração e solidariedade tem que estar presente
também nas relações entre as nações e devem constituir a base
da nova ordem internacional.
Um exemplo que pode ser mencionado para ilustrar as dis-
posições desse artigo é a do Tribunal de Contas do Estado do
Amazonas, que, por meio da Coordenação da Escola de Con-
tas Públicas – ampliou suas frentes de atuação e atividades re-
ferentes à questão ambiental e à prevenção do meio ambiente,
na administração pública com a criação do Programa TCE CI-
DADÃO para atuar em todos os 62 municípios do Estado do
Amazonas. Este Programa contempla o Projeto “Tribunal Ver-
de” e buscou, inicialmente, desenvolver, no Amazonas, parcerias
com as instituições de Ensino Fundamental, Médio e Superior
no âmbito público e privado que possuam objetivos comuns ao
Projeto.138
O objetivo do projeto consiste em estabelecer ações volta-
das para a Educação Ambiental, visando promover a conscien-
tização sobre o tema, estimulando a sua prática no âmbito dos
Ensinos Fundamental, Médio e Superior, da rede pública e pri-
vada do Estado do Amazonas. As ações envolvem servidores do
Tribunal de Contas do referido Estado, os professores da rede
pública e privada de ensino Fundamental e Médio e os profes-
sores e alunos dos cursos superiores, por meio de capacitação e
treinamento de acordo com a dinâmica do projeto, além de dar
suporte na qualificação de servidores públicos.139
155
Como se observa, tal projeto instituído dentro do Tribunal
de Contas do Estado está em perfeita consonância com os pre-
ceitos do artigo em comento, pois, como se observa, o tratamen-
to da questão ambiental conta com a ação conjunta de todos os
órgãos da administração pública.
IV – acompanhamento e avaliação.
156
III – a preparação de profissionais orientados para as
atividades de gestão ambiental;
157
VI – a montagem de uma rede de banco de dados e
imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.
158
como o currículo, com estruturas hierárquicas e burocráti-
cas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscaliza-
dores dos ministérios da educação.
142 RODRIGUES, Olira Saraiva. Políticas públicas educacionais de espaços não formais de
educação. Disponível em: <http://www.anapolis.go.gov.br/revistaanapolisdigital/
wp-content/uploads/2013/03/Olira-Rodrigues.pdf>. Acesso em 28 abril de 2017.
143 Declaração de Tbilisi. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/
pdfs/decltbilisi.pdf> Acesso em 10 maio, 2017.
159
I – capacitação de recursos humanos;
144 Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento. Dispo-
nível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf>. Acesso em
6 maio, 2017.
145 Declaração de Tbilisi. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/e a/deds/
pdfs/decltbilisi.pdf>. Acesso em 9 maio, 2017.
160
cutir significativamente no meio ambiente, deverão receber, no
decorrer da sua formação, os conhecimentos e atitudes necessá-
rios, além de detectarem plenamente o sentido de suas respon-
sabilidades nesse aspecto.
161
tos adquiridos, estudando; título de certas obras de investigação
ou explanação; modelo, exercícios; exame; observação; análise;
artifício; traçados preliminares para estabelecer um traçado.
Para Mezzaroba e Monteiro,148 “pesquisa é o que fazemos
quando nos ocupamos de estudar de forma sistematizada um
objeto (o objeto de pesquisa), mas fazemos isso sempre tendo
uma meta a ser alcançada, isto é, pretendemos fazer alguma coi-
sa com o resultado da pesquisa”.
Ainda de acordo com Mezzaroba e Monteiro,149 “o méto-
do experimental ou empírico é aquele fundado na experiência,
que é um tipo de ensaio científico em que o objeto da pesquisa é
submetido a um quadro totalmente controlado destinado à veri-
ficação de seus atributos”. Ou seja, pela aplicação desse método,
determinado fenômeno pode ser posto à prova, por meio de tes-
tes realizados em condições ideais, que, normalmente, mas não
necessariamente, são produzidas em laboratórios.
Convergindo para esse mesmo entendimento pode-se
afirmar que:
O experimento no contexto do ensino das ciências provoca
a experiência do sujeito. Em uma dimensão que acredita-
mos para o ensino das ciências, sem a rigidez do Método
Científico, compreendemos que discutir experimento e ex-
perimentação pressupõe – ou destina-se – à formação de
novas experiências.150
162
esses recursos: estudos, pesquisas e experimentações contri-
buem para a formação do conhecimento necessário para a pro-
teção e preservação do meio ambiente.
163
IV – acompanhamento e avaliação.
164
§ 1º – Nas atividades vinculadas à Política Nacional
de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e
objetivos fixados por esta Lei.
153 ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurí-
dicos. 16 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 225.
154 Conceito retirado do Prieram Dicionário. Disponível em: <https://www.priberam.
pt/dlpo/ objetivo> Acesso em 28 abril, 2017.
165
§ 2o – A capacitação de recursos humanos voltar-se-á
para:
166
Como se observa no caput do artigo 3.º desta lei, todos
têm direito à Educação Ambiental, o que inclui dentro desse
processo de capacitação o professor, o qual deverá receber for-
mação continuada que lhe ofereça condições de compreender
os diversos aspectos que envolvem a temática meio ambiente.
Sendo, inclusive, a garantia de continuidade e permanência do
processo educativo princípio assegurado no artigo 4.º, Inc. V,
da lei em comento. Essa previsão também está presente no Art.
11, parágrafo único, desta lei, que assim dispõe: “os professores
em atividade devem receber formação complementar em suas
áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao
cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de
Educação Ambiental.
167
cício da cidadania por meio de ações institucionais com impac-
tos sociais positivos.156
168
somente a formação, mas também a especialização e atualização
deles. O item 36.15 da Agenda 21158 discorre que os elementos
do treinamento e do desenvolvimento pessoal dos programas
patrocinados pelos órgãos profissionais devem permitir a incor-
poração de conhecimentos e informações sobre a implementa-
ção do desenvolvimento sustentável em todas as etapas da toma-
da de decisões e formulações de políticas.
158 Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento. Dispo-
nível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/agenda21.pdf> Acesso em 6
maio, 2017.
159 Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilida-
de Global. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/trat_
ea.pdf>.
169
§ 3º – As ações de estudos, pesquisas e experimenta-
ções voltar-se-ão para:
Thaisa Carvalho Batista Franco de Moura
170
Ocorre que a importância dos dispositivos legais e consti-
tucionais acima mencionados não se dá apenas pela derivação
direta do texto constitucional, é imprescindível que toda a so-
ciedade compreenda a real significação da matéria e, para tanto,
conceitos preliminares devem ser tratados.
O § 3.º do Art. 8.º da presente lei determina que as ações de
estudos, pesquisas e experimentações que devem ser realizadas
no seio da educação formal.
Tais atividades e suas respectivas linhas de atuação – con-
ceitos previamente abordados no inciso II do Art. 8.º desta lei
– não são esgotadas em seus conceitos formais, ao revés, são
medidas que, uma vez implementadas devem visar um objetivo
comum, qual seja, a visualização, compreensão e assimilação da
Educação Ambiental por parte de seus interlocutores.
171
Ação Meio Ambiente na Escola – Educação Ambiental (PCN
em Ação),160 um guia preceptor de instrumentos e metodologias
voltados à formação dos educadores para dar para fortalecer e
construir o processo de Educação Ambiental nas escolas e co-
munidades de todo o território nacional.
A ideia central desse programa é favorecer a leitura compar-
tilhada; o trabalho conjunto e solidário; a aprendizagem em
parceria; a reflexão sobre atitudes e procedimentos diante
das questões ambientais como conteúdos significativos de
ensino e aprendizagem; as possibilidades de adoção trans-
versal da temática ambiental; e o desenvolvimento do pro-
jeto pedagógico. Dessa maneira, o programa se propõe a
trabalhar a temática ambiental nos currículos, no convívio
escolar e por meio de projetos de Educação Ambiental in-
seridos no projeto educativo da escola.161
172
Assim, tem-se que o objetivo do programa não é restrito à
formação de pessoas inseridas no meio ambiente, mas de formar
pessoas dotadas de cidadania proativa, seja no âmbito escolar ou
no seio na sociedade. Essa é a essência da consciência ambiental
e da Educação Ambiental.
Portanto, desenvolver instrumentos e metodologias volta-
dos à incorporação da dimensão ambiental quer dizer, em outras
palavras, utilizar a própria máquina e o aparelho institucional
para instruir e sistematizar o processo de conhecimento e assi-
milação. Significa trazer uma visão holística e globalizante da so-
ciedade e do meio ambiente, de modo a combater o desconhe-
cimento e desinteresse de professores e alunos quando se fala de
meio ambiente. Por fim, significa repensar o modelo tradicional,
partindo do pressuposto de que somente pela educação será
possível alcançar o verdadeiro desenvolvimento.
A dimensão ambiental da Educação Ambiental também é
mencionada na Resolução n.º 2, de 15 de junho de 2012, do Minis-
tério da Educação – Conselho Nacional de Educação, que estabelece
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental.163
Art. 14. A Educação Ambiental nas instituições de ensino,
com base nos referenciais apresentados, deve contemplar:
I – abordagem curricular que enfatize a natureza como fon-
te de vida e relacione a dimensão ambiental à justiça social,
aos direitos humanos, à saúde, ao trabalho, ao consumo, à
pluralidade étnica, racial, de gênero, de diversidade sexual,
e à superação do racismo e de todas as formas de discrimi-
nação e injustiça social;
163 Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de junho de 2012 –
Seção 1 – p. 70.
173
Não obstante a polissemia do termo alhures exposto, a in-
terdisciplinaridade – no ambiente acadêmico e, em especial na
Educação Ambiental – se traduz pela busca ao que é comum,
não somente entre as disciplinas da grade curricular, mas tam-
bém a outras áreas do conhecimento.
Nesse sentido, preleciona Audrey de Souza Coimbra:164
A Interdisciplinaridade constitui-se quando cada profissio-
nal faz uma leitura do ambiente de acordo com o seu saber
especifico, contribuindo para desvendar o real e apontando
para outras leituras realizadas pelos seus pares. O tema co-
mum, extraído do cotidiano, integra e promove a interação
de pessoas, áreas, disciplinas, produzindo um conhecimen-
to mais amplo e coletivizado. As leituras, descrições, inter-
pretações e analises diferentes do mesmo objeto de traba-
lho permitem a elaboração de outro saber, que busca um
entendimento e uma compreensão do ambiente por inteiro.
174
Por fim, no que diz respeito aos diferentes níveis e modali-
dades de ensino, a Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Polí-
tica Nacional do Meio Ambiente – em seu Art. 2.º, inciso X, es-
tabelece que a Educação Ambiental deve ser ministrada a todos
os níveis de ensino, objetivando capacitá-la para a participação
ativa na defesa do meio ambiente.
Ainda, a LDB165 prevê que a Educação Básica assegurará e
terá como objetivo que o cidadão compreenda o ambiente na-
tural e social (Art. 32, inciso II); que os currículos do Ensino
Fundamental e Médio têm o dever de abranger o conhecimento
do mundo físico e natural (Art. 25 parágrafo primeiro); que a
educação superior deve desenvolver o entendimento do homem
e do meio ambiente em que vive (Art. 43) e que a Educação tem
como uma de suas finalidades a preparação para o exercício da
cidadania, nos seguintes termos:
Art. 2.º – A educação, dever da família e do Estado, inspira-
da nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
175
II – educação superior;
CAPÍTULO V
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos
desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida pre-
ferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação.
176
Assim, determinar a incorporação da dimensão ambiental,
de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades
de ensino significa propor a superação da concepção de ensino
fechado. É propor, de fato, o estudo aberto, onde todas as disci-
plinas estão em igual patamar de relevância, onde a contribuição
específica de cada matéria é percebida em um todo, no cenário
mais próximo da realidade vivida diariamente por cada aluno. As
disciplinas deixam de ser isoladas e individualmente considera-
das e passam a ser interligadas, conexas, uma vez que cada uma
tem a sua parcela de contribuição para a compreensão do meio
ambiente.
177
A Constituição da República168 preconiza no rol do Art. 5.º
o direito à informação. O inciso XIV sentencia que “é assegurado
a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional”. No mesmo senti-
do, o inciso XXXIII determina que os cidadãos “têm direito de
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse parti-
cular, ou de interesse coletivo ou geral”, ressalvados os casos cujo
sigilo seja necessário ou imprescindível à segurança do Estado
ou da sociedade como um todo.
Nos termos da Constituição Federal, o acesso à informação
é um direito fundamental assegurado aos cidadãos. Pessoas físi-
cas ou jurídicas poderão exercer esse direito que garante e con-
solida a segurança jurídica de toda a sociedade.
Em linhas gerais da questão, a Lei n.º 6.938, de 31 de agos-
to de 1981,169 preconiza que a Política Nacional do Meio Am-
biente visará a divulgação de dados e informações ambientais e
à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico
(Art. 4.º, inciso V).
No mesmo sentido, a Lei n.º 10.650, de 16 de abril de 2003,
que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações exis-
tentes nos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional
do Meio Ambiente – Sisnama (criado pela PNMA) estabele-
ce em seu Art. 2.º que os órgãos e entidades da Administração
Pública, direta, indireta e fundacional que sejam integrantes do
Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos docu-
mentos, expedientes e processos administrativos que tratem de
matéria ambiental. Da mesma forma, tais órgãos se obrigam a
fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua
guarda, quer seja em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico e
178
especialmente as relativas à qualidade do meio ambiente (inci-
so I), bem como a políticas, planos e programas potencialmente
causadores de impacto ambiental (inciso II), resultados de mo-
nitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e
de atividades potencialmente poluidoras, bem como de planos
e ações de recuperação de áreas degradadas (inciso III), aciden-
tes, situações de risco ou de emergência ambientais (inciso IV),
emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos
sólidos (inciso V), substâncias tóxicas e perigosas (inciso VI),
diversidade biológica (inciso VII) e organismos geneticamente
modificados (inciso VIII).
Na seara educacional, a LDB – Lei n.º 9.394, de 20 de de-
zembro de 1996 –, no capítulo que dispõe da organização da
educacional nacional determina que a União incumbir-se-á de
coletar, analisar e disseminar informações sobre educação (Art.
9.º, inciso V).
Por sua vez, no que concerne especificamente à questão
ambiental na seara de difusão e em consonância com o dispo-
sitivo da presente lei (Art. 8.º, § 3.º, inciso II), a Resolução n.º 2
de 15 de junho de 2012, do Ministério da Educação – Conselho
Nacional de Educação – CNE,170 preconiza que nos termos da
Política Nacional de Educação Ambiental são objetivos a serem
concretizados pela Educação Ambiental conforme cada fase,
etapa, modalidade e nível de ensino garantir a democratização
e o acesso às informações referentes à área socioambiental (Art.
13, inciso II).
Como se nota, a informação às questões ambientais é direito
e dever dos sujeitos ambiental envolvidos no processo educacio-
nal informativo. Para a formação do sujeito ambiental proativo,
o indivíduo deve ter amplo acesso às informações e atualizações
relativas ao meio ambiente que dispõem as autoridades.
170 Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União. Brasília, 18 de junho de 2012 –
Seção 1 – p. 70.
179
O objetivo da lei, em outras palavras, é oportunizar aos ci-
dadãos meios de esclarecimentos às dúvidas e quaisquer ques-
tionamentos em matéria de meio ambiente e formar a consciên-
cia ambiental das partes envolvidas no processo educativo.
A formação da consciência ambiental, nas palavras de Isa-
bel Cristina de Moura Carvalho,171 é uma proposta educativa
que nasce em momento histórico de alta complexidade. Faz par-
te de uma tentativa de responder aos sinais de falência de todo
um modo de vida, o qual já não sustenta as promessas de felici-
dade, afluência, progresso e desenvolvimento. (...) Por tudo isso,
não podemos nos satisfazer com respostas e concepções simplis-
tas para uma educação que tem como gênese e motivo de ser um
contexto de crise.
180
municação marcaram todo o século XX e, ainda mais, o século
XXI. O desenvolvimento de tais tecnologias ensejou verdadeira
revolução que afeta não só o sistema de produção, mas também
o processo educacional.
Com relação a esse período, instrui Luís Paulo Sirvinskas:172
Nesse período, a conscientização da necessidade de prote-
ção ao meio ambiente disseminou-se pelo mundo todo por
intermédio de várias entidades não governamentais. As pes-
soas acordaram e passaram a levantar a bandeira protetiva
ao meio ambiente, pois é dele que o homem tira seu susten-
to para sua sobrevivência. Apesar das dificuldades na solu-
ção dos problemas ambientais mundiais, devemos resolver
os nossos por meio de medidas adequadas, realizando cam-
panhas de conscientização de que o planeta Terra é nossa
casa, por isso devemos protegê-lo e preservá-lo para as pre-
sentes e futuras gerações. O futuro da humanidade está in-
timamente ligado à preservação do meio em que vivemos.
172 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. São Paulo, 2015.
173 GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. Peirópolis, 2000, p. 32.
181
grande repercussão, chamado “Os limites do crescimento
econômico”, no qual coloca em questão o modelo de desen-
volvimento baseado no crescimento como se ele fosse ili-
mitado. Um outro grupo, o inglês The Ecologist, elaborou,
em 1971, o seu “Manifesto para sobrevivência”, no qual de-
fende que “um aumento indefinido de demanda não pode
ser sustentado por recursos finitos”. O II Fórum da Unesco
sobre Ciencia e Cultura, realizado em Vancouver (Canadá)
em setembro de 1989 para estudar o tema “A sobrevivência
no século XX”, concluiu-se que “a sobrevivência do planeta
tornou-se uma preocupação imediata.
182
Tal instrução incentiva a busca por alternativas curriculares
e metodológicas de capacitação na área ambiental, bem como
demais iniciativas e experiências locais e regionais. Tais reali-
zações incluem, também, a produção e divulgação de materiais
educativos e de conscientização da população.
O Art. 16 da Resolução n.º 2, de 15 de junho de 2012, do
CNE determina que a inserção dos conhecimentos concernentes
à EA nos currículos da Educação Básica e da Educação Superior
pode ocorrer pela transversalidade, mediante temas relaciona-
dos com o meio ambiente e a sustentabilidade socioambiental,
como conteúdo dos componentes já constantes no currículo,
pela combinação de transversalidade e de tratamento nos com-
ponentes curriculares. Também admite que outras formas de
inserção podem ser admitidas na organização curricular da edu-
cação superior, educação profissional técnica e de nível médio,
considerando a natureza dos cursos.
Por sua vez, o Art. artigo 4.º, inciso VII desta lei destaca a
abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais
e nacionais e, tanto o inciso IV quanto o V do artigo 8.º incenti-
vam a busca de alternativas curriculares e metodológicas na ca-
pacitação da área ambiental e as iniciativas e experiências locais
e regionais.
A título de exemplificação, no ano de 2016, com apoio do
Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), no âmbito do Pro-
grama Ciência na Escola (PCE), foi desenvolvido o projeto, in-
titulado Educação Ambiental na Escola Estadual Elisa Bessa Freire
para Melhoria da Qualidade de Vida em Relação ao Risco à Saúde
Encontrado no Igarapé do Ceti.
O projeto capacitou os estudantes, por meio de cursos es-
pecíficos acerca do processo de descarte de resíduos, com o in-
tuito de, posteriormente, visitar a comunidade local e levar ações
de Educação Ambiental à população que mora próximo ao local,
183
que é conhecido popularmente por esse nome por passar próxi-
mo a Escola Estadual de Tempo Integral Elisa Bessa Freire, loca-
lizada no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus.174
O programa, que iniciou no ano de 2016, foi desenvolvido
pelos cientistas juniores e os estudantes repassaram aos mora-
dores orientações sobre o destino correto do lixo, prevenção à
saúde e conscientização ambiental.
Outro exemplo é o programa realizado pelo ICMBIO, cha-
mado “Oficina de planejamento para capacitação de professo-
res no entorno das unidades de conservação”.175 O projeto tem
como objetivo realizar o intercâmbio de experiências e planeja-
mento de ações de capacitações de professores no entorno das
Unidades de Conservação do Corredor Ecológico do Jalapão,
Flonas e Tefé.176
Nota-se, que é na prática educacional cotidiana que a Edu-
cação Ambiental encontrará o espaço necessário para a reflexão
de alternativas sociais para educar em matéria de meio ambiente.
A escola, sujeito necessário no processo educativo possui papel
imprescindível na solução das questões ambientais do mundo
contemporâneo.
Sendo assim, o objetivo das alternativas curriculares de
capacitação é, não apenas contribuir para a formação de pro-
fessores e aprendizado dos alunos, vai além, significa buscar al-
ternativas para formar pessoas competentes e hábeis a construir
e consolidar o pensamento socioambiental que vise a melhoria
da educação nacional e, a médio e longo prazo possibilitem a
184
melhoria da qualidade de vida da sociedade. Conhecer e reco-
nhecer o meio ambiente significa minimizar e solucionar os pro-
blemas ambientais enfrentados pela comunidade escolar e social
em âmbito, local, regional, nacional e, por fim, global.
185
A Resolução n.º 2, de 15 de junho de 2012 do Ministé-
rio da Educação – Conselho Nacional de Educação, que esta-
belece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Ambiental sentencia em seu Art. 22 § 1.º que os sistemas de
ensino devem propiciar às instituições educacionais meios para
o estabelecimento de diálogo e parceria com a comunidade,
visando à produção de conhecimentos sobre condições e
alternativas socioambientais locais e regionais e à intervenção
para a qualificação da vida e da convivência saudável.179
No mesmo sentido o Art. 23 da supramencionada Reso-
lução preconiza que os sistemas de ensino, em regime de cola-
boração, devem criar políticas de produção e de aquisição de
materiais didáticos e paradidáticos, com engajamento da comu-
nidade educativa, orientados pela dimensão socioambiental.180
Como se nota, o sistema normativo coaduna com o posi-
cionamento de apoio e colaboração do sistema e das instituições
no levantamento, ordenação e divulgação dos materiais pedagó-
gicos na seara educacional ambiental. Esse é o objetivo da lei,
resta, portanto, ao Estado e às instituições, de fato, a incumbên-
cia de dar efetividade ao comando normativo.
186
Como é sabido, o Estado Brasileiro, como Estado Demo-
crático de Direito, possui como um de seus pilares o princípio
da transparência administrativa. Tal princípio serve como rele-
vante instrumento de equilíbrio na relação entre o Estado e a
sociedade.
A chamada Lei da Transparência,181 editada no ano de
2011, é o marco de um processo de evolução no sistema que
se conecta com inúmeros instrumentos normativos e visa pos-
sibilitar a concretização de valores sociais já previstos, também
pela Carta Maior.
Foi a partir da Emenda Constitucional n.º 71, de 29 de no-
vembro de 2012,182 que o termo “transparência” surgiu na Cons-
tituição da República de 1988.
Nas palavras de Humberto Martins:183 “se refere apenas a
uma das caraterísticas que deve presidir a organização de um sis-
tema nacional de cultura que, em sintonia com demais sistemas
de colaboração administrativa entre os entes que compõem a Fe-
deração, visa potencializar as ações culturais do Estado brasileiro”.
A legislação ambiental, por sua vez, coaduna com o sistema
normativo nesse sentido e é com essa mesma linha de raciocínio
que a Pnea traz para a seara educacional ambiental o instituto.
Ainda em linhas gerais, na seara ambiental, a Constituição
da República de 1988 sentencia:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
187
(...)
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativi-
dade potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
188
II – Educação Superior;
III – Educação Especial;
IV – Educação Profissional;
V – Educação de Jovens e Adultos.
Celso Lins Falcone
Da Educação Ambiental
No Ministério da Educação, órgão da administração direta
do Poder Executivo Federal, a Educação Ambiental no ensino
formal é gerenciada pela Coordenação-Geral de Educação Am-
biental (CGEA), vinculada à Diretoria de Educação Integral,
Direitos Humanos e Cidadania da Secretaria de Educação Con-
tinuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação
(Secad/MEC).184
Quanto ao Ministério do Meio Ambiente, igualmente ór-
gão da administração direta do Poder Executivo Federal, a ques-
tão é abarcada pelo Departamento de Educação Ambiental.185
Esses, pois, são Órgãos Federais Gestores da Pnea – Po-
lítica Nacional de Educação Ambiental, nos termos da Lei n.º
9.795/99 e do Decreto Federal n.º 4.281/02.
A competência da normatização e regulamentação da Edu-
cação Ambiental é, portanto, do Ministério da Educação – MEC
e do Ministério do Meio Ambiente – MMA, ambos pertencen-
tes ao Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama.186
189
É de competência dos dirigentes dos Estados e municípios
definir diretrizes, normas e critérios para as ações de Educação
Ambiental, respeitando as recomendações da Pnea.
Nos termos da lei em comento, o Art.1.º estabelece a Edu-
cação Ambiental como processos por meio dos quais o indiví-
duo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conserva-
ção do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
No referido artigo seguem os comentários pormenoriza-
dos sobre a Educação Ambiental.
Destacam-se na definição de Educação Ambiental a com-
preensão de que se trata, pois, de um processo, cujos atos carac-
terizam-se pela subsequência e interdependência, alcançando
não apenas o indivíduo, de modo isolado, mas também a coleti-
vidade, na forma constitucionalmente abarcada no Art. 225, da
CRFB.187
Do Ensino Formal
A Lei em comento estabelece, em outros artigos, expressa
disposição sobre o ensino formal, veja Art. 2.º, Art. 3.º, I, II, Art.
4.º, V, Art. 7.º e Art. 8.º.
O Decreto Federal n.º 4.281, de 25/6/2002,188 em seu Art.
1.º, dispõe que a Política Nacional de Educação Ambiental será
executada pelos órgãos e entidades integrantes do Sisnama, pe-
las instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de
ensino, pelos órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito
187 “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao po-
der público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”. Disponível em <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em 18 de agosto de 2017.
188 BRASIL. Decreto nº 4.281, de 25/6/2002. Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril
de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras pro-
vidências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4281.htm. Acesso
em 26 maio, 2017.
190
Federal e dos municípios, envolvendo entidades não governa-
mentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais
segmentos da sociedade.
Educação Escolar
A educação escolar é o processo de educação realizado em
um sistema escolar de ensino.
Tal sistema deve estar adequado com o disposto na Consti-
tuição Republicana, na Lei de Diretrizes Básicas da Educação e
demais normas legais e infra legais atinentes ao tema.
A Educação Ambiental na educação escolar tem sido maté-
ria de estudo em tratados internacionais.
Como exemplo, destacamos, a Conferência de Tbilisi (1977):189
Princípios Básicos de Tbilisi:
b) constituir um processo contínuo e permanente, come-
çando pelo pré-escolar e continuando através de todas as
fases do ensino formal e não-formal;
c) aplicar em enfoque interdisciplinar, aproveitando o con-
teúdo específico de cada disciplina, de modo que se adquira
uma perspectiva global e equilibrada;
191
de ensino, inclusive a educação da comunidade, a fim de capaci-
tá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente.
Art. 2.º da Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981.190
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambien-
tal propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segu-
rança nacional e à proteção da dignidade da vida humana,
atendidos os seguintes princípios:
X – Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, in-
clusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la
para participação ativa na defesa do meio ambiente.
190 BRASIL. Lei nº 9.795, de 27/4/99. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambien-
te, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. Acesso em 26 maio, 2017.
191 Ministério do Meio Ambiente. Disponível em http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/
documentos/docs/cap36.htm. Acesso em 26 maio, 2017.
192
Na ECO–92, o capítulo 36 da Agenda 21, portanto, refere-
-se à educação e propõe um esforço global para fortalecer atitu-
des, valores e ações que sejam ambientalmente saudáveis e que
apoiem o desenvolvimento sustentável por meio da promoção
do ensino, da conscientização e do treinamento. O ensino, inclu-
sive o ensino formal, a conscientização pública e o treinamento
devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres
humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas
potencialidades. O ensino tem fundamental importância na
promoção do desenvolvimento sustentável e para aumentar a
capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e
desenvolvimento.
Este Capítulo trata de propostas gerais. As propostas es-
pecíficas relacionadas com as questões setoriais de que trata a
Agenda 21 foram formuladas nos demais capítulos correspon-
dentes. Uma das áreas programas do Capítulo 36 trata da reo-
rientação do ensino para o desenvolvimento sustentável.
Tanto no ensino formal quanto no informal essa reorienta-
ção é indispensável para modificar a atitude das pessoas e para
conferir consciência ambiental, ética, valores, técnicas e com-
portamentos em consonância com as exigências de um novo
padrão de responsabilidade socioambiental.
No Brasil, um importante documento foi a Declaração de
Brasília192 para a Educação Ambiental, apresentada na “I Con-
ferência Nacional de Educação Ambiental”, ocorrida em 1997.
A Declaração de Brasília textualizou um rol de problemá-
ticas e recomendações para a Educação Ambiental formal. Se-
guem, pois, algumas problemáticas e recomendações dispostas
na referida Declaração.
193
PROBLEMÁTICAS
O modelo de educação vigente nas escolas e universidades
responde a posturas derivadas do paradigma positivista e
da pedagogia tecnicista que postulam um sistema de ensino
fragmentado em disciplinas, o que se constitui um empe-
cilho para a implementação de modelos de Educação Am-
biental integrados e interdisciplinares.
As políticas públicas de educação do país não atendem ao
contexto sócio-político-econômico onde está inserida a es-
cola, o que acarreta a má qualidade no processo de ensino e
aprendizagem e na desvalorização do magistério.
A falta de pesquisa na área de Educação Ambiental, invia-
biliza a produção de metodologias didático pedagógicas
para fundamentar a educação ambientar formal, e resgatar
os valores culturais étnicos e históricos das diversas regiões,
incluindo a perspectiva de gênero.
A deficiência e falta de capacitação dos professores na área e
a carência de estímulos, salariais e profissionais.
A ausência de uma política nacional eficaz e sustentada que
promova a capacitação sistemática dos responsáveis pela
Educação Ambiental formal.
A Educação Ambiental nos níveis Fundamental e Médio
apresenta-se geralmente através de atividades extra-escola-
res, tendo dificuldades para uma real inserção no currículo
e nos planos anuais de educação.
A falta de material didático adequado para orientar o traba-
lho de Educação Ambiental nas escolas, sendo que os ma-
teriais disponíveis em geral, estão distantes da realidade em
que são utilizados e apresentam caráter apenas informativo
e principalmente ecológico, não incluindo os temas sociais,
econômicos e culturais, reforçando as visões reducionistas
da questão ambiental.
Falta de uma articulação entre Ministério da Educação
e do Desporto – MEC, Delegacias Estaduais de Ensino –
Demec’s e Secretarias de Educação – Seduc’s, e escolas, e
destes com outras instituições governamentais e não gover-
namentais, retratando o isolamento das ações de Educação
Ambiental.
A nova LDB – Lei de Diretrizes Básicas, de 23/12/96, não
contempla a Educação Ambiental, em contrassenso com a
194
legitimação de um Programa Nacional de Educação Am-
biental – Pronea, de uma política de Educação Ambiental,
dos pressupostos dos Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCN’s e do Piano Decenal.
A falta de recursos financeiros no orçamento do Ministé-
rio da Educação e do Desporto – MEC, através do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, para
financiar projetos, pesquisas, capacitação, implementação
de experiências piloto, produção e publicação de material
didático em Educação Ambiental formal.
A ausência de uma visão integrada que contemple a forma-
ção ambiental dos discentes e a inclusão das questões éticas
e epistemológicas necessárias para um processo de constru-
ção de conhecimento em Educação Ambiental.
As propostas curriculares nos três níveis de ensino são
excessivamente carregadas de conteúdo, sem uma análise
mais aprofundada de quais seriam os conhecimentos espe-
cificamente significativos, o que dificulta a atualização dos
temas contemporâneos e a inserção da dimensão ambiental
na educação.
A falta de compreensão por parte da classe política de que
a Educação Ambiental não é uma disciplina a mais no cur-
rículo, e que deve, por excelência, permear todas as ações
do conhecimento, devendo, desta forma ser trabalhada em
caráter interdisciplinar.
A ausência de conceitos e práticas da Educação Ambiental
nos diversos níveis e modalidades de ensino reforçam as
lacunas na fundamentação teórica dos pressupostos que a
sustentam.
A falta de registro, sistematização, análises e avaliação das
experiências em Educação Ambiental formal e a ausência
de intercâmbio dessas práticas.
A falta de compreensão por parte da classe política de que
a Educação Ambiental não é uma disciplina a mais no cur-
rículo, e que deve, por excelência, permear todas as ações
do conhecimento, devendo, desta forma ser trabalhada em
caráter interdisciplinar.
A ausência de conceitos e práticas da Educação Ambiental
nos diversos níveis e modalidades de ensino reforçam as
195
lacunas na fundamentação teórica dos pressupostos que a
sustentam.
A falta de registro, sistematização, análises e avaliação das
experiências em Educação Ambiental formal e a ausência
de intercâmbio dessas práticas.
RECOMENDAÇÔES
Propiciar a estruturação de novos currículos, nos três níveis
de ensino que contemplem a temática ambiental de forma
interdisciplinar, incorporem a perspectiva dos diversos sa-
beres, e valorizem as diferentes perspectivas e pontos de vis-
ta, procurando a elaboração de novas perspectivas criativas
e participativas para a solução dos problemas ambientais.
Incentivar e financiar a criação de cursos de pós-graduação
a nível de especialização, mestrado e doutorado, que pos-
sibilitem a capacitação de recursos humanos e a produção
de conhecimentos e metodologias em Educação Ambiental
formal.
O Ministério da Educação e do Desporto – MEC/Coorde-
nadoria de Educação Ambiental deve continuar, aprofun-
dar e estender os cursos de capacitação de multiplicadores
em Educação Ambiental formal, ampliando a produção de
subsídios teóricos e metodológicos para a implementação
dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacio-
nais – PCN’s, através de atividades interdisciplinares com
financiamento de projetos pilotos de Educação Ambiental
no ensino fundamental.
Criar um programa inter-institucional de formação con-
tinuada entre o Ministério do Meio Ambiente/Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-
nováveis – MMA/Ibama e Ministério da Educação e do
Desporto – MEC para técnicos e educadores que elaboram
e executam projetos de Educação Ambiental, utilizando-se
de mecanismos presenciais e à distância.
Garantir que os cursos de magistério e licenciaturas incor-
porem de forma urgente a dimensão ambiental da educa-
ção, para evitar o custo de capacitação permanente de re-
cursos humanos.
Estimular e apoiar a criação de centros de excelência de
educação ambiental estaduais e/ou regionais.
196
Envolver as instituições de ensino superior, dando aporte
técnico-científico, em programas de capacitação de recur-
sos humanos, em Educação Ambiental, para municípios e
Estados.
Fortalecer e incentivar a promoção e a implementação de
encontros regionais de Educação Ambiental formal, visan-
do à elaboração de projetos integrados, buscando a aproxi-
mação entre as instituições governamentais e organizações
não governamentais e movimentos sociais que trabalhem
com Educação Ambiental.
Estabelecer fóruns estaduais e regionais de Educação Am-
biental que integrem representantes do ensino formal, Se-
cretarias de Educação – Seduc’s, Delegacias Estaduais de
Ensino – Demec’s, escolas, Órgãos Estaduais de Meio Am-
biente – Oemas, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama e organizações
não governamentais estaduais e municipais que possam
elaborar as políticas de Educação Ambiental para os Esta-
dos e municípios.
Possibilitar o intercâmbio de experiências municipais, esta-
duais, regionais e nacionais a fim de enriquecer o processo
de Educação Ambiental, no país, e permitir a multiplica-
ção das experiências exitosas. •Os Ministérios assinantes
do Programa Nacional de Educação Ambiental – Pronea
(MMA, MEC, MINC e MCT) devem assumir verdadeira-
mente a sua implementação prática e priorizar seu papel de
incentivador e financiador do desenvolvimento de pesqui-
sas, cursos de capacitação, materiais educativos e a inserção
dos temas ambientais nos currículos de todos os níveis de
ensino e de todas as carreiras.
Incluir a Educação Ambiental, como princípio fundamen-
tal da LDB, garantindo o financiamento da Educação Am-
biental formal.
Alocar recursos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, desti-
nados aos programas de Educação Ambiental.
Incentivar e financiar a produção de material didático e a
consolidação de fundamentações teóricas para basear o
processo de inserção da Educação Ambiental nos currícu-
los em todos os níveis de ensino.
197
Fomentar e propiciar o estabelecimento de parcerias e a
captação de recursos financeiros para a Educação Ambien-
tal formal.
Converter a Educação Ambiental no eixo norteador dos
temas transversais incluídos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais – PCN’s.
Implementar, através dos Estados e municípios, os Parâme-
tros Curriculares Nacionais – PCN’s, contemplando as reali-
dades locais através da definição de novos temas transversais.
Fomentar a articulação entre a Educação Ambiental formal
e não formal.
Garantir a distribuição de livros, revistas, vídeos, boletins às
escolas e instituições ambientalistas.
Fomentar o acesso às informações, através de bancos de
informações, redes, internet, publicações periódicas, bole-
tins, programas de rádio, vídeos, que alimentem os projetos
de Educação Ambiental formal.
Iniciar um processo de avaliação das experiências de Edu-
cação Ambiental formal desenvolvidas no país, visando a
melhoria qualitativa dos processos em fase de execução e/
ou planejamento.
Estabelecer uma política educacional específica para os
cursos agrícolas, tanto no Ensino Médio como no Superior,
incentivando a transposição dos conceitos de agricultura
convencional para agricultura sustentável, estendendo-se a
outras modalidades de formação.
O Ministério da Educação e Desporto – MEC deve consi-
derar as resoluções da I CNEA na estruturação dos Parâme-
tros Curriculares Nacionais – PCN’s para o Ensino Médio
e Superior.
Estruturar os programas estaduais de Educação Ambiental,
para a convergência de trabalhos no ensino formal e não
formal, em consonância com o Programa Nacional de Edu-
cação Ambiental — Pronea.
198
sitária e outras necessárias para integrar a Educação Ambiental
ao sistema educacional dos países.193
Vinte anos depois de Tbilisi, as suas recomendações foram
novamente ratificadas na Conferência Internacional sobre Meio
Ambiente e Sociedade194, realizada em Thessaloníki, Grécia.
A Declaração de Thessaloniki (Grécia, 1998), estabeleceu:
Considerando que:
2. As recomendações e planos de ação da Conferência de
Belgrado em Educação Ambiental (1975), da Conferên-
cia Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi
(1977), da Conferência de Educação Ambiental e Treina-
mento de Moscou (1987) e do Congresso Mundial de Edu-
cação e Comunicação sobre o Meio Ambiente e Desenvol-
vimento realizado em Toronto (Canadá, 1992) ainda são
válidos e não foram totalmente explorados.
10. A reorientação da educação como um todo em direção
a sustentabilidade envolve todos os níveis de educação for-
mal, não-formal e informal, em todas as nações.
Nós recomendamos que:
15. Sejam elaborados planos de ação para a educação for-
mal para o meio ambiente e sustentabilidade, com objetivos
concretos e estratégias também para a educação não-formal
e informal nos níveis nacional e local. A educação deve se
tornar uma parte das iniciativas das Agendas 21 locais.
21. As escolas sejam encorajadas e apoiadas para ajustarem
seus currículos em direção a um futuro sustentável.
199
meio de garantias que conforme, podendo ser desenvolvido em
institutos e demais instituições legitimadas para exercê-la.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas
de ensino.
§ 1.º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
federais e exercerá, em matéria educacional, função
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade
do ensino mediante assistência técnica e financeira aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
200
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condi-
ções do educando;
VII – atendimento ao educando no ensino fundamental,
através de programas suplementares de material didático-
-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
197 BAFFI, Maria Adelia Teixeira. Projeto Pedagógico: um estudo introdutório. Petrópo-
lis, 2002, http://www.portal.santos.sp.gov.br/seduc/e107_files/downloads/plane-
jamento2009/proj_polit_pedag.pdf. Acesso em 26 maio, 2017.
201
lada de todos os envolvidos com a realidade da escola; ser cons-
truído continuamente, pois como produto, é também processo.
Uma proposta pedagógica expressa sempre os valores que a
constituem, e precisa estar intimamente ligada à realidade a que
se dirige, explicitando seus objetivos de pensar criticamente esta
realidade, enfrentando seus mais agudos problemas.
A Educação Ambiental na educação escolar é desenvolvida
no âmbito dos currículos das instituições de ensino.
O termo currículo está relacionado às atividades organiza-
das por instituições escolares.198
Trata-se de uma padronização do conhecimento a ser en-
sinado, a partir da construção do conhecimento, pressupondo
a sistematização dos meios para que esta construção se efetive.
Leva-se em consideração, pois, a especificidade da escola,
em meio a relações sociais e a sua contribuição para a construção
das identidades dos estudantes.
O Art. 26 da LDB estabelece que os currículos da educação
Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de
ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diver-
sificada, exigida pelas características regionais e locais da socie-
dade, da cultura, da economia e dos educandos.
Os parágrafos do Art. 26 da LDB norteiam os componen-
tes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum
Curricular.
Destacamos o § 7.º, do Art. 26, na qual o legislador afir-
ma que a integralização curricular poderá incluir, a critério dos
sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas
transversais de que trata o caput. Questão relevante aos conteú-
dos ambientais.
202
Na oferta de Educação Básica para a população rural, os
sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua
adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, espe-
cialmente conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural (Art. 28,
inciso I, da LDB).
203
b) Estaduais – mantidas e administradas pelos gover-
nos dos Estados;
c) Municipais – mantidas e administradas pelo poder
público municipal.
201 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em 26, maio
2017.
204
soas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a
orientação confessional e ideologia específicas. As escolas filan-
trópicas são regidas por lei própria.
O artigo 21 da LDB determina que a educação escolar com-
põe-se de dois estágios educacionais: o primeiro, o da Educação
Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio; e o segundo, o da Educação Superior.
I. EDUCAÇÃO BÁSICA
205
outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que
o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
a) Educação Infantil
b) Ensino Fundamental
206
– Compreensão do ambiente natural e social, do sistema
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se funda-
menta a sociedade;
– Desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a forma-
ção de atitudes e valores;
– Fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de so-
lidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta
a vida social.
c) Ensino Médio
207
gens e suas Tecnologias; II – Matemática e suas Tecnologias; III
– Ciências da Natureza e suas Tecnologias; IV – Ciências Hu-
manas e Sociais Aplicadas; V – formação técnica e profissional.
Os itinerários formativos do currículo do Ensino Médio
deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arran-
jos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a
possibilidade dos sistemas de ensino.205
O Ensino Médio conterá uma parte diversificada dos cur-
rículos, definida em cada sistema de ensino, e deverá estar har-
monizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada
a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e
cultural.
Quanto à intitulada Base Nacional Comum Curricular, re-
ferente ao Ensino Médio, incluirá obrigatoriamente estudos e
práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.206
O ensino da língua portuguesa e da matemática será obri-
gatório nos três anos do Ensino Médio, assegurada às comuni-
dades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas
maternas.207
Os currículos do Ensino Médio incluirão, obrigatoriamen-
te, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas
estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol,
205 Art. 36. O currículo do Ensino Médio será composto pela Base Nacional Comum
Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da
oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber (Redação dada pela Lei nº
13.415, de 2017)
I - linguagens e suas Tecnologias;
II – Matemática e suas Tecnologias;
III – Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
IV – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
V – formação técnica e profissional.
206 § 2º – A Base Nacional Comum Curricular, referente ao Ensino Médio, incluirá obri-
gatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia (In-
cluído pela Lei nº 13.415, de 2017).
207 § 3º – O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos
do Ensino Médio, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das
respectivas línguas maternas (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017).
208
de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários de-
finidos pelos sistemas de ensino.208
De acordo com a Lei n.º 13.415/2017, os currículos do En-
sino Médio deverão considerar a formação integral do aluno, de
maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu
projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cogniti-
vos e sócios emocionais.209
209
c) De pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e
doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros e
d) De extensão.
210
Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas
como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas
de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os
efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de
ensino.
Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares
de formação dos quadros profissionais de nível superior, de
pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber hu-
mano, que se caracterizam por:
I – produção intelectual institucionalizada mediante o es-
tudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes,
tanto do ponto de vista científico e cultural quanto regional
e nacional;
II – um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação
acadêmica de mestrado ou doutorado;
III – um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
Parágrafo único. É facultada a criação de universidades es-
pecializadas por campo do saber.
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus
planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal
211
§ 3.º – Os centros universitários somente serão criados
por credenciamento de instituições de ensino superior já
credenciadas e em funcionamento regular, com avaliação
positiva pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior – Sinaes.
212 BRASIL. Lei nº 8.948/1994 – Dispõe sobre a instituição do Sistema Nacional de Edu-
cação Tecnológica e dá outras providências. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L8948.htm Acesso em 26 maio, 2017.
212
Art. 42. A autorização, o reconhecimento e a renovação de
reconhecimento de cursos superiores de tecnologia terão
por base o catálogo de denominações de cursos publicado
pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Re-
dação dada pelo Decreto n.º 6.303, de 2007).
Art. 43. A inclusão no catálogo de denominação de curso
superior de tecnologia com o respectivo perfil profissional
dar-se-á pela Secretaria de Educação Profissional e Tecno-
lógica, de ofício ou a requerimento da instituição.
§ 1.º – O pedido será instruído com os elementos que de-
monstrem a consistência da área técnica definida, de acor-
do com as diretrizes curriculares nacionais.
§ 2.º – O CNE, mediante proposta fundamentada da Se-
cretaria de Educação Profissional e Tecnológica, deliberará
sobre a exclusão de denominação de curso do catálogo.
Art. 44. O Secretário, nos processos de autorização, reco-
nhecimento e renovação de reconhecimento de cursos
superiores de tecnologia, poderá, em cumprimento das
normas gerais da educação nacional (Redação dada pelo De-
creto nº 6.303, de 2007).
I – deferir o pedido, com base no catálogo de denomina-
ções de cursos publicado pela Secretaria de Educação Pro-
fissional e Tecnológica;
II – deferir o pedido, determinando a inclusão da denomi-
nação do curso no catálogo;
III – deferir o pedido, mantido o caráter experimental do
curso;
IV – deferir o pedido exclusivamente para fins de registro
de diploma, vedada a admissão de novos alunos; ou
V – indeferir o pedido, motivadamente.
Parágrafo único. Aplicam-se à autorização, reconheci-
mento e renovação de reconhecimento de cursos superio-
res de tecnologia as disposições previstas nas Subseções II e
III (Redação dada pelo Decreto n.º 6.303, de 2007).
213
Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e
pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne aos objetivos,
características e duração, de acordo com as diretrizes curricula-
res nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação.
Quanto aos atos autorizativos do MEC, são modalidades:214
– Credenciamento e recredenciamento de instituições de educa-
ção superior e de autorização,
– Reconhecimento e
– Renovação de reconhecimento de cursos de graduação.
214
O recredenciamento deve ser solicitado pela IES ao final
de cada ciclo avaliativo do Sinaes, junto à secretaria competente
(Art. 20 do Decreto n.º 5.773/2006).
No que se refere à autorização,216 para iniciar a oferta de um
curso de graduação, a IES depende de autorização do Ministério
da Educação (Art. 27 do Decreto n.º 5.773/2006).
A exceção são as universidades e centros universitários que,
por terem autonomia, independem de autorização para funcio-
namento de curso superior (Art. 28 do Decreto n.º 5.773/2006).
No entanto, essas instituições devem informar à secretaria
competente os cursos abertos para fins de supervisão, avaliação e
posterior reconhecimento (Art. 28 do Decreto n.º 5.773/2006).
No processo de autorização, a oferta de cursos de graduação
em Direito, Medicina, Odontologia, Psicologia e Enfermagem,
inclusive em universidades e centros universitários, depende de
autorização do Ministério da Educação, após prévia manifesta-
ção do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e
do Conselho Nacional de Saúde, respectivamente (Art. 28, § 2.º,
do Decreto n.º 5.773/2006, com redação dada pelo Decreto n.º
8.754/2016).
E, por fim, em relação ao reconhecimento e renovação de reco-
nhecimento, este é condição necessária, juntamente com o registro,
para a validade nacional dos respectivos diplomas (Art. 34).
O Art. 46 da LDB acrescenta:
Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
como o credenciamento de instituições de educação supe-
rior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodica-
mente, após processo regular de avaliação.
§ 1.º Após um prazo para saneamento de deficiências even-
tualmente identificadas pela avaliação a que se refere este
artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o
caso, em desativação de cursos e habilitações, em interven-
216 Ibidem.
215
ção na instituição, em suspensão temporária de prerrogati-
vas da autonomia, ou em descredenciamento.
§ 2.º No caso de instituição pública, o Poder Executivo res-
ponsável por sua manutenção acompanhará o processo de
saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários,
para a superação das deficiências.
216
Na Educação Especial, a Lei n.º 13.234,219 de 2015 incluiu o
Art. 59–A à LDB, cujo teor institui o cadastro nacional de alunos
com altas habilidades ou superdotação.
O parágrafo único do Art. 60 da LDB disciplina que o po-
der público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação
do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
na própria rede pública regular de ensino, independentemente
do apoio às instituições previstas neste artigo.
217
mente sobre a Educação Profissional e Tecnológica (Art. 39 ao
Art. 42).
A educação profissional técnica de nível médio deverá ocor-
rer sem prejuízo às atividades do Ensino Médio, atendida a for-
mação geral do educando, e poderá prepará-lo para o exercício de
profissões técnicas. A preparação geral para o trabalho e, faculta-
tivamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas
nos próprios estabelecimentos de Ensino Médio ou em coopera-
ção com instituições especializadas em educação profissional.221
Será desenvolvida nas seguintes formas: a) articulada com
o Ensino Médio, b) subsequente, em cursos destinados a quem
já tenha concluído o Ensino Médio.222
Em relação à educação profissional e tecnológica, no cum-
primento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos
diferentes níveis e modalidades de educação e às dimensões do
trabalho, da ciência e da tecnologia.
Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão
ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a cons-
trução de diferentes itinerários formativos, observadas as nor-
mas do respectivo sistema e nível de ensino.
A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes
cursos: a) de formação inicial e continuada ou qualificação profis-
sional; b) de educação profissional técnica de nível médio; de edu-
cação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.223
221 BRASIL. Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008. – Altera dispositivos da Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação pro-
fissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação
profissional e tecnológica. Acesso em 26 maio, 2017.
222 Art. 36–B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas
seguintes formas:
I – articulada com o ensino médio;
II – subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio.
223 Art. 39 (...)
§ 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos:
I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
II – de educação profissional técnica de nível médio;
218
O Art. 40 da LDB disciplina que a educação profissional
será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por
diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho.
O Art. 42 da LDB textualiza que as instituições de educa-
ção profissional e tecnológica, além dos seus cursos regulares,
oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condiciona-
da a matrícula à capacidade de aproveitamento e não necessaria-
mente ao nível de escolaridade.
219
É espécie de educação inclusiva, e requer modelo pedagó-
gico próprio que permita a apropriação e a contextualização das
Diretrizes Curriculares Nacionais, quanto à implantação de um
sistema de monitoramento e avaliação e uma política de forma-
ção permanente de seus professores.
Especificamente quanto aos jovens, importante ressaltar a
Lei n.º 12.852, de 5 de agosto de 2013,225 que institui o Estatuto
da Juventude e dispôs sobre os direitos dos jovens, os princípios
e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Na-
cional de Juventude – Sinajuve.
O §1.º, Art. 1.º do Estatuto da Juventude considerou jovens
as pessoas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos
de idade.
O § 2.º do mesmo Art. 1.º disciplinou que aos adolescen-
tes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se
a Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança
e do Adolescente, e, excepcionalmente, o Estatuto da Juventu-
de, quando não conflitar com as normas de proteção integral do
adolescente.
A Lei n.º 12.852/2013 trata também da inclusão para os
jovens que não tiveram acesso ao ensino na idade adequada.
É dever de o Estado oferecer aos jovens que não concluíram a
Educação Básica programas na modalidade da Educação de Jo-
vens e Adultos, adaptados às necessidades e especificidades da
juventude, inclusive no período noturno, ressalvada a legislação
educacional específica.
A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação
(MEC), em articulação com os sistemas de ensino, implemen-
tam políticas educacionais nas áreas de Alfabetização e Educa-
225 BRASIL. Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013, – Institui o Estatuto da Juventude e
dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas
de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – Sinajuve. http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm Acesso em 26 maio. 2017.
220
ção de Jovens e Adultos, Educação Ambiental, Educação em
Direitos Humanos, Educação Especial, do Campo, Escolar Indí-
gena, Quilombola e Educação para as relações étnico-raciais.226
Dentre os objetivos desse órgão está, portanto, a promoção
da educação inclusiva e ambiental, com busca a efetivação de
políticas públicas transversais e intersetoriais.
A Lei n.º 9.394/1996 (LDB), no Art. 4.º, inciso VII, norma-
tiza que é dever do Estado, na educação escolar pública, garantir
a oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com
características e modalidades adequadas às suas necessidades e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as
condições de acesso e permanência na escola.
O Art. 5.º, § 1.º, inciso I, da LDB (redação dada pela Lei
n.º 12.796, de 2013), disciplina que o poder público, na esfera
de sua competência federativa, deverá recensear anualmente as
crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e
adultos que não concluíram a Educação Básica.
O Art. 24, § 2.º, aborda que a Educação Básica, nos níveis
Fundamental e Médio, será organizada de acordo com regras co-
muns, e que os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de
Educação de Jovens e Adultos e de ensino noturno regular, ade-
quado às condições do educando.
Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jo-
vens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade
regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas
as características do alunado, seus interesses, condições de vida
e de trabalho, mediante cursos e exames. (Art. 37, § 1.º da LDB)
O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a per-
manência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e
complementares entre si. (Art. 37, § 2.º da LDB).
221
A Educação de Jovens e Adultos deverá articular-se, prefe-
rencialmente, com a educação profissional, na forma do regula-
mento (Art. 37, § 3.º da LDB).
O Art. 38 da LDB aborda os cursos e exames supletivos,
que compreenderão a base nacional comum do currículo, habi-
litando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
222
Em especial trabalha-se o conceito de Educação Ambiental.
Iniciamos pelo que aduz o Art. 1oda Lei de Política de Edu-
cação Ambiental,227
Entendem-se por Educação Ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem va-
lores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e com-
petências voltadas para a conservação do meio ambiente,
bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
227 Art. 1º da Lei nº 9795/1999 – Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
223
perspectiva da sustentabilidade ambiental. Suas ações destinam-se
a assegurar, no âmbito educativo, a interação e a integração equi-
libradas das múltiplas dimensões da sustentabilidade ambiental
– ecológica, social, ética, cultural, econômica, espacial e política
– ao desenvolvimento do país, buscando o envolvimento e a parti-
cipação social na proteção, recuperação e melhoria das condições
ambientais e de qualidade de vida. Nesse sentido, assume também
as quatro diretrizes do Ministério do Meio Ambiente: 1 – Trans-
versalidade; 2 – Fortalecimento do Sisnama; 3 – Sustentabilidade
e 4 – Participação e controle social como um todo.
O artigo 10, em comento, ao propor uma prática educativa,
integrada, contínua e permanente põe em evidência a necessida-
de de se estabelecer a interdisciplinaridade, com vistas à trans-
disciplinaridade, a qual cria espaços de interlocução bilateral e
múltipla para internalizar a Educação Ambiental no conjunto do
governo, contribuindo assim para a agenda transversal, que bus-
ca o diálogo entre as políticas setoriais ambientais, educativas,
econômicas, sociais e de infra-estrutura.
Um grupo cada vez maior de pensadores defende teorias
que demonstram a organicidade existente entre os elementos
constituintes do planeta e do universo. Rompem com posições
cartesianas tradicionais da ciência, típicas do pensamento po-
sitivista. Prigogine228 afirma que hoje vivemos em uma era de
transição no conhecimento, sendo necessário romper com as
limitações e fragmentações herdadas do passado.
Profissionais de diversas áreas do saber buscam formas in-
tegradoras do conhecimento, criam equipes transdisciplinares
para ensinar o “como fazer” desde os primeiros anos escolares.
228 PRIGOGINE, Ilya. Ciência numa era de transição. In: CARVALHO, Edgard de Assis;
ALMEIDA, Maria da Conceição de (org.). Ciência, razão e paixão. Belém: EDUEPA,
2001, p. 69–72.
224
A transdisciplinaridade perpassa o Direito Ambiental. Para
Leite e Ayala,229 “O Direito ambiental congrega um mosaico de
vários ramos do Direito e trata-se de uma área jurídica que pene-
tra, horizontalmente, vários ramos de disciplinas tradicionais.”
Ao se debruçar sobre questões ambientais, sobretudo
aquelas que importem em desequilíbrio ecológico e perda da
qualidade de vida, é necessário que se tenha em mente que, tan-
to o meio ambiente quanto as soluções necessárias ao restabe-
lecimento do equilíbrio perdido, possuem natureza complexa.
Para Fagundes,230 o meio ambiente precisa ter um caráter de in-
teração e interdependência, uma visão holística e não em partes:
O holismo oferece uma visão de mundo, diferente daquele
que a ciência tradicional apresenta, baseada na falsa crença
de que a natureza deve ser fragmentada para ser mais bem
compreendida. Para resolução dos problemas, a visão de in-
tegridade não se satisfaz com as respostas prontas, e nem com
os caminhos previamente traçados pela ciência tradicional.
225
proporcionar um pensamento contextualizado e, portanto, com-
pleto sobre o ser e o mundo.
A Comissão Internacional sobre a educação – Unesco
apontou a existência de quatro pilares necessários a um novo
tipo de educação:232
Aprendendo a conhecer – Consistem no treino nos méto-
dos que podem ajudar-nos a distinguir o que é real do que é
ilusório e a ter acesso inteligente ao fabuloso conhecimento
de nossos tempos; – O espírito científico é indispensável; –
Implica em uma flexibilidade permanente sempre orientada
na direção da atualização de suas potencialidades interiores;
Aprendendo a Fazer – Significa a aquisição de uma profis-
são; – Criação de um núcleo interior flexível; – “aprenden-
do a fazer” é um aprendizado em criatividade; – “Fazer”
também significa descobrir novidades, trazendo à luz nos-
sas potencialidades criativas; – Hierarquia social substituí-
da pela cooperação de níveis estruturais; – Em vez de níveis
impostos pela competição, haveria níveis de ser; – Fazer em
vez de se submeter;
Viver em Conjunto – Ultrapassa o princípio de tolerância
às diferenças; – Para que as normas da coletividade sejam
respeitadas, precisam ser validadas pela experiência interior
de cada ser; – Compreensão da nossa própria cultura pela
atitude transcultural, transreligiosa, transpolítica e transna-
cional; – A unidade aberta e a pluralidade complexa não
antagônicas;
Aprendendo a ser – Existência como descoberta dos nossos
condicionamentos, da harmonia e desarmonia entre nossa
vida individual e social, por meio do questionamento e do
espírito científico; – Permanente aprendizado – A forma.
232 DELORS, Jacques (org.). Educação um tesouro a descobrir – Relatório para a Unesco
da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Editora Cortez, 7ª edi-
ção, 2012.
226
Morin,233 na obra Os sete saberes necessários à educação do
futuro, aponta a necessidade de se promover uma forma de co-
nhecimento que seja capaz de apreender os problemas globais e
fundamentais. Afirma ainda que a preponderância do conheci-
mento fragmentado em disciplinas que não se comunicam im-
pede que se estabeleça o vínculo entre as partes e a totalidade.
Sugere que tal prática seja substituída por um modelo de conhe-
cimento que considere o contexto, a complexidade e o conjunto.
Os problemas ambientais contemporâneos ultrapassam
as fronteiras políticas, étnicas e econômicas, atingindo todos os
continentes e nações do planeta. Vivemos na era da globalização,
em que as aflições das populações humanas são transversais, mul-
tidimensionais e planetárias. O desafio de superar a crise ecológi-
ca a nível global deve ser sem dúvida, uma preocupação de todas
as esferas do poder público e da humanidade como um todo.
Assim sendo, ao inferir-se que as questões ambientais são
de natureza multifacetária, não se pode aceitar que sejam trata-
das por instrumentos individualizados, a exemplo da criação de
leis que, já se evidencia, não são eficazes para a preservação am-
biental que se deseja. A proteção para um futuro melhor precisa
de propostas e diálogo desafiadores, em que haja compromisso
do homem com a preservação da natureza, mudanças, nova vi-
são holística que traga resultado positivo para todos.
A disseminação dos postulados da Educação Ambiental deve
se revestir de caráter prioritário no atual momento da história da
humanidade. A educação transdisciplinar pode servir aos propó-
sitos de implementação da nova consciência que se pretende.
Sobre o significado de transdiciplinaridade, tomamos a li-
ção de Leff,234 que a define como:
233 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Cata-
rina Eleonora F. da Silva; Jeanne Sawaya. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000a.
234 LEFF, Enrique. Epistemologia Ambiental. Editora Cortez, São Paulo, 2001.
227
(...) um processo de intercâmbio entre diversos campos e
ramos do conhecimento científico, nos quais uns transfe-
rem métodos, conceitos, termos e inclusive corpos teóricos
inteiros para outros, que são incorporados e assimilados
pela disciplina importadora, induzindo um processo con-
traditório de avanço/retrocesso do conhecimento, caracte-
rístico do desenvolvimento das ciências.
228
dades escolares, desenvolvendo-se de maneira interdisciplinar,
para refletir questões atuais e pensar qual mundo queremos.
A Educação Ambiental não deve ser circunscrita em uma
nova disciplina do currículo escolar, precisa ser uma aliada desse
currículo, na busca de um conhecimento integrado que supere a
fragmentação tendo em vista o conhecimento.
No processo de educação, de acordo com Dias,235 a apre-
sentação de temas ambientais deve dar ênfase em uma perspec-
tiva geral, sendo bastante importante que atividades sejam de-
senvolvidas com os educandos, de forma a estimulá-los. A partir
disso, é importante que sejam apresentados temas pertinentes
que levam a uma conscientização, de maneira que o educando
dissemine tal conhecimento.
Desde a aprovação da Lei Federal n.º 9.795/1999, houve
intensos debates sobre a oportunidade de criação de uma disci-
plina específica de Educação Ambiental, tanto em Instituições
de Educação Básica quanto de Ensino Superior.
Alguns Estados e municípios usando da prerrogativa de su-
plementarem a lei federal instituíram normas sobre Educação Am-
biental para as suas redes públicas de ensino. E em alguns casos,
em dissonância com a lei federal, como Pernambuco e Minas Ge-
rais, foram criadas disciplinas específicas sobre educação estadual.
A par disso, parece ser relevante a inclusão da disciplina no
Ensino Superior. Isso porque, nas universidades, especialmente,
destaca-se a formação do indivíduo e do profissional, seja nas
atividades de docência, ou consultoria e assessoria ambiental.
O certo é que a Lei veda a criação de uma disciplina espe-
cífica de Educação Ambiental para evitar que a transversalidade
seja prejudicada com o consequente reducionismo da complexi-
dade dos temas ambientais.
235 DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9 ed. São Paulo:
Gaia, 2004.
229
§ 2o – Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas
áreas voltadas ao aspecto metodológico da Educação Am-
biental, quando se fizer necessário, é facultada a criação
de disciplina específica.
230
Tal parágrafo encontra ressonância no que dispõe o Art. 9.º
da resolução n.º 02/2012 – CNE – Diretrizes Curriculares Nacio-
nais para a Educação Ambiental, estabelece que aos cursos de for-
mação inicial e de especialização técnica e profissional, em todos
os níveis e modalidades, deve ser incorporado conteúdo que trate
das atividades profissionais sob o prisma das questões ambientais.
Nesse contexto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação Ambiental determinam que: os sistemas de ensino,
em colaboração com outras instituições, devem instituir políti-
cas permanentes que incentivem e deem condições concretas
de formação continuada, para que se efetivem os princípios e se
atinjam os objetivos da Educação Ambiental.
Somente para exemplificar, faz-se referência à Resolução
n.º 6 de 20 de setembro de 2012, que define Diretrizes Curri-
culares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível
Médio, a qual aponta que:
Art. 13 – A estruturação dos cursos da Educação Profissio-
nal Técnica de Nível Médio, orientada pela concepção de
eixo tecnológico, implica considerar:
(...)
II – o núcleo politécnico comum correspondente a cada
eixo tecnológico em que se situa o curso, que compreende
os fundamentos científicos, sociais, organizacionais, eco-
nômicos, políticos, culturais, ambientais, estéticos e éticos
que alicerçam as tecnologias e a contextualização do mes-
mo no sistema de produção social;
231
A mesma resolução estabelece enquanto um dos princípios
da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, desta feita no
Art. 6.º, o que segue:
Art. 6.º – São princípios da Educação Profissional Técnica
de Nível Médio: (...)
XV – identidade dos perfis profissionais de conclusão de
curso, que contemplem conhecimentos, competências e
saberes profissionais requeridos pela natureza do trabalho,
pelo desenvolvimento tecnológico e pelas demandas so-
ciais, econômicas e ambientais;
Dimensão Ambiental
232
Trata-se da compreensão de que o ambiente é a interação
do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que
propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as
suas formas.236
Essa integração deve assumir uma concepção unitária, ima-
terial e global do ambiente, que compreende tanto os recursos
naturais quanto os culturais.
Assim, por mais que se estabeleçam, para fins de estudo, as
classificações e distinções do ambiente, resta claro a interdepen-
dência e unidade dos elementos que o compõem.
Conforme disposto no Art. 5.º, inciso I, (dos objetivos fun-
damentais) a Educação Ambiental busca desenvolver uma com-
preensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e com-
plexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos,
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos.
Formação complementar
236 SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 3ª ed. rev.atual. São Paulo:
Malheiros,2000.
233
A formação inicial dos professores abrange, a princípio, três
situações:237
1. Professores que ainda não têm formação superior (primeira
licenciatura);
2. Professores já formados, mas que lecionam em área diferente
daquela em que se formaram (segunda licenciatura); e
3. Bacharéis sem licenciatura, que necessitam de estudos com-
plementares que os habilitem ao exercício do magistério.
234
acordo com o Decreto n.º 8.752/2016, assegurar sua coerência
com: I – as Diretrizes Nacionais do Conselho Nacional de Edu-
cação – CNE; II – com a Base Nacional Comum Curricular; III –
com os processos de avaliação da educação básica e superior; IV
– com os programas e as ações supletivas do referido Ministério;
e V – com as iniciativas e os programas de formação implementa-
dos pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios.
O Plano Nacional de Formação dos Professores da Educa-
ção Básica, deve estabelecer uma ação conjunta do Ministério
da Educação, de Instituições Públicas de Educação Superior
(Ipes) e das secretarias de educação dos Estados e municípios,
no âmbito do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educa-
ção (PDE), que disciplinou um novo regime de colaboração da
União com os Estados e municípios, respeitando a de autono-
mia dos entes federados.241
235
ART. 12. – A autorização e supervisão do funciona-
mento de instituições de ensino e de seus cursos, nas re-
des pública e privada, observarão o cumprimento do dis-
posto nos Arts. 10 e 11 desta Lei.
Marcelo Augusto Farias de Souza
242 ALVES, J. M. Organização, gestão e projecto das escolas. Porto: Edições Asa, 1992.
236
tes áreas do conhecimento de forma interdisciplinar, integran-
do conteúdos referentes aos aspectos físicos, históricos, sociais,
econômicos e políticos da Educação Ambiental, que compõe a
temática.
237
CAPÍTULO II
Seção III
239
VI. a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII. o ecoturismo.
Carla Thomas
240
Portanto, a Educação Ambiental como direito fundamental
fortalece e reafirma o princípio fundamental mor da República
Federativa do Brasil: dignidade da pessoa humana, disposto no
Art. 3.º, III, o qual põe o ser humano no centro das preocupações
do ordenamento jurídico, com a consequência de que todos os
preceitos constitucionais, normas regras ou normas princípios,
encontram seu fundamento de validade naquele princípio fun-
damental constitucional.
Assim, toda a estrutura jurídica brasileira funda-se notória e
especialmente no princípio da dignidade da pessoa humana como
pilar, e os dispositivos, constitucionais ou infraconstitucionais, va-
lidam-se em tal princípio, de modo que não há como desvincular a
Educação Ambiental da adjetivação do direito fundamental, pois
ele traz implícito, em si, o dever do Estado em conscientizar o ser
humano para com a necessidade de preservação e perpetuação da
vida humana, bem assim, de todo o meio em que está inserto e do
qual é parte, como forma de garantir a vida digna.
José Afonso da Silva define a cidadania constitucional:
A cidadania está aqui num sentido mais amplo do que o
de titular de direito políticos. Qualifica os participantes da
vida do Estado, o reconhecimento do indivíduo como pes-
soa integrada na sociedade estatal (Art. 5.º, LXXVII). Signi-
fica aí, também, que o funcionamento do Estado estará sub-
metido à vontade popular. E aí o termo conexiona-se com
o conceito de soberania popular (parágrafo único do Art.
1.º), com os direitos políticos (Art. 14) e com o conceito de
dignidade da pessoa humana (Art. 1.º, III), com os objeti-
Constituição Federal brasileira de 1988 (Art. 225), além de outros dispositivos cons-
titucionais em matéria de proteção ambiental, relacionando a tutela ecológica com
inúmeros outros temas constitucionais de alta relevância. A CF88 (artigo 225, caput,
c/c o Art. 5º, § 2º) atribuiu à proteção ambiental e – pelo menos em sintonia com
a posição prevalente no seio da doutrina e jurisprudência – o status de direito fun-
damental do indivíduo e da coletividade, além de consagrar a proteção ambiental
como um dos objetivos ou tarefas fundamentais do Estado – Socioambiental – de
Direito brasileiro, sem prejuízo dos deveres fundamentais em matéria socioambien-
tal” (In: Estado Socioambiental e mínimo existencial (ecológico?): algumas aproxi-
mações. Estado Socioambiental e direitos fundamentais. FENSTERSEIFER, Tiago.
SARLET, Ingo Wolfgang, 2010, p. 13).
241
vos da educação (Art. 205), como base e meta essencial do
regime democrático. 245
245 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21 ed., rev. e atual.
Malheiros Editores. São Paulo: 2002, p. 104.
246 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direitos humanos, cidadania e educação. Revista Jus
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 6, nº 51, 1 out., 2001. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/2074>. Acesso em 10 maio, 2017.
247 CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José Rubens Morato (orgs). Sociedade de
risco e Estado; Direito ambiental Constitucional Brasileiro. 5 ed. rev. São Paulo: Sa-
raiva, 2012, p. 187.
242
não-formal, identifica-se na doutrina educacional especializada
outra possível classificação da educação em: formal, não-formal
e informal, ou, ainda, a utilização do termo não-formal como si-
nônimo de informal,248 porém não há uma unanimidade, sendo
certo, ao menos, a divisão em formal e não-formal, conforme
adotado na Pnea.
A partir de uma divisão dualista, Moacir Gadotti define
educação não-formal em contraste com educação formal:
A educação formal tem objetivos claros e específicos e é
representada principalmente pelas escolas e universida-
des. Ela depende de uma diretriz educacional centrali-
zada como o currículo, com estruturas hierárquicas e bu-
rocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos
fiscalizadores dos ministérios da educação. A educação
não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos
burocrática. Os programas de educação não-formal não
precisam necessariamente seguir um sistema sequencial e
hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e
podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem. 249
248 Conforme Maria da Glória Gohn, “Quando tratamos da educação não formal, a
comparação com educação formal é quase que automática. O termo não-formal
também é usado por alguns investigadores como sinônimo de informal. Considera-
mos que é necessário distinguir e demarcar as diferenças entre estes conceitos” (In:
Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas
escolas. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, nº 50, p. 27-38, jan./mar 2006
Disponível em: < http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/30405.
pdf >. Acesso em 10 maio, 2017).
249 GADOTTI, Moacir. A questão da educação formal/nãoformal. Institut international
dês droits de l’enfant (IDE). Suisse. 2005, p. 2. Disponível em: < http://www.vdlufc.
br/solar/aula_link/lquim/A_a_H/estrutura_pol_gest_educacional/aula_01/ima-
gens/01/Educacao_Formal_Nao_Formal_2005.pdf>. Acesso em 7 maio, 2017.
243
mero de 7, a partir da exposição da autora, denominando-os da
seguinte forma:
a) critério de amplitude – quanto ao campo de desenvolvimento;
b) critério subjetivo – quanto ao agente educador;
c) critério objetivo – quanto ao espaço de atuação;
d) critério teleológico – quanto à finalidade dos campos de atuação;
e) critério modal – quanto ao modo de se educar;
f) critério adjetivo – quanto aos atributos das modalidades
educativas e,
g) critério funcional – quanto aos resultados esperados.
250 Idem, Maria da Glória Gohn, definições e conceitos extraídos da autora. p. 28-31.
244
MODALIDADE OU ASPECTO EDUCACIONAL
CRITÉRIO DIFE-
RENCIADOR Educação Educação
Educação formal
não-formal informal
Segundo diretrizes de
dados grupos, usual- Espontânea, em ambien-
mente a participação tes em que as relações
Modal – modo Modal – modo de se dos indivíduos é optati- sociais se desenvolvem
de se educar educar. va; há intenção na ação, segundo gostos, prefe-
no ato de participar, rências ou pertencimen-
aprender, transmitir ou tos herdados.
trocar saber.
Capacitar indivíduos a
Ensinar e aprender Socializar os indivíduos,
se tornarem cidadãos
conteúdos historica- desenvolver hábitos,
mente sistematiza- do mundo, no mundo; atitudes, comportamen-
dos, normatizados abrir janelas de conhe- tos, modos de pensar e
por leis, destacan- cimento de se expressar no uso
Teleológico – sobre o mundo que
do-se o de formar o da linguagem, segundo
finalidade dos
indivíduo como um circunda os indivíduos valores e crenças de
campos de
cidadão ativo, desen- e suas relações sociais; grupos que se frequenta
atuação
volver habilidades e seus objetivos não são ou que pertence por
competências várias, dados a priori, eles se herança, desde o nasci-
desenvolver a criati- mento Trata-se do pro-
constroem no processo
vidade, percepção, cesso de socialização dos
motricidade etc. interativo, gerando um indivíduos.
processo educativo.
245
MODALIDADE OU ASPECTO EDUCACIONAL
CRITÉRIO DIFE-
RENCIADOR Educação Educação
Educação formal
não-formal informal
Poderá desenvolver
processos, tais como:
Resultados não são
Aprendizagem efetiva consciência e organi-
zação de como agir em esperados, simplesmen-
(que, infelizmente
te acontecem a partir
nem sempre ocorre), grupos coletivos; cons-
Funcional – trução e reconstrução do desenvolvimento do
além da certificação
resultados senso comum nos indi-
e titulação que capa- de concepção (ões)
esperados víduos, senso este que
citam os indivíduos de mundo e sobre o orienta suas formas de
a seguir para graus mundo; contribuir para pensar e agir esponta-
mais avançados. sentimento de identi- neamente.
dade com uma dada
comunidade.
246
difundida de forma permanente, contínua, ilimitada, aberta e
abrangente, com capacidade para alcançar cada indivíduo que
integra o corpo social, engajando-se o Estado e toda a coletivi-
dade na promoção da consciência, informação e conhecimento
educacional, necessários à promoção dos princípios e objetivos
constitucionais fundamentais, mormente uma cidadania partici-
pativa e uma sociedade solidária.
251 BADR, Eid. Curso de Direito Educacional: o Ensino Superior brasileiro. Curitiba: CRV,
2011, p. 19.
252 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em
7 maio, 2017
247
Processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, ati-
tudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e as sustentabilidade. A Educação Am-
biental é um componente essencial e permanente da educa-
ção nacional, devendo estar presente, de forma articulada,
em todos os níveis e modalidades do processo educativo,
em caráter formal e não formal.253
253 MILARÉ, Édis. Dicionário de Direito Ambiental. – São Paulo: Editora Revista dos Tri-
bunais, 2015, p. 314.
254 Dicionário ambiental Ecolnews, p. 54. Disponível em: <http://www.ecolnews.com.
br/dicionarioambiental/>. Acesso em 23 maio, 2017.
248
tais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do
meio ambiente.”
Como ações e práticas educativas podem-se compreender
oficinas, dinâmicas, exposições, conferências, seminários, pales-
tras, cursos, jogos, gincanas, caminhadas, trilhas etc., enfim há
inúmeras de ações e práticas que podem ser realizadas como for-
ma de Educação Ambiental não-formal, sendo critério definidor
desta que as ações e práticas estejam revestidas de conteúdo com
significação Educacional Ambiental, com força para sensibilizar
a coletividade para as questões ambientais, isto é, que tais ações
e práticas envolvam e desenvolvam a sensibilização da coletivi-
dade para a questão ambiental.
A Portaria MMA n.º 269/03, alterada pela Portaria MMA
n.º 132/09,255 que instituiu, no âmbito do Ministério do Meio
Ambiente – MMA, a Comissão Intersetorial de Educação Am-
biental – Cisea, com finalidade de fortalecer, articular e integrar
as ações de educação ambiental não-formal desenvolvidas pelo
MMA, para minimizar esforços e recursos, bem como otimizar
sua execução, definiu ações de educação ambiental não-formal
em seu âmbito como:
Art. 1.º § 2.º – Por ações de Educação Ambiental entende-
-se a formulação, execução e implementação de políticas
públicas, programas, projetos e atividades de meio ambien-
te que tenham por objetivo ou possuam componentes de:
I – sensibilização, formação e/ou capacitação de pessoas;
II – construção de valores, conhecimentos, habilidades e
competências individuais ou coletivas que visem à identi-
ficação, prevenção e solução de problemas ambientais, ou
ainda, a conservação, recuperação e melhoria da qualidade
do meio ambiente;
III – desenvolvimento de estudos, pesquisas ou experimen-
tos com caráter pedagógico;
IV – produção e divulgação de materiais educativos; e
249
V – produção, difusão e gestão de informação ambiental de
caráter educativo.
250
o Poder Público, como exemplo, a promoção da Educação
Ambiental em todos os níveis de ensino, são imprescindí-
veis da participação coletiva como receptora e como disse-
minadora da conscientização pública para a preservação do
meio ambiente.256
251
c) promover a participação da coletividade na defesa da qualida-
de do meio ambiente.
259 Conforme José Afonso da Silva “[...] até se pode reconhecer que na expressão “meio
ambiente” se denota certa redundância” (2013, p. 19).
260 Os aspectos na natureza são apontados por José Afonso da Silva, 2013, p. 19.
252
mana para com a proteção e defesa ambiental, servindo, assim,
de ferramenta para sua realização.
Portanto, a Educação Ambiental não-formal conceituada
legalmente no caput do Art. 13 da Pnea, configura-se em ins-
trumento para que o Poder Público junto com a coletividade
realize a Educação Ambiental como um processo por meio do
qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, co-
nhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para
a conservação do meio ambiente (Art. 1.º); integra a Educação
Ambiental como parte do processo educativo (Art. 2.º); e, por
fim, é ferramenta para que se concretizem os objetivos da Pnea,
especialmente para democratizar as informações ambientais e
incentivar a participação individual e coletiva na defesa da qua-
lidade ambiental como um valor inseparável do exercício da ci-
dadania (Art. 5.º).
253
incentivar as ações descritas nos sete incisos do parágrafo único
do Art. 13 da Pnea, a fim de que sejam tomadas as providências
para a concretização da Educação Ambiental não-formal, confe-
rindo, assim, ao Estado, um papel fomentador das ações e práti-
cas destinadas à sensibilização do indivíduo e da sociedade para
com a questão ambiental.
Incentivará. O termo é utilizado de forma impositiva, não
está aberto à facultatividade nem discricionariedade, isto é, ao
poder público incumbe promover o incentivo aquilo que está
definido nos incisos sequenciais.
Assim, extrai-se do disposto no parágrafo único que o legis-
lador disponibiliza ao poder público uma ferramenta para con-
cretizar o direito fundamental à Educação Ambiental, quando
impõe-lhe o dever de promover o envolvimento de diversos seg-
mentos e atividades sociais para a implementação desse direito,
o que, confere suporte para sua missão, pois a realização do direi-
to depende do Estado atuar no sentido de, como representante
do Poder constituído, executar os fins do Estado.
254
O comando legal liga-se diretamente ao direito à informa-
ção descrito no Art. 5.º, Inc. XIV e no Inc. XXXIII que, por sua
vez, vincula-se à Educação Ambiental, pois, para compreender é
preciso conhecer e o conhecimento pressupõe informação.
Encontra-se, ainda, fundamento no Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global, documento oriundo da 1.ª Jornada de Educação Am-
biental, princípios e ações voltadas à difusão de programas e
campanhas pelos meios de comunicação de massa:
Princípio 14: A Educação Ambiental requer a democrati-
zação dos meios de comunicação de massa e seu compro-
metimento com os interesses de todos os setores da socie-
dade. A comunicação é um direito inalienável, e os meios
de comunicação de massa devem ser transformados em um
canal privilegiado de educação, não somente disseminando
informação em bases igualitárias, mas também promoven-
do intercâmbio de experiências, métodos e valores.
Ação 15: Garantir que os meios de comunicação se trans-
formem em instrumentos educacionais para a preservação
e conservação dos recursos naturais, apresentando a plura-
lidade de versões com fidedignidade e contextualizando as
informações. Estimular a transmissão de programas gera-
dos por comunidades locais.262
255
forma interativa e dinâmica, as informações relativas à Educação
Ambiental.”264
O termo Educomunicação abrange a seguinte dimensão:
É a compreensão educativa da comunicação social. A partir
da percepção do papel formador dos conteúdos dos meios
de comunicação de massa onde, muitas vezes, predomina
a disseminação de valores de consumo insustentável, entre
outros, e a falta de uma perspectiva educativa na relação com
seus públicos, esta dimensão compreende todo o esforço
de ver aumentado o valor educativo na programação, o
tempo de programação disponibilizado para esse fim e os
mesmo cuidados com a programação não dirigida para esse
objetivo, contemplando-se a transversalidade do processo
educativo que pode caber em toda essa programação. 265
256
cioambiental. Nos grupos de convivência e aprendizagem
na internet, comunidades e círculos virtuais. Na promoção
de concursos e mostras de vídeos de Educação Ambiental
feitos por aparelhos de telefonia celular e transmitidos via
internet. Outra possibilidade são os mutirões educativos de
produção destes vídeos (sem caráter competitivo). Educo-
municação Socioambiental pela arte-educação e pela pro-
dução artística de poesias, músicas, peças de teatro, etc. 266
257
da página eletrônica do MMA, dentre os quais são exemplos:
Fundação Vitória Amazônica/AM; Sinepe/DF – Sindicato dos
Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal/
DF; Instituto Pau Brasil/BA; Espaço Cultural Casa do Naza/
GO; Secretaria de Municipal de Meio Ambiente/MA; Centro
Social Marista Irmão Panini/PR; Centro Acadêmico de Biolo-
gia – UFRJ/RJ; Prefeitura Municipal de Parazinho/RN; Cine-
clube Torres/RS; Fundação Camboriuense de Gestão e Desen-
volvimento Sustentável/SC; Museu Histórico e da Porcelana de
Pedreira/SP.
Contudo, percebe-se, ainda, uma carência em se estabele-
cer programas continuados junto à mídia, maior expoente de
meios de comunicação de massa, a fim de propagar informação
sistematizada e continuada sobre o meio ambiente, de forma a
contribuir efetivamente para a Educação Ambiental e sensibili-
zação humana quanto às questões ambientais.
O incentivo do Poder Público à propagação por meio dos
meios de comunicação de massa pode ser decisivo para a reali-
zação de uma mudança comportamental humana que agregue a
preocupação e o cuidado ambiental às práticas da vida cotidiana,
consoante se extrai de Francisco J. Daher Júnior e Adriana C.
Omena dos Santos:
Estudos mais recentes em pesquisa de comunicação procu-
ram mostrar o efeito social da mídia, conforme a hipótese
da Agenda Setting e a própria Espiral do Silêncio. No caso
da Agenda Setting, as pessoas elencam seus assuntos em
função do que a mídia veicula, impedindo que outros temas
sejam conhecidos ou comentados. A Espiral do Silêncio, as
discussões acerca da opinião ganham força, pois os defen-
sores desta teoria entendem que as percepções do clima de
opinião decorrem dos próprios meios de comunicação e
das observações diretas que o indivíduo faz (ou deixa de
fazer) no seu próprio meio. [...] Mesmo assim é possível
concluir que, mesmo não se submetendo totalmente ao que
determinam os meios de comunicação de massa – ou aos
258
que determinam os meios –, não podemos negar que estes
atuam de forma decisiva nas relações e estrutura sociais,
criando necessidades e valores. 268
268 DAHER JÚNIOR, Francisco José. SANTOS, Adriana Cristina Omena dos. Meios de co-
municação, Educação Ambiental e Estado liberal. Intercom – Sociedade Brasileira de
Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXIX – Congresso Brasileiro de Ciências
da Comunicação – UnB – 6 a 9 de setembro de 2006, p. 5. Disponível em: < http://
www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R0773-2.pdf>. Acesso em 5
jun., 2017.
269 CADEMARTORI, Daniela Mesquita Leutchuk de. MENEZES NETO, Elias Jacob de. Po-
der, meios de comunicação de massas e esfera pública na democracia constitucio-
nal. Sequência (Florianópolis), n. 66, p. 187-212, jul., 2013, p. 9. Disponível em: <
http://www.scielo. br/pdf/seq/n66/08.pdf>. Acesso em 5 jun., 2017.
259
O dispositivo disciplina que incumbe ao poder público o in-
centivo “a ampla participação da escola, da universidade e de or-
ganizações não-governamentais na formulação e execução de pro-
gramas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal”.
Abarca a previsão de uma articulação a ser promovida pelo
poder público, de forma a engajar a escola, a universidade e as or-
ganizações não-governamentais para que participem ativamente
da proposição e realização de programas e atividades vinculadas
à Educação Ambiental não-formal, ou seja, cabe ao Estado en-
volver, provocar e incluir os diversos atores sociais para que de
fato seja desenvolvida a Educação Ambiental não-formal.
Extrai-se que cabe ao poder público, ou seja, Legislativo,
Executivo e Judiciário, instar as escolas, as universidades e as
ONG’s a colaborar na elaboração e execução de programas de
Educação Ambiental não-formal, ou seja, que promovam junto
a importantes segmentos sociais que tem papel fundamental na
difusão da Educação Ambiental – escola, universidade, ONG’s –
o seu desenvolvimento.
Exemplo de concretização dessa incumbência, no âmbito
do Poder Judiciário, é a iniciativa do Ecam – Espaço da Cidada-
nia Ambiental de Manaus, criado, coordenado e administrado
pela Vara Especializada do Meio Ambiente e Questões Agrárias
(Vemaqa) em parceira com Instituto de Proteção Ambiental do
Amazonas – Ipaam, 270 em que se estimulam atividades voltadas
à Educação Ambiental não-formal, oferecendo um espaço aber-
to para a realização de palestras, exposições, jogos com temática
educacional ambiental, com escolas, universidades e ONG’s. A
própria criação do Ecam, por si só, como espaço de Educação
Ambiental aberto à escola e à comunidade em geral, já se apre-
senta como uma forma de conferir eficácia ao dispositivo legal.
270 Autarquia criada pelo Decreto Estadual nº 17.033/96. Disponível em: <http://www.
ipaam.am.gov.br/>. Acesso em 23 maio, 2017.
260
Em 2012, foi lançado no Ecam o Jogo da Cidadania Am-
biental, idealizado pelo Juiz de Direito da Vemaqa, Adalberto
Carim Antônio, conforme entrevista, tem o propósito de so-
cializar a legislação ambiental: “Nós enxergamos nas crianças,
os futuros juízes, promotores, advogados, defensores públicos.
Então, não queremos limitar o conhecimento das leis aos opera-
dores do Direito, mas sim, dividir o conhecimento e estimular as
novas gerações a compreensão e a consciência.”271
Em 2016, foi lançado também o Projeto Sementes da Vida,
de iniciativa da Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas,
realizado em conjunto com Instituto Soka – Cepeam, Arpen/
AM (Associação dos Registradores Civis do Amazonas), dentre
outras entidades públicas e privadas,272 com objetivo de rearbo-
rizar áreas urbanas desmatadas no município de Manaus e, ao
mesmo tempo, desenvolver a sensibilização ambiental, ao entre-
gar para cada pai ou mãe de criança nascida um certificado de
plantio da árvore, contendo dados sobre o espécime, lugar e data
do plantio, a fim de que os pais possam conscientizar-se a educar
sua criança desde tenra idade sobre a importância ambiental. 273
Em 2017, outro exemplo, ainda, é a ação de Educação
Ambiental junto com a Universidade do Estado do Amazonas
– UEA, realizada no Ecam, promovida por meio de uma exposi-
ção arqueológica,274 aberta aos alunos e ao público em geral.
261
III. a participação de empresas públicas e privadas no
desenvolvimento de programas de Educação Ambiental
em parceria com a escola, a universidade e as organiza-
ções não governamentais;
262
sua atuação no âmbito da Educação Ambiental não-formal fun-
damentada na lei, com o advento da Pnea.
Num conceito negativo ONG’s são as organizações que não
integram o governo – primeiro setor – e que não se enquadram
como setor privado que tem por objetivo a obtenção de lucro – o
mercado, denominado segundo setor. A ideia de ONG engloba
todas as organizações do denominado terceiro setor, incluídas as
denominadas Organizações Sociais276 e as Organizações da So-
ciedade Civil de Interesse Público (Oscip),277 conforme Virgínia
T. V. Tristão e José A. M. Tristão:
A nomenclatura ONG (Organização Não Governamen-
tal), amplamente utilizada na literatura da área, é aplicada
de forma genérica para todas as organizações do terceiro
setor, sem ignorar as diferentes formas jurídicas que foram
instituídas pela Reforma do Estado, a partir da década de
1990: as Organizações Sociais (OS) e as Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).278
263
As novas ONGs passaram a atuar como mediadoras de
ações desenvolvidas em parceria entre setores da comu-
nidade local organizada, secretarias e aparelhos do poder
público, segundo programas estruturados para áreas sociais
como: educação, saúde, saneamento, meio ambiente, gera-
ção de renda etc. Ou seja, as ONGs, via o terceiro setor, en-
traram para a agenda das políticas sociais. Na educação, por
exemplo, atuarão em programas com meninos e meninas
nas ruas, jovens/adolescentes em situação de risco face o
mundo das drogas, treinamento e capacitação de profissio-
nais da rede escolar, creches e/ou escolas de educação in-
fantil, campanhas e programas de educação para os direitos
humanos, civilidade no trânsito, prevenção de doenças e da
aids, Educação Ambiental etc.280
280 GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, novo associativismo e terceiro setor
no Brasil. Disponível em: < http://www.lite.fe.unicamp.br/grupos/gemdec/art_glo-
ria.html>. Acesso em 5 jun., 2017.
264
se refere ao número de entidades criadas como em relação
ao desenvolvimento de projetos dedicados às questões
ambientais. Este crescimento provavelmente reflete uma
maior preocupação com a questão ambiental por parte da
sociedade, fenômeno que se situa em uma conjuntura de
transformações no cenário mundial, em que a globalização
dos riscos ambientais tem demandado práticas em prol
da sustentabilidade planetária, ancoradas nos preceitos da
educação para a sustentabilidade, contidos na Agenda 21
e no Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sus-
tentáveis e Responsabilidade Global.281
281 TRISTÃO, Virginia Talaveira Valentini. Educação Ambiental não formal: a experiência
das organizações do terceiro setor. Tese. Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo. Orientação Pedro Roberto Jacobi. São Paulo: s.n., 2011, p. 224. Dispo-
nível em: < www.teses.usp.br/teses/.../VIRGINIA_TALAVEIRA_VALENTINI_ TRISTAO.
pdf>. Acesso em 5 jun., 2017.
265
As Unidades de Conservação – UC’s encontram suporte
constitucional para sua proteção disposto no Art. 225, § 1.º, nos
incisos I, II, III e VII:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais
e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pes-
quisa e manipulação de material genético;
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços
territoriais e seus componentes a serem especialmente pro-
tegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa
a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
[...]
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, pro-
voquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
266
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequa-
das de proteção.
Nota-se, assim, que a UC configura-se num espaço físico
agregado de seus recursos ambientais com regime de adminis-
tração legal especial instituído para sua proteção, ou seja, afigu-
ra-se em área constituída de terras públicas ou privadas, afetada
por lei, para a proteção ambiental,282 tendo por objetivos o dis-
posto no Art. 4.º da lei:
I – contribuir para a manutenção da diversidade biológica
e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas
jurisdicionais;
II – proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito
regional e nacional;
III – contribuir para a preservação e a restauração da diver-
sidade de ecossistemas naturais;
IV – promover o desenvolvimento sustentável a partir dos
recursos naturais;
V – promover a utilização dos princípios e práticas de con-
servação da natureza no processo de desenvolvimento;
VI – proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notá-
vel beleza cênica;
VII – proteger as características relevantes de natureza geo-
lógica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, pa-
leontológica e cultural;
VIII – proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX – recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X – proporcionar meios e incentivos para atividades de pes-
quisa científica, estudos e monitoramento ambiental;
XI – valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII – favorecer condições e promover a educação e inter-
pretação ambiental, a recreação em contato com a natureza
e o turismo ecológico;
XIII – proteger os recursos naturais necessários à subsistên-
cia de populações tradicionais, respeitando e valorizando
seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.
282 Vide Art. 15 da Lei nº 9.985/00, que define área de proteção ambiental.
267
As UC’s são divididas em dois grandes grupos, cada um
com características específicas, conforme previsto no Art. 7.º da
lei, são elas: a) unidades de proteção integral e b) unidades de
uso sustentável.
As unidades de proteção integral têm por objeto básico a
preservação da natureza, sendo tolerado tão somente o uso in-
direto de seus recursos naturais, com exceções mencionadas na
própria lei. São classificadas em categorias de unidade de con-
servação integral: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque
Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre.
As unidades de uso sustentável, o segundo grande grupo,
constituem-se nas seguintes categorias: Área de Proteção Am-
biental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional;
Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvi-
mento Sustentável; e Reserva Particular do Patrimônio Natural.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
dade – ICMBio, autarquia em regime especial, criada pela Lei
11.516/07, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e inte-
grante do Sisnama, tem a função de executar as ações do SNUC,
cabendo-lhe propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e mo-
nitorar as UCs instituídas pela União, bem como tem papel de
fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preserva-
ção e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia
ambiental para a proteção das UC’s federais.283
A Lei n.º 9.795/99 foi regulamentada pelo Decreto n.º
4.519/02, que traz em seu bojo o conceito de serviço voluntá-
rio em unidade de conservação federal, considerado como ati-
vidade não remunerada, prestada por pessoa física, mediante
celebração de termo de adesão com o órgão responsável pela ad-
ministração da unidade de conservação federal, atendendo aos
objetivos legais.
268
Vários exemplos práticos de sensibilização da coletividade
sobre a importância das UC’s são realizados pelo poder públi-
co, especialmente por meio do ICMbio. Encontram-se diversas
ações relatadas na página eletrônica da entidade,284 destaca-se:
Projeto de Exposições para o centro de visitante da UC denomi-
nada Parque Nacional de Sete Cidades, situado entre os municí-
pios de Brasileira e Piracuruca, no Estado do Piauí, com bioma
caatinga e objetivo de promover a sensibilização da comunidade
em geral para a importância da conservação da biodiversidade e
seu entorno, realizado no ano de 2015 com o apoio da Coedu –
Coordenação de Educação Ambiental do ICMBio.
269
nhecer para proteger”, que visou aumentar o conhecimento da
diversidade da ictiofauna no Pantanal e sua importância na ca-
deia ecológica, de modo a promover o fortalecimento de estraté-
gias de conservação na UC e seu entorno, bem como aumentar o
conhecimento da dinâmica ecológica do Pantanal promovendo
a sensibilização dos pescadores e ribeirinhos, com abrangência
na UC Esec de Taiamã, situada no pantanal matogrossense, no
município de Caceres.285
A Lei n.º 9.985/00286 traz como um de seus objetivos a pro-
teção dos recursos naturais necessários à subsistência de popula-
ções tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e
sua cultura e promovendo-as social e economicamente, além de
prever dentre as diretrizes do SNUC a participação efetiva das
populações locais na criação, implantação e gestão das UC’s, bem
como o incentivo às populações locais e às organizações privadas
a estabelecerem e administrarem as unidades de conservação.
270
técnicas que representem menor impacto ambiental e que asse-
gurem a melhor qualidade de vida.
A Portaria MMA n.º 169/12,287 instituiu em âmbito nacio-
nal o Programa de Educação Ambiental e Agricultura Familiar
– PEAAF288 com objetivo de contribuir para o desenvolvimento
rural sustentável; apoiar a regularização ambiental das proprie-
dades rurais do país, no âmbito da agricultura familiar; fomentar
processos educacionais críticos e participativos que promovam
a formação, capacitação, comunicação e mobilização social e
promover a agroecologia e as práticas produtivas sustentáveis.
Quanto aos agentes do agronegócio, foi identificado um
programa de Educação Ambiental desenvolvido no âmbito da
Associação Brasileira do Agronegócio – Abag voltado para dis-
seminar a ideia do agronegócio, numa tentativa de compatibili-
zar a economia de mercado com a sustentabilidade, conforme
informam Rodrigo Lamosa e Carlos F. B. Loureiro.289
VII. o ecoturismo.
271
urbanos, bem como para a busca de alternativas às relações da
sociedade com a natureza e seus indivíduos, por meio da desco-
berta de novos estilos de vida, gastronomia, crenças e valores,
arquitetura etc.290
A Lei n.º 11.771/08,291 que estabelece a Política Nacional
de Turismo, traz como um de seus objetivos propiciar a prática
de turismo sustentável nas áreas naturais, promovendo a ativi-
dade como veículo de educação e interpretação ambiental e in-
centivando a adoção de condutas e práticas de mínimo impacto
compatíveis com a conservação do meio ambiente natural, bem
como preservar a identidade cultural das comunidades e popula-
ções tradicionais eventualmente afetadas pela atividade turística.
A Lei n.º 12.651/12292 define a implantação de trilhas para
o desenvolvimento do ecoturismo como atividade eventual ou
de baixo impacto ambiental. Esta lei considera o ecoturismo
como uma das exclusivas atividades permitidas junto às áreas de
preservação permanente,293 inclusive naquelas APP’s situadas no
entorno de lagos e lagoas naturais.
Encontra-se em tramitação no Congresso Nacional o Pro-
jeto de Lei – PL n.º 868/11, que visa dispor sobre a criação de
política de desenvolvimento do ecoturismo e do turismo sus-
tentável em âmbito nacional. O PL possui parecer favorável
pela constitucionalidade aprovado pela Comissão de Turismo
(CTUR) em 28.4.2015 e parecer do relator pela constitucionali-
272
dade, juridicidade e técnica legislativa de 5.7.2016 como última
movimentação até o fechamento da presente obra.294
Exemplo prático da realização dessa incumbência legal pelo
Poder Público, extrai-se da relação de ações de Educação Am-
biental, promovidas em 2015, pelo ICMBio, autarquia federal,
responsável pela gestão das UC’s, que fora denominada de ação
de fortalecimento do turismo de base comunitária no entorno
da Floresta Nacional de Pacotuba, cujo objetivo foi o de forta-
lecer o ecoturismo local, pela da formalização de instrumento
jurídico próprio de parceria para atividades de uso público entre
o ICMBio e a Associação Comunitária de Remanescentes de
Quilombo de Monte Alegre – Acreqma , tendo por público alvo
representantes das comunidades do entorno.295
273
Capítulo III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
275
A Lei 9.795/99 possui VI Capítulos e 21 artigos, e no seu
Capítulo III, dos Arts. 14 ao 19, delimita como deverá ser realiza-
da a execução da Política Nacional de Educação Ambiental, assim
como define as atribuições do Órgão Gestor que irá coordená-la.
A execução da Política Nacional de Educação Ambiental
está a cargo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Na-
cional do Meio Ambiente (Sisnama) criado pela Lei n.º 6.938 de
31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n.º 99.274
de 06 de junho de 1990, das instituições públicas e privadas dos
sistemas de ensino, e dos órgãos públicos da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não gover-
namentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais
segmentos da sociedade.
O quadro abaixo representa a estrutura do Sisnama296
Sisnama
Órgão Consultivo e
Órgão Superior Órgão Central
Deliberativo
276
Sua organização descentralizada tem sua razão de ser na sua
função que é alcançar Estados e municípios na concretização
dos princípios, objetivos e diretrizes dispostos na Politica Na-
cional do Meio Ambiente e consequentemente melhor executar
a Política Nacional de Educação Ambiental.
Importante se faz discorrer sobre os órgãos que compõem
a estrutura do Sisnama e suas finalidades, pois eles têm papel es-
sencial na execução do Plano de Educação Ambiental. Tais ór-
gãos estão dispostos no Art. 6.º e incisos da Lei 6.938/81:
Art. 6.º – Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem
como as fundações instituídas pelo Poder Público, respon-
sáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental,
constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sis-
nama, assim estruturado:
I – Órgão superior: o Conselho de Governo, com a função
de assessorar o Presidente da República na formulação da
política nacional e nas diretrizes governamentais para o
meio ambiente e os recursos ambientais;
297 BRASIL. Lei nº 8.028 de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a organização da presidên-
cia da República e dos ministérios e dá outras providências. Disponível em: < http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8028.htm> Acesso em 3 de jun., 2017
277
sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
de vida;
278
IV – órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Am-
biente e dos Recursos Renováveis – Ibama e o Instituto Chi-
co Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto
Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar
a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente, de acordo com as respectivas competências.
279
controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental;
280
Posteriormente, em 17 de novembro, foi instaurado o
Comitê Assessor do Órgão Gestor e de sua primeira reunião
foram criados (6) seis grupos de trabalho (GT’s) importantes
na implementação da Educação Ambiental em todos os níveis
e modalidades do processo educativo: “dois temporários – GT
Documento do ProNEA e GT Regimento Interno; e quatro per-
manentes – GT – Gestão do Sistema Brasileiro de Informações
sobre Educação Ambiental, GT Instrumentos Institucionais e
Legais para a Promoção da Educação Ambiental e GT Relações
Internacionais”.298
Em seus Arts. 2.º e 4.º, o Decreto n.º. 4.281/2002 discipli-
nou que o Órgão Gestor será dirigido pelos Ministros de Estado
do Meio Ambiente e da Educação, com apoio de seu Comitê As-
sessor, os quais terão como atribuição primordial a coordenação
e a definição das diretrizes para executar, em âmbito nacional,
a Pnea, assim como a articulação, coordenação e supervisão de
planos programas e projetos na área de Educação Ambiental.
Verifica-se, assim, que os ministros do Meio Ambiente e da
Educação executam a importante tarefa de coordenação dessa
política e, mais do que isso, compartilham a tomada de decisões
na criação de instrumentos públicos que, coerentes com os prin-
cípios, objetivos e práticas instituídas pela lei, constroem os cami-
nhos para a consolidação da Educação Ambiental em todo o país.
298 Programa Nacional de Educação Ambiental. ProNEA. Brasília 2005. 3 ed. p. 29. Dis-
ponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/pro-
nea3.pdf>. Acesso em 10 de mai., de 2017.
281
II – articulação, coordenação e supervisão de planos,
programas e projetos na área de Educação Ambiental, em
âmbito nacional;
282
sim, tentamos trazer novas esperanças e vida para nosso pe-
queno, tumultuado, mas ainda assim belo planeta.299
283
a voto, e quatro setores na qualidade de convidados especiais, a
seguir citados:302
302 EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Orgão Gestor da Pnea e seu comitê assessor. 2003/2006.
p. 4. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/
cad_02.pdf>. Acesso em 14 de mai., 2017.
284
• Rede Universitária de Programas de Educação Ambiental
(Rupea)
• Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais
e Movimentos Sociais (FBOMS)
• Agenda 21 Brasileira
285
do processo educativo – educação de jovens e adultos (EJA),
educação profissional e educação especial.
E tem como objetivos,303 segundo seu Art. 1.º:
I – sistematizar os preceitos definidos na citada Lei, bem
como os avanços que ocorreram na área para que contri-
buam com a formação humana de sujeitos concretos que
vivem em determinado meio ambiente, contexto histórico,
e sociocultural, com suas condições físicas, emocionais, in-
telectuais, culturais;
286
A Educação Básica, conforme o Art. 21, I da Lei 9.394/96,
é formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Médio, logo, capacitar através de programas e processos educati-
vos permanentes os seus docentes, incentivando à gestão escolar
dinâmica, aproveitando as experiências acumuladas, trabalhan-
do com a pedagogia de projetos e promovendo a integração en-
tre as diversas disciplinas.
IV – orientar os sistemas educativos dos diferentes entes
federados;
287
a Câmara Técnica de Educação Ambiental do Conama e
a Câmara Técnica de Educação, Capacitação, Mobilização
Social e Informação em Recursos Hídricos do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos; as Comissões Interinstitu-
cionais de Educação Ambiental (Ciea’s) na esfera estadual,
além dos espaços coletivos de organização social como as
redes de Educação Ambiental em suas múltiplas abrangên-
cias temáticas ou regionais.304
304 Portfólio. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental. Documentos Téc-
nicos. Série Documentos Técnicos, n.° 7. Brasília: 2006. Disponível em <http://www.
mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/dt_07.pdf>. Acesso em 2 de jun., 2017.
288
Na perspectiva nacional, é denominado pela Lei como
Órgão Gestor o responsável pela coordenação da Política
Nacional de Educação Ambiental (Pnea), dirigido pelos Minis-
tros de Meio Ambiente e de Educação, e representado pela Dire-
toria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
(DEA/MMA), instalada na Secretaria Executiva; e pela Coor-
denação Geral de Educação Ambiental do Ministério da Educa-
ção (CGEA/MEC), instalada na Secretaria de Educação Con-
tinuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), sua incumbência
não se limita apenas à educação formal e se espraia também para
a educação não formal.
Na educação formal, o Órgão Gestor tem o desafio de
apoiar professores no incentivo da leitura crítica da realidade,
sendo educadores ambientais atuantes nos processos de cons-
trução de conhecimentos, pesquisas e atuação cidadã nas comu-
nidades escolares, com base em valores voltados à sustentabili-
dade em suas múltiplas dimensões.
No contexto da educação não formal, desenvolve linhas
de ações destinadas ao planejamento, gestão, monitoramento e
avaliação de programas e políticas ambientais nas três esferas de
governo em sintonia com todos os setores sociais.
Esse sistema fortalece o diálogo da escola com a comunida-
de e movimentos sociais.
Por seu turno, Estados e Distrito Federal têm competência
legislativa concorrente com a União, no que tange à matéria am-
biental (Art. 24 da CF) e municípios, podendo legislar em ma-
téria ambiental desde que comprove que o interesse se restringe
ao seu território (Art. 30, I da CF).
Logo, poderão definir diretrizes, normas e critérios para a
Educação Ambiental, desde que o façam respeitando os princí-
pios e objetivos da Pnea, que são normas gerais básicas a serem
seguidas pelos demais entes da federação na edição de suas pró-
prias normas.
289
Os princípios e objetivos da Política Nacional do Meio
Ambiente estão descritos respectivamente nos Arts. 2.º e 4.º da
Lei 6.938/81.
Art. 2.º – A Política Nacional do Meio Ambiente tem
por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no
país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade
da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecoló-
gico, considerando o meio ambiente como um patrimônio
público a ser necessariamente assegurado e protegido, ten-
do em vista o uso coletivo;
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e
do ar;
III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos
ambientais;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas;
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efe-
tivamente poluidoras;
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orienta-
das para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII – recuperação de áreas degradadas;
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X – Educação Ambiental a todos os níveis de ensino, in-
clusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la
para participação ativa na defesa do meio ambiente.305
305 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm> Acesso em 2
de jun., 2017.
306 Milaré, 2007, p. 315.
290
“os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente não se
confundem nem se identificam com os princípios de Direito
Ambiental. São formulações distintas, embora convirjam para o
mesmo grande alvo, a qualidade ambiental e sobrevivência do
planeta; por conseguinte, eles não poderão ser contraditórios”.
No que se refere aos objetivos, o caput do art. 2.º da LPN-
MA, estabelece como objetivo geral “a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida” para, em
seguida no Art. 4.º, dispor seus objetivos específicos.
Podemos inferir da análise do objetivo geral e dos objetivos
específicos que eles conduzem a Política Nacional do Meio Am-
biente em busca da harmonia entre a defesa do meio ambiente
e o desenvolvimento econômico, ou seja, a realização do desen-
volvimento sustentável.
291
va, os planos, programas e projetos das diferentes regiões
do país.
307 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em 2
de jun., 2017.
292
O inciso I trata dos três pilares do conceito de desenvolvi-
mento sustentável: desenvolvimento econômico, a equidade so-
cial e a preservação do meio ambiente, ou seja, a LPNMA busca
o equilíbrio ecológico e a manutenção da qualidade ambiental
tanto para as gerações presentes, quanto para as gerações futuras.
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental
relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo
aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
293
O inciso IV destaca, mais uma vez, a importância do Es-
tado como agente normativo e regulador, exercendo as funções
de incentivo e planejamento (Art. 174, caput da CF). O poder
público, utilizando-se de instrumentos econômicos, pode incen-
tivar o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias orientadas
para o uso racional de recursos naturais, caso não se desenvolva
diretamente pelos de seus órgãos, contribuindo assim para a im-
plementação do desenvolvimento sustentável.
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente,
à divulgação de dados e informações ambientais e à forma-
ção de uma consciência pública sobre a necessidade de pre-
servação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
308 BRASIL. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Disponível em: <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf>. Acesso em:
17 de mai. de 2017.
294
A melhor maneira de tratar das questões ambientais é as-
segurar a participação, no nível apropriado, de todos os
cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo
deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio
ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclu-
sive informações sobre materiais e atividades perigosas em
suas comunidades, bem como a oportunidade de participar
de processos de tomada de decisões. Os Estados devem fa-
cilitar e estimular a conscientização e a participação públi-
ca, colocando a informação à disposição de todos. Deve ser
propiciado acesso efetivo à procedimentos judiciais e admi-
nistrativos, inclusive no que diz respeito à compensação e
reparação de danos.
295
alicerce, podemos citar como exemplo, é o Estudo do Impacto
Ambiental (EIA), realizado pelos interessados antes de iniciada
uma atividade potencialmente degradadora do meio ambiente,
dentre outras medidas preventivas a serem exigidas pelos órgãos
públicos.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1.º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
Poder Público:
(...)
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativi-
dade potencialmente causadora de significativa degradação
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade;310
296
Ele se firma na premissa de que, havendo no caso concreto
ausência da certeza científica formal, a existência do risco de um
dano sério ou irreversível requer a implantação de medidas que
possam prever, minimizar e/ou evitar este dano.
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação
de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuá-
rio, da contribuição pela utilização de recursos ambientais
com fins econômicos.
297
ma) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
dade (ICMBio).
No que consiste ao Sistema Nacional de Educação, previs-
to no Art. 214, da Constituição Federal de 1988, até a presente
data não foi instituído. Segundo a Lei n.º 13.005/2014, lei que
aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), ele deverá ser
instituído, no prazo de 2 (dois) anos a partir de sua publicação.
Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei específica,
contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre
os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efe-
tivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional
de Educação.312
312 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educa-
ção – PNE e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em 2 de jun., 2017.
298
O Ministério da Educação apresentou para discussão a pro-
posta de projeto de lei complementar n.º 413/2014, que regula-
mente o Parágrafo Único do Art. 23 da CF, que trata do regime
de colaboração entre os entes federados em diversas áreas, entre
elas a Educação.
“São 5,57 mil municípios e 26 Estados no país, e não há um
sistema que integre as ações de maneira vinculante e obrigatória
para que os entes da Federação cumpram a obrigação de garantir
o direito ao acesso à educação de qualidade a todos os brasilei-
ros”, diz a diretora de articulação com os sistemas de ensino do
MEC, Flávia Nogueira.313
O projeto de lei complementar encontra-se em tramitação
no Congresso Nacional, aguardando deslinde.
313 PNE em Movimento. MEC propõe pacto nacional para o debate e a elaboração das
leis do SNE. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/mais-destaques/354-mec-propo-
e-pacto-nacional-para-o-debate-e-a-elaboracao-das-leis>. Acesso em 2 de jun., 2017.
314 ARAÚJO, Eugênio Rosa de. Princípio da economicidade. Disponível em: <http://insti-
tutoavantebrasil.com.br/principio-da-economicidade/>. Acesso em 2 de jun., 2017.
299
Há que se buscar a redução de desperdícios, possibilitando
o aumento dos recursos disponíveis para o Estado atender me-
lhor a população em outras frentes sociais.
É a busca de concretização também de outro princípio
constitucional – o da eficiência, Art. 37, caput da CF, a orientar a
Administração Pública.
Vamos nos servir do exposto pelo emérito Ministro do Su-
premo Tribunal Federal Alexandre de Morais:
Princípio da eficiência é o que impõe à administração públi-
ca direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem
comum, por meio do exercício de suas competências de
forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz,
sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando
pela adoção dos critérios legais e morais necessários para
melhor utilização possível dos recursos públicos, de manei-
ra a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabili-
dade social”.315
300
Estamos aqui no presente parágrafo único diante da reali-
zação do princípio da igualdade, presente em vários artigos da
nossa Constituição Federal de 1988.
O princípio da igualdade nasceu para abolir a estrutura so-
cial do século XVIII, em que existiam privilégios de nascimento,
regalias de toda ordem e diferenciações sociais. Lutava-se, então,
por uma completa igualdade entre os homens, isto é, pela abso-
luta abolição dos privilégios e regalias então reinantes.
Num segundo momento, com a crise do Estado Liberal,
uma vez que se precisava de um Estado que garantisse o bem-
-estar social, pois as desigualdades e injustiças existentes se
tornavam cada vez mais proeminentes e insustentáveis, surge o
Estado Social, para atender aos anseios da sociedade por uma
política de atendimento do mínimo existencial.
Hoje o que se busca é uma visão material da igualdade, em
contraposição a sua visão formal. Dessa forma, não basta tão so-
mente que a lei declare que todos são iguais, mas sim que ela
declare e propicie os mecanismos eficazes para o cumprimento
de tal igualdade, assumindo o Estado, com isso, um papel funda-
mental para garantir aos membros da sociedade uma efetivação
da isonomia.
Conforme o douto Alexandre de Moraes:316
A igualdade assegurada pela Constituição de 1988 atua em
duas faces: em relação ao poder legislativo ou executivo,
este quando edita leis em sentido amplo, na medida em que
obsta a criação de normas que violem a isonomia entre in-
divíduos que se encontram na mesma situação; E, também,
em relação ao intérprete da lei, ao impor que este a aplique
de forma igualitária, sem quaisquer diferenciações.
316 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 65.
301
Portanto, na escolha dos planos, programas e projetos em
Educação Ambiental a serem financiados por recursos públicos,
esta eleição deve primar pelo desenvolvimento da Educação
Ambiental em todo país, contudo sem deixar de se levar em con-
ta as diferentes necessidades regionais, sob pena de não cumpri-
mento da lei em análise.
Art. 18 – Revogado.
302
O seu Art. 2.º, in verbis, elenca as fontes que custearão
suas funções:
Art. 2.º Constituirão recursos do Fundo Nacional de Meio
Ambiente de que trata o Art. 1.º desta Lei:
I – dotações orçamentárias da União;
II – recursos resultantes de doações, contribuições em di-
nheiro, valores, bens móveis e imóveis, que venha a receber
de pessoas físicas e jurídicas;
III – rendimentos de qualquer natureza, que venha a au-
ferir como remuneração decorrente de aplicações do seu
patrimônio;
IV – outros, destinados por lei.318
318 BRASIL. Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989. Cria o Fundo Nacional do Meio Am-
biente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L7797.htm>. Acesso em 2 de jun., 2017.
319 Portfólio. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental. Documentos
Técnicos. Série Documentos Técnicos, nº 7. Brasília: 2006. p. 65. Disponível em
<http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/dt_07.pdf>. Acesso em 2
de jun., 20017
303
projetos para o desenvolvimento da educação, visando garantir
educação de qualidade a todos os brasileiros.
No que se refere à Educação Ambiental, o FNDE incentiva
projetos em duas frentes: Formação Continuada de Professores
e Ações Educativas Complementares.
Formação Continuada de Professores: esta ação é desti-
nada a atualização e ao aperfeiçoamento dos docentes que
atuam no Ensino Básico mediante proposta pedagógica
com duração de no mínimo 80 horas e no máximo 120 ho-
ras anuais. A Secretaria de Educação Básica – SEB é a res-
ponsável no âmbito do MEC pela elaboração da resolução
e acompanhamento dos projetos.
Ações Educativas Complementares trata-se de atividades
educacionais complementares a escola, realizadas junto às
crianças, adolescentes, jovens e suas respectivas famílias
desenvolvendo suas potencialidades e contribuindo para a
formação de cidadãos conscientes e participantes do con-
texto social.320
304
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
305
REFERÊNCIAS
306
BARBIERI, Jose Carlos; SILVA, Dirceu Da. Desenvolvimento sus-
tentável e Educação Ambiental: uma trajetória comum com mui-
tos desafios. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ram/
v12n3/a04v12n3.pdf. Acesso em abril., 2016.
307
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308
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-ordinarias/ legislacao -1/leis-ordinarias/1993 # content. Aces-
so em abril, 2016.
309
agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428,
de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n.os 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
Provisória n.º 2.166–67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
providências.
310
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vil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5154.htm. Acesso em
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nível em <http://oab-rn.org.br/arquivos/LegislacaosobreEnsi-
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nópolis), n.º 66, p. 187-212, jul. 2013., Disponível em: < http://
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Brasileiro. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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327
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rev. atual. São Paulo: Malheiros, 2000.
329
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tação Pedro Roberto Jacobi, São Paulo, 2011. Disponível em:
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LENTINI_TRISTAO.pdf> Acesso em 5 jun., 2017.
330
PARTE III
1. DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO SOBRE
O AMBIENTE HUMANO – 1972
Proclama que:
333
3. O homem deve fazer constante avaliação de sua expe-
riência e continuar descobrindo, inventando, criando e progre-
dindo. Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar o
que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos os
povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a opor-
tunidade de enobrecer sua existência. Aplicado errônea e impru-
dentemente, o mesmo poder pode causar danos incalculáveis ao
ser humano e a seu meio ambiente. Em nosso redor vemos mul-
tiplicar-se as provas do dano causado pelo homem em muitas
regiões da terra, níveis perigosos de poluição da água, do ar, da
terra e dos seres vivos; grandes transtornos de equilíbrio ecoló-
gico da biosfera; destruição e esgotamento de recursos insubsti-
tuíveis e graves deficiências, nocivas para a saúde física, mental
e social do homem, no meio ambiente por ele criado, especial-
mente naquele em que vive e trabalha.
334
tar esses problemas. De todas as coisas do mundo, os seres hu-
manos são a mais valiosa. Eles são os que promovem o progresso
social, criam riqueza social, desenvolvem a ciência e a tecnologia
e, com seu árduo trabalho, transformam continuamente o meio
ambiente humano. Com o progresso social e os avanços da pro-
dução, da ciência e da tecnologia, a capacidade do homem de
melhorar o meio ambiente aumenta a cada dia que passa.
335
pem equitativamente, nesse esforço comum. Homens de toda
condição e organizações de diferentes tipos plasmarão o meio
ambiente do futuro, integrando seus próprios valores e a soma
de suas atividades. As administrações locais e nacionais, e suas
respectivas jurisdições, são as responsáveis pela maior parte do
estabelecimento de normas e aplicações de medidas em grande
escala sobre o meio ambiente. Também se requer a cooperação
internacional com o fim de conseguir recursos que ajudem aos
países em desenvolvimento a cumprir sua parte nesta esfera.
Há um número cada vez maior de problemas relativos ao meio
ambiente que, por ser de alcance regional ou mundial ou por
repercutir no âmbito internacional comum, exigem uma am-
pla colaboração entre as nações e a adoção de medidas para as
organizações internacionais, no interesse de todos. A Conferên-
cia encarece aos governos e aos povos que unam esforços para
preservar e melhorar o meio ambiente humano em benefício do
homem e de sua posteridade.
336
II
PRINCÍPIOS
Princípio 1
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igual-
dade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio
ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna
e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e me-
lhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A
este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apar-
theid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e
outras formas de opressão e de dominação estrangeira são con-
denadas e devem ser eliminadas.
Princípio 2
Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra,
a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos
ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício das
gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planifi-
cação ou ordenamento.
Princípio 3
Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou melho-
rar a capacidade da terra em produzir recursos vitais renováveis.
Princípios 4
O homem tem a responsabilidade especial de preservar
e administrar judiciosamente o patrimônio da flora e da fauna
337
silvestres e seu habitat, que se encontram atualmente, em grave
perigo, devido a uma combinação de fatores adversos. Conse-
quentemente, ao planificar o desenvolvimento econômico deve-
-se atribuir importância à conservação da natureza, incluídas a
flora e a fauna silvestres.
Princípio 5
Os recursos não renováveis da Terra devem empregar-se
de forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se
assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios
de sua utilização.
Princípio 6
Deve-se por fim à descarga de substâncias tóxicas ou de ou-
tros materiais que liberam calor, em quantidades ou concentrações
tais que o meio ambiente não possa neutralizá-los, para que não
se causem danos graves ou irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se
apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a poluição.
Princípio 7
Os Estados deverão tomar todas as medidas possíveis para
impedir a poluição dos mares por substâncias que possam por
em perigo a saúde do homem, os recursos vivos e a vida mari-
nha, menosprezar as possibilidades de derramamento ou impe-
dir outras utilizações legítimas do mar.
Princípio 8
O desenvolvimento econômico e social é indispensável
para assegurar ao homem um ambiente de vida e trabalho favo-
rável e para criar na terra as condições necessárias de melhoria
da qualidade de vida.
338
Princípio 9
As deficiências do meio ambiente originárias das condi-
ções de subdesenvolvimento e os desastres naturais colocam
graves problemas. A melhor maneira de saná-los está no desen-
volvimento acelerado, mediante a transferência de quantidades
consideráveis de assistência financeira e tecnológica que com-
plementem os esforços internos dos países em desenvolvimento
e a ajuda oportuna que possam requerer.
Princípio 10
Para os países em desenvolvimento, a estabilidade dos pre-
ços e a obtenção de ingressos adequados dos produtos básicos e
de matérias primas são elementos essenciais para o ordenamen-
to do meio ambiente, já que há de se ter em conta os fatores eco-
nômicos e os processos ecológicos.
Princípio 11
As políticas ambientais de todos os Estados deveriam estar
encaminhadas par aumentar o potencial de crescimento atual ou
futuro dos países em desenvolvimento e não deveriam restringir
esse potencial nem colocar obstáculos à conquista de melhores
condições de vida para todos. Os Estados e as organizações in-
ternacionais deveriam tomar disposições pertinentes, com vis-
tas a chegar a um acordo, para se poder enfrentar as consequên-
cias econômicas que poderiam resultar da aplicação de medidas
ambientais, nos planos nacional e internacional.
Princípio 12
Recursos deveriam ser destinados para a preservação e me-
lhoramento do meio ambiente tendo em conta as circunstâncias
e as necessidades especiais dos países em desenvolvimento e
gastos que pudessem originar a inclusão de medidas de conser-
vação do meio ambiente em seus planos de desenvolvimento,
339
bem como a necessidade de oferecer-lhes, quando solicitado,
mais assistência técnica e financeira internacional com este fim.
Princípio 13
Com o fim de se conseguir um ordenamento mais racio-
nal dos recursos e melhorar assim as condições ambientais, os
Estados deveriam adotar um enfoque integrado e coordenado
de planejamento de seu desenvolvimento, de modo a que fique
assegurada a compatibilidade entre o desenvolvimento e a ne-
cessidade de proteger e melhorar o meio ambiente humano em
benefício de sua população.
Princípio 14
O planejamento racional constitue um instrumento indis-
pensável para conciliar as diferenças que possam surgir entre as
exigências do desenvolvimento e a necessidade de proteger e
melhorar o meio ambiente.
Princípio 15
Deve-se aplicar o planejamento aos assentamento humanos
e à urbanização com vistas a evitar repercussões prejudiciais so-
bre o meio ambiente e a obter os máximos benefícios sociais, eco-
nômicos e ambientais para todos. A este respeito devem-se aban-
donar os projetos destinados à dominação colonialista e racista.
Princípio 16
Nas regiões onde exista o risco de que a taxa de crescimen-
to demográfico ou as concentrações excessivas de população
prejudiquem o meio ambiente ou o desenvolvimento, ou onde,
a baixa densidade de população possa impedir o melhoramento
do meio ambiente humano e limitar o desenvolvimento, deve-
riam ser aplicadas políticas demográficas que respeitassem os
340
direitos humanos fundamentais e contassem com a aprovação
dos governos interessados.
Princípio 17
Deve-se confiar às instituições nacionais competentes a ta-
refa de planejar, administrar ou controlar a utilização dos recur-
sos ambientais dos estados, com o fim de melhorar a qualidade
do meio ambiente.
Princípio 18
Como parte de sua contribuição ao desenvolvimento eco-
nômico e social deve-se utilizar a ciência e a tecnologia para
descobrir, evitar e combater os riscos que ameaçam o meio am-
biente, para solucionar os problemas ambientais e para o bem
comum da humanidade.
Princípio 19
É indispensável um esforço para a educação em questões
ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos
e que preste a devida atenção ao setor da população menos
privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública
bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas
e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade
sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda
sua dimensão humana. É igualmente essencial que os meios de
comunicação de massas evitem contribuir para a deterioração do
meio ambiente humano e, ao contrário, difundam informação de
caráter educativo sobre a necessidade de protegê-lo e melhorá-lo,
a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.
Princípio 20
Devem-se fomentar em todos os países, especialmente nos
países em desenvolvimento, a pesquisa e o desenvolvimento
341
científicos referentes aos problemas ambientais, tanto nacionais
como multinacionais. Neste caso, o livre intercâmbio de infor-
mação científica atualizada e de experiência sobre a transferên-
cia deve ser objeto de apoio e de assistência, a fim de facilitar
a solução dos problemas ambientais. As tecnologias ambientais
devem ser postas à disposição dos países em desenvolvimento
de forma a favorecer sua ampla difusão, sem que constituam
uma carga econômica para esses países.
Princípio 21
Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e com
os princípios de direito internacional, os Estados têm o direito
soberano de explorar seus próprios recursos em aplicação de sua
própria política ambiental e a obrigação de assegurar-se de que
as atividades que se levem a cabo, dentro de sua jurisdição, ou
sob seu controle, não prejudiquem o meio ambiente de outros
Estados ou de zonas situadas fora de toda jurisdição nacional.
Princípio 22
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo
o direito internacional no que se refere à responsabilidade e à
indenização às vítimas da poluição e de outros danos ambientais
que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob o con-
trole de tais Estados causem à zonas fora de sua jurisdição.
Princípio 23
Sem prejuízo dos critérios de consenso da comunidade in-
ternacional e das normas que deverão ser definidas a nível nacio-
nal, em todos os casos será indispensável considerar os sistemas de
valores prevalecentes em cada país, e, a aplicabilidade de normas
que, embora válidas para os países mais avançados, possam ser ina-
dequadas e de alto custo social para países em desenvolvimento.
342
Princípio 24
Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se
com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões
internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio am-
biente. É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir
e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que as atividades
que se realizem em qualquer esfera, possam ter para o meio am-
biente, mediante acordos multilaterais ou bilaterais, ou por ou-
tros meios apropriados, respeitados a soberania e os interesses
de todos os estados.
Princípio 25
Os Estados devem assegurar-se de que as organizações in-
ternacionais realizem um trabalho coordenado, eficaz e dinâmi-
co na conservação e no melhoramento do meio ambiente.
Princípio 26
É preciso livrar o homem e seu meio ambiente dos efeitos
das armas nucleares e de todos os demais meios de destruição
em massa. Os Estados devem-se esforçar para chegar logo a um
acordo – nos órgãos internacionais pertinentes sobre a elimina-
ção e a destruição completa de tais armas.
343
2. CARTA DE BELGRADO, 1975
13 A 22 DE OUTUBRO DE 1975
SITUAÇÃO AMBIENTAL
344
minação. A forma anterior de tratar esses problemas cruciais de
maneira fragmentária tornou-se inviável.
É absolutamente vital que os cidadãos do mundo insistam
em medidas que apoiem um tipo de crescimento econômico
que não tenha repercussões prejudiciais para as pessoas, para o
seu ambiente e suas condições de vida. É necessário encontrar
maneiras de assegurar que nenhuma nação cresça ou se desenvolva
às custas de outra e que o consumo feito por um indivíduo não
ocorra em detrimento dos demais. Os recursos do mundo devem
ser desenvolvidos de modo a beneficiar toda a humanidade e
proporcionar melhoria da qualidade de vida de todos.
Nada mais necessitamos do que uma nova ética global.
Uma ética que defenda atitudes e comportamentos de indiví-
duos e sociedades consoantes com o espaço da humanidade na
biosfera; que reconheça e responda com sensibilidade aos rela-
cionamentos complexos e sempre mutantes entre a humanidade
e a natureza, e entre as pessoas. Devem ocorrer mudanças signi-
ficativas entre as nações do mundo para assegurar o tipo de de-
senvolvimento racional, dirigido por esse novo ideal global. Mu-
danças que serão direcionadas para uma distribuição equitativa
dos recursos do mundo e para satisfazer, de modo mais justo,
as necessidades de todos os povos. Esse novo tipo de desenvol-
vimento também exigirá a redução máxima dos efeitos nocivos
sobre o ambiente, a utilização de rejeitos para fins produtivos e
o projeto de tecnologias que permitirão que esses objetivos se-
jam atingidos. Acima de tudo, o mesmo será exigido para que
asseguremos a paz duradoura, através da coexistência e da coo-
peração entre as nações com sistemas sociais diferentes. Recur-
sos substanciais visando a satisfação das necessidades humanas
poderão ser obtidos restringindo-se os orçamentos militares e
reduzindo-se a concorrência na fabricação de armas. A meta fi-
nal deve ser o desarmamento.
345
Essas novas abordagens para o desenvolvimento e para a
melhoria do meio ambiente exigem uma reclassificação das
prioridades nacionais e regionais. Devem ser questionadas as
políticas que buscam maximizar a produção econômica sem
considerar suas consequências para a sociedade e para os recur-
sos dos quais depende a melhoria da qualidade de vida. Para
que se possa atingir essa mudança de prioridades, milhões de
pessoas terão que adequar as suas próprias e assumir uma ética
global individualizada e pessoal – e manifestar uma postura de
compromisso com a melhoria da qualidade do meio ambiente e
de vida para os povos do mundo.
A reforma dos processos e sistemas educacionais é decisiva
para a elaboração desta nova ética de desenvolvimento e de or-
dem econômica mundial. Governos e formuladores de políticas
podem ordenar mudanças e novas abordagens para o desenvol-
vimento, podem começar a melhorar as condições de convívio
do mundo, mas tudo isso não passa de soluções de curto prazo,
a menos que a juventude mundial receba um novo tipo de edu-
cação. Esta implicará um novo e produtivo relacionamento entre
estudantes e professores, entre escolas e comunidades, e entre o
sistema educacional e a sociedade em geral.
A Recomendação 96 da Conferência sobre o Meio Am-
biente Humano de Estocolmo pediu o desenvolvimento da Edu-
cação Ambiental como um dos elementos fundamentais para a
investida geral contra a crise ambiental do mundo. Essa nova
Educação Ambiental deve ser ampla, apoiada e vinculada aos
princípios básicos incluídos na Declaração das Nações Unidas
sobre a Nova Ordem Econômica Internacional.
É nesse contexto que devem ser colocados os fundamentos
para um programa mundial de Educação Ambiental que
possibilitará o desenvolvimento de novos conhecimentos e
habilidades, de valores e atitudes, enfim, um esforço visando a
346
melhor qualidade do ambiente e, sem dúvida, uma qualidade de
vida digna para as gerações presentes e futuras.
Metas Ambientais
347
2. Conhecimento: propiciar aos indivíduos e grupos so-
ciais uma compreensão básica sobre o ambiente como um todo,
os problemas a ele relacionados, e sobre a presença e o papel de
uma humanidade criticamente responsável em relação a esse
ambiente.
3. Atitudes: possibilitar aos indivíduos e grupos sociais a
aquisição de valores sociais, fortes vínculos afetivos com o am-
biente e motivação para participar ativamente na sua proteção e
melhoria.
4. Habilidades: propiciar aos indivíduos e aos grupos so-
ciais condições para adquirirem as habilidades necessárias à so-
lução dos problemas ambientais.
5. Capacidade de avaliação: estimular os indivíduos e os
grupos sociais a avaliarem as providências relativas ao ambiente
e aos programas educativos, quanto aos fatores ecológicos, polí-
ticos, econômicos, estéticos e educacionais.
6. Participação: contribuir com os indivíduos e grupos so-
ciais no sentido de desenvolverem senso de responsabilidade e
de urgência com relação aos problemas ambientais para assegu-
rar a ação apropriada para solucioná-los.
Público-alvo
348
Diretrizes Básicas dos programas de Educação Ambiental
1. A Educação Ambiental deve considerar o ambiente em
sua totalidade – natural e construído pelo homem, ecológico,
político, econômico, tecnológico, social, legislativo, cultural e
estético.
2. A Educação Ambiental deve ser um processo contínuo,
permanente, tanto dentro quanto fora da escola.
3. A Educação Ambiental deve conter uma abordagem
interdisciplinar.
4. A Educação Ambiental deve enfatizar a participação ati-
va na prevenção e solução dos problemas ambientais.
5. A Educação Ambiental deve examinar as principais ques-
tões ambientais do ponto de vista mundial, considerando, ao
mesmo tempo, as diferenças regionais.
6. A Educação Ambiental deve focalizar condições ambien-
tais atuais e futuras.
7. A Educação Ambiental deve examinar todo o desenvol-
vimento e crescimento do ponto de vista ambiental.
8. A Educação Ambiental deve promover o valor e a neces-
sidade da cooperação em nível local, nacional e internacional, na
solução dos problemas ambientais.
349
3. DECLARAÇÃO DE TBILISI, 1977
350
missão educativa. Os especialistas no assunto, e também aqueles
cujas ações e decisões podem repercutir significativamente no
meio ambiente, deverão receber, no decorrer da sua formação,
os conhecimentos e atitudes necessários, além de detectarem
plenamente o sentido de suas responsabilidades nesse aspecto.
Uma vez compreendida devidamente, a Educação Am-
biental deve constituir um ensino geral permanente, reagindo às
mudanças que se produzem num mundo em rápida evolução.
Esse tipo de educação deve também possibilitar ao indivíduo
compreender os principais problemas do mundo contemporâ-
neo, proporcionando-lhe conhecimentos técnicos e as qualida-
des necessárias para desempenhar uma função produtiva visan-
do à melhoria da vida e à proteção do meio ambiente, atendo-se
aos valores éticos. Ao adotar um enfoque global, fundamentado
numa ampla base interdisciplinar, a Educação Ambiental torna a
criar uma perspectiva geral, dentro da qual se reconhece existir
uma profunda interdependência entre o meio natural e o meio
artificial. Essa educação contribui para que se exija a continuida-
de permanente que vincula os atos do presente às consequências
do futuro; além disso, demonstra a interdependência entre as
comunidades nacionais e a necessária solidariedade entre todo
o gênero humano.
A Educação Ambiental deve ser dirigida à comunidade des-
pertando o interesse do indivíduo em participar de um processo
ativo no sentido de resolver os problemas dentro de um contexto
de realidades específicas, estimulando a iniciativa, o senso de res-
ponsabilidade e o esforço para construir um futuro melhor. Por
sua própria natureza, a Educação Ambiental pode, ainda, contri-
buir satisfatoriamente para a renovação do processo educativo.
Visando atingir esses objetivos, a Educação Ambiental exi-
ge a realização de certas atividades específicas, de modo a preen-
cher as lacunas que ainda existem em nossos sistemas de ensino,
apesar das inegáveis tentativas feitas até agora.
351
Consequentemente, a Conferência de Tbilisi:
352
4. DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
321 Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de junho de 2012 –
Seção 1, p. 70.
353
todos os níveis de ensino, objetivando capacitá-la para a partici-
pação ativa na defesa do meio ambiente;
A Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), prevê que na formação bási-
ca do cidadão seja assegurada a compreensão do ambiente natu-
ral e social; que os currículos do Ensino Fundamental e do Médio
devem abranger o conhecimento do mundo físico e natural; que
a Educação Superior deve desenvolver o entendimento do ser
humano e do meio em que vive; que a Educação tem, como uma
de suas finalidades, a preparação para o exercício da cidadania;
A Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999, regulamentada pelo
Decreto n.º 4.281, de 25 de junho de 2002, dispõe especifica-
mente sobre a Educação Ambiental (EA) e institui a Política
Nacional de Educação Ambiental (Pnea), como componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo;
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Bási-
ca em todas as suas etapas e modalidades reconhecem a relevân-
cia e a obrigatoriedade da Educação Ambiental;
O Conselho Nacional de Educação aprovou o Parecer
CNE/CP n.º 8, de 6 de março de 2012, homologado por Des-
pacho do Senhor Ministro de Estado da Educação, publicado
no DOU, de 30 de maio de 2012, que estabelece as Diretrizes
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos incluindo os
direitos ambientais no conjunto dos internacionalmente reco-
nhecidos, e define que a educação para a cidadania compreende
a dimensão política do cuidado com o meio ambiente local, re-
gional e global;
O atributo “ambiental” na tradição da Educação Ambiental
brasileira e latinoamericana não é empregado para especificar
um tipo de educação, mas se constitui em elemento estruturante
que demarca um campo político de valores e práticas, mobili-
354
zando atores sociais comprometidos com a prática político-pe-
dagógica transformadora e emancipatória capaz de promover a
ética e a cidadania ambiental;
O reconhecimento do papel transformador e emancipató-
rio da Educação Ambiental torna-se cada vez mais visível dian-
te do atual contexto nacional e mundial em que a preocupação
com as mudanças climáticas, a degradação da natureza, a redu-
ção da biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais,
as necessidades planetárias evidencia-se na prática social,
RESOLVE:
TÍTULO I
OBJETO E MARCO LEGAL
CAPÍTULO I
OBJETO
355
II – estimular a reflexão crítica e propositiva da inserção da
Educação Ambiental na formulação, execução e avaliação dos
projetos institucionais e pedagógicos das instituições de ensino,
para que a concepção de Educação Ambiental como integrante
do currículo supere a mera distribuição do tema pelos demais
componentes;
III – orientar os cursos de formação de docentes para a
Educação Básica;
IV – orientar os sistemas educativos dos diferentes entes
federados.
Art. 2.º – A Educação Ambiental é uma dimensão da edu-
cação, é atividade intencional da prática social, que deve impri-
mir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua re-
lação com a natureza e com os outros seres humanos, visando
potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la
plena de prática social e de ética ambiental.
Art. 3.º – A Educação Ambiental visa à construção de conhe-
cimentos, ao desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores so-
ciais, ao cuidado com a comunidade de vida, a justiça e a equidade
socioambiental, e a proteção do meio ambiente natural e construído.
Art. 4.º – A Educação Ambiental é construída com respon-
sabilidade cidadã, na reciprocidade das relações dos seres huma-
nos entre si e com a natureza.
Art. 5.º – A Educação Ambiental não é atividade neutra,
pois envolve valores, interesses, visões de mundo e, desse modo,
deve assumir na prática educativa, de forma articulada e interde-
pendente, as suas dimensões política e pedagógica.
Art. 6.º – A Educação Ambiental deve adotar uma aborda-
gem que considere a interface entre a natureza, a sociocultura, a
produção, o trabalho, o consumo, superando a visão despolitiza-
da, acrítica, ingênua e naturalista ainda muito presente na prática
pedagógica das instituições de ensino.
356
CAPÍTULO II
MARCO LEGAL
357
de atuação, com o propósito de atender de forma pertinente ao
cumprimento dos princípios e objetivos da Educação Ambiental.
TÍTULO II
PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
358
existência e permanência e o valor da multiculturalidade e plurietni-
cidade do país e do desenvolvimento da cidadania planetária.
CAPÍTULO II
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
359
social, étnica, racial e de gênero, e o diálogo para a convivência
e a paz;
IX – promover os conhecimentos dos diversos grupos sociais
formativos do país que utilizam e preservam a biodiversidade.
Art. 14 – A Educação Ambiental nas instituições de ensino,
com base nos referenciais apresentados, deve contemplar:
I – abordagem curricular que enfatize a natureza como fonte
de vida e relacione a dimensão ambiental à justiça social, aos di-
reitos humanos, à saúde, ao trabalho, ao consumo, à pluralidade
étnica, racial, de gênero, de diversidade sexual, e à superação do
racismo e de todas as formas de discriminação e injustiça social;
II – abordagem curricular integrada e transversal, contínua
e permanente em todas as áreas de conhecimento, componentes
curriculares e atividades escolares e acadêmicas;
III – aprofundamento do pensamento crítico-reflexivo me-
diante estudos científicos, socioeconômicos, políticos e históri-
cos a partir da dimensão socioambiental, valorizando a partici-
pação, a cooperação, o senso de justiça e a responsabilidade da
comunidade educacional em contraposição às relações de domi-
nação e exploração presentes na realidade atual;
IV – incentivo à pesquisa e à apropriação de instrumentos
pedagógicos e metodológicos que aprimorem a prática discente
e docente e a cidadania ambiental;
V – estímulo à constituição de instituições de ensino como
espaços educadores sustentáveis, integrando proposta curricu-
lar, gestão democrática, edificações, tornando-as referências de
sustentabilidade socioambiental.
360
TÍTULO III
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
361
II – como conteúdo dos componentes já constantes do
currículo;
III – pela combinação de transversalidade e de tratamento
nos componentes curriculares. Parágrafo único. Outras formas
de inserção podem ser admitidas na organização curricular da
Educação Superior e na Educação Profissional Técnica de Nível
Médio, considerando a natureza dos cursos.
I – estimular:
a) visão integrada, multidimensional da área ambiental,
considerando o estudo da diversidade biogeográfica e seus pro-
cessos ecológicos vitais, as influências políticas, sociais, econô-
micas, psicológicas, dentre outras, na relação entre sociedade,
meio ambiente, natureza, cultura, ciência e tecnologia;
b) pensamento crítico por meio de estudos filosóficos,
científicos, socioeconômicos, políticos e históricos, na ótica da
sustentabilidade socioambiental, valorizando a participação, a
cooperação e a ética;
c) reconhecimento e valorização da diversidade dos múl-
tiplos saberes e olhares científicos e populares sobre o meio
ambiente, em especial de povos originários e de comunidades
tradicionais;
d) vivências que promovam o reconhecimento, o respeito,
a responsabilidade e o convívio cuidadoso com os seres vivos e
seu habitat;
e) reflexão sobre as desigualdades socioeconômicas e seus
impactos ambientais, que recaem principalmente sobre os gru-
pos vulneráveis, visando à conquista da justiça ambiental;
362
f) uso das diferentes linguagens para a produção e a socia-
lização de ações e experiências coletivas de educomunicação, a
qual propõe a integração da comunicação com o uso de recursos
tecnológicos na aprendizagem.
II – contribuir para:
a) o reconhecimento da importância dos aspectos consti-
tuintes e determinantes da dinâmica da natureza, contextuali-
zando os conhecimentos a partir da paisagem, da bacia hidro-
gráfica, do bioma, do clima, dos processos geológicos, das ações
antrópicas e suas interações sociais e políticas, analisando os
diferentes recortes territoriais, cujas riquezas e potencialidades,
usos e problemas devem ser identificados e compreendidos se-
gundo a gênese e a dinâmica da natureza e das alterações provo-
cadas pela sociedade;
b) a revisão de práticas escolares fragmentadas, buscando
construir outras práticas que considerem a interferência do am-
biente na qualidade de vida das sociedades humanas nas diver-
sas dimensões local, regional e planetária;
c) o estabelecimento das relações entre as mudanças do cli-
ma e o atual modelo de produção, consumo, organização social,
visando à prevenção de desastres ambientais e à proteção das
comunidades;
d) a promoção do cuidado e responsabilidade com as diver-
sas formas de vida, do respeito às pessoas, culturas e comunidades;
e) a valorização dos conhecimentos referentes à saúde am-
biental, inclusive no meio ambiente de trabalho, com ênfase na
promoção da saúde para melhoria da qualidade de vida;
f) a construção da cidadania planetária a partir da perspec-
tiva crítica e transformadora dos desafios ambientais a serem en-
frentados pelas atuais e futuras gerações.
363
III – promover:
a) observação e estudo da natureza e de seus sistemas de
funcionamento para possibilitar a descoberta de como as formas
de vida relacionam-se entre si e os ciclos naturais interligam-se e
integram-se uns aos outros;
b) ações pedagógicas que permitam aos sujeitos a com-
preensão crítica da dimensão ética e política das questões so-
cioambientais, situadas, tanto na esfera individual como na es-
fera pública;
c) projetos e atividades, inclusive artísticas e lúdicas, que
valorizem o sentido de pertencimento dos seres humanos à na-
tureza, à diversidade dos seres vivos, às diferentes culturas locais,
à tradição oral, entre outras, inclusive desenvolvidas em espaços
nos quais os estudantes se identifiquem como integrantes da na-
tureza, estimulando a percepção do meio ambiente como funda-
mental para o exercício da cidadania;
d) experiências que contemplem a produção de conheci-
mentos científicos, socioambientalmente responsáveis, a intera-
ção, o cuidado, a preservação e o conhecimento da sociobiodi-
versidade e da sustentabilidade da vida na Terra;
e) trabalho de comissões, grupos ou outras formas de atua-
ção coletiva favoráveis à promoção de educação entre pares, para
participação no planejamento, execução, avaliação e gestão de
projetos de intervenção e ações de sustentabilidade socioam-
biental na instituição educacional e na comunidade, com foco na
prevenção de riscos, na proteção e preservação do meio ambiente
e da saúde humana e na construção de sociedades sustentáveis.
364
TÍTULO IV
SISTEMAS DE ENSINO E REGIME DE COLABORAÇÃO
365
nidades, integrando currículos, gestão e edificações em relação
equilibrada com o meio ambiente, tornando-se referência para
seu território.
Art. 22 – Os sistemas de ensino e as instituições de pesqui-
sa, em regime de colaboração, devem fomentar e divulgar estu-
dos e experiências realizados na área da Educação Ambiental.
§ 1.º Os sistemas de ensino devem propiciar às instituições
educacionais meios para o estabelecimento de diálogo e parceria
com a comunidade, visando à produção de conhecimentos sobre
condições e alternativas socioambientais locais e regionais e à
intervenção para a qualificação da vida e da convivência saudável.
§ 2.º Recomenda-se que os órgãos públicos de fomento
e financiamento à pesquisa incrementem o apoio a projetos
de pesquisa e investigação na área da Educação Ambiental,
sobretudo visando ao desenvolvimento de tecnologias
mitigadoras de impactos negativos ao meio ambiente e à saúde.
Art. 23 – Os sistemas de ensino, em regime de colaboração,
devem criar políticas de produção e de aquisição de materiais di-
dáticos e paradidáticos, com engajamento da comunidade edu-
cativa, orientados pela dimensão socioambiental.
Art. 24 – O Ministério da Educação (MEC) e os corres-
pondentes órgãos estaduais, distrital e municipais devem incluir
o atendimento destas Diretrizes nas avaliações para fins de cre-
denciamento e recredenciamento, de autorização e renovação
de autorização, e de reconhecimento de instituições educacio-
nais e de cursos.
Art. 25 – Esta Resolução entra em vigor na data de sua
publicação.
366
Este livro foi impresso em Manaus, em novembro de
2017. O projeto gráfico (miolo e capa) foi feito
pela Valer Editora.