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I - INTRODUÇÃO:
II - TAREFAS DA TEOLOGIA
1
Itálico nosso.
2
Para uma leitura mais extensa e mais aprofundada sobre as tarefas teológicas, ler LIBANIO & MURAD.
III – PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
4
Segue-se a abordagem de Mondin, em seu texto: “Os dois Princípios Supremos da Teologia e da Antropologia teológica”.
princípio hermenêutico” (MONDIN, 1986. Pág. 10). 5 No entanto, o mesmo
Barth6 reconhece que
hegelianismo platonismo
aristotelismo kantismo
tomismo existencialismo
positivismo humanismo
secularismo evolucionismo
relativismo racionalismo
ceticismo estoicismo
epicurismo e outras
5
Sugere-se a leitura da introdução da Teologia Sistemática de Paul Tillich: ponto nº 06 (Teologia e Filosofia).
6
BARTH, Karl. Die lehre vom Worte Gottes. Prolegomena zur christlicher Dogmatik. Munique, 1938, pp. 404-406. Obra
referenciada por Mondin.
7
É o caso de Rudolf Bultmann, dito literalmente pelo mesmo em seu “Jesus Cristo e Mitologia”, pág. 37.
8
Este teólogo não será necessariamente dirigido por amarras religiosas-denominacionais.
IV - EXEGESE E HERMENÊUTICA – CONCEITOS E TAREFAS
MEMORIZAR
Métodos de abordagem Plano geral do trabalho; fundamentos lógicos;
processo de raciocínio.
Métodos de procedimentos Etapas que levam ao objetivo da pesquisa/trabalho.
11
Explicação do autor deste trabalho.
12
Dirigido exclusivamente pelas sensações (emoções).
13
Para conhecimento de uma abordagem bem colocada sobre os três métodos, sugerimos a leitura de Hodge, na introdução
de sua teologia Sistemática.
Com o MÉTODO DEDUTIVO (especulativo) (MA) uma teologia é levada a
conformar-se a princípios filosóficos ou teológicos previamente estabelecidos.
Este método destina-se mesmo a demonstrar decorrências e a justificar
pressupostos. Este método gera enunciados analíticos. Ou seja, a partir de
“postulados e teoremas”14 chega-se a uma conclusão particular (SALOMON,
2001. Pág. 157). É o inverso do método indutivo (sintético). 15 Portanto, se
uma teologia tem como princípio diretor o teísmo, ou o deísmo, ou o
panteísmo, ou ainda o racionalismo, ou quaisquer outros ísmos, filosóficos
ou teológicos, poderá fazer com que suas conclusões particulares
conformem-se a um daqueles ísmos ou visões de mundo. Como também
pode acontecer de confissões doutrinárias condicionarem os resultados do
trabalho exegético. Se um teólogo dá por verdadeira os dogmas de uma
determinada confissão, necessariamente o seu falar condicionará toda a sua
interpretação àquela.
Pela caracterização de Libanio, a teologia dedutiva é uma “teologia de
cima” (katáa,basij – “a partir de cima”). Significa que é uma teologia que parte
de um ponto de autoridade já estabelecido de antemão (um dogma, por
exemplo). Na idade Média, o exemplo basilar é o de Tomaz de Aquino (1224-
1274). O doutor aquinense diz:
Uma vez que bem é tudo o que é apetecível e uma vez que a cada
natureza apetece seu ser e sua perfeição, cumpre dizer que o ser e a
perfeição de qualquer natureza são essencialmente bem. 16 Portanto,
não pode acontecer que mal signifique algum ser, alguma forma ou
natureza;17 conclui-se, pois, que significa apenas a ausênci a do
bem (AQUINO, 1954. Pág. 48).
20
Observe-se que no caso da citação feita da Suma Teológica o princípio maior é também uma verdade filosófica.
No caso desta apresentação da exegese bíblica, trabalha-se com
métodos de procedimentos, priorizando-se, relativamente, o método de
abordagem indutivista. Sem esquecer que este método é passível de
questionamentos. Para tanto, leia-se Chalmers 21. Mais: aqui não se prioriza
nem o indutivismo existencialista nem o metodológico. 22 Ambos são
passíveis de apreciação.
Serão explicados aqui os seguintes métodos de procedimentos:
Fundamentalista;
Histórico-crítico;
Estruturalista;
Existencialista; 23
Confessional;
Histórico-gramatical;
Os métodos das ciências sociais. Quanto a estes últimos, leia-se:
21
CHALMERS, Alan F. O que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
22
A abordagem existencialista prioriza a vivência humana; enquanto a abordagem puramente metodológica prioriza apenas
os dados bíblicos.
23
Uma tentativa de síntese entre teologia bíblica e existencialismo filosófico. No caso de Bultmann, a desmitologização é
um método hermenêutico com direção existencialista (Bultmann, 2000. Pág. 37).
O teólogo contemporâneo, Paul Tillich (1886 – 1965), menciona a
necessidade de se distinguir a ortodoxia 24 do fundamentalismo, visto o
período ortodoxo no protestantismo ter “muito pouco a ver com o que se
chama de fundamentalismo nos Estados Unidos” 25 (TILLICH, 1999. Pág. 43).
A ortodoxia refere-se à época escolástica da história protestante e o próprio
movimento protestante foi um desenvolvimento da ortodoxia escolástica.
Para Tillich, a ortodoxia protestante era criativa, enquanto o
fundamentalismo não dispõe desta faculdade.
Em sua Teologia Sistemática, Tillich diz:
O método diz-se histórico por lidar com fontes históricas que datam
de milênios atrás. Este método leva em consideração a evolução histórica
pela qual os documentos (no caso, os documentos bíblicos) passaram.
Significa dizer que aconteceram muitos estágios para que o texto estudado
chegasse ao ponto em que se encontra.
O método diz-se ainda crítico face à emissão de juízos sobre as fontes
históricas que estuda.
Desde o seu surgimento, o método é caracterizado pela racionalidade e
por uma postura profundamente questionadora.
É importante observar que este método de procedimento “dá-se de
bandeja” ao método de abordagem chamado indutivista, graças ao
procedimento consideravelmente analítico.
Crítica da forma (estudo dos gêneros de tradições oral). Esta crítica visa
isolar unidades menores, características da tradição, que se considerava
serem orais na sua origem e altamente convencionais na sua estrutura e
linguagem. Entraram no texto por interpolação;27
A Crítica da Forma mostra que não é possível falar sobre o AT como um
sistema unificado de pensamento. Principalmente se é levado em
consideração o método diacrônico proposto por Gerhard von Rad. Para von
26
Sugere-se a leitura do texto na página: http://www.ouviroevento.pro.br/biblicoteologicos/glossario.htm
27
Inserção de um texto entre partes de outro texto (João 5:4, por exemplo).
Rad, há, na verdade, uma teologia de colcha de retalhos no AT 28: tradições
históricas e proféticas de Israel, de acordo com as múltiplas fontes que
compõem o texto do Antigo Testamento, nos diversos períodos da evolução
da sua religião. Na se trata assim de teologia revelada progressivamente,
mas de uma teologia elaborada evolutivamente.
Crítica das fontes (estudo das fontes escritas básicas). O conhecimento que
hoje se tem das quatro fontes literárias do Pentateuco ou Hexateuco deve-se
a esse tipo de estudo. Foi este estudo que descobriu que “os livros proféticos
não só continham as palavras do profeta original mencionado, mas também
numerosas adições e revisões no decorrer do tempo” (GOTTWALD, 1988.
Pág. 24); No caso da história de Israel, diz-se que a mesma é reconstruída à
luz das múltiplas fontes que supostamente subjazem ao texto canônico do
Antigo Testamento. Os livros do Hexateuco são assim resultados de várias
fontes utilizadas em sua composição.
Por estas cinco tarefas, percebe-se que esse não é um método fácil de
praticar. Para exercê-lo, o exegeta precisa despender tempo considerável e
esforço resistente. Caso contrário, não haverá resultado satisfatório e mesmo
convincente.
28
Sugere-se aqui a leitura da Teologia do Antigo Testamento de Gerhard von Rad.
29
O Estruturalismo assume a postura do trabalho sincrônico.
30
Parêntese nosso.
31
O método histórico-crítico, por sua vez, atenderia a interesses tais.
literatura é em si mesma completa; não depende de explicações que lhe
sejam externas. O texto literário, em si, basta-se a si mesmo. O
Estruturalismo enquadra a Bíblia, como literatura, nessa concepção. Isso
não significa que este método desabone absolutamente outros métodos. Na
verdade, outros métodos não são do seu interesse primário do
Estruturalismo e, talvez, nem mesmo de seu interesse secundário. Isso deve
ser levado em consideração, pois que seus adeptos não convergem
absolutamente em tudo que ensinam.32
O ponto de partida comum a todos os estruturalistas prescreve que “o
texto como estrutura e organização... produz sentido para além da intenção
de seu autor” (WEGNER, 1998. Pág. 16). De outra forma, é como dizer que o
texto é como um filho que segue seu caminho, de certo modo, à revelia do
seu pai, o autor.
Existem perguntas chaves com as quais o método Estruturalista
trabalha. Perguntas estas que podem dar uma idéia do caminho seguido
pelos seus exegetas. São perguntas como: “Como funciona o texto? Como
produz seu sentido? Que se passa no texto em si? Que operações de lógica,
afirmação, negação e oposição existem no texto?” (WEGNER, 1998. Pág. 16).
É toda uma busca de significados lingüístico-literários. Para mais
informações sobre o método remeta-se o leitor ao livro de Wegner, “Exegese
do Novo Testamento”, da editora Paulus e Sinodal; como também à obra de
Gottwald: Introdução Socioliterária à Bíblia Hebraica, das Edições Paulinas. O
ponto crítico é que este método pode ser visto como reducionista. Afinal, que
texto seria suficientemente esgotado em seu sentido por uma única
abordagem exegética?
A título de exemplo, serve aqui o texto de Gênesis, capítulo três. Pode-
se observar naquele texto farto material favorável ao método estruturalista. A
estrutura de oposições faz-se real: serpente / Senhor; fruto permitido / fruto
proibido; árvore da vida / árvore da morte; a palavra do Senhor / a palavra
da serpente; o bem / o mal; A narrativa possui dois tempos: diálogo com a
serpente / diálogo com o Senhor; antes, inocência / depois, culpa; antes, a
cumplicidade do casal / depois, a acusação contra a mulher (perda de
cumplicidade). Percebe-se no texto toda uma cadeia de oposições que tem
como eixo o bem e o mal como oposições principais.
Existe ainda uma possibilidade de avançar nesta análise, percebendo-
se as representações exercidas pelas personagens do texto. A serpente: a
religião de Canaã; Adão e Eva: o povo de Israel (opondo-se uma à outra).
Estas representações fundamentais podem ser desenvolvidas em termos de
comentário ao ponto de toda uma explicação do enredo vivido pelo povo de
Israel no confronto com a cultura cananéia, representada pela serpente.
Percebe-se aqui a possibilidade de síntese entre o método
estruturalista e o método histórico-crítico.
32
Leve-se isto em consideração também em relação aos demais métodos.
O método existencialista surgiu por obra do exegeta Rudolf Bultmann.
A partir de filósofos existencialistas (Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger),
Bultmann conseguiu elaborar um método hermenêutico para interpretar o
Novo Testamento. Tal método foi também aplicado ao Antigo Testamento
(Gerhard von Rad). O método Bultmanniano aproxima-se do texto bíblico
interpretando-o como “modelos ou paradigmas da situação humana
enfrentada com crise” (GOTTWALD, 1988. Pág. 31). Textualmente, Bultmann
diz que “a demitologização é um método hermenêutico, quer dizer, um
método de interpretação, de exegese” (BULTMANN, 1999. Pág. 69). É essa
demitologização que interpreta os eventos da revelação como modelos de
existência. Por outras palavras, Bultmann desveste o conteúdo da revelação
da roupagem cultural do tempo bíblico e situa esse mesmo conteúdo no
nosso tempo, com uma abordagem que leva em consideração a nova
cosmologia e uma nova cultura, que o homem contemporâneo possui. É
neste sentido que se diz que as compreensões de existência e de mundo de
uma época são diferentes das compreensões de outra época. Partindo disso,
a Bíblia recebe uma abordagem existencialista, consequentemente
humanista, já que não é possível interpretar-se sem pressupostos de época.
Ou seja, todo intérprete está atrelado à compreensão de mundo mantida
pela sua sociedade, e tal compreensão é expressa na sua elaboração
hermenêutica. Bultmann repassa esse problema, mostrando como a
compreensão de “espírito” é diferente em diferentes épocas. 33 Eis assim uma
hermenêutica da própria hermenêutica.
Para Bultmann, “a concepção do universo no Novo Testamento é
mítica” (BULTMANN, 1999. Pág. 05). Não somente a concepção do universo,
como também toda a compreensão dos eventos na vida do filho de Deus está
em linguagem mitológica. Em contrapartida, o homem moderno não tem a
mesma concepção de mundo. Dá-se assim a tarefa do teólogo: “vestir” o
conteúdo bíblico, verdadeiro, com a contingente concepção moderna de
mundo. Portanto, a demitologização é um método existencialista que aplica o
texto bíblico à existência do homem atual.
A figura abaixo representa bem a visão bíblica do cosmos.
34
Ir ao ponto 6.1: Época Patrística (100 - 600 d.C.).
35
§ IX do capítulo I da Confissão de Fé de Westminster (idêntico ao mesmo parágrafo da Confissão de Fé Batista de 1689).
36
Tradição; decisão eclesiástica; filosofia; intuição espiritual; etc.
37
Ir ao ponto 6.2: Interpretação Medieval (500 - 1500 d.C.).
38
Citado por Ralph A. Bohlmann.
39
Dito assim, levanta-se um problema teológico. Há um radicalização de uma compreensão (e limitação) acerca da atuação do Espírito
Santo.
serem suficientemente conhecidos, são considerados espúrios e contrários
ao cristianismo.
A seguir, apresenta-se uma perspectiva histórica resumida da
hermenêutica, visando esclarecer algumas desinformações vigentes no meio
acadêmico-estudantil.
40
Um fato curioso na história judaica quanto ao tratamento das Escrituras é o empreendimento massorético no século VII d.C. salvando a
pronúncia hebraica do A.T. e inventando a pontuação que identifica os sons vocálicos para pronúncia correta da língua hebraica.
filosófico e 5) místico. Orígenes 41 apresentava três níveis de sentidos para as
Escrituras: 1) Sentido somático, literal ou filológico, o mesmo que histórico
literal (acessível a todas as pessoas); 2) Sentido psíquico ou moral (caráter
existencial); e 3) Sentido alegórico, pneumático, ou espiritual (místico). É este
terceiro sentido que elucida o significado oculto nos textos (TILLICH, 2000.
Pág. 74-75). Teodoro de Mopsuéstia (350-428) e João Crisóstomo, ambos
defensores da interpretação literal.
A escola de Antioquia foi a predecessora da ênfase teológica moderna
no Jesus histórico. São os princípios desta escola (interpretação literal) que
influenciam os evangélicos modernos em sua hermenêutica, mais
especificamente os fundamentalistas e uma boa representação dos
conservadores. No Ocidente surgiu uma interpretação considerada
intermediária às duas escolas citadas acima. Elementos alexandrinos e
antioquianos juntamente com a estima a autoridade da tradição da Igreja,
marcavam esta terceira visão. Seus expoentes: Hilário, Ambrósio, Agostinho
e Jerônimo (traduziu a Vulgata latina). Os dois últimos influenciaram a
Igreja do Ocidente determinando, inclusive, a canonização do Novo
Testamento, em 397 d.C., no concílio de Cartago.
41
Ver anexo: um exemplo de interpretação alegórica feita por Orígenes.
6.3. O PERÍODO PÓS-IDADE MÉDIA (1550 -1800)
VII - CONCLUSÃO: