Módulo 1
Compreender o modelo andragógico de Malcolm Knowles
Definição
Esclarecimento de como pesquisadores de várias áreas evidenciaram a
capacidade de aprendizagem de adultos a partir de metodologias adequadas.
Propósito
Apresentar as teorias de Knowles, Furter e Feuerstein que incorporam o valor
das experiências, da autonomia, da maturidade e da finalidade nos processos de
aprendizagem de adultos.
Objetivos
Introdução
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Esses conceitos, embora tratem da mesma temática, trazem em si seus
diferenciais. A preocupação com o aprendiz adulto é um ponto em comum, assim
como dar soluções e fazer com que ele se mantenha em ambientes favoráveis para
o seu bem-estar, desempenhando tarefas e participando de ações educacionais
para enfrentar suas realidades.
Saiba mais
Lifelong learning é o conceito que aborda a mudança das sociedades com
relação ao tempo. Uma vez que a expectativa de vida delas é quase dobrada,
ocorre uma crise entre o aprendizado tradicional e a base do novo aprendizado.
Nesse contexto, a nova tecnologia torna-se uma demanda e não uma escolha
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cumprir seus estudos. Por conseguinte, os autores restituem a esperança da
aprendizagem de adultos em virtude das possibilidades de expansão dessas
competências para continuar aprendendo.
Módulo 1
Compreender o modelo andragógico de
Malcolm Knowles
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especializado em educação de adultos chamado Dusan Savicevic, que na década
de 1960 frequentou a Universidade de Boston onde ambos tiveram contato.
Andragogia
Importante
Barros (2018) reconhece um ponto de convergência marcante entre
Knowles e Paulo Freire, o renomado educador brasileiro, que também criou
métodos de ensino-aprendizagem de adultos, principalmente ligados à
alfabetização. Esse ponto não está somente relacionado ao método de
alfabetização, nem ao modelo dialógico, mas à crença na capacidade de
autonomia que o adulto tem para tomar decisões relativas à aprendizagem e para
acreditar em seu potencial.
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período escolar deveria ser atualizado, revisado e ampliado para abranger as novas
necessidades da sociedade e da produção no trabalho.
O adulto teria que conhecer as novidades, revisar suas capacidades e
competências, voltar à vida escolar e fazer cursos para acompanhar as novas
demandas do mundo do trabalho. Mas, segundo Knowles, esse estudante seria
visto de modo diferente, principalmente por conta da sua maturidade e da diferente
condição para os estudos.
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autor preocupava-se com a maturidade construída ao longo da vida desses
aprendizes, suas experiências, a consciência sobre suas opções, sobre o que e de
que modo estudar, a sua relação de mediação educacional com seus professores
ou tutores, entre outros aspectos.
O adulto se autodirige e pode, consequentemente, autogerir seu processo de
aprendizagem, uma vez que é consciente sobre o ato de aprender. Nessa
perspectiva, Knowles faz ponderações não só sobre os conteúdos e a metodologia
de ensino adequados, como também sobre as relações de aprendizagem que
devem ser estabelecidas entre os sujeitos envolvidos, sejam colegas ou
professores. Para o autor, o aprendiz adulto deseja ser reconhecido nessas
capacidades de aprender com o outro e ser mediado por profissionais preparados
para tratar seus diferenciais.
Exemplo
Conhece esta fábula?
O pescador respondeu que não sabia ler e escrever. Ouvindo isso, o senhor rico
alegou que o pescador havia perdido a metade da sua vida.
O homem culto falou que não sabia nadar e perguntou ao barqueiro o que fazer. A
resposta que recebeu foi:
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“Nadar. Se você não sabe, perdeu sua vida inteira.”.
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Primeiro, observa-se a negação: “eu não aprendo mais.”
Depois, o desafio: “poxa, se todos conseguem, eu consigo”,
motivando-se.
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viu, é fácil!”. Ele não pensa, pois introjetou a operação, mas o adulto que não sabe
precisa construí-la.
Isso pode ocorrer com o auxílio de um jovem, que ainda guarda em si as dores de
uma queda, ou de um profissional, que sabe como seu corpo irá mediar esse novo
conhecimento e achar na experiência as respostas.
Pedagogia e Andragogia
Antes de entrarmos nas questões relacionadas ao modelo de Knowles,
destacaremos a diferença entre Pedagogia e Andragogia. No vídeo a seguir, a
professora Marilene Garcia nos explica a diferença entre Pedagogia e Andragogia,
exemplificando essa relação. Vamos assistir! (Video)
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to andragogy (1980), ao substituir “versus” por “de... para", procurando passar uma
ideia de continuidade e não de ruptura entre as duas ciências (BARROS, 2018).
Saiba mais
De acordo com Oliveira (2019), a palavra Pedagogia tem sua origem no grego
antigo e é formada pelos elementos: paid, que significa criança, e I, que significa
indicar ou conduzir a um caminho. Já Andragogia, também de origem grega, é
formada pelos elementos: añer e andr, cujos significados são adulto e agogus.
Veja a relação comparativa, a partir de Knowles (1970, 1980), entre os
modelos pedagógico e andragógico.
Pedagogia Andragogia
Foco no aluno em formação. Foco no aluno e na retomada de seus estudos.
A formação escolar desse aluno, para atender A formação continuada desse aluno depende da
aos requisitos mínimos educacionais, é de sua escolha e de outras formas de demanda
responsabilidade da família e da sociedade, que que o impulsionem a fazer novos cursos e a se
o direciona à educação formal. preparar para a vida profissional.
Para esse aluno, o currículo é pensado para O aluno terá propostas de estudos baseadas
proporcionar uma formação mais geral, com em currículos mais personalizados, que atinjam
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várias matérias. objetivos mais pontuais.
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Prontidão para aprendizagem: o adulto demonstra uma inclinação especial pela
aprendizagem de conteúdos relacionados às situações reais de sua vida.
Aplicação do que aprende: o adulto visa normalmente
aprender algo que tenha aplicação imediata. Assim, uma
possibilidade sugerida é trabalhar metodologias orientadas
a problemas, contextualizadas de acordo com os
interesses da classe.
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que ele cursasse Direito para, no futuro, confrontar o patrão; outro ainda dizia:
“Estudar não adianta nada. Deixa de bobeira!”
Ademir voltou a estudar no supletivo à
noite. Pensava em terminar o ensino
médio e ir à faculdade, mas era difícil, já
que estava cansado, tinha problemas em
casa, filhos, esposa, chefe... Perguntava-
se: “O que eu faço na escola?”
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aprendizado do adulto é diferente do da criança. Não adianta criar uma métrica de
alcance. Uma vez traçada uma meta em conjunto entre o professor e os alunos,
eles devem desenvolver, então, processos que permitam que tais metas sejam
atendidas. Logo, valorizar a autonomia e a capacidade de aprender, dar sentido aos
conhecimentos, valorizando as experiências e as expectativas. Com essa base,
direcionar e demonstrar a aplicabilidade. A motivação do adulto em se transformar
pela educação, associada ao respeito pelos conhecimentos que ele possui, é a
chave da motivação. Ademir queria uma vida diferente; não sabia como; buscou o
caminho da educação. O desestímulo poderia ser fatal na sua confiança e
motivação, o que levaria o processo andragógico ao fracasso. Entendendo isso, a
professora poderia criar, vincular, organizar seu planejamento para que juntos
atingissem seus objetivos.
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Elaboração e aplicação de um diagnóstico das necessidades de aprendizagem
Ter um diálogo com os aprendizes para descobrir seus interesses e de que
forma gostam de aprender. Esse diagnóstico é um passo muito importante em sua
proposta metodológica.
Estabelecimento dos objetivos de aprendizagem
Colocar os objetivos negociados, agregando-os e expandindo-os em termos
da experiência didática do professor. Prazos, recursos e condições para o alcance
desses objetivos devem estar bem claros a fim de que o fluxo possa acontecer.
Concepção de um plano de aprendizagem
Fazer um roteiro das atividades a serem realizadas e seus inter-
relacionamentos com os recursos, além das formas de avaliação; buscar assuntos
atuais e adequados, ter transparência ao negociar os objetivos a serem alcançados
e as formas de avaliar, mostrar as limitações e deixar claras as responsabilidades.
Garantia da operacionalidade das atividades programadas no plano de
aprendizagem
Buscar e aplicar, em conjunto, os recursos programados para as atividades a
fim de que sejam utilizados. Esses recursos podem ser materiais (espaços, mesas,
livros, cadernos) ou digitais (aplicativos, boa conexão com a internet, entre outros).
Reavaliação do diagnóstico sobre a necessidade de aprendizagem
Rever todas as fases avançadas e avaliar se estão de acordo com o
esperado, se algum passo deve ser refeito ou aprimorado e se a aprendizagem
atingiu os objetivos firmados.
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2ª etapa - Planejamento de um programa de ensino
Ao planejar o programa de ensino, deve-se ter em conta a experiência prévia
de aprendizagem dos alunos e incluir suas sugestões e opiniões.
3ª etapa - Planejamento de métodos
Os métodos devem estar adequados à maturidade dos estudantes para não
os frustrar, caso não consigam utilizá-los ou achem que algumas abordagens estão
infantilizadas.
4ª etapa - Implementação do programa de ensino
Dois aspectos são importantes: criar as condições para a implantação do
programa e adaptá-lo, caso seja necessário; e ter flexibilidade e atenção contínua
ao que está ocorrendo para tomar atitudes em tempo quando algo não for ao
encontro dos objetivos iniciais.
5ª etapa - Avaliação
Desenvolver os instrumentos avaliativos mais adequados. A proximidade
didática com o grupo de alunos fornecerá informações sobre como fazer isso da
melhor forma. Após a avaliação, pode-se firmar novos rumos para o aprimoramento
de ações.
Vamos praticar?
Agora que você conheceu as contribuições de Knowles para a educação de adultos,
teste seus conhecimentos fazendo as atividades a seguir.
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Verificando o aprendizado
1. As ideias de Knowles tiveram ressonância em sua época ao propor um modelo
andragógico principalmente por se identificarem com alguns contextos emergentes.
Escolha a alternativa que melhor responde a tais contextos.
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