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ACOMPANHAMENTO DAS FAMÍLIAS DE

ORIGEM DOS ACOLHIDOS


“Não se ocupar da família de origem seria equivalente
a fazer com que a criança suba em um trem, que viaja
a uma velocidade, para um determinado destino e
deixa os pais apenas parados na estação de saída,
dizendo-lhes: Em pouco tempo terão que se encontrar
com seu filho em um determinado local e, caso vocês
não cheguem a tempo, perderão este encontro,
correndo o risco de não encontrá-lo nunca mais.”

Jolanda Galli
Itália
Perspectiva que valoriza a família como parceira

Reconhece-a como cidadã, como um novo sujeito que


constrói a legitimidade de suas lutas em defesa de seus
membros

Na parceria que é estabelecida, as famílias precisam ser


acompanhadas e apoiadas no desenrolar de todo o
processo, para que possam criar estratégias de
enfrentamento das questões e de sua superação
Continuar a responsabilizar as famílias pobres por
desproteção, sendo que na maioria das vezes, a
desproteção é do Estado é continuar a conviver com a
reprodução de uma história que tem gerado graves
consequências.

As crianças e os adolescentes atendidos apresentam uma


complexidade de experiências vividas, que refletem a
reprodução de descuidados de suas anteriores gerações,
as quais foram implicadas diretamente pelo Estado.

As fragilidades têm se acentuado. Recebem-se


cotidianamente filhos de famílias que tiveram histórias
de abrigamento, de situação de rua, de desemprego
estrutural, com rede pessoal fragilizada e desgastada
entre outras situações.
QUAIS SÃO AS DESPROTEÇÕES SOCIAIS PERCEBIDAS NO
COTIDIANO DAS FAMÍLIAS DAS CRIANÇAS ACOLHIDAS?
Acolhendo crianças, adolescentes e famílias

Valorização dos vínculos. O principal lugar de construção de


vínculos é a família!

O vínculo familiar é constituído principalmente pelo apego e


pelo cuidado (pela confiança)

Descrito inicialmente como uma ligação entre mãe e filho, o


apego pode também ser compreendido como uma ligação que
se estabelece quando existe um movimento de cuidado em
condições de intimidade e não de controle
Crianças/adolescentes, para que se desenvolvam intelectual,
emocional, social e moralmente é preciso que tenham
relacionamentos saudáveis com uma ou mais pessoas,
estabelecendo com elas um vínculo emocional, mútuo e forte

Este tipo de vínculo reforça sua capacidade de respostas


positivas às outras situações que envolvam relações sociais
Um ambiente positivo convida à
exploração de novas relações, à
manipulação de situações
inovadoras, à elaboração de novos
projetos e estimula a imaginação

Esse movimento acelera o


crescimento psicológico. Também, a
qualidade de suas relações quando
adulto depende, em muito, da
confiança e da vitalidade básica dos
vínculos de apego criados e
estimulados na primeira infância e
em todo o período de sua formação
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A implementação de uma sistemática de acompanhamento
da situação familiar, iniciada imediatamente após o
acolhimento, é fundamental, pois, com o passar do tempo,
tanto as possibilidades de reintegração familiar, quanto de
adoção podem tornar-se mais difíceis.

O prolongamento do afastamento da criança ou


adolescente pode provocar enfraquecimento dos vínculos
com a família, perda de referências do contexto e de
valores familiares e comunitários, exigindo preparação
ainda mais cuidadosa no caso de reintegração familiar.

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A intervenção profissional na etapa
inicial do acompanhamento deve
proporcionar, de modo construtivo, a
conscientização por parte da família
de origem dos motivos que levaram
ao afastamento da criança e/ou do
adolescente e das consequências que
podem advir do fato.

A equipe técnica do serviço de


acolhimento deve, ainda, acompanhar
o trabalho desenvolvido com a família
na rede local, mantendo-a informada,
inclusive, a respeito de possíveis
decisões por parte da Justiça.
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Devem ser firmados acordos entre o
serviço de acolhimento, a equipe de
supervisão e apoio aos serviços de
acolhimento - ligada ao órgão gestor da
Assistência Social - a equipe técnica do
Poder Judiciário e os demais serviços da
rede das diversas políticas públicas,
incluindo os não-governamentais, a fim
de promover a articulação das ações de
acompanhamento à família, além de
reuniões periódicas para discussão e
acompanhamento dos casos.

Sugestão Documentário NEGA I:


https://www.youtube.com/watch?v=AEk1_NUr 12
PXY
TÉCNICAS QUE PODEM SER UTILIZADAS NO
ACOMPANHAMENTO ÀS FAMÍLIAS

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Estudo de caso: reflexão coletiva
que deve partir das informações
disponíveis sobre a família e incluir
resultados das intervenções
realizadas. Na medida do possível
deve ser realizado com a
participação dos profissionais do
serviço de acolhimento, da equipe
de supervisão do órgão gestor, da
Justiça da Infância e da Juventude
e de outros serviços da rede que
acompanhem a família;

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Entrevista individual e familiar: estratégia importante,
particularmente nos primeiros contatos com a família e seus
membros, que permite avaliar a expectativa da família
quanto à reintegração familiar e elaborar conjuntamente o
Plano de Atendimento. Esse instrumento também pode ser
utilizado para abordar outras questões específicas, para
aprofundar o conhecimento sobre a família e para fortalecer
a relação de confiança com o serviço. Nas entrevistas podem
ser realizados, ainda, o genograma35, o mapa de rede
social36, dentre outras técnicas.

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Grupo com famílias: dentre outros
aspectos, favorece a comunicação
com a família, a troca de experiências
entre famílias e a aprendizagem e o
apoio mútuos. Possibilita a reflexão
sobre as relações familiares e
responsabilidades da família na
garantia dos direitos de seus
membros e sobre os aspectos
concernentes ao acolhimento.
Constitui importante estratégia para
potencialização dos recursos da
família para o engajamento nas ações
necessárias para retomada do
convívio familiar com a criança ou
adolescente; 17
Grupo Multifamiliar: espaço importante para trocas de
experiências, reflexões e discussão com as famílias, incluindo a
participação de crianças e adolescentes acolhidos.

O Grupo Multifamiliar permite a compreensão de diferentes


pontos de vista dos relacionamentos familiares e das diferenças
entre gerações

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Visita Domiciliar: importante recurso para conhecer o
contexto e a dinâmica familiar e identificar demandas,
necessidades, vulnerabilidades e riscos. Referenciada no
princípio do respeito à privacidade, a visita possibilita uma
aproximação com a família e a construção de um vínculo de
confiança, necessário para o desenvolvimento do trabalho!

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Orientação individual, grupal e
familiar: intervenções que têm
como objetivo informar, esclarecer
e orientar pais e responsáveis
sobre diversos aspectos, como a
medida de proteção aplicada e os
procedimentos dela decorrentes.
Deve pautar-se em uma
metodologia participativa que
possibilite a participação ativa da
família;

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Encaminhamento e acompanhamento de integrantes da família
à rede local, de acordo com demandas identificadas:
psicoterapia, tratamento de uso, abuso ou dependência de
álcool e outras drogas, outros tratamentos na área de saúde,
geração de trabalho e renda, educação de jovens e adultos, etc.

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COMO RESULTADO DESSAS ATIVIDADES, DE
FORMA GERAL O ACOMPANHAMENTO FAMILIAR
DEVE CONTRIBUIR PARA:

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A acolhida da família, a compreensão de sua dinâmica de
funcionamento, valores e cultura; !

A conscientização por parte da família de sua importância para


a criança e o adolescente e das decisões definitivas que podem
vir a ser tomadas por parte da Justiça, baseadas no fato da
criança e do adolescente serem destinatários de direitos;

A compreensão das estratégias de sobrevivência adotadas pela


família e das dificuldades encontradas para prestar cuidados à
criança e ao adolescente e para ter acesso às políticas públicas;

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A reflexão por parte da família acerca de suas
responsabilidades, de sua dinâmica de relacionamento intra-
familiar e de padrões de relacionamentos que violem direitos;

O desenvolvimento de novas estratégias para a resolução de


conflitos;

O fortalecimento da auto-estima e das competências da


família, de modo a estimular sua resiliência, ou seja, o
aprendizado com a experiência e a possibilidade de superação
dos desafios;

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O fortalecimento da autonomia, tanto do ponto de vista
sócio-econômico, quanto do ponto de vista emocional, para
a construção de possibilidades que viabilizem a retomada
do convívio com a criança e o adolescente.

O fortalecimento das redes sociais de apoio da família;

O fortalecimento das alternativas para gerar renda e para


garantir a sobrevivência da família.

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Além das questões da metodologia do trabalho, as crenças
dos profissionais acerca das famílias e o modo como se
relacionam com as mesmas, também influenciam os
resultados das intervenções.
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Assim, é preciso estar atento à:
Postura de respeito à diversidade, aos diferentes arranjos
familiares e às distintas estratégias às quais as famílias podem
recorrer para lidar com situações adversas.

Diversas experiências têm demonstrado que o trabalho bem-


sucedido de reintegração familiar está fortemente associado à
possibilidade de construção de um vínculo de referência
significativo da família com profissionais que a acompanhem,
aos quais possa recorrer, inclusive, em momentos de crise no
período pós-reintegração.

O fortalecimento dos recursos da família para cuidar da criança


e do adolescente está fortemente associado às possibilidades
de sentir-se também acolhida e cuidada.
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A crença por parte dos profissionais nas possibilidades de
reconstrução das relações, também representa aspecto que
pode contribuir para o fortalecimento da confiança da família
em sua capacidade de se responsabilizar novamente pelos
cuidados à criança e ao adolescente e superar os motivos que
conduziram ao afastamento.

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MUITO AGRADECIDA PELA OPORTUNIDADE DA
TROCA E DO APRENDER!
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(48) 996374666

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