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e transformação social?
Daniela Matos2
Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil
Resumo
A proposta aqui apresentada está inserida nas atividades da pesquisa de doutoramento
―Juventude e territórios periféricos - uma análise das narrativas identitárias formuladas
enquanto estratégias de deslocamento‖, realizada no Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Social da UFMG, e tem como objetivo principal propor um debate sobre
o potencial de narrativas identitárias formuladas por jovens organizados em grupos
culturais localizados nas periferias de centros urbanos - neste caso, moradores da cidade
de Salvador na Bahia - enquanto estratégias de deslocamento de relações de poder e de
negociação com as narrativas centrais e hegemônicas das cidades.
Na nossa proposição as comunidades periféricas, territórios nos quais e a partir dos
quais se desenvolvem a atuação dos grupos juvenis, serão consideradas "entre-lugares"
e a formulação das narrativas identitárias podem ser caracterizadas como "estratégias de
subjetivação" (Bhabha, 2001) empreendidas pelos indivíduos como formas
indispensáveis para uma nova maneira de reconhecer e definir a sociedade e as lutas e
tensões que a caracterizam. Ressalta-se assim, um olhar analítico sobre a atuação de
coletivos reconhecidos socialmente como periféricos, na perspectiva de Stuart Hall
(2003), enquanto ―pontos de resistência‖ capazes de mudar as ―configurações do poder
cultural‖ e, por isso, com forte função social transformadora.
Destacamos, ainda, inquietações que aparecem como provocadoras e guias da reflexão
proposta: Quem são esses novos sujeitos periféricos - individuais e coletivos - e de que
forma empreendem suas narrativas identificadoras? A sociedade central, hegemônica,
os compreendem na sua complexidade de sujeito, ou trata de localizá-los socialmente de
maneira fixa e com isso, re-elaborar estratégias ―tradicionais‖ de invisibilização ?
Introdução
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Aluna do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFMG.
Bolsista da FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais.
Parece que é na tentativa de rearticular a relação entre sujeitos e prática discursiva que a
questão da identidade – ou melhor, a questão de identificação, caso se prefira enfatizar o
processo de subjetivação (em vez das práticas discursivas) e a política de exclusão que
essa subjetivação parece implicar – volta a aparecer. (HALL, 2000, p.105)
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Em português há uma extensa bibliografia sobre as condições históricas, principais pautas teórico-
políticas e temas de interesse dos Estudos Culturais e sua origem britânica, a saber (CEVASCO, 2003;
GOMES, 2004; JOHNSON,2006; SCHULMAN, 2006).
(...) para isso seria preciso considerar a diferença não simplesmente como resultado de
um processo, mas como o processo mesmo pelo qual tanto a identidade quanto a
diferença (compreendida aqui como resultado) são produzidas. Na origem estaria a
diferença – compreendida, agora, como ato ou processo de diferenciação. (SILVA,
2000: 76)
Em artigo que dialoga com Stuart Hall, Kathryn Woordward (2000) comenta
essa segunda concepção proposta por ele e explicita o caráter político dessa abordagem.
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Por conta da complexidade e abrangência desse conceito e da proposta de uma reflexão suscinta nesse
ensaio, optamos por não desenvolvê-lo aqui. Contudo, reconhecemos a sua inter-relação ao conceito de
identidade trabalhado.
4. Considerações Finais
Referências Bibliográficas
CEVASCO, Maria Elisa (2003). Dez Lições sobre Estudos Culturais. São Paulo: Boitempo.
ESCOSTEGUY, Ana Carolina (2001). Cartografias dos estudos culturais. Uma versão latino-
americana. Belo Horizonte: Autêntica.
HALL, Stuart (2003). Da Diáspora: identidades e mediações culturais. SOVIK, Liv (Org.)
Belo Horizonte: Editora UFMG. Brasília: Representação da Unesco no Brasil.
______ (2000) ―Quem precisa de identidade‖ In: SILVA, Tomás Tadeu.(org). Identidade e
Diferença. Petrópolis: Vozes.
JOHNSON, Richard (2006).O que é afinal, estudos culturais? In: SILVA, Tomás Tadeu (org). O
que é afinal, estudos culturais? Belo Horizonte: Autêntica.
SILVA, Tomás Tadeu (2000) ―A produção social da identidade e da diferença.‖ In: SILVA,
Tomás Tadeu.(org). Identidade e Diferença. Petrópolis: Vozes.
SILVA, Tomás Tadeu(org)(2006). O que é afinal, estudos culturais? Belo Horizonte: Autêntica,
2006.
ROCHA, Simone Maria (2008a). Estudos culturais e estudos de mídia: modos de apresentação
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Rocha, Simone Maria (2008b) Análise de conteúdo articulada à análise de gênero televisivo:
proposta metodológica para interpretação das representações nas narrativas mediáticas. Revista
Fronteira (UNISINOS), v. 2008, pp. 121-134.